Trabalho Tecnologia Da Informação

39
FACHUCA – FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS E APLICADAS DO CABO DE SANTO AGOSTINHO ADMINISTRAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Eliane Marta da Silva Santos Eliane Maria de Souza ESTUDO DE CASO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTE 1

description

Como surgiu e como é aplicada a tecnologia da informação hoje.

Transcript of Trabalho Tecnologia Da Informação

FACHUCA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS E APLICADASDO CABO DE SANTO AGOSTINHOADMINISTRAO DE SISTEMAS DE INFORMAO

Eliane Marta da Silva SantosEliane Maria de Souza

Estudo de Caso de uma Empresa de Transporte

CABO2011FACHUCA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS E APLICADASDO CABO DE SANTO AGOSTINHOADMINISTRAO DE SISTEMAS DE INFORMAO

Eliane Marta da Silva SantosEliane Maria de Souza

Estudo de Caso de uma Empresa de Transporte

Trabalho apresentado a disciplina de Administrao de Sistemas de Informao, ministrada pelo Professor Assuero Fonseca Ximenes para obteno de nota de 2 Unidade do 4 Perodo de Bacharelado em Adminis- trao.

CABO2011Resumo: A Empresa de Transportes Trasp em nossa anlise, apresentou srios problemas de logstica, por isso fizemos uma anlise detalhada dessa rea para resolver todos os problemas apresentados. A logstica visa diminuir as dificuldades existentes entre a produo de bens e servios e a necessidade de consumo, uma vez que os recursos necessrios para produo e os consumidores podem estar geograficamente distantes. Em uma cadeia de suprimentos, as informaes seguem caminhos paralelos ao trabalho real executado na distribuio fsica e no apoio produo. O presente trabalho busca ilustrar, atravs de um estudo de caso, a importncia da gesto de informao para a logstica. O objetivo do trabalho consiste em analisar o uso de um sistema de informao para gesto de rotas (roteirizao) implantado em uma transportadora de cargas e encomendas brasileira. De acordo com a percepo dos usurios, o sistema trouxe ganhos significativos para a produtividade e qualidade na execuo de tarefas logsticas. Os resultados da pesquisa evidenciaram que a gesto da informao um aspecto crtico para a otimizao da distribuio fsica de uma cadeia de valor e para a elevao do nvel de servio oferecido aos clientes.

1 Introduo

A logstica visa diminuir as dificuldades existentes entre a produo de bens e servios e a necessidade de consumo, uma vez que os recursos necessrios para produo e os consumidores podem estar geograficamente distantes. Os conceitos de logstica tiveram sua origem principal no meio militar e estavam usualmente relacionados distribuio de armas, mquinas e suprimentos para tropas. Aps a 2. Guerra Mundial, o desenvolvimento dos meios de transporte e a evoluo das TICs (Tecnologias da Informao e Comunicao) intensificaram a demanda pela movimentao de mercadorias. Mais recentemente, nos anos 90, a globalizao e o comrcio eletrnico aceleraram esse processo, tornando a logstica uma questo estratgica para o quesito venda-entrega e para o atendimento das necessidades de produtores e consumidores. Esse grupo de mudanas econmicas vem transformando a viso empresarial sobre a logstica, que deixou de ser percebida como uma simples atividade operacional para ser considerada uma atividade estratgica e fonte potencial de vantagem competitiva.A distribuio fsica de produtos notadamente um dos itens que mais adiciona custos em uma organizao, pois engloba transportes, processamento de pedidos e movimentao de cargas. A ineficincia logstica pode acarretar custos desnecessrios, demora na realizao das entregas, perda de mercadorias perecveis, gastos excessivos com estocagem e rotas cruzadas.Por outro lado, muitas so as oportunidades de aumentar a eficincia do sistema logstico e da cadeia de suprimentos, sendo que os aspectos chave esto relacionados com a administrao dos processos de armazenagem e com a gesto do sistema de transporte. Nesse sentido, a informao precisa e em tempo hbil se torna um recurso estratgico para a prtica da gesto logstica.Segundo Ballou (2006), a misso da logstica consiste em colocar os produtos ou servios certos no lugar certo, no momento certo, e nas condies desejadas. A logstica tem seu foco na distribuio fsica, visto que para se entregar o produto certo, na hora certa e da maneira correta, necessria uma anlise adequada de informaes como tempo de viagem, quantidade de entregas mximas, peso excedente e espao ocioso. Com o acirramento da competio nos mercados globais, os clientes esto cada vez menos tolerantes a erros e por isso a excelncia nas entregas est deixando de ser diferencial para se tornar uma condio imprescindvel para a manuteno de uma carteira de clientes fiel.Este trabalho busca ilustrar, atravs de um estudo de caso, a importncia da gesto de informao para a logstica, verificou-se que a questo tem sido ainda pouco explorada em trabalhos cientficos. Pretende-se com esse trabalho evidenciar o papel estratgico da informao na gesto da cadeia de suprimentos, mostrando que a rea de logstica constitui um campo de trabalho pertinente para a atuao do profissional da informao.De maneira mais especfica, o objetivo do trabalho consiste em analisar o uso de um sistema de informao para gesto de rotas (roteirizao) implantado em uma empresa de transporte brasileira. Pretende-se demonstrar que a adoo de um sistema de informao contribuiu para uma melhor gesto logstica da organizao, observando o papel estratgico das informaes na gesto da cadeia de logstica de suprimentos, com o intuito de otimizar a distribuio fsica e elevar o nvel de servio oferecido aos clientes.Pretende-se demonstrar que a adoo de um sistema de informao contribuiu para uma melhor gesto logstica. Atravs do caso estudado, o artigo busca evidenciar a importncia da gesto da informao em cadeia logstica para otimizar a distribuio fsica e elevar o nvel de servio oferecido aos clientes.O artigo est organizado da seguinte forma: o item 2 abrange o referencial terico sobre logstica, roteirizao e gesto da informao; o item 3 detalha a metodologia de pesquisa; o item 4 compreende o estudo de caso com a caracterizao da empresa estudada, definio do processo logstico e informacional que foco do estudo a roteirizao e anlise qualitativa e quantitativa dos resultados. Por fim, a concluso destaca as principais contribuies do trabalho.

