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  • A ENFERMAGEM FRENTE A CRIANA PORTADORA DE HIV

    BORGES, Janiele Cristine Peres 1

    ESCOBAL, Ana Paula de Lima 2

    PERES, Maria Cndida Nunes 3

    VAZ, Milene Fagundes 4

    ROSA, Sueine Valado da 5

    Introduo: A infncia representa a fase do ciclo vital de maior relevncia para for-mao do ser humano, j que nesse mo-mento que a criana comea perceber que o mundo vai alm da simbiose me-fi lho, passando a descobrir e inserir-se no mundo real, interagindo com ele no sentido de bus-car a sua essncia. Neste contexto, o ser-criana encontra-se num contnuo processo de crescimento e desenvolvimento, traduzi-do pelo progressivo e dinmico amadureci-mento em termos do seu potencial fsico, psquico, emocional e espiritual, construin-do assim a sua identidade e individualidade enquanto membro de uma famlia, e sujeito de direitos, apesar de sua peculiar fragilida-de, e exigindo, portanto um cuidado dire-cionado as singularidades das suas necessi-dades, o que contribuir para seu bem viver no universo familiar e social. Nessa pers-pectiva torna-se fundamental uma refl exo acerca do cuidado em enfermagem com-prometido com as reais necessidades das comunidades, na medida em que as aes em sade somente so efetivas quando vo ao encontro das emergentes angustias so-ciais, dentre as quais se encontra a criana portadora do Vrus da Imunodefi cincia Humana, mais conhecido como HIV, sa-lientado-se que houve um crescimento na incidncia de crianas acometidas pelo v-rus nos ltimos 20 anos (1). Sabe-se que a AIDS, ou Sndrome da Imunodefi cincia Humana ocorre aps a infeco do organis-

    mo humano pelo vrus HIV, o qual destri os linfcitos, tornando a pessoa vulnervel a outras infeces e doenas oportunistas, o que vai requisitar uma srie de cuidados para manter a qualidade de vida e driblar as intempries possivelmente advindas. H al-guns anos, receber o diagnstico de AIDS era quase uma sentena de morte. Atual-mente, porm, a AIDS j pode ser conside-rada sob a tica de uma enfermidade crni-ca, na medida em que uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vrus por um longo perodo, sem aparentar nenhum sin-toma ou sinal. Isso tem sido possvel graas aos avanos tecnolgicos e s crescentes pesquisas que propiciam o desenvolvimen-to de teraputicas cada vez mais efi cazes no controle das manifestaes, pois a cura em verdade ainda permanece na obscuridade. Todos estes fatores possibilitam aos porta-dores dessa sndrome ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade(2). Assim, o cuidado s crianas portadoras do vrus da imunodefi cincia humana e a ade-quada assistncia familiar, de grande rele-vncia uma vez que dele em parte depende a sobrevida e o nvel da qualidade de vida das mesmas, pois como seres em cresci-mento e, portanto indefesos e desprovidos de capacidade de autocuidado, necessitam ser cuidadas e supridas em suas carncias, fazendo-se necessrio que as equipes de sade estejam preparadas, com conheci-mentos tcnicos pertinentes, aliado ao do

