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Título original: Fun and Games for a Smarter Dog Copyright © The Ivy Press Limited 2016 Edição original publicada no Reino Unido em 2016 por Ivy Press Ovest House, 58 West Street, Brighton, BN1 2RA Tradução © Brilho das Letras, Lisboa, 2017 Tradução: Isabel Ferreira Revisão: Ana Cunha/Editorial Presença Pré-impressão: Hugo Neves Impresso na China Depósito legal n.º 418016/16 1.ª edição, Lisboa, julho, 2017 Jacarandá é uma chancela da Brilho das Letras Reservados todos os direitos para Portugal à Brilho das Letras Uma empresa Editorial Presença Estrada das Palmeiras, 59, Queluz de Baixo, 2730-132 Barcarena [email protected] www.jacaranda.pt facebook.com/jacarandaeditora

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Título original: Fun and Games for a Smarter Dog

Copyright © The Ivy Press Limited 2016 Edição original publicada no Reino Unido em 2016 por Ivy Press Ovest House, 58 West Street, Brighton, BN1 2RA

Tradução © Brilho das Letras, Lisboa, 2017 Tradução: Isabel Ferreira Revisão: Ana Cunha/Editorial Presença Pré-impressão: Hugo Neves Impresso na China Depósito legal n.º 418016/16 1.ª edição, Lisboa, julho, 2017 Jacarandá é uma chancela da Brilho das Letras Reservados todos os direitos para Portugal à Brilho das Letras Uma empresa Editorial Presença Estrada das Palmeiras, 59, Queluz de Baixo, 2730-132 Barcarena [email protected] www.jacaranda.pt facebook.com/jacarandaeditora

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ÍNDICE

Introdução 7Brincar em Segurança 11

1. Brincar e Treinar Perceber o que os cães acham

sobre brincar 15

2. Jogos Básicos Usar jogos para ensinar 33

3. Jogos de Camaradagem Estreitar laços com a brincadeira 69

4. Jogos Mentais Melhorar o raciocínio do seu amigo

com jogos 89

5. Jogos Físicos Jogos para melhorar a boa forma

e a agilidade 115

6. Para DesvendarJogos mais além 145

7. Dar -se Bem Brincar cão a cão 159

Epílogo Brincar, sempre 170

Galeria Canina 172

Leituras Complementares 174

Índice Remissivo 175

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INTRODUÇÃO

Quando se trata de ensinar o seu cão, uma coisa é certa:

todos opinam. Quer tenha um cachorrinho, adotado um

cão adulto ou decidido que o seu amigo de longa data

precisa de um retoque comportamental (pois embora afável

não é muito obediente), há sempre peritos em treino por

perto. Muitos vão dizer ‑lhe, inopinadamente, que está

a fazer algo mal, uns vão oferecer alternativas, outros vão

insistir que o cão não o respeitará a menos que o domine

(ignore, principalmente, estes). Outros ainda vão falar‑

‑lhe sobre o excelente profissional que lhes resolveu os

problemas. Este livro, é claro, é também um entre vários,

muitos dos quais dão conselhos contraditórios. Tudo isto

pode ser confuso, portanto, como pode treinar o seu cão de

forma a solidificar a vossa relação ao mesmo tempo que se

divertem e incorporam lições que o ajudam a inserir ‑se na

sociedade? E poderá isso ser feito de modo a que ambos

fiquem em forma, ou a mantenham, e se sintam felizes?

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Introdução

A verdade é que tem um verdadeiro perito por perto: o seu cão. Com toda a informação que existe, por vezes esquecemo ‑nos de algo importante: podemos aprender tanto (ou ainda mais) com os cães, do que eles connosco. Eles vivem num mundo feito para pessoas e seguem essas regras. Por norma fazem ‑no com sucesso e muito melhor do que a maioria de nós, caso a situação se invertesse e fôssemos transportados para o mundo deles.