2. Referencial Terico

2.1. Conceitos de Logstica

Em uma cadeia de suprimentos, as informaes seguem caminhos paralelos ao trabalho real executado na distribuio fsica e no apoio produo. Nesse ambiente informacional, a logstica percebida como a competncia que vincula a empresa a seus clientes e fornecedores (BOWERSOX e CLOSS, 2001). De acordo com Council of Supply Chain Management Professionals - CSCMP (2007), a logstica consiste no processo de planejamento, implementao e controle, de forma eficiente e eficaz, do fluxo e armazenagem de produtos, servios desde o ponto de origem at o ponto de consumo, em conformidade com as demandas do cliente.Detalhando o conceito de logstica, SALES (2000) prope que :Logstica a busca da otimizao das atividades de processamento de pedidos, dimensionamento e controle de estoques, transportes, armazenagem e manuseio de materiais, projeto de embalagem, compras e gerenciamento de informaes correlatas s atividades de forma a prover valor e melhor nvel de servio ao cliente.A busca pelo timo dessas atividades orientada para a racionalizao mxima do fluxo do produto/servio do ponto de origem ao ponto do consumo final portanto, ao longo de toda a cadeia de suprimentos. (SALES, 2000, p.57)Para Ballou (2006), a logstica deve ser entendida a partir de uma viso sistmica na qual:A logstica um conjunto de atividades funcionais inter-relacionadas (transportes, controles de estoques, etc.), que se repetem inmeras vezes ao longo do canal pelo qual matrias-primas vo sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. (BALLOU, 2006, p.29).

O conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (SCM - Supply Chain Management) est bastante relacionado logstica. Para o CSCMP (2007), a gesto da cadeia de suprimentos incorpora uma abordagem sistmica, busca integrar e otimizar as cinco reas da logstica: armazenamento, transporte, inventrio, processamento de pedidos e agrupamento de lotes. A otimizao isolada de uma rea pode comprometer a cadeia de suprimentos. Por exemplo, um armazm central nico reduz os custos de estocagem, mas pode aumentar os custos de transporte. Para Fleury et al. (2000), o SCM a vertente mais rica do pensamento logstico e est relacionado ao esforo de coordenao dos canais de distribuio por meio da integrao de processos de negcios que interligam seus diversos participantes. Christopher (2002) explica a integrao da cadeia de suprimentos da seguinte maneira:A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizaes, atravs de ligaes nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e servios que so colocados nas mos do consumidor final. (CHRISTOPHER, 2002, p.13)Segundo a perspectiva de Ballou (2006), materiais e informaes fluem tanto para baixo quanto para cima na cadeia de suprimentos. O gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) integra as atividades logsticas de transportes, distribuio, armazenagem, produo e suprimentos com o objetivo de conquistar uma vantagem competitiva sustentvel. De acordo com Laudon et al. (2004), os principais objetivos do SCM so os seguintes:- Ligao e coordenao estreitas das atividades envolvidas na compra, nafabricao e na movimentao de um produto;- Integrao de fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes;- Reduo de tempo, esforo redundante e custos de estoque;- Ajuda na compra de materiais e na transformao de matria-prima em produtos semi-acabados e acabados;- Ajuda na distribuio de produtos acabados aos clientes;-Tratamento da logstica reversa itens devolvidos fluem na direo contrria do comprador ao vendedor.O limite entre os termos SCM e logstica para o propsito deste trabalho indistinto e sero mencionados com sentido semelhante. O foco est em gerir os fluxos de informaes, produtos e servios da maneira mais eficaz e eficiente, qualquer que seja o termo descritivo de sua prtica. Para o escopo desse trabalho, ser adotado o termo logstica e escolhida a definio proposta por Sales (2000).

