Transporte público com ou sem subsídio? · que influenciam para que uma solução imediata não...

1
[email protected] ou ligue para 11 99832 3766 Revista AutoBus www.revistaautobus.com.br “O ônibus deve ser inovador, inteligente e ter prioridade” Edição 219 - 31 de março 2016 www.revistaautobus.com.br Volvo com novo chassi Editor - Antonio Ferro Jornalista responsável - Luiz Neto - MTB 30420/134/59-SP https://www.facebook.com/pages/Revista-AutoBus/723249597767433?fref=ts Agora você pode acompanhar a revista AutoBus no Facebook O mercado brasileiro de ônibus anda a passos lentos, assim como a economia do Brasil. Mas, isso não é motivo para não se apresentar novidades no segmen- to. A Volvo Bus Latin America sabe da situação crítica que vive o País, porém, resolveu investir para não se abater frente as dificuldades. Recentemente, ela apresentou seu novo chassi para os segmentos rodoviário e de fretamento, B310R, modelo com motorização traseira e que traz muitos atributos positivos, entre eles, a economia no consumo de combustível de 3%, algo muito enfatiza- do pela montadora para atrair o operador e proporcionar uma operação otimiza- da. A novidade é indicada para aquelas linhas rodoviárias regulares de curtas e médias distâncias, além dos serviços de fretamento. Equipado com o propulsor de 11 litros e 310 cv de potência, o chassi também conta com a transmissão au- tomatizada I-Shift, de série, freio motor VEB com 390 cv de potência, suspensão eletrônica e freio a disco EBS 5. Desenvolvido para encarroçamento de até 14 metros, na versão 4x2 (dois ei- xos), o veículo tem uma outra vantagem, segundo a Volvo, que é o seu peso, em média 400 kg mais leve que modelos similares disponíveis no mercado. No processo de desenvolvimento e testes do chassi, a fabricante contou com a colaboração de seus clientes. O Expresso Princesa dos Campos, de Ponta Gros- sa, PR, foi um deles que deu sua opinião e se mostrou satisfeito com o produto. Saiba mais sobre o lançamento na próxima edição da revista eletrônica Auto- Bus, em abril. Divulgação - Volvo Bus LA Volksbus apresenta seu micro-ônibus com piso baixo Objetivando atender a nova fase do programa federal Caminho da Escola, para o transporte escolar nas cidades, MAN Latin America, por meio de sua marca Volksbus, apresentou há pouco dias a versão com piso baixo do seu chassi para micro-ônibus 8.160 OD. O veículo tem o motor Cummins ISF de 3,8 litros, com sistema de pós- tratamento de emissões SCR, transmis- são ZF S5 420 de cinco marchas, além de suspensão pneumática e entre-eixo de 5.000 mm, possibilitando carroçari- as de até 7.700 mm de comprimento. De acordo com a montadora, ela ga- nhou licitação para o fornecimento de 250 unidades do novo chassi. Além dessa versão, a MAN também disponibiliza o chassi 9.160 OD com entrada baixa para encarroçamento de até nove metros de comprimento. Foto - Divulgação Transporte público com ou sem subsídio? Uma necessidade e uma obrigação po- lítica a oferta de um transporte público em todos os seus modais para se alcan- çar uma melhor qualidade de vida. E não há fórmulas mágicas para poder ofere- cer e obter serviços públicos dignos e competitivos apoiados somente pelo que se arrecada com os valores das passa- gens. Assim Miguel Zanetto, vice- presidente da UITP (União Internacional de Transportes Públicos) América Lati- na, começa seu artigo sobre a adoção de subsídio público ou privado como com- plemento para o equilíbrio financeiro do transporte coletivo qualificado. O especialista em transporte atendeu a revista AutoBus, por e-mail, explicando um pouco mais sobre o texto que ressal- ta o aspecto da subvenção às operações. Revista AutoBus - O Senhor cita que o transporte público não sobrevive sem subsídios governamentais. Na América Latina, o setor que mais sofre sem a subvenção é, sem dúvida, o ônibus ur- bano, que se sustenta apenas com as tarifas. Como os governos podem mudar esse cenário que influencia negativa- mente a operação? Miguel Zanetto Minha proposta é no sentido de se taxar alguns meios de transporte, como os individuais ou a- queles que emitem maiores níveis de poluentes, assim como outros envolvi- dos no segmento veicular, com impostos sobre os combustíveis, da compra de automóveis novos, do uso do espaço pú- blico para o estacionamento dos veícu- los particulares, da cobrança de pedá- gios, das empresas que geram maiores níveis de emissões poluentes, dentre outros. Seria uma colaboração social, pois o benefício é para todos. A taxação suge- rida é para ser encaminhada ao trans- porte público, para o melhoramento da mobilidade urbana e dos serviços, com o financiamento de sistemas de BRT, tró- lebus e até veículos leves sobre trilhos. AutoBus - Está mais que provado que os sistemas estruturados de ônibus, com corredores exclusivos, prioridade operacional e agilidade nos serviços, promovem ganhos significativos no transporte público. Porém, os poderes pú- blicos