Trabalho Rural e Educação no Assentamento Bela Vista/SP

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TRABALHO RURAL E EDUCAÇÃO NO ASSENTAMENTO BELA VISTA – SÃO PAULO. Marcos Cassin 1 Samila Bernardi do Vale 2 Introdução Esse trabalho é a primeira sistematização da pesquisa que estamos realizando no assentamento Bela Vista situado no município de Araraquara no Estado de São Paulo, tendo como tema geral a relação entre Trabalho Rural e Educação com o objetivo de analisar os impactos das novas tecnologias e das novas formas de organização do trabalho no meio rural, bem como os seus reflexos na formação, qualificação e empregabilidade dos trabalhadores. A escolha do Bela Vista deu-se por se tratar de assentamento resultado da luta dos trabalhadores sem-terra e constituindo-se em um dos projetos da Reforma Agrária na metade da década de 80 do século passado, portanto na efervescência dos movimentos socais e da redemocratização do país, depois de 20 anos de ditadura militar. A localização do assentamento também influenciou na escolha, o município de Araraquara faz parte da região administrativa de Ribeirão Preto, composta por de 80 municípios 3 , grande produtora de cana-de-açúcar e laranja e detem a maior concentração de agroindústrias sucroalcooleira e de cítricos. Outros dois aspectos que determinaram a escolha foram à escola municipal no interior do assentamento, considerada escola rural padrão, visitada por professores, alunos e pesquisadores, constituindo-se em objeto de várias pesquisas. O segundo aspecto é a produção nos lotes, quase a totalidade deles com plantio de cana-de-açúcar enquanto fornecedores ou como arrendador para usina. Esses elementos nos levaram a entender o assentamento Bela Vista como objeto de investigação capaz de apontar algumas reflexões da relação da organização do trabalho nesse novo rural brasileiro que se apresenta e a educação dos domiciliados e dos que trabalham no campo. Pontal do Paranapanema/SP e a Luta pela Terra. O marco inicial da atual política de Reforma Agrária ocorreu como fruto da transição democrática, que com a posse do presidente José Sarney em 1985, ainda no final do seu primeiro mandato, sanciona-se o Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária, que será o norteador de uma política federal, responsável por assentar muitas famílias de trabalhadores rurais em áreas desapropriadas. Entende-se que esse acontecimento se deu como uma resposta às pressões dos trabalhadores, Data de 1983, primeiro ano do governo Franco Montoro, uma iniciativa decisiva no sentido de promover experiências de reforma agrária no Estado. Como primeiro governo eleito no Estado após o longo período de governantes pró-ditadura, a gestão Montoro(1983-1986), ela mesma expressão da conjuntura de abertura democrática e, conseqüentemente, premida pela mobilização crescente dos trabalhadores rurais, 1 Professor Doutor de Sociologia da Educação do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. 2 Aluna do curso de Pedagogia da FFCLRP/USP, bolsista do Programa Ensinar com Pesquisa da Pró- reitoria de graduação. 3 Segundo os dados do Seade de 1983. 1

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TRABALHO RURAL E EDUCAÇÃO NO ASSENTAMENTO BELA VISTA – SÃO PAULO.

Marcos Cassin1

Samila Bernardi do Vale2

Introdução

Esse trabalho é a primeira sistematização da pesquisa que estamos realizando no assentamento Bela Vista situado no município de Araraquara no Estado de São Paulo, tendo como tema geral a relação entre Trabalho Rural e Educação com o objetivo de analisar os impactos das novas tecnologias e das novas formas de organização do trabalho no meio rural, bem como os seus reflexos na formação, qualificação e empregabilidade dos trabalhadores. A escolha do Bela Vista deu-se por se tratar de assentamento resultado da luta dos trabalhadores sem-terra e constituindo-se em um dos projetos da Reforma Agrária na metade da década de 80 do século passado, portanto na efervescência dos movimentos socais e da redemocratização do país, depois de 20 anos de ditadura militar.A localização do assentamento também influenciou na escolha, o município de Araraquara faz parte da região administrativa de Ribeirão Preto, composta por de 80 municípios3, grande produtora de cana-de-açúcar e laranja e detem a maior concentração de agroindústrias sucroalcooleira e de cítricos.Outros dois aspectos que determinaram a escolha foram à escola municipal no interior do assentamento, considerada escola rural padrão, visitada por professores, alunos e pesquisadores, constituindo-se em objeto de várias pesquisas. O segundo aspecto é a produção nos lotes, quase a totalidade deles com plantio de cana-de-açúcar enquanto fornecedores ou como arrendador para usina.Esses elementos nos levaram a entender o assentamento Bela Vista como objeto de investigação capaz de apontar algumas reflexões da relação da organização do trabalho nesse novo rural brasileiro que se apresenta e a educação dos domiciliados e dos que trabalham no campo. Pontal do Paranapanema/SP e a Luta pela Terra.

