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LAURA BÚRIGO LIMA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E SUAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO-UFSC Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2011

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LAURA BÚRIGO LIMA

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E SUAS MEDIDAS

DE PREVENÇÃO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO-UFSC

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina como requisito

para a conclusão do Curso de Graduação

em Medicina.

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2011

LAURA BÚRIGO LIMA

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E SUAS MEDIDAS

DE PREVENÇÃO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO-UFSC

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina como requisito

para a conclusão do Curso de Graduação

em Medicina.

Coordenador do Curso: Prof. Carlos Eduardo Andrade Pinheiro

Orientador: Prof. Anelise Steglich Souto

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2011

iii

AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Isabel, pela minha educação, por me guiar na construção do meu caráter

e pelo apoio incondicional.

Aos meus irmãos, Júlia e Ramiro, pela amizade, companheirismo, carinho e

preocupação sempre.

A toda minha família, que sempre esteve e estará comigo, pela ajuda e participação na

luta pelos meus sonhos.

Ao meu namorado, Luiz Felipe, simplesmente por me fazer mais feliz e por me fazer

querer ser uma pessoa melhor sempre.

Às minhas queridas e eternas amigas, em especial à Vanessa, que deixaram esses anos

de caminhada muito mais divertidos e, com certeza, inesquecíveis.

À minha orientadora, Professora Anelise Steglich Souto, que com sua dedicação e

competência, permitiu-me concluir mais uma etapa da minha vida.

Aos funcionários do Hospital Dia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, pela

disponibilidade e ajuda no levantamento dos prontuários.

Enfim, agradeço a todos que fizeram parte e auxiliaram-me nessa trajetória tão

importante da minha vida.

iv

RESUMO

Objetivos: Determinar a taxa de transmissão vertical do HIV, verificar em que proporção as

medidas disponíveis para a redução dessa transmissão foram realizadas e avaliar o seguimento

das crianças expostas.

Métodos: Em um estudo observacional, transversal e retrospectivo, foram incluídas mulheres

infectadas pelo HIV admitidas para parto entre 01/01/2006 a 30/09/2009 e seus conceptos.

Dados referentes ao momento do diagnóstico da infecção, à realização de pré-natal e às

medidas de prevenção da transmissão vertical foram verificados, assim como a ocorrência da

infecção nas crianças expostas.

Resultados: No período estudado, 41 (0,67%) entre 6140 puérperas eram soropositivas,

sendo que 12% tiveram diagnóstico na admissão para parto. 51% utilizaram TARV com

início até 28 semanas de gestação, o período de amniorrexe foi inferior a quatro horas em

78% das parturientes e 73% receberam AZT por no mínimo três horas antes do parto.

Observou-se que 21 (51%) partos ocorreram por via vaginal, porém 18 destes preenchiam

critérios para cesariana. Das 41 crianças, nenhuma foi amamentada e todas receberam AZT

após nascimento. A realização de todas as intervenções para prevenção da transmissão

vertical ocorreu em apenas 14 (34%) pacientes. Houve um óbito neonatal e perda de

seguimento de 2 crianças. O diagnóstico de infecção pelo HIV foi confirmado em uma (2,6%)

criança.

Conclusão: A assistência às gestantes infectadas pelo HIV mostra-se ainda insatisfatória, e

devem, estes resultados, servir de alerta para todos os envolvidos com o cuidado da gestante

soropositiva e com o recém-nascido exposto ao vírus.

v

ABSTRACT

Objectives: To determine the HIV vertical transmission rate, verify the implementation of

available resources in order to decrease transmission and evaluate the follow-up of HIV-

exposed children.

Methods: An observational, cross-sectional and retrospective study of HIV-infected women

admitted for delivery from January 1st 2006 to September 30

th 2009 and their conceptus. Data

of the HIV diagnosis, prenatal care and vertical transmission prophylactic measures were

verified, as well as the occurrence of infection in the exposed children.

Results: Within the studied period, 41 (0.67%) of 6140 puerperal women were HIV positive,

12% were diagnosed when admitted for delivery. 51% started ART previous to the 28th

week

of pregnancy, the amniorrhexis period was less than 4 hours in 78% and 73% of the parturient

received AZT for at least 3 hours previous to delivery. Vaginal birth occurred in 21 (51%),

although 18 of them had met criteria for elective cesarean section. None of the 41 children

was breastfed and all received AZT after birth. Implementation of all vertical transmission

prophylactic resources occurred in only 14 (34%) cases. There were one neonatal death,

follow-up loss of two children and one (2.6%) HIV infection diagnosis confirmed.

Conclusion: HIV infected women prenatal care remains unsatisfactory and the results should

be a warning for everyone involved with health care of HIV-positive pregnant women and

newborns exposed to the virus.

vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

AZT Zidovudina

CEPSH Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

CV Carga Viral

DNA Ácido Desoxirribonucléico

DST Doença Sexualmente Transmissível

EIA Enzyme Immunoassay

ELISA Enzyme-linked immunosorbent assay

HIJG Hospital Infantil Joana de Gusmão

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HU Hospital Universitário

MEIA Microplate Enzymatic Immunoassay

NASBA Nucleic Acid Sequence Based Amplification

PACTG 076 AIDS Clinical Trail Group Protocol 076

PCR Polimerase Chain Reaction

RN Recém-nascido

RNA Ácido Ribonucléico

TARV Terapia Antirretroviral

TV Transmissão Vertical

UBS Unidade Básica de Saúde

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para parto no HU/UFSC

conforme o número de consultas de pré-natal realizadas.......................................................... 9

Figura 2 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas admitidas para parto no HU/UFSC

quanto ao trimestre de início do acompanhamento pré-natal entre aquelas que realizaram pelo

menos uma consulta..................................................................................................................10

Figura 3 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para parto no HU/UFSC de

acordo com o momento do diagnóstico da infecção pelo HIV.................................................10

Figura 4 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para parto na Maternidade do

HU/UFSC de acordo com a realização da quimioprofilaxia endovenosa intra-parto com

AZT...........................................................................................................................................11

Figura 5 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas admitidas para parto no HU/UFSC de

acordo com a via de parto.........................................................................................................12

Figura 6 - Distribuição dos binômios mãe-filho atendidos para parto no HU/UFSC de acordo

com a administração de quimioprofilaxia com AZT nos 3 momentos atualmente preconizados

pelo Ministério da Saúde...........................................................................................................13

Figura 7 - Distribuição das 41 mulheres atendidas para parto no HU/UFSC de acordo com o

cumprimento de todas as medidas atualmente disponíveis e indicadas para a prevenção da

transmissão vertical do HIV......................................................................................................13

Figura 8 - Distribuição das 37 crianças não infectadas de acordo com os exames realizados

para definição do seu status sorológico.....................................................................................15

Figura 9 - Condição infecciosa das crianças expostas verticalmente ao HIV no HU-UFSC de

janeiro de 2006 a setembro de 2009..........................................................................................15

viii

SUMÁRIO

FALSA FOLHA DE ROSTO......................................................................................................i