Enquanto espécie, os cães domésticos são extraordinariamente adaptáveis e tolerantes. São animais muito sociais, que recolhem de nós enormes quantidades de informação e, muitas vezes, aprendem mais com a linguagem corporal do que com as verbalizações (adiante aprofundaremos isso). Têm os sentidos mais desenvolvidos do que os nossos e o nariz deles é cerca de mil vezes mais sensível. Dependem do olfato para saber novidades e inferem bastante apenas de um olhar sobre o que os rodeia. É verdade que não podem falar, mas observam e ouvem atentamente. Têm uma extraordinária capacidade de perdoar: mesmo depois de errarmos ao ensinar ‑lhes algo simples, baralhando os sinais, emitindo linguagem corporal confusa e levantando a voz em vez de nos concentrarmos no que dizemos, os cães vão continuar a procurar instruções em nós e a tentar compreender ‑nos.

Estas são boas razões para se dar ao trabalho de aprender a ensinar pacientemente o seu cão, a ter noção do que por norma resulta e do que não surte efeito, com consciência de que o seu cão

é um cão e não uma pequena pessoa peluda. Os capítulos que se seguem têm em conta todos estes fatores.

O trabalho com o cão deve continuar ao longo da vida, sendo parte integral da vossa relação. A dada altura vai sentir que ele já está treinado, quando souber o que é considerado aceitável, tanto em casa como na rua, e cumpre a maioria das regras. Mas se parar por aqui, como tanta gente faz, vai escapar ‑lhe uma habilidade (literalmente). Como uma mistura de treino e brincadeira é divertida e, uma sessão curta de dez minutos, inserida na rotina que os donos estabelecem, não cansa, o sistema de recompensas vai ser gratificante. Misture aquilo que quer que ele aprenda e aquilo que ele adora fazer, mantenha o treino interessante, entremeando elementos da rotina com desafios e surpresas e terá um amigo sempre jovem e feliz por passar mais tempo consigo.

E a parte do «mais esperto»? Pode mesmo ensiná ‑lo a ser mais esperto? Não se trata de lhe aumentar o QI canino, mas com sessões de treino e diversão curtas, frequentes e consistentes, pode evidenciar os seus pontos fortes, livrar ‑se de grande parte das dificuldades do dia a dia, alargar ‑lhe os horizontes e certificar ‑se de que ele é um cidadão canino bem formado, com personalidade e um respeito saudável pelas regras. Tudo isto faz dele um cão mais esperto.

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BRINCAR EM SEGURANÇA Quando se trata de jogos e atividades para fazer com o seu cão, as possibilidades são quase infinitas. Contudo, antes de começar, é essencial certificar ‑se de que vão brincar em segurança.

IDADE E FORMA FÍSICAQuase todos os cães podem fazer alguns jogos e aprender truques enquanto se divertem. No entanto, se está a treinar um cão muito jovem ou idoso, tenha cuidado para não o pressionar demais. Os cães em fase de crescimento (com menos de um ano e, em algumas raças, até aos dois anos) não devem saltar nem cansar ‑se muito. Use o bom senso se o cão parecer exausto, pois um cão jovem nem sempre sabe parar. No outro extremo da faixa etária, não exija demais de um cão idoso. A energia de um cão com dez anos não é igual à de um cão no auge da sua condição física e os animais mais velhos ou com artrites não devem ser sobre‑excitados pois podem magoar ‑se.

Saltar, ficar em pé, «andar» sobre as patas traseiras ou virar ‑se de repente pode causar lesões recorrentes ou levar a fraqueza ou tensão a longo prazo em cães jovens, idosos, obesos ou fora de forma. Use o bom senso para decidir o que é adequado para o seu amigo. Além disso, as raças braquicéfalas (de focinho achatado, como os Buldogues), não devem esforçar ‑se demasiado. Nos capítulos seguintes, incluímos uma nota quando o truque ou o jogo não são a melhor escolha para um cachorro, um cão idoso ou um cão fora de forma, com sugestões para o adaptar, se necessário.

CONHEÇA O SEU CÃOOs donos conhecem melhor do que ninguém as preferências dos cães e podem apelar aos seus pontos fortes. Se o cão não for seu, confira as preferências com os donos e seja cuidadoso e observador durante a interação. Antes de começar, precisa de conhecer as tendências comportamentais do cão. Por exemplo, se um cão tende a ser possessivo com os brinquedos preferidos, é melhor familiarizá ‑lo com o ato de deixar (ver pp. 56‑57) ou trocar (ver pp. 86‑87) antes de fazer um jogo com brinquedos. Cães que tendem a ser competitivos precisam de ser cuidadosamente apresentados a jogos competitivos, como o de puxar. Se o seu amigo não se entusiasmar com uma atividade em particular, não o force, experimente outra. A escolha é variada e o cão vai aprender mais facilmente se o dono se concentrar nos pontos fortes, sem se importar que ele se revele um atleta, um pensador ou um palhaço que adora entreter o público.

