Trabalho Semestral - Teorias Sociologicas Jan 2008 Final
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Universidade Nova de Lisboa
Faculdade de Cincias Sociais e Humanas
Mestrado em Sociologia
rea de Especializao em Sociologia Econmica das
Organizaes
Cadeira de Teorias Sociolgicas
A criao e evoluo das estruturas centrais FENACAM e Caixa Central
- Factores de desenvolvimento, consolidao, modernizao e alavancagem do
Crdito Agrcola
Dina Maria Serrano Santos CoelhoAluna n. 21989
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Janeiro 2008
Legenda:
C.A. ou SICAM Crdito Agrcola, ou Sistema Integrado do Crdito Agrcola
Mtuo, composto pelo conjunto formado pela Caixa Central e as Caixas de
Crdito Agrcola Mtuo associadas
CCAM Caixa de Crdito Agrcola Mtuo
Caixa Central Caixa Central de Crdito Agrcola Mtuo, entidade central do
Sistema, tem funes de orientao, fiscalizao, acompanhamento e
prestadora de servios s CCAM suas associadas
Centro de Formao centro de formao do C.A. gerido pela Caixa Central
Grupo Grupo Crdito Agrcola, composto pelo C.A. e pelas empresas
complementares: seguradoras, informtica, servios financeiros, etc.
FENACAM Federao Nacional das Caixas de Crdito Agrcola Mtuo,
desenvolve um trabalho de rgo poltico e de prestadora de servios
complementares aos da Caixa Central
FGCAM Fundo de Garantia do C.A., gerido pela Caixa Central e pelo B.P.,
o garante dos depsitos dos clientes e associados e da solvabilidade do
SICAM
B.P. Banco de Portugal entidade reguladora do sector financeiro portugus
Ideias Chave:
Encastramento social e poltico; redes sociais; instituies; reajustamento
institucional; impacto das novas tecnologias; isomorfismos organizacionais;
desenvolvimento de competncias;
Introduo
Este trabalho visa analisar a criao das estruturas centrais do Crdito Agrcola
enquanto factores de desenvolvimento, consolidao, modernizao e
alavancagem da actividade doC.A.
As CCAM surgem de movimentos associativistas de cariz cooperativo e
mutualista, tendo como fundamento institucional o Dec.-lei de Maro de 1911.
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Na sua gnese estavam limitadas ao mbito concelhio, ao financiamento da
actividade agrcola e distribuio de subsdios estatais agricultura.
A sua criao/constituio dependia essencialmente da capacidade local de
agregao de vontades e conhecimentos, uma vez que no existia qualquer
entidade que pudesse, de uma forma organizada, divulgar ou facultar a
informao necessria a todo o processo.
Surgiram, ento, como unidades dispersas, autnomas, com gesto prpria e
sem outras regras em comum para alm daquelas que a legislao lhes
facultava. A sua actuao descoordenada e a pouca solidez financeira levou a
que tivessem estado sob a alada e controlo da Caixa Geral de Depsitos, na
sequncia da crise bancria da primeira metade dos anos 30. Todavia esta
tutela no era bem aceite, nem desejada, pelos rgos directivos de algumas
CCAM, que comearam a sentir a necessidade de ter uma corporao que as
apoiasse e defendesse os seus interesses junto das entidades estatais e da
entidade reguladora do sector financeiro (B.P.).
Na sequncia do processo de democratizao resultante do 25 de Abril de 74,
comeou a tomar forma um movimento associativo de CCAM, criando
federaes regionais (que se vieram a extinguir mais tarde) e dando origem em
finais de 1978 FENACAM Federao Nacional das Caixas de Crdito
Agrcola Mtuo, e mais tarde, em 1984, surge a Caixa Central. Estas
corporaes tinham como finalidade a representao a nvel nacional e
internacional e a promoo e desenvolvimento das Caixas Agrcolas suas
associadas.