FOLHA DE ROSTO...................................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................iii

RESUMO...................................................................................................................................iv

ABSTRACT..................................................................................................................................v

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS..................................................................................vi

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................vii

SUMÁRIO...............................................................................................................................viii

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1

2.OBJETIVOS............................................................................................................................6

3.MÉTODOS..............................................................................................................................7

4.RESULTADOS.......................................................................................................................9

5.DISCUSSÃO..........................................................................................................................16

6.CONCLUSÕES......................................................................................................................23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................24

NORMAS ADOTADAS...........................................................................................................27

ANEXOS...................................................................................................................................28

APÊNDICE...............................................................................................................................31

FICHA DE AVALIAÇÃO........................................................................................................32

1

1. INTRODUÇÃO

A eclosão de uma nova doença, no início dos anos 80, inicialmente definida como

síndrome e posteriormente identificada como entidade clínica e de etiologia viral, que passou

a ser conhecida, em nível global, pela sigla AIDS (do inglês “Acquired Imunodeficiency

Syndrome”), foi responsável por alterações significativas em campos que não somente os da

saúde em si, principalmente por mesclar assuntos antes tão distantes, como comportamento

sexual e doença.1

Nos anos seguintes da década de 80, a identificação do agente etiológico, a

disponibilidade de testes diagnósticos e outros avanços tecnológicos levaram a sucessivas

modificações na definição de caso de AIDS. As pesquisas clínicas e os dados epidemiológicos

tiveram um papel fundamental na formação do consenso em torno do vírus da

imunodeficiência humana, o HIV, como foi chamado o agente causal da AIDS.1

Do início até o presente, a dinâmica da disseminação espaço-temporal da epidemia de

AIDS no Brasil tem sido subdividida em três fases. A primeira, no início dos anos 80,

caracterizou-se, principalmente, pela concentração de casos no eixo Rio de Janeiro - São

Paulo e outras metrópoles localizadas no Sudeste e Sul, sendo restrita a certos grupos

populacionais, como os homo e bissexuais e os receptores de sangue e hemoderivados. A

segunda fase, nos primeiros anos da década de 90, foi caracterizada pelo aumento do número

de casos entre usuários de drogas injetáveis, bem como pelo início do aumento dos casos por

transmissão heterossexual. Nessa fase, a epidemia expandiu-se por todos os estados

brasileiros, embora ainda atingindo, basicamente, as cidades de porte médio, localizadas,

sobretudo, nas regiões Sul e Centro-Oeste. A terceira fase da epidemia caracteriza-se,

principalmente, pelo expressivo número de casos por transmissão HIV entre indivíduos

heterossexuais, resultando no aumento acentuado da incidência entre as mulheres. Esse

processo, denominado de “heterossexualização”, acelerou a disseminação geográfica da

epidemia de AIDS em todo o território nacional, atingindo os municípios de pequeno porte.

Como resultado da expansão da epidemia na população heterossexual, as mulheres têm sido

acentuadamente afetadas, acarretando, por sua vez, o aumento dos casos de crianças

infectadas por transmissão materno-infantil.²

Com uma prevalência de 0,41% de infecção pelo HIV em gestantes brasileiras, estima-

se que 12.456 recém-nascidos (RN) sejam expostos ao vírus anualmente.3 No período de 1980

a junho de 2009, foram diagnosticados no país 12.463 casos de transmissão vertical (TV) do

2

HIV e até 2008, foram declarados 3.758 óbitos por AIDS em menores de cinco anos de

idade.4

A transmissão vertical é decorrente da exposição da criança à infecção pelo HIV

durante a gestação, parto ou aleitamento materno/aleitamento cruzado.1

Dentre os fatores

associados à transmissão materno-infantil, destacam-se: a alta carga viral (CV) materna, a

ruptura prolongada das membranas amnióticas, a presença de infecção sexualmente

transmissível, o tipo de parto, a prematuridade e o uso de drogas.²

A taxa de transmissão vertical, quando nenhuma intervenção é realizada, situa-se em

torno de 25,5% e ocorre pela passagem do vírus da mãe para o feto/recém-nascido durante a

gestação, pela vai transplacentária (35%), trabalho de parto e parto propriamente dito, pelo

contato do sangue do feto com o sangue e secreções maternas (65%) e amamentação, no qual

o risco varia de 7 a 22% a cada nova exposição.5

Grande marco histórico na transmissão vertical do HIV ocorreu após o estudo PACTG

076 (Pediatric AIDS Clinical Trial Group), o qual foi publicado no ano de 1994. Tal estudo

identificou uma redução de dois terços ou 67,5% da transmissão vertical do vírus da AIDS

com a utilização de zidovudina (AZT) durante a gestação, durante o parto e ao recém-nascido,

quando comparada ao grupo placebo.6 Baseado em tais achados, a força tarefa do

departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos da América rapidamente recomendou que

o estudo fosse interrompido e que todas as gestantes, a partir daquele momento, tivessem

acesso ao teste anti-HIV durante o período pré-natal e que para as soropositivas fosse

oferecido o esquema de drogas antirretrovirais, conforme exposto no protocolo publicado no

estudo.7

Vários outros estudos sucederam o PACTG, realizados nos Estados Unidos, Europa,

África e Ásia e confirmaram a eficácia da zidovudina na redução das taxas de transmissão

vertical, inclusive quando a mesma era realizada tardiamente na gestação e até mesmo quando

era administrada somente para o recém-nascido, após o nascimento.8

Atualmente, as intervenções para redução da transmissão vertical são: o uso de

antirretrovirais iniciado depois do primeiro trimestre até no máximo a 28ª semana de

gestação,9 com possibilidade de indicação de AZT ou terapia tríplice; utilização de AZT

injetável durante o trabalho de parto; realização de parto cesárea eletivo em gestantes que não

receberam terapia tríplice ou com cargas virais elevadas ou desconhecidas; AZT oral para o

recém-nascido exposto e inibição de lactação associada ao fornecimento de fórmula infantil

até os 6 meses de idade.10

Deve-se administrar a zidovudina por via intravenosa durante todo

3

o trabalho de parto e parto, até a ligadura do cordão umbilical, e o recém-nascido deve receber

zidovudina solução oral, preferencialmente ainda na sala de parto logo após os cuidados

imediatos ou nas primeiras duas horas após o nascimento, devendo ser mantido o tratamento

durante as primeiras 6 semanas de vida (42 dias).3 Recomenda-se ainda evitar que as

parturientes portadoras do HIV permaneçam com bolsa rota por mais de quatro horas ou em

trabalho de parto prolongado, visto que a taxa de transmissão vertical aumenta

progressivamente após quatro horas de bolsa rota (cerca de 2% a cada hora até 24 horas).3

Estes procedimentos estão disponíveis para toda a população de forma universal e

gratuita,3 e a taxa de transmissão vertical do HIV pode ser reduzida a níveis entre 1 a 2% com

a aplicação de medidas adequadas durante o pré-natal, parto e puerpério.11

Apesar das intervenções preconizadas terem grande impacto na transmissão vertical do