AS CRIANÇAS E OS CÃES As crianças e os animais podem ter uma excelente relação, mas devem ser sempre vigiados. Nunca deixe uma criança sozinha com um cão. Se o entusiasmo escalar, o tom agudo das crianças pode agitar os cães e fazer

Brincar em Segurança

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Brincar em Segurança

a diversão acabar mal. As crianças devem ser ensinadas a brincar com os cães, sem os assustarem ou maltratarem. O contacto visual prolongado é de evitar, sobretudo quando efetuado ao nível dos olhos do cão. Os cães não costumam gostar que os olhem fixamente e caso se sintam ameaçados é provável que mordam. Certifique ‑se de que supervisiona as brincadeiras, não deixe que as crianças puxem o cão e desencoraje jogos de perseguição ou controle ‑os com firmeza (pois com o entusiasmo, é provável que o cão salte e mordisque a criança quando a «apanhar»). Envolva as crianças nos treinos desde o início. Ter a ajuda de uma criança para treinar o cão durante todas as etapas de um exercício fácil é uma excelente forma para que eles aprendam a interagir de modo agradável.

OBSERVE Os problemas entre cães e pessoas surgem, muitas vezes, porque uma das espécies não entende bem a linguagem corporal da outra. Aprenda a observar atentamente o cão enquanto o ensina. Sendo observador vai familiarizar ‑se com o seu comportamento, perceber se um jogo está a deixar de ser divertido e estará também mais atento a sensibilidades que precisem de ser geridas.

Lembre ‑se de que cada cão é um indivíduo com diferentes limites e níveis de entusiasmo. Um jogo de procurar um biscoito pode ser agradável para um cão mas sobre‑excitar outro, um cão que por natureza gosta de ir buscar coisas pode adorar jogos que o ensinem a transportar diferentes objetos e outro cão pode não se interessar por transportar seja o que for. Tome decisões informadas e os seus jogos serão divertidos para ambos.

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Tanto os humanos como os cães, gostam de brincar. Se convive com cães, sabe que muita da interação acontece naturalmente: atirar uma bola, brincar à apanhada e treinar alguns comportamentos com a ajuda de biscoitos são, provavelmente, atividades de que desfrutou com o seu cão, sem sequer pensar nelas. Contudo, se quiser usar a brincadeira para treinar ou encorajar as iniciativas do seu cão, vale a pena aprender um pouco mais sobre como a brincadeira canina se desenvolve e sobre como pode tirar partido dos comportamentos naturais do seu amigo.

BRINCAR E TREINARPERCEBER O QUE OS CÃES ACHAM

SOBRE BRINCAR

CAPÍTULO 1

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Brincar e Treinar / Brincadeira natural

BRINCADEIRA NATURALBrincar é natural para os cães e, a partir das três semanas, os cachorros costumam explorar de forma ativa o meio que os rodeia, usando as patas, a boca e dando cambalhotas uns com os outros. Com quatro semanas, se não estiverem a comer ou a dormir, vão estar numa mistura indecifrável entre brincadeira e exploração.

BRINCAR OU PRATICAR?Os cachorrinhos passam algum tempo a brincar com a mãe (que usa «jogos» para ensinar comportamentos caninos educados, por exemplo, afastará com a pata um cachorro que morda com muita força), mas passam muito mais tempo a brincar com os irmãos. Se observar cachorros com um mês, vai reconhecer alguns jogos. Vão brincar à apanhada e a rebolar, mas também vão brincar sozinhos, a perseguir uma bola e a explorar objetos com os dentes.

Até aqui, tudo familiar: muitas dessas brincadeiras podem ter na sua origem a prática para uma vida adulta selvagem, onde o cão teria de caçar ou procurar alimento. Até certo ponto, as brincadeiras espelham o comportamento de muitos outros mamíferos que também gostam de brincar quando são imaturos, mas perdem o entusiasmo ao passar para a idade adulta.