Este trabalho procura espelhar como estas duas estruturas centrais
contriburam para a actual posio do C.A. no mercado financeiro nacional,
deixando para trs a comparao de cada pequena unidade autnoma (CCAM)face aos gigantes financeiros da banca comercial, e dando lugar criao de
um Grupo Financeiro com capacidade competitiva e de auto-desenvolvimento,
com uma posio no universo bancrio portugus.
Os benefcios estratgicos e econmicos so os primeiros a ser considerados
na formao de arranjos cooperativos1, sendo certo que as pesquisas
demonstram que os factores scio-culturais exercem um papel significativo na
performance dos arranjos organizacionais2
. Os factores socio-culturais e aprocura de benefcios estratgicos e econmicos encontram-se na base da
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criao das Caixas de Crdito Agrcola Mtuo, mas revelam-se ainda mais
importantes na sua actuao com vista criao das estruturas centrais.
A gnese do C.A. remete-nos para o conceito de encastramento social de
Polanyi3, partindo do pressuposto que toda a aco (incluindo a econmica)
socialmente situada e mediada pelas relaes sociais dos actores e que as
instituies econmicas so socialmente construdas, e simultaneamente para
a concepo de Granovetter4 de encastramento (embeddedness) e redes
sociais, colocando a nfase na actividade econmica coordenada por grupos e
na mobilizao de recursos para aces colectivas:
As instituies econmicas no emergem em resposta a
necessidades do sistema econmico so construdas por indivduos
cuja aco facilitada ou constrangida pela estrutura e recursos
disponveis nas redes sociais em que esto encastrados5
Todavia nos conceitos de Durkheim6 sobre a conscincia colectiva que
desenvolve a prossecuo de um acordo, a noo de solidariedade entre os
actores e a importncia das corporaes com carcter durvel e regulador dos
interesses individuais em prol da solidariedade, que se podero encontrar as
razes da aco conducente criao destas entidades centrais.
Vindo entroncar no conceito de encastramento poltico de Zukin e Di Maggio7,
segundo os quais a forma como as instituies econmicas e as decises so
moldadas pelas lutas de poder que envolvem os actores econmicos e as
instituies externas ao mercado.
Poderemos ainda observar como a actuao das estruturas centrais criadas
pelo C.A. resulta numa dualidade estrutural8, actuando simultaneamente
como um constrangimento e como factor de competncia, ao procurar incutir
um isomorfismo organizacional no SICAM9.
I A FENACAM Federao Nacional das Caixas de Crdito Agrcola
Mtuo
A FENACAM, estrutura de representao cooperativa, foi constituda em 29 de
Novembro de 1978, sendo a primeira estrutura de mbito nacional das Caixas
Crdito Agrcola Mtuo, procurando introduzir uma nova dinmica de
funcionamento ajustada aos objectivos de desenvolvimento e s necessidadesimpostas por um crescimento sustentado do C.A.
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Foi criada com o objectivo de apoiar e representar, tanto a nvel nacional como
internacional, as Caixas suas associadas, bem como de defender de forma
eficaz e autnoma o seu desenvolvimento.
O nmero de Caixas associadas da Fenacam tem variado ao longo dos anos,
quer por novas admisses ou exoneraes, quer pelas fuses(1) entre CCAM,
que nos ltimos anos tem sido o principal factor da sua reduo, todavia a
Fenacam representa a quase totalidade das Caixas existentes.