HIV, esta ainda permanece elevada, no Brasil, devido à baixa cobertura das ações

recomendadas pelo programa do Ministério da Saúde. Ainda que ganhos tenham sido obtidos,

com aumentos expressivos na cobertura das ações profiláticas na gestação, estima-se que as

recomendações sejam atendidas, completamente, por somente 27% das parturientes.2

Em estudo realizado na Maternidade do Hospital Universitário da Universidade

Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) de janeiro de 2006 a setembro de 2009, observou-se

que a taxa de prevalência da infecção do HIV em gestantes atendidas foi de 0,67%,

totalizando 41 gestantes. Apenas 19,5% dessas aderiram completamente às medidas

disponíveis para a prevenção da transmissão vertical preconizadas pelo Ministério da Saúde,

sendo que um dos principais motivos para a não completa aderência foi a assistência pré-natal

insuficiente ou inadequada.12

Em países desenvolvidos, onde se observou ampla implementação das medidas acima

citadas, observou-se queda drástica nas taxas de transmissão. No Brasil, apesar de todas as

medidas estarem disponíveis, os mesmos resultados não foram observados.5 Em estudo

multicêntrico, conduzido pela Sociedade Brasileira de Pediatria, em 2004, estabeleceu-se taxa

de transmissão vertical do HIV no país em 8,5%, variando entre as diferentes regiões do país.²

O Estudo-Sentinela Parturiente, conduzido pelo então Programa Nacional de DST e

AIDS (atual Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais) em 2004, revelou que a

realização de pré-natal alcançou 96% entre as participantes, porém a execução e o

conhecimento do resultado do teste anti-HIV alcançou apenas 62,5%.3

Em 2007, o Ministério da Saúde lançou o Plano Operacional para Redução da

Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis no Brasil. A meta geral estipulada para o HIV é a

redução de forma escalonada e regionalizada da transmissão vertical (a taxa em 2006 no Sul

4

do Brasil é de 4,9%13

), com o objetivo de diminuir em 30% essa taxa até 2009, alcançando o

número de 3,4% e mais 30% até o ano de 2011, alcançando uma taxa final de transmissão

vertical de 2,4% na região Sul do país. Além disso, o plano objetiva, até dezembro de 2011,

aumentar o percentual de parturientes que relatam ter sido testadas para o HIV no pré-natal e

que conheceram o resultado do exame antes do parto de 52% em 2004 para 90%.11

Para as crianças menores de 18 meses de idade, expostas ao HIV por transmissão

vertical, considera-se criança infectada quando houver a presença de RNA ou DNA viral

detectável acima de 1.000 cópias/ml em duas amostras (testes de carga viral) obtidas em

momentos diferentes. Apesar da possibilidade da realização desses testes após duas semanas

de vida, o Ministério da Saúde preconiza que as amostras testadas sejam coletadas após o

segundo mês de vida, em virtude do aumento da sensibilidade observado a partir dessa idade.

Crianças com 18 meses ou mais de idade, expostas ao HIV por transmissão vertical, serão

consideradas infectadas pelo HIV quando uma amostra de soro for reativa em dois testes de

triagem ou um confirmatório para pesquisa de anticorpos anti-HIV. São considerados testes

de triagem para detecção de anticorpos: ELISA, EIA, MEIA e ensaio imunoenzimático por

quimioluminiscência. São considerados testes confirmatórios: imunofluorescência indireta,

imunoblot, Western Blot, teste de amplificação de ácidos nucleicos, PCR e NASBA.14

O

fluxograma sugerido pelo Ministério da Saúde para acompanhamento das crianças expostas

está representado no anexo I.1

A criança exposta ao HIV é considerada uma criança de risco, sendo assim, a unidade

básica de saúde (UBS) deve marcar a consulta no serviço de referência, caso ainda não esteja

agendada; monitorar o comparecimento da criança às consultas agendadas no serviço de

referência e assegurar que a criança esteja recebendo a fórmula infantil.10

Aquelas que se

revelarem infectadas deverão permanecer em atendimento no serviço de referência,14

o

acompanhamento deve ser mensal nos primeiros 6 meses e, no mínimo, trimestral a partir do

2º semestre de vida. A avaliação sistemática do crescimento e desenvolvimento é

extremamente importante, visto que as crianças infectadas podem, já nos primeiros meses de

vida, apresentar dificuldade de ganho de peso.15

As consideradas não-infectadas poderão ser

encaminhadas para acompanhamento nas UBS.14

Pela história natural da AIDS pediátrica, sabe-se que a evolução da doença varia desde

crianças rapidamente progressoras até não-progressoras. É importante destacar que as crianças

nascidas de mães infectadas pelo HIV podem ter maior risco de exposição a outros agentes

infecciosos durante o período intrauterino e perinatal. Crianças infectadas pelo HIV

apresentam também risco aumentado de infecções bacterianas, com recorrências frequentes,

5

sendo o patógeno mais comum o Streptococcus pneumoniae. A pneumonia por Pneumocystis

jiroveci é a mais frequente infecção oportunista em crianças infectadas pelo HIV, sendo a

faixa de maior risco aquela compreendida no primeiro ano de vida. Percebe-se, então, a

importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento da criança infectada pelo HIV,

visto que se está diante de uma doença, até o momento, incurável.15

6

2. OBJETIVOS

Objetivo principal:

Determinar a taxa de transmissão vertical do HIV nas crianças expostas ao HIV

nascidas na Maternidade do Hospital Universitário-UFSC no período de janeiro de 2006

a setembro de 2009.

Objetivos secundários:

Analisar a realização das medidas preventivas de transmissão vertical disponíveis

atualmente pelo Sistema Único de Saúde;

Correlacionar a transmissão vertical do HIV com a não realização das medidas

preventivas;

Avaliar o seguimento para a determinação de infecção pelo HIV de criança exposta

verticalmente.

7

3. MÉTODOS

Realizou-se um estudo transversal descritivo retrospectivo sobre as mulheres

infectadas pelo HIV admitidas para parto na Maternidade do Hospital Universitário Professor

Polidoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina, bem como os seus

conceptos.

Foram elegíveis as crianças nascidas no período de janeiro de 2006 a setembro de

2009 e suas mães, que possuíam o diagnóstico de AIDS ou infecção pelo vírus do HIV antes

da gestação, durante o pré-natal, no momento do trabalho de parto ou no puerpério,

identificadas em estudo prévio na maternidade.11

As crianças, filhas de puérperas soropositivas para o HIV, foram encaminhadas,

quando da alta da maternidade, para acompanhamento no Serviço de Assistência

Especializada para crianças portadoras do HIV do Serviço de Infectologia e Imunologia

Pediátrica e Hospital Dia do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG).