O marco inicial da atual política de Reforma Agrária ocorreu como fruto da transição democrática, que com a posse do presidente José Sarney em 1985, ainda no final do seu primeiro mandato, sanciona-se o Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária, que será o norteador de uma política federal, responsável por assentar muitas famílias de trabalhadores rurais em áreas desapropriadas. Entende-se que esse acontecimento se deu como uma resposta às pressões dos trabalhadores,

Data de 1983, primeiro ano do governo Franco Montoro, uma iniciativa decisiva no sentido de promover experiências de reforma agrária no Estado. Como primeiro governo eleito no Estado após o longo período de governantes pró-ditadura, a gestão Montoro(1983-1986), ela mesma expressão da conjuntura de abertura democrática e, conseqüentemente, premida pela mobilização crescente dos trabalhadores rurais, responderá às pressões por reforma agrária desenvolvendo uma política de assentamentos que se consolidará nos dias atuais. 4

Analisando o contexto regional do interior do Estado de São Paulo, é de fundamental importância destacar as experiências vivenciadas em alguns projetos de assentamentos, e principalmente a valorosa mobilização dos trabalhadores em prol da luta pela terra.Um dos exemplos que pode ser citado, refere-se a luta dos ex-barrageiros do Pontal do Paranapanema, assentados na gleba XV de Novembro no período entre 1983 e 1984, entre os municípios de Euclides da Cunha e Rosana, apresentando-se enquanto símbolo da política estadual.Constata-se atualmente que na região, o Pontal do Paranapanema destaca-se por possuir o

1 Professor Doutor de Sociologia da Educação do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.2 Aluna do curso de Pedagogia da FFCLRP/USP, bolsista do Programa Ensinar com Pesquisa da Pró- reitoria de graduação.3 Segundo os dados do Seade de 1983.4?Vera L.S.B.Ferrante et al, a maioridade dos assentamentos rurais em São Paulo: impasses de presente, dilemas do futuro, In: assentamentos Rurais: impasses e dilemas ( uma trajetória de 20 anos), São Paulo, INCRA-Superintendência Regional de São Paulo, 2005, p.39.

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maior número de assentamentos e de famílias assentadas. Contudo essas conquistas são resultantes de fortes discussões e mobilizações, ao longo de décadas, a respeito da questão fundiária. Portanto, quando se trata de abordar a temática da reforma agrária, a região do Pontal tem extrema representatividade no Estado de São Paulo.

Na região conhecida como Pontal do Paranapanema (extremo Oeste Paulista) a questão fundiária tem sido - ao longo de décadas - o ponto fulcral definidor das políticas e ingrediente básico das tensões sociais envolvendo o estado e diferentes classes sociais. A região é, portanto, de importância ímpar quando se aborda a temática da reforma agrária no Estado de São Paulo. Com uma ocupação que data do final do século XIX, o Pontal do Paranapanema revela, em seu histórico fundiário, o mais conhecido caso de grilagem de terras do país.5

A região destaca-se também por ter em seu histórico, o mais conhecido caso de grilagem de terras do país. Segundo Ferrante et al,

Ao longo do século XX, posseiros e grileiros disputaram, quase sempre à bala, o território do pontal. Apesar da flagrante irregularidade que cercou a ocupação do Pontal, seu desenvolvimento econômico seguiu mais ou menos a trajetória de outras regiões do Estado, sobretudo na primeira metade do século passado.Com a crise da cafeicultura, a fragmentação das propriedades e o precoce fim do colonato só acirraram mais as disputas por terras.6

A partir da afirmação citada acima percebe-se que, apesar de suas irregularidades fundiárias a região do Pontal apresenta um desenvolvimento econômico próximo ao de outras regiões. Porém, devido à insegurança fundiária, e a pouca ação por parte dos governos do período da transição democrática, em articular uma forte política de assentamento, desencadeou uma mobilização de diversos segmentos sociais.Ainda nessa região, a partir da insegurança por parte dos pecuaristas que se sentiam coagidos por uma possível regularização fundiária, repercutiu durante o período do Congresso Constituinte (1987-1998), no surgimento da União Democrática Ruralista. Logo se iniciou um forte embate entre os fazendeiros pecuaristas e os trabalhadores sem terra, que teve como ponto de partida uma intensa articulação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST. Em 1990 no primeiro ano do governo Collor, teve início o mais importante processo de luta pela terra do Estado, liderado por esse movimento, que se prolonga até hoje.

