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54 ARTIGO DE REVISÃO Adolescência & Saúde Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 54-62, abr/jun 2013 RESUMO Introdução: Existe uma grande discussão na literatura quanto aos possíveis riscos ou benefícios do Treinamento de Força Muscular (TF) aplicado em crianças e adolescentes. Tal atividade, com cargas intensas, sempre foi empregada ao longo do tempo como um esporte, sendo seu público de maior incidência homens adultos jovens ou de meia idade. Atualmente, o escopo atuante engloba também crianças e adolescentes. Acoplado ao novo público, surge também a preocupação com lesões e déficit de crescimento por altas cargas de estresse osteomioarticular por meio do TF em crianças. Métodos: Trata- -se de uma revisão de literatura do tipo analítica, em que são utilizados autores nacionais e internacionais para discorrer sobre os benefícios ou malefícios do TF para o grupo em questão. Objetivo: Trazer subsídios científicos que contribuíram para a tomada de decisão da adesão, ou não, do TF em crianças. Conclusão: Por fim, é possível concluir que o TF, se bem orientado, não traz qualquer risco à saúde ou ao crescimento de crianças e adolescentes. PALAVRAS-CHAVE Crianças adultas, adolescente, treinamento de resistência. ABSTRACT Introduction: There is a great debate in the literature about the potential risks or benefits of TF introduction: There is a great debate in the literature about the potential risks and benefits of TF used in children and adolescents. Such activity, with heavy loads, has always been used over time in children and adolescents. Such activity, with heavy loads, has always been used as a sport, with higher incidence among young adult or middle-aged men. Presently, the scope also includes children and adolescents. Coupled with the new public target, there is also the concern about injuries and failure in the growth of children caused by high stress osteomioarticular loads through the TF in them. Methods: This is a literature review of the analytical type, which we use in national and international authors to discuss the benefits or harms of TF for the group in question. Objective: Bring scientific subsidies for the decision to use, or not to use, TF in children. Conclusion: Finally, it is possible to conclude that the TF, if well directed, does not bring any risk to the health or growth of children and adolescents. KEY WORDS Adult children, adolescent, resistance training. Treinamento de força muscular para crianças e adolescentes: benefícios ou malefícios? Muscle strength training for children and adolescents: benefits or harms? > Rodrigo Silva Perfeito 1 Wallace Machado Magalhães de Souza 2 Diego Gomes de Sá Alves 3 Rodrigo Silva Perfeito ([email protected]) - Estrada Adhemar Bebiano 4595, cs 91, Engenho da Rainha - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP: 20765-171. Recebido em 17/02/2012 – Aprovado em 04/02/2013 ¹Mestrando em Ciências da Atividade Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Especialista em Educação Física Escola (UERJ); graduado em Educação Física (UERJ) e em Fisioterapia - Faculdade de Reabilitação da Associação de Solidariedade a Criança Excepcional (FRASCE), Fundador e Diretor do Instituto de Pilates, Fisioterapia e Educação: Fisart. Pesquisador do Laboratório do Imaginário Social Sobre as Atividades Corporais e Lúdicas - LISACEL (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Professor de Educação Física. Especializando em Ciências da Performance Humana pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 3 Aluno de Educação Física. Graduando em Educação Física. Licenciatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. > > >

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54ARTIGO DE REVISÃO

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 54-62, abr/jun 2013

RESUMOIntrodução: Existe uma grande discussão na literatura quanto aos possíveis riscos ou benefícios do Treinamento de Força Muscular (TF) aplicado em crianças e adolescentes. Tal atividade, com cargas intensas, sempre foi empregada ao longo do tempo como um esporte, sendo seu público de maior incidência homens adultos jovens ou de meia idade. Atualmente, o escopo atuante engloba também crianças e adolescentes. Acoplado ao novo público, surge também a preocupação com lesões e défi cit de crescimento por altas cargas de estresse osteomioarticular por meio do TF em crianças. Métodos: Trata--se de uma revisão de literatura do tipo analítica, em que são utilizados autores nacionais e internacionais para discorrer sobre os benefícios ou malefícios do TF para o grupo em questão. Objetivo: Trazer subsídios científi cos que contribuíram para a tomada de decisão da adesão, ou não, do TF em crianças. Conclusão: Por fi m, é possível concluir que o TF, se bem orientado, não traz qualquer risco à saúde ou ao crescimento de crianças e adolescentes.