2.2. Logstica, Marketing e Estratgia

Observa-se a associao apresentada por vrios autores, da logstica e do marketing, por ser estratgica para empresas e intensamente apoiada por sistemas de informao, que constroem fluxos informacionais essenciais tanto para o planejamento quanto para execuo da estratgia. Segundo Fleury et al. (2000), a logstica deve ser percebida como um instrumento de marketing em funo da sua capacidade de agregar valor por muito dos servios prestados. As estratgias logsticas influenciam o projeto do produto, a seleo de fornecedores, as parcerias e outros processos vitais de negcios. Percebendo a relao entre logstica, estratgia e marketing, Christopher (2002) prope conceituao de logstica que afirma esta integrao, sugerindo que ela ocorre com apoio dos sistemas de informao.Tal concordncia tambm enunciada por Slack (1993) ao intuir tal ordenao de disciplinas tticas em funo de uma estratgia empresarial, baseada na rapidez de resposta de operaes na qual a movimentao de informao e de materiais ocorre de maneira integrada.Para Ballou (2006), tericos e prticos tanto da produo quanto do marketing no ignoram a importncia da logstica, pois cada uma dessas reas entende a logstica no mbito de seu escopo de ao (CHURCHILL, 2003), (KOTLER e ARMSTRONG 2003). Kalakota e Robinson (2002) destacam a insero dos processos ligados cadeia de suprimentos, de forma integrada e com dinmica inovadora, no mbito dos servios de comrcio eletrnico.

Os negcios eletrnicos demandam a formao de um fluxo contnuo de informaes que, ao integrar atividades tticas, termina por, atravs da infra-estrutura tecnolgica, permitir a formulao de estratgias diferenciadas e de proposio mercadolgica competitiva. Nestes casos, atravs desta integrao, forma-se uma rede potencial de apoio gesto da informao, permitindo a formao e aplicao de conhecimento na cadeia produtiva, levando perspectiva de decises estratgicas de maior grau de acerto, bem como relevando tais disciplinas logstica, marketing e gesto da informao no nvel estratgico.

2.3. Logstica, Gesto da Informao e Tecnologia da Informao

As definies apresentadas sobre logstica e SCM evocam o fundamento da gesto de informaes para implementar a logstica como fator estratgico, como defendido por Di Serio e Sampaio (2001). Laudon et al. (2004) destacam o papel da gesto de informaes para o controle da cadeia de suprimentos, evidenciado fluxos de informao nos dois sentidos da cadeia.A FIGURA 1 exemplifica os fluxos de informao necessrios para o SCM desde o ponto de origem (informaes de fornecedores) at o ponto de destino (informaes de consumidores). Para Laudon et al. (2004), a gesto de informao pode contribuir para as seguintes atividades do gerenciamento da cadeia de suprimentos: tomar decises de quando e o que produzir, armazenar e transportar; monitorar e fazer comunicao rpida dos pedidos; acompanhar embarques; coordenar estoques; gerar programao da produo com base na demanda; compartilhar informaes sobre defeitos, devolues e restituies; fornecer especificaes dos produtos, alm de comunicar mudanas nos mesmos.

No mbito da gesto da informao, o fluxo de informaes ao longo de uma cadeia de suprimentos est mais associado aos conceitos de distribuio ou disseminao da informao. Para McGee e Prusak (1998), a disseminao da informao consiste em compartilhar de forma ampla ou especfica qualquer tipo de informao, tratada e organizada de acordo com as necessidades de quem a usa. Segundo Davenport (1998), a disseminao consiste em distribuir a informao aos que necessitam dela, sendo que definir o passo da distribuio no processo de gerenciamento informacional pode tambm ajudar a esclarecer quais, entre os muitos meios, so adequados. Para Vieira (1993), cabe GRI (Gesto dos Recursos Informacionais) coordenar e integrar criticamente os diversos meios (pessoas, fontes de informao e tecnologias) para apoiar a gesto estratgica empresarial. Com a evoluo tecnolgica, a gesto logstica ganha importantes auxlios tanto de hardware quanto de software, tais como palmtops, sistemas de posicionamento global GPS (Global Positioning System), computadores de bordo, sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), e Internet. Para Fleury et al. (2000), as aplicaes tecnolgicas permitem otimizar o sistema logstico e gerenciar de forma integrada e eficiente seus diversos componentes: estoques, armazenagem, transporte, processamento de pedidos, compras e manufatura.