Araraquara – Região de Ribeirão Preto

Também como referência, com relação a questão agrária, Araraquara apresenta-se como uma região conhecida por integrar a Região de Ribeirão Preto também chamada “Califórnia Brasileira” e pelo grande desenvolvimento agropecuário. De acordo com Ferrante et al,

a implantação do PRÓ-ÁLCOOL, em 1975, só estimulou a indústria sucro-alcooleira ali baseada, fazendo crescer de forma acentuadíssima a área plantada de cana, bem como o número de postos de trabalho junto a essa atividade econômica. Ao lado da cultura da cana, um outro complexo Agroindustrial se consolidava na região, explorando a produção de citrus (in natura e sucos). 7

A exigência de mais terras para atender as necessidades da agroindústria levou a expulsão dos trabalhadores moradores nas fazendas em regime de colonato para as periferias das cidades. Com essa nova situação dos trabalhadores as cidades pequenas transformaram-se em cidades dormitórios e os trabalhadores passaram a constituir-se enquanto assalariados temporários nas colheitas de citros e corte de cana, esses ex-colonos passaram a fazer parte da categoria de “bóias-frias”. As péssimas condições de vida que esses trabalhadores enfrentaram, foram o motivo para que a partir de meados de 1980 houvessem fortes mobilizações, em que a categoria reivindicava melhores condições de trabalho e melhores salários.Segundo Ferrante et al,

A política de assentamentos rurais desenvolvida nessa região do Estado será claramente uma resposta estatal ao potencial de organização e constatação dos bóias-frias. Sua singularidade, no entanto, deve-se a um entrecruzamento bastante particular da mobilização dos trabalhadores rurais e das conjunturas políticas-tanto no âmbito do governo estadual quanto do governo federal. Trata-se de um campo específico das políticas públicas, no qual um jogo de forças sociais irá, direta ou

5 Ibid, p.46.6 Ibid, p.46.7 Ibid, p.41-42.

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indiretamente, determinar ações no sentido de assentar famílias de ex-bóias-frias em meio a propriedades empresariais das mais produtivas do país. 8

Essa nova realidade, os grandes latifúndios de cana-de-açúcar e de citrus, o assalariamento e urbanização da força de trabalho do campo levaram a mobilizações e enfrentamentos dos trabalhadores com os proprietários de terras e com o Estado pela Reforma Agrária, objetivando se livrar das péssimas condições de vida e trabalho que a nova condição, de assalariado, lhes impunham, além do sonho de retorno ao domicílio e trabalho autônomo na terra. Na região de Araraquara esse processo resultou em dois assentamentos organizados entre 1985 e 2003, onde foram assentadas por volta de 600 famílias na região, instalando-se na Fazenda Monte Alegre, que contou com 377 famílias em lotes agrícolas nas fronteiras dos municípios de Araraquara, Matão e Motuca, sendo esta a maior área de assentamento da região.Outro assentamento da região, Bela Vista do Chibarro, foco de análise desta pesquisa é fruto da luta de trabalhadores na ocupação da Usina Tamoio, na qual possuía extensas áreas de cultivo de cana, vivendo seu auge na década de 50, enquanto complexo agroindustrial. Porém, devido a uma série de problemas a usina passou por uma crise, que culminou com sua falência em 1982.Foi nesse contexto, que em 1984 a usina foi ocupada por trabalhadores Sem-Terras da região de Campinas, que pouco tempo depois foram despejados.

O assentamento Bela Vista

Quatro anos após esse episódio, por intermédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araraquara, as casas de uma das maiores colônias da usina foram ocupadas por outros trabalhadores.