na América Latina pouco ou nada fazem para adotar uma nova imagem do transporte feito pelo ônibus. É possível mudar essa posição governamental? Zanetto - Não gosto muito do entrar no terreno político, mas os temas de cor- rupção estão na ordem do dia. No desenvolvimento de um projeto de metrô ou um monotrilho há muito dinheiro em jogo e muito para repartir em custos, tem- po de implantação, desenvolvimento do projeto, etc., em relação ao uso de fai- xas segregadas para ônibus. Gostaria de citar dois exemplos. No Paraguai, o transporte público é feito pelo ônibus e reconhecidamente muito ruim. Lá, os veículos são velhos, atrasados em tecnologia, há uma forte carência de planejamento dos horários, com mui- tas sobreposições de linhas, etc. Não é possível investir em um projeto ou ideia urbana de um monotrilho, se ainda não há uma solução completa no sistema de ônibus, com uma administração moderna, no uso de bilhete eletrônico, da reno- vação da frota com ar-condicionado, de capacitação do profissional, etc. A Solu- ção, a médio prazo, será a implantação de corredores rápidos, tipo BRT, rees- truturando todo o sistema. No Panamá, investiu-se muito na construção de linhas de metrô, porém o sis- tema local de transporte público ainda continua a ser ruim e obsoleto. Um bom BRT é uma solução rápida e mais econômica. Menos tempo de traslado, menos energia gasta e redução das emissões poluentes. Mas, isso depende de uma definição e decisão governamental, de uma política e uma ferrenha implantação de soluções, sem influências políticas ou econômi- cas que alterem as soluções visando somente atender interesses de determina- dos segmentos. AutoBus - Hoje, a busca por trações alternativas em ônibus urbanos é uma questão muito debatida e até utilizada por algumas cidades pelo mundo que querem promover um ambiente urbano mais saudável à seus habitantes. Mas, a tecnologia continua cara e não há suporte financeiro para o uso em maior escala, principalmente na América Latina, onde o ônibus é o principal agente do transporte de massa. O que é necessário para que isso mude e uma nova matriz energética passe a ser usada nos ônibus? Zanetto - Uma determinação política dos governantes é uma decisão pública. Logicamente que há os investimentos e também os interesses das petroleiras que influenciam para que uma solução imediata não ocorra no transporte pú- blico. Hoje, há pesquisas e testes com ônibus elétricos, a gás e com o combus- tível do futuro, que é o hidrogênio, ou ainda os modelos elétricos que já foram apresentados nos salões de UITP com a tecnologia de carregamento por meio de wireless. AutoBus - O transporte público e os serviços de ônibus são dependentes dos humores governamentais, sendo defendidos por alguns administradores públi- cos e repelidos pela maioria? Zanetto - Mais que depender dos humores governamentais, depende das exi- gências e reações do público, manifestadas nos últimos anos pela insatisfação em cada aumento de tarifa. O transporte público é uma necessidade da socie- dade em geral. Os governantes devem compreender que as carências sentidas pelas populações não são só em termos de saúde, segurança ou educação. Tem que entender que há a necessidade por orçamento próprio para atender e me- lhorar o transporte coletivo e a mobilidade, pois os trabalhadores passam em media 30 a 50% deu seu tempo tentando chegar a seu trabalho usando os meios de transporte. E eles são ruins, com maus serviços e de mal atendimen- to. É preciso resolver os problemas da poluição, da saúde pública, e da mobili- dade urbana, com a valorização do transporte público. Infelizmente em nossa história, a parte da população mais carente é a que menos vale. E, quem tem pouco valor não é interessante para os negócios governamentais. Não teremos nunca uma solução profunda se os problemas de transporte pú- blico não forem resolvidos com uma extensa política de estado. Curitiba testa articulado com tração híbrida A capital paranaense Curitiba, tem buscado soluções visando um ambiente ur- bano com maior qualidade. Para isso, diversas ações estão sendo colocadas em prática, por uma parceria entre instituições governamentais locais e suecas, que irão trabalhar em um inventário de emissões de material particulado e avaliação de seus impactos na cidade e na região metropolitana. O resultado servirá de base para subsídios ao planejamento urbano e à gestão do transporte público. No contexto da mobilidade, um dos projetos ambientais anunciados se trata da operação em teste do ônibus articulado com tração híbrida desenvolvido pela Volvo Buses. O veículo, configurado na versão europeia, ou seja, com constru- ção integral e portando diversos itens diferentes dos adotados por aqui, será avaliado em testes pela linha Interbairros II, com um modelo espelho movido a diesel. A Volvo informa que o modelo traz o propulsor a diesel atendendo a norma Eu- ro 6, de 240 cv de potência, mais o motor elétrico