A criança foi considerada infectada quando apresentou resultado positivo em duas

amostras de sangue, com as quais se realizaram testes sorológicos de triagem com princípios

metodológicos e/ou antígenos diferentes, e um teste confirmatório positivo aos 18 meses ou

mais de idade; ou quando realizou testes de detecção de RNA viral entre o primeiro e sexto

mês de vida com dois resultados de carga viral detectável.

A criança foi considerada provavelmente não infectada quando o teste de detecção de

RNA viral foi negativo em duas amostras obtidas entre um e 6 meses, com intervalo de dois

meses, sendo uma delas obrigatoriamente após o quarto mês de vida; ou quando, em crianças

maiores de 18 meses, uma amostra foi negativa em teste de detecção para anticorpos anti-

HIV. Considerou-se como ponto de corte para detecção da carga viral sorológica maior que

50 cópias por mililitros (carga viral > 50 cópias/ml). Os critérios para exclusão da infecção

aplicam-se às crianças que não estivessem sendo amamentadas.

As informações sobre as mães foram obtidas por intermédio de consultas aos seus

prontuários no Serviço de Prontuários dos Pacientes do Hospital Universitário. Em relação às

crianças, os dados foram obtidos através de pesquisa no Hospital Dia do HIJG e por meio de

informações da divisão de vigilância epidemiológica do estado. Todos os dados foram

registrados e uniformizados em uma ficha elaborada especificamente para o estudo

(apêndice).

8

As informações registradas incluíam:

Dados maternos: procedência, número de consultas e início do pré-natal, informação sobre

a sorologia para HIV durante a gestação, quantificação da carga viral com mais de 34

semanas de gestação, início e tipo de terapia antirretroviral (TARV) usada durante o pré-natal,

duração do uso de AZT injetável intra-parto, tempo de rotura das membranas amnióticas, tipo

de parto.

Dados da criança: gênero; idade gestacional ao nascer; peso ao nascimento; uso do AZT

xarope e idade de início; aleitamento materno; resultados e idade de coleta das cargas virais;

resultado do ELISA aos 18 meses ou mais.

Os dados foram arquivados e analisados no programa Microsoft Office Excel 2007.

Esse estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos

(CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (anexo II).

9

4. RESULTADOS

Na Maternidade do Hospital Universitário - HU-UFSC - foram admitidas 6140

parturientes no período de 01 de janeiro de 2006 a 30 de setembro de 2009. Desse total, 41

(0,67%) tiveram o diagnóstico de infecção pelo HIV por intermédio de teste sorológico. O

serviço de neonatologia do Hospital Universitário atendeu os 41 recém-nascidos vivos

expostos verticalmente ao HIV.

Quanto à procedência das pacientes estudadas, observou-se que 32 (78%) eram de

Florianópolis, cinco (12,2%) da região metropolitana da capital do estado, duas (4,9%) de

outras localidades de Santa Catarina e duas (4,9%) não possuíam registro de procedência no

prontuário.

A idade das 41 mulheres avaliadas variou de 17 a 43 anos, com uma média de 27 anos

e mediana de 26 anos.

Em relação ao número de consultas pré-natal, das 41 gestantes incluídas nesse estudo,

19 (46,3%) realizaram mais que 6 consultas e 18 (43,9%) menos que 6. Duas mulheres (4,9%)

não fizeram pré-natal e em dois casos (4,9%) essa informação não estava disponível (Figura

1).

Figura 1 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para parto no

HU/UFSC conforme o número de consultas de pré-natal realizadas.

Como evidenciado na figura 2, entre as 37 (90,2%) gestantes que realizaram pelo

menos uma consulta pré-natal, 17 (45,9%) delas iniciaram o acompanhamento no 1º trimestre,

7 (19%) no 2º trimestre, uma (2,7%) no 3º trimestre e essa informação não foi encontrada em

12 (32,4%).

10

Figura 2 – Distribuição das 41 mulheres soropositivas admitidas para parto

no HU/UFSC quanto ao trimestre de início do acompanhamento pré-natal

entre aquelas que realizaram pelo menos uma consulta.

Das 41 mulheres avaliadas no estudo, 20 (48,8%) obtiveram o diagnóstico da infecção

pelo vírus HIV em momento prévio à gestação, 15 (36,6%) durante a gestação, cinco (12,2%)

durante o trabalho de parto por intermédio do teste rápido para HIV na maternidade e em uma

(2,4%) paciente essa informação era ignorada (Figura 3).

Momento do Diagnóstico do HIV

49%

37%

12%2%

Diagnóstico prévio à

gestação

Diagnóstico durante

a gestação

Diagnóstico no

trabalho de parto

Ignorado

Figura 3 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para parto

no HU/UFSC de acordo com o momento do diagnóstico da infecção pelo HIV.

Quanto ao uso de terapia antirretroviral, 34 (83%) mulheres utilizaram algum tipo

durante a gestação, enquanto 7 (17%) não utilizaram. Dentre as 34 pacientes que fizeram uso

de TARV, 29 (85,2%) utilizaram esquema combinado, duas (5,9%) esquema em monoterapia

e em três (8,9%) essa informação encontrava-se ignorada no prontuário. Com relação ao

início do uso da(s) medicação(ões), observou-se que 19 (55,9%) das 34 mulheres iniciaram a

TARV até 28 semanas de gestação, quatro (11,7%) iniciaram após 28 semanas, duas (5,9%)

faziam uso prévio e a informação não foi encontrada em 9 (26,5%) pacientes (Tabela 1).

11

Tabela 1 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas admitidas para parto no HU/UFSC de

acordo com uso, tipo e época de início da TARV na gestação.

n % .

Uso de TARV*

Sim 34 83

Não 7 17

Tipo de TARV*

Combinada 29 85,2

Monoterapia 2 5,9

Ignorado 3 8,9

Início do tratamento

Até 28 semanas 19 55,9

Após 28 semanas 4 11,7

Uso prévio 2 5,9

Ignorado 9 26,5

*TARV: terapia antirretroviral

A verificação da carga viral com 34 semanas ou mais de gestação foi realizada em

somente 11 (26,8%) das 41 mulheres, sendo que 8 (72,7%) tinham carga viral menor que

1000 cópias/ml e três (27,3%) apresentaram carga viral maior que 1000 cópias/ml. Não

realizaram esse exame na idade adequada 29 (70,8%) pacientes e uma (2,4%) não tinha esse

dado disponível.

Entre as 41 gestantes avaliadas, 30 (73,2%) receberam quimioprofilaxia endovenosa

com AZT por período igual ou superior a três horas durante o trabalho de parto, enquanto 11

(26,8%) não receberam pelo período mínimo estabelecido (Figura 4).

Figura 4 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas atendidas para

parto na Maternidade do HU/UFSC de acordo com a realização da

quimioprofilaxia endovenosa intra-parto com AZT.