No ano de 1989, ainda não havia sido regularizada a situação dos assentados, os lotes não estavam demarcados e a ocupação da área não era total, visto que poderia comportar 160 famílias e apenas 79 estavam nas terras. Para que o assentamento fosse oficializado se fazia necessário que o governo federal pagasse a indenização pela desapropriação do imóvel. Estas 79 famílias eram chamadas de pioneiras e entraram no assentamento sem que tivessem passado pelo critério de seleção. Neste momento, o sindicato dos empregados rurais de Araraquara tinha pleno domínio sobre a entrada de famílias no assentamento. No mesmo ano, o INCRA executou um cadastramento para entrada de outras famílias. No entanto, acabou por transferir, para esta área da usina “Urupês”, no ano seguinte, 29 famílias excedentes do projeto Fazenda Reunidas, da cidade de Promissão. 9

Tal atitude resultou no surgimento de um dos primeiros conflitos dos assentamentos com o Estado. Houve uma intensa mobilização desses trabalhadores para impedir a entrada dessas novas famílias. Nesse momento a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo, FERAESP, mostrava-se muito preocupada com essa transferência, pois estas famílias estavam articuladas com o MST, estando suscetíveis a disputar politicamente com o sindicato o controle do assentamento. Depois de muitas negociações as famílias vindas do município de Promissão são assentadas no Bela Vista, este fato demarca já de início uma divisão de grupos no interior do assentamento.Essa divisão se estende na organização da produção, como e o que produzir. Em 1993 a questão da produção de cana para as usinas de açúcar e álcool é pautada nos assentamentos. Esses embates contrapõem-se ao projeto de produção inicial dos assentamentos na região de Araraquara, no início dos anos 80, em particular no município de Araraquara os assentamentos Monte Alegre e o Bela Vista, trabalhavam com fruticultura e em casos isolados de produção orgânica, mas principalmente com grãos, em especial o milho, que estimulada pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo ( ITESP) foi a primeira cultura a ser produzida em larga escala pelos assentados. Tal produção rendeu bons frutos aos trabalhadores, porém em seguida gerou uma estagnação que resultou na inadimplência de muitos assentados. Por causa das perdas advindas da produção de grãos, os trabalhadores passaram a olhar a possibilidade de se integrar ao complexo agroindustrial sucro-alcooleiro como uma forma de superar suas dificuldades financeiras.A produção de cana nos assentamentos de Araraquara teve como forte aliado o governo municipal e os setores que se beneficiaria com a substituição da cultura de grãos para a de cana. Os assentamentos Monte Alegre e Bela Vista tiveram trajetórias diferentes, o primeiro a introdução da produção de cana foi mais fácil, não tendo resistência dos assentados, já o segundo a tentativa de implantar o cultivo da cana se deu em 1994, porém foi rejeitada pelas lideranças do assentamento, que mobilizaram os assentados contra essa ação e cobraram do INCRA uma atitude contra essa

8 Ibid, p.42.9 Ana Paula Leivar Brancaleoni, Do rural ao urbano: o processo de adaptação de alunos moradores de um assentamento rural à escola urbana, 2002,Dissertação( Mestrado em Psicologia) FFCLRP/USP, Ribeirão Preto,p.74

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iniciativa, pois o assentamento enquanto concessão do Estado não pode ser arrendado, portanto, a produção de cana se constitui em prática ilegal conforme os propósitos da política de reforma agrária.O problema parecia ter sido solucionado, porém devido à queda da cultura de grãos muitos assentados ficaram inadimplentes como já citado acima, e por isso em 1997 essa questão voltou a assombrar o assentamento Bela Vista. Nesse período a idéia de plantar cana para a usina, provocou grande entusiasmo em grande parte dos trabalhadores, além da articulação entre a “Associação Independente” e uma usina de Araraquara resultando na consolidação do cultivo da cana-de-açúcar em parte dos lotes do projeto, hoje já em quase todo o assentamento(Ferrante et al, 2005).As dificuldades, lutas, resistências e incorporações registradas aqui no caso do assentamento Bela Vista não representam algo isolado do que se vive nos assentamentos e pré-assentamentos que acompanhamos, como os pré-assentamentos Santo Dias, Índio Galdino e Mário Lago no município de Ribeirão Preto/SP , o assentamento Zaqueu Machado em Capixaba/AC, os assentamentos Ezequias dos Reis e Bom Jardim no município de Araguari/MG, Zumbi dos Palmares e Rio das Pedras no município de Uberlândia/MG. Também devemos destacar que as perspectivas, desejos e sonhos que aparecem no início dos projetos de assentamentos são em grande parte cultivados nos acampamentos, pelo menos nos que acompanhamos, Nova Canudos, Terras Sem Males e Irmã Alberta, todos em São Paulo.O projeto de reforma agrária tem como um dos seus objetivos a formação de assentamentos que desenvolvam a produção agrícola, principalmente de alimentos, e integrados ao sistema produtivo regional fazendo com que esse se desenvolva junto com o projeto de reforma agrária, e todos vivam felizes para sempre, mas não é isso que a história do assentamento Bela Vista, e as experiências acima citadas têm revelado. Ao tentarmos entender os meandros das relações famílias acampadas/assentadas e as lideranças dos movimentos que lutam pela reforma agrária, desses com o Estado, do latifúndio e os pequenos produtores, da agroindústria e os trabalhadores assalariados é possível constatar que há muitos impasses. As famílias sem capital de investimento e crédito enfrentam grandes dificuldades para produzir em seus lotes, e conseqüentemente são levadas a arrendar suas terras ou produzir matéria-prima para as agroindústrias ou manter-se em condições precárias de subsistência.