de 150 kW, além de duas ba- terias de lítio. Ele funciona no modo elétrico durante as arrancadas e quando está parado nos semáforos ou pontos de embarque e desembarque, momento em que não há emissão de poluentes e ruído. Em operação, há uma combinação entre as duas trações. De acordo com a montadora, emite até 39% menos CO2 (dióxido de carbono) e 50% menos material particulado e NOx (óxido de nitro- gênio) que os veículos similares Euro 5 movidos à diesel. Todo o teste (por seis meses) será acompanhado pelo sistema de telemetria de frotas da Volvo, que oferece uma visão completa da operação do veículo. O sistema oferece informações como consumo de combustível, emissão de poluentes, horas rodadas, velocidade média e aproveitamento das frenagens para recarga da bateria do motor elétrico. Com 18 metros de comprimento, o veículo possui piso baixo, conexão de internet Wi-Fi, ar-condicionado e capacidade para 154 passa- geiros. Foto - Divulgação Unidos pela tração elétrica A tendência para um transporte público urbano cada vez mais eletrificado au- menta cada dia que passa. Quatro grandes nomes produtores de ônibus (Irizar, Solaris Bus & Coach, VDL Bus & Coach e Volvo Buses) anunciaram recentemen- te que utilizarão, em comum, os sistemas de recargas elétricas desenvolvidos pelas marcas ABB, Heliox e Siemens. O objetivo é garantir uma flexibilização, compatibilidade e confiabilidade dos sistemas de recarga entre as diversas marcas de ônibus elétricos, além de faci- litar a transição do modelo convencional de transporte público para uma matriz energética mais limpa. A tecnologia envolvida favorece tanto as recargas rápi- das, aquelas feitas durante as operações em pontos e terminais de passageiros, utilizando os sistemas de indução por wireless ou por pantógrafos, quanto as completas (plug-in), realizadas a noite, nas garagens. De acordo com a Volvo Buses, a decisão é fundamental para que as cidades europeias possam ter a certeza que os diferentes sistemas são compatíveis en- tre si e que os problemas de travamento na recarga serão evitados. Mercedes-Benz na Expo Foro 2016 Foto - Volvo Buses Foto - VDL Bus A mais moderna gama de chassis para ônibus urbanos e rodoviários da Merce- des-Benz foi mostrada na mostra mexicana Expo Foro 2016. De acordo com a diretoria da montadora, a meta é disponibilizar ao mercado local versões sob medidas para nichos operacionais específicos, com produtos de última geração para uma mobilidade mais confortável, segura e otimizada. Ainda, de acordo com a fabricante, todos os seus chassis contam a tecnologia BlueTec5 (Euro 5), que promove uma redução no consumo de combustível e consequentemente uma diminuição nas emissões poluentes, contribuindo ainda para um menor custo operacional. A Mercedes-Benz conta hoje com mais de 80 pontos de vendas e serviços no México. Na expo Foro, a flexibilidade foi o grande destaque no estande da montadora. Foram mostrados os chassis OC 500 RF 2543; O500 RS 1941; OC 500 RF 2543 com carroçaria rodoviária Marcopolo Paradiso 1350 de 15 metros de compri- mento; MBO 1218/52; OH 1624/52L; MBO 1421/65; 500 U 1826; O 500 MDA com 23 metros; OH 1625/30L e OC 500 RF 1943. Para o transporte urbano, a montadora passa a oferecer seu chassi articulado com 23 metros de comprimento E para o transporte turístico, o chassi com piso baixo, ideal para carroçarias com dois pavimentos Fotos - Mercedes-Benz México Transporte de mineiros O modelo de carroçaria rodoviária i6, desenvolvido pela marca espanhola Iri- zar, foi apresentado no mês passado pa- ra os operadores peruanos do transporte de trabalhadores de minas. O evento, realizado na cidade de Are- quipa, serviu para a Irizar apresentar o propósito de sua marca com uma solidez de mercado, assim como os benefícios de um produto que pode ser identificado para segmento e as soluções personali- zadas para as minas, no quesito segu- rança ativa e passiva, e também o resul- tado da experiência de sucesso obtida nos países como Chile e Austrália. Com três configurações em tamanho, o modelo i6 apresentado pode ter acaba- mento e uma extensa lista de opcionais específicos para minas, como elásticos no porta pacotes, pressurizador de baga- geiro, cinto de 3 pontos com sensor, es- cadas de acesso em alumínio, calefação de teto, calefação de piso, calefação in- dependente para o condutor, guia e cale- fação adicional para frio extremo, pré- aquecedor do salão de passageiros, alca- trão de hulha (aplicação especial aplica- da nos ônibus que operam especifica- mente em mina, com o objetivo de prote- ger contra a corrosão de produtos quími- cos); além dos sistemas de segurança Datik, como sensor de mudança brusca de faixa, sensor de colisão frontal, detec- tor de fadiga do condutor, vídeo câmeras registradoras de eventos no trajeto, ges- tão de frota e outros opcionais disponí- veis que maximizam a segurança no transporte de passageiros. Foto - Arquivo/UITP LA Fotos - Irizar

