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Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Ramo de Sistemas de Energia RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Trabalhos Em Tensão José Alberto da Silva dos Santos Sargaço Porto, Junho de 2007

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Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Ramo de Sistemas de Energia

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

Trabalhos Em Tensão

José Alberto da Silva dos Santos Sargaço

Porto, Junho de 2007

FACULADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Relatório de Estágio Curricular - LEEC 2006/2007

TET – Trabalhos em Tensão

Relatório realizado sob a supervisão de Professor Doutor António Carlos Sepúlveda Machado e Moura,

do Departamento de engenharia Electrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Porto, Junho de 2007

II

Resumo

O presente relatório faz parte integrante da disciplina de “Projecto,

Seminário ou Trabalho Final de Curso” (PSTFC), do 5º ano da Licenciatura em

Engenharia Electrotécnica e de Computadores, ramo de Sistemas de Energia.

Tem como objectivo a descrição dos conteúdos teóricos e práticos

envolventes à realização do estágio, bem como a descrição dos trabalhos

realizados durante o mesmo estágio curricular ao longo dos meses de Março,

Abril e Maio de 2007 no departamento de TET na Painhas, S.A..

O relatório incide essencialmente na apresentação de definições e conceitos

utilizados em trabalhos em tensão, especificamente em TET MT, AT e LZT,

métodos utilizados e condições de execução dos diferentes trabalhos em

tensão, análise do processo TET, planeamento, preparação e execução de obras

TET e facturação.

Para a realização deste trabalho foi necessário adquirir conhecimentos

básicos, do tipo de tarefas TET, equipamentos, das condições técnicas e

regulamentação que os regem.

O estágio teve além dos objectivos mencionados anteriormente, também a

integração no mundo de trabalho, enriquecimento do conhecimento e modos de

trabalho.

III

Agradecimentos

Este estágio só foi possível graças à ajuda e colaboração de diversas pessoas,

sem as quais não poderia ter usufruído desta experiência tão enriquecedora.

Pelo que gostaria de registar o meu agradecimento às seguintes pessoas e

entidades:

À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, por me ter facultado a

oportunidade de estagiar de forma a poder concluir a minha licenciatura.

Ao Professor Doutor Machado e Moura, por ter aceite ser meu orientador de

estágio e pelo apoio permanente.

À Painhas S.A., por me ter facultado as condições e disponibilidade para a

realização do estágio.

Ao Engenheiro Nuno Silva por ter aceite o meu pedido de estágio.

Ao Engenheiro Carlos Martins por ter sido meu orientador de estágio na

Painhas, e me ter acompanhado durante todo estagio. Contribuindo para o meu

enriquecimento quer a nível de conhecimentos sobre TET, quer ao nível da

valorização pessoal.

Aos colaboradores da Painhas, com os quais tive a oportunidade de conviver,

nomeadamente ao Eng. Gilberto Quesado, chefes de equipa e executantes TET

pelo apoio e esclarecimentos.

Às restantes pessoas, que em apoiaram e ajudaram ao longo do meu percurso

académico, em especial à minha família e amigos pelo apoio incondicional

demonstrado.

A todos muito obrigado.

IV

Índice

1 Introdução ......................................................................1

2. Habilitações para TET ........................................................2

2.1 Condições para atribuição de um título de habilitação ................... 2

2.2 Códigos da habilitação para trabalho em tensão........................... 2 2.2.1 Letras e índices numéricos ........................................................2 2.2.2 Validade de renovação do título de habilitação ...............................3

3 Trabalhos em Tensão em redes MT..........................................4

3.1 Introdução........................................................................ 4 3.2.1 Características dos diferentes Regimes Especiais de Exploração ...........5

3.2.1.1 Regime Especial de Exploração A ................................................... 5 3.2.1.2 Regime Especial de Exploração B ................................................... 5

3.2.2 Escolha do Regime Especial de Exploração .....................................5 3.2.3 Dispensa de Regime Especial de Exploração ...................................6 3.2.4 Colocação da instalação em REE .................................................6

3.3 Equipamento dos colaboradores TET......................................... 7

3.4 Manutenção das comunicações com a Exploração ......................... 8 3.4.1 Relações entre o Responsável de Trabalhos e o Responsável de Exploração ..................................................................................8

3.5 Condições atmosféricas e visibilidade na Zona de Trabalhos ............ 9 3.5.1 Condições atmosféricas ............................................................9

3.5.1.1 Precipitações atmosféricas pouco importantes.................................. 10 3.5.1.2 Precipitações atmosféricas importantes.......................................... 10 3.5.1.3 Nevoeiro espesso ..................................................................... 10 3.5.1.4 Vento violento ........................................................................ 10 3.5.1.5 Trovoada ............................................................................... 10

3.5.2 Visibilidade da zona de trabalhos .............................................. 11

3.6 Preparação da intervenção, arranjo da Zona de Trabalhos e informação aos executantes.....................................................................12

3.6.1 Preparação da intervenção...................................................... 12 3.6.2 Arranjo da Zona de Trabalhos e informação aos executantes ............. 13

3.7 Preparação dos equipamentos e das ferramentas antes do trabalho ..13 3.7.1 Manutenção das ferramentas e dos equipamentos homologados ......... 15 3.7.2 Reparação, conservação e transporte ......................................... 15

3.8 Interrupção temporária e recomeço do trabalho .........................16 3.8.1 Interrupção temporária .......................................................... 16 3.8.2 Recomeço do trabalho ........................................................... 17

3.9 Condução e execução do trabalho...........................................17 3.9.1 Condução do trabalho............................................................ 17

V

3.9.2 Execução do trabalho ............................................................ 18

3.10 Intervenção em partes de uma instalação a potencial flutuante...... 20

3.11 Número de elementos de protecção a respeitar.........................21 3.11.1 Entre os executantes e as peças a potenciais diferentes ................. 21 3.11.2 Entre as peças a potenciais fixos diferentes ................................ 23

3.12 Anteparos e protectores .....................................................26 3.12.1 Anteparos ......................................................................... 26 3.12.2 Protectores ....................................................................... 26

3.13 Estado mecânico das instalações...........................................27 3.13.1 Esforços mecânicos suplementares sobre os condutores esticados ..... 27 3.13.2 Verificação do estado mecânico de isoladores rígidos .................... 29

3.14 Subida acidental do potencial dos apoios e das armações .............30

3.15 Trabalhos mais comuns, realizados nas redes MT .......................33 3.15.1 Abertura e fecho de circuitos eléctricos .................................... 33

3.15.1.1 Abertura e fecho de circuitos eléctricos em vazio ............................ 34 3.15.1.2 Abertura e fecho de circuitos eléctricos em carga ............................ 35

3.15.2 Manutenção de seccionador ................................................... 38 3.15.4 Montagem de apoio em alinhamento......................................... 40

4 Trabalhos em Tensão em redes AT........................................ 42

4.1 Introdução....................................................................... 42

4.2 Regime Especial de Exploração ..............................................42

4.5 Condições atmosféricas e visibilidade na Zona de Trabalhos ...........43

4.6 Preparação da intervenção, arranjo da Zona de Trabalhos e condução dos trabalhos ........................................................................44

4.7 Distâncias a respeitar .........................................................45 4.7.1 Condições relativas à evolução do executante e gestos de trabalho..... 46 4.7.2 Utilização de anteparos e de protectores .................................... 47 4.7.3 Distâncias entre peças condutoras ............................................. 47

4.13 Estado mecânico das instalações...........................................49 4.13.1 Esforços mecânicos suplementares sobre os condutores esticados ..... 49 4.13.2 Verificação do estado mecânico dos isoladores ............................ 49

4.14 Subida acidental do potencial num apoio ou uma armação............ 50

4.15 LIGAÇÃO / DESLIGAÇÃO DE ARCOS DE LINHAS AÉREAS A 60 kV ........51 4.15.1 Condições operatórias .......................................................... 52

5 Limpeza de instalações até 30kV .......................................... 54

5.1 Habilitação dos Colaboradores LZT..........................................54

5.2 Organização do trabalho ......................................................54

VI

5.3 Equipamento do executante .................................................55

5.4 Condições atmosféricas .......................................................56

5.5 Distância a respeitar pelos executantes em instalações interiores.....56 5.5.1 Zona interdita ..................................................................... 57 5.5.2 Evoluções dos executantes ...................................................... 57 5.5.3 Acesso ao interior das celas..................................................... 59 5.5.4 Situações particulares............................................................ 59

5.6 Limpeza de postos de transformação .......................................61 5.6.1 Desenvolvimento do trabalho ................................................... 61

5.6.1.1 Medidas de protecção................................................................ 61 5.6.1.2 Utilização do aspirador/soprador .................................................. 62 5.6.1.3 Intervenção nas celas com aparelhos de seccionamento, corte e protecção.................................................................................................... 62 5.6.1.4 Aplicação do liquido de limpeza ................................................... 62 5.6.1.5 Medição da temperatura dos condutores ......................................... 63

5.6.2 Sequência de operações ......................................................... 63 5.6.3 Verificação e medição da resistência de terra dos eléctrodos de terra . 63 5.6.4 Verificação do nível do óleo existente no transformador .................. 64 5.6.5 Verificação do estado da Sílica-Gel ............................................ 64

5.7 Recolha de óleos para despistagem de PCB’s (Policloretos de bifenilo)........................................................................................64

5.7.1 Procedimento técnico para a recolha e rotulagem.......................... 65 5.7.2 – Material........................................................................... 65 5.7.3 - Rotulagem........................................................................ 65 5.7.4- Técnica de amostragem ........................................................ 65 5.7.5 - Transporte das amostras e frascos de desperdício ........................ 66 5.7.7 – Segurança ........................................................................ 66

6 Trabalho realizado........................................................... 67

7 Conclusões .................................................................... 70

8 Referências Bibliográficas .................................................. 71

Anexos ........................................................................... 72

Anexo A – Autorização de Intervenção em Tensão (AIT) ......................73

Anexo B - Código de tarefas TET (EDP) .........................................74

Anexo C – Ficha de preparação de TET ..........................................77

VII

Lista de Figuras

Figura 1 – Viatura TET MT............................................................................... 7 Figura 2 – Óculos TET.................................................................................... 7 Figura 3 – Botas TET ..................................................................................... 8 Figura 4 – Arnês.......................................................................................... 14 Figura 5 – Vara de gancho.............................................................................. 14 Figura 6 – Barquinha .................................................................................... 20 Figura 7 – Distâncias a manter entre a zona de trabalhos e as peças condutoras ............ 23 Figura 8 – Aplicação de protectores.................................................................. 24 Figura 9 – Corte de um arco (em cima) e aplicação de um estribo isolante (em baixo)..... 25 Figura 10 – Estribo isolante ............................................................................ 26 Figura 11 – Protectores de linha, de isolador e de pinça ......................................... 27 Figura 12 – Pré-esforço ao condutor apoiado em isolador rígido deteriorado................. 30 Figura 13 – Aplicação de escadas isolantes ......................................................... 31 Figura 14 – Intervenção a partir de um elevador com braço não isolante ..................... 32 Figura 15 – Riscos de acidente eléctrico para pessoas que estejam no solo................... 32 Figura 16 – Ligadores TET.............................................................................. 33 Figura 17 – Escova de condutores..................................................................... 34 Figura 18 – Dispositivo de Manobra em Carga ...................................................... 36 Figura 19 – Tarefas realizadas em Março de 2007 ................................................. 37 Figura 20 – Tarefas realizadas em Abril de 2007 ................................................... 37 Figura 21 – Tarefas realizadas em Maio de 2007 ................................................... 38 Figura 22 – Cabo isolado para TET MT ............................................................... 39 Figura 23 – Afastamento de condutores com recurso a tirantes de rolete..................... 41 Figura 24 – Montagem de triangulações ............................................................. 41 Figura 25 – Delimitação da zona de evolução de um executante em TET AT ................. 44 Figura 26 – Representação da zona interdita e zona de evolução............................... 46 Figura 27 – Zonas interditas e de evolução na utilização de uma barquinha .................. 47 Figura 28 – Distâncias mínimas d1 e d2 a respeitar entre peças condutoras .................. 48 Figura 29 – Ligações/desligações realizáveis com e sem um DMV............................... 51 Figura 30 – Distâncias que definem a ligação – desligação de um arco em AT ................ 53 Figura 31 – Ligação de um arco em TET AT ......................................................... 53 Figura 32 – Viatura TET LZT ........................................................................... 54 Figura 33 – Capacete com viseira de protecção utilizado em trabalhos LZT .................. 55 Figura 34 – Zona delimitada por barreiras isolantes em PT de cabine baixa .................. 58 Figura 35 – Zona delimitada por barreiras isolantes em PT de cabine alta .................... 58 Figura 36 – Zona de evolução dos executantes criada na cela do transformador............. 60 Figura 37 – Zona de evolução dos executantes criada num PT de CA .......................... 60 Figura 38 – Limitação da zona de trabalhos......................................................... 62 Figura 39 – Recolha da amostra de óleo para despistagem de PCB’s ........................... 66 Figura 40 – Base de dados de trabalhos TET MT.................................................... 67 Figura 41 – Plano de trabalho semanal .............................................................. 68

VIII

Lista de tabelas Tabela 1 – Limitações aos Trabalhos em Tensão AT em função das condições atmosféricas11 Tabela 2 – Natureza do controlo de equipamentos e ferramentas.............................. 15 Tabela 3 – Número de EP correspondentes aos equipamentos e ferramentas TET ........... 22 Tabela 4 – Número mínimo de EP entre a zona de evolução e peças a potenciais fixos..... 22 Tabela 5 – Número mínimo de EP entre peças a potenciais fixos diferentes .................. 23 Tabela 6 – Distâncias mínimas a garantir entre os arcos e outras peças da instalação ...... 24 Tabela 7 – Distância mínima entre peças a potenciais fixos diferentes e os anteparos ..... 26 Tabela 8 – Situações em que as intervenções são interditas ou autorizadas .................. 29 Tabela 9 – Valor máximo da corrente de magnetização do transformador a desligar ....... 34 Tabela 10 – Valores máximos para ligação ou corte em vazio de transformadores .......... 34 Tabela 11 – Corrente capacitiva máxima para ligação ou corte em vazio de cabos.......... 35 Tabela 12 – Comprimentos máximos de cabos para ligação ou corte em vazio ............... 35 Tabela 13 – Valores de correntes para obter uma potencia 40 kW com cos φ =0,7 .......... 36 Tabela 14 – Limitações a TET AT impostas pelas condições atmosféricas .................... 43 Tabela 15 – Características dos condutores AT, indicativas de autorização ou interdição de

trabalhos................................................................................... 49

IX

0 Definições

No presente relatório, os termos seguintes são usados com a acepção especificada.

Condução

Conjunto das actividades (da exploração) de vigilância, de controlo e de comando asseguradas por um centro de comando relativamente a uma ou mais instalações.

Disponibilidade

Situação em que um grupo gerador, linha, transformador, painel, barramento, equipamentos e aparelhos se encontram aptos a responder em exploração às solicitações de acordo com as suas características técnicas e parâmetros considerados válidos.

Exploração

Conjunto de actividades necessárias ao funcionamento de uma instalação eléctrica, incluindo as manobras, o comando, o controlo, a manutenção, bem como os trabalhos eléctricos e não eléctricos. As actividades da exploração competem:

- À entidade responsável pela condução no que concerne nomeadamente à decisão, operação e autorização prévia para a execução de trabalhos ou manobras nas redes em exploração; - Aos centros locais de exploração no que respeita às acções técnicas e administrativas da exploração, compreendendo nomeadamente as operações de controlo, manutenção, reparação destinadas a manter uma instalação num estado que lhe permita cumprir a sua função.

Indisponibilidade

Situação em que um grupo gerador, linha, transformador, painel, barramento, equipamentos e aparelhos não se encontram aptos a responder em exploração às solicitações de acordo com as suas características técnicas e parâmetros considerados válidos.

Manutenção

Combinação de acções técnicas e administrativas (da exploração) que compreendem as operações de vigilância destinadas a manter uma instalação eléctrica num estado que lhe permita cumprir a sua função. A manutenção pode ser preventiva (conservação), com o objectivo de reduzir a probabilidade de avaria ou degradamento do funcionamento da instalação, ou correctiva (reparação), realizada depois da detecção de uma avaria e destinada a repor o funcionamento da instalação.

X

Perigo eléctrico

Fonte de possíveis danos corporais ou prejuízos para a saúde devidos à presença de energia eléctrica numa instalação eléctrica.

Regulamento específico

Descritivo de procedimentos ou regras específicas de uma instalação eléctrica ou de um conjunto de instalações similares, destinadas a orientar os profissionais que efectuam manobras de rede.

Risco eléctrico

Associação da probabilidade com o grau de possíveis danos corporais ou prejuízos para a saúde para uma pessoa exposta a um perigo eléctrico.

Agente de condução

Profissional qualificado para operar na condução de instalações eléctricas.

Centro de condução (CC)

Órgão de condução da rede encarregue da vigilância e condução das instalações e equipamentos das redes de distribuição.

Delegado de consignação

Profissional qualificado, que estando numa instalação diferente daquela em que se encontra o responsável de consignação, se responsabiliza perante este pelo estabelecimento e permanência de todas as medidas de segurança necessárias para colocar e manter as suas instalações na situação definida pelo responsável de consignação.

Executante

Pessoa qualificada, ou não, e designada pela sua hierarquia para efectuar trabalhos no cumprimento de uma ordem escrita ou verbal.

Responsável de condução

Pessoa a quem está atribuída a responsabilidade pela coordenação de todos os actos de condução duma instalação cujos limites estão perfeitamente definidos. Pode ser autorizado a delegar as suas competências noutro agente da condução.

Responsável de consignação

É o profissional qualificado sob cuja exclusiva responsabilidade é colocado, durante todo o período da consignação, um elemento de rede (ou uma instalação) onde se vão realizar os trabalhos ao abrigo da consignação.

XI

O responsável de consignação assume a responsabilidade das instalações consignadas onde se vão realizar trabalhos, até à finalização da desconsignação.

Responsável de exploração

Pessoa designada por escrito, pelo empregador, para assumir a responsabilidade efectiva pela exploração duma instalação ou dum conjunto de instalações eléctricas, cujos limites estão perfeitamente definidos. O responsável de exploração pode ser autorizado a delegar toda ou parte das suas competências num outro agente de exploração. Esta delegação deve ser objecto de um documento escrito ou de uma troca de mensagens registadas. São, nomeadamente, atribuições do responsável de exploração tomar decisões respeitantes ao acesso às instalações e coordenar esses acessos a fim de evitar qualquer interferência de riscos eléctricos entre estaleiros onde se desenvolvam trabalhos em simultâneo.

Responsável de trabalhos

É o profissional qualificado designado ou indicado para assumir a direcção efectiva dos trabalhos, competindo-lhe estabelecer as medidas de segurança necessárias e zelar pela sua aplicação de acordo com as normas e regulamentos aplicáveis.

Canalizações eléctricas

Este termo designa o conjunto constituído por um ou mais condutores eléctricos nus ou isolados e pelos elementos que asseguram a sua fixação e a sua protecção mecânica, se existirem.

Equipamento de segurança

Equipamento utilizado para proteger o pessoal, individual ou colectivamente. O referido equipamento deve responder a características precisas de norma ou de especificação técnica.

Linhas eléctricas aéreas

Conjunto de condutores nus ou isolados, fixados em elevação sobre apoios (postes, torres, postaletes, galerias acessíveis ao público,...), por meio de isoladores ou de sistemas de suspensão adequados. Podem estar agrupados em feixes de condutores isolados electricamente uns dos outros e mecanicamente solidários.

Instalação colocada fora de tensão

É o estado em que se encontra uma instalação quando a tensão foi suprimida. Este estado, por si só, não permite iniciar trabalhos.

XII

Instalações de distribuição — Redes

Conjunto dos equipamentos (linhas aéreas, canalizações subterrâneas, subestações e postos de transformação...) explorados pelas empresas de distribuição de energia eléctrica.

Instalação eléctrica

Conjunto dos equipamentos utilizados na produção, no transporte, na conversão, na distribuição e na utilização da energia eléctrica, incluindo as fontes de energia, como as baterias, os condensadores e todas as outras fontes de armazenamento de energia eléctrica. Neste documento o termo genérico “instalação” é utilizado sempre que não for necessário precisar o seu tipo, ainda que se trate de partes duma instalação ou de equipamentos. O qualificativo "eléctrico" é omitido desde que não haja ambiguidade.

Tensões

Todas as instalações e equipamentos, qualquer que seja o fim a que se destinem, são classificados em função da mais elevada das tensões nominais existentes:

- Entre quaisquer dois dos seus condutores (ou peças condutoras); - Entre qualquer um dos condutores (ou peças condutoras) e a terra (ou as massas).

Para efeito deste documento as tensões são classificadas por domínios de tensão (Quadro 1).

Quadro 1 - Domínios de tensão

Valor da tensão nominal Domínios de tensão

Níveis de tensão

Em corrente alternada (Valor eficaz)

Em corrente contínua

BT II Baixa

Tensão Un ≤ 1000 V 120 < Un ≤ 1 500 V

Média

Tensão 1 kV < Un ≤ 45 kV

Alta Tensão 45 < Un ≤ 110 kV AT

Muito Alta

Tensão Un > 110 kV

Un > 1 500 V

XIII

Consignação eléctrica de uma instalação

Conjunto de operações que consiste em isolar (por corte ou por seccionamento), bloquear, verificar a ausência de tensão, estabelecer ligações à terra e em curto-circuito e proteger contra peças em tensão adjacentes e delimitar um elemento de rede (ou uma instalação) previamente identificado e retirado da exploração normal, destinado a garantir as condições de segurança necessárias à realização de trabalhos fora de tensão nesse elemento de rede (ou nessa instalação).