12

Em relação à via de parto, notou-se que 20 (48,8%) mulheres foram submetidas à

cesariana e em 21 (51,2%) o parto ocorreu por via vaginal. Entre estas 21, 17 (81%) não

tinham exame de carga viral disponível com 34 semanas ou mais de idade gestacional e em

uma (4,8%) o exame estava disponível, mas o número de cópias era superior a 1000

cópias/ml. Portanto, somente três (14,3%) das 21 mulheres submetidas a parto vaginal eram

elegíveis para esta via, visto que elas possuíam carga viral inferior a 1000 cópias/ml e

utilizaram TARV combinada. Estes dados estão sumarizados na figura 5.

Tipo de Parto

Cesariana

49%

Vaginal com

CV > 1000

cópias/ml ou

desconhecida

44%

Vaginal

7%

Cesariana

Vaginal

Vaginal

Figura 5 - Distribuição das 41 mulheres soropositivas admitidas para parto

no HU/UFSC de acordo com a via de parto. CV: carga viral

O tempo de rotura da bolsa amniótica durante o trabalho de parto foi inferior a quatro

horas em 32 (78%) das 41 mulheres estudadas.

Em relação à administração de solução oral de AZT ao recém-nascido, verificou-se

que todos os 41 (100%) receberam a medicação. O tempo médio de início do xarope foi de

aproximadamente duas horas e 48 minutos após o nascimento, com uma mediana de duas

horas. Essa informação não foi encontrada nos dados de 11 recém nascidos. Nenhuma mulher

infectada pelo vírus HIV amamentou seu recém-nascido nesse estudo.

Comparando-se, então, as três etapas em que a administração do AZT está atualmente

indicada (pré-natal, trabalho de parto e parto e ao recém-nascido), como mostra a figura 6,

percebe-se que 21 (51,2%) pacientes iniciaram a TARV até 28 semanas, sendo que duas

dessas faziam uso prévio; 30 (73,2%) das parturientes receberam AZT durante o trabalho de

parto e o parto; e 41 (100%) dos recém-nascidos receberam o xarope de AZT.

13

Profilaxia com AZT

100%

73,20%

51,20%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

RN

Trabalho de

Parto

Pré-Natal

Figura 6 - Distribuição dos binômios mãe-filho atendidos para parto no HU/UFSC

de acordo com a administração de quimioprofilaxia com AZT nos três momentos

atualmente preconizados pelo Ministério da Saúde.

Das 41 mulheres que foram incluídas nesse estudo, verificou-se que apenas 11

(26,8%) cumpriram corretamente as três etapas de quimioprofilaxia do AZT, o tempo de

ruptura de membranas amnióticas inferior a quatro horas, a indicação correta da via de parto e

a ausência da amamentação com leite materno. Cabe ressaltar que em outros três (7,3%) casos

apenas não se sabe o tempo de início do uso da TARV durante a gestação, mas sabe-se que

utilizaram terapia combinada, que receberam quimioprofilaxia endovenosa durante o trabalho

de parto por tempo adequado, que a via de parto foi adequada e que o recém-nascido recebeu

as medidas preconizadas. Então, observou-se que em 14 (34%) as intervenções indicadas

atualmente para prevenção da transmissão vertical foram realizadas (Figura 7).

Cumprimento das medidas de prevenção

26,80%7,30%

65,90%

Mulheres que cumpriram todas as medidas

Mulheres em que pelo menos uma das

medidas não foi cumprida

Mulheres em que a época do início da

TARV no pré-natal é desconhecida, porém

todas as outras medidas foram

respeitadas.

Figura 7 - Distribuição das 41 mulheres atendidas para parto no HU/UFSC de acordo

com o cumprimento de todas as medidas atualmente disponíveis e indicadas para a

prevenção da transmissão vertical do HIV. TARV: terapia antirretroviral

14

Nasceram 41 recém-nascidos vivos das mulheres incluídas nesse estudo, e como

mostra a tabela 2, 21 (51,2%) eram do sexo feminino e 20 (48,7%) do sexo masculino. A

média de idade gestacional ao nascimento foi de 38 semanas, sendo que três crianças

nasceram prematuras e em três casos esse dado encontrava-se ignorado.

Em relação ao peso de nascimento dos 41 recém-nascidos, notou-se que a média de

peso foi de 3.027g. Três (7,3%) foram classificados como recém-nascido “baixo peso” e dois

(4,9%) como recém-nascido “muito baixo peso” (Tabela 2).

Tabela 2 - Características dos recém-nascidos expostos verticalmente nascidos na

Maternidade do HU-UFSC no período de janeiro de 2006 a setembro de 2009.

n % .

Sexo

Masculino 20 48,7

Feminino 21 51,2

Peso ao nascimento

≥2.500g 36 87

<2500g 3 7,3

<1500g 2 4,9

Idade Gestacional

≥ 37 semanas 35 85

<37 semanas 3 7,3

Ignorado 3 7,3

Observou-se que das 41 crianças avaliadas, houve um óbito neonatal, devido a

aspiração meconial associada à hipertensão pulmonar, e não foi possível ter seguimento de

outras duas (4,9%) crianças.

Entre as 38 restantes, o primeiro exame de carga viral foi realizado em 37 crianças,

variando de dois a 8 meses, com o tempo médio de 3,43 meses e uma mediana de três meses.

Já a realização do segundo exame de carga viral variou de quatro a 42 meses, com um tempo

médio de 8,67 meses e uma mediana de 6 meses, sendo realizado em 35 crianças. A pesquisa

da sorologia com o ELISA quando maiores de 18 meses foi realizada em 27 crianças, sendo

que em três a classificação do status sorológico deu-se apenas por esse exame, devido à

ausência de carga viral na idade recomendada (Figura 8).

15

Definição do status sorológico das

crianças expostas

10

3

24

0

5

10

15

20

25

30

Duas cargas

virais

ELISA Duas cargas

virais + ELISA

Duas cargas virais

ELISA

Duas cargas virais +

ELISA

Figura 8 - Distribuição das 37 crianças não infectadas de acordo com os exames

realizados para definição do seu status sorológico.

Entre as 38 crianças com seguimento, foi encontrada uma (2,6%) criança com

sorologia positiva para o HIV (Figura 9), confirmada com dois exames de carga viral

detectáveis com 8 e 12 meses respectivamente. Nesse caso de transmissão vertical, a mãe não

realizou pré-natal, a soropositividade materna foi determinada durante o trabalho de parto

através do teste rápido, o tempo de AZT endovenoso foi menor que três horas e as membranas

amnióticas foram rompidas durante a realização da cesárea.

Status infeccioso

3%

97%

Infectados

Não-infectados

Figura 9 - Condição infecciosa das crianças expostas verticalmente ao HIV no

HU-UFSC de janeiro de 2006 a setembro de 2009.