2.4. Distribuio Fsica e Sistemas de Roteirizao

A distribuio fsica representa usualmente a maior parcela dos custos logsticos totais, por isso seu planejamento deve ser impecvel. Nesse sentido, Ballou (1995) enfatiza:Distribuio fsica o ramo da logstica empresarial que trata da movimentao, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da firma. Costuma ser a atividade mais importante em termos de custo para a maioria das empresas, pois absorve cerca de dois teros dos custos logsticos. (BALLOU, 1995, p.40).O transporte est diretamente ligado distribuio fsica, pois quando algum necessita realizar uma distribuio, dever decidir por qual modal virio ela ser transportada, nesse caso por meio de transporte rodovirio. O transporte um considervel elemento de custo em toda a atividade comercial, ainda mais em um pas com as dimenses continentais do Brasil.O objetivo da distribuio fsica a mxima qualidade nos servios de transportes, pagando o menor preo possvel e otimizando o investimento em estoque.A capacidade de planejamento antecipado e o seu cumprimento rigoroso permitem que a passagem do estoque pela instalao seja o mais breve possvel. Quando h pouca coordenao, com falta de sincronismo entre os recebimentos das cargas, ser necessrio maior espao para manter o estoque e os veculos podero ter que aguardar maior tempo para ter sua carga completada.Para que as entregas possam ser feitas de maneira otimizada, deve-se utilizar um processo de planejamento prvio das entregas, atravs de um roteiro, considerando a distncia dos percursos e o tempo necessrio para a entrega. Esse processo se chama roteirizao e descrito da seguinte forma:O processo tradicional de roteirizao dos veculos de coleta e de entrega se baseia na experincia do funcionrio da distribuio. Com base na prtica de muitos anos, e conhecendo as condies virias e de trfego da regio atendida, o funcionrio define os roteiros, indicando o nmero e a seqncia de clientes a serem visitados em cada percurso. Nesse ramo, muito comum a necessidade da contratao de um profissional que conhea bem a regio a ser atendida, para que o mesmo possa utilizar seus conhecimentos para a realizao e montagem de rotas mais dinmicas e eficazes. (POZO, 2001, p. 190)Com a evoluo da TI e o advento de sistemas informatizados de roteirizao, o processo de deciso de rotas se tornou muito mais fcil e os resultados finais so a melhoria nas operaes de distribuio geral, reduo de custos e um nvel de servio muito mais elevado para o cliente. Fleury et al. (2000) fazem uma explicao da utilizao de software de gesto de rotas para otimizao de alguns processo do sistema logstico das empresas:Os softwares de localizao, em sua maioria, utilizam interfaces grficas para, por meio de menus, controlar e variar parmetros, rodar o modelo, inspecionar os resultados e gerar relatrios. Outra caracterstica bastante comum a possibilidade de visualizao dos resultados mediantes mapas, permitindo assim uma anlise mais qualitativa dos resultados. (FLEURY et al., 2000, p.165)A roteirizao informatizada uma ferramenta moderna no combate aos custos e otimizao do nvel de servio. Na atualidade, a excelncia nas entregas tem sido um fator importante na escolha de fornecedores, sendo que uma boa roteirizao contribui decisivamente para uma logstica enxuta.

