Transtornos mentais na gravidez e puerpério

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Seja Bem Vindo!

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Palestra Ministrada pela Psicóloga Ana Carolina Schmidt de Oliveira pela Eventials em 11.12.2013, sobre o tema Transtornos Mentais na Gravidez e Puerpério.

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Seja Bem Vindo!

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Transtornos Mentais

na Gravidez e Puerpério

Hewdy Lobo Ribeiro Psiquiatra Forense

Psiquiatra ProMulher

IPq-HC-FMUSP

CREMESP 114681

Ana Carolina S. Oliveira Psicóloga

Esp. Dependência Química

CRP 06/99198

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Livro de Referência

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Falas Frequentes

• A mulher tem o dom natural de ser

mãe!

• A gravidez é o momento mais feliz na

vida de uma mulher.

• Toda mulher fica feliz com o

nascimento do filho!

• Por que aquela mulher jogou o filho no

lixo? Eu não entendo!

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Mulher na Gestação e Puerpério

• Contexto Cultural:

– Machismo;

– “Tem que ser feliz e boa”;

– Mitos relacionados à sexualidade;

– Mitos em geral e falta de informação;

– Preconceitos com mães solteiras ou de

orientação sexual homoafetiva.

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Mulher na Gestação e Puerpério

• Contexto Biológico:

– Aumento da produção de progesterona e estrógeno;

– Diminuição das gonadotrofinas;

– Aumento do volume cardíaco;

– Diminuição do hábito intestinal;

– Maior atividade vesical;

– Alterações capilares e da pele;

– Aumento do volume abdominal;

– Aumento das mamas.

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Mulher na Gestação e Puerpério

• Contexto Psicológico: – Pressões do contexto cultural;

– Preocupações inéditas;

– “Irreversível”;

– Novas emoções e angústias;

– Pensamentos e modos de perder o bebê;

– Temor de perder autonomia;

– Felicidade, alegria, orgulho, desejo de ser mãe...

– Sentimentos de perda da autoestima;

– Percepção subjetiva da perda da capacidade de sedução;

– Diminuição do desejo e frequência sexual;

– Ideia da irreversibilidade à imagem corporal prévia.

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Mulher na Gestação e Puerpério

• Contexto Social:

– Papel de mãe;

– Mudanças nas relações prévias;

– Restrições de atividades;

– Novos ambientes sociais;

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TM na Gestação e Puerpério

• Transtornos Mentais (TM)

• Etiologia;

• Época mais vulnerável para a ocorrência de transtornos mentais;

• Principais Transtornos Pós-Parto – Disforia;

– Depressão;

– Psicose;

– DSM IV-TR início nas 4 semanas pós-parto

• CID 10 (F53) início nas 6 semanas pós-parto;

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Disforia Pós-Parto

• Maternity blues ou postpartum blues;

• Ocorre em 50% a 85% das mulheres;

• Alterações leves do humor depressivo;

• Geralmente autolimitadas e com remissão completa (máximo duas semanas);

• Primeiros 7 a 10 dias do pós-parto;

• Duração: algumas horas ou dias;

• Exacerbação dos sintomas entre o quarto e quinto dias pós-parto;

• Tratamento: suporte emocional, compreensão e auxílio.

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Disforia Pós-Parto

• Sintomas:

– Choro fácil;

– Labilidade afetiva;

– Irritabilidade;

– Comportamento hostil;

– Sensibilidade excessiva à rejeição;

– Sentimentos de estranheza e

despersonalização.

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Depressão na Gestação

• Prevalência: – 7,4% no primeiro trimestre;

– 12,8% no segundo trimestre;

– 12% no terceiro trimestre;

• Adolescentes: – prevalência entre 16% e 44%;

– Falta de maturidade afetiva e de relacionamentos;

– Abandono dos estudos;

• Fatores de Risco: história anterior de depressão, dificuldades financeiras, baixa escolaridade, desemprego, ausência de suporte social, dependência de substâncias e violência doméstica.

• Fator de risco para Depressão Pós-Parto.

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Depressão Pós- Parto

• Depressão classicamente reconhecida em qualquer época da vida;

• Início dentro das 4 primeiras semanas de pós-parto;

• Ocorre entre 10% a 20% das mulheres;

• Depressão pós-parto prévia eleva em 25% o risco de recorrência;

• Repercussões negativas na interação mãe-bebê e em outros aspectos da vida da mulher;

• Raramente a depressão pós-parto acarretará em suicídio ou infanticídio.

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Depressão Pós-Parto

• Fatores de risco: Depressão prévia, episódios de depressão

ou ansiedade na gestação, eventos estressantes, pouco apoio social e financeiro, relacionamento conjugal conflituoso.

• Fatores de proteção: Otimismo, boa autoestima, boa relação

conjugal, bom suporte social preparação física e psicológica

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Depressão Pós-Parto

• Tristeza e Ansiedade;

• Dificuldades e desinteresse para atividades no dia a dia;

• Alteração do sono e do apetite;

• Agitação ou retardo psicomotor;

• Sensação de fadiga;

• Sentimento de inutilidade ou culpa;

• Dificuldade na concentração ou tomar decisões;

• Vontade de morrer;

• Dificuldade para cuidar da criança;

• Pensamentos recorrentes de causar danos ao bebê.