Bloqueio de um aparelho de corte ou de seccionamento

Conjunto de operações destinadas a impedir a sua manobra por comando local (utilizando fechaduras, cadeados, etc.) ou por comando à distância (cortando os circuitos auxiliares) mantendo-o numa situação determinada.

Corte (de uma instalação)

Consiste em efectuar a interrupção de todos os condutores activos das suas fontes de alimentação por meio de equipamentos com poder de corte adequado, por exemplo desligar um disjuntor ou um interruptor.

Isolamento (de uma instalação)

Conjunto de operações que consiste em separar electricamente uma instalação de todas as possíveis fontes de tensão, por meio de seccionadores abertos ou por qualquer outro método equivalente de seccionamento que dê iguais garantias de separação permanente.

Seccionamento (de uma instalação)

Consiste em assegurar uma posição de abertura com uma distância de separação entre os contactos eléctricos que satisfaça as condições de isolamento predeterminadas e capazes de garantir a segurança das pessoas, por exemplo abertura de seccionadores, de arcos ou fiadores de corte visível, retirada de aparelhos extraíveis.

Desconsignação eléctrica de uma instalação

Conjunto de operações que permitem restabelecer as condições necessárias para a devolução à exploração normal de um elemento de rede (ou uma instalação) que se encontrava consignada. Compreende a identificação do elemento de rede (ou instalação), a retirada das ligações à terra e em curto-circuito, o desbloqueio dos órgãos de corte ou seccionamento e a reposição em serviço da instalação.

Medições

Acções que permitem medir grandezas eléctricas, mecânicas, térmicas, etc..

XIV

Manobras

São operações que conduzem a uma mudança da configuração eléctrica de uma rede, de uma instalação ou da alimentação eléctrica de um equipamento. Estas operações são realizadas com o auxílio de aparelhos ou de dispositivos especialmente concebidos para o efeito, tais como interruptores, disjuntores, seccionadores, arcos ou fiadores de continuidade, etc. Em regra a ordem de sucessão das manobras não é indiferente. Há a distinguir:

- Manobras de consignação, efectuadas para realizar a consignação de uma rede, de uma instalação ou de um equipamento, para permitir a realização de trabalhos fora de tensão; - Manobras de desconsignação, efectuadas numa determinada sequência visando desconsignar uma rede, uma instalação ou um equipamento, previamente consignados. - Manobras de exploração, que conduzem à modificação do estado eléctrico de uma rede ou de uma instalação, no âmbito do seu normal funcionamento; - Manobras de urgência/emergência, impostas pelas circunstâncias para salvaguarda de pessoas e bens.

Regime especial de exploração (REE)

Situação em que é colocado um elemento de rede (ou uma instalação) durante a realização de trabalhos em tensão, ou na vizinhança de tensão, de modo a diminuir o risco eléctrico ou a minimizar os seus efeitos. As disposições a tomar em cada caso são as indicadas nas condições de execução dos trabalhos em tensão.

Trabalho

Qualquer tipo de intervenção (eléctrica ou não) cujo fim seja o de realizar, modificar, conservar ou reparar uma instalação eléctrica, onde haja a possibilidade de ocorrer um risco eléctrico.

Trabalho em Tensão (TET)

Trabalho em que o trabalhador entra em contacto com peças em tensão ou entra na zona de trabalho em tensão com partes do seu corpo ou com ferramentas, equipamentos ou com dispositivos que ele manipule.

Trabalho fora de tensão (TFT)

Trabalho realizado em instalações eléctricas, após terem sido tomadas todas as medidas adequadas para se evitar o risco eléctrico, e que não esteja nem em tensão nem em carga.

XV

Trabalho na vizinhança em Tensão (TVT)

Trabalho em que o trabalhador entra com parte do seu corpo, com uma ferramenta ou qualquer outro objecto que manipule, dentro da zona de vizinhança mas sem entrar na zona de trabalhos em tensão.

Trabalho não eléctrico

Trabalho efectuado noutras partes de instalações eléctricas, que não as indicadas no ponto 2.5.9.1; inclui trabalhos, como por exemplo, construções, escavações, limpezas, pinturas, etc.

Verificações

Acções destinadas a confirmar se uma instalação está conforme com as disposições previstas.

Delimitação da zona de trabalhos

Materialização dos limites de uma zona de trabalhos por meio de fita ou correntes delimitadoras, redes, barreiras, cones, etc .

Distância mínima de aproximação (D)

Distância mínima no ar, medida em relação a peças condutoras (condutor activo ou qualquer estrutura condutora) cujo potencial seja diferente do potencial do executante, considerado como estando ao potencial da terra, e que é resultado da soma da distância de tensão e da distância de guarda. Na Média e na Alta Tensão a distância mínima de aproximação representa o limite interior da zona de vizinhança (DL).

Distância de tensão (t)

Distância no ar, destinada a proteger os trabalhadores contra disrupções que possam ocorrer durante os trabalhos em tensão. DT = 0,005 Un, em metros, em que Un é o valor da tensão nominal em kV.

O resultado é arredondado por excesso para o decímetro mais próximo, nunca inferior a 0,10 m para Un > 1 kV.

Se o operador se encontra a um potencial diferente do da terra, esta distância deve ser modificada em conformidade. Em particular em AT, deve ser aumentada quando for necessário ter em conta fenómenos de sobretensão. Este aumento será definido de acordo com a entidade que explora a instalação.

XVI

Distância de guarda (g)

Distância no ar, destinada a libertar o trabalhador da preocupação permanente de manter a distância de tensão e da atenção aos gestos involuntários. Esta distância toma os seguintes valores:

0,30 m para a BT, excepto TR; 0,50 m para Un > 1.000 V.

Para as tensões reduzidas (Un ≤ 50 V) a distância de guarda não é considerada.

Distância de vizinhança (Dv)

Distância no ar que define o limite exterior da zona de vizinhança, e é estabelecida em função da tensão [Quadro 2]. Esta distância tem em conta os riscos de contacto ou de escorvamento com peças nuas em tensão, mas não tem em conta os riscos eventuais devidos aos fenómenos de indução a que podem ficar submetidas as instalações sem tensão.

Locais de acesso reservado a electricistas

Pela designação "local de acesso reservado a electricistas” deve entender-se todo o volume fechado (armário, compartimento, cela,...), podendo conter peças nuas em tensão, cujo grau de protecção, definido pela norma à data em vigor (NPEN 60 529) é inferior ao índice de protecção IP 2X em BT, e IP 3X no domínio AT. Quadro 2 - Distâncias para os valores nominais de tensão mais frequentes

Tensão nominal da rede

(Un) kV (valor eficaz)

Distância de tensão

(t) m

Distância de guarda

(g) m

Limite exterior de trabalhos em tensão (DL) Ξ (DMA)

m

Distância vizinhança

(DV) m

< 1 0 (sem

contacto) 0,30 0,30 0,30

10 0,10 0,50 0,60 1,5

15 0,10 0,50 0,60 1,5

20 0,10 0,50 0,60 1,5

30 0,20 0,50 0,70 2,0

60 0,30 0,50 0,80 2,0

110 0,50 0,50 1,10 3,0

150 0,80 0,50 1,30 3,0

220 1,10 0,50 1,60 4,0

400 2,00 0,50 2,50 5,0

XVII

Zona protegida

Em trabalhos fora de tensão (TFT): zona delimitada pelas ligações à terra e em curtocircuito, colocadas entre os pontos de isolamento (separação) e normalmente na proximidade destes;

Em trabalhos em tensão (TET): zona em que todos os elementos da rede têm os seus automatismos programados e as suas protecções reguladas para o regime especial de exploração (REE).

Zona de trabalhos

Local(ais) ou área(s) onde os trabalhos são ou serão realizados. A zona de trabalhos situa-se no interior da zona protegida. No interior desta zona, que deve estar delimitada, só devem penetrar pessoas autorizadas ou as designadas para o trabalho a efectuar.

Zona de trabalhos em tensão

Espaço em volta das peças em tensão, no qual o nível de isolamento destinado a evitar o perigo eléctrico não é garantido se nele se entrar sem serem tomadas medidas de protecção.

Zona de vizinhança.

Espaço delimitado e situado em volta da zona de trabalhos em tensão. A zona de vizinhança fica compreendida entre o limite exterior da zona de trabalhos em tensão (DL) e o limite exterior da zona de vizinhança (DV) – ver figura 1.

Autorização para intervenção em tensão (AIT)

Documento escrito, com validade limitada, por meio do qual o responsável pela condução autoriza um responsável de trabalhos – pertencente quer à própria empresa quer a uma empresa exterior – a executar em tensão uma tarefa definida, em condições precisas de data e de lugar, especificando, se for caso disso, as disposições particulares de exploração, nomeadamente a duração previsível. Excepcionalmente, quando a distância geográfica e as necessidades de exploração o justificarem, a AIT pode tomar a forma de uma mensagem registada do responsável de condução para o responsável de trabalhos. Neste caso, cada correspondente deve preencher um impresso numerado e anotar nele o número de identificação do impresso preenchido pelo outro correspondente, assim como os números de ordem da mensagem.

A autorização para intervenção em tensão fica concluída com o aviso de fim de trabalho em tensão, redigido no mesmo documento. A redacção e a transmissão são efectuadas nas mesmas condições que a autorização de trabalho em tensão.

XVIII

Boletim de Consignação

Documento emitido pela entidade responsável pela condução e distribuído ao responsável de consignação e aos delegados de consignação, no qual será efectuado o registo das operações de consignação e das comunicações entre o centro de condução e o responsável de consignação e delegados de consignação, e entre o responsável de consignação e os delegados de consignação. Neste boletim é feito o registo das comunicações entre o responsável de condução e o responsável de consignação e entre este e os delegados, se existirem.

Licença para intervenção em tensão (LIT)

Documento escrito de carácter permanente, estabelecido pelo responsável de manutenção das instalações, para uso do(s) responsável(eis) de trabalhos, em que são fixadas as operações BT habituais que pelo seu carácter podem ser executadas sem uma autorização para intervenção em tensão. Para tal, o responsável de manutenção recebe uma lista dos trabalhadores em condições de intervir no âmbito de uma LIT, da própria empresa e das empresas exteriores que podem actuar nas instalações a seu cargo.

Mensagem registada

Comunicação transmitida palavra a palavra pelo emissor ao receptor, via rádio ou telefone, registada por escrito pelos dois, comportando sempre a data, a hora e a identificação dos intervenientes, e relida pelo receptor ao emissor. Podem também ser utilizados para suporte de emissão o correio electrónico ou fax. Em qualquer dos casos a recepção deve ser sempre confirmada pelo receptor.

Pedido de indisponibilidade

Pedido formulado pela entidade requisitante, normalmente por escrito, à entidade responsável pela condução, para colocar uma instalação ou elemento de rede indisponível com vista à realização de trabalhos ou ensaios fora de tensão. Em condições excepcionais, se este pedido não puder ser feito por escrito, o mesmo deverá ser feito por mensagem registada entre a entidade requisitante e a entidade responsável pela condução da instalação.

Pedido de intervenção em tensão (PIT)

Documento escrito pelo qual a entidade interessada na realização dos trabalhos dá a conhecer ao responsável pelos trabalhos em tensão na empresa, ou de uma empresa exterior, a sua intenção de lhe confiar a execução de trabalhos em tensão. Depois de confirmada a exequibilidade do trabalho em tensão, o responsável de manutenção remete ao centro de condução uma cópia do PIT, com a indicação do responsável de trabalhos, para emissão da AIT respectiva.

XIX

Um pedido de intervenção em tensão pode ser geral, isto é, válido para um conjunto de trabalhos escalonados num período de tempo limitado ou estabelecido para um trabalho limitado.

Plano/Ordem de manobras

Documento que explicita, segundo a ordem de realização, todos os procedimentos a respeitar para a execução de manobras complexas ou múltiplas. São exemplo as ordens de manobras para a realização de consignações ou de desconsignações. A ordem de manobras constitui um elemento fundamental na preparação de consignações.

Ordem de trabalho escrita

Documento que precisa a natureza, a situação e a duração do trabalho a realizar. Todos os documentos necessários à compreensão dos trabalhos a realizar são entregues ao responsável de trabalho.

Nevoeiro espesso

Considera-se que há nevoeiro espesso quando a visibilidade é reduzida de forma perigosa para a segurança do executante, nomeadamente quando o responsável de trabalhos não pode distinguir nitidamente os executantes do seu grupo ou os condutores sobre os quais estes deverão intervir.

Precipitações atmosféricas

Considera-se que há precipitação atmosférica quando há queda de chuva, de neve ou granizo ou a presença de brumas, neblina ou gelo. A precipitação atmosférica diz-se pouco importante quando não perturba a visibilidade do executante e do responsável de trabalhos. Diz-se importante no caso contrário.

Trovoada

Considera-se que há trovoada quando houver percepção de relâmpagos ou percepção de trovões.

Vento violento

Considera-se que há vento violento se implicar uma insuficiente precisão do executante na utilização das suas ferramentas, ou torne impraticável a utilização dos meios necessários à execução do trabalho.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 1

1 Introdução

A continuidade de serviço no fornecimento de energia eléctrica é nos dias de

hoje um dos factores de maior importância para os consumidores e para os distribuidores de energia eléctrica. Pelo que se procura cada vez mais aplicar e desenvolver técnicas e materiais para trabalhos em tensão (TET), minimizando o impacto das intervenções nas redes eléctricas, de transporte e de distribuição.

Dado que as técnicas utilizadas permitem na maioria das situações evitar interrupções no fornecimento de energia, existe um crescente aumento do número de trabalhos e diversidade dos mesmos.

No entanto a natureza dos trabalhos, impõe o recurso a meios humanos habilitados, meios tecnológicos e equipamentos homologados e certificados para trabalhos em tensão. Obrigando a competente e regular formação e especialização dos meios humanos, a fim de serem cumpridos, com rigor, os requisitos exigidos em cada trabalho. Cada trabalho é realizado tendo como base toda a documentação sobre condições de execução de trabalhos, fichas técnicas, modos operatórios e manuais de segurança.

Os Trabalhos em Tensão conduzem a uma simplificação nos procedimentos normais de intervenção em instalações eléctricas (nomeadamente, evitando as consignações e as ligações à terra e em curto-circuito), mas obrigam a que as protecções das instalações sejam eficazes e instantâneas, o que é materializado através do chamado “Regime Especial de Exploração”.

Durante o decorrer do estágio tive a oportunidade de conhecer a estrutura de TET, efectuando várias visitas ao terreno, acompanhando diversos trabalhos. O que me proporcionou visualizar a aplicação das técnicas utilizadas e condições de execução, bem como os diferentes equipamentos utilizados.

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2. Habilitações para TET 2.1 Condições para atribuição de um título de habilitação

A atribuição de um título de habilitação requer que o trabalhador possua competência técnica e humana relativamente às precauções a tomar para prevenir os acidentes de origem eléctrica ou outros associados à execução dos trabalhos ou tarefas que lhe são confiadas.

É fundamental que um executante TET possua aptidão médica, sendo-lhe reconhecida a não existência de impedimentos de natureza médica que impeçam o trabalhador de realizar as tarefas que lhe vão ser confiadas, através da Ficha de Aptidão médica emitida pela Medicina do Trabalho.

Relativamente à adequação humana é avaliado o equilíbrio comportamental compatível com a boa execução dos trabalhos que lhe podem ser confiados, dado o elevado grau de riscos das tarefas em TET.

A competência técnica, é adquirida através de cursos de formação ministrados por empresas certificadas para leccionar os mesmos, como é o caso da EDP Valor - Plataforma de Formação e Documentação.

A competência técnica a adquirir comporta conhecimentos relativos a: • Métodos de trabalho que permitem efectuarem em tensão os

trabalhos que lhe são confiados. • Instalações e equipamentos eléctricos em que actuará; • Riscos da electricidade; • Regras de segurança para prevenir esses riscos; • Métodos de trabalho em tensão; • Procedimento a adoptar em caso de acidente eléctrico; • Medidas de segurança para prevenir outros riscos ligados à sua

actividade normal e ao seu habitual ambiente de trabalho.

No fim da formação é efectuada uma apreciação sobre a aptidão da pessoa para pôr em prática as regras e procedimentos para prevenção do risco eléctrico, com a realização de exercícios realmente executados em tensão.

2.2 Códigos da habilitação para trabalho em tensão 2.2.1 Letras e índices numéricos

Os títulos de habilitação são codificados por letras maiúsculas e índices numéricos, normalmente inclui quatro características, o nível de tensão, o grau de intervenção, a indicação T de “trabalho em tensão” e o método de trabalho.

A primeira letra indica o nível de tensão em que o titular da habilitação pode intervir, assim temos que:

- B para as instalações de BT; - M para instalações de MT; - A para as instalações de AT (U = 60 kV); - H para instalações de MAT.

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O segundo índice, índice numérico, a seguir à primeira letra indica o grau de intervenção para o qual colaborador está habilitado:

1 para os electricistas executantes; 2 para os electricistas que poderão ser designados para chefiar

trabalhos.

Depois do índice numérico, surge a letra T que indica que o titular pode “trabalhar em tensão”.

Por fim, o quarto índice correspondente ao método de trabalho para o qual o

colaborador está habilitado:

D método à distância C método ao contacto P método ao potencial G método global (combinação dos três métodos anteriores)

Existe ainda a letra L, e E, em que L indica que o titular pode efectuar

trabalhos de limpeza em tensão (LZT), sendo por exemplo o código de habilitação - M1L - de um electricista habilitado para realizar trabalhos de limpeza em tensão, média tensão, executante. A letra E no código de habilitações indica que o titular pode conduzir viaturas com equipamentos especiais, como é o caso de gruas/perfuradoras e elevador com barquinha, e também está habilitado a operar e proceder à manutenção corrente das referidas viaturas e equipamentos. Existe ainda a situação em que o título pode conter a sigla Lg, que significa Ligeiro.

Por exemplo M2TLg indica que o colaborador é oficial de electricista habilitado para realizar trabalhos ligeiros em tensão, média tensão, responsável de trabalhos. Enquadra-se em TET ligeiro a abertura e fecho de arcos, sem recurso à utilização de protectores, no ponto 3.15.1 encontra-se desenvolvida a descrição desta tarefa.

Uma habilitação de determinado índice numérico acarreta a atribuição das habilitações de índice inferior, mas exclusivamente para as operações sobre as instalações do mesmo domínio de tensão e para uma mesma natureza de operações, podendo o colaborador TET acumular habilitações de códigos diferentes. Esta situação permite uma maior flexibilidade de organização de equipas. As equipas TET são constituídas por quatro elementos, três executantes e um responsável de trabalhos.

2.2.2 Validade de renovação do título de habilitação

O título de habilitação tem a validade máxima de três anos e sendo revisto em função da evolução das aptidões do colaborador ou sempre que ocorra alguma das seguintes situações:

Interrupção de prática de trabalhos em tensão durante um período superior a seis meses;

Violação grosseira das prescrições para TET.

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3 Trabalhos em Tensão em redes MT 3.1 Introdução

A realização de trabalhos em tensão (TET), em média tensão (MT), rege-se por regras gerais designadas nas condições de execução de trabalhos, abreviadamente CET. Estas condições de execução devem ser respeitadas pelas equipas TET que intervenham em instalações em tensão, independentemente das regras específicas aplicáveis a cada um dos equipamentos e ferramentas utilizados.

Consideram-se TET MT trabalhos realizados em redes eléctricas cuja tensão nominal esteja compreendida entre 1 kV e 35 kV em corrente alternada.

Os Trabalhos em Tensão MT só são permitidos nas redes de média tensão cujas sobretensões não sejam superiores a 72,7 kV de pico ou 45 kV à frequência industrial. Estas condições são verificadas nas redes em que o neutro esteja ligado à terra por qualquer um dos seguintes meios:

a) directamente (sem impedâncias); b) por meio de uma resistência de valor não superior a 80 Ω; c) por meio de uma resistência de 40 Ω, em série com uma bobina de

compensação de 40 Ω; d) por meio de uma bobina de compensação, que gere uma componente

activa da corrente de defeito não superior a 50 A nem inferior a 20 A.

Estes trabalhos podem ser realizados por três métodos distintos, o método à distância, ao contacto ou ao potencial. Existe também a possibilidade da aplicação do método global que resulta da combinação dos três métodos anteriormente referidos. Actualmente o método utilizado em TET MT é o método à distância, sendo este o que possui maior desenvolvimento ao nível de técnicas e equipamentos.

Apesar das CET’s possuírem as regras gerais para execução de trabalhos, é necessário os colaboradores TET respeitarem o descrito no Manual de Prevenção do Risco Eléctrico, no Manual de Segurança de Prevenção do Risco de Queda em Altura, bem como os textos regulamentares em vigor para as consignações das partes das instalações que sejam desligadas para trabalhos.

3.2 Regime Especial de Exploração

Regime Especial de Exploração (REE) é a situação em que é colocado um elemento de rede ou uma instalação durante a realização de trabalhos em tensão, a fim de diminuir as consequências de um eventual incidente e de evitar reposições de tensão automáticas ou voluntárias no seguimento do disparo das protecções.

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3.2.1 Características dos diferentes Regimes Especiais de Exploração 3.2.1.1 Regime Especial de Exploração A

A colocação em REE A assegura as seguintes situações: 1. disparo automático do disjuntor que protege a Zona de Trabalhos, em

caso de ocorrência de um defeito na instalação onde o trabalho decorre; 2. supressão de todas as religações automáticas da saída afectada pelo

trabalho; 3. eliminação das temporizações das protecções selectivas dessa saída; 4. a orientação, em prioridade para a saída afectada, da ordem de disparo

dada pelo dispositivo detector de "terras resistentes" do transformador onde está ligada a referida saída. O disparo dessa saída deve ser temporizado, no máximo, para um tempo de 1,5 s.