3. Metodologia de Pesquisa

Segundo Babbie (1999), as principais finalidades de uma pesquisa so as seguintes: descrio, explicao e explorao. O autor comenta que a maioria dos estudos tem mais de um objetivo e s vezes todos os trs. O presente estudo apresenta caractersticas de uma pesquisa descritiva e exploratria. Segundo Malhotra (2004), uma pesquisa descritiva analisa aspectos de grupos relevantes, como no presente caso, usurios de um sistema de roteirizao.Por sua vez, o estudo exploratrio suscita novas possibilidades que mais tarde sero exploradas em pesquisas mais controladas.A abordagem de estudo de caso se mostra adequada para lidar com um problema de pesquisa complexo, variado e de mltiplas dimenses. Segundo Yin (2001), a necessidade de estudos de casos surge do desejo de compreender fenmenos sociais complexos, permitindo uma investigao que preserve as caractersticas holsticas e significativas dos eventos da vida real tais como processos organizacionais e administrativos e no caso desse trabalho, o sistema de roteirizao como apoio para a gesto da informao do processo logstico.Nesse trabalho no havia um limite rgido entre o contexto e o fenmeno em anlise. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso uma investigao emprica que investiga um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenmeno e o contexto no esto claramente definidos, como o caso desse trabalho.Assim sendo, a presente pesquisa empregou tcnicas de natureza qualitativa e quantitativa. O tratamento quantitativo compreendeu a anlise dos dados para melhorar o sistema de roteirizao. A adoo de um modelo terico como referncia facilita os prximos passos da pesquisa. De acordo com Yin (2001), a investigao de estudo de caso se beneficia do desenvolvimento prvio de proposies tericas para conduzir a coleta e anlise dos dados. O questionrio teve suas perguntas inspiradas em variveis utilizadas no modelo TAM (Technology Acceptance Model) proposto por Davis (1989), no modelo Information System Success elaborado por DeLone e McLean (1992) e no modelo TTF (Task Technology Fit) desenvolvido por Goodhue e Thompson (1995). Tais modelos tm sido bastante utilizados no campo da Cincia da Informao para avaliao do uso e dos impactos da adoo de sistemas de informao.

4. Estudo de Caso

4.1. Caracterizao da Empresa Estudada

A empresa escolhida para o estudo de caso foi a Empresa de Transporte TRASP, que uma empresa familiar, muito centralizada, que comeou suas atividades com apenas um caminho, fazendo transportes dentro do bairro em que a empresa surgiu. Com o passar dos anos ela cresceu e o nmero de seus caminhes chegou a 25. Hoje a empresa atua no transporte e entrega de mercadorias e encomendas em todo territrio nacional e sua pretenso abrir escritrios em outros estados visando diminuir os custos do transporte, aumentar sua frota, contratar novas tecnologias que ajudem a empresa a se adaptar a este mercado competitivo.

As necessidades da empresa:

Primeiro, era a preocupao em cumprir o prazo estipulado aos clientes, que muitas vezes excedia o limite mximo estipulado.Segundo, era a preocupao com a real localizao da carga, que muitas vezes, o motorista tinha que ligar para a empresa para informar a sua real posio.Terceiro, precisavam de um melhor controle das encomendas para evitar extravios, visto que muitos clientes se queixavam de ter mandado um nmero de encomendas e as recebiam faltando.

4.2. Sistemas de Informao utilizados no Setor de Logstica

No contexto da organizao estudada, para uma melhor compreenso da importncia da gesto de informao para a logstica, faz-se necessrio um detalhamento do fluxo logstico.O setor responsvel pela retirada dos caminhes denominado logstica de abastecimentos.Atravs da anlise diria do estoque, da produo realizada e da programao da produo, emite-se um documento chamado OCR (ordem de carregamento) que possui as seguintes informaes: destino da mercadoria, armazm/filial de descarga, data da previso de carregamento, data de previso de descarga, quantidade de produto entre outros dados. O centro de distribuio (CD) um armazm cuja principal misso realizar a gesto de estoques dos produtos para distribuio. Entre suas atividades principais, podem ser citadas a movimentao de materiais, armazenagem, administrao de produtos e informaes, processamento de pedidos e emisso de notas fiscais e, em alguns casos, embalagem e colocao de etiquetas.No mercado interno, o transporte de produtos feito exclusivamente pelo modal rodovirio. Conhecido como o modal de transporte de maior custo, seu planejamento se faz necessrio, evitando assim, os custos excedentes.A diretoria deu importncia estratgica para a rea de logstica, pois tem como principais objetivos aperfeioar o nvel de servio oferecido aos mercados internos e externos, aliados reduo de custos. Os esforos da diretoria de SCM foram concentrados na implantao e integrao de sistemas de controle e gesto. As estruturas administrativas foram otimizadas e foram implantados vrios sistemas de informao, tais como para o sistema ERP (Enterprise Resource Planning) SAP/R3, o sistema de localizao de carga AutoTrack, o sistema de gesto de depsitos WMS (Warehouse Management System) e o sistema Roadnet da UPS Logistics Technologies para roteirizao da distribuio fsica do mercado interno. Esses sistemas sero descritos a seguir, como destaque para o sistema de roteirizao que ser analisado mais profundamente.O sistema de gesto de depsitos WMS (Warehouse Management System Sistema de Gerenciamento de Armazm) fornece informaes detalhadas para se gerir os estoques, permitindo o monitoramento de cada produto. O sistema WMS recebe informaes dos coletores de dados, todas as mercadorias que entram e saem de todos os seus centros de distribuio. possvel localizar qualquer encomenda, em qualquer um dos centros de distribuio da empresa em questo de segundos.Os veculos responsveis pelo abastecimento do mercado interno so todos rastreados por um sistema de segurana e localizao de cada carga, controlado via satlite, chamado AutoTrack. Cada veculo (carreta) possui um computador de bordo conectado ao sistema, permitindo que o motorista se comunique com o centro de operaes, independente do lugar que esteja dentro do Brasil. Este equipamento fornece todas as informaes de trfego nas rodovias federais e estaduais, mostrando por qual percurso o veculo deve seguir. O sistema monitora os produtos em cada veculo e tambm contribui para a segurana no transporte de cargas, pois se um veculo modificar o percurso sem informar a mesa de operaes, o sistema bloqueia o veculo e trava as portas do ba com alta presso, minimizando a possibilidade de extravio de cargas.Paralelamente implantao de sistemas de informao, a empresa investiu no aperfeioamento da estrutura administrativa, construindo o Centro de Servios Compartilhados (CSP) que visa atender todas as filiais em qualquer ponto do Brasil, concentrando assim as atividades de apoio aos principais processos da companhia. Atravs da informatizao de todo o fluxo informacional da empresa, o CSP viabiliza projetos como o Atendimento Total, que permitiu ampliao das entregas, melhor gesto de estoques, reduo das perdas por extravio e melhor planejamento da demanda. Todas as reas estratgicas da empresa esto interconectadas pelo sistema de gesto empresarial SAP/R3.

