Tratamento da vinhaça, concentração e outros
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“Workshop Tecnológico sobre VINHAÇA”
Projeto Programa de Pesquisa em Políticas Públicas
Painel 4:
Tratamento da Vinhaça: Concentração e outros
Palestrante : Mônica Albers Dedini S/A Ind. de Base [email protected] Debatedores: José Henrique de P. Eduardo – Conger Carlos Eduardo Vaz Rossell - UNICAMP Relator: Luis Augusto Barbosa Cortez – UNICAMP
Jaboticabal, 10/10/2007
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Workshop Tecnológico sobre Vinhaça
Tratamento da Vinhaça: Concentração e Outros
Mônica Albers
Dedini S/A Ind. de Base
Com o aumento da produção de etanol gera-se consequentemente uma maior produção
de vinhaça. Em média se produz de 10 a 15 Litros de vinhaça por Litro de etanol, dependendo
da configuração dos equipamentos da destilaria. A composição da vinhaça varia de acordo
como o mosto é composto, da mistura de caldo, mel e água.
Com esse aumento da produção de vinhaça, precisou-se pensar em alternativas de
utilização da mesma, para não jogar mais nos rios como era feito antigamente, o que
provocava a morte dos peixes. Começou-se a utilizar então a fertirrigação, o que se mostrou
uma ótima alternativa, uma vez que essa é utilizada para irrigar a cana, adubando ao mesmo
tempo e aumentando a produtividade.
A fertirrigação se tornou economicamente viável, e por isso foi a alternativa mais
utilizada para o destino da vinhaça, sendo utilizada pela maioria das usinas. Várias técnicas de
distribuição da vinhaça foram desenvolvidas, como por exemplo: o canhão hidráulico, o carretel
enrolador, a aspersão e a distribuição por caminhão em áreas mais distantes.
Juntamente com o aumento da produção de vinhaça, teve-se que aumentar o uso desta
no solo, e isso acabou gerando alguns problemas, tais como:
• O uso da vinhaça no solo, em regiões onde o lençol freático é próximo à superfície,
acabou sendo contaminado;
• Ao aumentar a capacidade da usina, torna-se necessário uma maior quantidade de
cana que nem sempre é da usina, e sim de fornecedores, diminuindo assim a área para
aplicação da vinhaça;
• Da mesma forma que se a usina comprar novas terras, ela pode ficar em regiões
descontínuas e mais distantes, inviabilizando o transporte por tubos ou mesmo pelo
caminhão, quando muito distantes;
• Pelas características da vinhaça, esta quando aplicada ao solo, acaba alterando as
qualidades do mesmo, principalmente quando utilizada em excesso, o que pode causar
saturação de alguns nutrientes, principalmente o potássio (K).
Para evitar a saturação do solo e garantir suas características naturais a Cetesb, em
2005 no estado de São Paulo, criou uma norma, a P4.231, que regulamenta o uso da vinhaça
no solo, como por exemplo a quantidade máxima de potássio (K) e como deve ser feito o
transporte da vinhaça pelos campos para não se ter problemas com vazamentos da tubulação.
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A primeira alternativa para esses problemas é a diminuição da produção de vinhaça.
Isso é conseguido dependendo de como é a configuração dos equipamentos da destilaria, com
isso pode-se reduzir de 15 para até 10 L de vinhaça por Litro de etanol.
Para se reduzir a quantidade de vinhaça, tem-se três possibilidades: o aquecimento
indireto da coluna de esgotamento, que recebe o vinho da fermentação, o esgotamento da
flegmaça e o aumento do teor alcoólico do vinho.
No aquecimento indireto o vapor utilizado para aquecer a coluna, é gerado pela sua própria
base, com o calor da fonte de vapor externa, não sendo incorporado o condensado deste vapor
na vinhaça. Hoje o que é comumente usado é o refervedor para quando se tem o vapor de
escape, de onde se aproveita o condensado para retornar à caldeira da usina. Já com o vapor
vegetal até pouco tempo atrás ele era utilizado como aquecimento direto e incorporado à base
da coluna, já que a temperatura dele é menor que a do escape não sendo eficiente o
refervedor. Para isso, tem-se a alternativa apresentada recentemente, que é o Falling Film,
(tecnologia Vogelbusch, oferecido pela Dedini S/A Ind. de Base) que aceita diferença de
temperaturas menores. Com essa solução já se reduz o volume da vinhaça em 2 a 4 Litros por
Litro de etanol.
Para reduzir a quantidade de vinhaça é comum separar a flegmaça, isso é feito quando se
tem uma coluna para esgotá-la, para que não se perca etanol na base da coluna de retificação.
Com essa coluna a mais não se retorna o flegma semi-exaurido para a coluna de esgotamento
do vinho. Existem várias utilidades para a flegmaça retirada desta coluna, uma vez que sua
composição é basicamente água quente e limpa, podendo ser aproveitada para lavagem dos
fermentadores e de trocadores de calor. Com essa tecnologia já se reduz o volume da vinhaça
em 2 a 2,5 Litros por Litro de etanol.
O teor alcoólico do vinho influencia na quantidade de retirada da vinhaça da coluna, pois
um vinho com teor alcoólico mais baixo significa uma quantidade maior de água e vice-versa.
Para se obter um vinho com grau maior é necessário melhorar a fermentação.
Outra alternativa para esses problemas da fertirrigação com vinhaça é a concentração por
evaporação, que reduz seu volume consideravelmente, pode ser usada para ração animal,
aumenta seu poder fertilizante, pode ser queimada em caldeiras especiais gerando energia, e
diminui a captação de água da usina, se o condensado retirado da evaporação for tratado e
reutilizado no processo. Essa alternativa é de tecnologia da Vogelbusch vendido pela Dedini
S/A Ind. de Base.