Traduzindo o conceito de participao nas organizaes e de representao,
ou mesmo uma forma primria da vida poltica (Walzer, As esferas da Justia,
1983), os seus rgos sociais so eleitos por maioria de votos, (cada
associada 1 voto), atravs de escrutnio secreto, em Assembleia Geral
convocada para o efeito, por um perodo de 3 anos, encontrando-se
distribudos por:
- Assembleia Geral composta por todas as associadas, sendo a Mesa
composta por 1 Presidente, 1 Vice-presidente e 2 Secretrios;
- Conselho Fiscal composto por 3 associadas que desempenham os cargos
de Presidente, Relator e Secretrio;
- Direco composta por 5 associadas que desempenham os cargos de
Presidente, Vice-presidente, Secretrio, Tesoureiro e Vogal;
Das suas actividades principais, e de acordo com o previsto nos Estatutos,
destacam-se:
- promoo do apoio tcnico e formativo s Caixas Agrcolas;
- divulgao do C.A.;
- promoo, realizao e coordenao de actividades de interesse comum das
suas associadas, activando o seu esprito de cooperao, prosseguindo o seu
constante aperfeioamento tcnico;- representao das Caixas e defesa dos seus interesses comuns, junto de
todas as entidades pblicas, privadas e cooperativas, com competncia, fins ou
actividades conexas com o C.A.;
- manuteno de um servio de Auditoria que opera para as Caixas e para a
Caixa Central, com reporte para estas e para as entidades de superviso;
- celebrao de convenes colectivas de trabalho, em representao das
Caixas associadas e da Caixa Central;
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A Fenacam presta ainda alguns servios de apoio especfico s CCAM, Caixa
Central e empresas do Grupo, nomeadamente:
- Servio de Apoio Tcnico Agrrio assistncia tcnico-econmica aos
associados e clientes, no sector agrcola e agro-industrial, apoio ao
investimento, ajudas ao rendimento, estudo de viabilidade econmica e
avaliao de propriedades rsticas e urbanas;
- Central de Compras com servios em 3 vertentes: fornecimento de
impressos, consumveis e alguns equipamentos necessrios actividade;
fornecimento de brindes publicitrios e realizao de campanhas de alguns
produtos no financeiros; servios de impresso e encadernao de Planos de
Actividades, Relatrios e Contas e Manuais de Formao, e o servio de
envelopagem e mailing de extractos de conta e campanhas de marketing;
Apesar da multiplicidade de servios agora desenvolvidos, um dos principais
objectivos da criao da Federao era conseguir a reviso da legislao
aplicvel ao C.A., nessa altura j com mais de 60 anos de vigncia. Em 1982
finalmente publicado o Dec.-Lei n 231/82, de cujo anexo consta o regime
jurdico do C.A.M., deixando as Caixas de estar sujeitas tutela da Caixa Geral
de Depsitos, e ficando prevista a constituio da Caixa Central, com o
objectivo de regular a actividade creditcia das Caixas suas associadas.
O novo regime legal e o trabalho de divulgao e apoio desenvolvido pela
Fenacam abriram caminho a uma considervel expanso do C.A. durante a
dcada de 80. Nesta dcada e at meados da dcada de 90, a Federao
assegurou, ainda, a divulgao e manuteno de programas de formao para
os colaboradores das CCAM e da Caixa Central, vindo essa responsabilidade a
ser transferida posteriormente para a Caixa Central.
As evolues legislativas posteriores a 1985, nomeadamente as que levaram criao do Fundo de Garantia do C.A.M. e consequente criao do Sistema
Integrado do C.A.M., foram j elaboradas e negociadas em conjugao de
esforos entre a Fenacam e a Caixa Central.
Captulo II A Caixa Central
Criada em 20 de Junho de 1984 a Caixa Central tinha como objectivo regular a
actividade creditcia das Caixas suas associadas e detinha competncias de
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superviso, orientao e acompanhamento das actividades das Caixas
Agrcolas.