16

5. DISCUSSÃO

A epidemia da infecção pelo HIV/AIDS constitui um fenômeno global. Embora em

patamares elevados, a taxa de incidência de AIDS no Brasil encontra-se estabilizada desde

2000, entretanto ela se apresenta sob a forma de diversas subepidemias regionais. No ano de

2008 a taxa de incidência brasileira observada foi de 18,2 por 100.000 habitantes, enquanto

em Santa Catarina a taxa é de 29,3 por 100.000 habitantes.4

O Estudo Sentinela Parturiente² estimou a prevalência da infecção pelo HIV em

gestantes em 0,41%, sendo a taxa de 0,51% no Sul do país, a segunda maior do país. Em

estudo realizado em 27 municípios do Sul do Brasil, Cardoso et al.16

mostrou que a

prevalência da infecção pelo HIV em gestantes foi de 0,5%, Amaral et al.17

, em Joinville,

evidenciou uma prevalência de 0,56%. O presente estudo, desenvolvido na maternidade do

HU-UFSC, teve uma prevalência de 0,67%, maior que a média brasileira e da região Sul.

Sabe-se que, segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina,18

Florianópolis é o município que mais registrou casos de HIV no estado, com 3604 dos 21.546

notificados entres os anos de 1984 a 2009. Esse fato tem grande importância, pois 78% das

mulheres incluídas nesse estudo eram procedentes de Florianópolis. Visto isso, seria

presumível esperar-se por uma maior prevalência de gestantes infectadas nesse estudo.

Assim como ocorrido no Brasil, a partir de 1989, constatou-se no estado de Santa

Catarina uma transição do perfil epidemiológico resultando na heterossexualização,

feminização, pauperização e interiorização. A razão entre homem/mulher diminuiu de 4,8

homens para cada uma mulher (1987) para atualmente quase um caso em homem para cada

uma mulher (2008). As mulheres hoje, principalmente em idade fértil, têm sido alvos da

contaminação pelo vírus HIV, e consequentemente, são responsáveis pelo aumento dos casos

de AIDS em crianças pela transmissão vertical.18

Segundo o Boletim Epidemiológico,4 entre os anos de 2000 e 2009, 55% dos casos

notificados em gestantes infectadas pelo HIV possuíam entre 20 a 29 anos. No presente

estudo, a idade das gestantes variou entre 17 e 43 anos, com uma média de 27 anos. Dados

semelhantes foram encontrados em um estudo em Feira de Santana, em que Santos et al.20

encontrou uma média de 24,5 anos, variando de 14 a 47 anos.

17

A assistência pré-natal visa manter a integridade das condições de saúde materna e

fetal. Para isso, é necessário que o início do pré-natal seja o mais precoce possível, a fim de

identificar e prevenir intercorrências clínicas, cirúrgicas e obstétricas que possam trazer

agravos à gestante ou ao feto. O Ministério da Saúde e a Federação Brasileira das Associações

de Ginecologia e Obstetrícia recomendam a realização da primeira consulta de pré-natal até o

4° mês de gestação e ter, no mínimo, 6 consultas de acompanhamento pré-natal, sendo,

preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre da

gestação.19

Souza et al.2, no Estudo Sentinela Parturiente, mostrou que 95,6% das parturientes

haviam realizado pelo menos uma consulta de pré-natal, mas apenas 58,6% das mulheres

iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre da gestação. Em relação à região Sul, esse estudo

encontrou 61,6% das gestantes com mais de 6 consultas e 62,8% que iniciaram o pré-natal no

primeiro trimestre. No presente estudo, dentre as 41 gestante admitidas para parto no HU-

UFSC, verificou-se que 46,3% realizaram mais de 6 consultas de pré-natal e dentre as 90,2%

que fizeram pelo menos uma consulta, 45,9% iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre.

Esses dados demonstram uma qualidade ainda aquém da assistência pré-natal esperada,

principalmente pelo início tardio das consultas trazerem mais dificuldade à adesão das

medidas disponíveis para a prevenção da transmissão vertical do HIV.

O diagnóstico da infecção pelo HIV no início da gestação possibilita o melhor controle

da infecção materna, e, consequentemente, os melhores resultados da profilaxia da

transmissão vertical desse vírus. A ausência de detecção precoce do HIV representa uma

oportunidade perdida de intervenção em gestantes infectadas. O Programa Nacional de

DST/AIDS do Ministério da Saúde recomenda a realização de teste anti-HIV, com

aconselhamento e com consentimento, para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal

e, sempre que possível, a repetição da sorologia para HIV no início do 3° trimestre, utilizando

testes rápidos, se necessário.3

Fernandes et al.21

, em um estudo realizado no município de Campos dos Goytacazes,

Rio de Janeiro, demonstrou que 47,7% das mulheres tiveram seu diagnóstico antes da

gestação, 50% durante e somente 2,3% no momento do parto. Cavalcante et al.22

, em

Fortaleza, demonstrou que 40,9% tinham diagnóstico antes do pré-natal, 57,3% obtiveram

durante e apenas 1,8% no momento do parto. Meira23

, em estudo realizado na maternidade do

HU-UFSC, verificou que 21% das gestantes foram testadas para o HIV através do teste rápido

18

na admissão para parto e, no presente estudo, sabe-se que cinco das 41 gestantes (12,2%)

chegaram sem o conhecimento de seu status sorológico no momento de admissão ao parto.

Apesar de uma melhora em relação a esse dado, ele demonstra ser um marcador de pouca

qualidade da assistência pré-natal realizada em Florianópolis quando comparada aos estudos

acima citados.

A possibilidade de reduzir a transmissão vertical do HIV com o uso de antirretrovirais,

demonstrada pelo PACTG 076 em 1994,6 foi um dos maiores avanços no conhecimento e

enfrentamento da AIDS desde a notificação dos primeiros casos da doença no início da

década de 80. Os resultados evidenciaram uma redução de 67,5% nas taxas de transmissão

vertical do HIV com a administração de AZT às gestantes durante o pré-natal, trabalho de

parto e parto e aos recém-nascidos, com a redução da carga viral materna. Para as mulheres

que não exigem início imediato da terapia para sua própria saúde, a profilaxia deve ser

iniciada após o primeiro trimestre e até 28 semanas de gestação.

No presente estudo, 83% das mulheres usaram algum tipo de terapia antirretroviral

durante a gestação, sendo que 85,2% dessas utilizaram esquema combinado e 5,9% usaram

AZT isoladamente. Em relação ao início do uso, 55,9% iniciaram até 28 semanas e 5,9%

faziam uso prévio. Cavalcante et al.22

mostrou que 91,1% das gestantes com diagnóstico antes

da gestação faziam uso de TARV e 88,3% daquelas com diagnóstico durante a gestação

haviam utilizado TARV. Maturana et al.24

, em estudo realizado em São Bernardo do Campo,

verificou que 91% das gestantes fizeram uso de AZT associado ou não a outras medicações

durante a gestação.

A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV ocorre durante o trabalho de

parto e parto propriamente dito (65%) e o restante (35%) ocorre intra-útero,25

sendo o risco

maior nas últimas semanas de gestação, havendo ainda o risco adicional de transmissão por

intermédio do aleitamento materno.26

No presente estudo, o uso de AZT intra-parto por um

período de tempo superior ou igual a três horas, a fim de possibilitar proteção da criança, foi

de 73,2% das gestantes. Cavalcante et al.22

encontrou uma taxa de 90% e Maturana et al.24

de

78%.

