Treinamento de Supervisores de Entrada em Espaço Confinado … · 2019-01-28 · CADASTRO DO...

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Treinamento de Supervisores de Entrada em Espaço Confinado 40h

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Treinamento de Supervisores

de Entrada em Espaço Confinado

40h

Treinamento de Supervisores

de Entrada em Espaço Confinado

40h

Macaé, RJ

Nome do Curso Treinamento de Supervisores de Entrada em Espaço Confinado

40h

Nome do Arquivo 20180322_AP_EC40h_PT_REV02

ÍNDICE

1. LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO .................................... 12

2. DEFINIÇÃO ................................................................................................. 16

ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS ......................................................... 18

3. CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SEGURAS EM ESPAÇOS CONFINADOS .......... 19

ANÁLISE DE PERIGOS/RISCOS ................................................................... 20

RISCOS FÍSICOS ...................................................................................... 21

RISCOS QUÍMICOS ................................................................................... 22

RISCOS BIOLÓGICOS ................................................................................ 23

RISCOS MECÂNICOS ................................................................................. 23

RISCOS ERGONÔMICOS ............................................................................ 24

ATMOSFERAS DEFICIENTES EM OXIGÊNIO .................................................. 25

ATMOSFERAS ENRIQUECIDAS DE OXIGÊNIO ............................................... 26

ATMOSFERAS EXPLOSIVAS ........................................................................ 26

ATMOSFERA COM POEIRA COMBUSTÍVEL................................................. 27

FONTES DE IGNIÇÃO ............................................................................ 27

GASES TÓXICOS ................................................................................... 27

4. DETECÇÃO DE GASES .................................................................................. 30

MONITORAMENTO .................................................................................... 30

TIPOS DE GASES ...................................................................................... 32

PROPRIEDADES DOS GASES E VAPORES ..................................................... 33

TEMPERATURA DE AUTO-IGNIÇÃO .............................................................. 35

LIMITE DE EXPLOSIVIDADE .................................................................... 35

LIMITES DE TOLERÂNCIA ........................................................................ 37

CARACTERÍSTICAS DOS GASES MAIS CONHECIDOS .................................. 39

5. CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO, SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA CONTROLE

DE RISCOS ......................................................................................................... 40

MONITORAMENTO INICIAL ........................................................................ 41

MONITORAMENTO DURANTE A ENTRADA..................................................... 41

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES ................................................... 42

6. VENTILAÇÃO EM ESPAÇOS CONFINADOS ....................................................... 50

TIPOS DE VENTILAÇÃO ............................................................................. 50

CRITÉRIOS PARA USO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ....................................... 55

EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ................................................ 59

7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL ................................. 60

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES ................................................... 60

EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ............................................... 60

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ............................................ 60

EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS ............................................. 60

EQUIPAMENTOS DE RESGATE .................................................................... 60

SISTEMA DE COMUNICAÇÕES .................................................................... 61

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO ......................................................................... 62

CINTOS DE SEGURANÇA ........................................................................... 63

TRIPÉS .................................................................................................... 64

MONOPÉ ............................................................................................... 65

GUINCHOS E TRAVA-QUEDAS ................................................................. 65

SISTEMAS PRÉ MONTADOS ..................................................................... 66

8. PLANEJAMENTO DE TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO .................................. 67

CADASTRO DO ESPAÇO CONFINADO .......................................................... 67

ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL (ASO) ................................................ 68

CAPACITAÇÃO .......................................................................................... 68

PERMISSÃO DE ENTRADA PARA TRABALHO - PET ......................................... 69

EQUIPE DE TRABALHO .............................................................................. 72

PROCEDIMENTO DE PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO .......................... 76

DEMAIS MEDIDAS DE CONTROLE ............................................................... 76

ORGANIZAÇÃO DOS ACESSOS A LOCAIS CONFINADOS ............................... 79

EXECUÇÃO DE TRABALHOS COM VAPORES DE HIDROCARBONETOS ............... 79

DEFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO .................................................................... 80

ABERTURA DE LINHAS E EQUIPAMENTOS ................................................. 80

USO DE FERRAMENTAS .......................................................................... 80

JATEAMENTO......................................................................................... 80

TRABALHOS A QUENTE EM ESPAÇOS CONFINADOS ................................... 80

REMOÇÃO DE BORRAS E SEDIMENTOS ..................................................... 81

SERVIÇOS DE PINTURA .......................................................................... 81

DESCARTE DE RESÍDUOS ....................................................................... 82

TÉRMINO DOS TRABALHOS ..................................................................... 82

9. PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA .......................................................................... 83

A COMPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................. 84

O SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................ 84

A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA RESPIRAÇÃO ............................................. 86

CONSUMO DE OXIGÊNIO DURANTE REALIZAÇÃO DE ESFORÇOS FÍSICOS ....... 88

PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA - PPR .......................................... 88

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS .............................................................. 89

FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UM EPR .................................. 89

CRITÉRIOS PARA LIMPEZA, HIGIENIZAÇÃO, INSPEÇÃO, MANUTENÇAÕ,

DESCARTE E GUARDA DE RESPIRADORES ........................................................... 90

IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ATMOSFÉRICOS............................................. 90

TIPOS DE EPR PARA ESPAÇOS CONFINADOS ............................................ 90

10. ÁREA CLASSIFICADA ................................................................................... 94

FONTES DE RISCO ................................................................................. 95

METODOLOGIA - ZONAS ......................................................................... 96

GRUPOS DE EXPLOSIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS ................................... 98

CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS ........................................................ 99

CÓDIGOS IP .......................................................................................... 99

TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS .......................................... 100

MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS .............. 103

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS

CLASSIFICADAS ............................................................................................. 103

11. OPERAÇÕES DE SALVAMENTO .................................................................... 105

SERVIÇO DE EMERGÊNCIAS E RESGATES ............................................... 106

O RESGATISTA .................................................................................... 107

ANÁLISE DE RISCO x BENEFÍCIO ........................................................... 109

ANÁLISE INICIAL ................................................................................. 109

PLANEJAMENTO ................................................................................... 109

COMANDO DA EMERGÊNCIA .................................................................. 110

ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE RESGATE ............................................... 112

PREPARAÇÃO ...................................................................................... 112

AVALIAÇÃO ......................................................................................... 114

PRÉ-ENTRADA ..................................................................................... 116

ENTRADA E RESGATE ........................................................................... 119

TÉRMINO DA OPERAÇÃO ...................................................................... 122

EQUIPAMENTOS DE RESGATE ............................................................... 123

12. OBJETIVO DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ESPAÇOS CONFINADOS ................ 131

PRIMEIROS SOCORROS ........................................................................ 131

AVALIAÇÃO DA CENA ........................................................................... 131

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA .......................................................................... 132

PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR) ................................................... 132

RCP - RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR ........................................... 134

HEMORRAGIAS .................................................................................... 136

FRATURAS .......................................................................................... 138

13. SAÚDE OCUPACIONAL EM ESPAÇO CONFINADO ............................................ 139

GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL ........................................................ 139

CONDIÇÕES DE SAÚDE FÍSICA DOS TRABALHADORES ............................ 140

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 142

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DIRETRIZES GERAIS DO CURSO

• Quanto à Estruturação do Curso

O candidato, no ato da matrícula, deverá apresentar à instituição que vai ministrar

o curso, cópia e o original (para verificação) ou cópia autenticada dos seguintes

comprovantes:

✓ Atestado de boas condições de saúde física e mental;

✓ RG e CPF originais.

• Quanto à Frequência às Aulas

A frequência às aulas e atividades práticas são obrigatórias.

O aluno deverá obter o mínimo de 90% de frequência no total das aulas

ministradas no curso. Para efeito das alíneas descritas acima, será considerada falta: o

não comparecimento às aulas, o atraso superior a 10 minutos em relação ao início de

qualquer atividade programada ou a saída não autorizada durante o seu

desenvolvimento.

• Quanto à Aprovação no Curso

Será considerado aprovado o aluno que:

✓ Obtiver nota igual ou superior a 6,0 (seis) em uma escala de 0 a 10

(zero a dez) na avaliação teórica, e alcançar o conceito satisfatório nas

atividades práticas.

✓ Tiver a frequência mínima exigida (90%).

Caso o aluno não cumpra as condições descritas nas alíneas acima, será

considerado reprovado.

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INTRODUÇÃO

A existência de espaços confinados, tanto em unidades industriais terrestres como

em unidades marítimas e demais embarcações, representa um risco potencial para as

empresas no que tange à segurança dos seus empregados envolvidos nas atividades

desenvolvidas no interior ou nas proximidades daqueles espaços. Estudos realizados pela

NIOSH - National lnstitute for Occupational Safety and Health demonstram que a cada

ano ocorrem aproximadamente 67 acidentes fatais em espaços confinados. Dados

estatísticos da OSHA - Occupational Safety and Health Administration revelam que

cerca de 85% dos acidentes decorrentes de trabalhos em espaços confinados poderiam

ser evitados se os trabalhadores estivessem adequadamente informados, preparados e

bem treinados a respeito dos riscos por ele enfrentados. No Brasil ainda não existem

quaisquer dados estatísticos oficiais de óbitos por acidentes em espaços confinados. Só

sabemos que, infelizmente, eles acontecem.

Milhares de técnicos empregados em instalações terrestres, instalações offshore

ou em embarcações da indústria de Petróleo & Gás desenvolvem suas atividades

laborais nos chamados espaços confinados, sejam essas atividades eventuais ou

permanentes. Estes devem estar conscientes dos riscos Já existentes e treinados para

desempenhar suas funções nesses espaços, sejam elas de planejamento, de assistência,

reparos, inspeções ou até mesmo de resgates. Quando nos deparamos com locais

classificados como espaços confinados, toda equipe envolvida nos processos

desenvolvidos no interior e nas adjacências daquele local deve estar atenta quanto aos

procedimentos de controle daquela entrada programada a serem aplicados visando à

segurança da integridade física do trabalhador e a preservação das instalações de

trabalho. O desafio é realizar uma entrada devidamente planejada e rigorosamente

controlada, em conformidade com os parâmetros estipulados pela NR-33: SEGURANÇA E

SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS, sem que as operações da unidade

(perfuração, exploração, produção, etc.) tenham a sua eficiência comprometida. Esse

cuidado deve-se à ocorrência de fatalidades ou de consequências irreversíveis aos

trabalhadores, causados por explosões, asfixias, intoxicações, choques elétricos, quedas,

estafa pelo calor excessivo e etc.

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OBJETIVO

Toda necessidade de entrada em espaços confinados representa uma situação

potencialmente perigosa, que requer planejamento, treinamento, trabalho em equipe,

experiência, perícia nos procedimentos corretos e equipamentos específicos. Portanto,

diante dos riscos envolvidos nesses trabalhos especiais, este curso apresenta os

seguintes objetivos:

1) Apresentar um conjunto de definições e procedimentos prévios e necessários

para o planejamento, preparação e habilitação dos profissionais indicados para execução

de trabalhos e resgates em espaço confinado;

2) Apresentar medidas de controle que possam ser empregadas visando à

melhoria ou a manutenção das condições ideais de trabalhos em espaços confinados, a

segurança dos trabalhadores autorizados, a integridade dos equipamentos e preservação

do meio ambiente;

3) Realizar o correto dimensionamento dos trabalhos e operações de resgates;

4) Apresentar a Normatização brasileira e internacional sobre os procedimentos

de segurança que devem ser seguidos para entradas em espaço confinados;

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LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Os cuidados com a gestão de trabalhos e medidas de administração de incidentes

e acidentes em espaços confinados têm produzido em todo mundo inúmeras normativas

e regulamentos técnicos, alguns deles obrigatórios, outros apenas recomendatórios. Isso

evidencia a importância que deveremos atribuir no planejamento e execução de

trabalhos em espaços confinados, não importando a dimensão da planta, o tipo de

espaço confinado encontrado, o serviço a ser executado, o tempo conferido e a

complexidade das operações. Se o compartimento é identificado como um espaço

confinado, trate-o com a máxima seriedade possível.

➢ Legislação Nacional:

• NR-18 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO

Publicada em 08 de junho de 1978, por meio da Portaria GM n.º 3.214, foi a

primeira Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho (NR) a tratar dos

espaços confinados, através da publicação da Portaria N° 04, de 04 de julho de 1995. O

item 18.20 (locais confinados) da NR-18 estabelece medidas especiais de proteção para

atividades da indústria da construção que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia,

explosão, intoxicação e doenças do trabalho.

• NR-29 – NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO PORTUÁRIO e NR-30 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

AQUAVIÁRIO

Estas duas normas estabelecem medidas de segurança nos trabalhos de limpeza e

manutenção dos espaços confinados existentes nos portos e embarcações.

• NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS

CONFINADOS

Publicada no DOU de 27/12/2006, objetiva estabelecer os requisitos mínimos para

identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e

controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e

saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nesses espaços.

• ABNT NBR 16577:2017 DE 28 DE MARÇO DE 2017: ESPAÇO CONFINADO –

PREVENÇÃO DE ACIDENTES, PROCEDIMENTOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Esta norma estabelece os requisitos para identificar, caracterizar e reconhecer os

espaços confinados, bem como para implantar o sistema de gestão de forma a garantir,

permanentemente, a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem, direta ou

indiretamente, nesses espaços durante a realização de trabalhos no seu interior.

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• ABNT NBR 14.606 DE OUTUBRO DE 2000: POSTOS DE SERVIÇOS –

ENTRADA EM ESPAÇO CONFINADO .

Essa norma editada pela ABNT – Associação de Normas Técnicas, fórum nacional

de normalização, estabelece os procedimentos de segurança em entrada em espaço

confinados em postos de serviço. Hoje se encontra restrita apenas para entradas e

limpezas de tanques subterrâneos.

• PORTARIA n 202/2006 - NR-33: SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS

EM ESPAÇOS CONFINADOS.

Aprova a Norma Regulamentadora nº 33 (NR-33), que trata de Segurança e

Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados, na forma do disposto no Anexo a esta

Portaria.

• INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, DE 11 DE ABRIL DE 1994.

Determina a adoção de um conjunto de medidas com a finalidade de adequar a

utilização dos equipamentos de proteção respiratória – EPR, quando necessário para

complementar as medidas de proteção coletiva implementadas, ou enquanto as mesmas

estiverem sendo implantadas, com a finalidade de garantir uma completa proteção ao

trabalhador contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho e atribui a

obrigatoriedade da elaboração do Programa de Proteção Respiratória.

• PORTARIA Nº 38 DE 03 DE ABRIL DE 2006 INMETRO.

Este Regulamento estabelece os critérios para o Programa de Avaliação da

Conformidade para certificação dos equipamentos elétricos para atmosferas

potencialmente explosivas de gases e vapores inflamáveis, estabelecendo obrigações e

responsabilidades referentes aos fabricantes / importadores destes e aos Organismos de

Certificação de Produto, visando a segurança do usuário.

• GUIA TÉCNICO NR-33 - PORTARIA nº 202/2006 - NR-33: SEGURANÇA E

SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS.

Dada a limitada compreensão por parte dos empregadores, trabalhadores e

profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho, o que dificulta o adequado

reconhecimento dos riscos e a adoção de medidas que garantam a entrada e o trabalho

seguro nos espaços confinados, a Fundacentro – Fundação Jorge Durpat Figueiredo

elaborou esse guia visando facilitar o entendimento da NR citada, ajudando na

implementação da mesma.

• PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA.

Recomendações, seleção e uso de respiradores / Coordenador Técnico,

Maurício Torloni; Equipe Técnica, Antônio Vladimir Vieira, José Damásio de Aquino, Silvia

Helena de Araújo Nicolai e Eduardo Algranti. - 4. Ed. - São Paulo: Fundacentro, 2016.

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• ABNT NBR IEC 60079-0, ATMOSFERAS EXPLOSIVAS – PARTE 0:

EQUIPAMENTOS – REQUISITOS GERAIS.

Esta parte da ABNT NBR IEC 60079 especifica os requisitos gerais para

construção, ensaios e marcação de equipamentos elétricos e componentes Ex destinados

a utilização em atmosferas explosivas.

• ABNT NBR ISO/IEC 17025, REQUISITOS GERAIS PARA A COMPETÊNCIA DE

LABORATÓRIOS DE ENSAIO E CALIBRAÇÃO

Esta norma estabelece as diretrizes para que laboratórios implementem seus

sistemas de gestão da qualidade no foco da competência técnica e confiabilidade dos

resultados de ensaio e calibração.

➢ Legislação Internacional:

• OSHA29 CRF PARTES 1910.146, 1928 E 19,26: OCCUPATIONAL SAFETY

AND HEALTH STANDARDS-PERMIT-REQUIRED CONFINED SPACES

Esta norma trata dos requisites para práticas e procedimentos visando a proteção

do trabalhador nas indústrias em geral, agricultura, construção e estaleiros.

• OSHA29 CRF PARTE 1915: OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH

STANDARDS FOR SHIPYARD EMPLOYMENT

Esta norma também editada pela OSHA contém os requisitos para práticas e

procedimentos de proteção para os trabalhadores da indústria da construção naval

contra os riscos de entrada em espaços confinados.

• NIOSH N°8Q-.106: CRITERIA FOR A RECOMMENDED STANDARD-WORKNG

IN CONFINED SPACES

Esta publicação editada pela NIOSH – National lnstitute for Occupational Safety

and Health (Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional) do U.S Department

of Health, Education and Welfare (Departamento Americano de Saúde, Educação e

Previdência Social) também edita critérios recomendados para procedimentos de

trabalho em espaços confinados.

• ANSI, AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE Z117.1: SAFETY

REQUIREMENTS FOR CONFINED SPACES

Este instituto privado Americano editou a presente norma que provê requisitos

mínimos de segurança a serem seguidos durante entradas, saídas e trabalhos em

espaços confinados com atmosferas normais.

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• NFPA 1670: STANDARD ON OPERATIONS AND TRAINING FOR TECHICAL

RESCUE INCIDENTS

O propósito dessa Norma editada pela NFPA-National Fire Protection Association

(Associação Nacional de Proteção Contra Incêndio) é auxiliar a autoridade competente a

dimensionar um resgate técnico de risco dentro de uma área de resposta, identificar o

nível de capacitação e estabelecer critérios operacionais.

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DEFINIÇÃO

Diante das diversas normas apresentadas encontramos muitas definições para um

local ser reconhecido como espaço confinado.

A NR-33, no seu item 33.1.2, define espaço confinado como:

"qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que

possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para

remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de

oxigênio".

Quadro informativo elucidativo - Fonte: Guia técnico NR 33

A NBR 16.577 assim define os locais confinados:

"Qualquer área não projetada para ocupação humana contínua, a qual tem meios

limitados de entrada e saída ou uma configuração interna que possa causar

aprisionamento ou asfixia em um trabalhador e na qual a ventilação é inexistente ou

insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de

oxigênio que possam existir ou se desenvolver ou conter um material com potencial para

engolfar/afogar um trabalhador que entrar no espaço.";

Para a OSHA 1910.146 espaço confinado é definido como sendo "um espaço que:

“Não está projetado para ocupação humana contínua."

Embora não seja uma norma especificada para trabalhos nas embarcações e

instalações offshore em operações, a OSHA 1915, norma voltada para indústria de

reparos e construção naval, define que:

"O Termo "espaço confinado" significa um compartimento de dimensões limitadas

e acesso limitado tal como um tanque de fundo duplo, compartimento estanque, ou

outro espaço o qual, devido suas dimensões limitadas e natureza confinada possa

facilmente produzir ou agravar uma exposição a perigos".

Já a ANSI dispõe que um espaço confinado é:

" uma área fechada que possui as seguintes características:

Sua função primária é algo exceto a ocupação humana; Possui entradas e saídas

restritas; Pode conter riscos conhecidos ou potenciais".

A NIOSH prescreve que espaço confinado se "Refere a um espaço o qual pelo

projeto possui passagens limitadas para entrada e saída; ventilação natural desfavorável

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o qual poderá conter ou produzir contaminantes perigosos para o ar; e o qual não foi

tencionado para ocupação contínua de empregados. Espaços confinados incluem, mas

não se limitam a tanques de armazenamento, compartimentos de embarcações, vasos

de processamento, poços, silos, tonéis, degreasers, reatores, caldeiras, dutos de

ventilação e exaustão, esgotos, túneis, câmaras subterrâneas e oleodutos".

Sendo assim, diante das definições acima poderíamos resumir as características

de um espaço confinado da seguinte forma:

• Todo e qualquer local não projetado para ocupação humana contínua, mas

grande o suficiente para a permanência de trabalhadores durante a

execução de serviços;

• Possui acesso limitado tanto para entrada como para saída;

• Possui pouca ou nenhuma ventilação que assegure a remoção de

contaminantes ou garanta uma respiração normal;

• Apresenta uma atmosfera rica ou deficiente em oxigênio, contaminada ou

explosiva;

• Pode expor o trabalhador a algum tipo de risco.

A importância de conhecer precisamente as características e condições que torna

algum local um espaço confinado está na obrigação que a NR33 trouxe para as

empresas de, previamente, identificar os espaços confinados existentes na empresa ou

de sua responsabilidade e antecipar e reconhecer os riscos específicos em cada um

deles.

Portanto, diante das definições apontadas podemos propor uma relação, não

exaustiva, de exemplos de espaços confinados:

• Tanques de transporte; • Vasos de pressão;

• Torres de destilação; • Esferas; • Colunas;

• Tubulações; • Reatores;

• Tanques de carga; o Tanques de lastro; o Tanques de "slop"; o Fundo duplo;

• Reatores; Caldeiras; Fornos.

• Dutos de ventilação; • Poços de elevadores;

• "Pontoon"; • Silos; • Poços;

• Degreasers; • Túneis;

• Redes de esgoto; • Câmaras subterrâneas

• Caixas de passagem. A NBR 16.577 traz duas condições distintas para espaços confinados. A saber:

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ESPAÇO CONFINADO NÃO

PERTURBADO

ESPAÇO CONFINADO PERTURBADO

Característica definida no cadastro com os riscos inerentes ao local, antes do trabalhador adentrar nesse espaço. As

medidas de controle de risco são norteadas pela PET.

Característica da alteração ocasionada pela(s) atividade(s) que será(ão) executada(s) no interior do Espaço

Confinado, sua dinâmica de evolução de riscos associada aos riscos presentes no

espaço confinado “Não perturbado”. Nesse caso, as medidas de controle de risco são baseadas na Análise Preliminar

de Risco

- Antes do Trabalhador Entrar;

- Riscos já presentes; - Riscos já conhecidos no cadastro dos

espaços confinados;

- Passa a ser denominado assim após a

intervenção da atividade a ser executada; - Riscos adicionados pelas atividades;

- Riscos identificados na APR;

Vejamos como funciona na prática:

Deverá ser feita uma inspeção visual da estrutura de um tanque onde é

armazenado um produto conhecido. Esse tanque possui em seu cadastro todos os dados

relativos aos potenciais riscos como Ficha de Informação de Segurança de Produtos

Químicos, Layout, dimensões entre outras. Foram implementadas medidas de controle

para os possíveis riscos. Também, nesse cenário, a atividade não irá acrescentar

quaisquer riscos aos já previamente existentes, uma vez que se trata de inspeção visual.

Este local é um Espaço Confinado Não Perturbado.

Ao término dessa mesma inspeção foi elaborado um relatório onde foi apontado a

necessidade de manutenção onde será empregado oxicorte, processos de solda e

tratamento de superfície. Agora, com a adição dos riscos pela atividade, esse mesmo

ambiente passa a ser um Espaço Confinado Perturbado.

ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS

Ação pela qual o trabalhador adentra um espaço confinado, que se inicia quando

qualquer parte do corpo ultrapassa o plano de uma abertura deste.

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CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SEGURAS EM ESPAÇOS

CONFINADOS

A execução de trabalhos que envolvam equipamentos, sistemas e locais que

contenham alguma substância perigosa ou a possibilidade de liberação de grandes

quantidades de energia, sempre estará sujeita à ocorrência de acidentes que poderão

resultar em danos aos trabalhadores, às instalações e ao meio ambiente. A atmosfera

deverá ser avaliada quanto a quanto à presença de gases ou vapores inflamáveis, gases

ou vapores tóxicos, concentração de oxigênio e presença de qualquer outro

contaminante do ar potencialmente tóxico a fim de evitar ocorrências indesejáveis em

espaços confinados.

Ao ser aceita a requisição da permissão de trabalho, e dado início a fase de

planejamento de uma entrada em espaço confinado, será necessária uma avaliação

daquele local sob a responsabilidade do Supervisor de Entrada.

A Análise de Perigos/Riscos busca identificar, antecipadamente, os perigos nos

equipamentos, sistemas e locais, quantificar os riscos associados aos trabalhadores, às

instalações e ao meio ambiente, para, ao seu final, propor medidas de controle.

Cabe aqui também, sem a necessidade de nos aprofundarmos no estudo,

resumirmos o que entendemos como perigo e risco.

Perigo é a propriedade ou condição inerente a uma substância ou atividade capaz

de causar danos às pessoas, as propriedades e ao meio ambiente.

Risco é o potencial de ocorrência de consequências indesejáveis decorrente da

realização de alguma atividade.

Resumindo, seus objetivos seriam:

• Identificar os perigos;

• Estimar o risco de cada perigo (probabilidade de ocorrência e gravidade);

• Avaliar se o risco é tolerável (se não for decidir quais serão as medidas de

controle).

A Análise Preliminar de Perigos/Riscos, a princípio, é uma metodologia aplicada

para identificar e gerenciar os riscos decorrentes da instalação de novas unidades

industriais, equipamentos e sistemas ou da operação dessas unidades, equipamentos e

sistemas já existentes.

As informações necessárias que servirão de base para a APR são:

• Local;

• Instalação (equipamentos ou sistemas);

• Substâncias presentes no espaço confinado;

• Riscos associados à atividade a ser realizada entre outras.

A NR33 apresenta 5 principais riscos

normalmente encontrados num espaço confinado:

físicos, químicos, biológicos, mecânicos e

ergonômicos. Adicionalmente citaremos os riscos

psicológicos.

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ANÁLISE DE PERIGOS/RISCOS

Nome Características Básicas Aplicações Principais Observações

APP – Análise

Preliminar de Perigo;

APR - Análise

Preliminar de Risco;

AST - Análise de

Segurança da Tarefa,

Revisão dos principais perigos/riscos através

de um formato padrão considerado causas,

efeitos, categorias de perigo/risco e medias

preventivas e corretivas

Técnica básica e de

primeiro ataque a uma

situação. Serve de

revisão de segurança,

desde a fase inicial de

um novo projeto

Simplicidade permite

uso geral e ampla

participação nos

grupos de estudo.

Documento de fácil

compreensão

ATR - Autorização

para Trabalho em

Risco,

PTE – Permissão para

Trabalhos Especiais

PTPR - Permissão de

Trabalho com

Potencial de Risco

Variante da APP/APR/AST, considerado os

passos de uma tarefa na análise

Uso antes de tarefas

não rotineiras, e que

existe potencial de

perigo/risco, que

deverá ser analisado

antes de seu início

para liberação do

trabalho e monitorado

periodicamente

Mesma característica

da APP/APR pode ser

mais simples usando-

se apenas a descrição

dos passos da

atividade, o

perigo/risco e medidas

preventivas

HAZOP – Hazard

and Operability

Studies (Estudo de

Operabilidade de

Risco)

Análise dedicada à área de processamento

químico, busca analisar como o processo

pode se desviar das intenções do seu projeto.

Através de questionamento estruturado sobre

seus parâmetros (pressão, temperatura, vazão,

etc.).

Os desvios são aplicados com palavras –

guias (mais, menos, nenhum) gerando uma

análise sobre causas, efeitos, respostas

capazes de reequilibrar e medidas de controle

em geral. São selecionados pontos-chaves

para a observação dos parâmetros,

denominados nós ou nodos.

Processamento

químico e

petroquímico,

instalações com

automação e controle.

Pode ser aplicada em

sistemas elétricos

(fluxo por corrente

elétrica, etc.)

Técnica muito popular

na engenharia de

processos. Deve ser

aplicada

sistematicamente e de

forma exaustiva,

exigindo disciplina.

FMEA – Failure

Mode and Effects

Analysis

(AMFE - Análise de

Modo de Falha e

Efeito)

Análise que busca os principais modos de

falhas de um dispositivo, equipamento ou

sistema verificando ainda os efeitos, modos

de detecção e ações de compensação a serem

tomadas em cada caso.

Dispositivos,

mecanismos,

equipamentos em

geral, sistemas de

controle de processos.

Útil na definição de

ações nas emergências

operacionais oriundas

de equipamentos.

Os efeitos

considerados incluem

a possibilidade de

lesões ao pessoal,

dano ambiental e

problemas de

continuidade

operacional. Técnica

detalhada, vai ao nível

dos componentes do

sistema analisado.

What if – (E Se)

Procedimento de revisão dos perigos/riscos

através de um questionamento livre porem

estruturado, produz medidas objetivas de

prevenção e controle

Uso geral em projetos

, procedimento,

mudanças, etc.

Altamente eficiente

quando bem aplicado,

pode ser exaustivo e

única ferramenta de

análise na grande parte

dos casos

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 21

A avaliação dos riscos, antes da autorização de entrada, através de Análise

Preliminar de Riscos (APR) em espaços confinados é de fundamental importância para a

adoção das medidas de proteção necessárias para a entrada, realização da atividade e

saída do seu interior.

Essa avaliação, que estudará antecipadamente e detalhadamente todas as fases

do trabalho, definirá medidas de controle para os riscos existentes no local garantindo

níveis seguros para a execução da atividade .

Existem várias ferramentas gerenciais que auxiliarão na identificação adequada

dos riscos.

Veja a seguir, alguns dos principais riscos ocorridos durante o trabalho em espaço

confinado:

Aprisionamento

Condição de retenção do trabalhador no interior do espaço confinado, que impeça

a sua saída do local por meios normais de escape ou que possa proporcionar lesões ou a

morte.

Engolfamento

É o envolvimento e a captura de uma pessoa por líquidos ou sólidos finamente

divididos. Condição em que uma substância sólida ou liquida, finamente dividida e

flutuante na atmosfera, possa envolver uma pessoa e no processo de inalação, possa

causar inconsciência ou morte por asfixia.

Explosão/Incêndio

A presença de gás, vapores e pós inflamáveis em espaços confinados constituem

duas situações de risco: Explosão/Incêndio e a exposição do trabalhador a concentrações

perigosas.

RISCOS FÍSICOS

“Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos

existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou

intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do

trabalhador.” (NR 09).

Os riscos físicos estão relacionados com as características físicas existentes nos

espaços confinados que representam riscos potenciais de causarem algum desgaste à

integridade física, lesão ou morte do trabalhador. Possuem a qualidade de alterarem as

características ambientais do interior de um espaço confinado. Alguns riscos físicos

podem ser identificáveis pelo senso humano como, por exemplo, o calor de um

maquinário aquecido. A presença deles num espaço confinado representa um risco

ainda maior devido aos meios limitados de acesso, a proximidade ao perigo do qual o

trabalhador possa estar exposto e pela possível demora no resgate de vítimas. São

exemplos mais comuns de riscos físicos:

• Calor ou frio extremo;

• Ruídos;

• Vibração;

• Pressão anormal;

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P á g i n a | 22

• Iluminação;

• Radiações ionizantes ou não ionizantes.

RISCOS QUÍMICOS

“Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,

névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,

possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.”

(NR 09)

São aqueles produzidos pelo contato com substâncias químicas perigosas ou

alterações provocadas nessas substâncias que poderão resultar em algum dano físico aos

trabalhadores. Também podemos afirmar que a falta de algumas substâncias essenciais

à vida humana também seria classificada como um risco químico, como por exemplo, a

falta de oxigênio em determinados ambientes confinados. Nas situações de trabalhos

em espaços confinados os agentes químicos (gases, vapores e aerodispersóides) estão,

geralmente, dispersos na atmosfera do local.

A OSHA estima que 90% de danos e mortes em espaços confinados acontecem

como resultado de uma atmosfera perigosa que possam expor os empregados a um risco

de morte, incapacitação, perda de habilidade para auto resgate, dano ou doença por

uma ou mais das seguintes causas:

• Deficiência ou enriquecimento de oxigênio;

• Presença de substâncias tóxicas em suspensão no ar;

• Atmosferas IPVS (Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde).

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

A FISPQ é feita de acordo com a NBR14725 e contém uma série de informações

para quem vai trabalhar com produtos químicos, manuseá-los ou transportá-los.

A FISPQ foi criada para fornecer informações sobre vários aspectos dos produtos

químicos (substância ou preparados) quanto à proteção, à segurança, à saúde e meio

ambiente. Em alguns países, essa ficha é chamada Material Safety Data Sheet, MSDS.

CONTEÚDO DE INFORMAÇÃO DA FISQP

• Identificação do produto e da empresa

• Composição e informação sobre os ingredientes

• Identificação de perigos

• Medidas de primeiros-socorros

• Medidas de combate a incêndio

• Medidas de controle para derramamento ou vazamento

• Manuseio e armazenamento

• Controle de exposição e proteção individual

• Propriedades físico-químicas

• Estabilidade e reatividade

• Informações toxicológicas

• Informações ecológicas

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 23

• Considerações sobre tratamento e disposição

• Informações sobre transporte

• Regulamentações

• Outras informações

O fornecedor deve tornar disponível ao receptor/usuário uma FISPQ completa, na

qual estão relatadas informações relevantes quanto à segurança, saúde e meio

ambiente. O fornecedor tem o dever de manter a FISPQ sempre atualizada e tornar

disponível ao usuário/receptor a edição mais recente.

O usuário da FISPQ é responsável por agir de acordo com uma avaliação de

riscos, tendo em vista as condições de uso do produto, por tomar as medidas de

precaução necessárias numa dada situação de trabalho e por manter os trabalhadores

informados quanto aos perigos relevantes no seu local individual de trabalho.

RISCOS BIOLÓGICOS

Ocorrem por meio de micro-organismos que, em contato com o homem, podem

provocar inúmeras doenças. Os agentes biológicos mais conhecidos são:

• Bactérias;

• Fungos;

• Bacilos;

• Parasitas;

• Protozoários;

• Vírus.

Podem ser encontrados em locais que contenham, por exemplo água

contaminada, animais, redes de descarga, tratamento ou direcionamento de esgoto,

entre outros.

O Anexo 14 da NR-15 trata de forma genérica sobre os agentes biológicos,

mas relacionando-se apenas às atividades que envolvam a sua presença e não com o

agente propriamente dito. A exposição aos agentes biológicos sem a devida proteção

poderá causar, desencadear ou agravar uma série de problemas de saúde. Os meios de

contaminação por agentes biológicos ocorrem através da respiração, contato ou

ingestão.

RISCOS MECÂNICOS

Os riscos mecânicos estão relacionados com o contato físico direto com a vítima

para produzir o mecanismo nocivo de lesão. Portanto, o trabalhador ao manusear uma

ferramenta ou ficar exposto a algum sistema não protegido poderá ser vítima de lesões

graves, incapacitantes ou que o leve até a morte. São exemplos de riscos mecânicos:

• Descarga de energia (Equipamentos energizados, aquecidos, pneumáticos

ou hidráulicos);

• Derramamento de líquidos;

• Materiais perfurantes ou cortantes;

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P á g i n a | 24

• Equipamentos ou materiais (cargas) em movimento;

• Quedas, escorregões ou tropeções;

• Engolfamento;

• Aprisionamento;

• Soterramento;

• Partes Móveis;

• Condições IPVS.

RISCOS ERGONÔMICOS

Os riscos ergonômicos são aqueles introduzidos nos ambientes de trabalho e

inadequados às limitações dos seus usuários. Sua atuação é caracterizada por atingirem

exclusivamente os trabalhadores. Provocam lesões crônicas que podem ser de natureza

psicofisiológica. São exemplos de riscos ergonômicos:

• Posturas inadequadas adotadas durante deslocamento;

• Esforço físico;

• Estafa mental;

• Controle rígido de produtividade;

• Situação de estresse;

• Trabalho em período noturno;

• Monotonia;

• Repetitividade.

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P á g i n a | 25

ATMOSFERAS DEFICIENTES EM OXIGÊNIO

Um espaço confinado se torna deficiente de oxigênio quando o oxigênio presente

na atmosfera é de modo idêntico, substituído, absorvido ou consumido.

➢ Consumo:

• Oxidação de metal;

• Combustão (soldas);

• Secagem de pinturas e revestimentos;

• Decomposição de material orgânico (fermentação);

➢ Substituição:

• Introdução de algum gás inerte (nitrogênio, dióxido de carbono, hélio, etc);

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P á g i n a | 26

• Os gases inertizantes são classificados como Asfixiantes Simples e deixam a

atmosfera com 0% de oxigênio;

• Substituição da atmosfera pela emissão de vapores de alguma substância

volátil;

• Carvão ativo no interior de câmaras ou reatores;

➢ Adsorção:

Considera uma atmosfera deficiente em oxigênio aquela contendo menos de

19,5% de oxigênio em volume. A NR15 define que o Limite de Tolerância do oxigênio é

de 18% por volume. A NR33 modernizou esse entendimento, adotando uma postura

mais conservadora ao definir uma atmosfera deficiente de oxigênio aquela que contenha

uma concentração de oxigênio inferior a 19,5% por volume. É praticamente impossível

assegurar que todos os trabalhadores sofrerão as mesmas reações de modo idêntico por

falta de oxigênio ou pela diminuição da pressão parcial do oxigênio.

Hoje é obrigação dos empregadores adotarem um programa de proteção

respiratória para espaços confinados. Porém, é comum nos preocuparmos com o

fornecimento de proteção respiratória em espaços confinados somente na execução

direta de trabalhos em atmosferas IPVS ou nas situações de resgates. A norma não

proíbe que trabalhos em espaços confinados não sejam realizados em atmosferas com

menos de 19,5% de oxigênio. Ela permite que sejam autorizados os trabalhos nessas

concentrações inferiores a 19,5% desde que seja oferecida a proteção respiratória

devida. Portanto, nesse caso, a norma se refere aos equipamentos de escape que

providenciariam o auto socorro dos trabalhadores autorizados quando forem alertados

por algum equipamento ou reconhecimento de alguma condição perigosa na atmosfera

de trabalho em que estão inseridos.

ATMOSFERAS ENRIQUECIDAS DE OXIGÊNIO

Materiais inflamáveis por ventura existentes nos espaços confinados poderão,

rapidamente, se inflamar em atmosferas enriquecidas de oxigênio, como por

exemplo, vazamento de um cilindro ou uma linha de ar, ou uma ventilação

inadequada do local. A NR33 define uma atmosfera rica em oxigênio aquela que

contém uma concentração acima de 23% por volume. A OSHA define uma atmosfera

enriquecida aquela que conter 23,5% de oxigênio.

ATMOSFERAS EXPLOSIVAS

O risco de explosão deve levar em consideração as condições da atmosfera no

interior do espaço confinado e a existência de resíduos (gases, vapores ou poeiras) que

possam estar presentes ou terem sido produzidos pelo trabalho que está sendo

executado. Altas concentrações de gases inflamáveis no interior de um espaço confinado

podem produzir uma atmosfera explosiva. Os resíduos podem representar um risco de

explosão quando estiverem sendo executados trabalhos a quente dentro do espaço

confinado ou em sua estrutura, por exemplo.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 27

Algumas das condições mais conhecidas que podem produzir uma atmosfera

explosiva ou um risco de incêndio durante trabalhos quentes são:

• Carga remanescente no interior do espaço confinado;

• Solda de corte ou vazamentos de gás;

• Escoamento de carga ou canalização de combustível;

• Revestimentos e preservantes de tanques;

• Vazamentos de materiais inflamáveis nas adjacências do espaço

confinado;

• Decomposição de material orgânico no interior do espaço confinado;

• Materiais existentes no interior do espaço confinado capazes de se inflamar

na presença de trabalhos quentes (trapos, madeira, papel, cordas, etc.).

ATMOSFERA COM POEIRA COMBUSTÍVEL

Chamamos a atenção para uma situação bastante complexa quando nos

deparamos com uma mistura de poeira combustível com o ar dentro de um espaço

confinado. Tal como gases ou vapores essas poeiras podem estar presentes nos espaços

confinados como sendo o próprio conteúdo ou podem ter sido introduzidas como

resultado de trabalhos executados, como por exemplo: solventes de limpeza, pintura

etc. Essas misturas somente sofrerão uma ignição se as suas concentrações estiverem

dentro de seus limites de explosividade definidos.

Deveremos ter o máximo de cuidado com o procedimento de ventilação do espaço

confinado. As camadas de poeira, ao contrário dos gases e vapores, não são diluídas

através dela. A ventilação poderá aumentar ainda mais o risco, pois serão criadas

nuvens de poeira que resultarão numa propagação maior. As partículas podem ser

agitadas, se espalharem ou incendiarem-se devido o atrito.

FONTES DE IGNIÇÃO

Quando existir uma atmosfera inflamável em um espaço confinado, poderemos

encontrar diversas fontes de ignição possíveis de se provocar um incêndio ou uma

explosão:

• Chamas abertas - soldas, aquecedores;

• Arcos elétricos - fios partidos, terminais, relês, chaves;

• Centelhas - ferramentas de aço em friccionando metal ou cimento;

• Energia estática – ocorre quando há a atrito entre materiais;

• Reações químicas - reações do próprio material ou reações do material em

contato com o oxigênio.

GASES TÓXICOS

Gases tóxicos podem causar problemas de saúde para os trabalhadores ou até

mesmo a sua morte. A presença de agentes contaminantes quase sempre é resultante

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 28

da sobra de substâncias que outrora estavam armazenadas nos espaços confinados, ou

pelo uso de revestimentos, solventes ou preservantes nesses locais.

A decomposição de material orgânico não apenas substitui o oxigênio como

também pode produzir gases como o metano, o monóxido de carbono, o dióxido de

carbono e o sulfato de hidrogênio. Também é possível que gases tóxicos penetrem em

um espaço confinado durante uma entrada por causa de procedimentos de isolamento

incorretos.

Se o material usado para a execução dos serviços de reparo ou manutenção for

tóxico, é necessário o conhecimento de sua FISPQ-Ficha de Informações de Segurança

de Produtos Químicos. Baseado nas informações constantes na ficha o empregador é

obrigado a adotar os procedimentos adequados para assegurar a saúde e a segurança

de seus empregados. As fichas devem ser adotadas principalmente quando o

contaminante não é muito conhecido.

As informações sobre os perigos dos produtos tóxicos quanto a sua natureza e

seu o tempo de exposição e as demais condições de trabalho encontram-.se

definidos na NR15-Atividades e Operações Insalubres do Ministério do Trabalho. Na

ausência de qualquer recomendação ou na existência de recomendações mais restritivas

tanto a NBR16.577 como a NR9 dão o amparo para nos basearmos em outros padrões,

em especial a ACGIH-American Council of Governmental Industrial Hygienists, o mais

aplicado no Brasil e Europa.

Os gases tóxicos são classificados em irritantes, anestésicos e asfixiantes, a saber:

➢ Irritantes – Provocam lesões de natureza inflamatória, localizada na pele

ou na mucosa.

➢ Anestésicos – Provocam perda total ou parcial da sensibilidade agindo de

forma depressiva sobre o sistema nervoso central.

➢ Asfixiantes – É o estado mórbido resultante da falta de oxigênio no ar

respirado ou que produz grave ameaça à vida. Se subdivide em:

➢ Asfixiantes simples: Sua presença diminui a concentração de oxigênio no

ar, por isso são perigosos em concentrações muito elevadas. Exemplos:

N2, He,CO2, etc.

➢ Asfixiantes Químicos Impedem a chegada de O2 aos tecidos. Sua

atuação pode ocorrer de diferentes maneiras por exemplo: CO fixa-se na

hemoglobina no lugar do O2.

GÁS SULFÍDRICO - H2S

Considerada uma das substâncias mais agressivas ao ser humano. Sua presença

é resultado de algum processo bacteriológico no espaço confinado.

É um gás tóxico irritante, incolor, inodoro e em pequenas concentrações apresenta

cheiro de ovo podre, porém inibindo o olfato após alguns instantes. Em altas

concentrações inibe o olfato imediatamente após a exposição.

Os efeitos desse gás sobre o ser humano são diversos. Tudo vai depender da

presença de duas variáveis: o tempo de exposição e a concentração encontrada do

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 29

agente. As literaturas de saúde ocupacional mais recorrentes identificaram as seguintes

reações:

MONÓXIDO DE CARBONO – CO

Sua presença em um espaço confinado é resultada da combustão, corrosão, solda,

ou proveniente de locais adjacentes ao espaço confinado. É um gás tóxico, asfixiante,

incolor e inodoro. Nosso organismo (pulmão) possui o comportamento de absorver o CO

até 300 vezes mais rápido do que o O2.

Não existe um antídoto específico para o monóxido de carbono. Nos casos de

severa contaminação o oxigênio hiperbárico pode ser benéfico. As principais reações

adversas identificadas são:

EXPOSIÇÃO AO TEMPO EFEITO

< 30 ppm Odor de ovo podre

Entre 15 a 25 ppm Queimação nos olhos, dor de cabeça, respiração

ofegante, perda do apetite, tonturas

8 ppm x 8 hrs Nenhum (LT)

50 ppm x 1 hr Conjuntivite aguda, dores, lacrimejamento, fotofobia

50 a 100 ppm x 1 hr Irritação moderada nos olhos e garganta

200 a 300 ppm x 1hr Forte irritação, câimbras, queda de pressão sanguínea

250 ppm exposição prolongada Edema pulmonar

500 a 700 ppm x 1,5hr Inconsciência e morte por parada respiratória

Acima de 1.000 ppm x minutos Coma após um simples respirar, inconsciência e morte

por parada respiratória

EXPOSIÇÃO AO TEMPO EFEITO

200 ppm x 3hrs Ligeira dor de cabeça e desconforto

600 ppm x 1hr Dor de cabeça

1.000 a 2.000 ppm x 30 min Palpitação leve

1.000 a 2.000 ppm x 1,5 hr Desorientação, tendência a tropeçar

1.000 a 2.000 ppm x 2 hrs Confusão

2.000 a 5.000 ppm Inconsciência

10.000 ppm Morte

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 30

DETECÇÃO DE GASES

MONITORAMENTO

É impossível se determinar o percentual de oxigênio ou a existência de agentes

químicos presentes em determinada atmosfera utilizando somente nossos sentidos. Em

sua grande maioria gases e vapores tóxicos ou inflamáveis, não possuem cor ou odor,

onde jamais será recomendado que se confie somente em nossos sentidos para

determinar a qualidade do ar em um espaço confinado. A má qualidade do ar em locais

confinados representa sério risco à saúde humana, principalmente se, medidas de

proteção individual e/ou coletiva não forem aplicadas devidamente de acordo com a

necessidade imposta pelo tipo de serviço a ser executado.

O estudo sobre esses agentes químicos e sua ação sobre o corpo humano devido

ao exercício da atividade laboral dos profissionais do setor industrial é chamado de

Toxicologia Industrial. Mas por que nos referimos aos agentes químicos como venenos?

Em 1567, o controverso Paracelso (Theoperastus Bombastus Von Honhenheis), já

demonstrando sinais de um novo pensamento que se mais aproximava da ciência

química atual, proferiu durante os estudos sobre afecções provocadas nos mineiros da

região do Tirol, a célebre frase de sua autoria: "Todas as substâncias são venenos. É a

dosagem que os diferencia entre venenos e remédios".

Portanto, as substâncias químicas serão consideradas venenos nocivos aos seres

humanos, quando expostos em concentrações perigosas. A consideração importante para

uma análise ambiental de uma atmosfera de risco é relacionar a concentração existente

ou a sua dosagem mínima a partir da qual o produto se torna perigoso. Dos fatores

relacionados com a dosagem do produto que poderão causar alguns males à saúde do

trabalhador exposto, destacam-se os seguintes:

• Concentração ou quantidade do produto;

• Duração da exposição;

• Estado de dispersão (tamanho da partícula ou estado físico);

• Afinidade com o tecido do corpo humano;

• Solubilidade nos fluidos dos tecidos humanos;

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 31

• Sensibilidade dos órgãos ou tecidos do corpo humano.

Na avaliação dos agentes químicos possíveis de existirem nos espaços confinados,

aqueles que realmente vão nos interessar são os gases, os vapores e os

aerodispersóides. Isso se deve à facilidade de se manter suspensos na atmosfera

contaminada de determinado ambiente, provocando desconforto aos trabalhadores lá

inseridos, diminuindo a eficiência e produtividade do serviço em execução, e,

principalmente, provocando alterações imediatas ou somáticas na saúde, podendo

resultar em doenças ocupacionais com incapacitação ou até mesmo a morte.

Gases são substâncias que em seu estado normal não são líquidas ou sólidas

dentro das condições normais de temperatura e pressão (ao nível do mar).

Vapores são produzidos por emanações de alguma substância, geralmente no

estado líquido. Essas emanações são provocadas pelas alterações na temperatura e

pressão do local. É possível que os vapores tenham odor dependendo da substância da

qual eles evaporaram.

Aerodispersóides são partículas de tamanho extremamente reduzido que ficam

suspensas no ar. São formadas por: poeira, névoas, neblinas, fumos, vapores e gases.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 32

A segurança industrial é o setor responsável pela condução dessas avaliações,

devendo os resultados serem registrados e comparados com os limites estabelecidos

pelas normas de segurança e saúde. Nos setores de óleo & gás, petroquímico e químico,

grandes quantidades de gases e líquidos inflamáveis, tóxicos ou asfixiantes devem ser

processadas de maneira segura.

Todavia, é quase impossível o controle absoluto de todas essas substâncias

envolvidas. Por isso, a detecção e medição dessas substâncias nos ambientes industriais,

como por exemplo, os espaços confinados, têm recebido cada vez maior importância na

análise de riscos.

A organização das avaliações é muito importante. O espaço deve ser testado

imediatamente antes de qualquer entrada e monitorado ao longo da entrada para os três

possíveis perigos a seguir (nesta ordem):

• Deficiência de Oxigênio ou Enriquecimento;

• Explosividade; e

• Atmosferas Tóxicas.

Qualquer preparação para uma entrada deverá seguir as três orientações:

• Primeiro - a atmosfera deve ser avaliada para se determinar se ela é

aceitável para a autorização de uma entrada;

• Segundo - a atmosfera deve ser avaliada durante a entrada para se

verificar se as condições ainda estão mantidas em um nível aceitável;

• Terceiro - em algumas situações, será necessário avaliar a exposição dos

trabalhadores aos contaminantes gerados possivelmente pelos processos

desenvolvidos durante a entrada.

TIPOS DE GASES

TIPO EXEMPLO EFEITO

ASFIXIANTES Nitrogênio (N2) Dióxido de Carbono (CO2) Argônio (Ar)

Tomam o lugar do O2 tornando a atmosfera deficiente de oxigênio

INFLAMÁVEIS

Metano (CH4) Hidrogênio (H2) Butano (C4H10) Etano (C2H6) Hexano (C6H14) Metanol (CH3OH)

Quando expostos e misturados com o ar, ao receber uma fonte de calor adequada poderá entrar em combustão

TÓXICOS

Monóxido de Carbono (CO) Gás Sulfídrico (H2S) Amônia (NH3) Gás Cianídrico (HCN) Dióxido de Enxofre (SO2) Cloro (Cl)

Extremamente prejudiciais à saúde humana, podendo causar inúmeros efeitos reversíveis ou irreversíveis, ou até levar à morte, dependendo da concentração e do tempo de exposição.

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P á g i n a | 33

PROPRIEDADES DOS GASES E VAPORES

A detecção de gases, vapores e aerodispersóides em espaços confinados é uma

fase muito importante na análise de riscos para trabalhos em espaços confinados.

Dependendo do resultado e das medidas de controles disponíveis, a monitoração da

atmosfera onde se realizará o serviço deverá estar provida de um sistema de informação

contínuo da qualidade do ar daquele local. Também nem sempre é possível avaliar

minuciosamente todas as substâncias presentes no ambiente de trabalho. Portanto, de

acordo com o seu estado físico encontrado nos ambientes industriais, os agentes

químicos se apresentam da seguinte forma:

DENSIDADE

Quando falamos de densidade, a grosso modo estamos falando do peso dos gases

ou vapores. Mas os gases têm peso? A resposta é afirmativa, sendo matéria, os gases

consequentemente têm peso. A referência é o ar atmosférico e para ele atribuímos um

valor igual a 1. Imagine uma pequena área de 1 cm² no chão ao nível do mar. A coluna

de ar que se ergue sobre essa área e cuja altura é igual a da nossa atmosfera tem um

peso correspondente a 1 kg ao nível do mar.

Os gases com densidade maior do que 1 são mais pesados do que o ar, portanto

tendem a descer. São considerados os mais perigosos, por exemplo: Propano (1,56),

Butano (2,05). Os gases com densidade menor do que 1 são mais leves do que o ar,

portanto tendem a subir. São considerados menos perigosos, por exemplo: Amônia

(0,59) e Monóxido de carbono (0,97).

Esse é um importante critério para se determinar o posicionamento dos

dispositivos de detecção de gases para que se tenha uma análise qualitativa e

quantitativa precisa.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 34

PRESSÃO ATMOSFÉRICA

Supondo que o corpo de uma pessoa adulta tenha cerca de 15.000 cm² de

superfície, o peso do ar que atua sobre a pessoa será de aproximadamente 15.000 kg. A

isso chamamos de pressão atmosférica, o peso da coluna de ar que se apoia sobre o

corpo do indivíduo. Essa pressão poderá variar, pois como vimos na definição de

densidade, o peso da coluna de gás que ergue é determinado em razão do nível de

altitude de que nós estamos em relação a nossa atmosfera. Portanto, em lugares mais

altos, a pressão é menor, e em lugares ao nível do mar é maior. Além da temperatura, a

pressão atmosférica também influi na mudança de estado. Quanto menor a pressão

exercida sobre a superfície de um líquido, mais fácil é a vaporização, pois as moléculas

do líquido encontram menor resistência para abandoná-lo e transformar em vapor.

Mas se a pressão que o ar exerce sobre todas as coisas é tão grande, porque esse

peso todo não esmaga as pessoas? Isto não ocorre porque o ar também penetra no

corpo e faz pressão de dentro para fora. Além disso, a pressão do sangue dentro dos

vasos sanguíneos (artérias e veias) também é proporcional à pressão exterior. Dessa

forma, a pressão interna fica "equilibrada" com a pressão externa. Uma coisa compensa

a outra. Enquanto as pressões de dentro para fora e de fora para dentro forem iguais

não ocorrerá o "esmagamento" de ninguém.

ELASTICIDADE

Os gases são elásticos, isto é, são compressíveis e extensíveis. Podem tanto ser

comprimidos, quanto podem ser estendidos quando é repuxado por uma força de tração.

Logo, entendemos que uma mesma quantidade de um gás pode ocupar um volume

pequeno ou grande. Resumindo, elasticidade é a propriedade que um gás tem de se

comprimir ou se distender de acordo com o espaço disponível e a pressão que sobre ele

atua.

EXPANSIBILIDADE

É a capacidade que tem um gás de se espalhar ou expandir pelo espaço, ocupando

um volume cada vez maior. Um detalhe importante aqui é o fato de quando um gás se

expande ocupando um espaço cada vez maior, a quantidade de suas moléculas não

aumenta. Elas apenas ficam cada vez mais afastadas umas das outras. Um exemplo

prático é aquele que ocorre com a amônia, por exemplo, quando ao abrirmos o

recipiente em que ela está acondicionada percebemos rapidamente a sua presença pelo

forte odor. Isto ocorre porque as partículas da amônia se expandem rapidamente pelo

espaço.

PONTO DE FULGOR

É a menor temperatura na qual um combustível libera vapores em quantidade

suficiente para formar uma mistura inflamável. Para efeitos de classificação são

identificados os líquidos inflamáveis que possuem ponto de fulgor < 60° C.

• Gasolina: -38°;

• Álcool: +22°;

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 35

• Diesel: +43,3°.

Em geral, produtos que possuem um ponto de fulgor baixo têm um potencial para

gerar uma atmosfera explosiva com maior facilidade.

TEMPERATURA DE AUTO-IGNIÇÃO

É a menor temperatura em que os gases desprendidos de um corpo combustível

formam uma concentração de gás inflamável que explode ao entrar em contato com o

oxigênio existente no ar, independentemente da existência de fonte externa de calor.

• Metano: +595°;

• Querosene: +210°;

• Acetileno: +305°;

• Hidrogênio: +560°;

• Propano: +470°;

• Monóxido de Carbono: +605°.

LIMITE DE EXPLOSIVIDADE

Um gás ou o vapor inflamável desprendido de um combustível tem que se

misturar com o ar na proporção ideal para se transformar numa atmosfera explosiva.

Essa mistura diferente para cada tipo de gás é expressa pelo Limite de Explosividade ou

Faixa de Explosividade que mede a sua concentração mínima ou máxima ideal para criar

uma atmosfera explosiva.

A menor porcentagem que fará essa mistura se incendiar é chamada de LIE -

Limite Inferior de Explosividade. A NR33 classifica como uma atmosfera de risco com

uma mistura de gás I vapor ou névoa inflamável, as concentrações superiores a 10% do

seu LIE, ou poeira combustível viável em uma concentração que se encontre ou exceda o

LIE.

A porcentagem mais alta de gases e vapores que uma mistura encontra-se

concentrada, de modo que a quantidade de oxigênio é tão baixa que uma eventual

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P á g i n a | 36

ignição não consegue se propagar pelo espaço confinado é chamada de LSE - Limite

Superior de Explosividade.

Para que um incêndio ou uma explosão ocorra, três elementos devem estar

presentes nas proporções ideais: oxigênio, combustível e uma fonte de calor. Suprimindo

um desses elementos o risco de incêndio estará eliminado.

AOSHA e a NFPA exigem que a leitura de um gás inflamável esteja abaixo de

10% do LIE para entrada, mas o ideal é que se encontre uma leitura de gás inflamável

de 0% para permissões de entrada e trabalhos quentes em espaços confinados.

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LIMITES DE TOLERÂNCIA

O Anexo 11 da NR-15 define o LT - Limite de Tolerância como sendo a

concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo

de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua

vida laboral. Os índices estabelecidos são adaptações do Limite de Tolerância Valor Teto

- TLV da ACGHI. O grande problema enfrentado é que essas adaptações ocorreram em

1978, época em que a jornada de trabalho no Brasil era de 48h semanais. Os valores da

ACGHI se referem à jornada americana que é de 40h semanais. O impasse continua,

mesmo diante de nossa Constituição Federal de 1988, que alterou a jornada brasileira

para 40h semanais.

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Outra ideia equivocada que se extrai, às vezes, da definição do LT é de que um

trabalho realizado abaixo de qualquer valor estipulado não representaria risco à saúde.

Lembre-se que um grande número de substâncias químicas são extremamente

agressivas a ponto de, comprovadamente, serem causadoras de câncer. Essas situações

podem ser tão graves que basta apenas uma exposição para que seja atingida uma

única célula que desencadearia todo o processo cancerígeno pelo corpo do trabalhador.

Portanto, devemos ter um rigoroso respeito aos Limites de Tolerância fixados e às

condições em que eles devem ser aplicados, pois a sua criação foi somente proposta

para tornar possível a continuidade operacional dos serviços em execução, sob

determinadas medidas de controle imprescindíveis.

Ressalta-se que não devemos confundir o teor do Anexo 11 com o Anexo 13 da

NR-15. Esse último aplica-se somente para os casos que envolvam o emprego, a

manipulação e o manuseio de substâncias que não possuem LT listado pelo Anexo 11 e

que caracterizam o risco pelo fato de existir a possibilidade de contato direto da pele

com a substância. (Ex: hidrocarbonetos, arsênico, carvão, chumbo, cromo, mercúrio,

entre outros).

Valores definidos pela ACGIH como sendo as concentrações dos agentes químicos

ou físicos no ambiente de trabalho, sob as quais se acredita que a maioria dos

trabalhadores pode ficar continuamente exposta durante sua vida laboral sem sofrer

efeitos adversos à sua saúde.

Para um estudo um pouco mais aprofundado sobre o tema, para efeitos de

monitoramento e avaliação de exposição, ainda adotamos outros limites:

• LT-VT- Limite de Tolerância com Valor Teto - devido à alta toxidade de

algumas substâncias, estudos concluíram que o LT não seria suficiente para

assegurar a proteção adequada dos trabalhadores. Uma simples exposição

acima desses limites poderia acarretar um efeito prejudicial irreversível à

saúde. Logo se estabeleceu o LT-VT (TLV-Ceiling) para as substâncias que

possuem Valor Teto que não podem ter o LT ultrapassado em nenhum

momento durante a jornada de trabalho.

• TWA- Time Weight Average Concentration (Limite de Tolerância

Média Ponderada no Tempo (MPT)) - Caracteriza a exposição durante a

jornada diária de 8 horas, na qual o trabalhador pode ser exposto,

repetidamente, dia após dia, sem algum efeito adverso. Permite períodos de

exposição acima do LT, desde que sejam compensados adequadamente por

períodos de exposição abaixo do LT para reduzir a exposição total a níveis

aceitáveis.

• STEL- Short Term Exposure Limit (Limite de Exposição para Curta

Duração) - é a concentração a que os trabalhadores podem ficar expostos,

continuamente, por um curto período sem sofrer alterações orgânicas

significativas (irritação, lesão tissular crônica ou irreversível e narcose) com

as seguintes limitações:

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✓ Duração média de 15 minutos, no máximo quatro vezes ao dia, com

intervalo mínimo de uma hora entre as exposições;

✓ Não pode ser excedido em nenhum momento da jornada;

✓ Os efeitos toxicológicos devem ser conhecidos.

Muitos gases e vapores não possuem o TLV-STEL determinado pela ACGIH.

Não são limites de interpretação independentes, oferecem limite para uma

exposição aguda a um determinado contaminante cujo TLV foi baseado em exposições

crônicas ou de longo período. Portanto, sob hipótese nenhuma, não pode ser excedido

mesmo que a exposição por 8 horas esteja abaixo da média (TWA). São importantes,

pois servem de base para os Planos de Emergência nos procedimentos de abandono da

área em caso de acidente com vazamento de gases ou vapores tóxicos, quando é

conhecida a concentração da substância presente no ambiente.

• LTEL- Long Term Exposure Limit (Limite de Exposição Para Longa

Duração) - permite um longo período de exposição. Este período é de 8

horas.

CARACTERÍSTICAS DOS GASES MAIS CONHECIDOS

Para efeitos de um simples estudo, apresentamos a tabela da do TLV-TWA da

ACGHI para algumas substâncias conhecidas:

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CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO, SELEÇÃO E USO DE

EQUIPAMENTOS PARA CONTROLE DE RISCOS

Durante as avaliações de riscos e atmosféricas devem ser observados, no mínimo,

o seguinte:

• Seleção dos instrumentos apropriados segundo a exata necessidade do

usuário;

• Checar e testar os instrumentos quanto a sua leitura de dados;

• Utilizar os instrumentos de uma maneira que se assegure de que a

atmosfera tenha sido meticulosamente avaliada;

• Correta interpretação dos resultados medidos.

O que devemos levar em consideração ao selecionar um determinado

equipamento de detecção de gases durante uma análise de riscos:

• Por que estou realizando uma medição de gases?

• Quais são os gases que estou reconhecendo ou medindo e em que escala?

• Por quanto tempo pretendo fazer a medição?

• Em qual ambiente estarei fazendo as medições?

• Existem outros fatores relevantes?

• Existem riscos decorrentes à atividade a ser realizada?

• Existem riscos que são externos ao espaço confinado, mas pode afetar a

segurança interna?

Inicialmente, trataremos sobre equipamentos para avaliações atmosféricas e

posteriormente equipamentos auxiliares para controle de risco e prevenção de acidente.

Algumas razões para se realizar uma medição de gases são:

• Monitoramento e controle ambiental;

• Proteção coletiva dos trabalhadores;

• Indicação de Equipamento de Proteção Individual;

• Identificação de vazamentos de gases;

• Entradas em espaços confinados.

Já discutimos os tipos de gases que mais facilmente encontraremos nos espaços

confinados. A importância de sabermos, antecipadamente, quais substâncias estarão

sendo reconhecidas ou identificadas se justifica na seleção do melhor equipamento para

aquela determinada substância sob determinada concentração e condições atmosféricas.

O tempo de medição é importante devido à necessidade de se utilizar

equipamentos providos de baterias de longa duração ou recarregáveis, se o

monitoramento da atmosfera se estender por longos períodos.

O conhecimento do ambiente onde serão realizadas as medições é importante

para a seleção dos sensores indicados e pela necessidade de utilização de equipamentos

especialmente protegidos para o caso de áreas classificadas.

Outros fatores importantes que serão considerados na indicação de equipamentos

de detecção são:

• Custo do equipamento, seus acessórios e sua manutenção;

• Peso do equipamento;

• Facilidade de operação;

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• Equipamentos para áreas classificadas;

• Certificação do equipamento;

• Precisão do equipamento.

MONITORAMENTO INICIAL

Essa avaliação prévia leva em consideração a leitura inicial diretamente oferecida

pelo equipamento como amostra do nível do oxigênio, gases combustíveis e

contaminantes. O avaliador deve aguardar pelo tempo necessário para permitir que o

instrumento efetue a avaliação e forneça a resposta. Se forem encontradas condições

seguras, os resultados devem ser registrados na permissão de entrada para que a

mesma possa ser autorizada. O espaço confinado deve ser avaliado no topo, no meio e

no fundo, por causa da estratificação dos gases e vapores dada a diferença de densidade

dos que possam ocorrer no interior do espaço. É muito importante conhecermos a

densidade dos gases para podermos identificar o seu comportamento, ou seja, se ele, ao

vazar, vai subir ou vai se depositar nas camadas mais baixas do local.

Longos espaços confinados horizontais também devem ser completamente

avaliados por todo o seu comprimento. A OSHA determina que as leituras sejam

efetuadas no mínimo a cada 4 pés uma da outra.

Alguns locais confinados poderão ser avaliados adequadamente a partir da mesma

boca de visita utilizada para entrada. Se isso não for possível, será necessária a abertura

de outras bocas de visita, acesso ao local utilizando adequada proteção respiratória e/ou

utilização de sonda para amostragem remota.

MONITORAMENTO DURANTE A ENTRADA

Embora a avaliação prévia indique que atmosfera no interior do espaço confinado

esteja segura para autorizar a entrada, o mais importante é que o monitoramento seja

contínuo, pois as concentrações poderão se alterar a qualquer instante como resultado

das atividades que estão sendo executadas no interior, vazamentos, reações adversas

entre outras circunstâncias ou nas proximidades do local. Um enriquecimento ou

diminuição repentina do oxigênio ou um vazamento de gases inertes ou tóxicos para o

interior são motivos para um monitoramento contínuo enquanto durarem os trabalhos.

O equipamento de detecção de gases deverá ser fixado ao corpo do trabalhador

durante toda a atividade para que a avaliação possa determinar até mesmo a menor

variação ocorrida na atmosfera com maior rapidez. Os detectores de gás devem possuir

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sinais sonoros, visuais e vibração que, uma vez identificada alteração na atmosfera do

local do trabalho, informe ao trabalhador a necessidade de abandonar o local.

Poderá ser exigido a avaliação de substâncias específicas e prejudiciais à saúde do

trabalhador. Para tal a avaliação dessas substâncias por equipamentos ou a coleta de

amostras dessas deve ser realizada por pessoal treinado e protegido adequadamente

(roupas de proteção e proteção respiratória) conforme análise de risco.

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES

Existe uma variedade de modelos de equipamentos de identificação e medições de

gases e vapores. Podem ser fixos ou portáteis fornecendo dois tipos de leitura: direta e

indireta, cada qual com suas vantagens e desvantagens. Na detecção de gases para

espaços confinados utilizaremos equipamentos portáteis de leitura direta já que é

necessária a análise e interpretação completa por parte dos trabalhadores a fim de

responderem em caso de alteração das condições atmosféricas.

MULTIGÁS

Esses equipamentos de leitura direta são utilizados para a detecção de mais de

uma substância simultaneamente. A NR-33 obriga que esse detector seja

intrinsecamente seguro e, normalmente, é empregado para detectar no mínimo 4 gases.

Os mais aplicados são para oxigênio, monóxido de carbono, H2S e gases ou vapores

inflamáveis.

Os sensores eletroquímicos são sensores inteligentes (individual para cada

substância) onde um gás é difundido no interior do sensor e reage produzindo uma

corrente que resulta em informações da concentração indicada. São baratos, podem ser

substituídos e são intercambiáveis dependendo do modelo de equipamentos. São

indicados para a maioria dos agentes químicos, CO, H2S, O2, SO2, NH3, Cl2, HCN, HCI e

vapores orgânicos. As desvantagens desses sensores são: sensibilidade a alterações da

umidade e fácil descalibração em altas concentrações.

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Os sensores catalíticos são sensores que se utilizam do princípio da combustão

e, por isso, são indicados para gases ou vapores inflamáveis. Dentro do sensor existe

um filamento metálico embebido com um catalizador. A combustão ocorre quando o gás

passa por esse filamento que está energizado sob certa temperatura. A alteração nessa

temperatura provoca uma alteração na resistência. Essa alteração na corrente elétrica do

circuito se transforma em um sinal elétrico que é tratado de forma que seja feita a

medida de 0 a 100% do LIE. As desvantagens desse tipo de sensor são: facilidade de

envenenamento por algumas substâncias tóxicas, necessidade de existir oxigênio na

atmosfera para produzir combustão, satura em altíssimas concentrações de

hidrocarbonetos.

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Os sensores infravermelhos funcionam de forma a produzir uma luz

monocromática no infravermelho que mede a sua absorção pelo gás que está

analisando. É o sensor indicado para medir gases ou vapores combustíveis nas

atmosferas com pouco ou nenhum oxigênio. É imune aos compostos passíveis de

envenenamento e funciona bem em concentrações de alguns hidrocarbonetos pesados.

Também é o melhor sensor para se detectar o CO2. A principal desvantagem desse

sensor é o seu alto custo.

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O próprio instrumento coleta, analisa as substâncias e determina as características

atmosféricas do espaço confinado. Em espaços confinados um acessório importante é a

utilização de uma sonda de coleta da atmosfera. Um adaptador é instalado no

equipamento de forma que sua bomba automática proporcione a sucção de atmosfera

contaminada para o interior do equipamento a fim de se realizar a leitura dos gases. O

tamanho da sonda é relativo à potência da bomba do equipamento.

Podemos dizer que sua importância é vital para se classificar ou "desclassificar"

uma área de risco. É o instrumento pelo qual:

• Identifica a presença ou não de contaminantes ou gases/vapores

explosivos;

• Identifica a concentração de oxigênio;

• Determina as características atmosféricas do espaço confinado através

de uma leitura direta;

• Determina qual EPI a ser utilizado;

• Determina o equipamento a ser utilizado para áreas classificadas;

• Determina a possibilidade de uso de equipamentos não certificados;

• Determina pelo alarme a presença de algum gás ou vapor em

concentrações IPVS;

• Possibilidade de armazenamento de dados (memória interna);

• Rapidez na resposta das medições.

As desvantagens do multigás são:

• Variedade de sensores para substâncias específicas limitadas;

• Limitações de faixa para medições de altas concentrações ("range");

• Vida útil limitada de alguns sensores;

• Necessidade de calibrações constantes de alguns equipamentos;

• Rápida saturação ou contaminação de alguns sensores;

• Sensibilidade de alguns sensores (catalíticos) a emanações de rádio

frequência.

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CERTIFIÇÃO

A certificação do equipamento é obrigatória pela Portaria n°.83 de 03/04/2006 do

INMETRO. Deve ser certificado, testado quanto à sua performance por órgão responsável

e acompanhado de um Certificado de Conformidade.

TESTE DE RESPOSTA

O equipamento deve ter os seus sensores testados com um gás padrão que

assegure a sua resposta devido à presença daquele gás. É a única maneira segura de

garantir que os seus sensores estão funcionando perfeitamente.

Conforme determina a NR 33, o teste de resposta deverá ser feito antes de cada

uso do equipamento.1

CALIBRAÇÃO

Através da calibração o equipamento é testado quanto à precisão dos valores

medidos pelo leitor, e se os mesmos estão em conformidade com o informado pelo

fabricante. Normalmente os detectores multigás são preparados para a leitura quanto a

presença do Oxigênio, do gás Sulfídrico, do Monóxido de Carbono e de gases

combustíveis.

1 Item 33.3.2 “j”.

Image

H 4 cm x W 7.6 cm

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H 4 cm x W 7.6 cm

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DETECTORES PESSOAIS

Destinados para uso pessoal não devendo serem empregados para análise inicial

de gases. Como é uma obrigação que a atmosfera seja avaliada continuamente ao longo

da execução de trabalhos nos locais confinados, devido à possibilidade de se

desenvolverem produtos perigosos gerados pelo próprio serviço em execução, a

utilização desses dispositivos permite que os próprios trabalhadores possam receber

informações precisas e imediatas sobre as condições atmosféricas do ambiente em que

estão inseridos.

Existem modelos que variam de detecção para 1 gás até para 4 gases

simultâneos. Também existem equipamentos de vida útil limitada onde não é possível a

troca de sensores (descartáveis), e equipamentos sem limitação de vida útil onde é

possível a troca de sensores, sendo ainda necessário a sua calibração periódica.

GÁS LIMITE

INFLAMÁVEIS 10% do Limite Inferior de

Explosividade

OXIGÊNIO De 19,5% a 23% por Vol.

MONÓXIDO DE

CARBONO

LT - 39 ppm (NR15)

TLV - 25 ppm (ACGIH 2015)

IPVS - 1.200 ppm

GÁS SULFÍDRICO

LT - 8 ppm

TLV - 5 ppm

IPVS - 100 ppm

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TUBOS COLORIMÉTRICOS - bomba manual de detecção pontual

São equipamentos de leitura indireta. No interior do tubo existe uma mistura de

substâncias reagentes que, em contato com uma atmosfera contaminada, se utilizam do

princípio da reação química que provoca uma mudança de cor para indicação precisa da

concentração do contaminante presente.

Os tubos colorimétricos se utilizam de uma bomba manual com fole, conhecida

como Bomba Accuro (Drager®) para a sucção de certa quantidade do ar contaminado

que passa pelo interior do tubo que, em contato com o reagente provocará a coloração

que indicará a concentração da substância presente no ambiente contaminado que se

pretende identificar.

As vantagens desse dispositivo são:

• Baixo custo;

• Grande faixa de medição (permite medições de alta concentrações);

• Maior número de substâncias possíveis de serem reconhecidas (mais de

500 substâncias diferentes);

• Isento de calibração.

As desvantagens desse equipamento são:

• Não é indicado para monitoramento contínuo de uma atmosfera;

• Tempo de resposta maior do que nos equipamentos eletrônicos;

• Necessidade de carregar vários tubos de diferentes substâncias para coleta

de amostras;

• Não é possível armazenar dados;

• Depende das condições ideais de temperatura e pressão para uma medição

precisa;

• Alguns tubos podem apresentar uma margem de erro de até 25% nas

medições.

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CMS (Drager®)

É um sistema de medição que representa uma evolução da Bomba Accuro. A

medição é feita através de um chip específico e um analisador eletrônico para quantificar

a medição e fornecer a indicação digitalmente. Normalmente, cada chip permite a

realização de várias medições sem ter que trocá-lo a cada amostra feita.

As vantagens desses equipamentos são:

• As mesmas da Bomba Accuro;

• Maior precisão e menor margem de erro do que a Bomba Accuro;

• Maior rapidez de leitura;

• Possibilidade de armazenamento de dados (memória interna).

As desvantagens desse equipamento são:

• Não é indicado para monitoramento contínuo de uma atmosfera;

• Alto custo;

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VENTILAÇÃO EM ESPAÇOS CONFINADOS

É o processo de movimentação contínua de ar com o objetivo de remover os

contaminantes do espaço confinado para suprir a inexistência ou deficiência da

ventilação.

Uma ventilação adequada deve atingir os seguintes objetivos:

• Substituir o ar contaminado pelo ar adequado a respiração;

• Eliminar a possibilidade de explosão através de inertização/ventilação ou purga, mantendo a atmosfera sempre abaixo do LIE;

• Reduzir ou eliminar a toxidade do ambiente através da diminuição dos

contaminantes tóxicos; • Prevenir a formação de atmosferas tóxicas ou explosiva, através da

ventilação contínua do ambiente durante a execução dos serviços; • Aumentar as chances de sobrevivência de vítimas formando uma atmosfera

respirável;

• Resfriamento do espaço confinado. Gases ou vapores inflamáveis ou tóxicos, por ventura existente em espaços

confinados, dependendo de suas características poderão ser diluídos até que sua

concentração fique abaixo do LIE e do LT, ou poderão ser removidos do local através de

uma exaustão. Portanto, as taxas adequadamente calculadas para o uso de um sistema

de ventilação poderão evitar a persistência de uma atmosfera de riscos durante a

execução de serviços nesses locais. Algumas empresas usam um procedimento de

ventilação de 24 horas com medição após esta ventilação, e em caso de atmosfera ainda

contaminada continuar ventilação por mais 24 horas até eliminar completamente os

contaminantes.

TIPOS DE VENTILAÇÃO

Existem dois tipos de ventilação conhecidas: a ventilação natural e a

Ventilação Mecânica. A ventilação natural utiliza o movimento natural das correntes de

ar para o interior dos espaços confinados, sem o auxílio de equipamentos.

A ventilação natural não apresenta resultado satisfatório devido às seguintes

características:

● intensa variação da vazão do ar; ● dificuldade de controle no direcionamento do ar;

● irregularidade do efeito dos ventos; ● deficiente circulação de ar pelo reduzido número e tamanho das aberturas

presentes na maioria dos espaços confinados;

● inadequada diferença de altura entre as entradas e saídas do ar do espaço confinado.2

A ventilação mecânica utiliza-se de equipamentos mecânicos para introduzir e/ou

retirar o ar dos espaços confinados. Desta forma temos a Ventilação Geral Diluidora

(VGD) que consiste no processo de renovação do ar de um espaço confinado por meio

da insuflação e/ou exaustão de ar, cuja finalidade é de promover a renovação de ar,

redução da concentração de contaminantes e conforto térmico quando é introduzido ar

ao espaço confinado. E a Ventilação Local Exaustora (VLE) que tem a finalidade de

2 NBR 16577 item B1.

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exaurir o contaminante na fonte ou suas imediações para evitar que se espalhe no

interior do espaço confinado.

Alguns cuidados especiais deverão ser tomados quando for necessária a utilização

de Equipamentos de Ventilação Mecânica. Uma vez conhecidos e avaliados os riscos de

explosão, contaminação e concentração de oxigênio, deverá ser determinada a

necessidade de qual tipo de ventilação será adequada às condições presentes no espaço

confinado.

Se uma condição insegura persistir e sendo a ventilação o procedimento adequado

para estabilizar a situação, deveremos ventilar o espaço confinado. Depois de ventilado,

o local deverá ser novamente avaliado, a fim de determinarmos se as condições

inseguras ainda estão presentes, se a ventilação foi suficiente, se é preciso ventilar de

uma forma contínua, se é necessária a adoção de outro método de controle entre outros.

As causas que provocaram o surgimento de uma atmosfera perigosa ou a introdução de

novas fontes de produção de gases ou vapores inflamáveis ou contaminantes deverão

ser eliminadas no menor tempo possível. Quando se tratar de uma atmosfera explosiva,

ainda após a ventilação, devem ser evitadas as causas que eventualmente poderiam

provocar um incêndio.

SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

A seleção do Equipamento de Ventilação Mecânica deve considerar a geometria,

volume, número e tamanho das aberturas do espaço confinado, interferências

estruturais e equipamentos existentes, bem como poluentes, suas propriedades

toxicológicas, temperatura, pressão, vazão e ponto de geração.

Variáveis, como a vazão e a pressão de ar necessária, em função do diâmetro e

comprimento dos mangotes, são importantíssimos para garantir uma adequada

ventilação do espaço confinado.

Características construtivas do Equipamento de Ventilação Mecânica, como peso,

mobilidade, alimentação, adequação ao risco e nível de pressão sonora também devem

ser consideradas na escolha do tipo e modelo adequado. Além do conjunto motor-

ventilador, o Equipamento de Ventilação Mecânica é composto por duto tipo mangote

flexível, conexões e eventualmente peças de transição para bocas de entrada e/ou saída.

O duto tipo mangote flexível mais comum é feito de material plástico, com espiral

interna de aço para sustentar a sua estrutura. Deve possuir dimensões, peso, mobilidade

e flexibilidade que possibilitem vazão e alcance adequados.

Para processos a quente, com

risco de incêndio, o mangote deve ser

isolado das fontes de ignição. As peças

de transição e conexões tem por

finalidade evitar a obstrução da entrada

e da saída dos espaços confinados e

reduzir as curvas dos mangotes,

diminuindo as perdas de carga e,

consequentemente, afetando menos a

vazão de ar. Ventiladores em áreas classificadas devem possuir marcação apropriada, de

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P á g i n a | 52

acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e a Portaria INMETRO nº 179/2010 bem como

serem protegidos contra descargas eletrostáticas, incluindo aterramento dos

equipamentos, conforme as subseções 12.14 e 12.15 da NR 12 – Segurança no Trabalho

em Máquinas e Equipamentos. 6

VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA (VGD) - INSULFLAÇÃO

A característica desta ventilação é que a entrada de ar possui maior vazão que a

saída ocorrendo assim uma ventilação de pressão positiva que introduz o ar para o

interior do espaço, forçando a expulsão do ar contaminado através de qualquer saída. É

o método mais comum de ventilação. É muito eficiente nos casos de sobrecarga térmica,

sendo utilizada para proporcionar um melhor conforto para os trabalhadores durante a

execução de serviços.

Nos casos de atmosferas contaminadas por vapores difundidos em todo o espaço,

o ar contaminado é diluído através da injeção de ar fresco, depois ele é expelido pela

exaustão já em concentrações menos tóxicas. Nem sempre será um método totalmente

eficiente no começo, pois quando for forçada a introdução do ar, ela vai agitar os

contaminantes e dispersá-los na atmosfera, sem que isso garanta a redução imediata da

quantidade total do contaminante existente no espaço, podendo até aumentar a

concentração de contaminante dirpersa na atmosfera logo no início da ventilação. Se o

agente químico não estiver em concentrações muito tóxicas poderá até funcionar.

Este método funciona melhor quando o risco principal é uma atmosfera deficiente

de oxigênio.

Uma das recomendações mais importantes sobre ventilação em espaços

confinados é a proibição do uso de oxigênio puro, seja com o propósito de fornecer uma

ventilação geral ao local, promover um conforto térmico aos trabalhadores ou de limpeza

de certas áreas. Além de facilitar o surgimento de uma atmosfera explosiva, o excesso

de oxigênio como já vimos anteriormente, também provoca lesões em nosso organismo.

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VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA (VGD) - EXAUSTÃO

Através desse método produzimos uma pressão negativa que é definida por

qualquer pressão abaixo da pressão atmosférica e o ar contaminado é puxado para fora

do espaço. O ar fresco que penetra naturalmente por uma abertura é arrastado pelo

interior do espaço através da pressão negativa. Esse método pode ser mais eficiente do

que a ventilação se for operada bem próximo de onde o contaminante está concentrado.

É considerado o melhor processo para ventilar atmosferas explosivas ou tóxicas

produzidas pelas atividades em operação no interior do espaço, devendo ser direcionada

para evitar a contaminação do ar nas proximidades do espaço quando estiver sendo

aplicada.

O ar contaminado que foi exaurido de um local confinado deverá sempre ser

descarregado a céu aberto e distante do local de coleta de ar fresco do mesmo sistema

instalado para aquele trabalho. Quando coletamos o próprio ar contaminado e

mandamos para o espaço confinado damos o nome desse evento de curto-circuito, outro

tipo de curto-circuito é o apresentado na figura abaixo. Devemos ter o cuidado para que

todo o ar reaproveitado esteja totalmente limpo e respirável. Do ponto de vista

ambiental, também é necessário que os contaminantes sejam tratados de forma a

reduzir seus efeitos quando forem lançados a céu aberto. Se os gases exauridos se

tratarem de gases inflamáveis, deveremos direcionar o seu descarregamento para áreas

livres de qualquer fonte de ignição.

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VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA (VLE)

Poderemos encontrar situações em que o contaminante está localizado em um ou

mais locais específicos. Nesse caso, um sistema de exaustão local especialmente

posicionado próximo do ponto de concentração, poderá capturar quase ou todos os

contaminantes, antes que eles sejam diluídos no interior do espaço. Recomenda-se que

o sistema induza ao tratamento dos contaminantes que poderá ser uma simples retenção

em malha de filtros manga, filtros adsorventes ou precipitador eletrostático.

É um excelente método para controlar materiais inflamáveis e tóxicos gerados

dentro do espaço. Este método mencionado é muito usado para trabalhos quentes,

operações de esmerilhamento ou limpeza com solventes.

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COMBINAÇÃO DE INSULFLAMENTO E EXAUSTÃO

A escolha do método a empregar dependerá das características do espaço

confinado, do tipo de trabalho a efetuar, das características dos contaminantes a exaurir,

das concentrações de gases ou vapores inflamáveis etc. Contudo, poderemos ainda

combinar os dois sistemas, ventilação e exaustão, para aumentar a eficiência do sistema

de controle utilizado. Nesse caso, primeiro o ar contaminado é diluído através da injeção

de ar fresco, depois ele é expelido pela exaustão já em concentrações menos tóxicas. O

problema desse método é que ele poderá exigir um número grande de ventiladores e

dutos que talvez não possam ser usados devido às limitações do espaço confinado.

CRITÉRIOS PARA USO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

Uma das regras básicas mais cobradas para ventilação em espaços confinados é a

proibição do uso de oxigênio puro3 para uma ventilação geral (insuflamento) do espaço

confinado, devido à possibilidade de provocar distúrbios respiratórios nos trabalhadores

e pela possibilidade de se desenvolver uma atmosfera explosiva. Os fatores listados a

seguir devem ser considerados ao ventilar um espaço confinado.

3 Norma Regulamentadora 18 item 18.20

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TIPO DO LOCAL

A configuração interna de um local confinado terá influência na eficiência do tipo

de ventilação selecionado. Impedimentos, obstáculos (equipamentos, cavernas,

estreitamentos, etc.) poderão causar a redução na circulação do ar e possivelmente

algumas áreas não serão alcançadas. Com isso é necessário melhorar a configuração da

ventilação.

TIPO DA ATMOSFERA

Os gases ou vapores identificados na atmosfera determinarão qual o modelo de

equipamento a ser utilizado e o tipo de ventilação a ser aplicada, seja ventilação ou

exaustão. Se estiverem presentes mais de uma substância, é importante salientar que

elas possuem densidades diferentes com tendências variadas de se acumularem no teto,

no piso ou no meio.

Chamamos atenção mais uma vez ao comportamento dos gases e vapores. A sua

forma ou sua densidade poderão também sofrer alterações em razão da temperatura e

da pressão existente no local.

DURAÇÃO DA VENTILAÇÃO:

VETILAÇÃO PRÉ-ENTRADA

É calculada ao dividir o volume do espaço confinado pela vazão do equipamento

indicada pelo fabricante. Um padrão comum de ventilação industrial ao trabalhar em

atmosferas inflamáveis ou tóxicas é fazer no mínimo seis trocas de ar completas

podendo chegar até dez trocas antes da entrada. Contudo não é um padrão absoluto. Ao

término da ventilação se faz necessário medir novamente a atmosfera com o detector e

desta forma garantir ar adequado à respiração aos trabalhadores. Desta forma vamos

precisar do volume do espaço confinado e da vazão do equipamento, por exemplo:

O volume (V) do meu espaço confinado é de 800 m³;

A vazão de ar (Q) do meu equipamento é de 160 m³/h.

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Pela fórmula t=V/Q o tempo (t) para uma troca, nessas condições, é de 5 horas,

considerando que teremos no mínimo 6 trocas, sendo assim, o tempo total será de 30

horas. Para o cálculo do tempo só levamos em consideração a vazão da ventilação e não

da exaustão.

VENTILAÇÃO DURANTE O TRABALHO NO ESPAÇO CONFINADO (VOLUME

DE AR A SER CIRCULADO)

É determinada pelo tamanho do espaço confinado e pelo número de trocas

recomendadas na tabela a seguir. Os insufladores/exaustores terão papel fundamental,

pois precisarão atender esta demanda. Eles são classificados principalmente pela sua

vazão que pode ser medida em metros cúbicos por hora (m³/h). Ainda sobre os

insufladores/exaustores, a vazão é obtida por um determinado comprimento,

multiplicado pelo diâmetro do tubo e dividido pelo tempo, contudo a utilização de dutos

mais longos e/ou com mais curvaturas resultarão numa vazão mais reduzida. O volume

(m³) de ar a ser circulado por hora é calculado com base na seguinte fórmula:

Qec = n x V

Qec = Vazão (m³/h) de troca do espaço confinado (não é a vazão do

equipamento)

n = Numero de renovações por hora recomendado (ren/h)

V = Volume (m3)

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INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Na instalação dos equipamentos (dutos), os meios de acesso devem ficar liberados

para o ingresso e a saída dos trabalhadores envolvidos. Portanto, a ventilação do espaço

confinado deve ser feita utilizando-se de outros acessos existentes. Se a ventilação

desejada não for obtida de forma satisfatória sem bloquear os acessos disponíveis para a

entrada da equipe de trabalho, os trabalhadores autorizados deverão estar protegidos

por equipamentos de proteção respiratória por linha de ar com cilindro de escape.

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VENTILAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SOLDA E CORTE EM ESPAÇOS

CONFINADOS

A OHSAS 18001 obriga que em todos os serviços que envolvam soldas e corte,

bem como a produção de calor, deve ser fornecida ventilação mecânica ao local, que

dependendo das substâncias metálicas envolvidas deverá ser providenciada na forma de

insuflamento e exaustão.

A ventilação aplicada deve ser dimensionada para produzir um número de trocas

suficientes para manter os fumos e demais gases produzidos dentro dos limites de

segurança. Se o serviço envolver o uso de metais pesados deverá ser utilizado o método

de exaustão com o fornecimento de respiradores de ar por linha com cilindro de escape o

CARLA (Conjunto Autônomo com Respirador por Linha de Ar). Normalmente, serviços de

soldas que não envolvam metais pesados ou substâncias que afetem a qualidade do ar

até poderiam ser realizados sem o fornecimento de ventilação e equipamento de

proteção respiratória. Todavia, devido às possíveis alterações nas características físicas

do ar ou acúmulo de substâncias não desejáveis desenvolvidas no serviço, justificam o

emprego de, pelo menos, uma ventilação geral (insuflamento) ou de equipamentos de

proteção respiratória.

EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

O equipamento utilizado para remover o ar contaminado ou

suprir de ar fresco os espaços confinados é o ventilador ou

insuflador/exaustor, ou seja, possui a dupla função dependendo de

qual extremidade estará conectado o duto de ventilação. As

diferenças entre os modelos do equipamento são medidas pelas

informações técnicas de cada um como potência, velocidade do ar,

dimensões, vazão, etc.

Os dutos flexíveis são utilizados para direcionar o fluxo de ar

do equipamento para o espaço confinado ou do espaço confinado para a atmosfera. Para

áreas classificadas, o modelo indicado deve ter motor com proteção Ex e os dutos não

poderão produzir nenhuma estática.

Conforme o ítem 6.3 da NBR16.577, os ventiladores em áreas classificadas

devem possuir marcação apropriada, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e a

Portaria INMETRO nº 179/2010 bem como serem protegidos contra descargas

eletrostáticas, incluindo aterramento dos equipamentos, conforme as subseções 12.14 e

12.15 da NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.

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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL

Os equipamentos de proteção coletiva e individual devem ser adequados ao meio

ambiente de trabalho.4

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES

Estes equipamentos estão sendo tratados no item 5.3 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

Estes equipamentos são tratados no item 6.3 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Esses equipamentos serão tratados no item 9.10 desta apostila.

EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS

Esses equipamentos serão tratados no ítem 10.6 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE RESGATE

Equipamentos destinados às atividades de resgate serão tratados no ítem 11.13

desta apostila.

4 NBR 16577 item 6.5

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Para facilitar a retirada de pessoas do interior de espaços confinados, sem que a

equipe de resgate precise adentrar nestes, podem ser utilizados movimentadores

individuais de pessoas, atendendo aos princípios dos primeiros-socorros, desde que não

prejudiquem a vítima.5

SISTEMA DE COMUNICAÇÕES

O sistema de comunicação deve estar em perfeito estado de funcionamento,

propiciando um diálogo adequado e eficaz entre o supervisor de entrada e o vigia, o vigia

e o(s) trabalhador(es) e o vigia e a equipe de salvamento.

Sistemas de comunicação com a utilização de rádios ou dispositivos

elétricos/eletrônicos, em áreas classificadas, devem possuir marcação apropriada, de

acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e Portaria INMETRO nº 179/2010.6

A comunicação em espaços confinados é uma ferramenta importantíssima.

Comunicações rápidas, claras e seguras são essenciais para a proteção dos

trabalhadores autorizados. Pode ser visual através de sinais, caso o trabalhador

permaneça constantemente sob o alcance visual do vigia, ou através de equipamentos

eletrônicos.

Os métodos de comunicações incluem:

• Comunicação Visual

Requer visão direta entre o vigia e o trabalhador. Para um sistema lógico de

sinais com as mãos é necessário que seja claro e entendido por toda a equipe.

Sinais visuais manuais são raramente práticos devido à visibilidade limitada, baixa luz e

obstruções.

• Comunicação Verbal

Direta também é rara em espaços confinados. Barulho, obstruções e distância

fazem do diálogo entre as equipes algo impossível e incerto.

• Sinais Táteis

Utiliza as cordas como meio de comunicação básico (puxões).

• Sistemas de Comunicação sem Fio

Possuem as vantagens de acomodar um número ilimitado de usuários e

permitirem liberdade de movimento. As desvantagens de um sistema de rádio sem fios

incluem: pontos mortos e comunicação intermitente; requer um ajuste fino; interferência

de frequência de rádio.

• Sistemas de Comunicação por Fio

Possui a desvantagem de restrições que os fios provocam, principalmente com

relação à locomoção e o acúmulo de fios. As vantagens do sistema de comunicação de

fio rígido incluem: clareza de comunicação; operação com mãos livres, comunicação

contínua, comunicação não afetada por interferências, sistema de comunicação privado,

5 NBR 16577 item 11.2 6 NBR 16577 item 6.4

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pode ser unida a uma linha de ar para criar um único cabo, baixa manutenção e baixo

preço.

Se durante a entrada ocorrer uma interrupção nas comunicações e não havendo

outra forma de comunicação ou contato visual, os trabalhadores deverão abandonar o

interior do espaço confinado imediatamente. O uso dos equipamentos de comunicação

poderá ser dispensado somente nos casos em que seja garantido o contato visual

constante entre o vigia e os trabalhadores no interior do espaço confinado.

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

O sistema de iluminação deve estar em perfeito estado de funcionamento. Se

utilizado em áreas classificadas, o sistema deve possuir marcação apropriada, de acordo

com a ABNT NBR IEC 60079-0 e Portaria INMETRO nº 179/2010.7

7 NBR 16577 item 6.9

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Embora certos espaços confinados com uma configuração

pequena, que recebam uma boa iluminação natural, poderão

dispensar o uso de iluminação, sabemos que a maioria dos

espaços confinados localizados em áreas industrial possui

grandes dimensões e possui uma iluminação deficiente ou

inexistente. Por isso, deve ser sempre previsto o suporte de

uma iluminação artificial (por fio ou portátil) para facilitar o

desempenho das tarefas no interior do espaço confinado e para

oferecer uma facilidade no abandono do local ou numa

eventual situação de resgate. Tanto para os trabalhadores

como para os resgatistas também será necessária a adoção de

capacetes que possam receber a adaptação de uma lanterna

para oferecer uma iluminação auxiliar.

CINTOS DE SEGURANÇA

Em todas as entradas, o trabalhador deverá usar um cinto de segurança completo

tipo paraquedista conectado a uma linha de vida firmemente ancorada fora do espaço

confinado.

Os propósitos de usar este equipamento incluem:

• Realizar uma descida ou subida segura e com menor esforço possível;

• Realizar algum trabalho posicionado em certa altura;

• Ser a referência do caminho para a saída;

• Facilitar a recuperação da vítima através de uma não-entrada do

resgatismo;

• Localizar a vítima no espaço confinado;

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O cinto deve ser de um tipo paraquedista, certificado pelo Ministério do Trabalho

(CA). Devem ser inspecionados antes e depois de cada uso, e higienizados após o

trabalho, caso necessário, de acordo com as orientações dos fabricantes.

O cinto deve ser equipado com fitas, fivelas argolas e malhas rápidas, e construído

com material resistente ao tipo de risco ao qual ele foi projetado (fogo, eletricidade,

etc.). Cintos para entrada em espaço confinado são equipados com argolas hemisféricas

nos ombros, usadas para levantar o conjunto através de uma barra separadora.

Possuem uma argola fundida às correias e posicionada no dorso costal.

TRIPÉS

Tripés são livremente posicionados e possuem pernas encaixadas que podem ser

ajustadas para oferecer uma variação de alturas. São muito efetivos em decidas e

subidas, mas fica instável se a força lateral for muito acentuada. Isso acontece quando

os cabos são puxados para o lado, ou quando o responsável pela movimentação retira o

trabalhador para fora e tenta puxá-lo para um lado da abertura. Por isso devemos

redobrar nossa atenção para que o equipamento não tombe. A seguir, alguns cuidados

que devemos adotar ao selecionar o tripé para trabalho:

• Sempre siga as instruções do fabricante para inspeção, montagem e uso do tripé.

Você será responsável por seguir estas instruções durante as operações.

• Nunca coloque mais de uma pessoa por vez no tripé, a menos que você esteja

seguro de que o equipamento é aprovado para carga de duas pessoas.

• Sempre que for descer ou subir uma pessoa, utilize outro sistema de segurança

adicional (backup) além do sistema principal.

• Desenvolver técnicas de manuseio do equipamento e de posicionamento dos

indivíduos que estão sendo movimentados.

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MONOPÉ

Outro equipamento de movimentação, o popular

monopé. Existem muitos modelos disponíveis, alguns

permanentemente montados, outros são desmontáveis, uns

possuem posicionamento livre outros são fixados e imóveis,

o que demonstra sua versatilidade.

Uma vantagem fundamental do Braço Davit em

relação ao tripé é uma tendência reduzida a tombar. Os

cuidados que devem ser tomados ao selecioná-lo são os

mesmos indicados anteriormente para os tripés.

GUINCHOS E TRAVA-QUEDAS

Tripés e monopés são geralmente equipados com manivelas que contêm um cabo

de aço galvanizado de, aproximadamente, ¼ polegada de diâmetro, embora diâmetros

maiores e cabos de aço inoxidáveis também sejam utilizados. São usados para subir ou

descer pessoas onde escadas ou outros meios de acesso não estão disponíveis. Os

dispositivos de trava-quedas funcionam como sistema de proteção contra quedas em

caso de falhas no cabo principal ou possuem manivelas incorporadas tornando-se

resgatadores.

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SISTEMAS PRÉ MONTADOS

Os fabricantes também oferecem sistemas de corda pré-montados. Isso provê

uma redução de erros na construção de sistemas. Exemplos incluem o DBI SALA RPD-

1® e o ROLL­GLISS®. Estes sistemas oferecem facilidade de redução de esforço, mas

não podem ser convertidos em sistemas diferentes. Como qualquer sistema de

movimentação, um segundo dispositivo de segurança deve ser utilizado.

Alternativamente, poderão ser montados sistemas de cordas e polias para a

movimentação de trabalhadores. Contudo, tenhamos em mente que esses sistemas

estarão mais bem aplicados para as situações de emergência que requeiram um resgate.

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PLANEJAMENTO DE TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO

Numa instalação industrial os serviços de inspeção, manutenção, reparos,

montagem, desmontagem, modificações, limpeza ou preservação de equipamentos,

sistemas ou áreas específicas são rotinas diárias de trabalho muito comuns que, na

maioria das vezes, oferece algum tipo de risco de exposição do executante daquelas

tarefas a algum perigo inerente aos próprios equipamentos, sistemas ou áreas.

Ao ser reconhecido que a execução de algum serviço em determinada área de

risco seja inevitável, é necessário um planejamento que envolva a avaliação da

necessidade daquele trabalho, dos perigos inerentes e das condições ambientais

presentes naquela área, com a presença, no mínimo, do responsável pelo equipamento

ou área, do responsável pela execução do serviço e do pessoal da segurança industrial.

A partir desses pré-requisitos uma metodologia de trabalho será desenvolvida ao

longo do processo de entrada que se encontrará sistematizada nos procedimentos de

emissão de permissão de trabalho.

Independentemente do local interditado para execução de determinado serviço

estar identificado ou não como uma área classificada, o método mais seguro para se

executar aqueles serviços sem oferecer margem a acidentes que, principalmente,

coloquem a vida dos trabalhadores em perigo é, sem dúvida, o Sistema de Permissão de

Trabalho. Quando se tratar de trabalhos em espaços confinados, a PET ­ Permissão de

Entrada para Trabalho torna-se uma obrigação conforme assim exige a NR-33.

Comprovada a necessidade de realização de determinado trabalho num local que

não esteja liberado, outra ferramenta será aplicada antes de sua autorização: a APR -

Análise Preliminar de Riscos de exclusividade do pessoal da segurança industrial.

CADASTRO DO ESPAÇO CONFINADO

O Responsável Técnico deverá elaborar e manter cadastro dos espaços

confinados. Os espaços confiados desativados também devem possuir cadastro que

informe a data da sua desativação, isolamento, sinalização, bloqueios instalados e

medidas necessárias para abertura segura, quando da sua reativação.8

O cadastro dos espaços confinados deve conter ainda, plantas e/ou croquis bem

como as Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos dos produtos que por

ventura estiverem ou tenham sido armazenados no seu interior.

O cadastro de espaço confinado do tipo “não perturbado” deve conter no mínimo

as seguintes informações:

• Volume em metros cúbicos (m3);

• Número de entradas, acessos ou “bocas de visita”;

• Dimensão, geometria e forma de acessos;

• fatores de riscos;

• Medidas de controle desses riscos; e

• Plano de salvamento.

8 Item 33.3.3 “a” da NR 33.

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A análise preliminar de risco para espaço confinado do tipo “perturbado”, que

envolva utilização de produtos inflamáveis, deve ser cuidadosamente estudada devido ao

risco de incêndio/explosão, de acordo com as características dos produtos que serão

utilizados. Deve-se analisar a Ficha de Informação e Segurança de Produto Químico

(FISPQ) dos produtos químicos, observando-se as propriedades físico-químicas a seguir:

densidade, LIE ou LEL, ponto de fulgor e a temperatura de ignição.9

ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL (ASO)

”Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser

submetido a exames médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme

estabelecem as NR’s 7 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão

do respectivo atestado de Saúde Ocupacional”10

Ao se avaliar trabalhadores que irão exercer atividades em espaços confinados, é

necessário que o médico atente para a existência de algumas patologias que podem

incapacitá-los para atividades em espaços confinados.

Deve ser dada atenção ao estado psicolócico do trabalhador uma vez que pode

colocar em risco a própria integridade física e a do grupo.

O guia técnico da NR-33 traz em sua página 41 uma série de patologias que, se

não impeditivas, devem ser consideradas como fator de risco para autorização do

trabalhador ingressar em espaços confinados.

CAPACITAÇÃO

A capacitação, a norma estabelece treinamento inicial, carga horária,

periodicidade e conteúdo programático conforme quadro abaixo:

9 Item 4.2 da NBR 16577. 10 Item 33.3.4.1 da NR 33.

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As situações que implicam em retreinamento são:

a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;

b) algum evento que indique a necessidade de novo treinamento; e

c) quando houver uma razão para acreditar que existam desvios na utilização ou

nos procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos não

sejam adequados.11

PERMISSÃO DE ENTRADA PARA TRABALHO - PET

Autorização escrita e documentada em três vias que é emitida pelo supervisor de

entrada, para permitir e controlar a entrada e atividades no espaço confinado, baseada

no procedimento de permissão.12

A norma atual modernizou esse formulário ao chamá-lo de Permissão de Entrada

e Trabalho - PET, que deverá estar de acordo com os procedimentos constantes no

programa de gestão de segurança e saúde próprios das empresas, tomando por base o

modelo constante na norma. É um documento padronizado de cada empresa, construído

de acordo com seus procedimentos gerais internos de execução de serviços, porém,

deve seguir os requisitos do modelo oriundo na norma. É uma autorização por escrito

para execução de qualquer trabalho a ser realizado nas áreas industriais, com o objetivo

de oferecer as mais seguras condições de trabalho naquele determinado local para os

trabalhadores e preservando as melhores condições dos equipamentos, sistemas ou

locais que sofrerão a intervenção, do meio ambiente e da continuidade das operações

principais da unidade.

As empresas estão obrigadas a garantir que o acesso ao espaço confinado

somente ocorra após a emissão, por escrito, da PET. 13 Ela deverá ser preenchida,

assinada e datada, em três vias, sendo uma cópia para o emitente (supervisor da

entrada), uma cópia para o vigia e uma cópia para os trabalhadores autorizados. Se a

entrada envolver colaboradores de outras empresas contratadas ou subcontratadas, a

empresa deverá disponibilizar os procedimentos de emissão da PET não só para os seus

próprios empregados, como também para os demais.

A PET será específica para apenas um determinado trabalho e restrita a um único

equipamento, sistema ou local, perfeitamente definido e limitado, identificando ainda o

trabalhador autorizado para execução do serviço.

As informações mínimas constantes na PET são:

• O espaço confinado a ser adentrado (características físicas);

• O objetivo da entrada;

• Data e duração da permissão;

• Relação dos trabalhadores autorizados vigia e equipe de resgate;

• Assinatura e identificação do supervisor que autorizou a entrada;

• Riscos no espaço confinado a ser adentrado;

11 Item 33.3.5.2 da NR 33. 12 NBR 16577 item 3.37. 13 Item 33.5.3 da NR 33

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• Medidas usadas para isolar, eliminar ou controlar os riscos antes da

entrada.

Certas ocorrências durante as entradas em espaços confinados podem nos revelar

algumas falhas existentes no procedimento de entrada e sistema de permissão. A NR-33

menciona as circunstâncias que obrigam a paralização da atividade e consequentemente

encerramento da PET, bem como revisão do procedimento, porém não se limitando a

estas:

• Entrada não autorizada num espaço confinado;

• Identificação de riscos não descritos na PET;

• Acidente, incidente ou condição não prevista durante a entrada;

• Qualquer mudança na atividade desenvolvida ou na configuração do espaço

confinado;

• Solicitação do SESMT ou da CIPA;

• Identificação de condição de trabalho mais segura.

PRAZO DE VALIDADE, CANCELAMENTO E ENCERRAMENTO DA PET

“A Permissão de Entrada e Trabalho é válida somente para cada entrada 14 ”.

Usualmente a PET tem a validade estimada de acordo com o período de trabalho do

Supervisor, porém, deveremos ficar atentos para a prerrogativa legal que diz “Quando

ocorrer a saída de todos os trabalhadores do espaço confinado, nas pausas para

descanso, nos intervalos para refeições ou em caso de interrupção da atividade, ainda

que programada, a Permissão de Entrada e Trabalho deve ser encerrada.

Nova Permissão de Entrada e Trabalho deve ser emitida quando houver reinício

das atividades. É proibido revalidar a Permissão de Entrada e Trabalho em espaços

confinados”.15

Outras situações que implicam na necessidade de encerramento da PET diz

respeito a:

a) Falta de monitoramento contínuo na atmosfera no interior do espaço

confinado;

b) Alarmes;

c) Ordem do Vigia;

d) Qualquer situação de risco à segurança dos trabalhadores.

Essas situações implicam no abandono imediato da área e consequentemente

encerramento da PET.

Fica cancelada a PET quando:

• As recomendações nela contidas não estiverem sendo atendidas;

• As condições do local de trabalho apresentam mudanças que oferecem

riscos;

• Ocorrer alguma emergência no local de trabalho.

Diante dessas ocorrências, as atividades deverão ser suspensas a fim de nova

avaliação ser realizada.

14 Item 33.3.3.1 da NR33. 15 Guia técnico da NR-33 Pag. 37.

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Quando for encerrado o trabalho, todos os trabalhadores devem ser checados

quanto à saída do local e integridade física, a PET deverá ser encerrada, as ferramentas

e equipamentos checados quanto ao perfeito funcionamento e será dado retorno ou

continuidade normal das operações.

MODELO DE PET

A NR 33 propõe um modelo de PET. Às empresas é permitido adaptar conforme

suas peculiaridades e a dos seus espaços confinados.

Abaixo modelo proposto pela NR:

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P á g i n a | 72

EQUIPE DE TRABALHO

Sabe-se que é vedada uma entrada de forma individual ou isolada em espaços

confinados. Mas qual é o tamanho ideal da equipe de trabalho? A NR-33 atribui à análise

de risco a quantificação da equipe ideal para execução de determinado serviço nas

condições ambientais e físicas existentes no local já liberado para trabalho e para os

possíveis riscos que poderão se desenvolver ao longo da execução dos serviços. O

tamanho de uma equipe que é estabelecido pela NR33 é de, no mínimo, dois

profissionais, sendo um o vigia e o outro o executante.16

Todavia, esse limite mínimo somente seria aceito se o trabalho fosse de uma

execução fácil, se o local para entrada fosse pequeno, se a condição de trabalho

encontrada permitisse um contato visual constante entre os dois membros e se os meios

de fuga estivessem facilmente acessíveis.

Caso seja necessário, deverá constar na PET o revezamento dos trabalhadores no

interior do espaço confinado, sem prejuízo das atividades e das condições estipuladas

para a entrada

RESPONSÁVEL TÉCNICO

Cabe ao empregador indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento

da NR 33.17

SUPERVISOR DE ENTRADA

Pessoa capacitada para autorizar a entrada em espaço confinado para a realização

de trabalho seguro, responsável por preencher e assinar a PET18

O Supervisor de Entrada deve desempenhar as seguintes funções:

a) emitir a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início das atividades;

b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na

Permissão de Entrada e Trabalho;

c) assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e

que os meios para acioná-los estejam operantes;

d) cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário; e

e) encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término dos serviços.

O Supervisor de Entrada pode desempenhar a função de Vigia.19

16 Item 33.3.4.3 e 33.3.4.3 da NR 33 17 NR 33 ítem 33.2.1 18 NBR 16577/2017 item 10

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VIGIA

O vigia deve conhecer os riscos e as medidas de prevenção que possam ser

enfrentados durante a entrada, incluindo informação sobre o modo, sinais

ou sintomas e consequências da exposição aos agentes;

O vigia deve estar ciente dos riscos de exposição dos trabalhadores

autorizados;

O vigia deve manter continuamente uma contagem precisa do número de

trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar que os meios

usados para identificá-los sejam precisos;

O vigia deve permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada e de

forma contínua, durante as atividades até que seja substituído por outro

vigia;

O vigia deve acionar a equipe de salvamento, quando necessário;

O vigia deve operar os movimentadores de pessoas em situações normais

ou de emergência.

O vigia deve manter a comunicação com os trabalhadores para monitorar as

suas condições e para alertá-los quanto à necessidade de abandonar o

espaço confinado;

O vigia não pode realizar qualquer outra tarefa que possa comprometer o

monitoramento e a proteção dos trabalhadores;

As atividades de monitoração dentro e fora do espaço determinam se há

segurança para os trabalhadores permanecerem no interior do espaço;

O vigia deve ordenar aos trabalhadores o abandono imediato do espaço

confinado sob quaisquer das seguintes condições:

a) detectar uma condição de perigo;

  b) detectar uma situação externa ao espaço que possa causar perigo aos

trabalhadores;

  c) se não puder desempenhar efetivamente e de forma segura todos os seus

deveres.

TRABALHADORES AUTORIZADOS

Profissional com capacitação para entrar no espaço confinado que recebe

autorização do empregador, ou seu preposto, ciente dos seus direitos e deveres e com

conhecimento dos riscos e das medidas de controle existentes20

O empregador, ou seu preposto, deve assegurar que todos os trabalhadores

autorizados:

 a) conheçam os riscos e as medidas de prevenção que possam encontrar durante

a entrada, incluindo informações sobre o modo, sinais ou sintomas e consequências da

exposição;

 b) usem adequadamente os equipamentos EPI e EPR;

19 NR 33 item 33.3.4.6/ NBR 16577/2017 item 10 20 NBR 16577/2017 item 10

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P á g i n a | 74

 c) saibam operar os recursos de comunicação para permitir que o vigia monitore

as suas atuações e os alerte da necessidade de abandonar o espaço confinado.

O trabalhador deve alertar o vigia sempre que:

 a) reconhecer algum sinal de perigo ou sintoma de exposição a uma situação

perigosa não prevista;

 b) detectar uma condição proibida.

A saída de um espaço confinado deve ser processada imediatamente nas

seguintes condições:

 a) se o vigia ou o supervisor de entrada ordenar abandono;

 b) se o trabalhador reconhecer algum sinal de perigo, risco ou sintoma de

exposição a uma situação perigosa;

 c) se o alarme de abandono for ativado.

SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA E SALVAMENTO

O empregador, ou seu preposto, deve assegurar que cada membro do serviço de

salvamento tenha equipamento de proteção individual (inclusive o de proteção

respiratória) e de salvamento necessários para adentrar os espaços confinados, bem

como detectores de gás próprio para áreas classificadas, com sensores de oxigênio,

gases inflamáveis e tóxicos potencialmente presentes nos espaços confinados e que

sejam treinados para o uso adequado destes equipamentos. Os seguintes requisitos se

aplicam aos empregadores que tenham trabalhadores que entrem em espaços

confinados para executar os serviços de salvamento:

 a) caso seja detectada uma atmosfera combustível/inflamável, a equipe deve

reverter a atmosfera com ventilação e medições comprobatórias, com detectores de

gases e equipamentos elétricos/ eletrônicos adequados para áreas classificadas, para,

então, prosseguir com o salvamento;

 b) cada membro do serviço de salvamento deve possuir aptidão física e mental

compatível com a atividade a ser desempenhada;  

c) cada membro do serviço de salvamento deve ser treinado para a execução de

trabalhos em espaços confinados (trabalhador autorizado), bem como para desempenhar

as tarefas de salvamento designadas;

 d) a capacitação da equipe de salvamento deve contemplar todos os possíveis

cenários de acidentes identificados na análise de risco;

 e) a equipe de salvamento está isenta da emissão da PET.

Prevenção de riscos em espaços confinados mediante o projeto

Durante a fase de projeto (design) de edificações em geral, unidades marítimas,

plantas industriais, máquinas, equipamentos e sistemas físicos, devem ser adotadas

medidas arquitetônicas e/ou tecnológicas que visem à completa eliminação dos espaços

confinados, de modo a evitar a exposição dos trabalhadores aos riscos intrínsecos deste

ambiente, bem como aqueles oriundos de sua eventual perturbação.

NOTA O termo prevention throug design (PTD) é usualmente utilizado e

corresponde à prevenção de riscos em espaços confinados mediante o projeto.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 75

Nos casos em que seja técnica ou economicamente inviável a completa eliminação

dos espaços confinados na fase de projeto, devem ser adotadas medidas que visem ao

menos à eliminação pontual de características que contribuam para que determinado

espaço seja classificado como confinado.

Sendo impossível a eliminação de quaisquer características contribuintes para a

classificação do espaço como confinado, recomenda-se a adoção, onde aplicável, dos

seguintes princípios e medidas mitigadoras, ainda na fase de projeto:

 a) assegurar entradas e saídas que facilitem o acesso dos trabalhadores e,

principalmente, ofereçam condições mínimas para realizar o salvamento de forma

segura, incluindo passagem de sistemas de imobilização (maca-envelope, prancha longa,

entre outros);

 b) dotar as estruturas de escadas convencionais para acesso, providas de

corrimão;

 c) prover o espaço confinado, quando aplicável, de múltiplas aberturas em

intervalos regulares, permitindo a ventilação e saídas adequadas;

 d) instalar sistema de ventilação para controle de qualidade do ar e temperatura

no interior do espaço confinado, quando viável;

NOTA A ventilação para trabalhos em espaços confinados é apresentada no Anexo

B.

 e) instalar iluminação fixa no espaço confinado, de acordo com os requisitos de

áreas classificadas;

 f) garantir proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos no interior do

espaço confinado, conforme preconiza a NR-12;

 g) instalar, externamente aos espaços confinados, os equipamentos que

necessitam de inspeções, revisões e leituras, como válvulas, medidores, entre outros;

 h) executar prolongamento de hastes de válvulas para que operações de abertura

e fechamento destas sejam feitos fora do espaço confinado;

 i) instalar, quando couber, extensões de tubos para lubrificação de componentes,

permitindo que a operação seja realizada externamente ao espaço confinado;

 j) selecionar equipamentos que possuam requisitos mínimos de serviços de

reparos e manutenção, diminuindo a necessidade de entrada em espaços confinados;

 k) prevenir o acúmulo de detritos orgânicos no interior do espaço confinado de

modo que, em caso de decomposição, possam vir a perturbar o espaço confinado;

 l) evitar a presença de umidade e a entrada de água, evitando a possibilidade de

oxidação e, consequentemente, a perturbação do espaço confinado;

 m) evitar que tubulações com produtos perigosos sejam instaladas dentro de

espaços confinados;

 n) instalar, sempre que possível, equipamentos com baixos níveis de ruído;

 o) garantir que todos os equipamentos elétricos estejam devidamente

dimensionados, conforme prescreve a NR-10;

 p) prever plataformas de acesso de tamanho e capacidade suficientes para o

acesso seguro ao espaço confinado em condições normais e em situações de

emergência, quando aplicável;

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P á g i n a | 76

 q) assegurar aberturas mínimas de 600 mm de diâmetro para acessos aos

espaços confinados;

 r) prever pontos de ancoragem para sistemas de salvamento e trabalhos em

altura, de acordo com o descrito na NR-35.

PROCEDIMENTO DE PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO

Programa geral elaborado pelo empregador por meio do responsável técnico (RT),

que contempla o reconhecimento, a avaliação e o controle de todos os riscos e plano de

emergência nas atividades realizadas em espaços confinados.21

DEMAIS MEDIDAS DE CONTROLE

Já falamos sobre as principais medidas de controle, a saber, detecção de gases,

ventilação e proteção respiratória. O fundamental é que a supervisão de entrada esteja

sempre atenta às práticas seguras de trabalho que no desenvolvimento das operações

poderão sofrer omissões ou desvios das medidas de segurança inicialmente previstas no

planejamento da entrada. Tomando como exemplo um serviço em tanques de navios, a

análise de riscos não deve ficar adstrita somente ao tanque que irá sofrer a intervenção.

Todos os tanques adjacentes e tubulações comuns também devem ser avaliados, pois as

atividades desenvolvidas naquele tanque liberado para entrada podem influenciar na

atmosfera daqueles locais adjacentes, ou as condições destes podem influenciar aquela

atmosfera outrora liberada para trabalho.

A supervisão deverá ter o maior conhecimento possível do espaço confinado onde

ocorrerá o trabalho, identificado os sistemas produtivos desenvolvidos nessa unidade

para combiná-lo com uma gestão que providencie a seleção adequada de medidas de

controle de riscos. Esses procedimentos não se limitam a um controle administrativo,

mas levarão em consideração as medidas adotadas pela engenharia, pela segurança

industrial, os instrumentos a serem utilizados e a seleção do EPI necessário para o

trabalhador aplicável à condição avaliada.

De forma geral diversos setores de trabalho deverão estar cientes de que uma

entrada programada está em andamento e que medidas de controle estão sendo

adotadas. Deverá constar no procedimento de trabalho em espaços confinados os

21 NBR 16577/2017 item 3.38

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setores que deverão ser informados a fim de que as mais diversas atividades não

venham a contribuir com riscos adicionais na atividade.

ISOLAMENTO E SINALIZAÇÃO

Separação física da área destinada às atividades de vigilância e entrada no

espaço confinado das outras áreas com a finalidade de manter afastados trabalhadores

não envolvidos na atividade.22

TRAVAMENTO E BLOQUEIO

O travamento é uma técnica aplicada para impedir uma descarga de energia

perigosa nos trabalhadores ou uma abertura de válvulas. Garante a manutenção dos

equipamentos impedindo o acesso ao local intencionalmente interditado, mesmo que

exista um descuido ou insistência no manuseio daquilo que foi isolado.

No caso de isolamento de tubulações devem ser utilizados flanges cegos ou

raquetes. Um plano de raqueteamento deve ser realizado considerando:

• A configuração do espaço confinado;

• Todas as tubulações;

• Os pontos a serem isolados e a identificação das raquetes.

É recomendada a utilização de desenho esquemático ou fluxograma de processo

como representação (planta) no plano de raqueteamento.

ETIQUETAGEM

É a colocação de etiquetas personalizadas fixadas junto

às travas dos equipamentos ou locais que tiveram seus

dispositivos de alimentação colocados na posição desejada

para a realização daquele trabalho específico em um espaço

confinado.

22 Item 3.31 da NBR 16577.

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Algumas empresas exigem que a interdição e a sinalização sejam utilizadas

conjuntamente, correspondendo a um dos métodos mais eficazes de controle. Enquanto

a interdição dificulta a entrada de alguma pessoa, ao mesmo tempo as travas impedem

o manuseio dos equipamentos e os avisos informam os trabalhadores envolvidos ou não

naquelas atividades sobre os propósitos daquelas medidas de segurança.

DESLIGAMENTO DOS EQUIPAMENTOS

Todos os equipamentos que por ventura venham a adicionar riscos às as

atividades em espaço confinados devem ter a possibilidade do desligamento considerado

na etapa de planejamento.

Dependendo do equipamento deverão ser seguidas todas as instruções fornecidas

pelas empresas em seus procedimentos e pelo fabricante para a parada do equipamento.

PURGA/DRENAGEM

É o processo de dispersar os gases e vapores

perigosos de um espaço confinado através da

injeção de vapores ou gases inertes. Um dos

métodos utiliza-se da pressurização de gases que

os leva à condensação, esse condensado é retirado

através de uma válvula específica para tal fim.

Quando a purga está sendo realizada para

reduzir os riscos associados à substância perigosa

existente no local, ela também poderá produzir

novos riscos, como por exemplo, a deficiência de oxigênio. Por essa razão, deve ser

seguida de uma ventilação.

VAPOR

Em alguns casos pode ser utilizado para purgar um espaço que contenha materiais

como solventes hidrocarbonetos de baixo ponto de fulgor, óleos de motores ou outros

produtos derivados do petróleo. Também ajuda soltar as crostas e os materiais viscosos

grudados nas paredes ou nas fendas do espaço. Contudo, muito cuidado deve ser

tomado no uso do vapor aquecido, pois ele irá se condensar tão rapidamente o quanto é

introduzido, não expulsando, assim, o contaminante do local. Isso poderá provocar um

aumento da temperatura e todo o cuidado será necessário para não deformar ou rachar

as anteparas ou provocar uma explosão.

Durante a purga as escotilhas localizadas no topo do espaço devem ficar abertas

para permitir que o ar quente escape enquanto o vapor é introduzido desde o fundo do

espaço, não deixando de considerar também o local para onde o vapor e os

contaminantes serão lançados.

Quando a purga for efetuada com vapor d'água, o sentido do fluxo deve ser do

ponto mais baixo do espaço confinado para o ponto mais alto. Após o término da injeção

e bloqueio, deve ser assegurada a injeção de ar atmosférico para se evitar a diferença de

pressões provocada pela condensação do vapor.

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INERTIZAÇÃO

A inertização é eficaz para controle de

atmosferas cujo a presença de gases inflamáveis

é contínua. É feita através da introdução de

algum gás inerte como, por exemplo, o dióxido de

carbono ou nitrogênio que irá expulsar do

ambiente o oxigênio, não permitindo assim

ocorrência de explosão.

Após a inertização, é importante que

sejam estabelecidas medidas que assegurem o isolamento do ambiente contra a

reintrodução de oxigênio.

ORGANIZAÇÃO DOS ACESSOS A LOCAIS CONFINADOS

Uma forma de acesso seguro ao interior de um espaço confinado deverá sempre

ser providenciada, seja através de escadas, polias ou andaimes, para que sejam evitados

escorregões ou quedas envolvendo os trabalhadores autorizados.

Mais de um local de acesso deverá ser providenciado para entradas seguras em

espaços confinados. Um sistema de ventilação montado não deverá atrapalhar a entrada

dos trabalhadores autorizados, por isso, recomenda­se a disponibilidade de mais de uma

entrada para o local.

A disponibilidade de mais de uma entrada possui também a finalidade de auxiliar

os trabalhadores num abandono de emergência quando uma atmosfera de riscos se

instalarem no local ou quando da necessidade de um acesso rápido às vítimas pela

equipe de resgate.

Uma prática recomendada para organização de trabalhos em espaço é uma boa

disposição de ferramentas, equipamentos e materiais na área de trabalho. Todas as

plataformas, passagens, escadas devem estar livres de obstáculos que ameacem a

integridade física dos trabalhadores ou atrapalhem o bom andamento dos serviços.

EXECUÇÃO DE TRABALHOS COM VAPORES DE HIDROCARBONETOS

Deveremos sempre considerar como inadequados, principalmente, devido à

ausência de sistemas de ventilação e exaustão, e suspeitar da existência desses vapores

em espaços confinados pelas seguintes razões:

• Em locais de exploração, produção e armazenamento podem ocorrer

vazamentos para o interior dos compartimentos;

• Resíduos poderão resistir mesmo após a limpeza e a ventilação;

• Borra e resíduos remanescentes em um tanque que tenha sido considerado

liberado, poderão desprender vapores se forem remexidos ou sujeitos ao

aumento de temperatura;

• Sistemas de ventilação comum que possam permitir a passagem livre de

vapores de um tanque para outro;

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P á g i n a | 80

DEFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO

Deveremos sempre suspeitar da deficiência de oxigênio em espaços confinados

que continham água, apresentem sinais de corrosão, estavam sujeitos a vapor ou

umidade, continham gás inerte, possuam linhas de gases inertes no seu interior ou

estavam interligados com outros locais que continham gás inerte.

ABERTURA DE LINHAS E EQUIPAMENTOS

Sempre que bombas de carga, tubulações ou válvulas forem abertas para

execução de serviços, devem ser lavadas internamente. Ainda assim, recomenda-se todo

o cuidado, devido a possibilidade de que alguma quantidade de carga possa permanecer

e tomar-se uma nova fonte de vapores.

USO DE FERRAMENTAS

As ferramentas de trabalho devem ser corretamente levadas para o interior do

espaço confinado em bolsas de lona ou cestos evitando queda de objetos.

As ferramentas devem ser inspecionadas quanto integridade a fim de evitar

ocorrências decorrentes ao mau estado de conservação e funcionamento.

Quanto ao uso de ferramentas motorizadas, os trabalhos que envolvam o seu uso

devem se permitidos sob as seguintes condições:

• A área de trabalho não deve estar sujeita a liberação de gases ou a uma

concentração de vapor/gás combustível e deve estar liberada contra a

presença de material combustível;

• A área deve estar desgaseificada e o monitoramento atmosférico deve ser

extremamente rigoroso.

JATEAMENTO

Quando for utilizado o jateamento em locais confinados os trabalhadores deverão

adotar o máximo de cuidados com a aplicação do equipamento devido ao risco de

perfuração nas tubulações e nas estruturas. Alertamos também que o próprio

equipamento de jateamento (alimentador e o bico da mangueira) deve estar aterrado.

Nessas atividades um sistema de ventilação por exaustão também é indicado para

manter a concentração de pós e poeiras dentro de um limite mínimo permitido.

O fornecimento de proteção respiratória para os trabalhadores envolvidos nessas

atividades também é obrigatório. Nos serviços que envolvam substâncias abrasivas, o

equipamento de proteção de respiratória também deverá ser provido de capuzes.

TRABALHOS A QUENTE EM ESPAÇOS CONFINADOS

Um compartimento liberado para trabalho a quente requisitado deverá estar limpo

e ventilado até que a atmosfera seja mantida numa concentração que indique 20,9% de

oxigênio. Toda a operação que, no interior do espaço confinado ou nas adjacências da

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P á g i n a | 81

unidade, possibilitem a formação e a passagem de vapores/gases inflamáveis para o

local isolado para o trabalho a quente deve ser interrompida. Se algum local for

contaminado por líquidos ou vapores de hidrocarbonetos, o trabalho a quente deve

cessar imediatamente, as causas dessa contaminação devem ser identificadas, a PET

cancelada e as medidas de controle (limpeza, desgaseificação e medição) devem ser

adotadas até o retomo dos níveis de segurança admitidos para uma nova liberação.

A área de trabalho deve ser constantemente ventilada e a atmosfera deve ser

monitorada frequentemente. Equipamentos de combate a incêndios adequados devem

estar dispostos nas proximidades do trabalho a quente e prontos para o uso imediato.

REMOÇÃO DE BORRAS E SEDIMENTOS

Nesses serviços medições periódicas de gases devem ser adotadas e a ventilação

deverá ser mantida continuamente enquanto o espaço confinado estiver ocupado.

Poderá ocorrer um aumento das concentrações de gases, devido os movimentos

provocados pelos trabalhadores, portanto, é recomendado o emprego de detectores de

gases pessoais para os trabalhadores que estiverem engajados nos trabalhos.

SERVIÇOS DE PINTURA

Nos trabalhos de pintura e jato abrasivo, deve ser mantido o monitoramento

quanto à formação de atmosferas explosivas ou tóxicas. Compostos orgânicos voláteis,

como o benzeno, tolueno, xilenos, n-butanol e metilisobutilcetona são comumente

encontrados no ar durante o processo de pintura, provenientes da emissão de solventes

orgânicos da tinta fresca ou utilizados para dissolver ou dispersar tintas, resinas e

produtos de polimentos. Estas substâncias químicas atuam predominantemente sobre o

sistema nervoso central como depressoras que, dependendo da concentração e do

tempo de exposição, podem causar desde sonolência, tontura, fadiga até narcose e

finalmente a morte do trabalhador. O EPI dos trabalhadores autorizados deverão

proteger qualquer parte de seu corpo do contato com essas substâncias.

Nos serviços de pintura onde estão sendo aplicadas tintas, resinas ou solventes

que poderão emanar vapores tóxicos ou explosivos deve ser empregado um sistema de

ventilação por exaustão no local, de forma que as concentrações tóxicas permaneçam

sempre abaixo dos LT e que as concentrações de misturas inflamáveis estejam sempre

abaixo do LIE. A atmosfera deverá ser continuamente monitorada de forma a verificar a

eficiência da ventilação oferecida.

O uso de proteção respiratória deverá ser profundamente analisado para esses

serviços. Dependendo das medidas de controle (ventilação) e da volatilização das

substâncias o dispositivo de proteção respiratória poderá variar desde um respira dor por

filtro, até um sistema de ar de linha.

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DESCARTE DE RESÍDUOS

O descarte de escórias, demais resíduos sólidos e efluentes líquidos resultantes

dos serviços em execução no espaço confinado deve atender, no mínimo, ao

estabelecido na NR-25: Resíduos Industriais.

Os resíduos devem ser dispostos de forma a não interferir nos trabalhos ou

obstruir a passagem de pessoas. A NR-25 determina que:

'25.1.1. Os resíduos gasosos deverão ser eliminados dos locais de trabalho

através de método, equipamentos ou medidas adequadas, sendo proibido o lançamento

ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a

forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de forma a serem ultrapassados

os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora (NR -15)".

"25.2.1. Os resíduos sólidos ou líquidos produzidos por processos e operações

industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos

limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores."

Quando for utilizado um local temporário para depósito dos resíduos inflamáveis

ou tóxicos deve ser observado o seu comportamento quanto a geração de vapores/gases

que poderão influenciar no funcionamento nos equipamentos de apoio, de resgate e na

própria atmosfera onde estão acondicionados.

TÉRMINO DOS TRABALHOS

Ao se dar o término das atividades, deverá ser assegurado que:

• Todos os trabalhadores saiam de forma segura do local:

• Sejam removidos todos os equipamentos, ferramentas sobras de materiais

e resíduos;

• Todos os equipamentos que controle (flanges, travas, cadeados, raquetes,

etc) estejam íntegros;

• Retorno da operação normal;

• Encerramento da PET;

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PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Nas muitas atividades de trabalho desenvolvidas em espaços confinados sempre

existirá um potencial para surgimento de uma atmosfera deficiente em oxigênio e a

presença de inúmeros e minúsculos contaminantes suspensos no ar. Alterações na

temperatura e pressão também poderão ser perigosas. Esses riscos em um ambiente

de trabalho, muitas vezes, não são percebidos. A segurança industrial deverá inspecionar

previamente, periodicamente ou até permanentemente as condições atmosféricas de um

local confinado quanto à natureza dos riscos que poderão estar presentes para

proporcionar aos trabalhadores lá inseridos a proteção respiratória adequada.

Geralmente os riscos respiratórios estarão associados à falta de oxigênio e a

existência contaminantes.

A NR-33 exige que as empresas implementem um Programa de Proteção

Respiratória de acordo com a análise de risco, considerando o local, a complexidade e o

tipo de trabalho a ser desenvolvido. O mais indicado é adoção de um programa de

proteção respiratória com base nos procedimentos do programa da FUNDACENTRO para

usuários de respiradores, considerado obrigatório através da IN n°.1 da SSST do

Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 11/04/1994. Esse programa deverá

conter, no mínimo:

• Administração do programa por um responsável indicado pela empresa;

• Responsabilidades de monitoramento dos riscos respiratórios, atualização

dos registros e realização de auditorias;

• Procedimentos operacionais escritos;

• Limitações físicas e psicológicas dos trabalhadores (avaliação médica para

determinar se uma pessoa possui condições médicas de utilizar um

respirador);

• Seleção do tipo de equipamento de proteção respiratória;

• Teste de vedação e funcionamento;

• Manutenção, inspeção e guarda;

• Treinamento

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A COMPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA

Como já vimos anteriormente, o ar respirável, é essa mistura de gases existente

em nossa atmosfera. Segundo a NBR 12.543, a composição do ar atmosférico apresenta

os seguintes gases:

• 78,10% de Nitrogênio;

• 20,93% de Oxigênio;

• 0,9325% de Argônio;

• 0,04% de Dióxido de Carbono;

• 0,01% de Hidrogênio;

• 0,0018% de Neônio;

• 0,0005% de Hélio;

• 0,0001% de Criptônio;

• 0,000009% de Xenônio.

Valores à parte, para nós o elemento mais importante dessa mistura é o oxigênio

na exata proporção indicada. Todavia, nos ambientes industriais nem sempre

conseguiremos assegurar a presença de uma atmosfera respirável de qualidade. Por

isso, uma das formas de proteger os trabalhadores contra distúrbios provocados em

nossa respiração por intoxicações ou asfixias é a utilização de equipamentos de proteção

respiratória reunidos em um programa específico. Porém, antes de nos aprofundarmos

no assunto sobre esse programa, vamos, uma vez mais, considerar alguns comentários

sobre a importância da respiração para a vida humana.

O ar respirável deve se caracterizar por:

• Conter no mínimo 19,5% e no máximo 23% em volume de oxigênio;

• Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da respiração

possam provocar distúrbios ao organismo ou seu envenenamento;

• Ter pressão e temperatura normal, que sob hipótese alguma, venha

provocar queimaduras ou congelamentos;

• Não conter qualquer substância que o torne desagradável, como, por

exemplo, odores.

A importância do oxigênio pode ser avaliada pela seguinte afirmação:

"O homem pode sobreviver, guardadas as devidas proporções, 30 dias sem se

alimentar, 3 dias sem beber e apenas 3 minutos sem Oxigênio."

O SISTEMA RESPIRATÓRIO

Quando falamos em respiração, estamos nos referindo às trocas gasosas que

absorvem o oxigênio do ar e devolvem com o gás carbônico. O oxigênio se toma

essencial, pois a energia de que nós precisamos é obtida pela queima de certos

nutrientes como a glicose com ajuda desse gás, ocorrida a nível celular. Mas antes de

nos aprofundarmos, cabe aqui uma diferenciação importante entre respiração pulmonar

e a respiração celular. Respiração pulmonar é aquela que se consiste em uma troca de

gases entre o pulmão e o ambiente.

Respiração celular é aquela que consiste na queima da glicose, com liberação de

energia que ocorre em nossas células. Ela é representada pela seguinte reação química:

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Glicose(C6H12O6) + 02 ____.C02 + H20 + Energia

Isto significa que a glicose e o oxigênio transportado pelo sangue até a célula,

combinam se dentro dela, transformando-se em gás carbônico e água e liberando

energia para as atividades celulares. Para isso ocorrer é necessário a participação de

nosso sistema circulatório.

MECANISMOS DE INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO

A entrada do ar, as reações de que ele participa e a sua saída não dependem da

ação muscular dos próprios pulmões. O caminho do ar tem a participação de inúmeras

partes que compõem o sistema respiratório.

NARIZ

A entrada do ar começa pelo nariz que, de início, já participa na filtragem do ar

contra pequenas impurezas existente. Ainda no nariz existe o septo nasal, uma

cavidade dividida em duas. A sensibilidade a odores também é uma das funções do

nariz que através do nervo olfativo leva ao cérebro informações que captamos sobre os

odores do ambiente.

FARINGE E LARINGE

Dela partem dois tubos separados: o esôfago, pelo qual passa os alimentos, e a

traqueia, que leva o ar aos pulmões.

Ligando a faringe à traqueia há um tubo curto, semelhante a uma pequena caixa,

chamado de laringe. O orifício superior da laringe é a glote. Quando engolimos, a

epiglote fecha a laringe, impedindo que o alimento penetre na traqueia e forçando-o a

descer pelo esôfago.

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TRAQUEIA

A traqueia é um tubo que leva o ar aos pulmões e apresenta anéis de cartilagem

que a mantém constantemente aberta, impedindo que as paredes se toquem. A face

interna da traqueia está permanente mente umedecida com muco, um líquido espesso

que tem função protetora. As pequenas partículas que existem no ar e que não foram

filtradas no nariz aderem a ao muco, sendo depois removidas pelo movimento dos

minúsculos cílios existentes na parede da traqueia. Dessa forma, o ar acaba sendo

filtrado uma vez mais.

BRÔNQUIOS, BRONQUÍLOS E ALVÉOLOS.

A traqueia, adiante, se divide em dois canais, os brônquios. Cada brônquio entra

num pul­mão, onde se ramifica em tubos cada vez menores, chamados bronquíolos, e

cujas paredes ficam cada vez mais finas.

Cada bronquíolo termina num conjunto de microscópicas estruturas em forma de

saco, chamadas de alvéolos pulmonares. Todas as trocas gasosas entre o sangue e os

pulmões acontecem na região dos alvéolos.

PULMÕES

São órgãos muitos leves e esponjosos devido à grande quantidade de sangue. A

quantidade de sangue se deve a grande quantidade de vasos sanguíneos. Esses vasos

que chegam aos pulmões trazem sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico.

Os vasos que saem levam sangue rico em oxigênio e pobre em gás carbônico. Sua

leveza provém do fato de serem cheios de ar, que fica contido nos alvéolos. Para se ter

uma ideia, calcula­se que cada pulmão exista a quantidade de cerca de 700 milhões de

alvéolos. A superfície total dos alvéolos humanos é avaliada em, aproximadamente, 100

m². Essa área é quase 70 vezes maior que a superfície de toda a nossa pele. Isso torna

muito eficiente a troca gasosa a nível pulmonar. Os pulmões estão envolvidos por

membranas duplas muito finas chamadas pleuras. Entra as pleuras há uma pequena

quantidade de líquido lubrificante.

A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA RESPIRAÇÃO

O sangue transporta o oxigênio dos alvéolos aos tecidos e transporta o gás

carbônico dos tecidos aos alvéolos. O sangue é composto por uma parte líquida, o

plasma, na qual estão mergulhadas diversas células que representam a parte sólida.

Entre elas figuram as hemácias, ou glóbulos vermelhos, que são fundamentais no

transporte do oxigênio e, em menor escala, o gás carbônico. Os gases da respiração

também são transportados pelo plasma sanguíneo.

HEMOGLOBINA

Nas hemácias (células do sangue que transportam o oxigênio) existe uma

substância chamada hemoglobina. Essa substância possui grande afinidade do o

oxigênio, por isso se combinam quimicamente com facilidade. Essa reação química

ocorre nos alvéolos pulmonares. As hemácias que saem dos pulmões estão, portanto,

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carregadas de oxiemoglobina. Quando a oxiemoglobina chega aos tecidos do corpo, no

entanto, ocorre a reação inversa.

Quanto ao gás carbônico, somente uma pequena parte dele é carregada pela

hemoglobina. A maior parte é transportada pelo plasma.

TROCAS GASOSAS ENTRE O ALVÉOLO PULMONAR E O VASO CAPILAR

A parede do alvéolo é

exatamente fina, pois é formada por

uma única camada de células. Os

alvéolos são envolvidos por vasos

capilares, cujas paredes também são

muito finas. Isso facilita a difusão de

gases nos dois sentidos: dos alvéolos

para os capilares e vice­ versa.

Como existe maior concentração

de oxigênio no ar do alvéolo do que no

sangue que provém das células, o

oxigênio passa do ar para o sangue. Já

o gás carbônico está mais concentrado

no sangue do que no ar do alvéolo,

assim, ele sai do sangue e se mistura

ao ar alveolar.

Em resumo, dizemos, então, que o sangue que chega ao alvéolo, também

chamado de sangue venoso, é rico em gás carbônico e pobre em oxigênio. O sangue que

sai do alvéolo, rico em oxigênio e pobre em gás carbônico, é denominado sangue

arterial.

TROCAS GASOSAS ENTRE O VASO CAPILAR E O TECIDO

O sangue arterial chega aos vasos capilares do tecido. O oxigênio que se encontra

em maior concentração no sangue, sai pela parede do capilar e penetra nas células do

tecido, através das membranas celulares. O gás carbônico em maior concentração no

tecido, entra no vaso capilar. Assim, o sangue arterial se transforma em sangue venoso,

que irá, mais tarde, para os pulmões, recomeçando todo o ciclo. Também nesse caso há

difusão de gases entre o sangue e os tecidos do corpo.

BULBO

Próximo ao nosso cérebro, existe uma região do sistema nervoso chamada bulbo,

que comanda o diafragma e os músculos intercostais. Do bulbo partem nervos, que vão

do diafragma aos músculos intercostais. São esses nervos que comandam o movimento

da respiração. Essa região é muito sensível à concentração de gás carbônico existente no

sangue. À medida que essa concentração aumenta, o bulbo “solicita” o oxigênio

existente no ar.

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CONSUMO DE OXIGÊNIO DURANTE REALIZAÇÃO DE ESFORÇOS FÍSICOS

A tabela abaixo pode servir como parâmetro para medirmos o consumo e a

duração do suprimento de ar durante a execução de trabalhos que requeiram esforço

físico.

PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA - PPR

O Programa de Proteção Respiratória (PPR) é um processo para seleção, uso e

manutenção dos respiradores com a finalidade de assegurar proteção adequada para o

usuário.

Antes de se utilizar um respirador, é essencial que seja estabelecido um PPR, por

escrito, com os procedimentos específicos para o local de trabalho. O programa deve ser

implantado, avaliado e atualizado sempre que necessário, de modo a refletir as

mudanças de condições do ambiente de trabalho que possam afetar o uso de respirador.

O PPR deve ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da empresa.

Este programa deverá conter:

a) Política da empresa na área de proteção respiratória;

B) Abrangência;

C) Indicação do administrador do programa;

D) Regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos;

E) Avaliação dos riscos respiratórios;

F) Seleção do respirador;

G) Avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários;

H) Treinamento;

I) Ensaio de vedação;

J) Uso do respirador e política da barba;

K) Manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores;

L) Guarda e estocagem;

M)Uso de respirador para fuga, emergências e resgates;

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N) Qualidade do ar/gás respirável;

O) Revisão do programa;

P) Arquivamento de registros.

A maioria desses elementos deve ser detalhada na forma de procedimentos

operacionais escritos.

O programa deverá indicar responsabilidades relativas ao Empregador objetivando

visando a estruturação do programa. Também deverá indicar responsabilidades a um

administrador, que será o responsável pela implementação do programa, bem como

responsabilidades relativas ao empregado e prestadores de serviços. 23

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Os procedimentos descrevem as ações tomadas pelas empresas e pelos

envolvidos no uso de EPR e visam atender a plena proteção do trabalhador.

Esses procedimentos devem ser escritos e incluir no mínimo:

a) seleção dos respiradores para cada operação em que seu uso seja considerado

necessário;

b) avaliação da condição médica dos usuários;

c) treinamento dos usuários;

d) ensaios de vedação adotados;

e) distribuição dos respiradores;

f) limpeza, higienização, inspeção, manutenção, descarte e guarda dos

respiradores;

g) monitoramento do uso;

h) monitoramento do risco.

Ainda que os procedimentos acima estejam estabelecidos, os mesmos se destinam

para usos de EPR em caráter rotineiro. Deve-se ainda ser elaborado procedimentos para

o uso em situações de emergência e salvamento.24

FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UM EPR

A seleção de um respirador exige o conhecimento de cada operação para

determinar os riscos que possam estar presentes e, assim, selecionar o tipo ou a classe

de respirador que proporcione proteção adequada. O processo de seleção deve ser

iniciado somente após a realização da avaliação dos perigos no ambiente, a qual deve

ser complementada com as avaliações dos fatores relativos à tarefa, ao usuário e ao

ambiente de trabalho.

Devem ser usados somente respiradores aprovados, isto é, com Certificado de

Aprovação emitido pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. Qualquer

23 Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág. 21 a 23 24 Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág. 20

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modificação no respirador feita pelo usuário, mesmo que pequena, pode afetar de modo

significativo o desempenho do respirador e invalida a sua aprovação.

Fatores como concentração de oxigênio, contaminante presente no espaço

confinado, limite de tolerância, adaptabilidade do uso por parte do trabalhador devem

ser fatores decisivos na escolha do equipamento para proteção respiratória, garantindo

assim limites seguros para a exposição do trabalhador.25

CRITÉRIOS PARA LIMPEZA, HIGIENIZAÇÃO, INSPEÇÃO, MANUTENÇAÕ,

DESCARTE E GUARDA DE RESPIRADORES

O PPR da empresa deve incluir, se aplicável, procedimentos escritos sobre:

• a) descontaminação dos respiradores;

• b) limpeza e higienização;

• c) inspeção;

• d) manutenção de rotina e reparos;

• e) descarte;

• f) guarda e estocagem.

Os pormenores desses procedimentos dependem da complexidade do

respirador em uso. Devem ser preparados por pessoa competente, de acordo

com as instruções do fabricante e as exigências legais.

IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ATMOSFÉRICOS

• Determinar quais os contaminantes presentes no ambiente de trabalho e

suas concentrações;

• Verificar os limites de tolerância existentes para os contaminantes

identificados;

• Verificar se o contaminante presente pode ser absorvido pela pele ou

irritante ou corrosivo a pele e aos olhos;

• Determinar o LIE do contaminante se for gás ou vapor inflamável;

• Verificar se existe normatização específica para os contaminantes

identificados.

TIPOS DE EPR PARA ESPAÇOS CONFINADOS

Existem três tipos de equipamentos para operações em espaço confinado:

• máscaras purificadoras ou filtro de ar (máscara semi-facial, capuz etc);

• equipamento de respiração por linha de ar comprimido com cilindro de

escape (sistema de cascata, compressor etc)

• equipamento autônomo de respiração (circuito aberto)

25 Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág.31 a 43

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MÁSCARA PURIFICADORA DE AR

Segundo a NBR 12.543 é o respirador no qual o ar ambiente, antes de ser inalado,

passa através de filtro para remoção dos contaminantes (gases, vapores ou

aerodispersóides).

É comum encontrarmos os filtros classificados por cor:

• Cinza: gás sulfídrico, cloro etc;

• Marrom: vapores orgânicos (aqueles que contêm carbono e hidrogênio em

sua composição. Ex: hidrocarbonetos);

• Verde: amônia

• Amarelo: ácido sulforoso, gás clorídrico, dióxido de enxofre.

A vida útil dos filtros depende de diversos fatores:

• Qualidade e quantidade do carvão ativo ou reagente contido no filtro. A vida

útil é diretamente proporcional a massa de carvão do filtro;

• Nível de esforço respiratório do usuário. A vida útil é inversamente

proporcional a vazão de ar que passa através do filtro;

• A natureza química e a concentração do contaminante;

• Afinidade química entre o contaminante e os componentes do filtro;

• Temperatura do ambiente;

• Umidade relativa do ar. Para atmosferas com umidade relativa acima de

85%, geralmente a vida útil do filtro cai pela metade.

Somente utilizadas quando:

• A atmosfera contém oxigênio suficiente;

• A concentração do contaminante é conhecida;

• Os níveis de concentração estão dentro das limitações dos filtros das

máscaras.

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EQUIPAMENTO DE RESPIRAÇÃO POR LINHA DE AR COMPRIMIDO

Segundo a NBR 12.543 é o respirador de adução de ar

na qual o ar respirável provém de um compressor ou de

cilindros (sistema de cascata). É constituído de cobertura

das vias aéreas interligada por meio de mangueira ao

sistema de fornecimento de ar respiratório e, ainda dotado

de cilindro reserva para escape.

Possui as seguintes características:

• independe da concentração do contaminante;

• Indicado também para ausência de oxigênio;

• Grande autonomia;

• Dotado de cilindro reserva para escape;

• Pressão positiva;

• Pouco peso;

• Limitações pelos tamanhos das mangueiras de ar;

• Reduz a mobilidade do usuário.

EQUIPAMENTO DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMO

Também é comum ser chamado simplesmente de máscara autônoma. É o

equipamento na qual o usuário transporta o próprio suprimento de ar respirável através

de um suporte anatômico, o qual é independente da atmosfera ambiente.

Possui as seguintes características:

• Independe da concentração do contaminante;

• Indicado também para ausência de oxigênio;

• Proporciona maior mobilidade ao usuário;

• Suprimento independente de compressores(falta de energia);

• Pressão positiva;

• Alarme sonoro;

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• Tempo limitado (cerca de 30 minutos);

• Peso incômodo.

Não tendo o conhecimento das causas que provocaram uma atmosfera com baixo

teor de oxigênio ou presença de gases tóxicos, e não sendo possível o seu controle, a

atmosfera daquele espaço confinado deverá ser considerada IPVS e, portanto,

obrigatório o uso de proteção respiratória.

RESPIRADOR DE FUGA

Solução para aqueles trabalhos com monitoramento contínuo da atmosfera no

qual foi permitida a permanência no espaço confinado sem o uso do equipamento de

proteção respiratória durante a execução dos serviços. Sendo detectado um vazamento

acidental, a presença de contaminantes ou a deficiência de oxigênio, os trabalhadores

inseridos naqueles locais terão à disposição equipamentos para escape dessa atmosfera

que se tornou IPVS.

A NBR 12543 define o respirador de fuga como o equipamento que protege o

usuário, durante o escape contra a inalação de ar contaminado ou de ar com deficiência

de oxigênio, em situações de emergência, com risco de vida ou à saúde. Pode ser de

pressão positiva (o ar somente é admitido para o interior da peça facial quando a

pressão positiva dentro dela é reduzida pela inalação) ou de fluxo constante (o ar é

admitido para o interior da peça facial através de um fluxo contínuo de ar respirável).

QUALIDADE DO AR PARA OS CILINDROS DE AR COMPRIMIDO

O ar comprimido utilizado nos equipamentos de adução de ar deve ser de alta

pureza e satisfazer, no mínimo, os requisitos indicados na NBR 12.543.

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ÁREA CLASSIFICADA

A NR-33 é objetiva ao simplesmente definir como uma "área potencialmente

explosiva ou com risco de explosão". A NBR 16.577 completa definindo como "atmosfera

explosiva, ou probabilidade de ocorrência desta, ocasionada pela presença de mistura de

ar com materiais inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, exigindo

precauções especiais para construção, instalação, manutenção, inspeção e utilização de

equipamentos, instrumentos e acessórios empregados em instalações elétricas".

A normalização brasileira sobre classificação de áreas está alinhada com as

normas europeias da série IEC - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION.

Portanto a definição para área classificada (devido a atmosfera explosivas de gás) pela

ABNT NBR IEC 60079 parte 10-1 Classificação de área para gases e vapores, onde é

considerada a "área na qual uma atmosfera explosiva de gás está presente ou é

esperada estar presente em quantidades tais que precauções especiais para a

construção, instalação e utilização de equipamentos".

E o que é uma atmosfera explosiva? A mesma ABNT, NBR, IEC 60079 define como

"mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de

gás, vapor, névoa, fibras ou partículas suspensas, na qual, após a ignição, permite auto

sustentação de propagação". Para efeitos de classificação de áreas, a mesma norma

salienta que, embora uma mistura que esteja em uma concentração acima do seu limite

superior de explosividade seja considerada uma atmosfera não suscetível a uma

explosão de gás, dependendo das atividades desenvolvidas nas proximidades do local de

sua origem, ela poderá perfeitamente se transformar numa atmosfera explosiva.

Jamais poderemos achar que na maioria das plantas industriais onde são

utilizadas ou produzidas substâncias inflamáveis, nunca ocorrerá a presença de uma

atmosfera explosiva. A presença de substâncias inflamáveis é inerente às atividades

desenvolvidas na indústria de óleo & gás, tanto nos ambientes "offshore" quanto

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terrestres. Por isso, mesmo em condições normais de operações nos preocupamos com

a possibilidade de produção de gases ou vapores inflamáveis que, em contato com uma

fonte de ignição, principalmente sistemas elétricos, poderão provocar uma explosão

catastrófica. Portanto, a classificação de áreas é um método de análise e classificação

desses ambientes industriais onde possa haver a presença de uma atmosfera explosiva,

de modo a facilitar a seleção e instalação de equipamentos elétricos, eletrônicos e até

mesmo mecânicos que devem receber um tratamento especial para aumentar a

segurança para seus usuários e para a própria planta industrial quando estiverem em

uso.

FONTES DE RISCO

A análise de riscos da planta busca, inicialmente, identificar a fonte de riscos, isto

é, o ponto ou local no qual um gás, vapor, líquido inflamável, poeiras e fibras pode ser

liberado para a atmosfera.

Esse risco encontra-se dividido em três graus, em ordem decrescente em relação

à probabilidade e o tempo de formação de uma atmosfera explosiva:

• Grau Contínuo: Fonte de risco com liberação contínua ou que se espera que

ocorra frequentemente ou por longos períodos;

• Grau Primário: Fonte de risco com liberação que se espera que ocorra

periodicamente curtos períodos ou ocasionalmente durante a operação

normal;

• Grau Secundário: Fonte de risco com liberação que não se espera que

ocorra em operação normal(falha ou defeito), e se ocorrer, é somente de

forma pouco frequente e por curtos períodos.

Existe a probabilidade da presença de um uma atmosfera explosiva em uma

planta de processo, a análise das fontes de risco também avalia os fatores ambientais

como ventilação (natural ou artificial), velocidade do vento, temperatura e pressão.

Alguns exemplos de fontes de risco são:

• Superfície de um líquido inflamável em um tanque de teto fixo, com respiro

permanente para a atmosfera (grau contínuo);

• Superfície de um líquido inflamável em um tanque que esteja aberto para a

atmosfera, continuamente ou pó longos períodos, como por exemplo,

separadores de água/óleo (grau contínuo);

• Selos de bombas, compressores ou válvulas, se a liberação do material

inflamável for esperada de ocorrer durante a operação normal (grau

primário);

• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas em que são previstos a

liberação de material inflamável para a atmosfera durante a operação

normal (grau primário);

• Pontos de drenagem de água em vasos que contêm líquidos inflamáveis,

que podem ser liberados para a atmosfera durante a drenagem da água em

operação normal (grau primário);

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• Flanges, conexões e acessórios de tubulação, onde a liberação do material

inflamável para a atmosfera não é prevista de acontecer em condições

normais de operação (grau secundário);

• Selos de bombas, compressores ou válvulas onde a liberação do material

inflamável para a atmosfera não é prevista de ocorrer durante a operação

normal (grau secundário);

• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas onde a liberação de material

inflamável para a atmosfera não é prevista de ocorrer em condições

normais de operação (grau secundário);

• Pontos de coleta de amostras, onde a liberação de material inflamável para

a atmosfera não é prevista de ocorrer em condições normais de operação

(grau secundário);

Logo, resumindo, o primeiro passo, e talvez o principal, para uma eficiente

classificação de área é determinar o seguinte:

• Tipo de substâncias presentes no local;

• A probabilidade com que essas substâncias, sendo inflamáveis, podem

ocorrer;

• Volume de risco, que nada mais é a extensão daquela fonte de risco em

determinado local da planta.

METODOLOGIA - ZONAS

A importância da classificação de áreas é de oferecer níveis de segurança para

trabalhos que envolvam a utilização de equipamentos elétricos, eletrônicos ou a

manutenção de sistemas ou instalações elétricas em ambientes com a presença de

materiais inflamáveis ou com o potencial de desenvolver uma atmosfera inflamável.

Quanto à classificação da presença de uma atmosfera explosiva de gás, vapores,

nevoas, poeiras ou fibras, a normalização brasileira estabelece três tipos de zonas de

acordo com a frequência(tempo/condição) da ocorrência e duração, como a seguir:

• ZONA 0: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores e névoas

está presente continuamente ou por longos períodos;

• ZONA 20: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras está

presente continuamente ou por longos períodos.

• ZONA 1: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores e névoas é

provável de ocorrer em curtos períodos em condições normais de operação;

• ZONA 21: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras é

provável de ocorrer em curtos períodos em condições normais de operação;

• ZONA 2: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores ou névoas

não é provável de ocorrer em condições normais de operação, mas, se

ocorrer, irá persistir somente por um curto período;

• ZONA 2: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras não é

provável de ocorrer em condições normais de operação, mas, se ocorrer, irá

persistir somente por um curto período.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

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Habitualmente, uma fonte de risco contínuo leva a uma zona 0 / zona 20, uma

fonte de risco primário leva a uma zona 1 / zona 21 e uma fonte de risco secundário leva

a uma zona 2 / zona 22. Nas zonas criadas por fontes adjacentes que possuem

interseção e são de diferentes classificações, a maior classificação de risco prevalece na

área comum. Se as zonas forem de mesma classificação, deve ser adotada a

classificação normalmente.

A extensão das zonas dependerá da distância estimada ou calculada na qual uma

atmosfera explosiva até o ponto que é atingido o Limite Inferior de Inflamabilidade – LII

(LIE Limite Inferior de Explosividade substituídos pela edição 2.0 2017).

A Taxa de Liberação da substância inflamável também é outra informação

importantíssima. Essa taxa mede a quantidade de gás, vapor inflamável ou poeira

combustível emitida por quantidade de tempo pela fonte de risco em análise. Quanto

maior a taxa de liberação, maior é a extensão da área classificada. Não podemos deixar

de avaliar o ponto de fulgor dos gases, quanto menor maior a extensão da área

classificada.

Essa taxa depende dos seguintes parâmetros:

• Características físicas da fonte de risco;

• Velocidade de liberação (É medida pela pressão existente na linha de

processo que contém material inflamável. Quanto maior a pressão maior é a

taxa de liberação);

• Concentração (A taxa de liberação aumenta com a concentração de gás ou

vapor inflamável existente na mistura liberada);

• Volatilidade de um líquido inflamável (Relacionada à pressão de vapor e à

entalpia -"calor"- de vaporização)

• Ponto fulgor;

• Temperatura do líquido (Quanto maior a temperatura, maior a pressão e,

consequentemente, maior a taxa de liberação devido à evaporação).

Ao contrário do que se poderia imaginar, com o aumento da ventilação, a

extensão da zona é normalmente reduzida. A vantagem de uma ventilação eficiente é

medida pela sua capacidade de diluir rapidamente a concentração da mistura inflamável

liberada. Logo, seguindo esse raciocínio, obstáculos (instalações) que comprometam a

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eficiência da ventilação (natural ou mecânica), poderão aumentar a extensão da zona.

Na mesma lógica, a topografia da área da planta também é um dado importante na

verificação da eficiência da ventilação.

A densidade relativa dos gases e vapores também deve ser considerada para se

de terminar a extensão horizontal ou vertical da zona. Se o gás ou vapor for mais leve

do que o ar, a extensão horizontal da zona aumentará. Se o gás for mais pesado do que

o ar, a extensão horizontal da zona aumentará.

GRUPOS DE EXPLOSIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS

No que tange aos equipamentos elétricos certificados para uso em áreas

classificadas que também poderão ser encontradas em espaços confinados, estes são

destinados para uso em áreas de risco onde as condições normais atmosféricas estão

presentes com temperaturas que variam de -20°C a +40°C. Segundo a classificação

brasileira, os equipamentos para atmosferas explosivas estão divididos em dois grupos:

• GRUPO I: Equipamentos elétricos para minas suscetíveis à presença de

grisu. O Grisu é um gás altamente inflamável facilmente encontrado nas

minas de carvão, formado pelo metano produzido pela natureza a partir da

decomposição de material orgânico de origem animal ou vegetal, em

ambientes com ausência de oxigênio

• GRUPO II: As substâncias inflamáveis na forma de gases e vapores são

classificadas de acordo com a IEC em 03 grupos: IIA, IIB e IIC de acordo

com a sua periculosidade. Esta classificação é feita de acordo com

procedimentos experimentais e baseados no MIC (Corrente Mínima de

Ignição) e no MESG (interstício máximo experimental seguro – Maximum

Experimental Safe Gap);

• GRUPO III: Os equipamentos elétricos para utilização em ambientes com

atmosferas explosivas de poeiras são subdivididos em: IIIA: Fibras

combustíveis; IIIB: Poeiras não condutivas e IIIC: Poeiras condutivas

• GRUPO II: Equipamentos elétricos para locais com atmosferas explosivas

(instalações industriais) e outras que não sejam as minas suscetíveis à

presença de grisu. O Grupo II é subdividido em três subgrupos:

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

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CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS

Essa classificação tem como parâmetro a temperatura máxima de superfície

alcançada pelos equipamentos durante o seu funcionamento. Segundo a ABNT NBR IEC

60079-0 é a "maior temperatura alcançada em serviço, sob as condições mais adversas

(mas dentro das tolerâncias especificadas), por qualquer parte ou superfície de um

equipamento elétrico, a qual seria capaz de produzir uma ignição da atmosfera explosiva

circundante". Resumindo, é a mais alta temperatura que qualquer parte da superfície de

um equipamento elétrico ou eletrônico (detector de gás, insuflador, luminária, etc.)

poderá atingir quando em uso, sob as mais adversas condições, e que não seja capaz

de provocar a ignição em uma atmosfera inflamável. Por essa razão, é necessário

conhecer as propriedades e comportamento das substâncias inflamáveis quando

liberadas interna ou externamente ao espaço confinado.

A máxima temperatura superficial do equipamento não deverá exceder a mais

baixa temperatura de ignição da atmosfera explosiva presente.

Muito cuidado deve ser tomado onde as zonas de interseção estão relacionadas a

materiais inflamáveis pertencentes a grupos e/ou classes de temperatura diferentes.

Se uma determinada área é classificada como zona 1 IIA T3 se sobrepõe a uma

outra área classificada como zona 2 IIC T1, a área comum é zona 1 IIC T3. Nesse caso,

uma classificação como zona 1 IIA T3 ou zona IIC T1 não seria aceitável, portanto,

recomenda-se que o critério seja restritivo em excesso.

Mormente, a classificação de áreas deve ser registrada como zona 1 IIA T3 e

zona 2 IIC T1.

CÓDIGOS IP

O código IP é o índice de proteção do equipamento contra uma série de

exposições. Também é definido pela ABNT NBR IEC 60079-0 como a classificação

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numérica de acordo com a IEC 605529, precedida pelo símbolo IP, aplicada ao invólucro

do equipamento para proporcionar:

• Proteção dos usuários contra o contato ou aproximação a partes vivas ou

contato com partes móveis dentro do equipamento;

• Proteção do equipamento elétrico contra o ingresso de objetos sólidos

estranhos;

• Onde indicado pela classificação, proteção do equipamento elétrico contra a

penetração prejudicial de água.

Pela classificação de áreas poderemos selecionar o melhor equipamento aplicável

às condições encontradas naquela atmosfera monitorada em um espaço confinado. Essa

é a próxima fase nos critérios de seleção de equipamentos para trabalhos em locais

confinados também identificados como áreas classificadas. Devemos ter o maior cuidado

na seleção correta para que os equipamentos e seus acessórios não se constituam em

fontes de ignição.

TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS

A proteção especial que precisamos contar nos equipamentos em espaços

confinados é obtida com a incorporação de requisitos construtivos específicos para cada

tipo de equipamento que o tomam adequados para atmosferas potencialmente

explosivas. Esses requisitos estão especificados nas normas técnicas da ABNT baseadas

nas normativas europeias.

A certificação desse equipamento que atesta sua utilização em atmosfera

potencialmente explosiva é de caráter compulsório no Brasil através da Portaria nº.83 de

03/04/2006 do INMETRO. Levando-se em conta que durante a vida útil de operação da

unidade offshore, os equipamentos poderão estar sujeitos, devido ao ambiente inóspito

que o mar oferece a diversos tipos de agressão, como por exemplo: agentes químicos,

intempéries, envelhecimento, oxidação etc. Por isso, embora o equipamento tenha sido

projetado, construído e certificado torna-se ainda, necessária uma inspeção periódica do

seu estado para que o nível de segurança garantido pelo equipamento não seja afetado.

PRIMEIRO DÍGITO

IP SEGUNDO DIGITO

Proteção contra corpos sólidos Proteção contra corpos líquidos

Nenhuma Proteção 0 0 Nenhuma Proteção

Objetos maiores que 50 mm 1 1 Água jogada verticalmente

Objetos maiores que 12 mm 2 2 Água jogada em um ângulo de 15°

Objetos maiores que 2,5 mm 3 3 Protegido contra água aspergida

Objetos maiores que 1 mm 4 4 Água pulverizada

Proteção contra poeira 5 5 Jatos de água

Poeira fina 6 6 Jatos intensos de água

7 Imersão em água

8 Imersão indefinida

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EQUIPAMENTOS À PROVA DE EXPLOSÃO - EX d

São projetados de tal modo que seu invólucro proteja as partes do equipamento

que podem ignitar e seja capaz de suportar a pressão desenvolvida em seu interior

durante uma explosão interna de uma mistura explosiva e evitar a transmissão da

explosão para a atmosfera explosiva existente ao redor do invólucro. Os sistemas de

iluminação são a prova de explosão.

EQUIPAMENTOS DE INVÓLUCRO PRESSURIZADO - EX p

Equipamentos com invólucro dotado de sistema de sobre pressão interna superior

à pressão atmosférica, utilizando as técnicas de pressurização ou diluição contínua.

A técnica de pressurização consiste em evitar a penetração no interior de um

invólucro, da atmosfera externa que pode ser explosiva. Isso ocorre porque é mantido

no interior do invólucro um gás de proteção a uma pressão superior à da atmosfera

externa.

A técnica de diluição contínua consiste no fornecimento ao invólucro de um gás de

proteção em quantidade suficiente para que a concentração resultante desse gás ou

vapor inflamável liberado por fonte interna, fique bem abaixo do limite inferior de

explosividade.

Portanto, os equipamentos Ex p, em funcionamento normal, produzem faísca,

superfícies quentes, chamas suscetíveis de inflamar uma atmosfera explosiva ou liberam

gás ou vapor inflamável durante o seu funcionamento normal ou que pode ser liberando

em circunstâncias anormais, por exemplo, devido à falha do sistema contendo o gás. Os

requisitos que garantem a proteção do equipamento no caso de falha são: um sistema

PROTEÇÃO ABREVIAÇÃO UTILIZAÇÃO

À prova de

explosão Ex d

Detectores, lâmpadas, insufladores.

Pressurizado Ex p Sala de controle, gabinetes de equipamentos.

Imerso em óleo Ex o Transformadores (raramente usados)

Imerso em

areia Ex q

Transformadores, capacitores, blocos terminais

para condutores eléctricos.

Imerso em

resina Ex m

Sensores e displays

Segurança

aumentada Ex e

Terminais e caixas de conexão

Não acendível Ex n Lanternas

Segurança

intrínseca Ex i

Detectores, rádios

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P á g i n a | 102

de desligamento da alimentação elétrica e o acionamento de um alarme (1ª categoria)

ou unicamente do acionamento de um alarme (2ª categoria).

EQUIPAMENTOS IMERSOS - EX o / EX q/ EX m

Equipamentos que possuem seus dispositivos internos imersos total ou

parcialmente em um meio isolante de se produzir centelha ou alta temperatura. A

atmosfera explosiva existente acima da superfície do meio isolante não é inflamada pelo

funcionamento do equipamento. Esse meio isolante pode ser: óleo, areia ou resina.

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA AUMENTADA - EX e

Quando um equipamento é construído sob orientações de medidas de construção

adicionais aplicadas de modo a aumentar a segurança do próprio equipamento e de seus

dispositivos em regime normal de funcionamento ou anormal conforme especificação

contra a possibilidade de produzir arcos, centelhas ou altas temperaturas.

EQUIPAMENTOS NÃO ACENDÍVEIS - EX n

Equipamentos em que seus circuitos, dispositivos ou sistemas não é acendível

quando o mesmo não libera energia suficiente para inflamar uma atmosfera

potencialmente explosiva, sob condições normais de operação. Os requisitos aplicados

para esses equipamentos devem assegurar que uma falha capaz de causar uma ignição

não seja provável de acontecer.

EQUIPAMENTOS INTRINSECAMENTE SEGUROS - EX i

São projetados de tal maneira que no caso de alguma falha, a maior energia

(faíscas ou calor) produzida internamente dos equipamentos não será suficiente para

produzir uma ignição para as mais sensíveis concentrações inflamáveis de gases

específicos, vapores ou pó.

Restringe a energia elétrica produzida no interior do equipamento ou em circuitos

de interconexão expostos a uma atmosfera explosiva, a um nível abaixo daquele capaz

de causar ignição por centelhas ou por efeitos de aquecimento. Nesses equipamentos

todos os seus circuitos ou componentes são intrinsecamente seguros, ou seja, quando

em condições de ensaios prescritas pela NBR 8447, não é capaz de liberar energia

elétrica (faísca) ou térmica suficiente para, em condições normais (isto é, abrindo ou

fechando o circuito), ou anormais (por exemplo, curto circuito ou falta à terra), causar a

ignição de uma dada atmosfera explosiva.

Os equipamentos intrinsecamente seguros estão classificados em 2 categorias:

"ia" ou “ib”

• Equipamento Ex ia:

São incapazes de provocar ignição em operação normal, quer na condição

de um único defeito ou de qualquer combinação de dois defeitos. Esses

equipamentos projetados para as atividades do Grupo 11 não devem ter

quaisquer contatos faiscadores expostos continuamente ou por períodos

prolongados a uma atmosfera explosiva.

• Equipamentos Ex ib:

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São incapazes de provocar uma ignição em operação normal ou na condição

de um único defeito qualquer.

MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS

Os equipamentos elétricos ou mecânicos para áreas classificadas necessitam estar

sempre em perfeitas condições de operação ao longo de toda a sua vida útil. Nesse

contexto, torna­se uma obrigação a adoção de um Plano de Inspeção e Manutenção com

base na NBR IEC 60079- 17 definindo o seguinte:

• Periodicidade das inspeções;

• Programa de inspeções;

• Relação de componentes a serem inspecionados por tipo e modelo de

equipamento;

• Procedimentos para reparos quando constatada uma não conformidade no

funcionamento do equipamento.

Se for constatado algum defeito no equipamento, deverá ser providenciada sua

intervenção para reparo ou, dependendo do nível de intervenção, a sua readequação

conforme a sua construção. Os reparos serão feitos conforme a NBR IEC 60079-19, e

são divididos em dois grupos:

I. Interferências realizadas pelo fabricante, ou sob sua orientação, que não

afetem o tipo de proteção do produto original. Nessa hipótese o Certificado

de Conformidade do equipamento continua válido.

II. Interferências não enquadradas na hipótese anterior e aquelas que afetam

o tipo de proteção original, independente de quem tenha realizado o reparo.

Nessa hipótese, o equipamento deverá ser remetido para reavaliação por

um OCP (organismo Certificador de Produto) e receber nova marcação.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS

CLASSIFICADAS

Uma seleção eficiente dos equipamentos inicia-se com uma correta classificação

de áreas da planta industrial sujeita aos riscos de explosão. Com base nessa

classificação, deveremos nos orientar pelo seguinte:

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• Aquisição de equipamentos adequados de acordo com a classificação da

área de operação do equipamento;

• Exigência do Certificado de Conformidade do equipamento;

• Instalação, operação e utilização dos equipamentos de forma correta

segundo orientações dos fabricantes, das normas técnicas vigentes e das

recomendações práticas existentes.

Para facilitar os critérios de seleção adequada dos equipamentos para áreas

classificadas oferecemos o seguinte quadro:

Exemplo de marcação de equipamentos segundo a normativa brasileira baseada

nos critérios da IEC.

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P á g i n a | 105

OPERAÇÕES DE SALVAMENTO

No Brasil não contamos com uma norma específica que estabeleça os requisitos

necessários para a preparação administração, qualificação e instrução de um Serviço de

Emergência & Resgate Técnico. A tendência natural dos segmentos da segurança

industrial é de seguir os padrões e protocolos de resgate das autoridades competentes

(Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Salvaero etc.) ou de outras entidades reconhecidas

como a já comentada NFPA.

Ainda que os trabalhos a serem executados nos espaços confinados estejam

obrigados a passarem por um prévio planejamento e gerenciamento de trabalhos em

execução, os fatores mais comuns de acidentes nesses locais ainda estão associados a:

• Falhas na identificação dos riscos

• Tendência a confiar nos sentidos

• Tentativas de resgate

ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES EM ESPAÇO CONFINADO

6,50% Acidentes decorrentes de problemas com a qualidade do ar

100% Acidentes que possuem como ponto em comum a falta de

avaliação da atmosfera e a falta de ventilação forçada

29% Vítimas fatais que eram supervisores ou chefes de equipe

60% Trabalhadores que morreram ao resgatar uma vítima

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P á g i n a | 106

De acordo com a NIOSH a maior causa de fatalidades nos espaços confinados são

os riscos atmosféricos, geralmente na forma de uma atmosfera deficiente de oxigênio

(ou inerte), uma atmosfera tóxica ou uma atmosfera explosiva. Abaixo demonstramos o

percentual das ocorrências fatais em espaços confinados segundo aquela organização:

• 65% atmosferas perigosas;

• 13% engolfamento;

• 7% aprisionamento;

• 6% estresse por exposição ao calor;

• 5% eletrocussão; e

• 4% outros.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIAS E RESGATES

Segundo a NR-33 o empregador deve elaborar e implementar procedimentos de

emergência e resgate adequados aos espaços confinados incluindo, no mínimo:

• descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da Análise de

Riscos;

• descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem

executadas em caso de emergência;

• seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação,

iluminação de emergência, busca, resgate, primeiros socorros e transporte

de vítimas;

• acionamento de equipe responsável, pública ou privada, pela execução das

medidas de resgate e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado;

• exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de acidentes

em espaços confinados.

Acreditamos que tais exigências sejam muito pouco quando se trata de trabalhos

sempre marcados pela multi-fatalidade. Por isso, faremos algumas referências às

normas norte americanas NFPA 1670 e NFPA 1006 são as que nos oferecem maiores

informações técnicas para o desenvolvimento de um programa de equipe de resgate, a

qualificação da equipe e o perfil do técnico em resgate.

A NFPA 1670 define o serviço de resgate como sendo aquela equipe montada pela

autoridade competente (setor público) ou pelas empresas (setor privado) para resgatar

vítimas dos interiores de espaços confinados. A mesma norma fixa os diferentes níveis

de capacidade operacional para as equipes que preparam diferentes níveis de resposta a

emergências em espaços confinados: Segurança, Operações e Técnico.

Para o setor industrial (offshore ou onshore), dependendo do tamanho e das

atividades desenvolvidas na planta, uma equipe de resgate deverá atender os níveis de

segurança e operações, respeitando ainda o perfil e o dimensionamento de sua equipe

própria.

Portanto, a equipe de resgate deverá estar apta a desempenhar o seguinte:

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P á g i n a | 107

• Planejar e implementar uma operação apropriada para resgate em espaço

confinado;

• Identificação dos deveres dos resgatistas, dos resgatistas de apoio, dos

atendentes (vigia, operadores de equipamentos, primeiros socorros,

transporte, etc.) e do chefe da equipe de resgate;

• Determinar os fatores que influenciaram a existência de condições

potencias;

• Estabelecer contato com as vítimas onde for possível;

• Reconhecer e identificar os perigos associados ao atendimento de uma

emergência sem uma entrada;

• Procedimentos para executar uma recuperação de vítimas sem uma

entrada;

• Procedimentos para implementar um sistema de resposta de emergência;

• Procedimentos para estabelecer um controle do local e um gerenciamento

do cenário;

• Procedimentos para proteger o pessoal de perigos dentro do espaço

confinado;

• Avaliar continuamente a existência de condições potenciais de riscos;

• Procedimentos que assegurem que os membros da equipe são capazes de

administrar os desafios físicos e psicológicos que afetam os resgatistas;

• Procedimentos para avaliar continuamente ou em intervalos frequentes, a

atmosfera em todas as partes do espaço a ser adentrado;

• Procedimentos para o uso seguro e efetivo dos equipamentos de

imobilização de vítimas que podem ser empregados no resgate;

• Transferência de vítima e primeiros socorros básicos; e

• Programa de treinamento da equipe de resgate em espaço confinado.

O RESGATISTA

As empresas deverão assegurar que os membros selecionados para suas equipes

de resgate tenham capacidade física, psicológica e médica para assumir

responsabilidades e desempenhar tarefas diante de acidentes ocorridos em espaços

confinados de acordo com os seus níveis próprios de exigência. Fisicamente devem

dispor de boa saúde, uma vez que deles será exigido um grande esforço tanto pelas

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 108

dificuldades do resgate em si, quanto pelas condições do ambiente, do clima, do tempo e

do local, quase sempre adversas.

Os aspectos psicológicos de sua personalidade também são importantes devendo

incluir as seguintes qualidades:

• Sociabilidade: Linguajar educado e palavras corretas que transmita calma

e confiança para a própria equipe e para as vítimas;

• Espírito de equipe: Harmonizar com os companheiros de equipe. O

resgate não é uma operação individual;

• lmprovisador: Capacidade de superar situações adversas inesperadas. Ter

sempre um "plano B";

• Participativo: Capacidade de iniciativa e desembaraço na realização de

seus deveres sem depender do recebimento de ordens;

• Autocontrole: Estabilidade emocional para superar os fatos mais

desagradáveis ocorridos durante um resgate;

• Liderança: Realizar tudo o que for necessário (ou além) para organizar e

controlar uma operação para um resgate, estando, inclusive, preparado

para a ocorrência de condições imprevistas;

• Perceptivo: Capacidade de ouvir. Estar atento a comunicação entre a

equipe e ao depoimento de testemunhas.

Sendo assim, individualmente, o candidato a resgatista deverá estar apto a

desempenhar os seguintes procedimentos:

• Controlar o local da emergência;

• Promover, primeiro, a sua segurança, a segurança da sua equipe e depois a

da vítima;

• Avaliar o local da emergência;

• Utilizar corretamente seu EPI, EPR e demais dispositivos de resgate;

• Coletar o maior número possível de informações sobre a sequência dos

eventos;

• Acessar as vítimas por intermédio dos equipamentos de resgate e

transporte de vítimas;

• Determinar qual o problema que acondicionou na vítima, colhendo as

informações do local e dos mecanismos que provocaram as lesões;

• Estabilizar a vítima;

• Dar o seu máximo diante de um resgate respeitando o seu nível de

treinamento;

• Liberar a vítima, o mais depressa possível, dentro das técnicas e

equipamentos apropriados;

• Transportar com segurança a vítima, monitorando o seu estado durante o

trajeto;

• Passar para o serviço de atendimento médico todas as informações

relevantes que assegurem a continuidade do tratamento da vítima em prol

de sua recuperação total.

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ANÁLISE RISCO X BENEFÍCIO

O resgatista deverá possuir as habilidades mínimas para o desempenho de

atendimento às vítimas, inclusive quanto a capacidade de realizar uma RCP. O que

diferencia o resgatista dos demais profissionais que trabalham nas operações de

atendimento pré-hospitalar é que no seu campo de atuação, muitas vezes o cenário

levará o resgatista a tomar decisões que poderão alterar as prioridades e a sequência do

atendimento da vítima confrontando com sua própria segurança.

A NFPA 1670 define que a análise Risco x Beneficio tradicionalmente envolve a

avaliação das condições gerais da vítima de forma a aplicar a devida urgência para a

situação (Resgate de vítimas x Recuperação de corpos). Uma vítima ainda viva poderá

sugerir um resgate associado a um nível mais urgente de ação. Já uma vítima fatal

poderá sugerir uma operação de recuperação de corpo com um nível de urgência bem

menor.

ANÁLISE INICIAL

Em todos os tipos de acidentes em espaços confinados, existe um potencial de

situações extenuantes que exigirão uma habilidade além da capacidade normal da

organização para operar de uma forma segura. Exemplos dessas situações podem

incluir, mas não se limitando a: locais isolados ou profundos, perigos múltiplos (líquidos,

produtos químicos, alturas extremas no espaço, etc.), falhas nos equipamentos,

condições ambientais severas. Estas condições deverão ser avaliadas em análises

contínuas da operação.

Segundo a NFPA 1670, a análise do cenário deverá avaliar inicial e continuamente

o seguinte:

• Objetivo, tamanho e a natureza da emergência;

• Localização, número e condição das

vítimas;

• Análise Risco x Beneficio (Resgate de

vítimas x Recuperação de corpos);

• Acesso ao cenário;

• Fatores ambientais;

• Recursos necessários e disponíveis; e

• Estabelecer um perímetro de controle.

PLANEJAMENTO

Os procedimentos para atendimento de um socorro devem ser registrados em um

plano de resgate formal e escrito, sempre revisto e atualizado periodicamente. Cópias

do plano de resposta a acidentes em espaços confina­ dos devem ser disponibilizadas

para os empregados da empresa com responsabilidades designadas pelo próprio plano,

setores importantes da unidade e para as organizações externas de suporte operacional.

Onde exista a necessidade de recursos externos para se alcançar um nível

desejado de capacidade operacional, é recomendado o registro de acordo de cooperação

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P á g i n a | 110

mútua com as demais organizações que assegurem o seu acionamento diante de uma

emergência, como por exemplo, hospitais especializados, transporte de vítimas, resgate

aéreo etc.

COMANDO DA EMERGÊNCIA

Comandar um resgate em espaços confinados requer a delegação de muitas

responsabilidades necessárias para o sucesso da operação. O sistema de comando do

incidente é uma estrutura criada para facilitar o gerenciamento de qualquer tipo de

emergência e que passe por todas as fases da operação. Contudo, ressalta-se que antes

de se implantar um sistema de comando, é necessário que todos os envolvidos tenham

um claro entendimento de aonde eles se encaixarão no momento em que se deflagrar o

acidente, com relação as responsabilidades que cada um assumirá. Uma pessoa com

muitas responsabilidades pode gerenciar um pequeno acidente, se ele também for

pequeno. Já um acidente maior, um grupo de pessoas assumirá muitas tarefas

delegadas. Um plano de emergência com um sistema de comando bem dimensionado é

capaz de se expandir à medida que a emergência adquire proporções cada vez maiores

e, assim, mantém o controle das operações com eficiência. À medida que a operação

cresce tornando-se mais complexa e outros voluntários chegam, o comando da operação

deverá atribuir as funções para cada novo componente, e assim estabilizar o Sistema de

Comando de Incidente.

O comando da emergência também deverá ficar atento quanto à participação de

outros serviços externos de resgate, como por exemplo, o Corpo de Bombeiros ou

resgate aéreo. O plano de emergência deve admitir em seus procedimentos a

possibilidade de ocorrência dessa situação, pois, embora a emergência esteja

ocorrendo em uma área industrial particular, a responsabilidade por algum dano às

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P á g i n a | 111

propriedades adjacentes, lesão aos empregados e terceiros e prejuízos ao meio

ambiente permanecem com o empregador

Uma composição ideal para uma equipe de resgate em espaço confinado poderia

ser:

➢ Comandante de Incidente - Responsável por todo o gerenciamento do

incidente.

➢ Segurança - Responsável por garantir a segurança da equipe e de todos os

procedimentos de resgate durante a operação e/ou antecipar riscos e

situações inseguras. Não deverá possuir nenhuma outra responsabilidade.

➢ Supervisor (Chefe) do Grupo de Resgate - Responsável pela

coordenação da parte operacional da emergência. É o responsável pelo

seguinte pessoal

➢ Observador (Vigia) - Possui praticamente as mesmas tarefas de uma

entrada para trabalho. Comunica-se com os resgatistas constantemente e

monitora a atmosfera.

➢ Responsável pelos equipamentos (logística) - Responsável pela

ventilação, fornecimento de proteção respiratória, pela descontaminação do

local, pelos sistemas de movimentação e remoção, cordas, polias e

demais dispositivos necessários.

➢ Resgatistas (Equipe de entrada) - Executam todas as tarefas dentro do

espaço confinado como reconhecimento, liberação da vítima, sua

imobilização e transporte.

➢ Resgatistas (Equipe de Apoio) - Resgatistas prontos para uma entrada

imediata caso a equipe de entrada precise de resgate

➢ Primeiros socorros - Atendimento inicial - estabilização

➢ Macas - Responsável pelo transporte e evacuação das vítimas.

A composição da equipe acima é apenas uma recomendação. Caberá a empresa

avaliar o nível de treinamento dos candidatos a resgatistas, os equipamentos que possui

e o quantitativo de pessoas capacitadas e disponíveis para compor a equipe.

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P á g i n a | 112

ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE RESGATE

A seguir apresentaremos um modelo sugerido de gerenciamento de uma

emergência que envolva um resgate em espaços confinados dividido em 5 fases:

➢ Preparação;

➢ Avaliação;

➢ Pré-entrada;

➢ Entrada e resgate; e

➢ Término da operação.

PREPARAÇÃO

Uma questão deve ser obrigatoriamente levantada ao longo de qualquer

atendimento a emergências: "A equipe de resgate treinada capacitada e equipada para

desempenhar um resgate em espaços confinados?" Definitivamente, tal indagação não

quer ficar restrita em apenas disponibilizar cintos, cordas, macas, respiração autônoma e

demais equipamentos para os resgatistas se acharem preparados para enfrentar um

resgate em espaços confinados. O aspecto humano deve ser levado em conta.

Portanto a equipe de resgate deve estar preparada para responder as seguintes

perguntas:

• A equipe de resgate conhece os padrões e procedimentos exigidos?

• A equipe de resgate possui uma quantidade de pessoal suficientemente

treinado para manter uma operação de resgate em espaço confinado?

Talvez 4 ou 5 membros bem treinados não serão o suficiente para cumprir

com segurança um resgate.

• A equipe de resgate possui o equipamento apropriado para desempenhar

essa operação?

Resgates em espaços confinados exigem equipamentos especiais.

PREPARAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E DA EQUIPE DE RESGATE

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P á g i n a | 113

A seguir listamos o mínimo de equipamentos necessários que a equipe de resgate

deve dispor:

• Equipamento de ar mandado - um para cada resgatista, um para cada

membro da equipe de apoio e um para a vítima (se necessário);

• Sistema de cascata ou compressor;

• Equipamento de imobilização de vítimas compatível para espaços

confinados;

• Equipamentos de retirada - Tripés, monopés, guinchos, triway;

• Software - Cordas, cordins, fitas e cintas;

• Hardware - Freios, blocantes, ascensores, polias, mosquetões, ganchos;

• Cintos de segurança - modelo paraquedista;

• Detector de gases - 4 gases: O2, CO, H2S e Gases inflamáveis;

• Equipamento de ventilação - insufladores e exaustores à prova de explosão;

• Lanternas à prova de explosão;

• Equipamento de comunicação intrinsecamente seguro;

• EPI - Compatível para espaços confinados;

• Travas e sinalização de segurança;

• Treinamento da equipe de resgate.

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P á g i n a | 114

ANÁLISE INICIAL

Durante a fase inicial de preparação a equipe de resgate precisa levar em

consideração um planejamento prévio para enfrentar riscos específicos que possam

interferir em suas operações de resgate. Esse levantamento básico poderá providenciar

uma visão geral para os problemas e dificuldades que os resgatistas encontrarão nas

rotinas de resgates em espaços confinados.

• Se for necessário, consulte o plano de emergência e os controles de

descarga de energia;

• Consulte os responsáveis que trabalham nos locais para informações

adicionais;

• Requisite cópia das permissões de entrada;

• Identifique qualquer tipo de risco especial ou processos que são necessários

conhecê-los antes de qualquer resposta a emergências;

• Identifique qualquer dificuldade local específica tal como: localização,

acesso, suprimento de ar ou variações extremas nas avaliações.

Planejamento prévio é essencial para qualquer equipe de resgate séria e

preparada para enfrentar toda a sorte de imprevistos nos serviços de resgate em

espaços confinados. Não só permite ao comando da emergência e aos resgatistas

planejarem a tática mais eficaz para o resgate como também aumenta a segurança da

operação como um todo.

AVALIAÇÃO

É o início da execução do plano de resgate propriamente dito. Na verdade, é a

primeira fase operacional de um resgate em espaços confinados. Operações de resgate

bem sucedidas nas situações de emergências em espaços confinados ocorrem quando

dispomos de um processo perfeito de coleta de informações essenciais para uma

eventual entrada. Através da implantação de um planejamento coordenado e implantado

para colher, interpretar e disseminar as informações, muito provavelmente a operação

terminará com êxito.

A avaliação está dividida em duas áreas:

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P á g i n a | 115

➢ Avaliação do Cenário - Obter uma dimensão inicial da situação e para

identificar os riscos.

➢ Avaliação dos Recursos - Verifica o seu potencial humano (resgatista) e

seus equipamentos para executar a operação de resposta à uma

emergência.

Portanto o objetivo dessas avaliações é buscar um equilíbrio entre os recursos

disponíveis e a rapidez do tempo de resposta.

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO

Uma vez presente no cenário, a equipe de resgate deverá levantar e examinar as

seguintes informações para o desenvolvimento de um plano de ação:

• Qual é o problema principal?

• Quantas pessoas estão em risco? Quantas estão feridas?

• Quantas pessoas estão perdidas? Aonde eles foram avistados por último?

• Qual o tipo de espaço confinado e sua utilização?

• Existem riscos na armazenagem dos produtos?

• Existem materiais viscosos ou aquecidos?

• Quais são os possíveis resíduos?

• Existe algum potencial de engolfamento?

• Demais perigos existentes no espaço confinado.

• Elétrico, mecânico ou energia acumulada?

• Quais são os pontos de entrada e de saída?

• Existem múltiplos pontos de entrada?

• Existem pontos de entrada acima ou abaixo do nível do chão?

• Existe alguma outra dificuldade de acesso?

Uma vez respondidas essas informações, o planejamento da operação poderá

iniciar.

AVALIAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS

Após avaliar as informações recebidas da abordagem inicial e desenvolver um

plano de ação para o incidente, identifique os recursos existentes no local para

determinar se serão necessários recursos adicionais.

REGISTRO DOS PROCEDIMENTOS

Antes de prosseguir no resgate é essencial documentar todas as ações e

avaliações realizadas desde o início das operações. Esse registro deve se estender

continuamente ao longo de toda operação. Servirão de parâmetro para novas ações a

serem tomadas. Para isso existe um ditado: "Se não foi documentado, isso não

aconteceu."

É uma narrativa registrando todas as atividades envolvidas no resgate. A inclusão

da movimentação da equipe dentro e fora do espaço confinado também é válida.

Assegure-se, portanto, de não incluir apenas a duração e as ações, mas as razões por

usar, ou não usar, procedimentos ou recursos específicos. Isto então será arquivado para

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 116

uma revisão posterior para avaliar o seu programa de resgate e para a investigação do

acidente ocorrido.

TAREFAS A SEREM EXECUTADAS DURANTE ESSA FASE

A Avaliação começa quando a notificação do início dos trabalhos e continua após a

chegada em cena da equipe de resgate.

• Estabelecer um posto de comando seguro

• Designar posições chave da equipe

• Localizar e manter uma pessoa responsável do local da entrada

• Pode ser familiarizado com os processos desenvolvidos pela operação e

isolamento daquele espaço confinado.

• Estabelecer o controle do local do resgate

• Permite apenas pessoal com EPI dentro de áreas que não estejam livres de

risco.

• Disponibilizar medidas de isolamento e controle de riscos.

• Monitoramento atmosférico dentro e fora do espaço confinado

• Avaliação de riscos físicos

• A PET é uma boa fonte de informação.

• Determinar a necessidade de equipamentos específicos

• Avaliar o perfil da operação (resgate de vítimas ou recuperação de corpos)

PRÉ-ENTRADA

A fase de Pré-Entrada é onde ocorrem os preparativos finais para a entrada no

espaço. É a definição da forma de abordagem da vítima de acordo com as informações

obtidas durante a avaliação do tipo de emergência. É o momento que a equipe se

aproxima de adentrar no local do acidente, portanto, o local onde se encontra a equipe

de resgate e onde pode se localizar as vítimas deverão estar sob as mais seguras

condições ao longo do atendimento.

RESPONSABILIDADES DURANTE A PRÉ-ENTRADA

Chefe da Equipe de Resgate

• Designar as posições necessárias para o cumprimento das tarefas

identificadas

• Sempre escolha "a dedo" o pessoal para trabalhos específicos. Leve em

consideração o tamanho do espaço e tamanho das pessoas que farão o

resgate.

• Execute os Procedimentos de travamento/sinalização.

• Precisa estar pronto antes de a entrada inicial começar. A equipe de resgate

fora do perímetro da área de resgate deverá assegurar que nenhuma

pessoa autorizada tente se aproximar do cenário ou operar equipamentos

indevidamente.

• A equipe de resgate sempre trabalha em dupla.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 117

• Ninguém deve entrar no espaço confinado sozinho.

• O espírito de equipe será crítico para o sucesso da operação.

• As exceções podem ocorrer:

✓ Quando estiver trabalhando em um espaço muito pequeno e apenas

um pode caber.

✓ Um pequeno atendimento como, por exemplo, prender o cabo de

retirada no cinto da vítima.

✓ Se um resgatista que entra ficar fora do contato visual do

observador, um segundo resgatista deve fazer a entrada, porém

mantendo o contato visual com o primeiro resgatista.

• Para cada equipe de resgate, deve haver uma equipe de apoio.

• A equipe de apoio deve estar equipada e preparada para entrar em caso de

emergência durante o resgate.

• Para cada equipe deverá estar designado a um único canal de comunicação.

Observador

• Estabelecer um sistema de rastreamento dos resgatistas;

• Monitoração da atmosfera.

Segurança

• Estabelecer uma ventilação adequada do espaço.

• O tipo de sistema de ventilação será determinado pelos riscos encontrados

durante a avaliação.

Equipe de Resgate

• Os resgatistas devem usar o EPI necessário para os riscos presentes ou

potenciais.

• A equipe de resgate inicial deve ter uma unidade adicional de ar mandado

para colocação na vítima

Equipe de Reserva

• Os resgatistas de apoio devem estar equipados com o mesmo EPI dos

demais.

Equipe de Movimentadores

• Identifica e prepara o sistema de remoção das vítimas.

• Nesta equipe poderíamos incluir o seguinte:

✓ Tripés;

✓ Sistemas de guincho e trava-quedas

✓ Sistema de cordas e polias;

✓ Equipamentos de imobilização e transporte da vítima;

Sistema a ser utilizado para remoção da vítima;

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 118

• Se a operação estiver sendo desenvolvida numa atmosfera potencialmente

inflamável, assegure-se de que a equipe esteja utilizando equipamentos

antifaiscantes.

Equipe de Primeiros Socorros

• Escalada para o primeiro atendimento médico das vítimas.

• Proporciona a reabilitação e cuida da equipe de resgate;

• Executa o monitoramento médico da pré­entrada das equipes de entrada e

de apoio;

• Providencia a reidratação para a equipe de entrada.

Equipe de Apoio

• Transporte, assim que a vítima estiver sido removida do espaço.

• De acordo com a toxidez dos contaminantes presente deverá ser

providenciado a descontaminação da equipe, das vítimas e dos

equipamentos assim que saírem do espaço.

• Estabelecer o suprimento de ar para os equipamentos de proteção

respiratória selecionados e preparar para torná-los operacionais.

INSTRUÇÕES DE PRÉ-ENTRADA

Antes de entrar, cada resgatista deverá receber as últimas instruções do chefe da

equipe. As informações mínimas abaixo relacionadas serão abrangidas nessas

instruções:

• A equipe deverá ser informada exatamente sobre quais serão suas tarefas

durante a operação.

• Deve ser direto ao ponto: "Sua função nesta entrada é localizar a vítima,

reportar qualquer condição de aprisionamento e prover cuidados iniciais de

salvamento. Não remova a vítima a menos que seja rápido e fácil."

• A equipe envolvida na operação deve ser informada dos procedimentos de

emergência dentro do espaço, no caso de ocorrência de algum problema

com a equipe de resgate.

• Cada equipe deve providenciar um local de instruções.

• Pode ser executado através da consulta de plantas e mapas disponibilizados

durante a fase de avaliação ou através da criação do seu próprio mapa do

espaço.

• Todavia, antes de tudo, lembre-se de que, em alguns casos, você estará

entrando em um labirinto no qual não é familiar a você.

• Durante a entrada, a equipe deve estar ciente do ambiente ao seu redor e

estar preparada para relatar em detalhes quando saírem do espaço.

• Cada equipe deve estar avisada de qualquer limite de tempo imposto a eles.

Uma vez que estas informações são de conhecimento de todos, a equipe de

entrada poderá começar seus procedimentos de entrada.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 119

ENTRADA E RESGATE

Nesta fase as obrigações do resgatista poderão ser resumidas da seguinte forma:

LOCALIZAR X ACESSAR X ESTABILIZAR X TRANSPORTAR

Chefe da Equipe de Resgate

• Coordenar a operação e as ordens de liberação de entrada e saída da

equipe de resgate.

• Monitoramento atmosférico contínuo e registro das medidas.

Observador

• Avaliar as medições para assegurar se a ventilação está sendo efetiva.

• Registro do momento de entrada da equipe de resgate.

• Manter a comunicação constante com a equipe e o chefe da equipe de

resgate.

Equipe de Resgate

• Trabalhar em equipe e se comunicar constantemente com relação às ações,

táticas e procedimentos pré-definidos.

Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

P á g i n a | 120

• Uma ação coordenada reduz tempo, o estresse e aumenta sensivelmente

as chances de sobrevivência.

• Garantir uma comunicação adequada com o observador.

• Atenção com as condições de uso do EPR. Evitar se arrastar, bater com os

equipamentos ou cortar caminhos. Assim que estiver no interior, determinar

qual será sua rota de fuga. Combinar os movimentos com a equipe.

• Usar um cabo de segurança para Entrada/Saída.

• Consiste-se em uma corda para marcar o progresso e retorno da equipe. Se

estiver conectado a uma linha de ar esta servirá como cabo da vida.

• Estar alerta para desníveis no piso, obstáculos, quebra-canelas, etc.

• Estar alerta para os riscos mecânicos, elétricos e de engolfamento.

• Tudo dentro do espaço confinado deve ser considerado perigoso, apesar

dos procedimentos de isolamento, travamento e sinalização.

• Acima de tudo não se desviar do foco de sua missão inicial.

Uma vez localizada a vítima, comunicar ao vigia e removê-la rapidamente durante

as operações de entrada, de acordo com a complexidade da emergência pode ser

necessário que se façam várias entradas utilizando mais de uma equipe. Quando isso

ocorrer será primordial a troca de informações entre a equipe que está saindo com a

equipe que a substituirá na entrada com relação ao seguinte:

• Localização das vítimas e suas condições;

• Algum risco específico o qual se deve estar atento;

• Se a equipe de entrada conseguiu cumprir sua missão inicial;

• Atualização das condições do local, a medida que surgem novas

informações como novos obstáculos, novos riscos, localização das vítimas

etc.;

Uma vez que a vítima foi localizada:

• Coordenar todos os movimentos com a equipe de movimentadores,

informando todos os avanços, recuos ou problemas encontrados;

• Tomar o máximo de cuidado com a coluna cervical da vítima;

• Decidir se deve começar a remoção da vítima primeiro pela cabeça ou pelos

pés;

• Atentar para o uso de cintas nas vítimas que sofreram queimadura. A pele

pode ser puxada durante o processo de remoção;

• Ao passar a vítima por pequenas aberturas, assegurar, sempre que for

possível, que o pessoal de recebimento/remoção já esteja posicionado ao

lado da saída do espaço confinado. Sempre tentar evitar ser bloqueado pela

própria vítima durante os movimentos dentro do espaço. Se isso não for

possível, assegurar se dos seguintes procedimentos:

✓ A equipe de movimentadores deve estar preparada para essa

situação, coordenando suas atividades corretamente;

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P á g i n a | 121

✓ Quando iniciar a movimentação de macas, isso deve ser feito de

forma rápida e sutil, saindo do espaço confinado no menor tempo

possível;

✓ Evitar que a mangueira do ar de linha utilizada pela equipe de

resgate e pelas vítimas não esteja sendo apertada ou comprimida de

encontro com a borda da abertura, contando, assim, o fluxo normal

de ar respirável.

Equipe de Reserva

• Mantém-se fora do espaço, e preparados para uma entrada imediata caso a

primeira equipe de resgate também precise ser resgatada

Equipe de Movimentadores

• Auxiliar o máximo possível a equipe de resgate no espaço.

• Estar pronto para uma remoção de emergência da equipe de resgate.

• Providenciar todos os equipamentos requeridos pela equipe de resgate.

• Quando solicitado, operar os sistemas de recuperação para retirar a vítima

e a equipe

Equipe de Primeiros Socorros

• Deve estar posicionada e pronta para receber as vítimas para cuidados pré-

hospitalares.

• Se for exposta a alguma substância perigosa tóxica que requeira FISPQ

disponível da mesma, a ficha deve ser enviada ao hospital com a vítima.

• Descontaminar se for necessário, qualquer pessoa, assim que saírem do

espaço.

• Fornece a reidratação para o pessoal de entrada.

Equipe de Apoio

• Monitorar o sistema de ventilação para assegurar que é uma operação

contínua.

• Auxiliar no recebimento das vítimas e seu transporte.

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P á g i n a | 122

• Limpeza, se necessário, de qualquer equipamento, assim que forem

retirados do espaço.

• Monitorar continuamente o suprimento de ar respirável.

• Trocar os cilindros de ar respirável se for preciso.

• Requerer o reabastecimento dos cilindros se for preciso.

TÉRMINO DA OPERAÇÃO

Uma vez que a vítima e a equipe de resgate já tenham saído do espaço, registre o

tempo de saída da equipe e demais observações de toda equipe em um relatório.

A equipe que participou da operação deve reportar, pelo menos, o seguinte:

• Localização e posição da(s) vítima(s).

• Condição em que a vítima foi encontrada.

✓ Estava sem proteção respiratória? Havia evidência de queda?

Tudo isso pode ser essencial para uma investigação ou para um futuro

questionamento judicial.

• O máximo de informação adicional relacionada à planta do espaço confinado

para registro e inspeções posteriores.

Quaisquer situações específicas ou estranhas encontradas no local relacionadas a

deslocamentos, interferências, riscos, atmosfera etc o comandante da emergência e o

chefe do grupo de resgate deve se reunir para discutir quaisquer problemas

encontrados e, assim, após uma conclusão sobre todo o desenvolvimento da operação,

elaborar novas táticas e procedimentos que julgarem necessários para uma revisão do

seu sistema de resgate.

Esta última análise deverá incluir:

• Avaliação médica e psicológica da equipe que participou da operação;

• Inventário de todos os equipamentos utilizados.

• Avaliação dos equipamentos danificados.

• Limpeza, manutenção, registro, e acondicionamento apropriado dos

equipamentos.

• Marcar e etiquetar qualquer equipamento danificado ou inoperante.

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P á g i n a | 123

• Fazer com que os responsáveis pelo local sinistrado mantenham o

isolamento e com os pontos de entrada protegidos até o final da

investigação do acidente.

EQUIPAMENTOS DE RESGATE

O EPI básico dos resgatistas é:

• Cinto de segurança;

• Capacetes com viseiras e lanternas Ex;

• Botas;

• Luvas;

• Macacão; e

• EPR.

CAPACETE E ILUMINAÇÃO

O ideal são os capacetes para trabalhos em altura

especialmente desenhados para também atenderem situações

de resgate em espaços confinados. A iluminação é indispensável

já que sabemos que a maioria dos espaços confinados em áreas

industriais possui grandes dimensões e iluminação deficiente ou

inexistente. As lanternas devem ser apropriadas para uso em áreas potencialmente

explosivas.

CINTO DE SEGURANÇA

Nas operações de resgate o técnico em resgate deverá estar

usando um cinto de segurança completo tipo paraquedista conectado a

um cabo ou corda seguramente ancorada fora do espaço confinado.

O cinto deve ser de um tipo certificado (CA) pela autoridade

competente. Devem ser inspecionados antes e depois de cada uso, e

higienizados após o trabalho. Segundo a NFPA 1670 o cinto deverá ser

um do tipo Classe III ou Classe II, denominações essas criadas pela

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P á g i n a | 124

norma NFPA 1983. Deve ser resistente o suficiente para aguentar o peso de duas

pessoas.

O cinto deve ser equipado com fitas, fivelas argolas e malhas rápidas, e construído

com material resistente ao tipo de risco ao qual ele foi projetado (fogo, eletricidade,

etc.). Cintos para resgate Classe III são aqueles fabricados com material antichamas

(Kevlar ou Aramida) são equipados com argolas hemisféricas na altura do ventre e do

peito usadas para movimentar ou posicionar o resgatista ou, ainda, para a equipagem de

outros equipamentos. Possuem também uma argola fundida as correias e posicionada

no dorso.

SISTEMAS DE POLIAS

Alternativamente, durante um resgate

poderão ser montados sistemas de cordas e polias

para a movimentação de trabalhadores. A NFPA

1006 define um sistema de vantagem mecânica

como sendo uma força criada através de meios

mecânicos incluindo, mas não se limitando a um

sistema de alavancas, engrenagens, cordas e polias,

geralmente criando uma produção de força maior do

que a energia aplicada, expresso em termos de uma

relação entra a energia aplicada e a força produzida.

São utilizados o 3:1 (3 roldanas para 1 corda) e o

4:1 (4 roldanas para 1 corda). Isso significa que

cada sistema tem seu alcance relativo a quantidade de polias instaladas e o tamanho da

corda.

Atenção ao utilizar o sistema de vantagem mecânica, pois você não só estará

reduzindo o esforço, como também estará dividindo o tamanho da sua corda pelo

número de polias.

SOFTWARE (MATERIAL MACIO)

É o material mole, ou seja, as cordas sejam elas cordas de trabalho, de

segurança, cordim ou fitas. Para os padrões de operações de resgate da NFPA as cordas

devem ser do tipo certificadas, e atender os requisitos constantes da norma NFPA 1983.

Os cordins e as fitas não precisam ser do tipo certificadas. As cordas devem ser do tipo

"Kernmantle", uma alma de fibra sintética envolvida por uma capa também de material

sintético.

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P á g i n a | 125

Os requisitos de performance das cordas são:

➢ Resistência a temperatura

• O ponto de fusão das furas utilizadas para construção das cordas não

pode ser inferior a 204°C, e a do Nylon é de 245°C.

➢ Alongamento

• Mínimo - menos de 1% de 10% de sua carga de ruptura I

• Máximo- não pode ser superior a 10% do valor correspondente a

10% de sua carga de ruptura.

➢ Carga de ruptura

• Não pode ser inferior a 20 KN (1KN = 102 Kgf) e para corda de

trabalho não pode ser inferior a 40 KN;

➢ Diâmetro

• Para corda de segurança pode ser de 9,5 mm a não mais do que

12,5 mm

• Para corda de trabalho deve ser de 12,5 mm a não mais do que 16

mm.

INSPEÇÃO

Antes de reutilizar cordas, elas deverão ser avaliadas para as seguintes

condições:

• Danos não visíveis;

• Não foi exposta a calor ou ao contato direto de chamas;

• Não foi sujeita a abrasão;

• Não foi sujeita a nenhum impacto;

• Não foi sujeita a exposição de líquidos, gases, sólidos, poeiras,

vapores de quaisquer substâncias químicas que possam deteriorar o

material;

• Aprovada por pessoal qualificado seguindo as orientações do

fabricante.

CRITÉRIOS DE INSPEÇÃO

• Abrasão

✓ A alma começa a ficar exposta ou mais da metade da capa começa a

ficar desgastada;

• Puimento

✓ Indica um pedaço partido da capa;

• Endurecimento

✓ Causado por exposição ao calor;

• Descoloração

✓ Mudança na cor original indica exposição a alguma substância

química;

• Exposição da alma

✓ Indica possíveis danos na alma ou danos severos na capa;

• Perda de uniformidade

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P á g i n a | 126

✓ No diâmetro ou tamanho da corda indica danos na alma.

• Inconsistência

✓ Partes muito macia ou endurecida podem indicar danos na alma;

• Idade/Tempo de uso

✓ A corda deve ser simplesmente retirada de uso. A maioria dos

fabricantes recomenda-se que as cordas devem ser retiradas de uso

após dez anos de uso, desde que estiveram em condições ideais de

uso e acondicionamento;

• Perda de confiança

✓ Se você não sentir mais confiança no material, não insista. Se você

suspeitar de algo, confie no seu bom senso: RETIRE A CORDA DE

USO!

CUIDADOS E MANUTENÇÃO

• Lavagem

✓ Use sabão neutro, lave com as mãos e seque à sombra;

• Acondicionamento

✓ Ensacada. Deve ser guardada de uma maneira que evite o seu

desgaste pelo ambiente (contaminantes, calor, ácidos, luz solar,

fumos, etc.).

• Diário da corda

✓ Histórico de uso da corda para o seu controle.

HARDWARE (MATERIAL DURO)

É o equipamento metálico aplicado no sistema de polias ou de acesso por cordas.

MOSQUETÕES

Construídos de aço, alumínio ou composite. Para operações de resgate os

mosquetões devem ser de aço. Os mosquetões para sistemas de segurança devem ter

uma carga de ruptura de no mínimo 27 KN. Os mosquetões para sistemas de trabalho

devem ter uma carga de ruptura de no mínimo 40 KN.

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DESCENSORES

São dispositivos de controle de descida. Para sistemas de segurança devem

suportar um teste de carga de no mínimo 13,5 KN sem falhar. Para sistemas de trabalho

deve suportar um teste de carga de no mínimo 22 KN.

O Freio 8 é um dos descensores mais comuns.

Contudo, o seu uso é limitado para cargas de apenas uma pessoa ou para

descidas curtas. Um descensor mais seguro é o grigri por ser auto-blocante.

ASCENSORES

São dispositivos desenvolvidos para servirem de assessórios para os sistemas de

cordas de ascensão ou de bloqueio. Como equipamento auxiliar de ascensão deve

suportar um teste de carga de no mínimo 5KN. Se for utilizado como bloqueador, deve

suportar um teste de carga de, no mínimo, 11 KN.

POLIAS

Dispositivos utilizados nos sistemas de vantagem mecânica (redução de esforço).

Para sistemas de segurança deve possuir uma carga de tensão de, no mínimo, 22 KN

sem falhas.

Para sistemas de trabalho deve possuir uma carga de tensão de, no mínimo, 36

KN, sem falhas.

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DESTORCEDORES

Dispositivos utilizados nos sistemas ancorados, para que os mesmos não fiquem

embolados e atrapalhem o seu manuseio.

PLACAS DE ANCORAGEM

Dispositivos desenvolvidos para multiplicar os pontos de ancoragens para os

sistemas quando os equipamentos apropriados ou o local do incidente apresenta

limitações de pontos seguros para ancoragem.

MACAS /IMOBILIZADORES

São os equipamentos para transporte de vítimas imobilizadas.

MACA SKED (MACA ENVELOPE)

Feita de resina e muito útil em espaços confinados com acessos limitados para

entrada e saída. Também chamada de maca envelope, devido a sua tendência de

"envelopar" a vítima.

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MACA RÍGIDA

Construída de aço de liga leve e com fundo de polietileno, oferece limitações

para o seu uso em locais com acessos limitados para entrada e saída.

TRIÂNGULO DE RESGATE (FRALDÃO)

Utilizado para resgate de vítimas desprovidas de cintos de segurança e que não

necessitam de imobilizações especiais.

KED OU COLETE IMOBILIZADOR CERVICAL

Dispositivo criado para imobilizar as vítimas com suspeita de fratura na coluna

cervical.

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COLAR CERVICAL E TALAS

Dispositivos auxiliares para imobilização do pescoço (suspeita de lesões na

coluna cervical) e imobilizações dos membros superiores e inferiores quando há uma

suspeita de fraturas.

RESSUSCITADORES DESFIBRILADOR

Dispositivo eletrônico de ressuscitação.

BOLSA VENTILATÓRIA

Dispositivo manual de ressuscitação para uso nas vias aéreas.

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OBJETIVO DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ESPAÇOS

CONFINADOS

PRIMEIROS SOCORROS

Mesmo que se trate de uma entrada para trabalho é importante que o trabalhador

autorizado e os demais membros da equipe de trabalho estejam capacitados a prestar o

atendimento inicial, ainda que restrito, e caso de acidente.

Entende-se por primeiros socorros a ajuda imediata prestada por uma pessoa a

um acidentado, doente, ou vítima de mal súbito, com a finalidade de mantê-lo com vida,

até a chegada do médico. Seus objetivos principais são:

Manter a vida;

Evitar o agravamento da lesão;

Servir como elo entre o momento do acidente e a chegada de ajuda

profissional.

Em situações de emergência, todo executante de trabalhos nos interiores de

espaços confinados devem, inicialmente, garantir a sua segurança para um auto socorro.

Existindo vítimas no local, os trabalhadores autorizados deverão, pelo menos, seguir as

seguintes orientações:

O que aconteceu?/ quais são os requerimentos:

a) Observe;

b) Use os sentidos (sinais, sangue, convulsões, etc.);

c) Tente obter um diagnóstico;

d) O máximo de informações possíveis (lesão, deformidades, mecanismos da

lesão, etc.);

e) Solicite o resgate imediato e apropriado.

Chame a assistência médica

a) A exata localização do acidente;

b) Uma indicação do tipo e seriedade do acidente;

c) O número de feridos.

AVALIAÇÃO DA CENA

A avaliação da cena para prestação de primeiros socorros visa garantir condições

mínimas de segurança para a equipe de resgate e assim poder prestar o atendimento

pré-hospitalar à vítima.

São passos importantes para serem observados durante essa etapa;

• Segurança da cena;

• Mecanismo do trauma;

• Número de vítimas;

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• Biossegurança;

• Triagem;

• Apoio;

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

Na abordagem primária o socorrista deverá avaliar a consciência da vítima. Caso a

vítima esteja irresponsiva o mesmo deverá seguir a sequência:

• Iniciar a desobstrução da via aérea;

• Verificar se a vítima respira;

• Círculação (ficar atendo a temperatura da pele, a coloração).

Caso a vítima não responda e não respire, a mesma se encontra em parada

cardiorrespiratória, e imediatamente deve-se iniciar as manobras de reanimação

cardiopulmonar.

PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR)

Consiste na ausência de batimentos cardíacos e respiratórios de um indivíduo, ou

seja, é a interrupção da circulação sanguínea, decorrente da suspensão súbita e

inesperada, não diferente da situação de um indivíduo vítima de algum trauma.

É uma situação dramática, responsável por morbimortalidade elevada, mesmo em

situações de atendimento ideal. Na PCR, o tempo é variável importante, estimando-se

que, a cada minuto que o indivíduo permaneça em PCR, 10% de probabilidade de

sobrevida sejam perdidos.

A parada cardiorrespiratória (PCR) é diferente de

uma constatação de morte biológica irreversível,

caracterizada por deterioração irreversível dos órgãos

e sistemas, que se segue à PCR, quando não são

instituídas as manobras de circulação e oxigenação e

de morte encefálica, que é caracterizada pela necrose

do tronco e do córtex cerebral pela falta de oxigenação

por mais de 5 minutos.

Sendo assim, a constatação da morte de uma

vítima está associada com a presença de um médico e

pela realização de exames específicos.

A constatação imediata da PCR, assim como o

reconhecimento da gravidade da situação, é de

fundamental importância, pois permite iniciar

prontamente as manobras de reanimação, antes mesmo da chegada de outras pessoas e

de equipamento adequado. Evita-se, dessa forma, uma maior deterioração do sistema

nervoso central (SNC) e de outros órgãos nobres.

Se uma pessoa permanecer de 4 a 6 minutos sem oxigênio, as células cerebrais

morrem rapidamente.

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A parada cardiorrespiratória pode ocorrer sem aviso e requer primeiros socorros

rápidos. O diagnóstico da PCR deve ser feito com a maior rapidez e pode ser identificada

por sinais e sintomas que precedem a PCR e por sinais clínicos de uma PCR.

Sinais Clínicos de uma PCR:

Inconsciência;

Ausência de movimentos respiratórios, ou respiração tipo gasping;

Ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou ausência de

sinais de circulação;

Pele pálida (esbranquiçada) e fria;

Cianose (cor arroxeada nos lábios e unhas).

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P á g i n a | 134

RCP - RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)

Após a realização da avaliação do nível de consciência, constatar que a vítima está

inconsciente, checar a ausência da respiração e os sinais que foram mencionados na

parada cardiorrespiratória, devemos iniciar rapidamente o protocolo de suporte básico de

vida – RCP – cujo conjunto de ações é determinado pelas letras do, são elas: C-A-B

(Compressão, abrir via aérea e Boa ventilação).

A ressuscitação cardiopulmonar, reanimação cardiopulmonar (RCP) ou ainda

reanimação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de manobras destinadas a garantir

a oxigenação dos órgãos quando a circulação do sanguínea para subitamente (parada

cardiorrespiratória). Nesta situação, se o sangue não é bombeado para os órgãos vitais,

como o cérebro e o coração, esses órgãos acabam por entrar em falência, pondo em

risco a vida da pessoa.

Os procedimentos básicos da RCP:

• Coloque a vítima deitada de costas sobre superfície dura;

• Coloque suas mãos sobrepostas no meio do esterno com os braços

estendidos;

• Os dedos devem ficar abertos e não tocam a parede do tórax;

• Faça a seguir uma pressão, com bastante vigor, para que se abaixe o

esterno comprimindo o coração de encontro à coluna vertebral;

• Descomprima em seguida;

• Desobstrua as vias aéreas

(com cautela, pois pode

haver danos na cervical);

• Afrouxe as roupas da vítima,

principalmente em volta do

pescoço, peito e cintura;

• Verifique se há qualquer

coisa ou objeto obstruindo a

boca ou garganta da vítima;

• Inicie a respiração de socorro

tão logo tenha a vítima sido

colocada na posição correta.

Cada segundo é precioso.

As Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE enfatizam, mais uma vez, a

necessidade de uma RCP de alta qualidade, incluindo:

• Frequência de compressão cardíaca: de 100 a 120/minutos;

• Profundidade de compressão externa: de 5 a 6 cm em adultos, e de um

terço do diâmetro anteroposterior do tórax, em bebes e crianças (4 cm em

bebes e 5 cm em crianças).

• Retorno total do tórax após cada compressão.

• Minimização das interrupções nas compressões torácicas.

• Evitar excesso de ventilação.

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P á g i n a | 135

Outro fator importante é o posicionamento apropriado da vítima e do socorrista.

Para uma boa realização a vítima deve ser deitada de costas sobre uma superfície firme

e estável. Se for preciso movê-la para colocá-la de costas, considere primeiro, a

possibilidade de trauma cervical.

A interrupção da RCP somente poderá ocorrer após ordem médica ou por cansaço

extremo do socorrista, que impossibilite o prosseguimento das manobras. Obviamente,

caso seja restabelecida a função cardíaca, deve-se cessar a massagem.

COMPRESSÃO

Localize o ponto correto para colocar o “calcanhar” da mão (base da mão) no

centro do tórax da vítima (no meio de esterno – quatro dedos acima do processo xifóide,

ou na junção de duas linhas imaginária, uma na altura dos mamilos e a outra do nariz ao

umbigo) e de joelhos, mantenha o corpo firme (sem fletir os cotovelos com o seu tronco

alinhado sobre a vítima) mantendo os braços completamente esticados.

Agora cruze as mãos entrelaçando os dedos, e comprima o tórax pelo menos 5

(cinco) cm – para adultos.

ABERTURA DE VIAS AÉREAS

Primeiro abra a boca colocando uma de suas mãos na testa da vítima com os

dedos polegar e indicador em forma de C e a outra mão posicione abaixo do queixo com

os dedos indicador e médio fazendo uma pequena força, empurrando a cabeça da vítima

para traz realizando uma leve hiperextensão do pescoço (lembre-se que ao fazer essa

manobra você deve abrir a via aérea e não fechar a boca da vítima) e logo em seguida,

visualizar o interior da boca observando se há algum corpo estranho obstruindo a

passagem de ar.

Observação: Havendo indícios de trauma providencie a estabilização da coluna

cervical utilizando as mãos ou o equipamento adequado (Colar Cervical).

A escolha e a colocação do Colar Cervical são de extrema importância, pois o seu

uso incorreto pode não causar o efeito desejado ou até causar danos irreversíveis.

BOA VENTILAÇÃO

Procure utilizar os equipamentos necessários para tal. São eles; Bolsa Ventilatória

(BMV – bolsa-máscara-ventilatória) e Pocket Mask. Realize 2 (duas) ventilações rápidas

– 1 (um) segundo para cada ventilação – permitindo que o ar entre, seja “inspirado”.

Neste momento você já deve estar posicionado ao lado da vítima na direção da cabeça e

de frente para o outro socorrista. A mascarilha deve ficar bem vedada na face da vítima

evitando a perda de ar.

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HEMORRAGIAS

A seriedade da hemorragia depende de:

Tipo de vaso sanguíneo envolvido;

Quantidade de sangue perdido;

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P á g i n a | 137

Velocidade da perda de sangue; e/ou

Local do sangramento.

QUANTO AO TIPO DO VASO ROMPIDO

HEMORRAGIA ARTERIAL

O sangramento acontece em jatos intermitentes, no mesmo ritmo das contrações

cardíacas. Sua coloração é um vermelho vivo. A pressão arterial torna este tipo de

hemorragia mais grave que um sangramento venoso devido à velocidade da perda

sanguínea, bem como a qualidade do sangue perdido, visto que o sangue arterial é rico

em O2.

HEMORRAGIA VENOSA

Sangramento contínuo, de coloração vermelha escura. Esse sangue é pobre em

oxigênio e rico em gás carbônico.

HEMORRAGIA CAPILAR

Sangramento contínuo com fluxo lento como visto em arranhões e cortes

superficiais da pele. Considerando que as artérias estão localizadas mais profundamente

na estrutura do corpo, as hemorragias venosa e capilar são mais comuns do que a do

tipo arterial.

TÉCNICAS DE CONTENÇÃO DE HEMORRAGIA

COMPRESSÃO DIRETA OU LOCAL

Este é o método mais rápido e mais efetivo para

controlar uma hemorragia. Hemorragias externas, na

maioria das vezes, são controladas por uma compressão

diretamente sobre o ferimento com o uso de um curativo

estéril ou pano limpo. Esta compressão não deve ser

interrompida até a coagulação, o que pode ocorrer de 6 a

8 minutos nas hemorragias mais intensas. Caso seja

interrompida precocemente, poderá ocorrer a remoção do

coágulo semi-formado iniciando novamente a hemorragia.

As compressas encharcadas de sangue devem ser mantidas no local, caso necessário,

deve-se sobrepor novas compressas secas. Se possível, deve-se fixar as compressas

sobre o ferimento com bandagens próprias. Ao realizar uma compressão direta, fazer o

uso de luvas de procedimentos, evitando assim o contato direto com o sangue da vítima.

Atente para o pulso distal para que a compressão não venha comprometer a circulação

dos tecidos adjacentes. Caso isto ocorra, a compressão exercida deverá ser diminuída.

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P á g i n a | 138

ELEVAÇÃO DE MEMBROS

Pode ser combinada com a compressão direta em hemorragias nos membros,

desde que, não haja suspeita de fraturas. Os efeitos da gravidade diminuem a pressão

sanguínea na área afetada, reduzindo assim a intensidade do sangramento.

O ferimento deve ficar acima do nível do coração para que os efeitos desejados

sejam alcançados.

TORNIQUETE

A real necessidade do uso deste método deve ser considerada por se tratar de um

procedimento extremo e de último recurso para controlar uma hemorragia grave, pelos

riscos que o cercam. Muitas vezes um curativo compressivo é a melhor opção.

Em uma situação onde ocorra uma amputação traumática, o sangramento pode

ser pequeno, ao contrário do que se espera, pois, a artéria envolvida entra em constrição

pela ação reflexa dos nervos simpáticos.

Tal fato justifica o uso da compressão direta ao invés de um torniquete.

Sendo inevitável o uso deste procedimento, ou seja, após todos os métodos

citados anteriormente falharem, o socorrista deverá estar atento aos cuidados que

envolvem esta técnica, pois, quando mal realizada, poderá induzir a uma eventual perda

do membro afetado, quando não se tratar de amputação total.

FRATURAS

É quando ocorre a quebra de algum osso. Pode ser do tipo fechado (quando a

pele permanece íntegra) ou aberta (quando há lesão na pele, mesmo que seja um

pequeno furo).

Toda lesão que houver muita reclamação de dor e formação de hematoma e

edema , deve ser tratado como uma fratura em potencial.

FRATURA INTERNA

➢ Sintomas

✓ Dor; Inchaço; ✓ Perda de movimento normal;

✓ Em alguns casos apresenta deformidade; e/ou ➢ Objetivo dos Primeiros Socorros

✓ Evitar que a lesão se agrave e aliviar a dor.

➢ Ação ✓ Imobilizar a articulação acima e outra abaixo do membro fraturado;

FRATURA ABERTA

➢ Objetivos Dos Primeiros Socorros ✓ Evitar que a lesão se agrave, infecção e aliviar a dor.

➢ Ação

✓ Imobilizar a fratura; ✓ Dar conforto a vítima;

✓ Se o ferimento for visível, deve ser coberto com curativo (bandagem); e providenciar transporte para o hospital.

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P á g i n a | 139

SAÚDE OCUPACIONAL EM ESPAÇO CONFINADO

GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL

A NR-.33 é clara o suficiente ao determinar que as empresas deverão

redimensionar seus exames do seu programa de saúde ocupacional relacionados aos

profissionais que possuem rotinas de trabalho nos locais identificados como espaços

confinados, de acordo com as funções que serão desempenhadas por cada um e o tipo

de serviço a ser executado. Existem vários motivos para nos preocuparmos com a

saúde dos trabalhadores nesses tipos de atividades. Muitos casos de exposições ou

acidentes com lesões que poderão levar ao desenvolvimento de alguma doença

ocupacional são provocados por falhas nas medidas de controle, tais como: má

ventilação, iluminação insuficiente, posturas incorretas, EPI inadequado, falta de higiene

do EPI, contato com substâncias contaminantes etc.

O objetivo é ajustar a abordagem da relação entre a saúde e as condições de

trabalho inerentes aos espaços confinados. As particularidades dos riscos, físicos,

mecânicos, químicos, biológicos e ergonômicos inerentes às atividades nesses locais

servirão de subsidio para um monitoramento individual de cada trabalhador que possa

ficar exposto ao desenvolvimento de doenças ocupacionais. Deve-se oferecer uma

especial atenção às condições físicas e mentais dos trabalhadores que adentram em

espaços confinados, pois em algumas situações, será necessário não apenas avaliar a

exposição dos trabalhadores aos contaminantes agressivos à saúde gerados durante o

desenvolvimento dos serviços, como também avaliar se o trabalhador também se

encontra num estado emocional equilibrado para uma entrada segura.

O setor médico ou de enfermagem do trabalho nas empresas possui um papel

importante na coleta de dados que auxiliam na preparação dos programas de saúde

ocupacional para o monitoramento da saúde das equipes de trabalho em espaço

confinado. Na verdade, não participam diretamente da execução dos serviços. Mas

indiretamente possui uma importante função de suporte. São deveres do enfermeiro ou

técnico de enfermagem:

• Assegurar que todos os trabalhadores envolvidos no trabalho a ser

executado estejam em perfeito estado de saúde física e mental;

• Verificar a pressão arterial de todos os funcionários envolvidos no trabalho

antes de iniciar as atividades;

• Coibir a entrada de trabalhadores que apresentem qualquer problema de

saúde;

• Manter o registro médico dos empregados envolvidos em trabalhos em

espaço confinado, garantindo a rastreabilidade dos mesmos.

O PCMSO é vital devido ao seu caráter preventivo, investigativo e de diagnóstico

precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Ele se interage com as demais

NR's, principalmente a já comentada NR15 e a NR9, que oferece uma avaliação

individual de cada trabalhador que for exposto a algum agente físico, químico ou

biológico.

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P á g i n a | 140

CONDIÇÕES DE SAÚDE FÍSICA DOS TRABALHADORES

Até o resultado de exame médico específico que

ateste o contrário, todo trabalhador devidamente

capacitado conforme a NR e que não apresente

transtorno ou doença aparente que não possa ser

agravada ou desencadeada durante a execução de

serviços em locais confinados, pode ser considerado

apto para o desenvolvimento desse tipo de atividades

sendo essa informação consignada em ASO.

O preparo físico do profissional escalado para trabalhos em espaços também

tem a sua importância. Normalmente, o acesso ao local é difícil e o peso das

ferramentas utilizadas, equipamentos pessoais e EPI acabam se tornando dificuldades

que somente serão superadas por pessoas que gozam de boa disposição física.

FATORES PSICOSSOCIAIS

No final da década de 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou um

fórum interdisciplinar em Estocolmo, com o objetivo de discutir a influência dos fatores

psicossociais na saúde, formular medidas e propor políticas de saúde inclusivas baseadas

nesses fatores. Nos idos de 1980, a Organização Internacional do Trabalho e a OMS

publicaram documento em que chamavam a atenção dos efeitos adversos dos fatores

psicossociais relacionados ao trabalho (International Labour Organization26 1986).

Segundo esse documento, ambas as organizações internacionais concordavam

que... “o crescimento e progresso econômico não dependiam apenas da produção, mas

também das condições de vida e trabalho, saúde e bem-estar dos trabalhadores e seus

familiares”. O documento citava que não apenas os riscos físicos, químicos e biológicos

tinham importância na saúde do trabalhador, mas vários fatores psicossociais presentes

no trabalho.

Os fatores psicossociais do trabalho referem-se às interações entre meio

ambiente e condições de trabalho, condições organizacionais, funções e conteúdo do

trabalho, esforços, características individuais e familiares dos trabalhadores Portanto, a

natureza dos fatores psicossociais é complexa, abrangendo questões associadas aos

trabalhadores, meio ambiente geral e do trabalho.

Desde aquela época até os dias atuais, houve significativo avanço no

conhecimento científico sobre a influência das interações entre esses elementos e os

efeitos na saúde. As demandas psicológicas e suas associações com o controle no

trabalho são variáveis de natureza psicossocial e têm sido intensamente investigadas.

Mais recentemente, na década de 1990, uma variável conhecida como “desequilíbrio

esforço-recompensa”, que expressa a percepção dos trabalhadores quanto à relação

entre os esforços empreendidos e os retornos obtidos em seu trabalho, foi também

26 International Labour Organisation. Psychosocial factors at work: recognition and control. Report of the Joint ILO/ WHO Committee on Occupational Health. Ninth Session, Geneva, 18-24 September, 1984. Geneva; 1986. (Occupational Safety and Health Series, 56.

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reconhecida como outro fator psicossocial com importante associação na saúde dos

trabalhadores

Não menos importantes na anamnese ocupacional para trabalhos em espaços

confinados, os fatores psicossociais também serão levados em consideração. Ter boa

condição física não é o suficiente. Como ficaria o equilíbrio psicológico dos trabalhadores

que poderão desenvolver algum estresse de fundo emocional desencadeado em locais

enclausurados ou escuros?

FATORES PSICOLÓGICOS

São fatores de fundo comportamental no que se refere aos aspectos emocionais

individuais motivados por algum desequilíbrio psíquico ou de saúde. São aspectos

subjetivos, ou seja, "todos têm um limite!".

Claustrofobia, fadiga são algumas das situações que podem influenciar no

emocional as quais o trabalhador ou resgatista poderá estar exposto durante entradas de

longa duração em espaços confinados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABNT/NBR 16577/2017.

2. GUIA TÉCNICO NR 33: FUNDACENTRO.

3. NR-33: MINISTÉRIO DO TRABALHO .

4. ABNT NBR IEC 60079-0.

5. ABNT NBR ISO/IEC 17025.

6. ABNT/NBR-14606:2013.

7. MTE/NR-18.

8. OSHA 29 CRF Parte 1910.146

9. OSHA 29 CRF 1915

10. ANSI - AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE Z117.1.

11. NFPA 1670.