Trabalho e Educação no assentamento Bela Vista.

O assentamento Bela Vista situado no município de Araraquara é um exemplo para a reflexão e análise da discussão da proposta de Educação do/no Campo. Primeiramente acreditamos necessário identificar de que educação estamos nos referindo; educação regular, oferecida pelos sistemas de educação municipal ou estadual ou a educação profissional, obtida através do Sistemas Nacionais de Aprendizagem (SENAR, SENAI E SENAC), cursos técnicos ou formação a partir da inserção do sujeito no trabalho.Outra questão é a definição de urbano ou rural, pois segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que utiliza as Pesquisas Nacionais por Amostragem Domiciliares (Pnads) defini a situação:

Segundo a localização do domicílio, a situação pode ser urbana ou rural, definida por lei municipal em vigor em 01 de agosto 1996. Na situação Urbana consideram-se as pessoas e os domicílios recenseados nas áreas urbanizadas ou não, correspondentes às cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação Rural abrange a população e os domicílios recenseados em toda a área situada fora dos limites urbanos, inclusive os aglomerados rurais de extensão urbana, os povoados e os núcleos.10

Esse critério, o de domicílio, para caracterizar o corte urbano/rural leva José Graziano da Silva a afirmar que a população rural de 21% apontada pelas Pndas de 1995 poderia ser elevada a 40% se utilizado como um dos parâmetros para definir um aglomerado urbano municípios com população acima de 20 mil habitantes, “que um dos parâmetros muitas vezes utilizado para definir o número mínimo de habitantes de um aglomerado urbano” 11.Para nós, esses dados aumentam a convicção que não devemos falar de educação do/no campo, mas de educação, não profissional, geral que permita o aluno compreender sua particularidade enquanto elemento de uma totalidade, que o campo, na sociedade capitalista, se organiza a partir das necessidades e da lógica do capital.

10 Conceituação das Características Divulgadas na Contagem da População de 1996. In: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem/conceitos.shtm. Acessado em 20/05/2007.11 José Graziano da Silva, Sobre a delimitação do rural e do urbano no Brasil: testando as aberturas geográficas das novas Pnads, In: http://www.eco.unicamp.br/nea/rurbano/textos/downlo/textos.html . Acessado em 20/05/2007.

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Portanto, pensar um Projeto Político Pedagógico progressista para a EMEF do campo Profº Hermínio Pagotto, do assentamento Bela Vista, é pensar um projeto que possibilite a educação dos assentados, e de seus filhos, condições; de compreender os fundamentos do processo de trabalho como elemento do processo de produção capitalista, entender o desenvolvimento histórico e contraditório das sociedades, se apropriar intelectualmente do que se produziu pela humanidade no campo das artes, da literatura, das ciências naturais e humanas e compreender a realidade local como parte e articulada com o conjunto da sociedade.A fonte do exposto acima se refere à concepção de educação, de formação onilateral e do trabalho como principio educativo de Marx apresentado no texto “Instruções aos Delegados do Congresso da AIT”, aos delegados do “I Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores em 1866”. Neste texto, Marx pela primeira vez define o conteúdo pedagógico do ensino socialista:

Por educação, entendemos três coisas:1. Educação intelectual;2. Educação corporal, tal como é produzida pelos exercícios de ginástica e militares;3. Educação tecnológica, abrangendo os princípios gerais e científicos de todos os processos de produção, e ao mesmo tempo iniciando as crianças e os adolescentes na manipulação dos instrumentos elementares de todos os ramos de indústria.A divisão das crianças e dos adolescentes em três categorias, de 9 a 18 anos, deve corresponder um curso graduado e progressivo para a sua educação intelectual, corporal e politécnica. Os custos destas escolas politécnicas devem ser em parte cobertos pela venda das suas próprias produções.12

Claro que estamos falando de uma situação concreta, o assentamento Bela Vista, que é uma das representações entre outras tantas do meio rural brasileiro, de uma sociedade onde as relações de produção dominante são capitalistas, mas ao nos referirmos as propostas de educação do/no campo tem como uma de suas origens seguimentos progressistas da sociedade brasileira, portanto faz sentido retornarmos a citação acima no que diz respeito aos elementos de uma proposta de ensino dos setores socais mais avançados, ou seja, recuperar a idéia de educação intelectual, corporal e tecnológica, esta última, principalmente, com relação ao domínio dos “princípios gerais e científicos de todos os processos de produção”.Outra referência necessária para pensarmos o trabalho como principio pedagógico é Antonio Gramsci. Paolo Nosella em seu livro “A escola de Gramsci” apresenta suas preocupações com relação ao papel da escola na sociedade moderna:

A minha preocupação foi, portanto, compreender a escola proposta por Gramsci no caldo dos acontecimentos econômicos e políticos em que foi elaborado. A segunda preocupação que motivou este meu trabalho é demonstrar que para Gramsci a escola moderna tem no industrialismo seu princípio pedagógico. Trata-se de uma tese sobejamente enunciada, mas que reclama maiores explicações. De um lado, é necessário enfatizar que Gramsci destaca a escola tradicional embasada nas formas produtivas pré-industriais. Polemiza, por isso, com a escola jesuítica, autoritária, metafísica, doutrinária e classista, eficiente e orgânica somente nas sociedades arcaicas. De outro lado, Gramsci também discorda das modernas escolas que fazem do industrialismo seu principio pedagógico de forma “interessada” (interesseira, mesquinha, imediatista). Estas escolas consideram erroneamente que o instrumento de trabalho é apenas “objeto material, uma máquina singular, um utensílio individuado. (O.N 1987, 413)”. 13

A vinculação que Gramsci faz da escola moderna com o industrialismo, apresentada por Nosella, aponta o trabalho como principio pedagógico da escola moderna tendo como objetivo criar capacidades intelectuais e capacidades para o trabalho, ou seja, o principio de escola unitária de caráter geral e desinteressada.

Se a escola é suspensão do trabalho produtivo, não é, porém, dele fuga, negação ou esquecimento. Assim como a fábrica se enuclea ao redor do instrumento de trabalho moderno considerado objeto material de produção, a escola se estrutura ao redor desse mesmo instrumento de trabalho entendido, porém, como processo de desenvolvimento científico, criativo e ético da história dos homens. O instrumento de trabalho para a escola unitária é um feixe de relações políticas, sociais e produtivas. É, sobretudo, a possibilidade concreta de liberdade universal. 14

A idéia de totalidade, onde o urbano e o rural fazem parte de um único universo, de uma mesma lógica, também aparece em autores não marxistas, como por exemplo Max Weber, autor

12 Karl Marx & Friedrich Engels, Crítica da educação e do ensino. Lisboa, Moraes, 1978, p. 223.13 Paolo Nosella, A escola de Gramsci. 3ª ed., São Paulo, Cortez, 2004, p.24.14 Paolo Nosella, A escola de Gramsci. 3ª ed., São Paulo, Cortez, 2004, p.25.

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considerado um clássico da sociologia. Weber, em seu texto, “Capitalismo e Sociedade Rural na Alemanha”, faz uma análise da questão agrária na Alemanha, identificando a realidade do setor agrário alemão diferente do inglês e do norte-americano. O autor, também, analisa as diferenças na organização e nas relações de produção no interior da Alemanha, apontando diferenças entre a região leste e oeste do país, essas determinadas por fatos históricos na implementação do capitalismo e na resistência dos setores mais tradicionais da sociedade alemã. Weber afirma no início do texto que:

De todas as comunidades, a constituição social dos distritos rurais são as mais individuais e as que relação mais íntima mantêm com determinados fatos históricos. Não seria razoável falarmos coletivamente das condições rurais da Rússia, Irlanda, Sicília, Hungria, e a Faixa Negra. Mesmo que eu me limite aos distritos com culturas capitalistas desenvolvidas, não será possível tratar o assunto de um ponto de vista comum, pois não existe uma sociedade rural separada da comunidade urbana social, no presente, em grande parte do mundo civilizado. Já não existe na Inglaterra, exceto, talvez, na imaginação dos sonhadores. O proprietário constante do solo, o dono da terra, de uma propriedade, o arrendatário ou ocupante, é um empresário, um capitalista como qualquer outro. Os trabalhadores são parcialmente temporários e migrantes; o resto são trabalhadores exatamente de mesma classe dos outros proletários; reúnem durante algum tempo e em seguida se dispersam novamente. 15

Nessa passagem, Weber nos alerta para a compreensão do desenvolvimento histórico, desigual e combinado da sociedade capitalista, que ao analisarmos as questões agrárias e suas relações de produção, relações dominantes, são relações de produção capitalista no campo e na cidade que tem como objetivo a acumulação do capital. Essas referências nos fazem tomarmos a relação Trabalho Rural e Educação na dimensão de suas relações universais, enquanto relações de produção capitalista, como também, em suas particularidades, relações capitalistas no setor rural no interior do Estado de São Paulo. Portanto, tendo como objeto de análise o assentamento Bela Vista para colocar a discussão da relação Trabalho Rural e Educação e tomando as referências acima, cabe levantarmos a tese de que a organização do trabalho rural não exige uma educação diferenciada no que diz respeito ao ensino regular, educação básica, ainda mais a partir de meados da década de 80 do século passado com mecanização, informatização, insumos químicos e biológicos e o aparecimento das agroindústrias aumentando as oportunidades de acesso a bens de consumo duráveis, ou não, a melhorias no transporte, lazer, comunicação, empregabilidade, etc, aproximando o ritmo de vida do meio rural e urbano com suas facilidade, dificuldades e contradições. Essa nova realidade rural brasileira apresentasse como novo rural composto

basicamente de quatro grandes subconjuntos, a saber:uma agropecuária moderna, baseada em commodities e intimamente ligada às agroindústrias, que vem sendo chamada de o agribusiness brasileiro;um conjunto de atividades de subsistência que gira em torno da agricultura rudimentar e da criação de pequenos animais, que visa primordialmente manter relativa superpopulação no meio rural e um exército de trabalhadores rurais sem terra, sem emprego fixo, sem qualificação , os “sem-sem” como já os chamamos em outras oportunidades, que foram excluídos pelo mesmo processo de modernização que gerou o nosso agribusinees: um conjunto de atividades não-agrícolas, ligadas à moradia, ao lazer e a várias atividades industriais e de prestação de serviços;um conjunto de “novas” atividades agropecuárias, localizadas em nichos especiais de mercados.O termo “novas” foi colocado entre aspas porque muitas dessas atividades, na verdade, são seculares no país, mas não tinham, até recentemente, importância econômica. Eram atividades de “fundo de quintal”, hobbies pessoais ou pequenos negócios agropecuários intensivos (piscicultura, horticultura, floricultura, fruticultura de mesa, criação de pequenos animais, etc.), que foram-se transformado em importantes alternativas de emprego e renda no meio rural nos anos mais recentes. Essas atividades, antes pouco valorizadas e dispersas, passaram a integrar verdadeiras cadeias produtivas, envolvendo, na maioria dos casos, não apenas transformações agroindustriais, mas também serviços pessoais e produtivos relativamente complexos e sofisticados nos ramos da distribuição, comunicações e embalagens. Tal valorização também ocorre com as atividades rurais não-agrícolas derivadas da crescente urbanização do meio rural (moradia, turismo, lazer e prestação de serviços) e com as atividades decorrentes da preservação do meio ambiente. 16

15 Max WEBER, Capitalismo e Sociedade Rural na Alemanha, In: Ensaios de Sociologia, p.413.16 José Graziano da Silva, O novo rural brasileiro. 2ª ed., Campinas, UNICAMP. IE, 2002, p.ix-x.

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Esse novo rural brasileiro de atividades agropecuárias e agroindustriais é também acompanhado de um conjunto de atividades não-agrícolas e/ou urbanas.