Para evitar que as gestantes soropositivas deixem de receber a medicação

antirretroviral intra-parto, é importante a orientação durante o pré-natal sobre como identificar

os primeiros sinais e sintomas do início do trabalho de parto para, então, procurar um serviço

19

médico imediatamente. Assim, evita-se o período expulsivo, o qual inviabiliza a

administração do AZT intra-parto.24

Dentre os fatores que potencialmente aumentam a transmissão vertical do HIV está a

ruptura de membranas amnióticas, facilitando o acesso do vírus ao feto. Sabe-se que após o

período de quatro horas de aminiorrexe, o risco de transmissão vertical está significativamente

aumentado, elevando-se mais ainda com o tempo prolongado de bolsa rota.27

Um período de

tempo de rotura de membranas amnióticas menor que quatro horas foi encontrado em 78%

das mulheres neste estudo na Maternidade do HU-UFSC. Meira23

, em estudo realizado na

mesma maternidade, encontrou 20% de mulheres que permaneceram na instituição com as

membranas amnióticas rotas por mais de quatro horas. Esses dados demonstram uma falha na

instrução das gestantes para procurarem a maternidade o mais rápido possível caso haja

ruptura das membranas amnióticas, para que se possa evitar esse fator de transmissão vertical.

Em 2001, o Ministério da Saúde estabeleceu critérios para a definição da via de parto

com base nos níveis de carga viral materna aferidos a partir da 34ª semana de gestação. Ou

seja, o parto por cirurgia cesariana eletiva (CCE) passou a ter parâmetros de indicação

precisos.3 O conceito de cirurgia cesariana eletiva se aplica àquela em que a intervenção

cirúrgica é programada e realizada antes do início do trabalho de parto, encontrando-se as

membranas amnióticas íntegras. Nessas condições ideais, de verdadeira proteção ao recém-

nascido exposto ao HIV, a administração da quimioprofilaxia com o AZT intravenoso deverá

ter início três horas antes da intervenção.27

Reconhecendo os benefícios conferidos pela

cesariana e sabendo das dificuldades operacionais da rede de saúde, as recomendações do

Ministério da Saúde ampliam a indicação de CCE para o grupo de mulheres que chegam à

maternidade com as membranas amnióticas íntegras e dilatação cervical em até 3 a 4 cm.3,27

O Grupo Cochrane28

realizou uma revisão sistemática, publicada em 2005, para avaliar

a efetividade e segurança da cesariana eletiva na prevenção da transmissão vertical. Concluiu-

se que a cesariana eletiva foi uma intervenção eficaz para a prevenção da transmissão vertical

do HIV nas mulheres que não fizeram uso de TARV na gestação e naquelas que usaram

apenas AZT. Os estudos realizados até agora não demonstraram diferenças nas taxas de

transmissão vertical ao se comparar cesariana eletiva e parto vaginal na prevenção da

transmissão do HIV quando a carga viral é inferior a 1.000 copias/ ml em gestantes que estão

em uso de esquema antirretroviral combinado.3,28

Portanto, a cesariana eletiva deve ser

indicada para gestantes afetadas pelo HIV que não realizaram profilaxia antirretroviral

20

combinada durante a gestação, que usaram apenas monoterapia com AZT ou que tenham sua

carga viral, com 34 semanas ou mais de gestação, desconhecida ou superior a 1.000

copias/ml.3

No presente estudo, o exame de carga viral em mulheres com idade gestacional maior

que 34 semanas foi solicitado em apenas 11 das 41 mulheres (26,8%). Esse dado se mostra

alarmante, visto que a falta desse exame é decisiva para contraindicar o parto por via vaginal e

indicar a realização de cesariana eletiva, fato que deveria ter ocorrido em pelo menos 70,8%

das gestantes. Entretanto, nesse estudo na Maternidade do HU-UFSC, apenas 48,8% das

pacientes tiveram seus filhos por cesariana. O parto via vaginal ocorreu em 21 das pacientes

(51,2%), porém apenas três (14,3%) possuíam uma carga viral disponível e inferior a 1000

cópias após as 34 semanas de gestação e então eram elegíveis para essa via de parto.

Fernandes et al.21

demonstrou que 86,4% das gestantes soropositivas foram submetidas a

cesárea eletiva, Maturana et al.24

encontrou uma taxa de 41%, Cavalcante et al.22

demonstrou

uma taxa de 88,1% e Amaral et al.17

observou uma taxa de 84,8%.

Como determinado pelo Ministério da Saúde para a redução da transmissão vertical do

HIV no pós-parto, os filhos nascidos de mães infectadas devem receber AZT solução oral,

imediatamente após o nascimento ou nas primeiras duas horas de vida, devendo ser mantido o

tratamento durante as primeiras 6 semanas de vida (42 dias). As mães são orientadas a não

amamentar e nem doar seu leite. Há também contraindicação do aleitamento cruzado

(aleitamento por outra mulher).3

Neste estudo, 100% das crianças fizeram uso de xarope de AZT, com um tempo médio

de 2,8 horas e nenhuma mãe amamentou seu filho exposto verticalmente. Cavalcante et al.22

mostrou que 92,7% dos recém-nascidos fizeram uso do AZT nas primeiras 24 horas e a

suspensão do leite materno aconteceu em 96,2% dos casos e Barroso et al.29

, em Fortaleza,

observou que 94,4% dos recém-nascido receberam a posologia correta do xarope de AZT e

nenhum recém-nascido foi amamentado.

Todas as medidas atualmente disponíveis e recomendadas para a diminuição da taxa

de transmissão vertical do HIV ocorreram em apenas 34% mulheres estudadas. Meira23

, em

estudo conduzido na mesma maternidade do presente estudo, encontrou uma taxa de adesão

completa às medidas profiláticas em 36,4% das mulheres e Cavalcante et al.22

, em Fortaleza,

mostrou uma taxa de 78,1%. Com isso, pode-se ter uma ideia de um longo caminho a ser

21

percorrido para se chegar a números mais próximos do que seria o ideal para diminuir as taxas

de transmissão vertical do HIV.

No presente estudo, nasceram 41 crianças com idade gestacional em média de 38

semanas, sendo 48,8% do sexo masculino. Nishimoto et al.30

, em Santos, encontrou uma

média de 38 semanas e um dia e Maturana et al.24

encontrou 52% de recém-nascidos do sexo

masculino.

A média de peso ao nascimento foi de 3.027g, com 12,2% das crianças com um peso

menor que 2.500g. Fernandes et al.21

encontrou 13,6% dos recém-nascidos com peso menor

que 2.500g, Maturana et al.24

9% e Nishimoto et al.30

mostrou um peso médio de 2.933g e

uma taxa de 17,5% de nascimentos com menos de 2.500g.