4.3. Detalhamento do Processo de Roteirizao

Para o desenvolvimento do estudo de caso, uma observao participante das atividades logsticas se fez necessria para entender a gesto de informaes da rea. Nesse sentido, um mapeamento da cadeia de distribuio da empresa foi necessrio.Partindo da matriz os caminhes saem carregados diretamente para o centro de abastecimento de todas as filiais, a partir da, os produtos so distribudos em outros veculos de acordo com a necessidade de cada filial ou regio geogrfica. Os veculos abastecero todas filiais nos mais diversos pontos do pas, num prazo mximo de trs dias, mesmo para as mais distantes filiais. Os veculos so monitorados pelo sistema AutoTrack, conforme explicado anteriormente.Ao chegar em cada filial, dentro do tempo estipulado e controlado pela mesa de operaes, os veculos so descarregados por uma equipe de armazenagem, que por sua vez, alimenta os sistemas SAP/R3 e o mdulo contbil do WMS at no mximo 17 horas de cada dia. Aps a descarga, o motorista informado atravs de um computador de bordo (acoplado em cada veculo) para qual destino dever seguir. Enquanto isso, os pedidos esto sendo integrados no sistema por toda a equipe de abastecimento. s 17 horas, acontece o fechamento dirio do fluxo de encomendas. Aps esta etapa, o funcionrio especializado responsvel por toda distribuio de cada filial faz a preparao e processamento de pedidos para a roteirizao.A roteirizao ou gesto de rotas consiste em alocar as mercadorias, atravs do software Roadnet, em veculos para distribuio em toda regio geogrfica que compete a filial. A gesto das rotas define toda a movimentao da filial, determinando o tipo e a prioridade de cada rota, a ordem e forma que o Centro de Distribuio ir operar e como a equipe de armazm deve proceder para efetuar o carregamento. Tal atividade gera informaes de cunho fiscal como impostos na emisso de notas fiscais e tambm alimenta indicadores de distncias, destinos, tempo por percurso, devolues e custos de cada entrega por rota.A alocao propriamente dita responsvel por desencadear todo fluxo de informaes e atividades operacionais dos CDs (Centro de Distribuio) da empresa. A alocao comea na gesto de rotas que iniciada a partir da captao das entregas. A gesto de rotas executada por um tcnico logstico que atravs de estratgias define qual tipo de veculo, que volume, qual destino, qual distncia, qual a prioridade e que rota com a melhor relao de tempo e percurso dever ser seguida. A partir disso, todo um processo de atividades e de informaes no armazm e no sistema de transporte desencadeado.A roteirizao muito importante por ser a funo que inicia todo o ciclo informacional da filial no quesito entrega/cliente. O carregamento comea s 21h30min, atravs de relatrios e romaneios de carga (documento que contm todos os dados totalizados da carga, produtos, volume, peso, data, valor e notas fiscais), gerados aps a roteirizao. A equipe noturna de carregamento se orienta nas questes de volumes/capacidade e posicionamento nos endereos de armazenagens.s 06h30min, a equipe de transporte (entregadores) est a postos com todas as informaes necessrias: rotas, veculo, peso, destino, localidades, tempo de permanncia em viagem, janela de horrios, agenda de atendimento de clientes, listas de prioridades e documentos fiscais, entre outras.Durante o dia, os mais diversos tipos de problemas acontecem e interferem no rendimento das entregas, desde a manuteno ou engarrafamento nas vias de transporte, passando por falhas nos sistemas de clientes ou devolues, at erros de vendedor, gerando gargalos logsticos. neste ambiente que uma boa gesto de informaes se faz necessria, no sentido de diminuir as incertezas na cadeia de distribuio.