3.2.1.2 Regime Especial de Exploração B

A colocação REE B provoca os seguintes efeitos: 1. disparo automático dos disjuntores que protegem a Zona de Trabalhos,

em caso de ocorrência de um defeito nas instalações onde o trabalho decorre;

2. supressão de todas as religações automáticas das saídas afectadas pelos trabalhos;

3. eliminação das temporizações das protecções selectivas dessas saídas; 4. a orientação, em prioridade para as saídas afectadas, da ordem de

disparo dada pelo dispositivo detector de "terras resistentes" dos transformadores onde estão ligadas as referidas saídas. A temporização das protecções relativas a essas saídas deve ser eliminada.

Sendo que é preferível eliminar todas as ordens de disparo dadas pelo relé de

corrente homopolar de cada uma das saídas se houver possibilidades de qualquer um desses relés funcionar. Em caso de actuação das protecções das saídas que se encontrem em Regime Especial de Exploração (A ou B), o Responsável de Exploração só pode proceder à reposição da tensão a essas saídas se tiver, para isso, recebido o acordo expresso do Responsável de Trabalhos que esteja a intervir nas linhas em causa.

3.2.2 Escolha do Regime Especial de Exploração

Antes de se realizar qualquer trabalho em tensão, o Responsável de Exploração coloca a instalação afectada em REE (A ou B), tendo em conta as prescrições seguintes:

a) o regime B é concebido para o caso em que a operação consiste em ligar

(ou separar) electricamente duas saídas alimentadas pelo mesmo transformador Alta Tensão/Média Tensão ou Média Tensão/Média Tensão;

b) o regime A é concebido para as outras operações, com excepção das que

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conduzam ao estabelecimento ou à supressão da ligação entre transformadores Alta Tensão/Média Tensão ou Média Tensão/Média Tensão.

Se a linha MT onde irá decorrer a intervenção tiver, entre o disjuntor da saída e a Zona de Trabalhos, um disjuntor intermédio, o Responsável de Exploração deve assegurar que não existe o risco desse disjuntor religar automaticamente, caso este dispare no decorrer dos trabalhos.

No caso de montagem (ou desmontagem) de uma ponte (shunt) entre duas saídas diferentes, além de colocar em REE B ambas as saídas, o Responsável de Exploração deve assegurar que quando existir, entre o ponto de operação e o disjuntor da saída, um disjuntor intermédio, este não abra. No ponto 3.15.1 abertura e fecho de circuitos eléctrico, será explicado as consequências de não garantir a não abertura do disjuntor.

O Responsável de Exploração deve assegurar de que as protecções dos produtores independentes ligados à instalação não tornam o REE inoperante, pondo em risco a segurança dos colaboradores TET.

3.2.3 Dispensa de Regime Especial de Exploração

É dispensada a colocação da instalação em REE se as operações a realizar forem apenas as correspondentes à utilização, exclusivamente para fins de controlo ou de medição, e à utilização de ferramentas ou equipamentos homologados cuja Ficha Técnica (FT) mencione que a sua utilização não requer a colocação da instalação em REE.

Quando tiverem sido tomadas todas as disposições necessárias para que os executantes possam realizar uma operação sem correrem o risco de se aproximarem, ou de aproximarem uma ferramenta ou um equipamento (isolantes ou não), a uma distância inferior a:

a) 0,60 m das peças em tensão (para as linhas de tensão inferior a 30 kV); b) 0,70 m das peças em tensão (para as linhas de tensão igual a 30 kV),

esta operação pode ser feita sem colocar a instalação em REE. Quando qualquer troço de rede separado de qualquer fonte de alimentação,

por encravamento, na posição de abertura, de um disjuntor, de um interruptor ou de um seccionador, ou pela abertura de pontes ou de arcos, que possam assegurar a sua colocação a potencial flutuante, considera-se que a instalação está em REE, não sendo necessário o pedido de regime.

3.2.4 Colocação da instalação em REE Nas subestações, a colocação da instalação em REE pode ser efectuada

localmente por um piquete da EDP ou por telecomando, a partir do Centro de Comando/ Despacho dependendo da tecnologia das protecções utilizadas.

De acordo com a operação a efectuar e com as instalações em causa, o Responsável de Exploração escolhe entre os dois Regimes Especiais de Exploração: A ou B, sendo especificado posteriormente na Autorização de Intervenção em Tensão (AIT) emitida. No anexo A encontra-se o exemplo de uma AIT para TET MT.

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Deve ser possível seleccionar, localmente ou por meio de telecomando, um de três regimes de exploração (Regime Normal ou REE A ou REE B), assim como conhecer com precisão o REE em que se encontra a instalação em que se está a intervir em tensão. O REE não deve ser alterado sem a autorização expressa do Responsável de Trabalhos da(s) equipa(s) que estiver(em) a intervir na instalação.

3.3 Equipamento dos colaboradores TET

As equipas TET possuem equipamentos específicos, desde as viaturas de trabalho e ferramentas, ao vestuário. Os fatos de trabalho são concebidos em tecido que não corra o risco de fundir sobre a acção de um arco eléctrico a que eventualmente possam ficar submetidos, sendo proibida a utilização de fatos de trabalho em "nylon" ou têxteis similares. Estes devem cobrir os braços e as pernas. É também autorizado o uso de sobrevestimentas em tecido de outra natureza desde que usada sobre o facto de trabalho, como é o caso dos fatos impermeáveis para a chuva. Na figura 1 podemos observar uma viatura para trabalho TET MT.

Figura 1 – Viatura TET MT

Outro equipamento utilizado é os óculos, especialmente quando os executantes estão numa posição de trabalho na proximidade dos condutores, garantindo a protecção contra os raios ultravioletas e contra a projecção de partículas. Na figura 2 podemos ver os óculos para utilização em TET.

Figura 2 – Óculos TET

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Outros equipamentos, como é o caso das luvas de protecção mecânica em couro e o capacete de segurança, com francalete, são sempre utilizados pelos colaboradores TET. Os capacetes TET possuem uma “codificação” de cores, para fácil identificação no terreno das funções do seu utilizador. O capacete dos executantes TET é de cor verde, em vez da cor azul de executantes sem habilitações TET, o do responsável de trabalhos TET é de cor vermelha.

Para além dos equipamentos de protecção que possam ser necessários por outras razões, e independentemente do seu posto de trabalho, todas as pessoas que participam numa intervenção em tensão ou que se encontrem na proximidade imediata do local de trabalhos, usam calçado de segurança, homologado para trabalhos em tensão. Na figura 3 podemos ver dois tipos de botas TET utilizadas, do lado esquerdo as botas isoladas para uso em terreno seco, do lado direito as botas isoladas utilizadas em trabalhos realizados em ambientes húmidos, tensão de ensaio 30kV.

Figura 3 – Botas TET

3.4 Manutenção das comunicações com a Exploração

A comunicação com o responsável de exploração, nomeadamente o centro de comando é um dos pontos muito importantes, desde a preparação, realização e finalização de um trabalho em tensão. Ao chegar à Zona de Trabalhos, o responsável de trabalhos assegura com a exploração a validação da AIT. Normalmente a comunicação é efectuada via telemóvel. Além da validação da AIT para colocação da instalação em REE, a boa comunicação com o responsável pela exploração é útil para esclarecimento sobre os trabalhos, para comunicação em caso de necessidade de retirar a instalação de REE, interrupção dos trabalhos e no fim dos trabalhos efectuados, entregar a instalação.

3.4.1 Relações entre o Responsável de Trabalhos e o Responsável de Exploração

O responsável de trabalhos não pode fazer executar um trabalho em tensão se não estiver na posse de uma autorização (AIT) denominada "Autorização para Intervenção em Tensão" devidamente caracterizada, passada pelo responsável

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de exploração e onde este o nomeie como responsável de trabalhos. A cada trabalho corresponde uma AIT. Durante a execução de um trabalho, o responsável de trabalhos só pode modificar o esquema ou a configuração da rede, se tiver recebido ordem escrita do responsável de exploração.

Antes de restituir a sua AIT ao responsável de exploração, o responsável de trabalhos coloca a instalação na qual interveio, no esquema eléctrico em que se encontrava antes da intervenção, a menos que tenha recebido ordem escrita do responsável de exploração para proceder de forma diferente. Se um disparo afectar a saída abrangida pelo trabalho em tensão, o responsável de exploração pede um acordo prévio do responsável de trabalhos antes de proceder à reposição em tensão, distinguindo-se os seguintes casos:

1. Fecho voluntário dos disjuntores das saídas, sem supressão do REE antes

de dar o seu acordo ao responsável de exploração para a reposição da tensão, o responsável de trabalhos deve adoptar, até que lhe seja comunicado o fim da manobra de reposição da tensão, as seguintes medidas:

- dar ordem para interrupção dos trabalhos - assegurar-se que existem, entre a Zona de Evolução dos executantes mais as partes protegidas dos seus corpos e os protectores ou os curto-circuitadores colocados sobre as peças a potenciais diferentes dos seus :

- 1 EP, para as redes de tensão nominal inferior a 30 kV; - 2 EP, para as redes de tensão nominal igual a 30 kV;

em que 1 EP equivale a 10 cm de ar.

2. Fecho dos disjuntores das saídas, com supressão do REE

Se as manobras de pesquisa da avaria obrigarem à supressão do Regime Especial de Exploração, o responsável de exploração suspende a AIT e o trabalho é temporariamente suspenso.

Contudo, os trabalhos podem ser acabados, na sequência do aparecimento de um defeito permanente, desde que realizados numa parte da rede que esteja separada de quaisquer fontes de tensão através do bloqueio, na posição de aberto, de um aparelho de seccionamento. Essa parte da rede é considerada como estando em tensão e em REE. O trabalho realiza-se no âmbito da AIT, reposta em vigor por meio de uma mensagem registada, que deve precisar estas disposições.

3.5 Condições atmosféricas e visibilidade na Zona de Trabalhos 3.5.1 Condições atmosféricas

As condições atmosféricas adversas provocam a alteração do procedimento de trabalhos, ou mesmo a suspensão temporário ou definitiva dos trabalhos. Assim, quando na zona de trabalhos, surgirem condições atmosféricas a seguir referidas, é necessário adoptar medidas de forma a salvaguardar a segurança de bens e pessoas na zona de trabalhos. Na tabela 1 resume-se as limitações aos Trabalhos em Tensão MT em função das condições atmosféricas.

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3.5.1.1 Precipitações atmosféricas pouco importantes

Considera-se que uma precipitação atmosférica é pouco importante se não prejudicar a visibilidade dos executantes ou do Responsável de Trabalhos. No caso de ocorrerem precipitações atmosféricas pouco importantes os trabalhos podem ser iniciados e acabados, com excepção dos trabalhos ao contacto (mais utilizados em TET BT).

3.5.1.2 Precipitações atmosféricas importantes

No caso de ocorrerem precipitações atmosféricas importantes, os trabalhos ao contacto não devem ser iniciados nem terminados e os trabalhos à distância ou ao potencial (mais utilizados em TET MAT) não são iniciados mas a operação em curso pode ser acabada.

3.5.1.3 Nevoeiro espesso

Considera-se a condição atmosférica, nevoeiro espesso quando a visibilidade for reduzida de forma perigosa para a segurança, por exemplo quando o responsável de trabalhos não puder distinguir claramente os executantes da sua equipa ou os condutores da linha onde estes tenham que intervir. Nestas condições os trabalhos não são iniciados mas a operação em curso pode ser acabada, independentemente do método utilizado.

3.5.1.4 Vento violento

Considera-se a condição atmosférica, vento violento quando este impedir os executantes de utilizarem as suas ferramentas de forma segura e com precisão. Considerados violentos os ventos contínuos com uma velocidade da ordem dos 60 km/h ou ventos descontínuos com uma velocidade da ordem dos 80 km/h. Nestas condições não são iniciados nem acabados, para qualquer um dos métodos utilizados.

3.5.1.5 Trovoada

Quando se virem relâmpagos ou se ouvirem trovões, considera-se a presença do estado de trovoada, perante este estado atmosférico os trabalhos não são iniciados nem acabados independentemente do método utilizado.

Quando as condições atmosféricas obrigam à interrupção do trabalho, os executantes abandonam a sua posição de trabalho. A interrupção dos trabalhos e o seu recomeço devem respeitar o descrito no ponto 3.8.

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Tabela 1 – Limitações aos Trabalhos em Tensão AT em função das condições atmosféricas

Em caso de

Tensão

nominal (em kV)

Trabalho ao contacto Trabalho à distância Trabalho ao potencial

Un < 30

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

Precipitação atmosférica pouco importante

Un > 30

Método de trabalho interdito.

O trabalho pode ser começado e acabado.

O trabalho pode ser começado e acabado.

Un < 30 O trabalho não deve ser começado, nem acabado

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

Precipitações atmosféricas importantes

Un > 30 Método de trabalho interdito.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

Un < 30

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

O trabalho não deve ser começado mas a operação em curso pode ser acabada.

Nevoeiro espesso

Un > 30 Método de trabalho interdito.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

Un < 30 O trabalho não deve ser começado, nem acabado. Vento violento

Un > 30 Método de trabalho interdito.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

Un < 30 O trabalho não deve ser começado, nem acabado. Trovoada

Un > 30 Método de trabalho

interdito.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

O trabalho não deve ser começado, nem acabado.

3.5.2 Visibilidade da zona de trabalhos

Para execução do trabalho, sejam quais forem as condições atmosféricas que, por outras razões, o podem limitar ou proibir, a visibilidade deve ser suficiente na Zona de Trabalhos para que:

- os executantes possam usar as ferramentas com a precisão desejável;

- o Responsável de Trabalhos possa vigiar o desenrolar das operações. A chuva, a neve e o nevoeiro podem ser obstáculo à visibilidade necessária ao

trabalho dos executantes ou à vigilância do responsável de trabalhos. Em particular, deve garantir-se a verificação da deslocação dos condutores, para que esta não ultrapasse as distâncias limite a obstáculos, prescritas no Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão (RSLEAT), tais como a outras instalações, a árvores, ou edifícios.

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3.6 Preparação da intervenção, arranjo da Zona de Trabalhos e informação aos executantes

A preparação dos trabalhos começa logo que se recebe a indicação da necessidade de realização de um determinado trabalho, posteriormente com a recepção da AIT inicia-se a elaboração do plano de trabalho e coordenação com as equipas TET a intervir.

3.6.1 Preparação da intervenção

Antes de qualquer intervenção, o responsável de trabalhos recebe as informações necessárias à execução do trabalho. Estas informações constam do documento de preparação do trabalho (Plano de Trabalhos), incidindo sobre:

a) a identificação da instalação;

b) a natureza do trabalho a efectuar e aos meios particulares que possam ser

necessários;

c) as possibilidades de acesso e de estacionamento;

d) a exploração (consignação, por exemplo).

Em caso de intervenção não programada, como é o caso de uma avaria, o

responsável de trabalhos obtém ele próprio estas informações no local, comunicando-as ao seu responsável de departamento TET, não executando o trabalho sem a devida autorização.

Quando chega à zona de trabalhos, o responsável de trabalhos em complemento à preparação do trabalho feita previamente, analisa o trabalho a realizar, tomando em atenção a operação a executar, a instalação, as condições locais e os meios de que dispõe.

Antes de qualquer início ou recomeço dos trabalhos, o responsável de

trabalhos indica com precisão aos executantes:

a ordem de sucessão das fases das operações;

os detalhes de execução;

os equipamentos e ferramentas a utilizar;

a localização do encerado e das estantes destinados a receber os

equipamentos e as ferramentas; a posição das escadas ou a posição da barquinha, caso sejam necessárias;

a localização das cordas de serviço e das cordas de manobra, em função da

posição das escadas ou do elevador;

a localização da viatura que transporta os equipamentos e as ferramentas;

a posição das vedações de delimitação da Zona de Trabalhos que entenda

necessárias para impedir o acesso de qualquer pessoa estranha;

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as precauções a tomar face aos riscos eléctricos, nomeadamente a colocação de anteparos e conjuntos de protectores, e as precauções que se destinam a atenuar as consequências de uma eventual subida acidental de potencial das armações e do apoio;

interditar a permanência de qualquer pessoa estranha à equipa por baixo dos

condutores;

limitar ao estritamente necessário o estacionamento de qualquer elemento

da equipa por baixo dos condutores;

assegurar-se que cada elemento da equipa compreendeu bem a sua tarefa e

a forma como esta se integra na operação de conjunto.

3.6.2 Arranjo da Zona de Trabalhos e informação aos executantes

O responsável de trabalhos procede de forma a que a zona de trabalhos seja arrumada de acordo com as indicações dadas aos executantes, com especial destaque para:

a) que a corda de serviço seja triangulada, quando estiver fixada a um apoio;

b) que a roldana superior (ou patesca) da corda de serviço seja pendurada na

proximidade imediata da posição de trabalho do executante encarregado da

recepção dos equipamentos e das ferramentas;

c) que, quando forem usadas escadas de elementos de encaixar, um ou mais

desses elementos seja em fibra de vidro;

d) que, quando for usado um veículo elevador com barquinha, este esteja

correctamente posicionado e estabilizado.

3.7 Preparação dos equipamentos e das ferramentas antes do trabalho Antes do início de cada trabalho, é verificado o estado de limpeza e de bom

funcionamento dos equipamentos e das ferramentas. Todos os equipamentos e ferramentas são verificados visualmente na zona de trabalhos mediante as suas características, os equipamentos e ferramentas não homologados são verificados de acordo com as regras da arte que lhes são aplicáveis e os equipamentos e ferramentas homologadas são verificadas de acordo com as regras da respectiva ficha técnica.

A verificação dos equipamentos e das ferramentas individuais é efectuada pelos executantes sob a sua própria responsabilidade, como é o caso das luvas, capacete e arnês (“cinto segurança”, exemplo na figura 4).

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Figura 4 – Arnês

A verificação dos equipamentos e das ferramentas de uso colectivo é efectuada sob a responsabilidade do responsável de trabalhos. Nas fichas técnicas dos equipamentos, indicam as verificações necessárias e sua periodicidade, além das respectivas características do equipamento.

Na verificação visual do estado das partes isolantes têm-se em especial atenção ao estado das superfícies isolantes, nomeadamente a verificação da não existência de cortes e fissuras e ausência de contornamentos eléctricos ou de perfuração.

Na verificação do estado mecânico assegurar-se o bom funcionamento dos mecanismos, como por exemplo folga excessiva dos mecanismos da vara de gancho. Na figura 5 podemos ver uma vara de gancho TET.

Figura 5 – Vara de gancho

Ainda durante a verificação do estado mecânico, verifica-se ausência de

defeitos que possam conduzir a uma diminuição da resistência mecânica. Sendo o caso de fissuras nos tubos isolantes, cordões estragados nas cordas de serviço e nas cordas de vida, descolamento de terminais e deslizamentos de troços (nas varas e tirantes, por exemplo), de fissuras nas soldaduras, de desgastes de costuras (nos arneses, por exemplo), defeitos nas peças ligadas e na eficiência da sua ligação (por exemplo nas pegas e nos anéis de preensão).

Caso durante as verificações alguma ferramenta ou equipamento apresente algum defeito referido anteriormente, é retirado do lote de equipamento e ferramenta a utilizar, sendo etiquetado com "NÃO UTILIZAR", criando-se uma ficha de não conformidade. Dando seguimento para reparação, caso esta seja possível, e posterior ensaio dieléctrico se for equipamento TET ou ensaio mecânico se for uma ferramenta.

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3.7.1 Manutenção das ferramentas e dos equipamentos homologados

Os equipamentos e as ferramentas homologados são controlados periodicamente, conforme indicado na tabela 2:

Tabela 2 – Natureza do controlo de equipamentos e ferramentas

Natureza dos equipamentos e ferramentas Natureza dos controlos

Partes isolantes das ferramentas e dos equipamentos, tais como, varas, braço isolante do elevador, tirantes, protectores, elementos de escadas, mantas, luvas, protectores de braços, etc.

Ensaio de isolamento Exame visual

Partes não isolantes (metálicas ou não) das ferramentas e equipamentos

Exame visual

Os ensaios de isolamento de tubos e hastes isolantes são efectuados

anualmente através de um ensaiador de varas, ou através de ensaios de isolamento efectuados na Labelec. Normalmente o período máximo entre dois controlos consecutivos é de um ano, salvo caso particular indicado nas Fichas Técnicas. São exemplos de casos particulares as luvas isolantes, os protectores isolantes de braços, e tubos flexíveis isolantes, cuja periodicidade é de 3 e 6 meses respectivamente.

Determinados equipamentos e ferramentas requerem uma manutenção corrente devido a possuíram partes roscadas e partes rotativas ou deslizantes. Estas são lubrificadas moderadamente com um lubrificante neutro (pó de grafite). As partes isolantes dos equipamentos e das ferramentas são limpas, secas e depois siliconizadas. A sua limpeza é feita à base de água e sabão ou com detergente adequado. Para retirar as nódoas difíceis, utiliza-se álcool desnaturado, salvo indicação contrária na respectiva Ficha Técnica.

3.7.2 Reparação, conservação e transporte

A reparação dos equipamentos “Não Conforme”, caso esta seja possível, é executada pela LABELEC ou por um reparador competente acreditado. Contudo existem situações em que não existe a necessidade do envio do equipamento para reparação, como é o caso de simples substituições de peças. Nestas situações a substituição é efectuada no armazém TET, por peças de origem fornecidas pela Labelec ou fornecedor acreditado.

Os equipamentos e as ferramentas, previamente limpos, são arrumados no seu local adequado, nas viaturas TET ou armazém. Nas viaturas os equipamentos e ferramentas são arrumados e transportados no seu local próprio devidamente imobilizados em caixas ou estantes munidas de abraçadeiras de borracha ou correias, para evitar qualquer deterioração.