Encontrando-se na confluncia do conceito de arranjo cooperativo de Lane e
Beamish com a importncia das redes de acesso e oportunidade e das redes
de protocolos ou convenes de Powell e Smith-Doerr10, a Caixa Central,
juridicamente uma instituio bancria cooperativa, cujo capital social
detido exclusivamente pelas CCAM suas associadas e que se encontram
representadas nos rgos sociais, por eleio por maioria de votos, em
Assembleia Geral, com mandatos de 3 anos. Os rgos sociais da Caixa
Central so actualmente:
- Assembleia Geral composta por todas as associadas, sendo a Mesa
composta por 1 Presidente, e 1 Secretrio;
- Conselho Consultivo composto por 9 associadas que desempenham os
cargos de Presidentee Vogais;
- Conselho Geral e de Superviso - composto por 9 associadas que
desempenham os cargos de Presidentee Vogais;
Desempenhando um papel de centralidade na rede tal como defendido por
Powell e Smith-Doerr11, procurando dar resposta necessidade de criao de
um quadro de comportamentos e procedimentos standard12 (Goffman, 1982), e
na demanda de reajustes das instituies fundamentais de regulao do
mercado13 (Weber, 1991), a actividade da Caixa Central focalizou-se, nos
primeiros anos de existncia, em cinco vertentes fundamentais:
- Gesto, aplicao e rentabilizao dos excedentes financeiros das Caixas,
resultantes do diferencial entre os depsitos dos seus clientes e o crdito
concedido;
- Criao e implementao de uma rea de Controlo de Gesto paraacompanhamento e fiscalizao da actividade creditcia das CCAM;
- Assegurar um servio que permitisse a representao das CCAM na Cmara
de Compensao do Banco de Portugal (2), tratamento e compensao dos
cheques de outras instituies de crdito, compensao entre as CCAM (3),
tratamento de letras, livranas, garantias bancrias, intermediao com a
Segurana Social (pagamento de penses a clientes do C.A.), IFADAP, etc.;
- Criao e manuteno de um sistema dirio de recolha e redistribuio decorrespondncia, documentos, valores e numerrio, a nvel nacional;
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- Preparao conjunta com a Fenacam e negociao com as entidades estatais
de alteraes legislativas conducentes evoluo e solidificao do SICAM;
2.1 As alteraes legislativas
Com a finalidade de assegurar a solvabilidade do C.A., foi institudo em 1987,
pelo Dec.-Lei 182/87, o Fundo de Garantia do C.A.M. em que participam todas
as Caixas associadas, e que gerido pela Caixa Central e pelo Banco de
Portugal sendo o C.A. o 1 grupo bancrio a ter um Fundo de Garantia
prprio, que garante de forma solidria os depsitos de todos os seus clientes.
Atendendo necessidade de reflectir legislativamente as transformaes que o
C.A. atravessara nos ltimos anos e de o adaptar s orientaes do Direito
Comunitrio, foi elaborado um novo regime jurdico do C.A.M., aprovado pelo
Dec.-Lei 24/91.
Esse diploma fez adoptar para o C.A. um modelo organizativo, em rede de
inter-dependncias e com participao na gesto (Powell e Smith-Doerr)
assente no conjunto formado pela Caixa Central e pelas Caixas associadas,
que se denomina Sistema Integrado do Crdito Agrcola Mtuo (SICAM).
A Caixa Central passou, ento, a ter poderes em matria de orientao,
fiscalizao e representao financeira do SICAM, estabelecendo-se um
regime de co-responsabilidade entre ela e as associadas, as CCAM no
perderam a sua autonomia de actuao, todavia a responsabilidade econmica
do sistema tornou-se solidria14 (Bergkamp, 1994), respondendo o SICAM,
enquanto um todo, por cada uma e por todas as suas associadas, de modo que
a superviso da solvabilidade e liquidez passou a ser feita com base em contas
consolidadas.
A definio de um exigente quadro de constituio e funcionamento das
CCAM, assim como o reforo dos fundos prprios estabelecidos no novoregime jurdico, ps termo responsabilidade solidria ilimitada dos scios das
CCAM, todavia as CCAM no associadas do SICAM (actualmente 5) tm,
fixado por lei, um capital social mnimo muito mais elevado, dado no estarem
abrangidas pelo regime de co-responsabilidade, nem pelo Fundo de Garantia.