Transcript of Transporte público com ou sem subsídio? · que influenciam para que uma solução imediata não...

conta to@rev is taau tobus .com.br ou l i g ue para 11 99832 3766

Revista AutoBus www.revistaautobus.com.br

“O ônibus deve ser inovador, inteligente e ter prioridade”

Edição 219 - 31 de março 2016

www.revistaautobus.com.br

Volvo com novo chassi

Editor - Antonio Ferro Jornalista responsável - Luiz Neto - MTB 30420/134/59-SP

https://www.facebook.com/pages/Revista-AutoBus/723249597767433?fref=ts

Agora você pode acompanhar a revista AutoBus no Facebook

O mercado brasileiro de ônibus anda a passos lentos, assim como a economia do Brasil. Mas, isso não é motivo para não se apresentar novidades no segmen-to. A Volvo Bus Latin America sabe da situação crítica que vive o País, porém, resolveu investir para não se abater frente as dificuldades. Recentemente, ela

apresentou seu novo chassi para os segmentos rodoviário e de fretamento, B310R, modelo com motorização traseira e que traz muitos atributos positivos, entre eles, a economia no consumo de combustível de 3%, algo muito enfatiza-do pela montadora para atrair o operador e proporcionar uma operação otimiza-da.

A novidade é indicada para aquelas linhas rodoviárias regulares de curtas e

médias distâncias, além dos serviços de fretamento. Equipado com o propulsor

de 11 litros e 310 cv de potência, o chassi também conta com a transmissão au-tomatizada I-Shift, de série, freio motor VEB com 390 cv de potência, suspensão eletrônica e freio a disco EBS 5.

Desenvolvido para encarroçamento de até 14 metros, na versão 4x2 (dois ei-xos), o veículo tem uma outra vantagem, segundo a Volvo, que é o seu peso, em média 400 kg mais leve que modelos similares disponíveis no mercado.

No processo de desenvolvimento e testes do chassi, a fabricante contou com a colaboração de seus clientes. O Expresso Princesa dos Campos, de Ponta Gros-sa, PR, foi um deles que deu sua opinião e se mostrou satisfeito com o produto.

Saiba mais sobre o lançamento na próxima edição da revista eletrônica Auto-Bus, em abril.