PALAVRAS-CHAVECrianças adultas, adolescente, treinamento de resistência.

ABSTRACTIntroduction: There is a great debate in the literature about the potential risks or benefi ts of TF introduction: There is a great debate in the literature about the potential risks and benefi ts of TF used in children and adolescents. Such activity, with heavy loads, has always been used over time in children and adolescents. Such activity, with heavy loads, has always been used as a sport, with higher incidence among young adult or middle-aged men. Presently, the scope also includes children and adolescents. Coupled with the new public target, there is also the concern about injuries and failure in the growth of children caused by high stress osteomioarticular loads through the TF in them. Methods: This is a literature review of the analytical type, which we use in national and international authors to discuss the benefi ts or harms of TF for the group in question. Objective: Bring scientifi c subsidies for the decision to use, or not to use, TF in children. Conclusion: Finally, it is possible to conclude that the TF, if well directed, does not bring any risk to the health or growth of children and adolescents.

KEY WORDSAdult children, adolescent, resistance training.

Treinamento de força muscular para crianças e adolescentes: benefíciosou malefícios? Muscle strength training for children and adolescents: benefi ts or harms?

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Rodrigo Silva Perfeito1

Wallace Machado Magalhães de Souza2

Diego Gomesde Sá Alves3

Rodrigo Silva Perfeito ([email protected]) - Estrada Adhemar Bebiano 4595, cs 91, Engenho da Rainha - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP: 20765-171. Recebido em 17/02/2012 – Aprovado em 04/02/2013

¹Mestrando em Ciências da Atividade Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Especialista em Educação Física Escola (UERJ); graduado em Educação Física (UERJ) e em Fisioterapia - Faculdade de Reabilitação da Associação de Solidariedade a Criança Excepcional (FRASCE), Fundador e Diretor do Instituto de Pilates, Fisioterapia e Educação: Fisart. Pesquisador do Laboratório do Imaginário Social Sobre as Atividades Corporais e Lúdicas - LISACEL (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2Professor de Educação Física. Especializando em Ciências da Performance Humana pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 3Aluno de Educação Física. Graduando em Educação Física. Licenciatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 54-62, abr/jun 2013Adolescência & Saúde

INTRODUÇÃO

Visivelmente ocorreram transformações na essência do treinamento desportivo para crianças e adolescentes. No passado havia a preocupação da inserção do sujeito no esporte como algo que possibilitava novas experiências como, interação social, prática esportiva pelo divertimento, entre outras . Atualmente, existem escolinhas e clubes reivindicando de meninos e meninas ainda não desenvolvidos, crescidos e maturados, condicio-namento físico e desempenhos comparados ao de atletas adultos de alto rendimento. A criança, em alguns momentos, é considerada, em molde menor, uma réplica do adulto.

Dentre as diversas valências trabalhadas para o aprimoramento do desempenho nas mais variadas modalidades desportivas, o Treinamen-to de Força (TF) é considerado um dos principais componentes para o sucesso do atleta. Por este motivo, é estimado como um dos eventos pre-cursores na vida desportiva de uma criança ou adolescente que está sendo preparada para atin-gir a vida esportiva de alto rendimento. Neste âmbito do alto nível, existe a exigência de perfor-mance cada vez mais precoce, fazendo-se neces-sário o treinamento com altas intensidades para alcançar resultados cada vez mais satisfatórios.

Para melhorar o desempenho de um atle-ta, a preocupação primária se apresenta no de-senvolvimento da força. Utilizar vários métodos para seu desenvolvimento conduz a um rendi-mento maior, cerca de 8 a 12 vezes mais com-parado a utilizar apenas capacidades disponíveis para certo desporto. Dessa forma, o TF é um dos mais importantes componentes do processo de formação dos atletas1.

A grande discussão presente nos estudos sobre o treinamento precoce em crianças e ado-lescentes é o possível risco do crescimento ósseo anormal, afetando as epífi ses de crescimento, diversas lesões osteomioarticulares, principal-mente as ligamentares, devido à constituição de tecidos ainda em desenvolvimento e maturação, e fatores que impedem o próprio treinamento como, por exemplo, a intensa utilização de fos-

focreatina e uma atividade que, geralmente, se apresenta monótona2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9.

Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo refl etir sobre os efeitos da aplicação do TF em crianças e adolescentes, assim como seus possíveis benefícios ou malefícios agudos ou a longo prazo.

Em seguida, apenas a cunho de curiosida-de, estão retratados exercícios para crianças em academia específi ca para o grupo em questão.

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Figura 2. Aparelho voador

Fonte: Estampa notícias. Disponível em: <http://www.jmijui.com.br/publicacao-5947-newsstampa.fi re>. Acesso em: 09.01.2013.

Figura 1. Esteira para criança

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MÉTODOS

As informações coletadas através de referen-cial teórico nacional e internacional foram, em primeiro momento, agrupadas, formando o esta-do da arte e, em seguida, submetidas à pondera-ção com o desígnio de promover uma revisão de literatura que possibilitasse identifi car possíveis efeitos positivos e/ou negativos do TF diante de crianças e adolescentes em pleno processo de Desenvolvimento, Crescimento e Maturação des-critos por Malina10 e Malina e Bouchard11.

Para tanto, foram coletados no período de 10 de setembro a 15 de dezembro de 2012 arti-gos nas bases de dados MedLine, Scielo e Pub-med por meio dos descritores: treinamento de força para crianças, musculação para crianças e atividade física e crescimento nas línguas portu-guesa e inglesa, além de livros sobre a temática. O critério de exclusão e inclusão dos textos foi estabelecido pela leitura dos resumos e verifi ca-ção da relevância para este trabalho.

Defi nição de TF e Força

Força é a capacidade neuromuscular de extrapolar uma resistência externa como, por exemplo, de um halter, ou interna, como o peso do próprio corpo. A força máxima que um indi-víduo pode produzir depende das características biomecânicas de um movimento – força de ala-vanca, o grau de participação de grupos muscu-lares maiores – e a magnitude de contração dos músculos envolvidos, ou seja, a intensidade do impulso, o qual determina a quantidade de uni-dades motoras envolvidas no processo1. Força ocorre quando é superada ou é sustentada uma resistência exterior, estando ligada à técnica e à velocidade empregadas no ato3.

TF é um elemento que possibilita a pre-venção da osteoporose numa idade cronológica avançada propiciando o aumento da densidade mineral óssea7. É um treinamento que produz adaptações capazes de promover o aumento da força muscular através da utilização de car-gas externas e internas6. Desta forma, é tudo aquilo que se apresenta de forma sistematiza-

da e promove o ganho de força muscular. Tem ainda como consequência a prevenção de al-gumas doenças crônico-degenerativas, como a osteoporose, e transformações fi siológicas, ana-tômicas e biomecânicas nos tecidos osteomio-articulares. Pode ser realizado através de cargas advindas do próprio corpo ou em aparelhos es-pecífi cos, como os encontrados em academias de musculação.

De acordo com cada metodologia, existem diferentes graduações nas adaptações biológicas de crianças e adolescentes sedentários. Treinos aplicados através de aparelhos específi cos propi-ciam ganhos de 13% a 30% da força11. Quando o treinamento é harmonizado com a individu-alidade biológica do praticante, tal rendimento pode chegar aos 40%4. Utilizando exercícios pliométricos, os resultados podem alcançar 8%8. É possível observar que em períodos considera-dos curtos – entre oito e doze semanas – existe um aumento de 30% a 50% da força11.

TF e as adaptações biológicasem crianças e adolescentes

Ainda é muito discutida a questão do TF para crianças e adolescentes. O posicionamento da National Strength and Conditioning Associa-tion, da American Orthopedic Society for Sports Medicine, e da Academy of Pediatrics afi rma que jovens podem se benefi ciar com a participação em um programa apropriadamente prescrito e supervisionado6.

Em relação aos ganhos de força, estudos apontam que, em crianças e adolescentes, esta adaptação está mais associada ao “aprendiza-do” e à ativação neuromuscular aprimorada do que aos aumentos substanciais no diâmetro transverso dos músculos, haja vista a pequena quantidade de testosterona – hormônio res-ponsável, dentre outras funções, pelo aumen-to de massa muscular – sintetizada durante a infância2, 6, 12.