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3.8 Interrupção temporária e recomeço do trabalho 3.8.1 Interrupção temporária

Durante a realização de um trabalho em tensão, pode surgir uma situação que leve à interrupção temporária dos trabalhos. Conforme a causa da interrupção, o tempo de que se dispõe para interromper o trabalho pode ser, por exemplo:

- muito curto, caso surja inesperadamente uma trovoada;

- relativamente longo, em caso de interrupção voluntária do trabalho. Na situação em que o tempo de que se dispõe é muito curto, os executantes

a cargo do responsável dos trabalhos antes de abandonar o local de trabalho, garantem caso seja necessário, que:

- as ferramentas e equipamentos que contribuem para o suporte de peças em tensão estejam bem fixados;

- as ferramentas e equipamentos cuja presença na Zona de Trabalhos não seja indispensável sejam abrigados;

- o acesso aos locais de trabalho seja interdito a terceiros;

- o condutor fique apoiado num isolador ou num dispositivo isolante provisório mas não ligado à barquinha.

Na situação em que o tempo de que se dispõe for relativamente longo, os

executantes a cargo do responsável dos trabalhos antes de abandonar o local de trabalho, garantem que:

- as ferramentas e equipamentos que contribuem para o suporte de peças em tensão estejam bem fixados;

- as ferramentas e equipamentos cuja presença na Zona de Trabalhos não seja indispensável sejam abrigados;

- o acesso aos locais de trabalho seja interdito a terceiros;

- o condutor fique apoiado num isolador ou num dispositivo isolante provisório, mas não ligado à barquinha;

- seja terminada a fase do trabalho em curso;

- em caso de necessidade (por exemplo na colocação de um novo apoio a meio vão):

- aproximar os condutores da sua posição inicial;

- reforçar os dispositivos que desempenham uma função mecânica e que fiquem montados.

- retirar ou prender os protectores.

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Na situação em que a interrupção dos trabalhos é devida a um incidente ocorrido na Zona de Trabalhos que tenha provocado o disparo da saída em REE, o Responsável de Trabalhos:

a) interrompe o trabalho;

b) comunica ao Responsável de Exploração;

c) procede à eliminação das causas que tenham provocado o disparo, caso

estas ainda persistam.

Salvo ordem em contrario, o responsável de trabalhos procede ao recomeço

dos trabalhos. Dependendo da natureza do trabalho em causa, este informa o responsável de exploração da alteração do tempo previsto para o fim dos trabalhos.

3.8.2 Recomeço do trabalho

Para o recomeço dos trabalhos, o responsável de trabalhos informar o responsável de exploração do recomeço dos trabalhos, dando-lhe os dados da nova AIT emitida para o efeito. No recomeço dos trabalhos é necessário verificar a situação, de todos os circuitos eléctricos e protecções que estejam associadas ao trabalho, tendo em conta que estas protecções podem estar molhadas.

3.9 Condução e execução do trabalho

Todos os elementos de uma equipa TET-MT, seja qual for o seu papel na realização dos trabalhos, têm a:

- zelar pela sua própria segurança;

- utilizar os equipamentos e as ferramentas que melhor se adaptem ao trabalho a realizar;

- aplicar as regras constantes do Manual de Prevenção do Risco Eléctrico e das Condições de Execução do Trabalho e das Fichas Técnicas e dos Modos operatórios.

3.9.1 Condução do trabalho

Na realização de um trabalho em tensão, a condução efectiva da zona de trabalhos é da responsabilidade do responsável de trabalhos, o qual, com vista à preparação do trabalho:

a) providencia que o trabalho seja realizado de acordo com:

- as instruções recebidas, do seu superior hierárquico e do responsável de

exploração; - as regras constantes do Manual de Prevenção do Risco Eléctrico; - as regras constantes das Condições de Execução do Trabalho;

- as regras constantes das Fichas Técnicas e dos Modos Operatórios.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 18

b) assegura a vigilância dos executantes que realizam o trabalho em tensão ou que se desloquem ou que desloquem peças na vizinhança de instalações em tensão. Numa situação em que determinada fase do trabalho não seja lhe seja possível de ver, delega essa função a um executante próximo do trabalho a ser executado;

c) assegura a coordenação das acções dos executantes e verifica se cada um deles informa os outros das suas intenções. Uma situação importante é a posição dos executantes e sua mudança de posição;

d) assinala aos executantes:

- qual é o potencial fixo que deve ser tomado como potencial de trabalho,

(em cada trabalho, não pode haver, simultaneamente, mais do que um

potencial de trabalho);

- quaisquer modificações do potencial de trabalho;

- qual o número de EP (Elemento de Protecção = 10 cm de ar) que cada

executante deve manter, em relação a peças ou a outros executantes a

potenciais diferentes do seu;

- quaisquer mudanças de métodos de trabalho a que seja necessário

proceder durante a realização do trabalho;

- todas as passagens a que seja necessário proceder de uma fase de

trabalho em tensão a uma fase de trabalho sobre uma instalação fora de

tensão, consignada e ligada à terra e em curto-circuito.

e) assegura-se que cada elemento da sua equipa compreendeu bem as suas instruções para a execução da fase seguinte do trabalho;

f) faz realizar, no solo, o maior número possível de operações preliminares relativas ao trabalho em tensão, como por exemplo a realização de arcos é feitos no solo.

3.9.2 Execução do trabalho

Como referido inicialmente na introdução deste capítulo, actualmente aplica-se o método à distância para realização de TET em redes de MT e AT. Este método caracteriza-se pelo facto de os executantes, com excepção dos casos em que estes utilizem dispositivos de protecção apropriados e homologados, se posicionem para além da Distância Mínima de Aproximação, intervindo nas peças em tensão com o auxílio de ferramentas fixadas na extremidade de varas ou de cordas, dotadas de isolamento apropriado ao nível de tensão das peças em que estejam a intervir.

Os trabalhos em tensão só são iniciados após ter existido um entendimento prévio entre os executantes e o responsável de trabalhos, também vulgarmente designado por chefe de equipa e sempre por ordem verbal e explícita deste.

A transferência de equipamentos, de ferramentas ou de materiais para os executantes requer cuidado, tanto no que diz respeito à boa fixação do objecto a transferir, quer ao cuidado a ter para que este não toque

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 19

involuntariamente nas partes activas da instalação eléctrica. Nas situações em que se justifique a aplicação de outros métodos de trabalho, ao contacto ou ao potencial, só é permitida a transferência de equipamentos, ferramentas ou materiais, se esta for feita por meio de ferramentas isolantes e respeitando as regras referentes ao número de elementos de protecção (EP) a respeitar entre os executantes e as peças a potenciais diferentes.

Quando surge, durante a execução do trabalho, uma dificuldade de execução que leve à necessidade de proceder a alterações na forma como inicialmente se previu o desenrolar do trabalho, o responsável de trabalhos toma as seguintes medidas:

a) interrompe o trabalho em curso;

b) coloca, se for caso disso, o(s) condutor(es) sobre o seu suporte de origem ou sobre um dispositivo isolante provisório, mas não ligado à barquinha;

c) procede a uma análise cuidada da situação;

d) elabora novo Plano de Trabalhos, com base nas decisões resultantes dessa análise;

e) indica aos elementos da equipa a nova sequência de operações;

f) assegura-se que cada um dos elementos da equipa entendeu bem qual o seu novo papel no desenrolar do trabalho e quais as principais diferenças em relação ao anterior.

Quando se recorre a uso de uma barquinha, exemplo na figura 6:

a) qualquer movimento do elevador hidráulico com braço isolante só é permitido após ter havido um entendimento prévio entre os executantes e o chefe de equipa;

b) os movimentos da barquinha só são autorizados se forem comandados por um único executante e se este estiver posicionado na barquinha;

c) durante a deslocação da barquinha e dos braços do elevador:

- o Responsável de Trabalhos deve assinalar ao executante que estiver a manobrar a barquinha todos os eventuais obstáculos que possam afectar a deslocação;

- o executante que estiver a manobrar a barquinha deve limitar os seus próprios movimentos aos estritamente necessários ao comando e à vigilância da deslocação da barquinha e dos braços do elevador;

- o executante que estiver a manobrar a barquinha deve evitar quaisquer contactos da barquinha e dos braços do elevador com os anteparos ou com os protectores que estejam colocados, tendo em conta o balanceamento da barquinha e a precisão dos movimentos do conjunto.

.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 20

Figura 6 – Barquinha

Durante a execução dos trabalhos, o responsável de trabalhos assegura-se que as eventuais deslocações dos condutores não ocasionam riscos eléctricos ou mecânicos para os executantes que trabalhem nos apoios adjacentes. Entende-se por “apoios adjacentes” ao apoio situado na proximidade imediata do trabalho e os dois apoios adjacentes a este ou a os dois apoios adjacentes à Zona de Trabalhos, quando o trabalho é realizado em pleno vão.

3.10 Intervenção em partes de uma instalação a potencial flutuante Algumas intervenções em tensão incluem fases de trabalho em partes da

instalação que se encontram a potencial flutuante, isto é, ao potencial das peças condutoras (ou parte da instalação) que estejam sem qualquer ligação eléctrica com outras peças condutoras a potencial fixo.

É exemplo o caso em que os aparelhos instalados num apoio de linha (seccionadores, interruptores, disjuntores ou DST’s (descarregadores de sobretensões) esteja completamente separado de qualquer condutor activo por corte perfeitamente visível, sendo possível realizar a intervenção nestes aparelhos sem recurso aos métodos TET, e sem que seja necessário:

- colocar placas de consignação;

- verificar a ausência de tensão;

- ligar à terra e em curto-circuito os condutores da linha;

- delimitar a zona de intervenção.

A forma de garantir que há separação completa, por corte perfeitamente visível dos aparelhos referidos, é proceder à abertura de arcos ou de pontes.

No caso de uma intervenção num posto de transformação aéreo, no qual todos os terminais MT do transformador estejam, no próprio apoio, separados dos condutores da linha por um corte perfeitamente visível:

a) se não estiver prevista a realimentação da rede BT, as intervenções podem ser feitas sem recurso aos métodos TET, desde que se tenha previamente:

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- verificado a ausência de tensão nos condutores BT da rede;

- ligado à terra e em curto-circuito os condutores BT da rede.

Não é necessário colocar as placas de consignação e delimitar a zona de intervenção.

b) se estiver prevista a realimentação da rede BT, as intervenções só podem ser feitas sem recurso aos métodos TET, desde que todos os condutores BT tenham sido previamente separados, por um corte perfeitamente visível, dos terminais a jusante do disjuntor BT. Nestas condições, não é necessário:

- colocar as placas de consignação;

- verificar a ausência de tensão na ligação disjuntor-transformador;

- ligar à terra e em curto-circuito a parte de instalação em que se for

trabalhar;

- delimitar a zona de intervenção.

As intervenções na parte exterior das entradas de um posto de

transformação em alvenaria podem ser efectuadas sem recurso aos métodos TET, desde que o aparelho de corte correspondente situado no interior do posto de transformação, nomeadamente o seccionador ou interruptor (MT) seja encravado em posição de aberto e os arcos exteriores de ligação da linha tenham sido retirados. Assim após verificação da ausência de tensão nas entradas do posto de transformação, não é necessário ligar à terra e em curto-circuito a parte de instalação a intervir e delimitar a zona de intervenção.

Durante as intervenções referidas anteriormente é proibida a realização de todas as intervenções em tensão no mesmo apoio.

3.11 Número de elementos de protecção a respeitar

3.11.1 Entre os executantes e as peças a potenciais diferentes

Durante a realização de um trabalho em tensão, os executantes deslocam-se e deslocam consigo as ferramentas condutoras a potencial flutuante ou a potencial fixo, na vizinhança de peças a potenciais fixos diferentes. Para evitar as electrizações e os curto-circuitos, os executantes tem de garantir que existem intercalados um número suficiente de EP nos circuitos nos quais as suas Zonas de Evolução estão inseridas e entre peças a potenciais fixos diferentes.

Os Elementos de Protecção podem ser garantidos por meio de:

- distâncias no ar;

- comprimentos de tubo isolante, de tubo flexível isolante ou do braço isolante de uma barquinha;

- dispositivos de protecção, em material isolante (protectores, anteparos, mantas, etc.).

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Na tabela 3 indicam-se, de uma forma resumida e para a maior parte dos casos, o número de EP correspondentes aos equipamentos e ferramentas TET, com excepção das condições particulares indicadas nas Fichas Técnicas correspondentes.

Tabela 3 – Número de EP correspondentes aos equipamentos e ferramentas TET

1 EP 2 EP 3 EP 4 EP 5 EP 6 EP 7 EP 8 EP 9 EP

Distância no ar ou comprimento de tubo isolante 1)

10 Cm 20 Cm 30 Cm 40 Cm 50 Cm 60 Cm 70 Cm 80 Cm 90 Cm

Comprimento de tubo flexível isolante

15 Cm 30 Cm 45 Cm 60 Cm 75 Cm 90 Cm 105 Cm 120 Cm 135 Cm

1

manta

Protectores isoladores de braços+

luvas isolantes

Protector húmido

2) 3)

Protector seco

2)

Dispositivos de protecção

Anteparo colocado a 10 Cm

2)

Anteparo colocado a 20 Cm

2)

1) Independentemente do diâmetro do tubo isolante. 2) Excepto se outras condições forem fixadas nas FT correspondentes. 3) Quer o protector se encontre húmido, interior ou exteriormente.

Para se obter o número de EP necessário, podem ser associados em série

diversos dispositivos de protecção. Por exemplo pode-se conseguir 8 EP por meio de 20 cm de ar (2 EP) mais 1 protector húmido (6 EP). No caso de existir diversos dispositivos de protecção colocados em paralelo, o conjunto garante, apenas, um número de EP correspondente ao do dispositivo de protecção de menor número de EP.

Durante a realização do trabalho ou durante as mudanças de posição, os executantes devem ter intercalados, em todos os circuitos, entre a sua Zona de Evolução e as peças a potenciais fixos diferentes do seu, o número mínimo de EP indicado na tabela 4:

Tabela 4 – Número mínimo de EP entre a zona de evolução e peças a potenciais fixos

Circuito Tensão nominal

da rede Fase-terra Fase-fase

Un < 30 kV 6 EP 8 EP

Un = 30 kV 8 EP 9 EP

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Na determinação do número de EP, são considerados como incluídos na Zona de Evolução dos executantes a barquinha do elevador, quando estes trabalham nela (que é considerada como não isolante) e as peças condutoras com as quais os executantes estejam em contacto.

Na figura 7, são representadas as distâncias a manter descritas anteriormente, medidas em EP, na realização em trabalhos à distância.

Figura 7 – Distâncias a manter entre a zona de trabalhos e as peças condutoras

3.11.2 Entre as peças a potenciais fixos diferentes

Durante a realização de uma fase de um trabalho em tensão, com vista a evitar curto-circuitos entre peças a potenciais fixos diferentes, são tidas em conta as seguintes regras:

- Os executantes devem intercalar, em qualquer circuito entre peças a potenciais fixos diferentes, o número mínimo de EP indicados na tabela 5.

Tabela 5 – Número mínimo de EP entre peças a potenciais fixos diferentes

Tensão nominal da rede Número mínimo de EP

Un < 30 kV 1 EP

Un = 30 kV 2 EP

No final de uma intervenção em tensão e antes de devolver a sua AIT ao

responsável de exploração, o responsável de trabalhos certifica-se, mesmo que a instalação ou a modificação efectuada tivenha apenas carácter provisório, que são respeitadas entre peças condutoras as seguintes distâncias no ar:

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a) distância entre os condutores de linha - distâncias de construção

próprias da instalação onde se deu a intervenção;

b) distância dos fiadores (arcos) em relação a outras peças - distâncias

indicadas na tabela 6.

Tabela 6 – Distâncias mínimas a garantir entre os arcos e outras peças da instalação

Distâncias Tensão nominal

da rede Fase-terra 1) Fase-fase 2) Un < 30 kV 20 Cm 45 Cm

Un = 30 kV 30 Cm 45 Cm

1) de acordo com o artigo 33º do RSLEAT (DR 1/92 de 18 de Fevereiro)

2) de acordo com o artigo 31º do RSLEAT (DR 1/92 de 18 de Fevereiro)

Na figura 8 é representado um exemplo da aplicação de protectores de linha, pinça e isoladores, garantido as distâncias mínimas em EP para aplicação de um arco, evitando um contacto fortuito com a fase.

Figura 8 – Aplicação de protectores

Os executantes podem controlar o deslocamento dos condutores e das outras

peças condutoras, pela utilização de equipamentos adequados. Na figura 8 exemplifica-se o controlo do deslocamento dos condutores na situação de

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 25

corte de um arco e utilização de estribos, na figura 9 pode-se observar o exemplo de um estribo isolante de comum aplicação. Na utilização de estribos isolantes o último gesto, que consiste em deslocar o arco condutor do ponto A para o ponto B, o que será de pequena amplitude e só provocará uma deslocação e uma deformação limitadas do conjunto do arco, estando portanto assegurado o controlo da deslocação.

No corte de um arco, o primeiro executante segura o arco com a vara de grampo e o segundo executante com a vara de corta-cabos efectua o corte sem que o arco toque nas restantes fases e peças da instalação. Na colocação de um arco, o primeiro executante encaixa o ligador TET de uma extremidade do arco na linha e o segundo executante, segurando o arco condutor, permite controlar as deslocações deste.

Figura 9 – Corte de um arco (em cima) e aplicação de um estribo isolante (em baixo)

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Figura 10 – Estribo isolante

3.12 Anteparos e protectores

A colocação de anteparos, protectores sobre peças nuas em tensão, a potencial fixo, permite aos executantes aproximarem-se dessas peças.

3.12.1 Anteparos

Um anteparo é um equipamento em material isolante que permite aos executantes aproximarem-se de peças a um potencial fixo diferente do seu, assim como a limitarem a sua zona de evolução. Este equipamento, normalmente de acrílico, não é considerado como tendo uma resistência mecânica tal que permita aos executantes apoiarem-se sobre ele. Os anteparos são colocados entre os executantes e as peças a potenciais fixos diferentes destes, a uma distância destas não inferior à distância L indicada na tabela 7.

Tabela 7 – Distância mínima entre peças a potenciais fixos diferentes e os anteparos

Tensão nominal da rede Distância (L) Número de EP Un < 30 kV 10 cm 7 EP

Un = 30 kV 20 cm 8 EP

3.12.2 Protectores

Um protector é um invólucro isolante que possui propriedades dieléctricas transversais controladas, mas que tem uma resistência mecânica insuficiente para permitir aos executantes que se apoiem sobre ele. Na prática, um protector só realiza uma protecção eficaz quando está correctamente montado, em conjunto com outros protectores e sobre as peças para as quais foi concebido. Existem três tipos de protectores distintos, protectores de condutores (linha), de pinça e de isolador. Os conjuntos de protectores asseguram uma protecção contínua, como se fosse um único protector. A figura 11 ilustra a protecção efectuada referida anteriormente e a figura 8

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 27

mostra uma aplicação dos mesmos. No caso de o número de EP garantido por um protector seja suficiente, os

executantes podem entrar em contacto com ele, desde que apenas devido a gestos involuntários de curta duração, que ocorram durante um trabalho e roçando-o, no decurso de uma deslocação. Quando dois dispositivos de protecção são acopulados, existe entre eles, uma zona de protecção comum, denominada Zona de Recobrimento.

Figura 11 – Protectores de linha, de isolador e de pinça

3.13 Estado mecânico das instalações

Antes de intervir numa instalação ou parte da mesma é necessário o responsável de trabalhos assegurar-se que esta os permite realizar. Alguns trabalhos impõem esforços mecânicos suplementares aos isoladores e condutores, que podem causar a sua rotura, particularmente se a sua resistência mecânica inicial tiver sido diminuída por feridas, principalmente nos condutores unifilares de pequena secção ou pela presença de alguns acessórios de rede, que podem dar origem a um ponto fraco.

3.13.1 Esforços mecânicos suplementares sobre os condutores esticados

Com vista a evitar que, no decorrer de uma intervenção, possa ocorrer a rotura de condutores esticados é realizado pelo responsável de trabalhos uma inspecção ao vão de condutor em que vai ter lugar a intervenção e, eventualmente, aos vãos adjacentes, se houver risco de estes serem mecanicamente afectados pela intervenção, como é o caso, por exemplo dos vãos em cadeias de suspensão.

Quando o exame visual ao condutor é realizado ao longe, a partir de um apoio, de uma barquinha ou do solo:

a) qualquer torcedura ou ferida (indícios de arcos eléctricos, rotura de fios ou de outra deterioração mecânica) detectada no condutor é sempre considerada como um ponto duvidoso;

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 28

b) em cabos de 19 ou mais fios, se a ferida ou a rotura afectar apenas um ou dois fios, esse ponto não é considerado como um ponto duvidoso.

Sempre que existe duvidas sobre o estado das instalações, o responsável de trabalhos consulta o responsável de exploração com vista a determinar o estado geral da rede (nomeadamente a antiguidade, as condições ambientais da zona onde esta se situa e os incidentes de exploração) e a detectar os pontos duvidosos. Para além disso, são sempre considerados como pontos duvidosos os acessórios indicados:

a) pinças de amarração de aperto mecânico, associadas a disruptores de hastes e em que a haste do lado em tensão não esteja directamente ligada ao condutor por meio de uma ligação especial;

b) uniões de aperto cónico;

c) uniões em hélice pré-formadas em cabos heterogéneos;

d) uniões por simples torção dos condutores;

e) uniões por soldadura;

f) uniões do tipo AMPACT aplicadas em condutores de cobre.

