Triste fim de Policarpo Quaresma 3º A - 2015

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“O BRASIL NÃO TEM POVO, TEM PÚBLICO”

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“O BRASIL NÃO TEM POVO, TEM PÚBLICO”

E. E. Profª Irene Dias Ribeiro

Alunos: Ariany Alves Laís Branco

Isabelle Saccuman Luana Gabrielle

3ºAno – A - 2015

O AUTORAfonso Henriques de Lima Barreto, foi um escritor e jornalista Brasileiro, que nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881 e morreu no Rio de Janeiro em novembro de 1922. Filho de pais pobres, ficou orfão de mãe ainda na

infância (quando tinha 6 anos). Estudo no Colégio Pedro II (curso secundário) e no

curso de Engenharia da Escola Politécnica. Abandonou o curso para trabalhar e sustentar a família.

Trabalhou como escrevente coopista na Secretaria de Guerra.

Para aumentar a renda, escrevia textos para jornais cariocas.

 - Era simpático ao anarquismo e militou na imprensa socialista da época. - Alcoólatra, teve vários problemas relacionados à depressão. Chegou a ser internado algumas vezes com problemas psiquiátricos. - Faleceu aos 41 anos de idade.

HISTÓRIA O Livro, narra a trajetória de Policarpo Quaresma, um

patriota , que causa estranheza nas pessoas pelos seus ideais e coragem. O livro é dividido em três partes.

1ºParte: Começa descrevendo a rotina do Major Policarpo Quaresma que era um homem respeitado pela vizinhança, mas ao mesmo tempo o estranhavam, por causa de seu amor pelos livros e pelo patriotismo exaltado. Começou a aprender violão, o que causou mais espanto em seus vizinhos.

 Seu professor de música se chamava Ricardo Coração dosOutros; seu amigo que irá lhe acompanhar até o fim. Além de aprender violão, também se dedicava aos estudos do tupi-guarani. Nem seus vizinhos, nem seus colegas de trabalho o compreendiam. Policarpo buscava coisas verdadeiramente brasileiras, desde comida, até a vestimenta. O auge de seu amor pela pátria foi quando fez um ofíciopara o ministro, escrito em tupi, defendendo que a língua oficial deveria ser então essa. Como consequência, foi internado por seis meses em um hospício, recebendo a visita apenas de Olga com seu pai.

2° Parte: Seguindo o conselho de sua afilhada Olga, Policarpo compra um sítio e se muda para lá com sua irmã. Chama o sítio de “O Sossego”. Retirado da cidade, surge uma nova paixão em Policarpo: a de estudar botânica e aproveitar ao máximo a terra brasileira, que segundo ele, era a melhor. Até que um dia o Tenente Antonino Dutra, escrivão, foi até a casa de Policarpo lhe pedir ajuda para a festa da Conceição.

 O major, contrário à política e das suas trocas de favores,nega ajuda. A partir de então os políticos da área começam a fazer de tudo para prejudicar o sítio; começam a cobrar taxas e impostos que não eram cobrados anteriormente, pedem para que seja capinado todo ao redor do sítio.

Além disso, os lucros eram pequenos. Todos esses,contratempos começaram a desanimar a Policarpo, que pensou que uma reforma agrária poderia até ser uma solução, mas que ainda era pequena diante de seus desejos de progresso para o Brasil. Policarpo queria uma mudança no governo.

3ºParte: Policarpo volta para a cidade assim que sabe que está ocorrendo uma revolta. O major faz um memorial acerca de suas experiências com a agricultura e entrega ao Marechal Floriano. Sem dar muita importância, Floriano convida Policarpo para ingressar na revolta. Policarpo aceita e é listado como Major. Com a revolta, o cotidiano do Rio muda e a guerra acaba fazendo parte do cotidiano dos brasileiros.

Ricardo, amigo de Policarpo, por ser considerado umpatriota rebelde, é convocado para fazer parte como voluntário recalcitrante. Preocupado, Ricardo pede ajuda ao Major, que não pode fazer nada. Triste por estar afastado de seu violão, Ricardo continua a servir. No decorrer da guerra, Policarpo dá ordens, vai para troca de tiros e mata um homem. Muito arrependido e não acreditando ter feito isso, escrevea sua irmã num sentimento de perdão e culpa. Acabou se ferindo, levemente, mas precisava de cuidados e precisou se afastar por um tempo. A revolta tem seu fim e Policarpo é levado para uma prisão, sem um motivo que justifique. Quaresma se questiona por que sendo ele tão patriota e tão apaixonado pelo país, teria aquele fim.

Sabendo da notícia da prisão, Ricardo tenta salvar o majora todo custo; procura o tenente Albernaz, o coronel Bustamante, que, mesmo sendo amigos de Policarpo, para não ficarem mal vistos, não fazem nada. Até que tem a ideia de procurar Olga, que mesmo contra a vontade de seu marido, vai até a prisão tentar liberar seu padrinho. Ao chegar lá e ouvir que seu padrinho é um traidor ebandido, Olga reflete que é melhor deixa-lo morrer com seu orgulho, como um herói.

PERSONAGENSPolicarpo Quaresma: Conhecido por Major, era

subsecretário no Arsenal de Guerra. Era um patriota apaixonado pelo Brasil. era muito respeitado por todos, até que é tido como louco ao propor que a língua nacional fosse o tupi. Participa como major na guerra, e acaba morto numa prisão.Ex:. “Uma disposição particular de seu espírito, forte sentimento, que guiava a sua vida. Policarpo era patriota...”

Ricardo Coração dos Outros: Tocava violão e cantava modinhas. É um artista admirado pela sociedade e torna-se amigo de Quaresma, pelo amor pelo violão e pelo comum patriotismo. Ex:. “Era magro, baixo, pálido, quase sempre carregando um violão agasalhado em um bolsa de camurça. Vivendo para o violão e as modinhas, e para ideal de chegar ate Botafogo...”

Olga: Afilhada de Policarpo, está sempre fazendo visitas ao seu padrinho. Era muito parecida com Policarpo em sentimentos revoltosos. Casou-se sem estar apaixonada, apenas para obedecer a uma ordem social.Ex:. “A boca pequena, de um desenho fino, exprimia bondade, malícia, e o seu ar geral era de reflexão e curiosidade...”

Ismênia: Vizinha do Quaresma, estava noiva há cinco anos, até que quando o casamento é marcado, seu noivo some. A jovem menina fica tão triste, que acaba adoecendo, psicologicamente e fisicamente. Morre e é enterrada com um vestido de noiva, como era seu desejo.Ex:. “Ela não era feia; amorenada, com os seus traços acanhados, o narizinho mal feito, mas galante, não muito baixa nem muito magra e a sua aparência de bondade passiva, de indolência de corpo, de idéia e de sentidos”.

General Albernaz: general aposentado, nunca participou de nenhuma guerra e tem cinco filhas: Quinota, Zizi, Lalá, Vivi e Ismênia.Ex:. “O encontro foi cordial. O coronel Albernaz gostava dessas cerimônias e tinha um prazer, uma deliciosa emoção em reatar conhecimentos...”

Adelaide: irmã mais velha de Policarpo. Solteira, vivia com Policarpo e foi com ele para o sítio.Ex:. “Era uma bela velha de corpo médio, ser metódico, ordenado e organizado, de idéias simples, médias e claras, seus olhos verdes não revelavam nenhuma paixão ambição”.

Vicente Coleoni: Pai de Olga, bom e fiel a Policarpo.Ex:. “Vicente Coleoni pôs uma quitanda, ganhou uns contos de réis, fez- se logo empreiteiro, enriqueceu, casou, veio a ter aquela filha, que foi levada à pia pelo seu benfeitor.”

Bustamante: Tenente-Coronel e amigo do General Albernaz. Participou da revolta.Ex:. “Bustamante era um comandante ativo, mas dentro do quartel não havia como ele se interessar pelos livros, pela boa caligrafia, com quem eram escritos os livros mestres...”

Anastácio: Empregado negro de Policarpo Quaresma. Companheiro na solidão com seu patrão, foi com ele para o sítio. Era seu servo fiel.EX:. “conversando com Anastácio, que lhe servia há trinta anos, sobre coisas antigas...”

Contra-Almirante Caldas: Grande amigo do general Albernaz, com quem partilha glórias inventadas.Ex:. “ Pequeno, já um tanto curvado, chupado de rosto, com um pincenez azulado, todo ele traia a profissão, os seus gostos e hábitos.”

Dona Maricota: Mulher de Albernaz, figura altiva e opulentaEx:. ”Quando dona Maricota chegou, sempre diligente, altiva, dando movimento e vida à festa.”

Armando Borges: Médico que se casa com Olga, corrupto e ambicioso, é desprezado pela esposa.Ex:. “O Doutor Armando a tinha visitado naquela manhã pela quarta vez...”

Felizardo e candeeiro: Empregados do sítio Sossego.Ex:. ”Quaresma e seus empregados trabalhavam agora longe, faziam um roçado, e fora para auxiliar esse serviço que contratou o Felizardo. Era este um camarada magro, alto, de longos braços, longas pernas, como um símio.”

“Mané Candeeiro falava pouco, a não ser que se tratasse de coisa de caça; mas cantava que nem passarinho.”

Tenente Antonio Dutra: Homem gordo e guloso, um escrivão cheio de ambições políticas, usa a imprensa da cidade de Curuzu para atacar Policarpo. Ex:.

Doutor Campos: Médico que abandonara a profissão para se tornar político. Obtém o cargo de presidente da Câmara de Curuzu. Tenta corromper Policarpo e em seguida se torna seu inimigo porque esse se recusa a tomar parte na armação.Ex:. ”Presidente da câmara, era das pessoas mais consideráveis de Curuzu, e Quaresma o estimava particularmente pela sua simplicidade...”

Floriano Peixoto: Transportado do mundo real para a ficção, representa o poder e sofre duras críticas no livro.Ex: “Floriano tinha essa capacidade de guardar fisionomias, nomes, empregos, situações dos subalternos com quem lidava. Tinha alguma coisa de asiático; era cruel e paternal ao mesmo tempo.”

FOCO NARRATIVO A narração é feita em terceira pessoa

Ex:. “E ele viu então diante dos olhos as laranjeiras em flor...”

“Ela disfarçava bem a impressão da alegria deles...”

Ex:. O narrador é onisciente. Este às vezes assume a posição de autor/comentarista, e não é personagem da história. Ex:. “Era de ver como aquela vida tão estranha à nossa, naquele instante penetrava em nós e sentíamos-lhe o sofrimento a agonia e a dor.”

TEMPO O tempo da narrativa é cronológico: os fatos émostrado em dias e datas, retrata a vida de Quaresma com o passar dos dias.Ex:. “ ... Ricardo havia 6 meses que não lhe visitava e da afilhada e do compadre as últimas cartas que recebera datavam de uma semana ...”“...Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. 

ESPAÇOA história se passa no estado durante o governo de Floriano Peixoto, em 1894 na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro e no campo em Curuzu.Ex:. RJ“Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de edificação da cidade...Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, que pode ser imaginado.”

Campo: “O sítio de Quaresma, em Curuzu, voltava aos poucos ao estado de abandono em que ele o encontrara. A erva daninha crescia e cobria tudo.”

LINGUAGEMA obra é pré-modernista, por isso a linguagem é mais popular, detalhista ao extremo. Ex:. “ [...] três vezes por semana, um senhor baixo, magro, pálido, com um violão agasalhado numa bolsa de camurça [...]”

Metáforas:“ ...o Major Quaresma, de cabeça baixa, com pequenos passos de boi de carro, subia a rua...”

VEROSSIMILHANÇA

O livro mostra a vida de pessoas simples como ofuncionário público, o tocador de modinhas, as famílias de classe média em geral. São nesses aspectos que se encontram as relações da obra com a realidade. O respeito com que as pessoas tinham com quem era formado, ou mesmo quem trabalhava como funcionário público como o Quaresma, o preconceito que tinham para com quem toca violão ou no caso vive da música, a diferença de tratamento que o governo tinha entre as pessoas de maior ou menor condição financeira.Ex: “nos últimos dias, era visto entrar em sua casa, três vezes por semana...Com um violão agasalhado numa bolsa de camurça. Logo pela primeira vez o caso intrigou a vizinhança. Um violão em casa tão respeitável! Que seria?”

MOVIMENTO LITERÁRIOA obra pertence ao Pré-Modernismo, que não se caracteriza como um movimento literário, mas sim um período correspondente às duas primeiras décadas do século XX (de 1900 a 1920). As características presentes na obra são:

Nacionalismo exaltado Ex: “Mas é um erro... Não protegem as indústrias nacionais... Comigo não há disso: de tudo que há nacional, eu não uso estrangeiro. Visto-me com pano nacional, calço botas nacionais e assim por diante.”

RUPTURA COM O PASSADO: Não se caracteriza com as formas de linguagens passadas Ex:. “Janta já?- Ainda não. Espere um pouco.

RegionalismoÉ mostrado a realidade rural brasileira sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do homem do campo é apresentada de forma chocante.Ex:. “Almoçavam mesmo no eito, comida do dia anterior, aquecida sobre um improvisado fogão de calhaus, e o trabalho ia assim até a hora do jantar.”

Literatura- denúnciaO livro é escrito em tom de denúncia da realidade brasileira.Ex:. Coloca sobre as dificuldades que os soldados passavam nas guerras. Eram maltratados e passavam fome.

Contemporaneidade A obra  retrata fatos políticos, situação econômica e social contemporânea.Ex:.coloca sobre a reforma agrária, quando sede um pedaço da terra do sítio para os sem terra.

A história acontece no mesmo momento a da implantação da República no Brasil, com os governos de Deodoro e, sobretudo, do Marechal Floriano Peixoto.

Os acontecimentos políticos são vistos no livro não pela ótica oficial, mas pelos olhos do povo e, em particular, na perspectiva da classe média suburbana.

PERÍODO EM QUE A HISTÓRIA É NARRADA

01. (FUVEST) No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, o nacionalismo exaltado e delirante dapersonagem principal motiva seu engajamento em três diferentes projetos, que objetivam “reformar” o país. Esses projetos visam, sucessivamente, aos seguintes setores da vida nacional:a) escolar, agrícola e militar;b) lingüístico, industrial, e militar;c) cultural, agrícola e político;d) lingüístico, político e militar;e) cultura, industrial e político.

TESTES

2. (PUC) Da personagem que dá título ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, podemos afirmar que a) foi um nacionalista extremado, mas nunca estudou com afinco as coisas brasileiras.

b) perpetrou seu suicídio, porque se sentia decepcionado com a realidade brasileira.

c) defendeu os valores nacionais, brigou por eles a vida toda e foi condenado à morte injustamente por valores que defendia

d) foi considerado traidor da pátria, porque participou da conspiração contra Floriano Peixoto.

e) era um louco e, por isso, não foi levado a sério pelas pessoas que o cercavam.

Referências Bibliográficas