Embora o TF não promova níveis signifi ca-tivos de hipertrofi a em crianças, podem ser ge-rados nos músculos, nervos e no tecido conjun-

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tivo outras adaptações e benefícios, tais como: mudanças no padrão de recrutamento das fi bras musculares e no tecido conjuntivo, aperfeiçoa-mento da força, melhora no desempenho es-portivo e prevenção de lesões2, 6, 13.

Além de infl uenciar diretamente no tecido muscular, o TF pode apresentar um efeito favo-rável na densidade mineral óssea em crianças e adolescentes de ambos os sexos, embora não se conheça um limiar mínimo de exercício que pro-mova mudanças na saúde óssea6, 13.

TF e possíveis lesões

Apesar dos possíveis efeitos positivos do TF através das adaptações biológicas no corpo humano, o risco de lesões agudas e crônicas, diante de um programa mal formulado, deve ser interpretado como existente. Para evitar le-sões, o conjunto de exercícios para jovens não deve enfatizar cargas máximas ou submáximas, mas sim, sua técnica apropriada. Este cuidado é importante vide que diversas lesões ocasionadas pelos exercícios de força estão relacionadas a uma técnica não adequada, ao uso de cargas ex-cessivas ou à falta de supervisão qualifi cada6, 13.

Diante da necessidade de melhor enten-dimento, serão apresentadas, resumidamente, algumas lesões agudas e crônicas:

Lesões agudasDistensão muscular: é a lesão aguda mais

comum em crianças e adolescentes submetidas a um TF incorreto. As distensões podem ser o resultado de um aquecimento incorreto antes de uma sessão de treinamento ou, ainda, da tentativa de superar cargas elevadas para um determinado número de repetições. Esta última variável deve ser considerada um indicador e não um fator de obrigatoriedade6, 14.

Danos à cartilagem do crescimento: a cartilagem de crescimento está localizada, geral-mente, em três locais: na placa epifi sária, ou de crescimento; na epífi se, ou superfície articular; e na inserção da apófi se, ou inserção tendínea. Os ossos longos do corpo crescem em compri-

mento a partir das placas epifi sárias localizadas em suas extremidades. Normalmente, devido às mudanças hormonais, as placas epifi sárias soli-difi cam-se após a puberdade. Posteriormente, a solidifi cação, o desenvolvimento dos ossos lon-gos e, portanto, o crescimento em altura não é mais possível. Na adolescência, a cartilagem da placa epifi sária pode estar mais fraca que o osso devido às suas heterogenias de desenvolvimen-to. O crescimento das cartilagens nas inserções apofi sárias dos principais tendões assegura uma sólida conexão entre o tendão e o osso. Danos às inserções apofi sárias podem causar dor e também aumentam o risco de separação entre o tendão e o osso, resultando numa fratura de avulsão. Os três locais de crescimento da cartila-gem são mais suscetíveis à lesão durante o esti-rão de crescimento na adolescência, assim como ao aumento da tensão muscular em torno das articulações. Um treinamento que não respeite a maturação do jovem pode comprometer e da-nifi car a cartilagem de crescimento6, 15.

Fraturas: as placas epifi sárias em crianças e adolescentes são propensas a fraturas porque ainda não estão solidifi cadas e se apresentam mais fracas que o osso. Comumente, os casos de lesão óssea ocorrem durante exercícios com levantamento da carga sobre a cabeça e com intensidades próximas à máxima6.

Os cuidados com a sobrecarga se fazem necessários ao relacionar o treinamento com o crescimento ósseo, pois este ainda não se en-contra em sua formação fi nal. Jovens que pra-ticam atividade física sem controle de carga podem sofrer microtraumatismos na junção das unidades músculo-tendinosas ao osso. Duran-te esse período, músculos, tendões e ligamen-tos são de duas a cinco vezes mais fortes que suas inserções nos ossos, podendo resultar em infl amação ou lesão. Deve-se evitar: a técnica incorreta na realização dos exercícios, ou seja, má execução motora e/ou excesso de sobrecar-ga para um determinado número de repetições; a ansiedade de alcançar altas cargas em pouco tempo, aumentando subitamente a intensidade, respeitando, dessa forma, a individualidade bio-

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lógica; a especialização precoce, resultando em estresse mecânico sobre as estruturas músculo--tendinosas, ligamentosas e ósseas13.