Têm-se especial atenção quando os trabalhos conduzem a um aumento assinalável da tensão mecânica dos condutores, destacando-se os que afectam:

a) a deslocação longitudinal dos condutores por meio de cordas, cadernais ou de tirantes;

b) o afastamento lateral ou vertical do condutor, exemplo da colocação de um apoio a meio vão;

c) a montagem de um equipamento ou de uma ferramenta.

A deslocação de alguns centímetros, imposta a um condutor para a substituição de uma cadeia de suspensão, não é considerada como requerendo um aumento assinalável da tensão mecânica. Os esforços mecânicos suplementares, impostos aos condutores pela intervenção, não devem, em caso algum, fazer com que estes passem a suportar tensões mecânicas superiores a um terço (1/3) da sua carga de rotura nominal. As situações em que as intervenções são interditas ou autorizadas, mediante a combinação de características, encontram-se referidas na tabela 8.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 29

Tabela 8 – Situações em que as intervenções são interditas ou autorizadas

Condutor Intervenção

Características Estado mecânico que não requeira um aumento assinalável da tensão mecânica

que requeira um aumento assinalável da tensão mecânica

Fio de cobre < 4 mm2

Cabo de cobre S < 10 mm2

Cabo de outra natureza com:

S ≤ 20 mm2

Qualquer que seja

o seu estado Interdita Interdita

Fio de cobre Ø = 4 mm2 Duvidoso

1) Interdita2)

Interdita

Cabo de cobre com:

10 mm2 ≤ S < 16 mm

2

Bom Autorizada Interdita

Fio de cobre Ø > 4 mm2 Duvidoso

1) Autorizada Interdita

Cabo de cobre S ≥ 16 mm2

Cabo de outra natureza com: S > 20 mm

2

Bom Autorizada Autorizada

S - representa a secção real do condutor.

1) - O ponto duvidoso pode ser eliminado pela montagem de um dispositivo de retenção mecânica homologado.

2) - É autorizada a colocação de dispositivos de retenção mecânica homologados nos condutores, o que permite considerá-los como bons após essa montagem.

3.13.2 Verificação do estado mecânico de isoladores rígidos

Antes de iniciar um trabalho que provoque esforços mecânicos suplementares num isolador rígido é verificado previamente o seu estado físico pelo responsável de trabalhos, a partir do solo, posteriormente os executantes ao chegarem à sua posição de trabalho, fazem uma segunda verificação para certificação da primeira avaliação, dando conta do resultado ao responsável de trabalhos.

No caso do isolador se apresentar deteriorado evita-se submete-lo a esforços mecânicos durante a colocação de ferramentas isolantes, caso contrário este pode desagregar-se durante o trabalho. Nestas condições torna-se necessário substituir o isolador. Tal só é possível quando estiver colocada a triangulação e antes de desfazer a filaça do isolador, colocando-se o condutor em pré-esforço numa direcção que o afasta do ferro do isolador.

Na necessidade de deslocar os condutores da sua posição inicial, é necessário controlar o comportamento dos isoladores (incluindo os seus ferros de suporte) nos apoios abrangidos pela intervenção, bem como o comportamento das armações desses apoios. Na figura 12 podemos ver a aplicação da triangulação de suporte ao condutor para substituição do isolador.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 30

Figura 12 – Pré-esforço ao condutor apoiado em isolador rígido deteriorado

3.14 Subida acidental do potencial dos apoios e das armações Durante uma intervenção numa peça em tensão, as armações e o apoio

podem sofrer uma subida acidental de potencial, em consequência de um curto-circuito acidental. Essa subida do potencial pode provocar um acidente eléctrico ao executante e às pessoas no solo que estejam em contacto simultaneamente com uma ou mais peças a potencial diferente.

Nas intervenções em tensão na rede MT, os executantes evitam entrar em contacto com peças que sejam susceptíveis de serem levadas a um potencial diferente do seu e tomam as disposições necessárias para manter essas peças a um potencial igual ao seu, precavendo-se contra as consequências de uma eventual subida do potencial.

Quando o trabalho é realizado a partir de um apoio, seja qual for a forma como nele se posicionar, o executante é considerado como estando em contacto com esse apoio e, consequentemente, ao seu potencial. Por isso, o executante acompanha as variações de potencial do apoio, mesmo no caso de estar posicionado num elemento em fibra de vidro de uma escada de elementos de encaixar. Na figura 13 podemos ver as escadas anteriormente referidas, aplicadas num apoio durante a realização de um trabalho. O executante pode optar pela adopção de uma das seguintes medidas:

a) realizar, no caso de uma das peças estar ligada à terra, uma ligação equipotencial entre todas as peças susceptíveis de ficarem a potenciais diferentes do seu (incluindo o condutor de terra), e a armação que suporta o condutor MT em que terá lugar a intervenção. Sendo que esta medida é proibida quando o condutor de ligação à terra for o mesmo do neutro de uma rede BT ou de uma rede consignada e ligada a terra e em curto-circuito;

b) intercalar, entre a sua Zona de Evolução e cada uma das peças referidas, um número de EP não inferior ao indicado na tabela 5.

c) colocar-se, qualquer que seja o tipo de apoio, no segundo degrau (ou a um nível mais elevado) de um elemento em fibras de vidro de uma escada, se esta for de elementos de encaixar. Não deve ser colocado

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 31

nenhum elemento metálico da escada acima dos elementos em fibras de vidro.

Figura 13 – Aplicação de escadas isolantes

No caso de um trabalho realizado a partir de um elevador (quer seja de braço isolante ou não), pelo método à distância, os executantes que se encontrarem sobre o apoio susceptível de ser alvo de uma subida acidental do potencial devem estar posicionados, pelo menos no segundo degrau de um elemento em fibra de vidro de uma escada de elementos de encaixar. Na situação em que o braço superior do elevador não seja isolante, os executantes estão ao potencial da terra, pelo que têm respeitar as distâncias indicadas na tabela 5, cuja representação se encontra na figura 14.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 32

Figura 14 – Intervenção a partir de um elevador com braço não isolante

As pessoas que estejam no solo correm o risco de entrarem em contacto com o apoio, o qual é susceptível de sofrer uma subida de potencial. Independentemente das situações referidas anteriormente, enquanto os executantes intervêm sobre peças em tensão, as pessoas que se encontrem no solo têm de se afastar uma distância não inferior a um metro em relação ao apoio ou barquinha, como ilustrado na figura 15.

Figura 15 – Riscos de acidente eléctrico para pessoas que estejam no solo

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 33

3.15 Trabalhos mais comuns, realizados nas redes MT 3.15.1 Abertura e fecho de circuitos eléctricos

As operações de ligação e de desligação de um ramal e o estabelecimento de uma ligação entre duas linhas ligadas a saídas diferentes são realizadas pelo método à distância. Sendo comum denominar-se estas ligações e desligações apenas por abrir e fechar arcos.

As aberturas e os fechos de arcos podem resultar da necessidade de efectuar:

a) manobras de exploração, que permitem realizar, por exemplo, modificações do esquema da rede, desligar clientes em MT ou a consignação de instalações; este tipo de manobras apenas é realizado por ordem do Responsável de Exploração;

b) a substituição de elementos da rede danificados ou destruídos, como por exemplo seccionadores, Interruptores Aéreos Telecomandados (IAT’s), uniões de condutores, curto-circuitando-os com vista a não modificar o esquema de exploração da rede;

As AIT´s que são entregues ao responsável de trabalhos pelo responsável de exploração, mencionam as estimativas das cargas a ligar ou a cortar. Existindo limites máximos para o estabelecimento ou o corte de corrente admitidos por simples corte, seccionamento ou ligação. Dado que a ligação ou desligação de um circuito efectua-se aproximando ou afastando bruscamente contactos previstos para esse efeito. Durante o aperto ou o desaperto dos ligadores de anel, o contacto é mantido por meio da tracção na vara de gancho. O corte de um condutor requer a utilização de uma vara de corte e de uma vara de grampo; esta última permite uma separação brusca das pontas cortadas, se se exercer tracção numa das partes do condutor.

Quando os arcos a abrir se encontram ligados com ligadores (de patilha) TET, cujo exemplo se mostra na figura 16, apenas são utilizadas varas de gancho. Posteriormente no fecho dos arcos, são escovados os condutores com uma escova específica consoante a natureza destes, para limpar os detritos alojados no condutor melhorando o contacto entre estes. A figura 17 mostra uma escova para condutores de alumínio.

Figura 16 – Ligadores TET

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 34

Figura 17 – Escova de condutores

3.15.1.1 Abertura e fecho de circuitos eléctricos em vazio

Na abertura ou fecho de um circuito aéreo alimentando apenas transformadores em vazio, cuja situação mais comum é a desligação de um ramal para um PT aéreo, o valor máximo da corrente de magnetização do transformador é apresentado na tabela 9.

Tabela 9 – Valor máximo da corrente de magnetização do transformador a desligar

Tensão nominal da rede Valor máximo da corrente de magnetização do transformador

Un < 30 kV 0,5A

Un = 30 kV 0,3A

Na realização deste tipo de tarefa, é necessário ter em atenção o facto de

que o fecho, fase a fase, das pontes ou dos arcos duma derivação que alimente um transformador em vazio, poder provocar, em determinadas circunstâncias, o funcionamento intempestivo dos disruptores de hastes que protegem o transformador. No caso de não ser conhecida a corrente de magnetização do transformador, a colocação em tensão ou o corte em vazio de transformadores são autorizados se a soma das suas potências for inferior aos valores indicados na tabela 10.

Tabela 10 – Valores máximos para ligação ou corte em vazio de transformadores

Tensão nominal da rede

(kV)

Soma das potências dos transformadores

(kVA) 5 10 15 20 30

40 80 120 160 120

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 35

No caso de abertura ou de fecho de um circuito de cabos em vazio, este só deve ser feito se o valor máximo da corrente capacitiva for inferior aos valores indicados na tabela 11.

Tabela 11 – Corrente capacitiva máxima para ligação ou corte em vazio de cabos

Tensão nominal da rede

(kV)

Valor máximo de corrente capacitiva

(A)

Un < 30 kV 0,2

Un = 30 kV 0,12

Segundo o GBNT (Gabinete de Normalização e Tecnologia da EDP), os valores

da tabela 11 permitem a colocação em tensão ou o corte em vazio de cabos cujos comprimentos não ultrapassem os valores indicados na tabela 12.

Tabela 12 – Comprimentos máximos de cabos para ligação ou corte em vazio

Comprimento dos cabos ( m ) Secção ( mm2) 5 kV 10 kV 15 kV 20 kV 30 kV

30 1050 520 350 260 105

48 810 410 270 200 80

75 670 335 220 165 65

95 610 305 200 150 60

116 535 270 180 135 55

148 480 240 160 120 50

240 380 190 125 95 40

Na conjugação das duas situações anteriores, podemos ter o caso da abertura ou do fecho de um circuito constituído por cabos que alimentem transformadores em vazio, situação que pode resultar de uma manobra na rede e consequentemente temporária. Para cabos de secção não superior a 240 mm2, a abertura ou o fecho do circuito só é possível se os transformadores alimentados (em vazio) possuam potência não superior a 1000 kVA e se o comprimento dos cabos de alimentação não for superior a 30 m, nem inferior a 6 m.

3.15.1.2 Abertura e fecho de circuitos eléctricos em carga

A abertura ou de fecho de um circuito em carga qualquer que seja a tensão da instalação, não é permitida para uma carga superior a 40 kW, admitindo-se que o factor de potência (cos φ) seja igual a 0,7. Sendo necessário o recurso à

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 36

utilização de dispositivos de manobra em carga, vulgarmente designados por DMC’s, cujo exemplo se mostra na figura 18.

Figura 18 – Dispositivo de Manobra em Carga

Na tabela 13 estão estabelecidos os valores de corrente que permitem obter

uma potência de 40 kW com cosφ=0,7 para os diferentes níveis de tensão em MT.

Tabela 13 – Valores de correntes para obter uma potencia 40 kW com cos φ =0,7

I (A) Un (kV)

1,1 30 1,7 20 2,2 15 3,3 10 6,6 5

Acima dos limites dos DMC’s, as desligações e ligações de um condutor não podem ser feitas em tensão. Antes da realização de uma operação de abertura ou de fecho de um circuito eléctrico, o responsável de trabalhos assegura-se de que os executantes estão prontos e nas melhores condições para a executar. Sendo que a tarefa só pode ser realizada pelos executantes depois de receberem uma ordem verbal explícita do responsável de trabalhos.

Quando a abertura de um arco anteceder a consignação de uma instalação, os arcos são retirados, garantindo uma distância mínima no ar entre a instalação consignada e qualquer peça em tensão, não inferior a:

- 45 cm para redes de tensão inferior a 30 kV;

- 45 cm para redes de tensão igual a 30 kV.

Quando a abertura de um arco não antecede a consignação de uma Instalação, sendo a abertura de arcos temporária, os arcos são retirados se não estiverem equipados com ligadores TET, como podemos ver na figura 16, ou rebatidos com a extremidade livre fixada aos condutores no caso de possuírem

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 37

ligadores TET. Durante a realização do trabalho é necessário garantir as distâncias referidas no parágrafo anterior.

Com base no registo dos trabalhos realizados durante o estágio, entre 1 de Março e 31 de Maio de 2007, elaborei os gráficos das figuras 19, 20 e 21, nos quais é apresentada a percentagem de cada tipo de tarefa realizada em cada mês respectivamente.

Tarefas TET Março

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

1089

91

1089

92

1089

95

1090

17

1090

26

1090

27

1090

42

1090

65

1090

66

1090

67

1090

68

1090

69

1090

70

1090

79

1090

81

1091

18

1091

26

1092

73

1154

31

1154

33

1154

34

Código tarefa

Per

cent

agem

Figura 19 – Tarefas realizadas em Março de 2007

Tarefas TET Abril

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

1089

88

1089

91

1089

92

1089

95

1090

17

1090

26

1090

27

1090

42

1090

65

1090

66

1090

67

1090

68

1090

69

1090

70

1090

79

1090

81

1090

92

1091

14

1091

18

1091

24

1091

26

1091

62

1092

35

1092

73

1154

31

1154

33

1154

34

1154

35

Código tarefa

Perc

enta

gem

Figura 20 – Tarefas realizadas em Abril de 2007

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 38

Tarefas TET Maio

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

1089

88

1089

91

1089

92

1089

95

1090

17

1090

26

1090

27

1090

42

1090

65

1090

66

1090

67

1090

68

1090

69

1090

70

1090

79

1090

81

1090

92

1091

14

1091

18

1091

21

1091

24

1091

26

1091

62

1092

35

1092

73

1154

31

1154

33

1154

34

1154

35

Código Tarefa

Per

cent

agem

Figura 21 – Tarefas realizadas em Maio de 2007

Pela análise dos gráficos anteriores com base na tabela de códigos de tarefas (da EDP) no anexo B, verifica-se que a ligação e desligação de circuitos eléctricos em tensão representa o maior volume de tarefas realizadas. Respectivamente as tarefas de código 109065 e 109066 que representam o estabelecimento e remoção de ligações, seguido da utilização de DMC’s para a ligação e desligação de instalações. Verifica-se também uma grande percentagem na tarefa de desligar e apear condutores, devido aos trabalhos realizados por exemplo para substituição de condutores ou modificação de traçados. A ligação e desligação de ramais em TET ligeiro apresentam uma elevada percentagem nos meses de Março e Abril. Também com volume de trabalho considerável surge a manutenção de seccionadores, cujo código de tarefa é o 108991.

3.15.2 Manutenção de seccionador

Um seccionador constitui por si só um ponto fraco numa linha de distribuição de energia. Este facto deve-se à sua constituição, os seus componentes estão sujeitos a agressões climatéricas constantes. Ao mesmo tempo é um elemento fundamental de manobra nas redes de média tensão, permitindo o corte visível e consequente isolamento de “troços” de linha. Devido aos factores anteriormente referidos, existem dois tipos de intervenções em seccionadores, a sua manutenção preventiva e a sua manutenção correctiva.

No que respeita à manutenção preventiva, esta serve fundamentalmente para lubrificação de contactos eléctricos e apertos mecânicos.

A manutenção correctiva surge quando por exemplo são detectados pontos quentes e é necessário efectuar novas ligações (colocação de novos arcos e ligadores). Outra situação que por vezes surge é a destruição de um ou mais isoladores e maxilas no seccionador, devido a uma descarga atmosférica ou má qualidade do isolador.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 39

Descrição de uma intervenção de manutenção (de forma genérica):

Arranjo da zona de trabalhos: a) localização da viatura TET, b) preparação da estante para varas e tirantes, c) colocação do encerado para colocação dos equipamentos, d) sinalização da zona de trabalhos.

Preparação da intervenção:

a) siliconização dos equipamentos, b) contacto com o responsável de exploração.

No fim das duas primeiras fases, nomeadamente arranjo da zona de trabalhos e preparação da intervenção, descritas anteriormente, inicia-se então a intervenção em tensão:

1. curto-circuitar seccionador ( com recurso a cabos secos, figura 22, garantindo continuidade serviço),

2. remoção de arcos, 3. proteger condutores, 4. manutenção/conservação do seccionador, 5. medir e confeccionar novos arcos, 6. remoção de protectores, 7. escovar condutores da linha, 8. ligação dos novos arcos, 9. remoção de curto-circuitadores.

Finda esta fase, inicia-se a última fase denominada “Fim da Intervenção”, em

que os executantes desmontam e arrumam devidamente o equipamento utilizado, sobe orientação do responsável de trabalhos. Por fim o responsável de trabalhos comunica ao responsável de exploração, para este colocar a linha em regime normal de exploração.

Figura 22 – Cabo isolado para TET MT

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 40

3.15.3 Substituição de isoladores

Existem fundamentalmente dois tipos de trabalhos relacionados com isoladores, a substituição de isoladores rígidos ou de amarração por isoladores idênticos e a substituição de isoladores rígidos por cadeias de amarração.

A substituição de isoladores prende-se principalmente pelo facto deste se deteriorarem ao longo do tempo, devido às condições climatéricas.

Descrição de uma intervenção de substituição de isoladores (de forma genérica):

No fim das duas primeiras fases, arranjo da zona de trabalhos e preparação da intervenção, descritas anteriormente, inicia-se a intervenção em tensão:

1. montar triangulações, exemplo figura 24, 2. afastar condutores, 3. colocar mantas (isolantes), 4. substituir isoladores, 5. proteger novos isoladores, 6. aproximar condutores, 7. afilaçar condutores (em isoladores rígidos), 8. retirar mantas, 9. desmontar triangulações.

Finda esta fase, inicia-se a última fase denominada “Fim da Intervenção”, em

que os executantes desmontam e arrumam devidamente o equipamento utilizado, sobe orientação do responsável de trabalhos. Por fim o responsável de trabalhos comunica ao responsável de exploração, para este colocar a linha em regime normal de exploração.

3.15.4 Montagem de apoio em alinhamento

Apesar de não ser muito comum, a montagem de novo apoio em alinhamento é um trabalho importante realizado em tensão. Normalmente a montagem de novo apoio pode ser feita junto ao apoio antigo (a substituir) ou a meio vão.

A colocação de novo apoio junto ao antigo pode dever-se à deterioração significativa do mesmo, pondo em causa a segurança e continuidade no fornecimento de energia. A colocação de novo apoio a “meio” vão pode dever-se por exemplo à necessidade de aumentar a distância dos condutores da linha a uma nova construção civil ou execução de um novo ramal. Este tipo de trabalho exige rigor e responsabilidade, não só por parte das equipas TET, mas também pelo manobrador da grua de colocação do apoio.

Descrição de uma intervenção colocação de novo apoio a “meio” vão:

No fim das duas primeiras fases, nomeadamente arranjo da zona de trabalhos e preparação da intervenção, descritas mo ponto 3.15.2, inicia-se a intervenção em tensão:

Numa primeira fase procede-se ao afastamento dos condutores, como mostra figura 19. Terminada esta primeira fase, inicia-se a colocação do apoio na cova e consequente consolidação com enchimento de betão. Posteriormente quando o responsável de trabalhos entende ser possível intervir no apoio, são montadas

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 41

a escadas, corda de vida e corda de serviço. Procedendo-se à colocação de triangulações para aproximação e amarração dos condutores, como se mostra na figura 24, preparando a segunda fase dos trabalhos em tensão. Esta segunda fase dos trabalhos como exige maior esforço do apoio só é concluída no dia seguinte.

A segunda fase consiste na colocação da travessa e isoladores e respectiva amarração dos condutores aos isoladores. Consequente desmontagem das triangulações, e restantes equipamentos e ferramentas.

Tanto no fim da primeira fase, como no fim da segunda, o responsável de trabalhos comunica com o responsável de exploração, a fim da colocação da linha em regime normal de exploração.

Figura 23 – Afastamento de condutores com recurso a tirantes de rolete

Figura 24 – Montagem de triangulações

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 42

4 Trabalhos em Tensão em redes AT 4.1 Introdução

O êxito na utilização dos Trabalhos em Tensão em redes MT e BT, levou à sua aplicação e desenvolvimento em intervenções nas redes de distribuição de Alta Tensão (U = 60 kV) pelo “Método de Trabalho à Distância”.

Contudo, a diversidade e quantidade de TET em AT é muito menor comparando com TET em MT, não só pela sua menor extensão, menores modificações e disponibilidade. As condições de execução dos trabalhos em TET AT, método à distância são muito semelhantes às referidas em TET MT, com as devidas diferenças ao nível de tensão. Assim neste capítulo 4, irei referir nos pontos principais as diferenças inerentes.

O equipamento dos executantes não difere no utilizado em TET MT, referido no ponto 3.3, a manutenção das comunicações com a Exploração é efectuada da mesma forma referida em 3.4, bem como a preparação das ferramentas e dos equipamentos antes do trabalho e a manutenção dos mesmos, referidas no ponto 3.7.