Com este diploma foi, tambm, alargado o mbito das operaes activas
(crdito) das CCAM, passando a abranger actividades ligadas transformao,
conservao, transporte e comercializao de produtos agrcolas, fabricao ecomercializao de bens de capital e prestao de servios. Caixa Central
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foi atribudo o estatuto de instituio especial de crdito, embora com funes
prximas dos bancos comerciais. Desta forma tentou conseguir-se uma
atenuao da concentrao sectorial do crdito concedido, sem conduzir
descaracterizao da natureza e das finalidades do C.A.
No mbito deste diploma instituiu-se a figura do Contrato de Agncia,
instrumento muito til para o desenvolvimento do C.A., uma vez que confere s
CCAM a capacidade de intermediar operaes que lhes estavam vedadas no
seu mbito normal de actividade, em representao da Caixa Central.
Na sequncia dos esforos continuados para adequar os dispositivos
legislativos s necessidades operacionais do C.A., surge o Dec.-Lei 230/95 que
vem alterar o Regime Jurdico de 1991.
As alteraes introduzidas por este diploma, para alm de alargar o mbito
associativo das Caixas, acrescentando-lhe as entidades envolvidas em outras
actividades como a caa, pesca, aquicultura, agro-turismo, artesanato e as
indstrias extractivas, e, por consequncia, o mbito de interveno comercial
das CCAM, possibilitou Caixa Central a realizao da quase totalidade das
demais operaes permitidas aos bancos, fixando-lhe assim um cariz de
instituio de crdito universal. Tal como referido por North15, este esforo do
C.A. no sentido de conseguir influenciar a mudana das instituies que lhe
limitavam a actividade no mercado e que coagiam o grupo, reflecte relaes de
fora dos actores e grupos sociais, reduzindo as assimetrias do mercado.
Alm disso, eliminou-se a proibio das Caixas distriburem excedentes pelos
seus associados e deu-se a possibilidade das reservas darem origem a ttulos
de capital igualmente distribuveis pelos Associados.
2.2 - A criao do Grupo Crdito Agrcola
Durante a segunda metade da dcada de 90, a actuao da Caixa Centralvoltou-se para a diversificao da actividade do C.A., assistindo-se criao
das Seguradoras do Grupo (C.A.Seguros e C.A. Vida) e das sociedades
Correctora (C.A. Dealer), Gestora de Fundos (C.A. Gest) e Assessoria
Financeira (C.A. Consult), alargando assim o leque de oferta de produtos e
servios aos clientes e associados do C.A.
A partir de 1998 d-se uma maior unificao entre as Caixas associadas e a
Caixa Central, esta unificao resulta num cimentar das relaes na rede e
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numa maior inter-dependndia e partilha da informao (Powell e Smith-Doerr),
com a introduo de uma plataforma informtica nica para o SICAM.
A plataforma informtica, os equipamentos informticos centrais e perifricos,
as comunicaes, e o Disaster Recovery Center (DRC) (4) so da
responsabilidade da C.A. Servios, que nasceu do embrionrio Departamento
de Informtica da Caixa Central e se autonomizou em empresa do Grupo,
prestando servios ao SICAM e s restantes empresas do Grupo.
Estas modificaes tendem a consolidar o C.A. como um banco completo,
reduzindo, uma vez mais, as assimetrias do mercado, os custos de transaco,
e a incerteza face a um mercado altamente concorrencial (North),com canais
de distribuio diversificados e com ofertas diferenciadas de acordo com os
segmentos de clientes em que pretende aumentar a sua penetrao, de modo
a preservar e aumentar as suas quotas de mercado, num contexto cada vez
mais competitivo.