Lesões lombares e lombalgia: a execução incorreta ou o excesso de carga no treinamento podem levar crianças e adolescentes a adquiri-rem o quadro de lombalgia e, em casos extre-mos, lesões discais. O uso da técnica correta e de cargas bem inferiores à máxima auxilia na prevenção destas desconformidades2, 6, 13.

Lesões crônicasCartilagem de crescimento: em muitos

casos, quadros álgicos em adolescentes e crian-ças são causados por osteocondrite – infl ama-ção da cartilagem do crescimento – ou osteo-condrite dissecante – separação de uma parte da superfície articular do osso. Pequenas fratu-ras de avulsão da cartilagem de crescimento na inserção do tendão patelar em direção ao osso podem estar relacionadas à doença de Osgood--Schlatter. Embora preocupante, esse tipo de le-são é bastante raro14, 6.

Lesões na região posterior de tronco: os adolescentes podem correr mais riscos do que os adultos quanto à espondilite – infl amação de uma ou mais vértebras – e para o estresse rela-cionado à dor6.

Além das injúrias citadas anteriormente, a hiperlordose acompanhada por desvios na pelve pode ser ocasionada ou exacerbada com um treinamento incorreto. Durante o estirão de crescimento, adolescentes tendem a desenvol-ver a hiperlordose na coluna lombar. Vários fa-tores contribuem para esse problema, incluindo o crescimento acentuado da porção anterior dos corpos vertebrais e os músculos isquiotibiais ten-cionados, que forçam o quadril a assumir a po-sição antevertida. A lombalgia em adolescentes normalmente está associada com a hiperlordose6,

16. O professor deve estar atento a esses detalhes durante a elaboração do programa de exercícios.

O quadro de dor lombar relacionado ao TF pode ser diminuído com a realização de ativida-des que fortaleçam as musculaturas abdominal e das costas. Tal adaptação biológica ajuda na

manutenção da técnica correta do exercício, o que reduz a tensão na região lombar. Cargas le-ves e moderadas, que permitam a realização de pelo menos 10 repetições, podem ser úteis na redução da incidência álgica6.

TF e crescimento

Ainda existe muita discussão sobre os pos-síveis efeitos da atividade física no crescimento. O senso comum diz que algumas atividades, como a natação, favorecem o crescimento, en-quanto outras, como a musculação e a ginástica olímpica, seriam prejudiciais para o crescimento longitudinal das crianças e adolescentes.

Auxiliando nesta refl exão, algumas inda-gações mencionam que, enquanto o exercício físico moderado estimula o crescimento, o trei-namento extenuante representa um estresse capaz de atenuá-lo, sendo esse efeito resultante mais da intensidade e duração do treino do que propriamente do tipo de exercício praticado. Se por um lado existem dúvidas sobre a veracida-de dos efeitos desses exercícios sobre a estatura fi nal do indivíduo, por outro lado, é relevante a afi rmativa de que o exercício físico pode induzir aumentos signifi cativos do hormônio de cresci-mento (GH) na circulação sanguínea de crianças e adolescentes17. Por outro lado, o TF intenso pa-rece acarretar um decréscimo nos níveis de IGF-1, sugerindo a redução ou atraso do crescimen-to, comprometendo, assim, a estatura fi nal18.

A intensidade e a duração do treinamento infl uenciam mais do que o tipo de desporto pra-ticado. Contudo, poucos pesquisadores relata-ram e controlaram a intensidade do treinamen-to – sobrecarga, número de repetições, aspectos biomecânicos, nível de difi culdade das habilida-des, entre outros – difi cultando sobremaneira a compreensão da relação causa e efeito do trei-namento sobre o crescimento17.

Embora muito se especule quanto ao fato do crescimento ósseo ser potencializado pela prática de exercícios físicos, não foram encon-trados na literatura científi ca específi ca estu-dos bem desenvolvidos que sustentem esse

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paradigma. O que se pode afi rmar com ampla fundamentação é que as atividades esportivas adequadamente programadas e supervisiona-das potencializam a densidade mineral óssea, particularmente durante a adolescência, quan-do o pico de massa óssea está por ser alcançado. Estudos apresentam a combinação de dieta rica em cálcio associada ao exercício físico, durante a adolescência, como recurso adequado para a maximização do pico de massa óssea e conse-quente redução do risco de osteoporose futura14.