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Depressão Pós-Parto

• Comportamento Materno:

– Menos tempo olhando, tocando e falando com seus bebês;

– Mais expressões negativas que positivas;

– Menos contato ocular com bebê;

– Menor expressão afetiva;

– Podem interromper a amamentação mais precocemente;

– Indecisão e confusão pela inabilidade de resolução de problemas rotineiros.

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Depressão Pós-Parto

• Consequências para o Bebê: – Menos afeto positivo e mais afeto negativo;

– Atividade diminuída;

– Redução das vocalizações;

– Distanciam o olhar;

– Mais aborrecimentos e protestos mais intensos;

– Expressões de tristeza e raiva;

– Diminuem expressões de interesse;

– Aparência depressiva;

– Mais problemas de alimentação e sono;

– Menor desenvolvimento motor;

– Menos segurança afetiva;

– Maior incidência de distraibilidade, alterações de comportamento, atraso no desenvolvimento cognitivo e transtornos afetivos.

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Psicose Puerperal

• Quadros graves:

• Ocorrência rara: de 0,1% a 0,2%.

• Não existe uma apresentação típica: – Agitação psicomotora;

– Delírios e Alucinações;

– Ideias delirantes que envolvem a criança;

– Desorganização do comportamento e do discurso;

• A taxa de infanticídio nos quadros não tratados está em torno de 4%.

• Fatores de risco: primiparidade, ser mãe solteira, morte perinatal e parto cirúrgico.

• Detecção precoce é importante!

• Internação hospitalar pode ser necessária: forma de preservar mãe e criança de impactos mais sérios.

• Pode evoluir para Transtornos Afetivos ou Psicóticos

• 20% têm remissão completa do quadro

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Outros TM

• Transtorno Afetivo Bipolar

• Gestantes e puérperas portadoras de Dependência Química

• Prejuízos à mãe e ao feto/bebê;

• Falta de ambientes de tratamento adequados;

• A polêmica da internação compulsória;

• Prioridade sempre!

• Os transtornos ansiosos – Podem ser exacerbados ou precipitados

no pós-parto;

– TAG (transtorno de ansiedade generalizada);

– TEPT (transtorno de estresse pós-traumático);

– TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

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Intervenções

• Acolhimento;

• Tratamento Multidisciplinar;

• Psicoeducação;

• Psicoterapia;

• Tratamento Farmacológico.

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Acolhimento

• Escuta ativa e rastreio

• EPDS (Edinburgh Postpartum Depression

Scale)

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Tratamento Multidisciplinar

• Equipes Multidisciplinares:

– Psicólogos

– Psiquiatras

– Nutricionistas

– Ginecologista/ obstetra

– Terapeutas Ocupacionais

– Assistentes Sociais

– Enfermeiros

– Educador Físico

– Entre outros

• Ambientes Multidisciplinares – UBS

– AME

– CAPS

– Enfermarias

– Rede

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Psicoeducação

• Toda informação deve ser personalizada!!! – Sem parceiros, soropositivos, adolescentes,

homossexuais, reprodução assistida...

• Alguns Temas: – As mudanças Biopsicossociais da Gestação e

Puerpério;

– Transtornos Mentais;

– Mitos sobre a sexualidade;

– Aleitamento;

– Primeiros cuidados.

• Materiais impressos, vídeos, filmes, elaboração própria.

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Psicoterapia

• Compreender como a mulher se percebe neste momento e como significa a gravidez;

• Trabalhar crenças distorcidas presentes;

• Trabalhar seu novo papel a ser desempenhado;

• Compreender medos, inseguranças, e angústias;

• Valorizar queixas;

• Diminuir a ansiedade;

• Trabalhar as expectativas futuras.

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Psicoterapia

• Pensamentos comuns:

– Eu não sou boa mãe

– Não vou conseguir cuidar desta criança

– Sou sozinha, não posso cuidar de uma criança

– Tenho vontade/ medo de machucar meu filho

– Sou uma péssima mãe por sentir raiva do meu filho

– Eu não mereço ser feliz pois pensei em abortar

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Tratamento Farmacológico

• Literatura Científica

• Avaliação, prescrição e acompanhamento médico:

– Passa para o feto ou pelo leite, em quantidades pequenas;

– Com critério não trará riscos para feto/criança;

– Vantagens da melhora da qualidade de vida da mãe, o que impacta a gestação, e na possibilidade da mãe poder oferecer o cuidado adequado;

– Eletroconvulsoterapia (ECT), indicada para casos mais graves ou refratários a outras formas de tratamento.

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Conclusões

• Mais comuns do que prevemos;

• Grande sofrimento para gestante/ puérpera, cônjuge, criança e familiares;

• Julgamentos são inadequados e pioram;

• Apoio da família é fundamental no tratamento;

• Detecção precoce previne danos;

• Acompanhamento com profissionais da saúde antes de nova gestação;

• Existe tratamento com Excelentes Resultados!

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Convite

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Agradecemos Muito!

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Referências

• CANTILINO, A. et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Rev Psiq Clín. 2010;37(6):278-84

• CAMACHO, R.S. et al. Transtornos psiquiátricos na gestação e no puerpério: classificação, diagnóstico e tratamento. Rev. psiquiatr. clín., 2006, vol.33, no.2, p.92-102.

• PEREIRA, Priscila Krauss; LOVISI, Giovanni Marcos. Prevalência da depressão gestacional e fatores associados. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo , v. 35, n. 4, 2008.

• SANTOS, Iná S. et al . Validation of the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) in a sample of mothers from the 2004 Pelotas Birth Cohort Study. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 23, n. 11, Nov. 2007 .