  • conhecimento do contexto scio econmi-co e cultural a que estes seres esto inseri-dos, para assim desenvolver um cuidado diferenciado, individualizado e humaniza-do e uma educao em sade com qualida-de e efi ccia(1). Objetivo: Oferecer subs-dios para refl exo frente s facetas que constituem o mundo de uma criana porta-dora da Sndrome da Imunodefi cincia Hu-mana, possibilitando o repensar do cuidado em enfermagem. Metodologia: trata-se de uma refl exo terica embasada na literatura sobre a criana portadora do HIV e a assis-tncia de enfermagem Desenvolvimento: a instalao do vrus HIV no organismo pro-voca ampla disfuno imunolgica, uma vez que compromete o principal compo-nente do sistema imunolgico, os linfcitos T, estabelecendo assim a imunodefi cincia caracterstica da sndrome. As primeiras v-timas do vrus so conhecidas como clulas CD4, as quais sofrem um processo infec-cioso progressivo, com conseqente enfra-quecimento paulatino das defesas do orga-nismo, o que o torna vulnervel a inmeras doenas. Na seqncia o vrus provoca a ativao dos linfcitos B, com aumento na produo de imunoglobulinas, desencade-ando transtornos caractersticos como gn-glios enfartados, mialgias, febre e fadiga. Num segundo momento, o vrus permanece em latncia clnica e os pacientes podem estar assintomticos, no entanto mantm-se a replicao do HIV, levando a debilidade imunolgica do hospedeiro(3). Vale ressaltar que a AIDS no se manifesta igualmente em todas as pessoas, sendo que nas crian-as pode se manifestar por dfi cit de desen-volvimento, diarria crnica e freqentes infeces de repetio. No raro as crian-as at o terceiro ou quarto ms apresenta-rem-se assintomticas, ou qui com alte-

    raes que so primeiramente associadas a outros fatores que no a aids, at que haja o diagnstico preciso(4). O nmero de casos de aids infantil notifi cados de 1980 a 2002 foi de 8.721, sendo que 85,9% destes a con-taminao deu-se por exposio vertical(5). A transmisso do HIV na populao pedi-trica pode ocorrer atravs de transmisso vertical ou materno-infantil, sendo o pero-do intraparto responsvel por 70% das chances de transmisso, intra-tero 20% e ps-parto 10%(6), transfuso sangunea, atualmente rara pela testagem de amostras, exposio sexual, casos de abuso sexual, e aleitamento materno. Salienta-se que so consideradas infectantes secrees vagi-nais, smen, liquor, sangue e leite materno de pessoas infectadas, sendo as demais se-crees corporais no-infectantes, desde que no contenham sangue(2). O indivduo infectado pelo HIV, devido fragilidade do seu sistema imunolgico, pode ser acome-tida de graves infeces oportunistas, neo-plasmas secundrios ou doenas neurolgicas(3) necessitando freqentes in-ternaes hospitalares, acrescentando pre-juzo em termos de seu desenvolvimento e onerosos gastos ao estado, o qual j arca com todo o custeio da teraputica anti-re-troviral desses pacientes. Nessa perspectiva vislumbra-se o quo importante o traba-lho de Enfermagem na preveno e educa-o em sade em relao a essa problem-tica de sade pblica. Nessa viso o traba-lho j se inicia no pr-natal, onde o teste deve ser oferecido a todas as gestantes in-dependente da situao de risco para o HIV, pois sabe-se que existe uma seqncia de medidas efi cazes para minimizar o risco da transmisso vertical, quais sejam o diag-nstico precoce da gestante infectada, o uso de anti-retrovirais, no caso Zidovudina ou

  • AZT, pela gestante, parto cesariano progra-mado, suspenso do aleitamento materno substituindo-o por leite artifi cial(2) e por l-timo a administrao de AZT xarope ao re-cm nascido, preferencialmente nas pri-meiras duas horas de vida, sendo mantido por seis semanas. A maioria das crianas nascidas de mes infectadas no apresenta nenhum sinal de infeco, mas os anticor-pos maternos podem permanecer meses na circulao da criana, podendo acusar nos testes um falso-positivo, assim de modo geral a criana pode ser considerada infec-tada se aps os 18 meses os exames persis-tirem reagentes, devendo essa fazer um acompanhamento sorolgico para compro-var tal situao(7). Dessa maneira necess-rio um acompanhamento de sade diferen-ciado dessa criana, visto que elas podem, j nos primeiros meses de vida, apresentar alteraes com prejuzo ao seu bom desen-volvimento. Apesar das diversas pesquisas ainda no existe vacina nem cura da AIDS(4), sendo que h uma preocupao em garan-tir uma vida com maior qualidade aos por-tadores e suas famlias, primando assim por um bem viver e conviver, de forma no ex-cludente, mas como um ser humano digno de respeito e considerao. Assim, a enfer-magem em quanto uma profi sso que cui-da, tem um papel de fundamental impor-tncia no que tange a assistncia da criana com HIV e sua famlia, seja no cuidado a nvel hospitalar ou ambulatorial, desenvol-vendo aes educativas com essa famlia ora em termos dos cuidados ideais no senti-do de evitar infeces oportunistas e com-plicaes para a criana as quais compro-metem sua qualidade de vida, e para preve-nir a transmisso entre os membros da fa-mlia, ora no sentido de desmistifi car as-pectos atrelados a convivncia social dessa