4.4. Anlise Qualitativa do Sistema de Informao para Gesto de Rotas

O modelo anteriormente existente de separao de notas manual se tornou, com o tempo, impossvel nas filiais que se almeja ter, devido ao crescimento das entregas e encomendas. Esses fatores foram encaminhados para a diretoria e concluiu-se que era eminente a necessidade da implantao de um software na rea de distribuio fsica.Trs sistemas de informao foram avaliados: Roadnet, Roadshow e BR Express. Atravs da adoo de um sistema de roteirizao, pretendia-se agrupar os pedidos, diminuindo o nmero de rotas e possibilitando otimizar o tempo. Segundo os estudos efetuados pela empresa na adoo da nova ferramenta de gesto de informaes para a logstica, o Roadnet foi escolhido como a melhor ferramenta por possuir a melhor documentao e por se adaptar infra-estrutura de TI da empresa.Aprovada a compra do software, restava apenas implant-lo, pois a empresa se encontrava com um aumento gradativo de sua carteira de clientes, e necessitava de maiores tecnologias para melhorar o atendimento dos mesmos e aumentar o volume em entregas e encomendas.Com a implantao do RoadNet, a empresa apresentou benefcios rapidamente. A diminuio do frete de distribuio ao longo de um ano tornou essencial para a empresa diminuir os custos totais de distribuio. O valor do frete de distribuio (R$ por tonelada) a diviso de quanto foi gasto por cada tonelada transportada. Quanto menor o valor, melhor a logstica de distribuio de uma empresa em termos de custos.Utilizando o Roadnet como ferramenta de roteirizao, possvel fazer melhores rotas, com economia de custos baseados em uma malha geogrfica de distribuio otimizada, com reduo de quilometragem, combustvel e tempo, considerando horrios mais recomendveis para descarga, horrios de livre circulao e aproveitando melhor a capacidade de armazenamento dos veculos.O Roadnet desenvolvido pela empresa norte-americana UPS Logistics Technologies. O sistema baseado em um algoritmo de roteirizao que leva em considerao mltiplas estratgias, auxiliando no processo de reduo de custos e otimizao da frota. O sistema RoadNet utiliza sesses de roteirizaes e cenrios como ferramentas para a criao de modelos mais realistas para a roteirizao dos pedidos. Para facilitar a roteirizao, pode-se gerar um mapa e com o mouse encaixar rotas prximas e adicionar veculos para a entrega.O conjunto de informaes de clientes como localizao, manuteno e seus pedidos compem as sesses ou zonas de roteirizaes. O objetivo de formar essas zonas que nelas so impostos os limites, como maior quantidade de entrega e peso permitido por rotas. Feito isso, o Roadnet automaticamente ir criar rotas de acordo com o informado, restando pessoa que ir roteirizar escolher se deve modificar a rotas ou no, adicionando ou removendo entregas.

4.5. Anlise Quantitativa dos Dados

Para avaliar a utilizao do sistema Roadnet, a diretoria analisou questes para mensurar as caractersticas genricas de uso de um sistema de informao e medir o nvel de uso das funcionalidades do software.Os bons resultados do fortes indcios de que a diretoria acertou ao implantar o sistema de roteirizao, considerando a reduo de custos com transportes e a percepo dos analistas de rotas do impacto positivo da ferramenta na produtividade e qualidade da execuo das tarefas dirias, melhorando aspectos referentes produtividade, facilitao do trabalho, qualidade e utilidade, fornecendo evidncias de que se pode melhorar ainda mais a preciso e a consistncia das informaes. Os resultados so apresentados nas TABELAS 1 e 2.

Aps a tabulao dos dados, percebeu-se que existem algumas funcionalidades do sistema que so bem mais utilizadas do que outras. Adicionalmente, os valores de desvio padro mais altos na 2 Tabela indicam uma freqncia de uso heterognea entre os analistas de rotas. A mdia da pergunta P12 (uso geral) indica uma freqncia de uso bastante elevada, lembrando que o valor 10 (dez) da escala indicava mais de 7 horas dirias de uso do sistema e considerando a jornada padro da empresa de 8 horas de trabalho por dia. As funes mais usadas do Roadnet esto relacionadas consulta do volume dirio de pedidos (P20), programao de rotas (P16) e s estatsticas da rota (P14). Em suma, so funes de cunho mais operacional. As funcionalidades menos utilizadas esto associadas s seguintes informaes de clientes: volume de vendas por cliente (P23), custos de entregas por cliente (P26) e confirmao de entrega ao cliente (P25). Portanto, o perfil de uso do sistema pelos analistas de rotas indica um enfoque mais operacional centrado na programao de rotas em detrimento de um foco mais estratgico nas informaes do cliente.