Segundo instrução do Ministério da Saúde, para as crianças nascidas de mães

infectadas pelo HIV, é preciso manter acompanhamento periódico em unidades especializadas

com pediatras capacitados para o atendimento dessa clientela, pelo menos até a definição do

diagnóstico. É indispensável o empenho dos serviços especializados para o acompanhamento

de qualidade à saúde da criança exposta ao HIV, em particular, por se tratar de população de

risco.29

No presente estudo houve perda de seguimento de 4,9% das crianças e um óbito

neonatal (2,4%). Amaral et al.17

, em Joinville, encontrou uma taxa de perda de seguimento de

22,6% e 6,9% de óbitos fetais ou neonatais. Apesar de a taxa verificada nesse estudo ser

inferior à encontrada por Amaral, há de se tomar providências para se evitar essas perdas.

De acordo com o fluxograma recomendado pelo Ministério da Saúde (anexo I), se a

carga viral revelar-se com nível detectável, deve-se repetir o exame imediatamente, já na

consulta a seguir; caso a carga viral apresente-se em nível indetectável, deve-se repeti-la na

criança com idade acima de quatro meses, quando o primeiro teste tiver sido realizado na

criança entre um e dois meses de idade.15

Neste estudo, o tempo de solicitação da primeira

CV teve uma média de 3,43 meses e da segunda CV de 8,67 meses.

A infecção pelo HIV em crianças deve ser considerada como um importante indicador

da qualidade da assistência obstétrica e neonatal de cuidados de saúde no País, visto que os

elevados índices de transmissão vertical do HIV indicam uma falta de cuidados pré-natais ou

falta de aderência à terapia antirretroviral pela mãe.31

A taxa de transmissão vertical do HIV encontrada neste estudo foi de 2,6% (uma

criança). Meira23

, em estudo realizado também na maternidade do HU-UFSC, encontrou uma

22

taxa de 6,9% e Amaral et al.17

de 5,47%. Kakehasi et al.32

verificou uma redução na taxa de

transmissão vertical de 20% para 3% durante o período de 7 anos (1998-2005) de estudo

realizado em um centro de referência em Belo Horizonte e Vasconcelos et al.33

observou uma

queda da TV de 14,3% em 1997 para 3,7% em 2003. Ressalta-se que nenhuma medida para

prevenção anterior ao nascimento foi realizada pela mãe da criança infectada deste estudo.

Apesar de uma melhora anual desses índices após o surgimento do PACTG 076, sabe-

se que as taxas podem ainda cair para próximo do zero, visto que a população brasileira

dispõe de recursos capazes para isso. Assim, num futuro, espera-se que não tão longínquo, a

transmissão vertical tornar-se-á uma questão de menor magnitude, potencialmente controlável

dentro da Saúde Pública.

23

6. CONCLUSÕES

A análise do presente estudo permitiu concluir que:

1. A taxa de transmissão vertical do HIV entre as crianças expostas atendidas na Maternidade

do HU-UFSC foi de 2,6%.

2. Apenas 34% das mulheres infectadas pelo HIV atendidas na Maternidade do HU-UFSC

para parto cumpriram completamente às medidas disponíveis para a prevenção da transmissão

vertical preconizadas atualmente.

3. No único caso de transmissão vertical encontrado, a mãe não realizou o pré-natal, sua

soropositividade foi determinada durante o trabalho de parto através do teste rápido, o tempo

de AZT endovenoso foi menor que três horas e as membranas amnióticas foram rompidas

durante a realização da cesárea. Não foi possível fazer maior correlação das medidas de

prevenção com a TV visto que se encontrou apenas um caso no estudo.

4. O tempo médio de realização dos exames de carga viral nesse estudo foi maior do que o

recomendado pelo Ministério da Saúde, sendo que o segundo exame de CV teve um tempo

aproximadamente duas vezes maior que o preconizado. Houve perda de seguimento de duas

(4,9%) crianças expostas verticalmente ao HIV.

24

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27

NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão do

Curso de Medicina, aprovada em reunião do Colegiado do Curso de Graduação em Medicina

da Universidade Federal de Santa Catarina, em 27 de novembro de 2005.

28

ANEXOS

29

ANEXO I

Parecer do Comitê de ética e Pesquisa com Seres Humanos

30

ANEXO II

Fluxograma de investigação de criança com exposição vertical ao HIV

31

APÊNDICE

Questionário estruturado elaborado exclusivamente para estudo no HU-UFSC

DADOS DA PUÉRPERA

Número:___________ Domícilio: ( )Florianópolis ( )Outro:_____________ Idade:____

Registro:___________

Diagnóstico do HIV: ( ) antes gestação ( ) durante gestação ( ) parto - TR

Início do Pré-Natal (PN):( )1º trimestre Nº consultas no PN: ( )Nenhuma

( )2º trimestre ( )<6

( )3º trimestre ( )6 ou mais

Realizado sorologia para o HIV no PN (independente da consulta): ( )Sim ( )Não

Quando: ( )1º trimestre ( )2º trimestre ( )3º trimestre

Carga viral ( > 34 semanas): ( ) >1000 ( )<1000 ( )Não realizado *Caso exame

Parto: ( ) Vaginal Tempo de rotura das membranas amnióticas: ( ) na hora do parto

( )Cesárea ( ) <4 horas

( ) >4horas

Data:___/____/_____

Terapia anti-retroviral (TARV) durante a gestação):( )Sim( )Não Tipo:( )Monoterapia

( )Combinada

Início: _______semanas (_____ trimestre)

AZT injetável na maternidade: ( )Sim ( )Não

Duração AZT injetável: ( )3 horas ou mais ( )<3 horas

DADOS DO RN

Peso de nascimento:____ IG:____ Gênero: ( )masc.

( )fem.

APGAR: ______/_______

AZT xarope: ( )Sim Início: ______ horas de vida Amamentação ( )Sim

( )Nao ( )Não

1ª carga viral ( ) Detectável Idade: ____ meses de vida

( ) Não detectável

2ª carga viral ( ) Detectável Idade: _____ meses de vida

( ) Não Detectável

ELISA > 18 meses: ( ) Positivo

( ) Negativo

32

FICHA DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos trabalhos de conclusão do Curso de Graduação em Medicina

obedecerá os seguintes critérios:

1º. Análise quanto à forma (O TCC deve ser elaborado pelas Normas do

Colegiado do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa

Catarina);

2º. Quanto ao conteúdo;

3º. Apresentação oral;

4º. Material didático utilizado na apresentação;

5º. Tempo de apresentação:

- 15 minutos para o aluno;

- 05 minutos para cada membro da Banca;

- 05 minutos para réplica

DEPARTAMENTO DE: ____________________________________________

ALUNO: ________________________________________________________

PROFESSOR: ____________________________________________________

NOTA

1. FORMA ........................................................................................................

2. CONTEÚDO ................................................................................................

3. APRESENTAÇÃO ORAL ...........................................................................

4. MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO ........................................................

MÉDIA: _______________(____________________________________)

Assinatura: ________________________________________