2.3 - A criao do Centro de Formao do Crdito Agrcola
A criao do Centro de Formao do C.A., no mbito e sob a coordenao da
Caixa Central, teve por objectivos o desenvolvimento de competncias dos
colaboradores e a maior especializao em algumas reas de actividade, de
forma integrada e coordenada com os desenvolvimentos resultantes quer das
novas solues informticas, quer da necessidade de maior padronizao de
procedimentos, quer dos novos projectos organizacionais que resultaram das
Plataformas Organizacionais para o SICAM.
Esta aco de desenvolvimento de competncias e de maior especializao e
profissionalizao dos colaboradores, situa-se na confluncia de duas
correntes sociolgicas distintas, por um lado vai ao encontro da viso
durkheimiana da diviso social do trabalho16, da especializao, do impacto nasprofisses e nos actores das tecnologias, da regulao dos interesses do
indivduo em prol da solidariedade, e por outro lado encontra-se com a viso de
interaccionista de Hughes17 de desenvolvimento de um saber especializado
atravs da formao, de padres de conduta, de tica profissional, resultando
no reconhecimento do profissional.
Programas de formao intensiva e simultaneamente extensiva, como o
FORBASIC programa de formao para recm-admitidos, constitudo por 4semanas de formao em sala, alternadas com 4 no posto de trabalho -, ou o
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SABERES+ - com igual metodologia mas vocacionado para empregados com
mais de 4 anos de antiguidade -, so programas dedicados a dar formao de
base ou de refrescamento, cobrindo transversalmente toda a actividade
relacionada com o front-office (actividades de balco).
Existem outros programas de formao vocacionados para reas mais
especficas do saber fazer e saber ser, como o FORCOORD, destinado a
coordenadores de rea ou de equipas, abrangendo reas como a motivao de
equipas, a gesto por objectivos, a gesto do tempo, a assertividade, entre
outras, ou de desenvolvimento de competncias especializadas como a Anlise
de Risco de Crdito, a Recuperao de Crdito, e a Auditoria Interna.
Este esforo formativo visa a requalificao dos colaboradores e o incremento
da capacidade de resposta e de adaptao s novas exigncias, que vo
resultando quer da agressividade da concorrncia, quer das mais recentes
alteraes legislativas e normativas da entidade reguladora e da Comunidade
Europeia.
2.4 O desenvolvimento da actividade e a procura de melhoria constante
Situando-se num mercado em que a necessidade de actualizao de
conhecimentos muito forte, em que o desenvolvimento tecnolgico
intensivo e em que os produtos tm ciclos de vida relativamente curtos, a rede
colaborativa vital, permitindo a partilha do risco. De igual modo as relaes
entrelaadas motivam a aprendizagem atravs de um vasto leque de parceiros,
promovem a experimentao e em simultneo reduzem os custos de
desenvolvimento de produtos e tecnolgico caros (Powell e Smith-Doerr).
Nos ltimos anos a Caixa Central tem vindo a aumentar o apoio actividade
das CCAM e ao desenvolvimento do negcio, em reas to diversas como as
operaes com o estrangeiro, o lanamento e gesto de cartes de dbito e decrdito, o desenvolvimento do servio de banca via internet (CA Online), a
criao da linha directa para servio de atendimento telefnico e telemarketing,
a implementao de uma rede autnoma de ATM (Balco24), entre muitos
outros produtos e servios at ento inexistentes no C.A.
A par com esta actividade, a Caixa Central tem vindo a desenvolver um
conjunto de projectos mais estruturantes e conducentes a uma maior
uniformizao de procedimentos, formas de actuao, e a um maiorisomorfismo organizacional que se enquadra na teoria de Powell e Di Maggio
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atravs do desenvolvimento e implementao de plataformas organizacionais
de referncia para as CCAM , bem como a um maior controlo do risco,
diminuio da incerteza e antecipao das contingncias (na linha das
contribuies de Beck18e Luhman19) e da solidez do Sistema.