UM TRAÇO COMUMNem todas as espécies levam a brincadeira para lá da adolescência, mas os cães e os humanos fazem ‑no. Os cães, tal como as pessoas, parecem retirar prazer das brincadeiras, seja com um brinquedo ou com a interação com outros cães ou pessoas. A maioria dos cães pode ser encorajada a brincar, de uma forma ou de outra e, se virem o impulso nos outros, reconhecem ‑no. De cão para cão, desenvolveram uma linguagem corporal fluente, a que outros cães brincalhões reagem e respondem, desde a vénia que serve de convite, à enorme boca aberta que mostra que as dentadas não são a sério. Vale a pena aprender ao observar as brincadeiras dos cães, para que se possa familiarizar com os sinais que indicam brincadeira ou algo mais sério. Dessa forma saberá se deve ou não interromper uma brincadeira que se está a tornar muito intensa pois aprenderá a reconhecer quando os cães estão apenas a brincar.

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E SE O SEU CÃO NÃO GOSTAR DE BRINCAR?Tal como as pessoas, há cães mais brincalhões do que outros. Alguns são palhaços por natureza, outros são mais reservados e outros há que encaram o jogo como uma tarefa a fazer. Este último grupo tende a ser particularmente fácil de ensinar, pois gosta de ter um objetivo cujo resultado final seja uma guloseima e um elogio. No caso raro de um cão não querer mesmo brincar, os próximos capítulos contêm ideias para o encorajar.

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Brincar e Treinar / Quando brincar é treinar

QUANDO BRINCAR É TREINARNo passado, treinar o cão e brincar com o cão eram coisas diferentes. Poderia pensar ‑se que treino é o trabalho duro e a brincadeira é a recompensa de que ambos desfrutam quando o trabalho está feito. Mas não há razão que o impeça de treinar o cão enquanto brinca com ele. Os jogos podem estreitar os vossos laços, encorajar o cão a estar mais atento aos seus sinais e fortalecer a vossa relação.

O SEU CÃO SABE A DIFERENÇA?O seu cão sabe se está a brincar ou a aprender uma lição? Não. Os estudos mostram que o distanciamento de consciência canino (o grau a que se conseguem ver numa situação, como se de uma terceira parte se tratasse) não é muito extenso. Se o jogo for uma caça ao biscoito, por exemplo, o cão não vai pensar se o está a ensinar ou não. Terá noção de que está a interagir consigo, de que a interação é positiva e que mal consegue esperar por encontrar o biscoito seguinte. O elevado nível de concentração ajudá ‑lo ‑á a pensar bastante (pois os biscoitos estão escondidos em locais cada vez mais difíceis de farejar) e vai procurar a sua ajuda (pistas) para continuar a atividade que lhe está a agradar. Ambos ganham.

QUANDO COMEÇA A PARTE DO TREINO?Sempre que o cão interage consigo, está a aprender a ler melhor os seus sinais. Se brincar com ele tendo objetivos específicos, pode usar a brincadeira para canalizar a concentração, o que por sua vez ajuda a estreitar os laços que vos unem. No processo, vai emitir sinais cada vez mais claros acerca daquilo que quer

que ele faça e mostrar ‑lhe que obtém um resultado positivo sempre que o faz. É condicionamento operante no seu melhor. E funciona.

OS CÃES APRENDEM DE FORMAS DIFERENTES?Até certo ponto, todos os cães aprendem da mesma forma, mas tal como as pessoas, têm diferentes personalidades e alguns são mais espertos do que outros (tal como uns são mais afetuosos ou enérgicos), portanto faz sentido interagir com o seu cão de forma a realçar os seus pontos fortes. Os capítulos que se seguem incluem vários jogos e atividades, mas também sugerem formas de os adaptar às preferências do seu amigo.

Por exemplo, se tiver um cão que vai dos zero aos cem na escala do entusiasmo quando lhe mostra um brinquedo que apita, mas o seu objetivo é que ele seja menos hiperativo na interação, preste especial atenção ao capítulo Jogos Mentais (ver pp. 88‑113), que sugere formas de ajudar o seu amigo a concentrar ‑se sem o instigar ao entusiasmo exagerado. Com estes jogos, ele continuará a pensar que está apenas a brincar consigo, quando na verdade está a ir ao encontro do seu objetivo.