Divulgação - Volvo Bus LA

Volksbus apresenta seu micro-ônibus com piso baixo

Objetivando atender a nova fase do programa federal Caminho da Escola, para o transporte escolar nas cidades, MAN Latin America, por meio de sua

marca Volksbus, apresentou há pouco dias a versão com piso baixo do seu chassi para micro-ônibus 8.160 OD.

O veículo tem o motor Cummins ISF de 3,8 litros, com sistema de pós-tratamento de emissões SCR, transmis-são ZF S5 420 de cinco marchas, além

de suspensão pneumática e entre-eixo de 5.000 mm, possibilitando carroçari-as de até 7.700 mm de comprimento.

De acordo com a montadora, ela ga-nhou licitação para o fornecimento de 250 unidades do novo chassi.

Além dessa versão, a MAN também disponibiliza o chassi 9.160 OD com entrada baixa para encarroçamento de até nove metros de comprimento.

Foto - Divulgação

Transporte público com ou sem subsídio?

Uma necessidade e uma obrigação po-lítica a oferta de um transporte público em todos os seus modais para se alcan-çar uma melhor qualidade de vida. E não

há fórmulas mágicas para poder ofere-cer e obter serviços públicos dignos e competitivos apoiados somente pelo que se arrecada com os valores das passa-gens. Assim Miguel Zanetto, vice-presidente da UITP (União Internacional de Transportes Públicos) América Lati-

na, começa seu artigo sobre a adoção de subsídio público ou privado como com-plemento para o equilíbrio financeiro do transporte coletivo qualificado.

O especialista em transporte atendeu a revista AutoBus, por e-mail, explicando

um pouco mais sobre o texto que ressal-ta o aspecto da subvenção às operações.

Revista AutoBus - O Senhor cita que o

transporte público não sobrevive sem subsídios governamentais. Na América Latina, o setor que mais sofre sem a

subvenção é, sem dúvida, o ônibus ur-bano, que se sustenta apenas com as tarifas. Como os governos podem mudar esse cenário que influencia negativa-mente a operação?

Miguel Zanetto – Minha proposta é no

sentido de se taxar alguns meios de transporte, como os individuais ou a-queles que emitem maiores níveis de poluentes, assim como outros envolvi-dos no segmento veicular, com impostos sobre os combustíveis, da compra de

automóveis novos, do uso do espaço pú-blico para o estacionamento dos veícu-los particulares, da cobrança de pedá-gios, das empresas que geram maiores níveis de emissões poluentes, dentre

outros. Seria uma colaboração social, pois o

benefício é para todos. A taxação suge-rida é para ser encaminhada ao trans-porte público, para o melhoramento da mobilidade urbana e dos serviços, com o financiamento de sistemas de BRT, tró-lebus e até veículos leves sobre trilhos.

AutoBus - Está mais que provado que os sistemas estruturados de ônibus, com corredores exclusivos, prioridade operacional e agilidade nos serviços, promovem ganhos significativos no transporte público. Porém, os poderes pú-blicos na América Latina pouco ou nada fazem para adotar uma nova imagem

do transporte feito pelo ônibus. É possível mudar essa posição governamental? Zanetto - Não gosto muito do entrar no terreno político, mas os temas de cor-

rupção estão na ordem do dia. No desenvolvimento de um projeto de metrô ou um monotrilho há muito dinheiro em jogo e muito para repartir em custos, tem-po de implantação, desenvolvimento do projeto, etc., em relação ao uso de fai-xas segregadas para ônibus.

Gostaria de citar dois exemplos. No Paraguai, o transporte público é feito pelo ônibus e reconhecidamente muito ruim. Lá, os veículos são velhos, atrasados em tecnologia, há uma forte carência de planejamento dos horários, com mui-tas sobreposições de linhas, etc. Não é possível investir em um projeto ou ideia urbana de um monotrilho, se ainda não há uma solução completa no sistema de ônibus, com uma administração moderna, no uso de bilhete eletrônico, da reno-

vação da frota com ar-condicionado, de capacitação do profissional, etc. A Solu-ção, a médio prazo, será a implantação de corredores rápidos, tipo BRT, rees-truturando todo o sistema.

No Panamá, investiu-se muito na construção de linhas de metrô, porém o sis-tema local de transporte público ainda continua a ser ruim e obsoleto. Um bom BRT é uma solução rápida e mais econômica. Menos tempo de traslado, menos energia gasta e redução das emissões poluentes.