5. Concluses

Para o caso estudado, pode-se constatar que a gesto de informaes na logstica se faz necessria, porque alm de facilitar a coordenao do planejamento e o controle das operaes de rotina, envolve informaes de fornecedores, clientes, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem, alm de permitir a explorao de oportunidades de mercado, possibilitando a melhor integrao da logstica estratgia empresarial. Di Serio e Sampaio (2001) retratam tal fato ao definir que o conhecimento, gerado a partir do tratamento de informaes do ambiente de negcios empresarial, pode definir foco empresarial da aplicao logstica, fontes de informao para deciso sobre os aspectos de composio de logstica empresarial e do prprio alinhamento estratgico. Nesta mesma obra transparece, atravs do processo de estudo de comportamento dos consumidores, uma perspectiva de gesto da informao e do conhecimento para formulao logstica, ressaltando-se a conexo entre estas disciplinas de cunho informacional e a possibilidade de incremento da contribuio da logstica para a estratgia empresarial.No caso da transportadora Trasp, difcil separar a gesto das informaes logsticas do uso do sistema de informao para gesto de rotas. Segundo levantado por Lucas Jr. (2006), h que se perceber que as organizaes que aproveitam a TI para desenvolver estruturas inovadoras apresentam desafios aos administradores responsveis por suas operaes em andamento, reiterando a necessidade de integrao de disciplinas tticas dentro de um foco estratgico, formulando metas e aes passveis de apoio tecnolgico. Constatou-se que a adoo de uma ferramenta de gesto de informaes voltadas para a logstica trouxe benefcios financeiros tangveis para a empresa, bem como benefcios para a qualidade do trabalho operacional e da gesto logstica. A empresa estudada ganhou em velocidade dos processos, na qualidade nos servios prestados, na veracidade das informaes que disponibiliza na cadeia de suprimentos, alm da diminuio de incertezas para tomada de deciso.

Conforme pode ser constatado no estudo de caso, o conceito de logstica migrou de um nvel operacional para um patamar estratgico. Mudanas nas expectativas dos clientes ou na localizao geogrfica continuamente transformam a natureza dos mercados, que, por sua vez, geram restries que alteram o fluxo de mercadorias dentro das empresas. Mudanas tecnolgicas e mercados emergentes abrem novas formas de organizar, adaptar e otimizar o fluxo de matrias-primas, produtos semi-acabados, produtos acabados, peas de reposio e materiais reciclados. O objetivo da logstica fazer com que os consumidores tenham bens, servios e informaes onde e quando quiserem, bem como nas condies fsicas que desejarem.Apesar de reconhecer a importncia estratgica da logstica, poucas so as empresas que efetivamente desfrutam dos benefcios de vantagem competitiva que uma boa gesto logstica tem a oferecer. As empresas que adotarem mais rpido os conceitos e a importncia da estratgia logstica no atual contexto competitivo, certamente sero mais bem sucedidas, tendo em vista que a gesto de informaes um dos pontos chave para a obteno de sucesso na economia global.

Referncias

BABBIE, Earl. Mtodos de pesquisa de survey. Belo Horizonte: UFMG, 1999.BALLOU, Ronald H. Logstica empresarial: transporte, administrao de materiais e distribuio fsica. 5 ed. Porto Alegre: Bookman. 2006.BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logstica empresarial. So Paulo: Atlas, 2001.CHRISTOPHER, Martin. Logstica e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratgias para reduo de custos e melhoria dos servios. So Paulo: Thomson, 2002.CHURCHILL, G. A. Marketing: criando valor para os clientes. So Paulo: Saraiva, 2003.DAVENPORT, H. Thomas. Ecologia da Informao. So Paulo: Futura, 1998.DAVIS, Fred. Perceived usefulness, perceived ease of use and user acceptance of information technology. MIS Quarterly, v. 13, n. 3, p. 319-339, 1989.DELONE, William H.; McLEAN, Ephraim. Information systems success: the quest for the dependent variable. Information Systems Research, v. 3, n. 1, p. 60-95, 1992.DI SERGIO, L. Carlos; SAMPAIO, M. Projeto da cadeia de suprimento: uma viso dinmica da deciso de fazer versus comprar. RAE Revista de Administrao de Empresas, v.41, n.1, p.54-66, 2001.

1