Um novo ator social já desponta nesse novo rural: as famílias pluriativas que combinam atividades agrícolas e não-agrícolas na ocupação de seus membros. A característica fundamental dos membros dessas famílias é que eles não são mais apenas agricultores e/ou pecuaristas: combinam atividades dentro e fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicionais urbano-industriais, como lazer, turismo, conservação da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais. Em resumo, deixaram de ser trabalhadores agrícolas especializados para se converterem em trabalhadores (empregados ou por conta própria) que combinam formas diversas de ocupação (assalariada ou não) em distintos ramos de atividades (agrícolas e não-agrícolas). 17

Com essa reorganização do espaço rural, a mecanização e informatização, o uso de insumos industrializados, as agroindústrias e um conjunto de atividades não-agrícolas, que segundo Graziano18, a renda obtida dessas atividades, em 1998, já superava a renda em atividades agrícolas das famílias rurais. Importante destacarmos que essas novas tecnologias no campo têm diminuído o tempo de trabalho em relação ao tempo de produção das atividades agrícolas, aumentando o tempo de não-trabalho nessas atividades e possibilitando a famílias rurais a dedicarem parte de seu tempo em atividades não-agrícolas, o que autores tem chamado de elementos part-time.Esse novo contexto da organização do trabalho no meio rural brasileiro e os critérios de domicilio do IBGE para definir o corte entre urbano e rural novamente leva-nos às propostas de educação do/no campo. Se pensarmos a educação regular, ensino básico, como universal, laico e gratuito que crie capacidades intelectuais e para o trabalho como exposto acima, a proposta de educação do/no campo faria sentido como aprendizagem profissional, mas, em nosso entender, nem esse aspecto faz sentido, pois hoje temos um conjunto de profissões ligadas à produção agrícolas19 e não-agrícolas no meio rural que são desenvolvidas por profissionais com domicilio na cidade, portanto típicos cidadãos urbanos, além de profissões que não se distinguem como rural ou urbana, caldeireiros, químicos, motoristas, programadores, administradores entre tantas outras.Na análise da relação Trabalho Rural e Educação no assentamento Bela Vista, no município de Araraquara, temos buscado compreender esta relação enquanto relações no interior de relações de produção capitalistas e em sua particularidade, assentamento no interior do Estado de São Paulo com alto nível tecnológico, boa rede de estradas que facilitam o escoamento da produção e de deslocamento das pessoas e produtos, concentração de capitais, grandes propriedades rurais, agroindústrias e acentuada urbanização do campo.A sistematização acima possibilitou-nos a apontar dois caminhos de investigação, não excludentes, mas complementares: o primeiro é a análise do alcance e dos limites do Projeto Político Pedagógico da escola municipal do assentamento Bela Vista, através de questionários e entrevistas, traçar parâmetros entre os objetivos do projeto da escola e a concepção de mundo que está se formando nos alunos, como esses entendem o papel da escola em suas vidas, como percebem a vida no campo e na cidade, as possibilidades de continuidade de seus estudos (a escola atende somente o ensino fundamental)20 e de empregabilidades.O segundo é identificar o destino de jovens entre 15 e 25 anos, em media entre final do ensino fundamental e do ensino superior, buscando entender as novas e velhas relações neste novo rural no que se refere a domicilio, escolaridade, empregabilidade, qualificação profissional.

Bibliografia

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17 José Graziano da Silva, O novo rural brasileiro. 2ª ed., Campinas, UNICAMP. IE, 2002, p.x.18 José Graziano da Silva & Mauro Eduardo Del Grossi, O novo rural brasileiro: atualização para 1992-98. In: http://www.eco.unicamp.br/nea/rurbano/textos/downlo/textos.html. Acessado em 20/05/2007.19 Aqui cabe tomar como exemplo os trabalhadores assalariados do corte da cana e da colheita de laranjas, as duas principais culturas da região de Ribeirão Preto/SP.20 Que segundo o Alexandre Luiz de Freitas ex-coordenador pedagogico da escola afirma em entrevista “É uma escola de ensino fundamental com o mesmo currículo das demais. Apenas adotamos formas diferentes de transmitir as informações, em sintonia com o mundo dos estudantes.” Freitas continua “Não temos pretensão de impedir nem influenciar ninguém, apenas damos às crianças condições para que elas possam escolher o próprio caminho, seja ele o de permanecer ou de partir para o meio urbano”. In: Wolffenbüttel, 2007.

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