Deve-se salientar que, por vezes, a própria seleção esportiva recruta crianças e/ou adoles-centes com perfi s de menor estatura como estra-tégia para obtenção de melhores resultados em função da facilidade mecânica dos movimentos14.

Recomendações para o TFem crianças e adolescentes

Um treinamento bem organizado e supervi-sionado para jovens pode ser realizado em até 20 minutos por sessão de treino. Durante o período inicial, para crianças de 8 a 10 anos, a frequência semanal de duas sessões pode trazer ganhos sig-nifi cativos de força e mudanças na composição corporal. Além disso, nesse período, um núme-

ro maior de repetições (13 a 15) por série pode produzir importantes ganhos na força e na resis-tência muscular localizada, comparado com um número de repetições menores (6 a 8) por série6.

Assim como os adultos, as crianças e ado-lescentes podem obter mudanças signifi cativas na força e na composição corporal por meio de programas de baixo volume e de séries únicas. Por isso, em seu início, o programa deve ser composto por uma série de, aproximadamente, 13 a 15 repetições, com pelo menos um exer-cício para os principais grupamentos do cor-po. Conforme o jovem se desenvolve, cresce e matura, programas mais avançados podem ser gradualmente introduzidos. Entretanto, a Natio-nal Strength and Conditioning Association (NSCA) recomenda que cargas muito intensas sejam controladas, utilizando, no máximo, 5 a 6 RMs6.

A Tabela a seguir apresenta uma progressão de exercícios dos 5 aos 18 anos. O programa de TF deve ser realizado em condições favoráveis, tanto para segurança quanto para o divertimento da criança e do adolescente. Vale ressaltar que são informações sugestivas e que, de maneira al-guma, substituirão a avaliação e coleta de dados mediante o professor de Educação Física.

Tabela. Orientações básicas para a progressão de exercícios de força para crianças e adolescentes

Idade (anos) Considerações

5 - 7Prescrever exercícios básicos com pouco ou nenhum peso; desenvolver o conceito de uma sessão de treinamento; ensinar as técnicas do exercício; progredir de exercícios calistênicos com peso do corpo para aqueles com parceiros e cargas leves; manter o volume baixo.

8 – 10Aumentar gradualmente o número de exercícios; iniciar o incremento gradual e progressivo da sobrecarga; manter os movimentos simples; aumentar o volume lentamente; com cuidado, monitorar a tolerância ao estresse do exercício.

11 – 13Ensinar todas as técnicas básicas do exercício; continuar progressivamente aumentando a sobrecarga; enfatizar a técnica; introduzir movimentos mais avançados com pouca ou nenhuma carga.

14 – 15Progredir para programas com exercícios de força mais avançados; incluir componentes específicos do esporte; enfatizar as técnicas; aumentar o volume.

16 ou maisEntrar no nível inicial de programas para adultos depois que toda a experiência anterior tiver sido obtida.

Adaptado de: Fleck, S; Kraemer, W. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 3. ed. Porto Alegre: Artimed, 2006.

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Recomendações do ACSM para aptidão física na infância e na adolescência

Em informações do American College of Sports Medicine (ACSM), a aptidão física para crianças e adolescentes deve ser desenvolvida como primei-ro objetivo de incentivo à adoção de um estilo de vida apropriado com prática de exercícios por toda a vida, com intuito de desenvolver e manter o condicionamento físico sufi ciente para melho-ria da capacidade funcional e da saúde19.

Programas de Educação Física em escolas são parte importante do processo geral de edu-cação e devem ser incentivados para desenvol-ver e manter hábitos de prática de exercício ao longo da vida e prover instruções sobre como adquirir e manter uma aptidão física adequada. A quantidade de exercício necessária para uma capacidade funcional adequada para a saúde nas variadas idades ainda não foi precisamente defi nida. Até que evidências defi nitivas estejam disponíveis, as atuais recomendações são que crianças e adolescentes realizem 20-30 minutos de atividade física vigorosa ao dia. Aulas de Edu-cação Física normalmente dedicam algum tem-po para instruções sobre a prática das atividades, mas o tempo de aula é geralmente insufi ciente para desenvolver e manter condicionamento físi-co adequado. Por isso, programas escolares tam-bém devem focar mudanças na educação e no comportamento para incentivar o engajamento em atividades apropriadas fora das aulas. O as-pecto lúdico no exercício deve ser enfatizado19.