A Caixa Central tem, igualmente, trabalhado no sentido de dotar o SICAM de
estruturas mais fortes, mediante projectos de fuso, que, agregando 2 ou mais
Caixas numa nova organizao, lhes permite ter uma robustez e
competitividade mais fortes face concorrncia. As fuses permitem uma
melhor distribuio e alocao de recursos humanos, a reavaliao de
competncias, e a criao de mecanismos e rgos de controlo de risco
(auditoria e anlise de risco) que seria financeiramente impraticvel
implementar em estruturas de muito pequena dimenso.
A Caixa Central tem igualmente dado apoio tcnico e logstico em processos
de certificao de qualidade, existindo neste momento 2 CCAM com a
certificao ISO 9001:2000, e outras 2 em processo de reorganizao com
vista certificao relevante o facto de nenhum outro banco ter todos os
seus servios certificados, mas apenas alguns produtos ou servios
especficos.
Concluses
O Crdito Agrcola e as CCAM no teriam hoje a posio de mercado, nem
teriam atingido o patamar de desenvolvimento de negcio e organizacional, se
se tm mantido como unidades autnomas e independentes sem qualquer
coordenao entre si.
O aparecimento das entidades centrais, que vieram a ser motores de
alteraes legislativas e de desenvolvimento, surge da vontade de algumasCCAM, mas rapidamente as vantagens da associao nestas entidades
centrais se tornou clara para a quase totalidade das CCAM existentes.
Como tentei demonstrar ao longo dos captulos, foi atravs da formao de
arranjos cooperativos tendentes busca de benefcios estratgicos e
econmicos (Lane, H.; Beamish, P.,), que as CCAM desenvolveram uma
conscincia colectiva no sentido de um acordo com vista criao de
entidades centrais (semelhantes s corporaes) (Durkheim), que viriam aactuar em sua representao equilibrando as relaes de fora e de poder, no
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sentido da alterao das instituies que condicionavam a sua actividade
(North).
aps o surgimento da FENACAM e da Caixa Central que se do as maiores
alteraes legislativas que foram permitindo o crescimento consolidado do
SICAM e do Grupo Crdito Agrcola.
A actuao da Caixa Central tem tido um papel fundamental na diversificao
da actividade no sentido da prestao de servios de um banco universal, na
unificao e desenvolvimento dos sistemas informticos, na divulgao e
disseminao de metodologias de trabalho, na formao e requalificao dos
colaboradores, no lanamento de produtos e na criao das empresas do
Grupo que asseguram reas cruciais para a actividade e para o negcio.
Procurando reduzir as assimetrias do mercado, os custos de transaco, e a
incerteza face a um mercado altamente concorrencial (North), criando uma
maior unificao que resulta num cimentar das relaes na rede e numa maior
inter-dependndia e partilha da informao (Powell e Smith-Doerr),
desenvolvendo aces de aperfeioamento de competncias e de maior
especializao (Durkheim) e profissionalizao dos colaboradores (Hughes),
atravs da formao especializada, de padres de conduta de tica
profissional, incentivando a um isomorfismo organizacional (Powell e Di
Maggio), a um melhor controlo do risco, diminuio da incerteza e antecipao
das contingncias (Beck e Luhman).
Fruto desta unificao de vontades na criao de duas entidades centrais, o
C.A. poderamos afirmar ser hoje, dentro do sistema bancrio, o banco que
oferece mais segurana aos seus depositantes (por ser o nico com um Fundo
de Garantia prprio que garante a totalidade dos depsitos), que mantendo a
sua identidade cooperativa e regional adquiriu capacidade competitiva que lhepermite resistir num mercado to agressivo, com uma melhor organizao e
melhor preparado para os desafios.
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Notas:
(1) Fuso: Processo mediante o qual 2 ou mais CCAM (geralmente com
continuidade geogrfica) se unem, constituindo uma Caixa de maior dimenso,
com maior capacidade de crescimento e maior capacidade de resposta face
banca comercial, que se estava a implantar mesmo nos meios mais rurais.