4.2 Regime Especial de Exploração

Diz-se que uma instalação AT está em Regime Especial de Exploração quando:

− pelo REE se impossibilitou toda e qualquer religação automática dos disjuntores das saídas abrangidas;

− foi eliminada a temporização das protecções selectivas da instalação;

− foram tomadas disposições apropriadas em relação ao dispositivo de protecção de terras, nomeadamente no que respeita à sua sensibilidade;

− foram tomadas medidas para que, após um disparo, a reposição da tensão apenas possa ser feita com o acordo do Responsável de Trabalhos.

Da mesma forma, o REE destina-se a limitar as consequências de um

eventual incidente eléctrico na Zona de Trabalhos. Sendo a colocação de uma instalação AT em REE efectuada localmente ou por meio de telecomando, a partir do Centro de Comando/Despacho.

A colocação de uma instalação em REE, deve ter em conta as seguintes regras:

a) na linha AT, existir, entre o disjuntor de protecção da saída e a Zona de Trabalhos, um disjuntor intermédio, o Responsável de Exploração deve assegurar-se que não existe o risco de esse disjuntor religar automaticamente, caso dispare;

b) se existirem, ligados à rede de AT, instalações de Produtores Independentes, o Responsável de Exploração deve assegurar-se que as protecções dessas instalações não tornam inoperante o REE.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 43

Considera-se como estando em REE qualquer troço de uma rede separado de qualquer fonte de alimentação por um dos seguintes processos que assegurem a ausência de tensão no referido troço de rede:

- encravamento de um disjuntor ou de um seccionador na posição de abertura;

- abertura de pontes ou de arcos.

Uma instalação de AT não necessita de ser colocada em REE, se:

a) a ficha técnica das ferramentas ou dos equipamentos homologados mencionar que, para efeitos exclusivamente de controlo ou de medição, a sua utilização não requer a colocação da instalação em REE;

b) forem tomadas as disposições necessárias para que os executantes possam realizar a operação sem se arriscarem a aproximar-se (ou a aproximarem uma ferramenta ou um equipamento, isolado ou não) a uma distância inferior a 120 cm das peças em tensão AT (como é o caso, por exemplo, da colocação de escadas).

4.5 Condições atmosféricas e visibilidade na Zona de Trabalhos

Os Trabalhos em Tensão em condutores nus em instalações de 60 kV estão limitados pelas condições atmosféricas da forma indicada, na tabela 14.

Tabela 14 – Limitações a TET AT impostas pelas condições atmosféricas

Trabalhos em instalações Condições atmosféricas

Exteriores Interiores

Precipitação atmosférica pouco importante

O Trabalho pode ser iniciado e acabado, se de

curta duração Precipitação atmosférica importante

Nevoeiro espesso

Vento violento (*)

O Trabalho não pode ser iniciado nem acabado

(não aplicável)

Trovoada O Trabalho não pode ser iniciado nem acabado

(*) – os Modos Operatórios indicam, se for caso disso, o valor da força a partir do qual o vento é considerado violento

A visibilidade na zona de trabalhos é da mesma forma que em TET MT um factor muito importante para o desenvolvimento dos trabalhos, dado por em causa a segurança dos executantes. Nos trabalhos em TET AT, segue-se as mesmas regras em TET MT referidas no ponto 3.5.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 44

4.6 Preparação da intervenção, arranjo da Zona de Trabalhos e condução

dos trabalhos

A preparação das intervenções e arranjo das zonas de trabalhos é efectuada da mesma forma que em MT, referido nos pontos 3.6 e 3.9, dada a mesma natureza do método utilizado na execução dos trabalhos e a mesma natureza de instalações (linhas aéreas).

Contudo, em TET AT, o responsável de trabalhos, antes de os executantes que estão no apoio iniciarem qualquer operação, deve determinar, para cada um, como em MT qual é a sua Zona de Evolução. Devido ao nível de tensão ser superior em AT, a distância de segurança em relação às peças em tensão é de 120 cm. Na figura 25 está esquematizada esta operação.

Figura 25 – Delimitação da zona de evolução de um executante em TET AT

Se durante a realização de um trabalho, este for sujeito a uma interrupção, são respeitadas e tomadas as mesmas medidas que em MT, descrito no ponto 3.8. A salientar que são desmontados os elementos inferiores das escadas de elementos de encaixar, colocados letreiros em laranja, com a indicação: “INSTALAÇÃO EM TENSÃO - PERIGO DE MORTE” nos elementos das escadas que ficam montados.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 45

4.7 Distâncias a respeitar

Dado as instalações em causa possuírem um nível de tensão mais elevado, torna-se necessário aos executantes garantirem maiores distâncias a peças em tensão. É importante referir alguns conceitos apresentados inicialmente nas definições.

A Zona de Evolução de um Executante é a envolvente dos pontos que este pode alcançar com os seus gestos e deslocações no decurso de um trabalho, incluindo as peças não isolantes que este possa manipular e as peças não isolantes com as quais esteja em contacto.

A distância de tensão (t) é uma distância que um executante, com vista a protegê-lo de qualquer fenómeno de disrupção, deve respeitar em relação às peças condutoras cujo potencial seja diferente do seu e na ausência de dispositivos apropriados de protecção dessas peças. Em AT, t=30 cm resultante da expressão t = U/2, em que t é a distância de tensão, em centímetros e U é a tensão nominal da instalação, em kilovolts.

A Distância de Guarda (g) é a distância que permite a um executante realizar o seu trabalho sem se preocupar em permanência com o respeito pela distância de tensão (t) em relação às peças em tensão, precavendo-o dos gestos involuntários. Para as tensões acima de 1 000 V, o seu valor é igual a 50 cm.

A Distância Mínima de Aproximação é a distância que um executante deve respeitar em relação às peças condutoras cujo potencial seja diferente do seu, com vista a protegê-lo de qualquer fenómeno de disrupção e que lhe permite realizar o seu trabalho sem se preocupar com os gestos involuntários. Resultando da soma das distâncias de tensão “t” e distâncias de guarda “g”, para U = 60 kV, a Distância Mínima de Aproximação (D) é igual a 80 cm.

Um conceito importante e que os executantes têm de respeitar durante a execução de trabalhos são as denominadas zonas interditas, estas são zonas nas quais estes não podem penetrar sem uma protecção adaptada ao nível de tensão e nas quais só podem introduzir ferramentas e equipamentos apropriados aos Trabalhos em Tensão. As zonas interditas são constituídas pelo conjunto dos pontos situados à distância de tensão “t” em relação aos condutores (ou estruturas condutoras) nus ou insuficientemente isolados, cujo potencial seja diferente do potencial destes.

Qualquer peça não isolante que se encoste ou que penetre (mesmo que só parcialmente) numa Zona Interdita, é ela própria considerada como estando em tensão e, para ela, definida uma Zona Interdita. Constituem excepção a esta regra as partes metálicas dos aparelhos cujas massas estejam ligadas à terra, ainda que estejam, em parte, dentro de uma Zona Interdita, por não poderem ser consideradas como estando em tensão.

Qualquer peça não isolante, ligada mecanicamente a uma outra em tensão por intermédio de um dispositivo isolado para um nível de tensão apropriado, não é considerada como estando em tensão. Entendendo-se por “dispositivo isolado para um nível de tensão apropriado”:

- um isolador adaptado à tensão da rede;

- uma ferramenta homologada e prevista para o efeito;

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 46

- um comprimento de tubo isolante homologado, para U = 60 kV, L = 120 cm).

O valor indicado de L é superior ao necessário para a distância no ar, respeitando as distâncias mínimas em EP, devido a permitir os Trabalhos em Tensão sob chuva de fraca intensidade.

4.7.1 Condições relativas à evolução do executante e gestos de trabalho

Em caso algum, a zona de evolução de um executante pode ser interceptar uma zona interdita. Esta regra visa garantir que, em caso algum, no decurso das evoluções de um executante na proximidade de peças em tensão ou no decurso da execução dos seus gestos de trabalho, nenhuma parte do seu corpo (ou nenhuma peça não isolante em contacto com o seu corpo) possa penetrar numa Zona Interdita. Para que tal seja cumprido, o executante mantém sempre, entre a sua Zona de Evolução e as peças em tensão, uma distância não inferior à Distância Mínima de Aproximação (D). Para tal é importante definir o melhor modo como cada executante se liga à sua posição de trabalho e a liberdade que daí resulta, bem como a habilidade e flexibilidade do executante. A figura 26 ilustra as zonas anteriormente referidas.

Figura 26 – Representação da zona interdita e zona de evolução

No caso de utilização de um elevador com barquinha, a envolvente do braço

e da barquinha faz parte da Zona de Evolução do Executante, como representado na figura 27.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 47

Figura 27 – Zonas interditas e de evolução na utilização de uma barquinha

4.7.2 Utilização de anteparos e de protectores

Em Trabalhos em Tensão em instalações aéreas de 60 kV pelo método “à distância”, não é permitido o recurso a anteparos nem a protectores, para garantir a não penetração do corpo de um executante (ou de uma peça não isolante em contacto com o seu corpo) numa Zona Interdita.

Apenas podem penetrar nas zonas interditas, ferramentas isolantes, considerando-se no método à distância, as varas e tubos isolantes. Para fácil avaliação das distâncias durante a realização dos trabalhos, nas varas e tubos estão marcadas as distâncias às suas cabeças metálicas, com fita colorida:

- 60 cm para U < 20 kV,

- 90 cm para U = 30 kV,

- 120 cm para U = 60 kV.

4.7.3 Distâncias entre peças condutoras

A distância a respeitar durante a realização de intervenções TET em AT entre duas peças nuas a potenciais fixos diferentes não deve ser inferior a 30 cm (esta regra não se aplica às distâncias entre as hastes de descarga). Designa-se por Peça Condutora a Potencial Fixo qualquer peça condutora em tensão ou que não esteja isolada da terra, consideram-se ao potencial da terra todos os apoios, seja qual for a sua natureza.

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Designa-se por Peça Condutora a Potencial Flutuante qualquer peça condutora que não tenha qualquer ligação (voluntária ou não) com uma peça condutora a potencial fixo (condutores em tensão ou terra).

Se, no decurso de um intervenção em tensão, uma peça condutora a potencial flutuante se encontrar ou se se deslocar na proximidade de duas peças condutoras a potenciais fixos diferentes; como por exemplo, peças aos potenciais de uma fase e da terra; a distância mínima a respeitar corresponde à soma das distâncias entre a peça a potencial flutuante e as peças a potencial fixo. No exemplo da figura 24 corresponde à soma da distância d1 com a distância d2, não sendo inferior a 30 cm.

Figura 28 – Distâncias mínimas d1 e d2 a respeitar entre peças condutoras

No final de uma intervenção em tensão, e antes de devolver a AIT ao responsável de exploração, o responsável de trabalhos assegurar-se, de que mesmo se a instalação ou a modificação forem provisórias, que as distâncias no ar entre peças condutoras não são inferiores às seguintes:

a) distância entre os condutores da linha: distâncias de construção próprias da instalação onde está a intervir.

b) distância das pontes condutoras a outras peças:

- fase-terra 50 cm de acordo com o artigo 33º do RSLEAT,

- fase-fase 60 cm de acordo com o artigo 31º do RSLEAT.

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4.13 Estado mecânico das instalações 4.13.1 Esforços mecânicos suplementares sobre os condutores esticados

Da mesma forma que em trabalhos TET MT, em AT o responsável de trabalhos verifica o estado dos condutores, antes de intervir nestes, afim de verificar se estes possuem resistência mecânica adequada. Consideram-se como requerendo um aumento notável da tensão mecânica de um condutor, os trabalhos que impliquem:

a) a deslocação longitudinal desse condutor por meio de corda, de talha ou de tirante;

b) o afastamento lateral desse condutor.

A deslocação de alguns centímetros, imposta a um condutor para a substituição de uma cadeia de suspensão, não é considerada como requerendo um notável aumento da tensão mecânica.

A tabela 15, precisa as situações em que são autorizadas ou interditas as intervenções.

Tabela 15 – Características dos condutores AT, indicativas de autorização ou interdição de trabalhos

Condutor Operações requerendo um aumento notável da tensão

mecânica

Características Estado mecânico Não Sim

Cabo de cobre S > 14 mm2 Duvidoso (*) Autorizadas Interditas

Cabo não cobre S > 22 mm2 Bom Autorizadas Autorizadas

(*) – O ponto duvidoso pode ser eliminado pela montagem de um dispositivo de retenção mecânica apropriado

- “S” representa a secção real do condutor.

O dispositivo de retenção mecânica é utilizado para curto-circuitar mecanicamente um ponto duvidoso em condutores de qualquer natureza, dentro das secções e força máxima admissível, é colocado à distância por dois executantes com o auxílio de duas varas de gancho.

4.13.2 Verificação do estado mecânico dos isoladores

Antes de se iniciar um trabalho que provoque esforços mecânicos sobre um isolador ou sobre uma cadeia de isoladores, verifica-se previamente o seu estado. Inicialmente pelo responsável de trabalhos, à distância, por meio de binóculos e posteriormente pelo executante à chegada à sua posição de trabalho com o auxílio do espelho. Sempre que seja detectada qualquer deterioração num isolador ou num conjunto de isoladores, evita-se submetê-lo a esforços mecânicos nas operações de colocação de ferramentas, devido à aplicação de esforços elevados a isoladores, por exemplo com as saias partidas

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pode ocasionar a separação entre a campânula e o espigão, com rotura da cadeia.

4.14 Subida acidental do potencial num apoio ou uma armação

Durante uma intervenção numa instalação em tensão, o apoio ou as armações podem sofrer uma subida acidental do seu potencial, o qual pode ocorrer quando:

a) o executante provoca um contacto acidental fase-massa por:

- aproximação de uma peça em tensão de uma outra peça cuja protecção, embora inicialmente feita nas condições previstas no ponto 4.7.3, foi deslocada durante o trabalho;

- curto-circuito de um isolador por meio da extremidade metálica de uma ferramenta.

b) ocorrer, durante a intervenção, a quebra de um isolador.

Esta subida de potencial pode provocar acidentes eléctricos no Executante e nas pessoas que se encontrarem no solo que estejam simultaneamente em contacto com uma ou mais peças a potenciais diferentes.

Entre essas peças a potenciais diferentes podem encontrar-se, por exemplo:

o apoio que sofreu a subida acidental do potencial;

a parte metálica de um elevador que esteja em contacto com o solo;

a parte metálica das escadas de encaixar que esteja em contacto com o solo;

outras peças condutoras, tais como: - as armações; - os condutores consignados, ligados à terra e em curto-circuito (os que o não estejam, devem ser considerados como estando em tensão);

- os condutores de ligação à terra não ligados às armações; - as armaduras dos cabos duma transição aérea - subterrânea, as suas caixas terminais ou as extremidades nuas dos seus condutores;

- os condutores de BT nus ou com isolamento insuficiente, incluindo o neutro, quer se encontrem em tensão quer consignados, ligados à terra e em curto-circuito;

- as espias. No decurso de uma intervenção numa instalação AT, os executantes devem

precaver-se contra as consequências de uma eventual subida do potencial, evitando entrar em contacto com peças que estejam ou que possam ficar a um potencial diferente do seu. As formas mais comuns de o fazer é afastando-se dessas peças e realizando uma ligação equipotencial entre essas peças e o seu posto de trabalho.

No caso de trabalho simultâneo, a partir do apoio e de uma barquinha de um elevador, é proibido, no momento em que um dos executantes intervier na

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instalação AT, qualquer contacto que possa constituir uma ligação entre os Executantes colocados nesses pontos. Esta condição visa particularmente a transferência de ferramentas condutoras (ou consideradas como condutoras), a qual deve ser feita respeitando uma distância entre executantes não inferior a 30 cm.

4.15 LIGAÇÃO / DESLIGAÇÃO DE ARCOS DE LINHAS AÉREAS A 60 kV

As regras de ligação e desligação impõem, nomeadamente, condições específicas para a extinção dos arcos eléctricos ocasionados quando dessas operações. Distinguem-se então:

- as ligações - desligações realizáveis sem um Dispositivo de Manobra em Vazio (DMV) desde que a parte da instalação abrangida tenha um comprimento inferior ou igual a L, definido no ponto 4.15.1.

- as ligações - desligações realizáveis unicamente com um DMV – desde que a parte da instalação abrangida tenha um comprimento superior a L e inferior a L’, permitido pelo dispositivo utilizado, definido no ponto 4.15.1.

Na figura 29 encontram-se representadas as distâncias e operações autorizadas, referidas anteriormente.

Figura 29 – Ligações/desligações realizáveis com e sem um DMV

Algumas definições importantes:

O termo ligação abrange a operação que consiste em colocar ao potencial de uma fase uma parte da instalação de comprimento inferior a L’, inicialmente a potencial flutuante.

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O termo desligação abrange a operação que consiste em colocar a potencial flutuante uma parte da instalação de comprimento inferior a L’, inicialmente ao potencial fixo de uma fase.

Os termos seguintes constam do Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão, aprovado pelo Decreto-lei nº 180/91, de 14 de Maio, Capítulo l, Secção lV – Definições, Artigo 4º:

14 – arco de condutor - troço de condutor destinado a assegurar a continuidade eléctrica, sem esforço mecânico, entre dois troços de condutor de uma linha aérea, entre um condutor de uma linha aérea e um condutor de uma linha subterrânea ou entre um condutor de uma linha aérea e um aparelho.

37 – fiador - troço de condutor destinado a assegurar uma ligação suplementar, mecânica e eléctrica, entre dois troços de um condutor de uma linha aérea em vãos contíguos.

O termo “fiador” não deve ser associado ao conceito de “arco de condutor” definido no nº14.

4.15.1 Condições operatórias

Quando de uma ligação ou de uma desligação, a trajectória do arco a ligar ou a desligar deve ser determinada de forma tal que o arco eléctrico, susceptível de se desenvolver, respeite as distâncias no ar, estabelecidas no ponto 4.7.3 - Distâncias entre peças condutoras.

A ligação ou a desligação de uma parte de instalação em condutores nus de qualquer secção utilizada nas redes a 60 kV pode ser realizada sem DMV, desde que o respectivo comprimento seja inferior ou igual a 3000 m (L).

Logo que a parte da instalação a ligar ou a desligar tenha um comprimento superior a 3000 m (L), mas inferior a 12500 m (L’), o responsável de trabalhos deve mandar instalar um DMV.

Uma ligação começa no momento em que a distância entre as peças a ligar é inferior a 30 cm. Uma ligação termina e só é considerada efectiva quando está estabelecido um contacto permanente entre as peças, através do aperto do ligador. Esta operação encontra-se exemplificada na figura 30, em que enquanto z1 for menor que 30 cm, z2 deve ser superior ou igual a 60 cm.

Quando por algum motivo, a distância entre as peças a ligar é inferior ou igual a 30 cm, o arco eléctrico de ligação é susceptível de se formar. A peça a ligar, considera-se, então, como estando ao potencial a atingir.

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Figura 30 – Distâncias que definem a ligação – desligação de um arco em AT

Uma desligação começa no momento da separação do contacto entre as peças a desligar e termina logo que a distância entre elas é superior ou igual a 30 cm.

Desde que uma ligação começa e, por outro lado, enquanto uma desligação não termina, as peças devem ser consideradas como estando a potencial fixo; os Executantes devem manter-se a uma distância da peça a ligar ou a desligar pelo menos igual a 80 cm. Na figura 31 mostra-se a ligação de um arco com “cabresto” reforçando a ligação do arco aos condutores da linha.

Figura 31 – Ligação de um arco em TET AT

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5 Limpeza de instalações até 30kV

A Limpeza de Instalações em Tensão (LZT) de media tensão, é realizada em tensão em postos de transformação (PT) de cabine e postos de seccionamento (PS) de cabine, é uma mais valia para a continuidade e qualidade de serviço no fornecimento de energia eléctrica. A limpeza deste tipo de instalações não se resume à limpeza propriamente dita, mas também à verificação, manutenção e registo do estado dos equipamentos (como é exemplo a medição da temperatura dos condutores e ligadores e medição da resistência de terras). Sendo um trabalho específico em tensão, requer meios humanos e técnicos adequados, nomeadamente uma viatura especificamente equipada para este tipo de trabalho. A limpeza é realizada por aspiração, sopragem, escovação ou por aplicação de um produto de limpeza apropriado, recorrendo-se ao método mais adequado a cada situação. Na figura 32 podemos ver uma viatura TET LZT.

Figura 32 – Viatura TET LZT 5.1 Habilitação dos Colaboradores LZT

Os colaboradores TET LZT da PAINHAS S. A., a quem são confiados os trabalhos de limpeza em tensão de instalações em tensão até 30 kV possuem uma habilitação M1L e M2L, sendo uma formação específica, como referido no ponto 3.1. Os colaboradores formados em TET-MT podem ser habilitados em LZT, contudo necessitam de uma acção complementar de formação.

5.2 Organização do trabalho

As Limpezas em tensão de instalações de 2ª classe, até 30 kV, são efectuadas por equipas constituídas por um responsável de trabalhos, com habilitação M2L, e dois executantes com formação M1L.

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A decisão de se realizar a limpeza em tensão de uma instalação é tomada pelo Responsável de Exploração da instalação, em particular a EDP Distribuição. Este toma a decisão de mandar executar a Limpeza em Tensão de determinada instalação, emitindo um pedido de Intervenção em Tensão (PIT) na referida instalação ao responsável de trabalhos. Este pedido tem o objectivo de saber se é possível realizar o trabalho na instalação em causa. Depois de obter o parecer do responsável de trabalhos, em caso favorável, emite e entrega-lhe uma AIT.