Programas educacionais projetados para aumentar o conhecimento e o reconhecimento do papel e do valor do exercício na aptidão física e na saúde são virtualmente inexistentes em es-colas, embora tais programas sejam comuns em universidades. Esforços profi ssionais são necessá-rios para desenvolver, testar e publicar materiais educativos adequados para o uso em escolas. Programas de treinamento precisam ser desen-volvidos e iniciados para proporcionar professo-res com conhecimentos e habilidades para ajudar os alunos a atingir qualidades cognitivas, afetivas e comportamentais associadas a exercício, saúde e condicionamento. Os docentes também preci-

sam dar assistência nas formas de integrar outros aspectos da promoção da saúde – boa nutrição, por exemplo – nas instruções sobre exercício e aptidão física. Os componentes educacionais de avaliar, ensinar atividades de condicionamento físico e reconhecimento através de premiação devem ser complementares e precisam ser coor-denados para um programa compreensivo19.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O TF pode ser benéfi co para crianças e ado-lescentes, desde que as devidas precauções se-jam adotadas. A utilização de cargas elevadas e posturas incorretas na realização dos exercícios devem ser evitadas, pois aumentam os riscos de lesões e desestimulam a prática da atividade fí-sica. Intensidades leves a moderadas e a técnica correta dos exercícios devem ser priorizadas, evi-tando, desta forma, o risco de evasão diante de seus diversos motivos, tais como, uma atividade monótona e que pode causar tendinopatias, sem ludicidade, cansativa ao extremo e repetitiva.

Alguns dos benefícios do TF em jovens são: aumento da força, melhora da coordenação motora, aumento da densidade mineral óssea e prevenção de lesões. Prejuízos no crescimento longitudinal são apenas observados quando a in-tensidade do exercício é extremamente alta. O TF estimula a síntese do hormônio GH, favorecendo o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Atua também como um compo-nente importante na aquisição de maior rendi-mento em jovens atletas, nas mais diversas moda-lidades, contribuindo para melhores resultados.

Diante das diversas pesquisas, como as re-tratadas neste trabalho, ao que parece, mesmo quando a atividade é exercida com altas cargas, porém sistematizada, não há riscos de lesões e tão pouco afeta o crescimento de jovens, como no exemplo do famoso “pequeno Hércules” Ri-chard Sandrack, que cresceu normalmente mes-mo com níveis altíssimos de treinamento que, na época, foi muito contestado por arriscar o crescimento normal do jovem.

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REFERÊNCIAS

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Figura 3: Richard por volta dos 10 anos

Fonte: Vírgula/UOL. Disponível em: <http://virgula.uol.com.br/ver/album/inacreditavel/2012/11/09/22576-criancas-musculosas#2>. Acesso em: 09.01.2013.

Figura 4: Richard por volta dos 20 anos

Assim, em linhas fi nais, o papel do pro-fessor de Educação Física é orientar e elaborar programas de treinamento de forma segura que, ao mesmo tempo, promovam benefícios sem ausentar os aspectos lúdicos que toda ati-vidade voltada para crianças deve ter, favore-cendo que estes, quando adultos, adotem um estilo de vida saudável.

NOTA

Este trabalho recebeu suporte do Instituto de Pilates, Fisioterapia e Educação: Fisart. Vale ressaltar, porém, que o Instituto Fisart não fi nan-ciou bolsas ou ida a campo com documentação formal, mas, sim, comprando livros, cedendo o local de estudo e proporcionando alimentação adequada e transporte aos pesquisadores.

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Page 9: Treinamento de força muscular para crianças e …...a um TF incorreto. As distensões podem ser o resultado de um aquecimento incorreto antes de uma sessão de treinamento ou, ainda,

62 Perfeito et al.TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: BENEFÍCIOS OU MALEFÍCIOS?

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