Para a concentração de vinhaça são utilizados evaporadores tipo Falling Film que
apresentam economia de energia elétrica, ele suporta vinhaça até no máximo de 25°Brix, para
não incrustar, e ele requer hidrociclones para remoção do lodo, ele requer uma limpeza mais
freqüente.
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Outros evaporadores utilizados na concentração de vinhaça são os de expansão, que
não apresentam incrustação devido a uma maior recirculação, por isso sua limpeza é mais
rara, porém ele consome mais energia elétrica para essa recirculação.
Para uma planta de concentração de vinhaça, que é o mesmo que uma planta de
evaporação em múltiplo efeito, alguns pontos relevantes precisam ser levados em
consideração ao se fazer um projeto. Essa planta é integrada ao processo industrial, portanto
precisa de utilidades como vapor (escape ou vegetal), água e energia elétrica. Uma das mais
importantes utilidades é o vapor, que junto com a quantia do investimento inicial indicará como
será a planta de concentração de vinhaça. Por exemplo: se a quantidade de vapor é maior,
pode-se ter uma menor quantidade de efeitos, consequentemente um menor investimento
inicial. Ou o inverso, se pelo balanço da usina, não se tem vapor, é necessário aumentar o
número de efeitos, aumentando o investimento inicial.
A água também é importante no processo de concentração de vinhaça. A quantidade de
água de recirculação da torre também depende do número de efeitos, se tiver menos efeitos,
maior a água de recirculação, com mais efeitos, menor a quantidade necessária para recircular.
O mesmo ocorre com energia elétrica. Se há uma quantidade menor de energia elétrica
excedente, pode-se utilizar os evaporadores Falling Film, nos primeiros efeitos, mas que
acarretarão em maior consumo de insumos para limpeza CIP e numa maior mão de obra. Caso
tenha mais energia elétrica, pode-se utilizar para todos os efeitos evaporadores de Expansão,
e consequentemente a planta terá menos paradas para limpeza e menos gastos com insumos
de limpeza CIP.
A Usina Santa Elisa adquiriu em 1978 um concentrador de vinhaça com tecnologia da
Vogelbusch na época com parceria na época com a Conger. Esta é uma planta que está em
funcionamento até os dias hoje, e não foi feita para concentrar toda a vinhaça produzida e sim
somente a quantidade da vinhaça que era levada por caminhão para regiões mais distantes.
Como mostrado anteriormente, em 1987, a utilização como fertilizante não era viável, já
que tinha um alto consumo energético e ela só foi viabilizada depois com a cogeração. Porém,
existe outra solução com tecnologia da Vogelbusch com parceria da Dedini S/A Ind. de Base,
que é a concentração de vinhaça com integração energética com a destilaria. Neste caso, o
vapor alcoólico do topo da coluna de retificação irá condensar no corpo do primeiro efeito da
evaporação da vinhaça e retornará ao processo de destilação normal para garantir as
qualidades do etanol hidratado produzido. Utilizando essa solução não há consumo de vapor
extra nenhum para concentrar a vinhaça e não concentra 100% da vinhaça, e sim cerca de
55%, o que é muito interessante uma vez que não é preciso para as condições das usinas que
temos hoje aqui no Brasil concentrar toda a vinhaça, mas somente uma parte. Esta se
apresenta por um ponto de vista energético mais viável. Para essa solução, o consumo de
vapor da destilaria continua o mesmo, e sugere-se que se tenha o aquecimento indireto e o
esgotamento da flegmaça, para se produzir a menor quantidade de vinhaça possível.
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Como é retirada uma alta quantidade de água da vinhaça, quando se faz a evaporação,
o que é chamado de condensado, este pode ser reaproveitado no processo da usina,
reduzindo-se a captação de água dos rios. Esse condensado pode-se retornar à diluição do
mel na fermentação, à embebição da moenda e para outros fins dependendo do tratamento
biológico realizado.
Faltam pesquisas básicas e/ou estudos de viabilidad e técnica/econômica/ambiental para
caracterizar os impactos e/ou direcionar os modos d e utilização da vinhaça?
A Dedini S/A Ind. de Base já contatou consultores da área agrícola de usinas para fazer
pesquisas sobre viabilidade econômica, pay-back, de uma planta de concentração de vinhaça,
pois são muitos parâmetros que têm que ser levados em consideração para saber o real poder
fertilizante, o que realmente acontece no solo quando aplicada a vinhaça concentrada,
exatamente qual o raio econômico da vinhaça diluída e a partir de quantos quilômetros de
distância da usina já compensa concentrar.
Outro estudo a ser feito é o de combustão da vinhaça concentrada em caldeiras. Hoje existe
uma no mundo funcionando que é na Tailândia, porém o custo dessa caldeira é super elevado.
Por poucos estudos realizados, a caldeira para vinhaça concentrada se assemelha bastante ao
licor negro das fábricas de papel e celulose. E não se sabe ao certo o poder calorífico da
vinhaça, pois existem teses que defendem que o calor gerado nessa caldeira é suficiente para
suprir a necessidade da destilaria. Já se tem alguns estudos sendo feitos nesse sentido na
UNIFEI – Itajubá em Minas, porém é preciso depois do estudo feito, ter esses queimadores na
caldeira.
Quais são os usos potenciais e os gargalos tecnológ icos para sua adoção?
O uso potencial para a vinhaça é: ela diluída em regiões próxima à usina (fertirrigação), e em
áreas mais afastadas, utilizar a concentração, sendo considerada como fertilizante, e
reaproveitando seu condensado para diminuir a captação de água dos rios. Os gargalos para
sua adoção ainda são seu alto custo, já que seus equipamentos apresentam grandes áreas e
são todos construídos em aço inox.