(2) A Cmara de Compensao do Banco de Portugal consistia, inicialmente,
num espao onde se encontravam diariamente os representantes de todos os
bancos, e onde eram fisicamente trocados os cheques recebidos para depsito
nos balces. Cada representante fazia-se acompanhar dos cheques e de uma
listagem discriminativa, recebendo dos outros representantes listagens e
grupos de cheques por eles recebidos aos seus balces. posteriori eramefectuados acertos de contas, aps verificao e dbito dos cheques aos
clientes. O mesmo sucedia com as letras e as garantias bancrias. Neste
processo as Caixas eram representadas pela Caixa Central, que previamente
efectuava todo o tratamento dos valores de Outras Instituies de Crdito
(OIC). Actualmente este trabalho feito por via electrnica e todos os cheques
arquivados no balco onde foram recebidos, com excepo dos cheques com
valor acima de 10.000, que ainda so enviados para verificao fsica.
(3) De igual modo, todos os cheques recebidos aos balces das CCAM, oriundosde uma outra congnere, eram enviados para a Caixa Central, onde aps
tratamento e listagem eram remetidos s CCAM de origem da conta, para
verificao e dbito das contas dos clientes, sendo posteriormente feito o
acerto atravs das contas D.O. das CCAM sedeadas na Caixa Central.
(4) Centro de Recuperao de Desastre localizado fora da regio de Lisboa,
numa regio geologicamente mais estvel, est equipado e a funcionar com
uma cpia de toda a informao necessria continuidade operacional do
negcio, permitindo recuperar os dados e transaces em caso de desastre,
natural ou de outra natureza, que iro permitir, quer a recuperao dos
sistemas e aplicaes que compem a infra-estrutura informtica, quer o
funcionamento em estado de operao, em situao de desastre, dos
processos de negcio do Grupo Crdito Agrcola.
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Bibliografia
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7/30/2019 Trabalho Semestral - Teorias Sociologicas Jan 2008 Final
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1 LANE, H.; BEAMISH, P., Cross-cultural cooperative behaviour in joint ventures in LDCs. In LANE H., DISTEFANO J., MAZNEVSKI M., International Management Behavior: Text, Readings, and Cases, BlackwellPublishing, U.K., 2000, pp.249-2622GULATI, Ranjay, Alliances and networks. Strategic Management Journal, Hoboken, NJ, v.19, pp. 293-317.1998.3POLANYI, K., 1957 [1944], The Great Transformation. Boston, Beacon Press., 1957, The Economy asInstituted Process, em POLANYI, K., C. Arensberg, e H. Pearson (eds.),4
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18 BECK, Ulrich, A reinveno da poltica: rumo a uma nova teoria da modernizao reflexiva. In: ModernizaoReflexiva: Poltica, Tradio e Esttica na Ordem Social Moderna. Celta Editora, Oeiras, 2000, pp. 1-5119LUHMANN, Niklas (1992/1997). Observaciones de la modernidad. Racionalidad y contingncia en la sociedadmoderna. Barcelona, Ed. Paids.
Nota bibliogrfica:
Para alm dos autores e obras acima mencionados, foram ainda alvo de consulta os seguintes documentos,publicaes e informaes disponveis online:
Dec.-lei de Maro de 1911
Dec.-Lei n 231/82 - Regime Jurdico do C.A.M.
Dec.-Lei 182/87 Regulamento do Fundo de Garantia
Dec.-Lei 24/91 Novo Regime Jurdico do C.A.M. e regulamentao do SICAMDec.-Lei 230/95 Alterao ao Regime Jurdico do C.A.M.
Cadernos do Crdito Agrcola, Volume 3, Histria do Crdito Agrcola, Moreira, J.A.T. (coord), edio CaixaCentral, 2000
Site oficial do C.A. em:http://www.creditoagricola.pt/CA
Consulta de documentao interna da Caixa Central
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