Mas, isso depende de uma definição e decisão governamental, de uma política e uma ferrenha implantação de soluções, sem influências políticas ou econômi-cas que alterem as soluções visando somente atender interesses de determina-dos segmentos.

AutoBus - Hoje, a busca por trações alternativas em ônibus urbanos é uma questão muito debatida e até utilizada por algumas cidades pelo mundo que querem promover um ambiente urbano mais saudável à seus habitantes. Mas, a tecnologia continua cara e não há suporte financeiro para o uso em maior

escala, principalmente na América Latina, onde o ônibus é o principal agente do transporte de massa. O que é necessário para que isso mude e uma nova matriz energética passe a ser usada nos ônibus?

Zanetto - Uma determinação política dos governantes é uma decisão pública.

Logicamente que há os investimentos e também os interesses das petroleiras que influenciam para que uma solução imediata não ocorra no transporte pú-

blico. Hoje, há pesquisas e testes com ônibus elétricos, a gás e com o combus-tível do futuro, que é o hidrogênio, ou ainda os modelos elétricos que já foram apresentados nos salões de UITP com a tecnologia de carregamento por meio de wireless.

AutoBus - O transporte público e os serviços de ônibus são dependentes dos

humores governamentais, sendo defendidos por alguns administradores públi-cos e repelidos pela maioria?

Zanetto - Mais que depender dos humores governamentais, depende das exi-

gências e reações do público, manifestadas nos últimos anos pela insatisfação em cada aumento de tarifa. O transporte público é uma necessidade da socie-dade em geral. Os governantes devem compreender que as carências sentidas

pelas populações não são só em termos de saúde, segurança ou educação. Tem que entender que há a necessidade por orçamento próprio para atender e me-lhorar o transporte coletivo e a mobilidade, pois os trabalhadores passam em media 30 a 50% deu seu tempo tentando chegar a seu trabalho usando os meios de transporte. E eles são ruins, com maus serviços e de mal atendimen-to. É preciso resolver os problemas da poluição, da saúde pública, e da mobili-dade urbana, com a valorização do transporte público. Infelizmente em nossa

história, a parte da população mais carente é a que menos vale. E, quem tem pouco valor não é interessante para os negócios governamentais.

Não teremos nunca uma solução profunda se os problemas de transporte pú-blico não forem resolvidos com uma extensa política de estado.

Curitiba testa articulado com tração híbrida

A capital paranaense Curitiba, tem buscado soluções visando um ambiente ur-bano com maior qualidade. Para isso, diversas ações estão sendo colocadas em prática, por uma parceria entre instituições governamentais locais e suecas, que irão trabalhar em um inventário de emissões de material particulado e avaliação

de seus impactos na cidade e na região metropolitana. O resultado servirá de base para subsídios ao planejamento urbano e à gestão do transporte público.

No contexto da mobilidade, um dos projetos ambientais anunciados se trata da operação em teste do ônibus articulado com tração híbrida desenvolvido pela Volvo Buses. O veículo, configurado na versão europeia, ou seja, com constru-ção integral e portando diversos itens diferentes dos adotados por aqui, será avaliado em testes pela linha Interbairros II, com um modelo espelho movido a

diesel. A Volvo informa que o modelo traz o propulsor a diesel atendendo a norma Eu-

ro 6, de 240 cv de potência, mais o motor elétrico de 150 kW, além de duas ba-terias de lítio. Ele funciona no modo elétrico durante as arrancadas e quando está parado nos semáforos ou pontos de embarque e desembarque, momento em que não há emissão de poluentes e ruído. Em operação, há uma combinação

entre as duas trações. De acordo com a montadora, emite até 39% menos CO2 (dióxido de carbono) e 50% menos material particulado e NOx (óxido de nitro-gênio) que os veículos similares Euro 5 movidos à diesel.

Todo o teste (por seis meses) será acompanhado pelo sistema de telemetria de frotas da Volvo, que oferece uma visão completa da operação do veículo. O sistema oferece informações como consumo de combustível, emissão de poluentes, horas rodadas, velocidade média e aproveitamento das frenagens

para recarga da bateria do motor elétrico.

Com 18 metros de comprimento, o veículo possui piso baixo, conexão de internet Wi-Fi, ar-condicionado e capacidade para 154 passa-geiros. Foto - Divulgação

Unidos pela tração elétrica

A tendência para um transporte público urbano cada vez mais eletrificado au-menta cada dia que passa. Quatro grandes nomes produtores de ônibus (Irizar, Solaris Bus & Coach, VDL Bus & Coach e Volvo Buses) anunciaram recentemen-te que utilizarão, em comum, os sistemas de recargas elétricas desenvolvidos

pelas marcas ABB, Heliox e Siemens. O objetivo é garantir uma flexibilização, compatibilidade e confiabilidade dos

sistemas de recarga entre as diversas marcas de ônibus elétricos, além de faci-litar a transição do modelo convencional de transporte público para uma matriz energética mais limpa. A tecnologia envolvida favorece tanto as recargas rápi-das, aquelas feitas durante as operações em pontos e terminais de passageiros, utilizando os sistemas de indução por wireless ou por pantógrafos, quanto as

completas (plug-in), realizadas a noite, nas garagens. De acordo com a Volvo Buses, a decisão é fundamental para que as cidades

europeias possam ter a certeza que os diferentes sistemas são compatíveis en-tre si e que os problemas de travamento na recarga serão evitados.

Mercedes-Benz na Expo Foro 2016

Foto - Volvo Buses Foto - VDL Bus

A mais moderna gama de chassis para ônibus urbanos e rodoviários da Merce-des-Benz foi mostrada na mostra mexicana Expo Foro 2016. De acordo com a diretoria da montadora, a meta é disponibilizar ao mercado local versões sob medidas para nichos operacionais específicos, com produtos de última geração

para uma mobilidade mais confortável, segura e otimizada. Ainda, de acordo com a fabricante, todos os seus chassis contam a tecnologia

BlueTec5 (Euro 5), que promove uma redução no consumo de combustível e consequentemente uma diminuição nas emissões poluentes, contribuindo ainda para um menor custo operacional. A Mercedes-Benz conta hoje com mais de 80 pontos de vendas e serviços no México.

Na expo Foro, a flexibilidade foi o grande destaque no estande da montadora.

Foram mostrados os chassis OC 500 RF 2543; O500 RS 1941; OC 500 RF 2543 com carroçaria rodoviária Marcopolo Paradiso 1350 de 15 metros de compri-mento; MBO 1218/52; OH 1624/52L; MBO 1421/65; 500 U 1826; O 500 MDA com 23 metros; OH 1625/30L e OC 500 RF 1943.

Para o transporte urbano, a montadora passa a oferecer seu chassi articulado com 23 metros de comprimento

E para o transporte turístico, o chassi com piso baixo, ideal para carroçarias com dois pavimentos Fotos - Mercedes-Benz México

Transporte de mineiros

O modelo de carroçaria rodoviária i6, desenvolvido pela marca espanhola Iri-zar, foi apresentado no mês passado pa-ra os operadores peruanos do transporte

de trabalhadores de minas. O evento, realizado na cidade de Are-

quipa, serviu para a Irizar apresentar o propósito de sua marca com uma solidez de mercado, assim como os benefícios de um produto que pode ser identificado para segmento e as soluções personali-

zadas para as minas, no quesito segu-rança ativa e passiva, e também o resul-tado da experiência de sucesso obtida nos países como Chile e Austrália.

Com três configurações em tamanho, o modelo i6 apresentado pode ter acaba-

mento e uma extensa lista de opcionais específicos para minas, como elásticos no porta pacotes, pressurizador de baga-geiro, cinto de 3 pontos com sensor, es-cadas de acesso em alumínio, calefação de teto, calefação de piso, calefação in-dependente para o condutor, guia e cale-

fação adicional para frio extremo, pré-aquecedor do salão de passageiros, alca-trão de hulha (aplicação especial aplica-da nos ônibus que operam especifica-mente em mina, com o objetivo de prote-ger contra a corrosão de produtos quími-cos); além dos sistemas de segurança

Datik, como sensor de mudança brusca de faixa, sensor de colisão frontal, detec-tor de fadiga do condutor, vídeo câmeras registradoras de eventos no trajeto, ges-tão de frota e outros opcionais disponí-veis que maximizam a segurança no

transporte de passageiros.

Foto - Arquivo/UITP LA

Fotos - Irizar