Na prática corrente, é a unidade de rede da EDP responsável pela instalação, que decide sobre a possibilidade ou não de realizar o trabalho, competindo ao colaborador LZT da Painhas S.A., depois da recepção da AIT, elaborar um plano de trabalhos e a execução dos trabalhos.

Antes de cada trabalho, o responsável de trabalhos depois de elaborar o plano de trabalhos, escolhe as ferramentas, equipamentos e modos operatórios que melhor se adequam as operações a operar. Comunica ao Responsável de Exploração, por via telemóvel, o início e o fim dos trabalhos, e assegura a direcção efectiva dos trabalhos e exercendo uma vigilância sobre a zona de trabalhos e sobre a actuação dos executantes.

5.3 Equipamento do executante

Para a realização de trabalhos de limpeza de instalação em tensão, cada executante possui o seguinte equipamento de protecção:

- Fato de Trabalho, igual ao utilizado pelos executantes TET MT; - 1 par de luvas de protecção mecânica; - 1 par de luvas isolante para TET-BT (500 V – Classe 00 – Doc. CEI 78);

- 1 par de luvas isolantes para 17 kV Classe 2 – Doc. CEI 78 (para instalações até 15 kV) ou 36 kV - Classe 4 – Doc. CEI 78 (para instalações até 30 kV), as luvas isolantes não se destinam a permitir a realização de trabalhos ao contacto em MT, mas usadas no decorrer das operações, à distância, de aspiração/sopragem, de aplicação de líquidos de limpeza e nos contactos com as massas de aparelhagem MT;

- Calçado de segurança especial em couro TET, igual a TET MT; - Capacete isolante, igual ao utilizado em TET MT; - Óculos ou viseira de protecção contra raios ultravioleta, figura 33.

Figura 33 – Capacete com viseira de protecção utilizado em trabalhos LZT

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Na limpeza de instalações em que ocorre uma elevada libertação de poeiras e na aplicação de líquidos de limpeza, o executante usa mascaras dotadas de filtros apropriados.

Fazem parte dos equipamentos de protecção colectiva, os seguintes equipamentos:

- tapetes isolantes em borracha, - estrado isolante,

- escadote em material isolante, - mantas isolantes em PVC, de espessura de 0.3 mm e 0.8 mm. 5.4 Condições atmosféricas

Em relação às condições atmosféricas, os trabalhos LZT restringem-se segundo a característica das instalações, em:

Instalações exteriores

Os trabalhos não devem ser iniciados nem acabados em caso de precipitações atmosféricas, ainda que pouco intensas, nevoeiro espesso, vento violento ou trovoada.

Instalações interiores

Os trabalhos podem ser executados quaisquer que sejam as condições atmosféricas, salvo em caso de trovoada.

5.5 Distância a respeitar pelos executantes em instalações interiores

Dado a natureza dos trabalhos, é necessário respeitar distancias a peças em tensão na execução de trabalhos de limpeza de instalações de transformação e/ou seccionamento, do tipo celas abertas.

As celas abertas são delimitadas por paredes de alvenaria ou divisórias de rede, sendo vedadas por meio de portas ou painéis amovíveis de chapa ou rede, cujo a função é de constituir uma protecção eficaz contra contactos directos. Estas celas recebem, em geral equipamentos correspondentes a uma única função eléctrica, por exemplo:

- cela de entrada/saída de linha, - cela de protecção, - cela de medida, - cela de transformação.

No caso dos postos de transformação em cabine alta, o equipamento encontra-se disposto em altura, numa única cela.

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5.5.1 Zona interdita

É considerada como zona interdita aos executantes, o volume delimitado pelas paredes ou divisórias e pelas portas ou painéis de vedação de cada cela. Uma zona interdita pode ser reduzida, quando:

Qualquer peça não isolante que se encontre ou penetre (mesmo que só

parcialmente) numa zona interdita deve ser considerada em tensão e também ela, portanto envolvida por uma zona interdita. Não se considerando as massas metálicas, ligadas à terra, dos equipamentos e aparelhos.

O executante não pode penetrar na zona interdita sem uma protecção adaptada

ao nível da instalação e só pode introduzir aí ferramentas e equipamentos homologados.

Uma peça não isolada ligada mecanicamente, por intermédio de um dispositivo

isolante de nível apropriada, a uma peça em tensão, não é considerada como estando em tensão.

Neste contexto entende-se por dispositivo isolante de nível apropriado, uma

ferramenta homologada prevista para o efeito, ou um tubo isolante homologado, de comprimento L> = 60 cm para uma tensão nominal U < = 15 kV e de comprimento L> = 70 cm para uma tensão nominal U = 30 kV. Neste caso o comprimento de tubo isolante para U = 30 kV é inferior ao estabelecido para a intervenção em linhas aéreas MT devido a apenas se contemplar instalações interiores em LZT.

Quando os equipamentos ultrapassam o volume das celas, a zona interdita é

determinada segundo as regras referidas no ponto 3.11, referente ao número de elementos de protecção a respeitar entre os executantes e as peças a potenciais diferentes. Uma situação em que os equipamentos ultrapassam o volume das celas ocorre quando os barramentos cruzam superiormente os corredores ou quando os equipamentos se desenvolvem em altura, acima das redes de protecção (caso dos postos de transformação em cabine alta).

5.5.2 Evoluções dos executantes

De forma a garantir que, em caso algum, nenhuma parte do corpo dos executantes (ou uma peça não isolante em contacto com ele), penetre na Zona Interdita no decurso das suas evoluções na proximidade de peças em tensão (ou na execução dos seu gestos de trabalho), é respeitada uma das seguintes condições:

Na ausência de anteparos e protecções o executante deve manter, entre a

sua zona de evolução e as peças em tensão, uma distância (A) pelo menos igual à distância mínima de aproximação.

Para delimitar fisicamente a zona de evolução do executante, na ausência de portas ou dos painéis das zonas de protecção das celas, são criadas

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barreiras em materiais isolantes (tubos, correntes, etc.), para o alertar e impedir de penetrar inadvertidamente na zona interdita. As figuras 34 e 35, mostram a título de exemplo duas zonas em são garantidas as distâncias mínimas de aproximação a peças em tensão. Assim, a distância A> = 60 cm para uma tensão nominal 1 < U < = 15 kV e A> = 70 cm para uma tensão nominal U = 30 kV

Figura 34 – Zona delimitada por barreiras isolantes em PT de cabine baixa

Figura 35 – Zona delimitada por barreiras isolantes em PT de cabine alta

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Com colocação de anteparos e protectores, reduz-se as zonas interditas,

permitindo ampliar a zona de evolução dos executantes. Sendo permitido aos executantes roçarem os anteparos ou protectores, mas não se apoiarem neles. No caso de o executante se desequilibrar e se apoiar num anteparo ou num protector, este perde a sua eficácia, pois penetra na zona interdita antes estabelecida. Respeitando o referido no ponto 3.12 referente a TET MT.

5.5.3 Acesso ao interior das celas

De modo geral, as celas constituem zonas interditas, pelo que os executantes não podem penetrar nestas. No entanto, o acesso ao seu interior em serviço, só é permitido, se todas as peças em tensão forem protegidas com protectores adequados. O acesso ao interior de uma cela permite ou facilita a realização de algumas das operações de limpeza e/ou conservação, como por exemplo a verificação do nível do óleo do transformador.

No caso de celas sem tensão, acesso ao seu interior é permitido, desde que sejam aplicados os procedimentos de consignação. Para realizar uma consignação é necessário respeitar as seguintes regras, normalmente designadas pelas Cinco Regras de Ouro, para trabalhos fora de tensão:

Separar completamente (isolar a instalação de todas as possíveis fontes de

tensão);

Bloquear (proteger contra a religação) na posição de abertura todos os órgãos de corte ou seccionamento, ou adoptar medidas preventivas quando tal não seja exequível;

Verificar a ausência de tensão, depois de previamente identificada no local de trabalho a instalação colocada fora de tensão;

Ligar à terra e em curto-circuito;

Proteger contra as peças em tensão adjacentes e delimitar a zona de trabalho.

5.5.4 Situações particulares

Determinadas instalações apresentam variadas configurações especiais interiores, pelo que a execução dos trabalhos é efectuada tomando em consideração as suas particularidades.

Quando o equipamento está localizado numa zona não acessível directamente a partir da porta da cela, e se existir espaço suficiente para se criar uma zona de evolução no seu interior, é permitido ao seu executante penetrar na cela para realizar a protecção das peças em tensão com protectores ou anteparos, ou colocar barreiras que delimitam a sua zona de evolução. A delimitação é feita com equipamentos em material sintético, nomeadamente estruturas de tubos, correntes ou placas. A figura 36 mostra uma zona de evolução criada na cela do transformador.

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Figura 36 – Zona de evolução dos executantes criada na cela do transformador

Quando o equipamento se desenvolve em altura ao longo de uma parede,

como é o caso dos PT’s de cabine alta, é definida uma zona interdita projectando na vertical o volume da cela definido pelas paredes, divisórias e portas, como representado na figura 37. Com uma zona interdita assim definida, a zona de evolução do executante não pode conter qualquer ponto que, em projecção horizontal, se situe na área limitada pela cela.

Quando necessário, utilizam-se escadas, preferencialmente do tipo escadote e sempre em material isolante. Nesta situação o executante não pode ultrapassar a altura da parte superior da vedação da cela.

Figura 37 – Zona de evolução dos executantes criada num PT de CA

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5.6 Limpeza de postos de transformação 5.6.1 Desenvolvimento do trabalho

Antes da execução da limpeza de um posto de transformação (PT), o responsável de trabalhos efectua o reconhecimento da instalação. Verifica visualmente toda a instalação com o objectivo de detectar eventuais anomalias que possam por em risco as pessoas ou as instalações, no decorrer do trabalho, ou em situação normal de exploração (isoladores partidos, terminais desapertados ou em mau estado, barramentos desapertados, fugas de óleo, descontinuidades na rede de terras, etc.).

Verifica a sequência de operações de limpeza em tensão que vão ser utilizadas. Manda preparar os equipamentos, ferramentas e materiais que vão ser utilizados e verifica se as portas das celas se podem abrir, ou se os painéis de vedação são amovíveis. De forma a respeitar as distâncias referidas no ponto 5.5.3.

5.6.1.1 Medidas de protecção

Os executantes antes de efectuar a limpeza de peças em tensão, o manuseamento das divisórias metálicas (sem tensão) e a utilização do aspirador/separador em zonas interditas, equipam-se com luvas dieléctricas adequadas ao nível de tensão e posicionam sobre um tapete ou estrado isolante também adequado ao nível de tensão.

Durante as operações de limpeza das peças em tensão, os executantes utilizam uma máscara de protecção respiratória dotada de filtro contra partículas.

Na aplicação do líquido de limpeza, por meio de escovas, os executantes devem estar equipados com uma mascara dotada de filtro antigás e devem usar óculos ou viseira de protecção química se a aplicação se realizar por pulverização.

Devido ao espaço reduzido de um PT, em regra apenas um executante se encontra dentro do PT, de cada vez, a realizar operações de limpeza de tensão, orientadas pelo responsável de trabalhos. A figura 38 mostra a delimitação da zona de trabalhos e a utilização do aspirador/soprador e alguns equipamentos utilizados, anteriormente referidos.

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Figura 38 – Limitação da zona de trabalhos

5.6.1.2 Utilização do aspirador/soprador

O aspirador/soprador é colocado de forma a não prejudicar a entrada e a saída dos elementos da equipa, quando possível no exterior do PT. Este aparelho não pode ser utilizado para aspirar peças em tensão, sendo estas limpas com escovas isolantes. Podendo ser aspiradas as peças normalmente sem tensão, fora da zona interdita, assim como o quadro BT (em tensão). Na função de soprador, o tubo isolante e o terminal isolante não podem aproximar-se das peças de MT em tensão e uma distância inferior à distância de tensão t = U/2.

A protecção do executante contra os riscos de electrocussão, a partir do aspirador, é assegurada por um aparelho diferencial de alta sensibilidade.

5.6.1.3 Intervenção nas celas com aparelhos de seccionamento, corte e protecção

A limpeza de aparelhagem de seccionador, corte e protecção (seccionadores, rupto-fusíveis, disjuntores, etc.) é feita com cuidado especial a fim de evitar o seu funcionamento intempestivo, devido à situação dos mecanismos de automação ou rotação dos veios de comando. Assim, quando da intervenção num destes aparelhos ou na sua proximidade, enquanto um executante procede as operações de limpeza, outro mantém fixo o respectivo veio de comando, com o auxílio de uma vara isolante.

5.6.1.4 Aplicação do liquido de limpeza

Em equipamento BT, o liquido de limpeza pode ser aplicado ao contacto, por meio de um pincel ou de um trapo, ou à distância, por pulverização. No caso de equipamentos MT , a aplicação só pode ser feita à distância, por pulverização ou através de uma escova colocada no extremo de uma vara isolante.

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5.6.1.5 Medição da temperatura dos condutores

Faz parte do plano de trabalhos e respectivo relatório a medição da temperatura dos barramentos, ligadores, terminais, contactos, etc., utilizando um aparelho de termovisão. No fim de cada trabalho o relatório elaborado pelo responsável de trabalhos é enviado ao responsável de exploração, afim de informar da eventual existência de pontos quentes.

5.6.2 Sequência de operações

Inicialmente os executantes começam por cobrir o quadro BT com manta isolante de 0.8 mm, para prevenir qualquer contacto involuntário de uma parte não protegida do corpo do executante, ou de uma ferramenta. A limpeza de um PT, de forma geral segue a seguinte sequência:

Limpar o tecto da instalação nas zonas mais distantes da entrada, passando em seguida às paredes, passa muros (caso de PT’s em cabine alta) e barramentos, utilizando os diversos tipos de escovas isolantes;

Limpar as celas com aparelhagem em tensão, uma de cada vez, sempre que possível, primeiro auma limpeza com as escovas e em seguida com o soprador;

Depois da sopragem, aspirar o pó depositado nas peças sem tensão, assim como o pavimento;

Retirar a manta que cobre o quadro BT e fazer a sua limpeza: Aspirar as poeiras e outros depósitos das partes sem tensão, Remover o pó acumulado nas partes sem tensão, com o auxilio dos pincéis, broxas e escadas, Aspirar o pó entretanto acumulado nas peças em tensão do quadro, Soprar toda a aparelhagem do quadro, Aplicar o líquido isolante de limpeza, Nas peças móveis, aplicar um lubrificante.

5.6.3 Verificação e medição da resistência de terra dos eléctrodos de terra

A verificação da rede de terras é efectuada visualmente, incidindo sobre: - Estado dos componentes, - a segurança dos apoios mecânicos dos condutores, - os pontos de união e ligação.

Para medir a resistência de terra dos eléctrodos de terra, começa-se por curto-circuitar a terra de protecção com a terra de serviço, por meio de um curto-circuitador de secção adequada (não inferiores a 35 mm2), a fim de assegurar a continuidade dos dois circuitos de Terra do PT, enquanto se efectuam as medições.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 64

Na ligação ou desligação das terras para medição, o executante usam luvas de protecção isolantes. Se, na operação ligação ou desligação dos terminais das terras, se verificar a ocorrência de faíscas, é sinal que existe uma diferença de potencial que pode por em risco o equipamento de medição. Neste caso a medição não deve prosseguir, sendo reposto o circuito, informando de imediato o Responsável de Exploração.

Depois de desligar o terminal do circuito de terra de protecção e efectuar a medição da resistência do respectivo eléctrodo, restabelece-se a ligação após esta operação. Efectuando o mesmo processo para a medição da terra de serviço. Registando os valores das medições efectuadas na folha de registos do plano de trabalhos. Por fim retirar-se o curto-circuitador.

5.6.4 Verificação do nível do óleo existente no transformador

A verificação do nível do óleo existente no transformador é feita por inspecção visual. Na situação em que o indicador de nível não está à vista, é utilizado uma vara de terminais universais com um espelho.

5.6.5 Verificação do estado da Sílica-Gel

A verificação da cor da sílica-gel existente no respectivo deposito é feita por inspecção visual. Se a cor vermelha for fortemente predominante, procede-se à sua substituição, caso o depósito se encontre acessível (depois de isoladas as peças próximas em tensão).

5.7 Recolha de óleos para despistagem de PCB’s (Policloretos de bifenilo)

Foi recentemente criada uma nova tarefa a realizar pelas equipas LZT, que consiste na recolha de óleo em transformadores de potência (não hérmeticos), para despistagem de PCB’s, conforme decorre das obrigações introduzidas na legislação nacional pelo Decreto-Lei n.º 277/99 de 23 de Julho.

A utilização dos PCB’s como isolante em transformadores, deveu-se fundamentalmente às suas óptimas características dieléctricas, bom condutor térmico e elevada estabilidade química. É definido comercialmente como ASKAREL (ASTM D901-56): “fluido isolante do tipo não inflamável devido à decomposição resultante de arcos eléctricos desenvolvendo apenas misturas de gases não explosivos”. Actualmente os óleos usados contaminados com PCB são classificados como resíduos perigosos, necessitando de manuseamento e controlo especial.

As recolhas de amostras abrangem todos os transformadores de potência em posto de transformação do tipo cabina (CA ou CB), aéreos e subterrâneos com reservatório de óleos e cujo fabrico seja anterior a 1983, inclusive.

Esta tarefa executada em TET, requer uma equipa no mínimo constituída por um executante com habilitação “M1L” e outro executante com habilitação “M2L”. O trabalho só pode ser realizado depois da validação da AIT respectiva, seguindo todos os procedimentos descritos em TET MT.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 65

5.7.1 Procedimento técnico para a recolha e rotulagem

A amostra é recolhida com o transformador em funcionamento, uma vez que o óleo em circulação, garante uma homogeneidade da amostra, difícil de obter noutras condições. No entanto, nos casos em que haja necessidade de retirar o equipamento de serviço, a amostragem é feita, tanto quanto possível, imediatamente a seguir.

Em quaisquer condições, é necessário ter o máximo cuidado para, durante a amostragem, evitar contaminações (poeiras, humidade, ou outras impurezas) quer do óleo contido no equipamento em estudo, quer da porção recolhida, evitando o contacto das mãos com o óleo.

5.7.2 – Material

Faz parte do equipamento da equipa de trabalho, um frasco de vidro transparente com cerca de 30 ml de capacidade, para a recolha da amostra, munido de uma cápsula de plástico e junta de borracha, as quais são apertadas à boca do frasco com auxílio duma tampa roscada. Para a recolha de desperdícios é utilizado um frasco de vidro transparente com cerca de 1000 ml, do mesmo modelo e características do frasco de amostra. Faz ainda parte um tabuleiro, luvas de látex, óculos de protecção, ferramenta adequada aos terminais de amostra e absorvente natural, caso exista derrame de óleo.

De forma a evitar a contaminação de PCB’s através de outras recolhas, em cada recolha são utilizados frascos e luvas novas.

5.7.3 - Rotulagem

As amostras de óleo e os frascos de desperdício são convenientemente rotuladas logo após a colheita. Entende-se por desperdício o primeiro óleo retirado que pode conter resíduos, não sendo próprio para amostra. No rótulo da amostra, consta os elementos indispensáveis a uma identificação clara da proveniência da amostra. A informação é fornecida pelo responsável da exploração e posteriormente confirmada pelo responsável dos trabalhos. Caso tenha havido lugar a correcção dos dados relativos às características do transformador, estes são registados no rótulo.

5.7.4- Técnica de amostragem

Inicialmente é efectuada uma consulta de verificação dos dados à placa de características do transformador, de modo a garantir que o transformador em questão, é de facto, aquele em que se pretende que seja feita a colheita de óleo. Depois é colocado o tabuleiro por debaixo da válvula de amostragem, para evitar o derrame de óleo. A figura 39 mostra a recolha da amostra depois da recolha de desperdício.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 66

Figura 39 – Recolha da amostra de óleo para despistagem de PCB’s

O frasco com a amostra para análise é enviado para a unidade de rede e

posteriormente enviado para laboratório. É necessário verificar o nível de óleo no frasco, devendo ser tal que permita a coexistência duma pequena câmara-de-ar entre a cápsula de plástico e a superfície livre do óleo, de forma a permitir a possível dilatação do óleo.

No fim da recolha da amostra é necessário garantir um bom fecho da válvula de amostragem.

5.7.5 - Transporte das amostras e frascos de desperdício

Os frascos de óleo são transportados para a unidade de rede responsável pelo transformador, ao abrigo da luz, em caixas separadas e fechadas, assim como os restantes resíduos, como é o caso das luvas, ficando a aguardar o resultado da análise.

O processo de despistagem de PCB´s apenas termina aquando da recepção do resultado das amostras e consequente rotulagem definitiva dos transformadores.

5.7.7 – Segurança

De uma maneira geral, deve-se evitar o contacto do óleo com a pele. No caso de contacto de PCB’s com a pele deve-se lavar com água e detergente, tendo o cuidado de recolher a água de lavagem para um recipiente que deverá ser marcado com o rótulo identificador de presença de PCB’s e encaminhado para eliminação como PCB.

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6 Trabalho realizado

Durante o decorrer do estágio tive a oportunidade de desenvolver tarefas específicas, das quais refiro as mais relevantes.

Actualização do processo de Trabalhos em Tensão de Alta Tensão

Inicialmente, após a familiarização com termos técnicos básicos utilizados no dia a dia de TET, comecei por elaborar a actualização do processo de Trabalhos em Tensão de Alta Tensão - Método à Distância, Condições Técnicas de Execução e actualização de fichas técnicas. A elaboração do “dossier” foi feita tendo como base a documentação técnica da EDP, nomeadamente o documento DCE-C18-529/N. O processo foi elaborado com acompanhamento do Eng.º Carlos Martins.