    criana, que amide encontra-se prejudica-da em virtude da existncia de preconceito associado carncia de informaes. A convivncia com a condio de portador leva as crianas e seus cuidadores a evita-rem contextos que podem propiciar a estig-matizao, incorrendo em restries de si-tuaes cotidianas como ir escola, traba-lhar, usufruir dos servios de sade, praticar esportes e freqentar festas ou outros espa-os de lazer. Por esse motivo, o enfermeiro deve preocupar-se em certifi car-se de que os pais estejam bem orientados a respeito das possveis formas de transmisso, no privando a criana portadora do HIV de brincar ou aproximar-se de irmos, fami-liares e/ou amigos, intervindo no sentido de proteg-la e de garantir que o desenvol-vimento dessa criana e a vida dessa fam-lia transcorram de forma mais natural pos-svel. Alm disso, o enfermeiro deve estar atento aos sinais de desnimo familiar de-corrente do desgaste emocional frente s intercorrncia, buscando o apoio das de-mais redes de profi ssionais e afetivo-sociais a disposio. Consideraes fi nais: Con-tudo evidente que devemos seguir inves-tindo pesado em preveno, pois represen-ta a melhor soluo para essa gigante pro-blemtica de sade pblica, entretanto quando a situao j de contaminao, torna-se imprescindvel a assistncia de en-fermagem com vistas ao bloqueio do pro-cesso de transmisso e de preservao dos direitos fundamentais do ser humano, prin-cipalmente em relao a frgil e indefesa populao peditrica, assim estaremos con-tribuindo para a melhoria da qualidade de vida do portador e sua famlia.

  • Referncias

    1. Paula CC, Padoin SMM, Vernier ETN, Motta MGC. Refl exes acerca do ser-criana e do cuidado em enfermagem no contexto da AIDS. Rev Gacha Enferm. 2003 Ago; 24(2):189-95.

    2. Ministrio da Sade (BR). Aprenda so-bre AIDS e HIV. [on line] 2008; [citado 2008 jun 28]; [aprox 7 telas]. Disponvel em http://www.aids.gov.br.

    3. Rodrigues VD, vila WRM. Relao da atividade fsica sistematizada com portado-res de HIV / AIDS. Revista Digital -Buenos Aires- [on line] 2008; [citado 2008 abr]; 13(119): [aprox. 1 tela]. Disponvel em http://www.efdeportes.com

    4. Hospital Virtual. A Criana e a AIDs [on line] 1997; [citado 2008 jun 25]; [aprox 1 tela]. Disponvel em http://www.hospvirt.org.br.

    5. Ministrio da Sade (BR). Guia de tra-tamento clnico da infeco pelo HIV em crianas. Braslia: DF; 2002.

    6. Silva CLO, Lerner M. Aids Peditrica. In: Ferreira JP, organizador. Pediatria: diag-nstico e tratamento. Porto Alegre: Artmed; 2005. p 705-712.

    7. Ministrio da Sade (BR). Guia de tra-tamento clnico da infeco pelo HIV em pediatria Braslia: DF; 2006.