Actualização do formato da base de dados

Posteriormente procedi à actualização do formato da base de dados, em Microsoft Excel, dos trabalhos em tensão a realizar. De facto existem duas bases de dados, uma mais complexa em que são inseridos todos os dados relativos aos trabalhos recebidos em MT e AT, e efectua o cálculo da facturação com base no código de tarefa (anexo B). Diariamente procedia à sua actualização, com base nas AIT’s recebidas. Nesta base consta, desde o número de entrada do trabalho, o código de área de rede onde o trabalho é realizado, o responsável de trabalhos, o dia ou período de realização, o gestor de obra onde o trabalho se insere, a descrição do trabalho e local, o código das tarefas a realizar, valor de facturação do trabalho e materiais utilizados. A figura 40 mostra um excerto da base de dados referida. Dadas a características dos TET, pode ocorrer alteração da data de realização dos trabalhos, alteração do próprio trabalho, por ordem do responsável de exploração. Optou-se então por proceder à alteração da estrutura da base de dados, em vez de existir uma base dividida por semanas, criei uma nova base (anual) cuja separação de trabalhos é feita por mês, facilitando a introdução de dados resultantes de alterações.

Figura 40 – Base de dados de trabalhos TET MT

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Outra base de dados, é a base de trabalhos LZT, esta base é actualizada semanalmente. Normalmente são executados todos os trabalhos sem alterações. O facto de ser actualizada semanalmente tem a ver principalmente com o planeamento do principal cliente, a EDP. Assim esta base é mensal, dividida por semanas, numeradas pelo ano civil. Esta contém a informação do número de entrada do trabalho, o responsável de trabalhos, a data ou período de realização, o gestor de obra, descrição do local e valor do trabalho.

Preparação, verificação e arquivamento de planos e relatórios

Procedi também ao longo do estágio à preparação, verificação e arquivamento dos planos e relatórios dos trabalhos TET realizados. A preparação dos trabalhos consistiu em preparar os impressos afectos a cada tipo de trabalho, anexação da respectiva AIT, ordem de manobras e PIT, caso existissem. A verificação dos relatórios de trabalho consistiu em verificar o correcto preenchimento dos mesmos, a anotação na base de dados dos materiais utilizados e a validação das tarefas e entrada do relatório no sistema.

Após o primeiro mês de estágio verifiquei, em conjunto com o meu orientador, a necessidade de criar um plano de trabalhos semanal, como “background” à base de dados, prático e de preenchimento manual para maior flexibilidade e rapidez de gestão de trabalhos e equipas TET. Pelo que criei uma tabela, como mostra a figura 41, em que esta possui os campos essenciais à gestão de recursos.

Figura 41 – Plano de trabalho semanal

A primeira coluna regista o número da AIT (caso já exista), a segunda coluna o local do trabalho, de seguida uma descrição muito breve do trabalho e por fim uma coluna subdividida em sete, correspondendo a cada dia da semana em causa, sendo indicado no canto inferior direito da tabela a semana em causa. Nas quadrículas desta coluna é colocado o nome do responsável de trabalhos, no dia ou período de trabalhos. Sendo assim facilmente visível os dias de trabalhos e correspondente chefe de equipa atribuído.

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Elaboração de documentação para recolha de amostras de óleo

Durante o mês de Maio surgiu a necessidade da elaboração de documentação para recolha de amostras de óleo em transformadores de potência, para despistagem de PCB’s. Com base no documento “Ficha de Procedimentos de Segurança, Operações de recolha de amostras de óleo em transformadores MT/BT, Instalados na Rede de Distribuição” – FPS PCB07/EDIS e seus anexos, nomeadamente “Tarefas ANALISE OLEOS” de 03/2007, “Anexos I II III Recolha” de 03/2007, Manual segurança de trabalhos em altura - DPS 3/2004 de 12-04-2004, Fichas de Saúde e Segurança da EDP:

• FSS 10.05 – Trabalhos na via pública ou na sua proximidade, de 18-03-2005 • FSS 06.03 – Trabalhos em espaços confinados, de 18-03-2005 • FSS 03.01 – Trabalhos com escadas portáteis, de 18-03-2005 • FSS 11.01 – Como actuar em caso de acidente eléctrico, de 18-03-2005

Ainda na realização deste processo, elaborei os respectivos planos de trabalhos e procedi à actualização do Manual de Segurança de Prevenção do Risco Eléctrico, com base no documento DPS 1/2002-EDP de 24/01/2002.

Elaborei novas tabelas de actualização à listagem de equipamentos e ferramentas TET das viaturas e armazém TET.

Elaboração de fichas de “PREPARAÇÃO DE TRABALHOS EM TENSÃO – TET MT”

Na última semana de Maio comecei a elaborar as fichas de “PREPARAÇÃO DE TRABALHOS EM TENSÃO - TET MT” para a elaboração de um relatório sobre as intervenções necessárias a realizar a curto prazo nas linhas Caniços–Ruivães, Caniços–Mourizes e Caniços–Riba d’Ave. No Anexo C, apresenta-se o exemplo de uma ficha de preparação de trabalhos criada.

O relatório a criar e respectivas fichas de preparação têm como base o relatório de inspecção às linhas efectuado pela LABELEC, por meio de termografia e inspecção visual por helicóptero em Fevereiro de 2007, complementada pela inspecção no terreno por um chefe de equipa TET. Verificou-se com base no respectivo relatório da LABELEC a necessidade de intervir em parte dos seccionadores da rede, devido à existência de pontos quentes em parte das suas ligações. Nestas fichas conta a identificação do cliente e respectiva área de rede, os dados da linha no que diz respeito à secção e natureza dos condutores, tipo de apoio e armação, tipo de amarração, isoladores. Faz parte também da ficha uma imagem da instalação a intervir, tabela de materiais a utilizar e código de tarefas a realizar.

Acompanhamento de trabalhos no terreno

Durante o estágio tive a oportunidade de estar no terreno, acompanhando a realização de diversos trabalhos, tais como abertura e fecho de arcos, colocação de apoio em meios vão, substituição de apoios, substituição de cadeias de isoladores, entre outros, nas áreas de rede de Viana do Castelo, Braga e Ave Sousa. O que me permitiu visualizar a aplicação dos métodos e procedimentos descritos na documentação técnica. As fotos apresentadas ao longo deste relatório, resultam de alguns dos trabalhos por mim acompanhados.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 70

7 Conclusões

Os objectivos definidos para o estágio foram atingidos, nestes estava previsto numa fase inicial a aquisição de conhecimentos e análise da documentação existente, da qual resulta a apresentação de métodos e procedimentos em TET.

O processo de realização de trabalhos em tensão, é à primeira vista um processo simples, contudo é um processo complexo e de elevada exigência organizacional. Exigindo a interacção de todos os intervenientes no processo, desde o seu inicio, à sua conclusão. São nos dias de hoje trabalhos indispensáveis à manutenção, conservação e modificação das redes de energia eléctrica, dado garantirem a continuidade de serviço e consequente aumento da qualidade de serviço. O facto de em geral os trabalhos TET serem de curta duração, e em locais geográficos distintos, leva à necessidade de uma coordenação exigente e eficaz das equipas no terreno. Bem como a própria coordenação de trabalhos, de forma a minimizar custos.

O processo TET requer uma actualização constante da documentação desde a elaboração e actualização dos “dossiers” das CET’s, Fichas Técnicas e Modos Operatórios, planos de trabalhos e relatórios, bem como a própria actualização das bases de dados de trabalhos e facturação. A evolução dos materiais e equipamentos para TET acompanham o ritmo de crescimento da procura de trabalhos TET, pela disponibilização de equipamentos mais práticos, robustos e de melhores características dieléctricas.

Apesar das vantagens da realização de intervenções nas redes eléctricas, em tensão, estas exigem rigor de execução e concertação por partes dos executantes, cuja falha pode causar danos irreversíveis em si próprios e aos demais. Actualmente o método de execução à distância proporciona aos executantes maior segurança e menores recursos materiais na sua aplicação.

O contacto com os engenheiros, chefes de equipa, executantes, com a visualização da execução de trabalhos no terreno, com os equipamentos, materiais e documentação TET entre outros, tornou-se extremamente importante e necessário para a minha aprendizagem contínua.

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 71

8 Referências Bibliográficas - Manual de Segurança Prevenção do Risco Eléctrico, Painhas 2007, baseado

no documento DPS 1/2002 – EDP - “Dossier” TET MT, Método à distância, Condições técnicas de execução,

Fichas Técnicas e Modos Operatórios, baseado no Documento DCE – C18 – 521/N da EDP

- “Dossier” TET AT, Método à distância, Condições técnicas de execução,

Fichas Técnicas e Modos Operatórios, baseado no Documento DCE – C18 – 529/N da EDP

- “Dossier” TET LZT, Limpeza de Instalações até 30kV, Condições técnicas de

execução, baseado no Documento DCE – C18 – 525/N da EDP de 1993 - Manual de Segurança Prevenção do Risco de Queda em Altura, Painhas 2007,

baseado no documento DPS 3/2004 – EDP - “Dossier” TET Recolha de Amostras de Óleo, Ficha de Procedimentos de

Segurança, Operações de recolha de amostras de óleo em transformadores MT/BT – Despistagem de PCB’s, baseado no Documento FSP PCB07/EDIS de 2007

- Página na Internet da PROFOR em “www.profor.pt”, consultada em Junho

de 2007

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 72

Anexos

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 73

Anexo A – Autorização de Intervenção em Tensão (AIT)

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 74

Anexo B - Código de tarefas TET (EDP)

Listagem de tarefas TET da EDP, em vigor.

Código Tarefa Designação da Tarefa

109037 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLADOR RIGIDO SIMPLES (1 FASE)

109038 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO SIMPLES (3 FASES)

109271 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO DUPLO (1 FASE)

109039 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO DUPLO (3 FASES)

109274 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM AMARRAÇÃO (LI princ-num dos lados)

109042 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM AMARRAÇÃO (LI princ-num dois lados)

109040 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM AMARRAÇÃO (LI derivada)

109272 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM AMARRAÇÃO (LI prin com derivações - num dos lados)

109273 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM AMARRAÇÃO (LI prin com derivações - num dois lados)

109276 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM SUSPENSÃO (num apoio sem deriv.)

109275 SUBSTITUIÇÃO DE ISOLAMENTO RIGIDO POR CADEIAS DE ISOL EM SUSPENSÃO (num apoio com deriv.)

109045 SUBSTITUIÇÃO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109046 SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109193 SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109260 SUBSTITUIÇÃO DE QUATRO CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109262 SUBSTITUIÇÃO DE CINCO CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109264 SUBSTITUIÇÃO DE SEIS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal)

109215 SUBSTITUIÇÃO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI derivada)

109191 SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI derivadal)

109259 SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI derivada)

109233 SUBSTITUIÇÃO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109213 SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109185 SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109261 SUBSTITUIÇÃO DE QUATRO CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109263 SUBSTITUIÇÃO DE CINCO CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109265 SUBSTITUIÇÃO DE SEIS CADEIAS DE ISOLADORES EM AMARRAÇÃO (LI principal com derivações)

109235 SUBSTITUIÇÃO DE CADEIAS DE ISOLADORES DUPLOS POR SIMPLES REFORÇADAS NUM APOIO (um dos lados do apoio)

109110 SUBSTITUIÇÃO DE CADEIAS DE ISOLADORES DUPLOS POR SIMPLES REFORÇADAS NUM APOIO (dos dois lados do apoio)

109043 SUBSTITUIÇÃO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO (LI principal)

109044 SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO (LI principal)

109269 SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO LI principal)

109266 SUBSTITUIÇÃO DE UMA CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO (LI principal com derivações)

109267 SUBSTITUIÇÃO DE DUAS CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO (LI principal com derivações)

109270 SUBSTITUIÇÃO DE TRÊS CADEIA DE ISOLADORES EM SUSPENSÃO (LI principal com derivações)

109028 MONTAGEM DE "PRÉ-FORMADOS" PARA REPARAÇÃO DUM CONDUTOR

109026 SUBSTITUIÇÃO DE ARCOS E RESPECTIVOS LIGADORES (LI principal)

109027 SUBSTITUIÇÃO DE ARCOS E RESPECTIVOS LIGADORES (LI principal com derivações)

109118 SUBSTITUIÇÃO DE ARCOS E RESPECTIVOS LIGADORES (LI derivada)

109031 MUDANÇA DE PLANO DUM CONDUTOR EM APOIO DE LINHA SEM DERIVAÇÕES

109102 MUDANÇA DE PLANO DUM CONDUTOR EM APOIO DE LINHA COM DERIVAÇÕES

109097 LIMPEZA DOS ISOLADORES EXISTENTES NUM AOPOIO COM OU SEM DERIVAÇÕES

109075 MEDIÇÃO DA TENSÃO MECÂNICA DUM CONDUTOR

109077 MEDIÇÃO DA INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉCTRICA NUM CONDUTOR

109078 MEDIÇÃO DA DISTÂNCIA ENTRE UM CONDUTOR E UM OBSTÁCULO

109080 RETIRAR OBJECTOS ESTRANHOS NUM VÃO DE LINHA

109079 VERIFICAÇÃO DA CONCORDÂNCIA DE FASES ENTRE DUAS LINHAS DE MT

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 75

109081 PROTECÇÃO DE CONDUTORES PARA CRUZAMENTO DE LINHA

109032 SUBSTITUIÇÃO DE CONDUTOR(ES) ENTRE DOIS APOIOS

109162 MUDANÇA OU REPOSIÇÃO DE PLANO DOS CONDUTORES PARA CRUZAMENTO DE LINHA

109034 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DUM CONDUTOR EM APOIO SEM DERIVAÇÕES

109035 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DUM CONDUTOR EM APOIO COM DERIVAÇÕES

109140 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DE DOIS CONDUTOR EM APOIO SEM DERIVAÇÕES

109160 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DE DOIS CONDUTOR EM APOIO COM DERIVAÇÕES

109120 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DE TRÊS CONDUTOR EM APOIO SEM DERIVAÇÕES

109134 REGULAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA DE TRÊS CONDUTOR EM APOIO COM DERIVAÇÕES

109076 MEDIÇÃO DO DIÂMETRO DUM CONDUTOR PARA CÁLCULO DA SUA SECÇÃO

109113 COLOCAR E RETIRAR "DISPOSITIVO DE RETENÇÃO MECÂNICA"

109033 EMENDA DE CONDUTOR COM UNIÃO DE COMPRESSÃO

109008 MONTAGEM DE TRAVESSA

109009 REMOÇÃO DE TRAVESSA

109014 SUBSTITUIÇÃO DE ARMAÇÃO EM APOIO DE LINHA PRINCIPAL SEM DERIVAÇÕES

109015 SUBSTITUIÇÃO DE ARMAÇÃO EM APOIO DE LINHA PRINCIPAL COM DERIVAÇÕES

109017 MONTAGEM DUM APOIO EM ALINHAMENTO

109018 MONTAGEM DUM APOIO EM ÂNGULO

109126 DESMONTAGEM DE APOIO

109013 MONTAGEM DA TRAVESSA E SUPORTE DA CAD. DE ISOL. EM SUSP. DO ARCO DA LINHA DO TOPO E RESPCTIVA CADEIA

109006 MONTAGEM OU REMOÇÃO DE "HASTES DE DESCARGA" NAS CAD. ISOL. EM APOIO DE QQ TIPO, SEM DERV.,NUM DOS LADOS

109007 MONTAGEM OU REMOÇÃO DE "HASTES DE DESCARGA" NAS CAD. ISOL. EM APOIO DE QQ TIPO, COM DERV.,NUM DOS LADOS

109070 LIGAÇÃO, EM TENSÃO, DE LINHA SECUNDARIA, COM COLOCAÇÃO DA TRAVESSA, REGULAÇÃO DOS CONDUTORES E FECHO DOS ARCOS RESPECTIVOS

109068 LIGAÇÃO, EM TENSÃO, DE LINHA SECUNDARIA, COM REGULAÇÃO DOS CONDUTORES E FECHO DOS ARCOS RESPECTIVOS

109071 DESLIGAÇÃO, EM TENSÃO, DE LINHA SECUNDARIA, COM REMOÇÃO DOS ARCOS, APEAMENTO DOS CONDUTORES E REMOÇÃO DA TRAVESSA

109069 DESLIGAÇÃO, EM TENSÃO, DE LINHA SECUNDARIA, COM REMOÇÃO DOS ARCOS E APEAMENTO DOS CONDUTORES

108991 MANUTENÇÃO DE SECCIONADOR INSTALADO EM APOIO DE QUALQUER TIPO SEM DERIVAÇÕES

108992 MANUTENÇÃO DE SECCIONADOR INSTALADO EM APOIO DE QUALQUER TIPO COM DERIVAÇÕES

108986 MONTAGEM DE SECCIONADOR EM APIO EXISTENTE, DE QUALQUER TIPO, SEM DERIVAÇÕES

108987 MONTAGEM DE SECCIONADOR EM APIO EXISTENTE, DE QUALQUER TIPO, COM DERIVAÇÕES

108988 DESMONTAGEM DE SECCIONADOR EM APIO EXISTENTE, DE QUALQUER TIPO, SEM DERIVAÇÕES

109119 DESMONTAGEM DE SECCIONADOR EM APIO EXISTENTE, DE QUALQUER TIPO, COM DERIVAÇÕES

108998 MONTAGEM DUM "IAR" EM APOIO EXISTENTE

109065 ESTABELECIMENTO DAS LIGAÇÕES

109066 REMOÇÃO DE LIGAÇÕES

109067 UTILIZAÇÃO DO " DMC" PARA LIGAR OU DESLIGAR LINHA DE MT

109036 APEAMENTO DE CONDUTORES

109092 LIGAÇÃO DE "TRANSFOBLOCO" OU "NORMOBLOCO"

109124 DESLIGAÇÃO DE "TRANSFOBLOCO" OU "NORMOBLOCO"

109089 ISOLAMENTO DE TROÇO DE REDE PARA CONSIGNAÇÃO EM APOIO SEM DERIVAÇÕES

109128 ISOLAMENTO DE TROÇO DE REDE PARA CONSIGNAÇÃO EM APOIO COM DERIVAÇÕES

109121 APEAMENTO DE CONDUTORES NUMA LINHA PRINCIPAL EM APOIO SEM DERIVAÇÕES

109117 APEAMENTO DE CONDUTORES NUMA LINHA PRINCIPAL EM APOIO COM DERIVAÇÕES

108995 SUBSTITUIÇÃO DE 3 8TRÊS) "DESCARREGADORES DE SOBRETENSÕES"

109047 SUBSTITUIÇÃO DE FILAÇA EM ISOLADOR RIGIDO (1 FASE)

109048 SUBSTITUIÇÃO DE FILAÇA EM ISOLADOR RIGIDO (3 FASES)

109099 MONTAGEM OU SUBSTITUIÇÃO DE "DISPOSITIVO ANTI-RÁDIO INTERFERÊNCIAS"

109114 CURTO-CIRCUITAR APARELHO DE CORTE OU DE SECCIONAMENTO INSTALADO NA REDE

109116 DERECÇÃO PONTUAL, NÃO SISTEMÁTICA, DE SOBREAQUECIMENTOS POR ANÁLISE DE TERMOVISÃO

109104 MANUTENÇÃO PREVENTIVA, SISTEMÁTICA, ÀS LINHAS DE MT (INSPECÇÃO TIPO 1)

109105 MANUTENÇÃO PREVENTIVA, SISTEMÁTICA, ÀS LINHAS DE MT (INSPECÇÃO TIPO 2)

109103 MANUTENÇÃO PREVENTIVA, SISTEMÁTICA, ÀS LINHAS DE MT (INSPECÇÃO TIPO 3)

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 76

115431 LIGAÇÃO RAMAL TET/MT LIGEIRO

115433 DESLIGAÇÃO RAMAL TET/MT LIGEIRO

115434 LIGAÇÃO RAMAL C/ MONTAGEM TRAVESSA,REGULAR TET/MT LIGEIRO

115435 DESLIGAÇÃO RAMAL C/ DESMONTAGEM TRAVESSA,APEAR TET/MT LIGEIRO

114570 LIGAR ARCOS TET/MT LIGEIRO

114908 DESLIGAR ARCOS TET/MT LIGEIRO

115075 COMPLEMENTO UTILIZAÇÃO "DMC"

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 77

Anexo C – Ficha de preparação de TET

FEUP – LEEC – PSTFC – Relatório Estágio – Trabalhos Em Tensão 78

CLIENTE: EDP Norte EDIS-ARAS AREA DE REDE: Ave Sousa

INSTALAÇÃO

LINHA: Caniços–Ruivães 1 CAN 15-03-01 LINHA DERIVA

TENSÃO: 15 kv APOIO Nº: 7 VÃO APOIO Nº: AO Nº:

LOCALIZAÇÃO

FREGUESIA: CONCELHO:

Situação Inicial Linha principal Tipo de apoio RS Armação tipo Esteira Horiz. Tipo de fixação Amarração Isoladores AAB 508 Nat. Condutores Alumínio - Cobre Secção 235mm2 – 70mm2 Linha derivada 1 Armação tipo Esteira Horiz. Tipo de fixação Amarração Isoladores AAB 508 Nat. Condutores ALS Secção 50mm2 Linha derivada 2 Armação tipo Tipo de fixação Isoladores Nat. Condutores Secção

Materiais Código Quant. Código Designação

Tarefa Quant. Total

Ligador CD74AG 275913 6 108992 Manut. Secc 1 1 Ligador CD74CG 275915 6 Lig. Patilha Al 275478 3 Lig. Patilha Cu 275481 3 Alumínio 235mm2 275255 15 Cobre 70mm2 275303 15

DATA: ___ / ___ / _______ RESP. TRABALHOS:____________________

CROQUI: