Trova Brasil 7 Carolina Ramos (Santos/SP)

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Carolina Ramos

É possível que aconteça,

seja folclore ou novela:

- tanta gente sem cabeça,

por que não mula sem ela?

Nasceu em Santos, em 1929. Estudou no Colégio São José, onde, além do curso primário e ginasial, fez,

também, Secretariado e a Escola Normal. Completou seus estudos formando-se em música e enfermagem. Trovadora, contista, poeta, santista ilustre, foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos

por oito anos (2001 a 2007) e é a atual Presidente da União Brasileira de Trovadores – Seção de Santos.

Carolina pertence a diversas entidades culturais, como Academia Santista de Letras,

Academia Feminina de Letras Centro de Expansão Cultural.

Foi agraciada com diversas medalhas de mérito cultural, entre as quais a de "Magnífica Trovadora", em 1973, em Nova Friburgo-RJ, e em Santos, com a Medalha do Sesquicentenário e a Medalha dos Andradas.

Também recebeu diversos títulos, homenagens e prêmios em Portugal e Angola. Um dos mais importantes foi o Prêmio Rui Ribeiro Couto, da União Brasileira de Escritores de São

Paulo.

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Bibliografia:

"Sempre" (poesias, 1968);

"Cantigas feitas de sonhos" (trovas, 1969); "Espanha" (poema épico, 1970);

"Rui Ribeiro Couto - Vida e Obra" (bibliografia, 1989); "Trovas que cantam por mim" (trovas, 1989);

"Espanha" e outros poemas (1992); "Interlúdio" (contos, 1993);

"Paulo Setúbal - Uma vida/Uma obra" (1994, em co-autoria com Cláudio de Cápua),

Evocação (História da Associação das Ex-Alunas do Colégio São José) em co-autoria com Maria Edith Prata Real;

Feliz Natal (Contos natalinos); Principe da Trova (biografia);

Saga de uma vida (biografia) e

Um amigo Especial (Conto-ficção), 2003.

Obras inéditas: "Rosas de sangue" (sonetos);

"Trovas de amor e ternura"; "Canta Sabiá" (poesias sobre o Brasil, lendas e temas do folclore);

"Júlia Lopes de Almeida" (biografia);

"Contos"; "Contos Infantis" e

"Trovas". –––––––––––––––-

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Entrevista de Carolina concedida a José Feldman, em janeiro de 2011 para o Blog

http://singrandohorizontes.blogspot.com.br, em A Escritora Atrás da Mulher, A Mulher Atrás da Escritora.

1 - Conte um pouco de sua trajetória de vida, onde nasceu, onde cresceu, o que estudou.

CR – Nasci em Santos, SP Brasil, no dia 19 de março, dia de São José no ano... que importa o ano?! Importante mesmo é o dia que vivemos. Depois dos sessenta, cada um deles é um troféu. Nasci, cresci e vivo,

até hoje, em Santos, onde espero morrer num dia escolhido por Deus. Fiz meus estudos no Colégio “São José”, do “Jardim da Infância”, ginásio de cinco anos, Secretariado, e Escola Normal.

Não podendo cursar Medicina, porque Santos ainda não possuía Faculdade, contentei-me em seguir o

Magistério. Por sinal, o curso de normalista, embora hoje abolido, era da maior significado para a formação da mulher, abraçando, para tanto, matérias de essencial importância, como: Psicologia, Puericultura,

Pedagogia, Fisiologia, Sociologia, Trabalhos manuais, Desenho pedagógico etc. Os conhecimentos adquiridos nesse curso, embora me dedicasse ao magistério por pouco tempo, muito me ajudaram na criação de meus

filhos.

Fiz ainda o curso completo de Música, nove anos de piano e matérias concomitantes, Teoria Musical, Harmonia, Pedagogia, História da Música etc.

Vários cursos de Literatura, de Folclore, Linguas e um pequeno Curso de Enfermagem, para compensar a minha frustração de não ter podido seguir Medicina.

2 – Como era a formação de uma jovem naquele tempo? E a disciplina, como era?

CR - Bem poucas jovens, residentes em cidades não dotadas de Faculdades, conseguiam, chegar a elas,

naquele tempo. A disciplina era muito mais rígida e os pais, com raríssimas exceções, não abriam mão da autoridade. Meu pai, não era uma dessas exceções. A Serra do Mar era gigantesco obstáculo, erguido entre

Santos e São Paulo, que me impediu, definitivamente, de concretizar o sonho de ser médica. Mesmo depois de Secretária bilíngue, boa datilógrafa e estenógrafa, portanto, com ótimas chances de

conseguir um bom emprego, o pulso de meu pai, não me liberou: “Minha filha não vai ser Secretária de

ninguém!” “Punto e basta!”, diria ele se fosse italiano. Mas, o seu NÃO, espanhol, não demonstrou menor

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força! Esquecia-me de dizer que sou filha única. Talvez isso explique os excessos de zelo. Nunca, entretanto,

me prevaleci dessa situação. Nunca fui mimada! E, absurdamente, era incapaz de pedir algo a meus pais.

Claro, que tinha tudo o que precisava, mas, mesmo assim, sempre havia algo a desejar e mesmo sabendo que me seria dado com gosto, eu não pedia! Detesto pedir algo até hoje! Falta de humildade? Claro que não, o

oposto, talvez. Respeitava meus pais e não me insurgia contra a severidade que me reprimia - possível semente da timidez que dificultou muito meus passos, ao correr dos tempos. Timidez contra qual luto, quem

sabe, até hoje. Só ao escrever, não sou tímida, porque escrevo para mim mesma. Foram as circunstâncias, citadas, que fizeram com que me tornasse professora, dedicada, a ponto de,

pós-aulas, levar para casa os alunos mais fracos, para ajudá-los na recuperação. Embora não fosse essa

nobre profissão a minha eleita. Era querida por meus alunos e, de um deles, tive a surpresa de ouvir emocionada: “Quando eu crescer, vou me casar com a senhora!” Onde estará aquele pequenino José, que me

fez a primeira declaração de amor?!

3 - Recebeu estímulo na casa da sua infância?

CR – Na casa onde nasci, na Vila dos Andradas, onde se ergue, hoje, a Rodoviária de Santos, morei apenas 5 anos. Na primeira casa dessa vila, morava dona Rosinha grande paixão de Martins Fontes. Assim, volta e

meia, as crianças corriam, eu entre elas, para saudar a chegada daquele homem bom, que abria os braços para recebê-las. Lembro-me um a um, dos nomes dessas crianças, que perdi de vista. Muitas vezes, esse

“Homem Bom” (tenho um soneto com esse título) pegava-me ao colo e beijava meu rosto. Soube, mais tarde, por minha mãe, que aquela pessoa que eu conhecia apenas como “o homem bom” era o queridíssimo vate

santista, José Martins Fontes! O que muito me emocionou!

Numa dessas casas, morava uma garota de nome Odila, uns sete anos mais velha que eu. Odila era filha de um livreiro. E tinha em sua casa, um gavetão que, para mim, era uma rica e misteriosa arca de

tesouro! O conteúdo... livros, só livros! Um tesouro de livros infantis! Lembro-me ainda do encantamento que eu sentia, sentada no chão, com o gavetão aberto, dadivosamente colocando à minha disposição, aqueles

preciosos livros que eu folheava, ainda sem saber ler, maravilhada com as ilustrações! Mesmo quando minha

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amiga não estava em casa, sua mãe, dona Caridade, carinhosamente, me conduzia até o tal gavetão, e me

esquecia por lá. (e era tudo o que eu queria!)

Foi essa “arca do tesouro” que, nos meus deslumbrados cinco anos, me apresentou Narizinho, Pedrinho, Anastácia, Emília, Visconde de Sabugosa ou seja, aquelas personagens que passei a amar, e que,

mais tarde, me fizeram devorar toda a obra de Monteiro Lobato - hoje, lamentavelmente expulsa das escolas, sem que as alegações me convençam!

4 – Quais os livros foram marcantes antes de começar a escrever?

CR – Aprendi muito com os livros de Lobato. Desde respeitar a natureza, conversar com as bonecas, subir em

árvores e amar a vida do campo, através do Sítio do Picapau Amarelo. Aprendi muito, ainda, de modo deliciosamente lúdico, sobre Gramática, Aritmética, Geografia, História, Astronomia, Folclore e tanta coisa

mais que era absorvido pelos meus sentidos, com espontaneidade e verdadeiro interesse, sem agruras das imposições curriculares. E acho inconcebível que tudo isto seja negado agora, a troco de más interpretações e

possíveis influências malignas, às nossas crianças! Lobato sofreu por ousar dizer que “O petróleo era nosso”!

Deveria, hoje, ser louvado e, no entanto, sofre através de sua opulenta obra, mais uma nova injustiça! Não só defendo o escritor, mas parte da minha infância que ele tanto enriqueceu!

Depois de Lobato, e de toda a literatura clássica infantil universal, a partir dos Contos da Carochinha, de fadas, de príncipes e princesas etc, li, na minha adolescência, tudo o que me caiu nas mãos! Li quase toda

a obra de Machado de Assis, José de Alencar, e outros escritores nacionais. Li muita poesia de Bilac, no mesmo livro que vi nas mãos de meu pai, algumas vezes, quando lia, à meia voz, poemas, passeando pela

casa. Li, poetas clássicos e românticos e particularmente, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, para

citar os mais próximos, e com os quais minha alma se identificava bem mais do que com os modernistas, embora, Guilherme, tivesse integrado a Semana de 22. Enfim, li de tudo, sem esquema, autores nacionais e

estrangeiros. Cheguei a ler “ Os Miseráveis, de Victor Hugo e começava a ler O Corcunda de Notre Dame, quando levei um “puxão

de orelhas”, no confessionário. Outra obra importantíssima, que comecei a ler cedo demais, e talvez por isso

não fui até o final, foi “Os Sertões” , de Euclides da Cunha. Mais madura, tentei novamente, e, envergonho-

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me de dizer, que também não cheguei até o fim. Talvez hoje, com outros valores, eu conseguisse ir adiante,

mas, e o tempo?! E o fôlego?! Que Euclides me perdoe, perdi no tempo a chance de conhecê-lo melhor. “O

Pequeno Príncipe” também li com muito gosto. De Cronin, praticamente li, a obra inteira, com raras exceções. Agora, o livro que me influenciou, mais objetivamente a escrever poesia, foi sem dúvida, “Cartas a um jovem

Poeta” de Rilke. Escrevi um artigo a respeito desse livro e nele afirmo o que digo acima. Li-o, como se Rilke o tivesse escrito especialmente para mim!

5 – Fale um pouco sobre a sua trajetória literária. Como começou a sua vida de escritora?

CR - Sempre me senti atraída pelas artes em geral. Desde pequenina, vivia desenhando tudo o que via, até

retratos de artistas de cinema, famosos. Vivia moldando bichinhos de barro, e sempre cercada de música! O que, às vezes desgostava minha mãe, que me via estudar com o rádio ligado e não se conformava com isso! A

poesia veio mais tarde. Ainda no ginásio, costumava fazer algumas quadrinhas de pé quebrado, sem saber que me iniciava na trova. Fiz meu primeiro poema quando minha filha, Márcia, nasceu. A menina tinha

intolerância láctea e, nos cinco primeiros meses, não me deixava dormir direito, nem durante o dia e muito

menos à noite.Tive medo de perde-la! Com vinte dias, eu era um perfeito zumbi! Numa das inúmeras idas e vindas, da minha cama ao berço e vice-versa, dormi andando e fui de encontro à parede. Conto isto, porque

em virtude desta insônia forçada, é que o meu primeiro poema nasceu. Chamei-o, “Se eu soubesse esquecer”. Bem... o que eu queria esquecer, esqueci! Porque não sei do que se tratava! E perdi também o poema, que

justificava o nome. Talvez intimamente o condenasse, julgando-o fruto de um resquício de saudade do primeiro namoradinho - só seis meses de namoro, num tempo em que nem de mãos dadas se andava! Mas...

fora o primeiro! Com o segundo, casei-me (união desastrosa que durou 21 anos!)

Minha primeira aparição pública, que marcou o início de minha carreira poética, se é que assim posso dizer, aconteceu em 1961. A Comissão Municipal de Cultura lançara um Concurso de Poesias, tendo como

tema, SANTOS. Como quem não quer nada, resolvi abraçar o tema, compondo um poema a que dei o nome de “Gosto de ti, minha terra”. Fechando os olhos e procurando vencer a timidez, mandei-o. Dias depois de

expirado o prazo, recebi um telefonema de alguém que não se identificava. Queria falar com Carolina, dizendo

que tomara conhecimento de que eu compusera uns versos muito bonitos para Santos. Insisti para que se

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identificasse. Dizia-se “um poeta do outro mundo”. Achando que tudo não passava de um trote, desculpando-

me, desliguei o telefone. Dias depois, vim a saber pelos jornais que o meu poema conquistara o 3º lugar no

referido Concurso, e que o grande poeta, Cesídio Ambrogi, de Taubaté, era o 2º colocado. O conhecido Poeta e Jornalista, Corrêa Junior, de São Paulo, conquistara o 1º lugar. Uma surpresa enorme! E uma emoção sem

tamanho!Eu começava a sair da gaveta! Só vinte e tantos anos mais tarde, vim a saber, por ele mesmo, que o tal “poeta do outro mundo”, do telefonema anônimo, era, simplesmente, dr Archimedes Bava, um dos mestres

do Direito, em Santos e Presidente do IHGS, instituição que eu, bem mais adiante, viria a presidir, por sete anos consecutivos, de 2000 a 2007. Aturdida, desculpei-me perante ele, já então velho amigo, censurando-o

por não ter se identificado me forçando à indelicadeza, de desligar o telefone! Fora a surpresa, explicou-me

ele, que o fizera ligar para mim, para sondar quem seria aquela Carolina, que ninguém conhecia, e que conseguira abocanhar um 3º lugar, situando-se ao lado de dois poetas consagrados vindos e fora!

Daí para frente, comecei a publicar versos num Suplemento de Arte, do Jornal local, A Tribuna, o que estimulou muito minha produção. Ainda em 61, concorri a um Concurso de Trovas do Centro Português de

Santos. Tema: A Amizade entre Brasil e Portugal. Compus um pequeno poema com versos de sete sílabas e

não cheguei a mandá-lo, porque alguém teve a caridade de me avisar que aquilo não era uma trova! Melhor informada, retirei do poema uma das estrofes com sentido completo e rima simples e encaminhei-a para o

Concurso. Conquistei, mais um terceiro lugar. Na noite da premiação, conheci o caro e grande poeta Orlando Brito (recém falecido) também classificado, que me falou de Nova Friburgo e do Movimento Trovadoresco que

alvorecia, induzindo-me a participar. Foi o gancho! Aos poucos, deixei-me levar por essa enxurrada maravilhosa de talentos, que me arrastou por este Brasil afora, mediante classificações em Concursos e Jogos

Florais.

Em 1964, alcancei meu primeiro prêmio de relevância na Trova. Foi em Petrópolis. Na ocasião, tive a feliz oportunidade de conhecer a nata dos trovadores. Chefiados por Luiz Otávio, eles aguardavam, na Rodoviária

do Rio de Janeiro, o ônibus que os levaria a Petrópolis. Sem conhecê-lo pessoalmente, dirigi-me a quem supunha ser Luiz Otávio. Quando me identifiquei, o Príncipe, dirigindo-se ao grupo, indagou: “Pessoal, qual

foi a trova que eu disse, ainda há pouco, que era a melhor do Concurso?” A resposta veio em coro: “ A

segunda colocada”. E Luiz Otávio, indicando-me, completou: -“Eis a autora!” Foi assim, que me integrei ao

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Movimento Trovadoresco e comecei a colecionar prêmios. O tema daquele Concurso era Vitória. E minhas

vitórias, na área literária, começavam a intensificar-se.

6- Como foi dar esse salto de leitora para escritora?

CR - Aconteceu normalmente, sem um momento que eu possa determinar. Esta frase escrevi na noite de ontem. Um dia depois, reconsidero-a. Acho, sim, que sei exatamente o instante em que me senti “escritora”. E

então terei de contar um caso. Eu tinha precisamente 11 anos e acabara de entrar no ginásio. Pré-adolescente, era aquela menina muito sensível e tímida ao extremo! A professora, única, que nos ensinava

tudo nas aulas do ensino básico, fora substituída por vários professores que ministravam, cada um deles,

uma única matéria. A professora de português, das mais competentes de Santos, tinha fama de severa, de brava, mesmo!

Uma das primeiras tarefas que nos passou como dever de casa, foi a narração “A morte do sabiá”, que ainda guardo com carinho, até hoje, porque me marcou muito e, pensando bem, foi minha primeira demonstração

de que tinha alguma tendência para escrever. E foi com muito carinho que derramei toda a minha

sensibilidade, sempre contida, na descrição da morte daquele sabiá! Entreguei a narração, confiante de que mereceria boa nota! Alguns dias depois, recebíamos de volta nossos trabalhos, com as correções necessárias

e a nota. - A máxima era o ambicionado 100. Quando ouvi meu nome, fui até a mesa da mestra, acalentando a esperança de ter conseguido boa nota. Decepção absoluta!

A mestra entregou-me o trabalho. A nota 60, em vermelho, feriu-me os olhos e as palavras ríspidas da professora: “Isto foi feito com a mão do gato!” atingiram em cheio meu coração e acabaram com minhas

primeiras e ainda inconscientes pretensões literárias.

Dali em diante, numa reação puramente infantil, ao escrever meus trabalhos, eu economizava palavras, na tentativa de que os textos não deixassem dúvidas de terem sido feitos por mim, uma criança ainda! Isto,

de certa forma, prejudicou bastante essa minha fase estudantil. Nunca fui reprovada, mas não fui boa aluna, pois, a mesma coisa veio a acontecer com o Desenho, outra de minhas atividades preferidas. Descobri que

não ganhava boa nota, porque meu professor pensava que eu “colava” meus desenhos. Esse dois casos me

desestruturaram, bastante, embora, no segundo, a minha reação já se mostrasse mais madura. Eu teria

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então uns 14 anos. Quando notei a desconfiança do professor, passei a entregar meus desenhos no tamanho

exigido, segundo o modelo (caderno Fachini) e, por minha conta, fazia outro, ampliado. Comprei outros

cadernos Fachini com modelos de mãos e rosto, que não faziam parte do currículo, por serem mais difíceis. E, mostrando-os ao mestre, consegui que o meu querido professor, enfim, valorizasse a sua aluna! Esses dois

episódios, entretanto, influenciaram negativamente na minha auto-estima. Fui uma aluna sem brilho no meu tempo de ginásio.

A professora brava, que não acreditara em mim, tornou-se, posteriormente, muito minha amiga e grande incentivadora de minha poesia. Devo a ela, indiscutivelmente, o que sei da língua portuguesa. E o fato

de ter julgado que aquela narração não poderia ter sido feita por uma criança da minha idade, pensando

bem, foi um elogio e tanto! Hoje, considero esse incidente, como o primeiro prêmio literário que, nos meus tenros onze anos,

conquistei, embora, na época, muito me fizesse sofrer! Já no Secretariado, sem censuras, passei a escrever com muito mais desenvoltura, conquistando sempre as melhores notas, o mesmo acontecendo na Escola

Normal, o que desenvolveu em definitivo, meu gosto pela linguagem escrita.

7 – Teve a influência de alguém, para começar a escrever?

CR - Acredito que, na adolescência, meu primeiro e único namoradinho, que gostava muito de poesia e, de vez em quando, enquanto passeávamos pelos jardins da praia, declamava versos de Bilac, Menotti, e outros,

com certeza, deve ter despertado meu interesse pelas rimas. Daí em diante, foi por minha conta.

8 – Tem Home Page própria? ( não são consideradas outras que simplesmente tenham trabalhos seus)

CR – Já tive Home Page, com foto, poesias, um conto premiado em Portugal, Trovas etc. Mas, como dependia de outros para alimentá-la, acabei por perdê-la.

9 – Você encontra muitas dificuldades em viver de literatura , em um país que está bem longe de ser

um apreciador de livros?

CR – Bem, não encontro essa dificuldade, porque nunca pensei em “viver de literatura”.

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Creio que a habilidade para escrever, prosa ou poesia, é quase um dom. Um dom que Deus oferece

gratuitamente e que pode permanecer enrustido e morrer embrionário, ou sendo cultivado, vir a florescer em

qualquer fase da vida. Poesia pode ser fuga, sublimação, passatempo, mas nunca profissão. Claro, que em tudo há exceções, neste caso, raríssimas! O poeta, simplesmente, nasce Poeta! O instante em que a Poesia

passa a ser o seu meio de expressão, exigindo constante aprimoramento, pode acontecer em qualquer tempo. O mesmo se dá com o escritor e os artistas em geral. Entretanto, viver de literatura é muito difícil. Mas há

uma “remuneração”, polpuda, que o artista aspira e, quando chega, o gratifica plenamente! È quando sente que a sua mensagem foi entendida e encontrou ressonância na sensibilidade de alguém. Uma glória!

SEUS TEXTOS E PRÊMIOS

10 – Como começou a tomar gosto pela escrita? CR – Sempre lutando contra meu natural retraimento, que me levava mais a ouvir do que falar, fui me

abrindo para a poesia e acumulando versos em cadernos, fechados em gavetas. O primeiro prêmio

conquistado me obrigou a dar um passo a frente. Ao ver meu primeiro poema publicado na imprensa, enviado, sem que eu soubesse, por um amigo que me pedira um poema para suas filhas, quase morri de

vergonha, pois me senti como que se minha alma fora desnudada em público! Mas essa primeira reação foi sendo substituída pela sensação gostosa de saber que meus versos eram bem acolhidos por gente que eu

nem conhecia e ganhavam elogios que me surpreendiam! Em consequência, fui saindo aos poucos do casulo. Quando me voltei para os Concursos, foi como que um desafio à minha insegurança. Mais uma tentativa de

auto-afirmação! As vitórias, de certa forma, provavam-me que eu realmente estava apta a fazer o que fazia!

Então, promovi um encontro comigo mesma e decidi: Se este é o caminho que eu quero seguir, só há uma solução – ou me venço, ou serei vencida! E foi assim que, aos poucos, deixei de corar como uma adolescente,

cada vez que via uma poesia minha publicada num jornal ou revista. E, o que era melhor, agora enviada por mim! Tomei gosto!

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11 – Você possui livros? Se sim, em que você se inspirou em seus livros?

CR – Publiquei meus primeiros livros em 1969. “ Sempre”, chamou-se o primeiro e reunia as poesias feitas

até ali. ( antes de vir a público, foi agraciado com o “Prêmio de Melhor Obra Inédita”, outorgado pela UBE.) “Espanha”, foi o segundo. Uma verdadeira ousadia, pois escrevi um poema épico em que viajei pela terra de

meu pai, descrevendo muito de sua história e geografia, de ponta a ponta, sem ter saído de minha casa e sem conhecer o país de Cervantes. Fui convidada a ler meu Poema no Instituto de Estudos Hispânicos e, como de

início eu me desculpara, pedindo que me perdoassem erros e omissões, já que eu não conhecia a Espanha, ao final da minha leitura, um senhor veio cumprimentar-me dizendo: “Não acredito que a senhora não tenha

estado na Espanha! Eu cheguei de lá agora, e descreveu minha viagem inteirinha!”

Este livro, escrito apenas com estudo e coração, foi um presente a meu pai, que de lá veio com nove anos de idade e morreu sem lá voltar, apesar de minha insistência. Anos depois do falecimento dele, estive na

Espanha, quase que com remorsos, por estar vendo o que ele nunca vira. O livro já está com a 2ª edição esgotada, se tiver tempo, tentarei uma 3ª.

O terceiro livro, foi de trovas, “Cantigas feitas de Sonho”.

Vieram a seguir, algumas Biografias. Falarei sobre elas quando der resposta à pergunta de nº 14. “Trovas que Cantam por Mim” foi lançado em 1968. Pretendo fazer um livro de trovas juntando este dois

primeiros livros e anexando mais umas 300. Não é muito, devo ter em estoque pelo menos umas três mil trovas que poderiam ser aproveitáveis! É a minha contribuição ao Movimento.

“Interlúdio”, meu primeiro livro de contos. Gosto de escrever contos. Dá asas à imaginação e não atrapalha minhas tarefas domésticas. Planejo-os, trabalhando. Depois é só correr para o computador deixar

que fluam sem rascunhos. Tenho material para mais uns dois livros de contos. Assim aconteceu com “Feliz

Natal”. Escrevi, por algum tempo um ou dois contos natalinos, a cada fim de ano. O livro está esgotado, como os demais, e, se partir para uma segunda edição, será ela acrescida de, pelo menos, oito contos inéditos.

“Evocação”- livro escrito de parceria com Maria Edith Prata Real. É o levantamento histórico da “Associação das Ex-Alunas do Colégio “São José”. O meu querido Colégio São José!

“Um Amigo Especial” é livro de ficção. Era para ser leitura para crianças, tanto que, nele, passo alguns

conceitos de maneira bem accessível ao alcance da gente miúda. Mas, o livro evoluiu em conteúdo, na

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linguagem também, e os adultos é que mais o aplaudem. Assim, achei melhor endereça-lo com as palavras

que deixei na primeira página: ...” para jovens de qualquer idade.”

Neste findo 2010, veio à luz “Liberdade...Sonho de Todos!”, que nasceu da necessidade, urgente, de conquistar um pouco mais de tempo e liberdade para fazer, dentro da morosidade desejada, a revisão do meu

próximo, e, quem sabe, derradeiro livro, “Destino”. Separei tudo o que tinha à mão e que falasse de liberdade, em prosa, verso ou trova e disse ao meu editor, (marido): - “ Pronto! Edita este. Mas, agora, quero liberdade

para cuidar do meu “Destino”! (que até hoje, por conta da tal reforma ortográfica, ainda não saiu de minha mão!!)

12 – Como definiria seu estilo literário? CR – Na poesia, meu estilo é, preferencialmente, acadêmico. Faço, com menos frequência, poesia sem métrica

e rima. Evito dizer poesia livre, porque me sinto perfeitamente liberta, dentro dos cânones acadêmicos, tradicionais, ou clássicos. A rima e a métrica, longe de me prenderem, me ajudam a voar.

Na prosa, procuro escrever certo o que quero dizer. E ser clara. E ser simples. Será isto um estilo?

13 – Dentre os livros escritos por você, qual lhe chamou mais atenção? E por quê?

CR – Aquele que mais me preocupou, digamos assim, foi, sem dúvida, “Príncipe da Trova”. Levei quase vinte anos para terminá-lo! Comecei-o e parei por circunstâncias que explico nas primeiras páginas. Foi um livro

difícil de ser escrito, em tudo e por tudo, mas era um livro que precisava ser escrito.

14 – Você publicou algumas biografias. Separadamente, como pessoa e como poeta, qual a importância

para si de Ribeiro Couto? E Paulo Setúbal? E Luiz Otávio? CR – Rui Ribeiro Couto, é nome internacional, consagrado, de poeta, escritor, embaixador etc e que, além de

tudo, de um santista. Como se não bastasse, Ribeiro Couto é o Patrono da Cadeira nº 30, que tenho a honra de ocupar na Academia Santista de Letras. Logo, biografá-lo era para mim um dever, por sinal,

agradabilíssimo!

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“Paulo Setúbal – Uma Vida –Uma Obra” - co-autoria de Cláudio de Cápua e Carolina Ramos, aconteceu

em virtude de um Concurso. O tempo era escasso. O livro ficou pronto em praticamente quinze dias. Faço

questão de dizer que o mérito da pesquisa deve-se inteiramente a meu marido. Havia um prêmio polpudo em dinheiro, e também a promessa de publicação da obra vencedora. Conquistamos o 2º lugar e fomos

cumprimentados pelo primeiro colocado. Editamos o livro por nossa conta. Escrevi mais duas biografias.”Saga de uma Vida” – biografia de um médico amigo, Presidente de Honra

do IHGS, dr. Raul Ribeiro Flórido, que, depois de lê-la, me disse: “Obrigado, Carolina, agora posso morrer tranquilo.”

Esta é a tal “remuneração” que tanto gratifica a quem escreve!

Dr. Florido faleceu um ano depois, aos 91 anos de idade. Foi ele que, quando presidente, cedeu uma sala no IHGS, para instalação da sede da UBT/Santos.

Quanto à pergunta sobre nosso saudoso Luiz Otávio, que mais poderei dizer? Não fujo à pergunta: Qual a importância de Luiz Otávio para mim? Mesmo porque, todos os interessados no assunto, conhecem a

resposta. E ela está inteira e detalhada no meu livro “Príncipe da Trova”, que precisava ser escrito, porque a

verdade estava sendo maldosamente explorada e deturpada. Respondo à pergunta com outra, embora não seja isto elegante.

Quem poderá avaliar que importância poderá ter para alguém, um outro alguém que, na última década de sua vida, lhe ensinou o que é viver, o que é ternura e com quem descobriu o grande e verdadeiro Amor?!

Ninguém! A menos que tenha vivido uma situação semelhante! Digo isto, sem constrangimentos, porque, hoje, tenho ao meu lado, alguém, também muito amado e

com compreensão suficiente para não coibir a minha sinceridade. Mesmo porque, foi ele, Cláudio, hoje meu

marido, quem, com aquela magnanimidade que talvez eu não tivesse, me incentivou a levar a cabo a biografia de Luiz Otávio, que, após o nosso casamento, por respeito a ele, eu interrompera. E foi ele, também, quem me

estimulou e não embargou minha decisão de só recomeçar a escrever, se pudesse ignorar a sua presença em minha vida, para poder escrever com transparência e absoluta sinceridade o que tinha a dizer. Não fosse

assim, eu estaria completamente tolhida e não poderia ter escrito com a abertura de alma, com que escrevi

aquela biografia do nosso Príncipe, da qual sempre me orgulharei de ter participado.

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15 – Que acha dos seus textos: O que representam para si? E para os seus leitores?

CR – Pergunta difícil! Meus textos... são meus textos! Gosto deles, ou os rasgaria! Sou exigente. Leio, releio, corrijo e, não raro, volto atrás. Faço por eles, tudo o que se faz para tentar educar um filho. Toda mãe quer

chegar à perfeição. Busca mas, nem sempre consegue. Afinal, perfeito, só Deus! O que posso dizer, é que as opiniões dos meus leitores e amigos têm sido sempre bastante magnânimas e estimulantes. Creio na

sinceridade deles, tanto como gosto que creiam na minha. E entre essas avaliações tenho palavras preciosas e bastante alentadoras de vozes muito importantes para nossas letras, como: Guilherme de Almeida,

Cassiano Ricardo, Câmara Cascudo, Fernando Jorge, Menotti Del Picchia, Moacyr Scliar, Salomão Jorge,

Paulo Bomfim, e muitos outros. Palavras que me dão confiança e me incitam a continuar.

16 – Qual a sua opinião a respeito da Internet? A seu ver, ela tem contribuído para a difusão do seu trabalho?

CR – A Internet é um meio fantástico de comunicação quase que instantânea! A troca de pps fascina! Mas,

apesar do seu poder encantador de fazer novos amigos, ela também nos coloca frente a um sério problema! Se não nos disciplinarmos (o que ainda não consegui), ela nos engole! Engole o nosso tempo, compete com os

nossos horários, interfere nos compromissos, furta horas de sono e também os momentos reservados à leitura. E chega a perturbar nossas atividades literárias! Enfim, separa interesses e até casais! Estou

chegando ao limite, preciso me reorganizar. A Internet poderia me ajudar muito na divulgação de meus trabalhos, mas ainda sou bastante inábil e,

às vezes, preguiçosa.

17 – Tem prêmios literários?

CR – Dessa pergunta me esquivo sempre. Mas, como esta entrevista já virou autobiografia não posso deixar de ser sincera, embora possa parecer vaidosa, o que realmente não sou. Tenho prêmios, vários prêmios, no

Brasil e alguns no Exterior, de Contos, Poesias, Trovas e Crônicas. Não digo quantos, porque é mais fácil ver

um prêmio valorizado do que um número maior deles. Não posso deixar de dizer que, neste ano, por meu

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poema, Paz, fui agraciada com Diploma e Medalha de Mérito Internacional, em Nocera - Salerno, Itália. E em

dezembro, deveria estar em Mérida, já que estou entre os Vencedores dos Jogos Florais da Venezuela, mas,

infelizmente, não pude ir.

18 – Participa de Concursos Literários? Qual sua visão sobre eles? Acha que eles têm “marmelada”? CR – Concorrer é, para mim, um verdadeiro vício! Concorro como um desafio a mim mesma. Seria hipocrisia

dizer que não gosto de ganhar, mas, ganho e perco, sem questionamentos. Festejo uma vitória como se fora a primeira e a última! E consigo alegrar-me com a vitória dos meus irmãos! Não gosto é de preparar tudo e,

afinal, deixar passar o prazo, sem postar o envelope. E como isso acontece!

Quanto à pergunta se há “marmelada” em Concursos, digo, e espero estar certa, que não há! O que se ouve com relação a Concursos em que nomes dos Vencedores são repetidos, seria tão fácil de entender e

aceitar quando não predominam despeitos nem vaidades feridas! Comparemos: Num campo de futebol, quem são os que marcam mais gols? O mesmo desempenho repete-se nos mais diferentes jogos. Logo, é de se

esperar que os nomes de tais campeões estejam mais em evidência que os demais! Qual a solução para virar

o jogo? Só há uma: - Jogar com mais eficiência para suplantar os demais concorrentes! Enquanto isto não for conseguido, o certo é aplaudir, fraternalmente, a vitória dos ganhadores, sem críticas mesquinhas! Aí está o

verdadeiro prazer de concorrer! É preciso querer ganhar, quando se pode! Não apenas, quando se quer.

CRIAÇÃO LITERÁRIA

19 – Você precisa ter uma situação psicologicamente muito definida ou já chegou num ponto em que é

só fazer um “clic” e a musa/ou muso pinta de lá de dentro? Para se inspirar literariamente, precisa de algum ambiente especial?

CR – É muito bom que haja uma situação psicologicamente definida quando alguém se decida a escrever. Então, é só derramar a alma sobre a folha de papel, ou tela de computador, sem comprometimento algum. É

fazer um “clic” e deixar que os dedos captem o que o cérebro, a alma e o coração transmitem, numa espécie

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de coral afinado. Depois, é só burilar. Contudo, há os momentos de escrita, exigida, menos intimista sujeita a

cargos ou Concursos, que pedem maior concentração.

Quando escrevo por diletantismo, não preciso, não, de um ambiente especial para escrever. Sempre desejei um cantinho todo meu, privativo, mas nunca consegui tê-lo! Habituei-me a “escrever” em ônibus, na

direção de um carro, ou com crianças correndo em volta de mim, quando meus filhos eram ainda pequeninos. Escrevi sempre com a televisão ao meu lado, seguindo novela, e até só mentalmente, durante as

tarefas domésticas. E, se não tenho papel para anotar, acabo perdendo muita coisa que poderia aproveitar. Esta é a sina da mulher! Mulher tem que criar tempo para tudo! Porque, antes de ser escritora, artista ou lá o

que for, é apenas mulher e esse termo tem subdivisões prioritárias infinitas! Gosto de escrever com música!

Ela nunca me perturba, até me ajuda! Não sei viver distante dela!

20 – Você projeta os seus textos? Ou seja, você projeta a ação, você projeta o esquema narrativo antes? Como é que você concebe os textos?

CR – O único livro que projetei foi o Príncipe da Trova. Fui coletando dados, agregando-os cronologicamente e

desenvolvendo-os. Aliás, corrijo, as demais biografias também passaram por esse mesmo sistema. Quanto aos contos, poesias e trovas, obras de ficção, simplesmente acontecem. Já fiz um conto a partir de uma frase,

a maioria dos sonetos, baseados num fecho, e a maioria das trovas, sob temas dados, ou seja, estipulados por Concursos.

21 – Você acredita que para ser poeta ou trovadora basta somente exercitar a escrita ou vocação? Isto

é essencial?

CR – Tudo na vida precisa ser exercitado. Poesia é o que se pode chamar de dom, acho que já me referi a isto, mas a predisposição, para qualquer coisa, não é o bastante. Quem pretenda escrever e ser bem sucedido,

precisa conhecer muito bem a língua que vai usar. E aprimora-la sempre! È o seu instrumento de trabalho. É preciso saber manipulá-la bem, estuda-la sempre, para que a inspiração possa ganhar asas e voar alto! Mas é

preciso que se diga, que o poeta é poeta nato! Ao nascer, sua alma já vem carimbada! Se será bom ou mau

poeta, é o que se saberá depois. Independe de cultura. Ser poeta é um estado de alma, é um dom! Vemos

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coisas lindas, cheias de conteúdo poético, expressas em linguagem precária, por artistas praticamente sem

estudo, mas que têm a poesia dentro da alma e são poetas de fato! Como vemos, também, poesias elaboradas

por gente que notoriamente esbanja cultura e que gostaria de ser poeta mas, infelizmente, não o é!

22 – No processo de formação do escritor é preciso que ele leia porcaria? CR – Porcaria nunca fez bem a ninguém! Mas, eu, quando jovem, lia tudo o que me caia nas mãos, menos

coisas pornográficas que, automaticamente meu íntimo repelia. Acho que é por isso que até hoje não gosto das trovas licenciosas, que andam por aí. E que sempre repudiei, em particular, as “escabrosas”, que nunca

cheguei a ler e com as quais tentaram macular o Movimento Trovadoresco Brasileiro, canalizando um rio de

águas turvas para que desaguasse no nosso meio. O bom, mesmo, é ler boa literatura, vinda de onde vier, o que sempre ajuda a evoluir.

O ESCRITOR E A LITERATURA

23 – Mas existe uma constelação de escritores que nos é desconhecida. Para nós, a quem chega apenas o que a mídia divulga, que autores são importantes descobrir?

CR – Não gosto de citar nomes. Digo apenas que os autores que deveriam ser descobertos são aqueles que escrevem porque sentem prazer de escrever, sabendo dizer o que pretendem dizer. Esse ato de enxugar a

alma numa folha de papel, realiza o anseio, incontido, de comunicação que nasceu com eles e que com eles morrerá, quer lhes dê, ou não, notoriedade ou sequer acolhimento público. Infelizmente, estes poetas ou

escritores, são os que mais dificuldade têm de sair da gaveta, das rodinhas de amigos, das tertúlias íntimas e

nem sempre chegam à mídia! O que lhes importa, mesmo, é exteriorizar as coisas que a alma dita e que morreriam sem vez, se a palavra escrita não lhes servisse de veículo para trazê-las à luz. Basta-lhes satisfazer

a necessidade íntima de comunicação com seu próprio ego. E quanto talento se perde! E. em todas as áreas, quantos ensinamentos úteis vão morrendo embutidos, sem jamais chegar até aqueles a quem, talvez,

pudessem ajudar ou tão-somente deleitar!

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24 – Na sua opinião, que livro ou livros da literatura portuguesa deveriam ser leitura obrigatória?

CR - Ainda uma vez, evito citar nomes. Acho que, para quem quer ter uma visão o quanto possível ampla, da

literatura luso-brasileira, deve começar lendo os clássicos da literatura tanto portuguesa como brasileira, tanto na prosa como na poesia Daí para a frente, o seu passeio pelas estantes vai se impondo de acordo com

a evolução das fases que se sucedem, através de diferentes autores, até chegar aos ditos tempos modernos, com seus voos e quedas, com seu realismo, suas extravagâncias, hermetismos e crueza de linguagem que,

não raro, nos impelem a procurar matar saudades das leituras mais amenas, que deleitaram nossa juventude, principalmente na área da poesia.

25 – Qual o papel do escritor na sociedade? CR – A obra do escritor não tem fronteiras. Não há limites que cerceiem a sua criação, e, muito menos,

cronológicos. Mas o escritor não é imune às influências do meio e da época em que vive. Seus escritos bebem a água da inspiração, na fonte que corre perto de seus pés. A voz do escritor incorpora a voz do seu tempo e,

automaticamente, através do que escreve, passa a interagir, de acordo, ou não, com a vida que rola à sua

volta, e até mesmo contra suas próprias convicções, segundo as exigências da personagem criada. Note-se, que há, sempre, escritores e poetas envolvidos nas grandes causas que o cercam e que acabam por marcar

suas existências. É por isso, que podemos afirmar que poetas e escritores, em qualquer tempo ou lugar, são quase sempre ativistas sociais e arautos dos grandes acontecimentos que marcam o seu tempo.

26 – Há lugar para a poesia em nossos tempos?

CR – Logo que me iniciei na poesia, recebi um artigo de um poeta de São Paulo intitulado “A Poesia

morreu!...” Arrepiei-me e dei-lhe resposta, escrevendo um outro artigo provando que a poesia ainda estava viva e que nunca morreria, porque o mundo precisava dela! Perdi esse artigo, que também foi para os jornais.

Mas a minha opinião continua a mesma! Hoje, os tempos são outros, mais agressivos mais duros, mais frios...simplesmente mais, em tudo o que é mau! E, por isso mesmo, também mais do que nunca, o mundo

precisa de ternura, de amor, de congraçamento, de fraternidade, de suavidade e de beleza – em suma, cada

vez mais, o mundo precisa de Poesia! E há lugar para ela em nossos tempos?! Há sim... é empurrar o

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materialismo daqui, os excessos de vaidades dali, as prepotências, os ódios e outros tantos defeitos inerentes

ao homem e então veremos que sempre há de sobrar um lugarzinho discreto para que a rosa da poesia se

instale, desabroche e esparja seu inefável perfume. Perfume que atrai corações e une as almas! E estejamos certos, de que, quanto mais rudes e maus os tempos se tornarem, mais a poesia há de se manter

indispensável!

UBT

27 – Pertencer à UBT muda o que em sua vida?

CR – Tudo! A UBT (União Brasileira de Trovadores) promoveu uma verdadeira revolução em minha vida! Filha única, eu tinha uma enorme carência de irmãos! Canalizei todo esse amor para meus filhos. Mas faltava

ainda aquele afeto diferente, fraterno, da palavra amiga e dos sonhos divididos com igualdade. E, de uma hora para outra, ou seja, de 1960 em diante, quando entrei no turbilhão da Trova, através do GBT, (Grêmio

Brasileiro de Trovadores) logo transformado em UBT, ganhei uma enxurrada de Irmãos e Irmãs, acolhidos por

meu coração com um carinho deslumbrado, que talvez nenhum deles consiga jamais aquilatar! Foi uma glória para mim, encontrar gente amiga, que sonhava, pensava, sentia e se expressava poeticamente, da

mesma forma que eu! E esse fascinante diletantismo de concorrer a concursos e conquistar prêmios,( ou não), passou a ser meu hobby predileto, porque me facultava a proximidade desses Irmãos e Irmãs que as

artérias da Trova canalizaram para mim.

28 – O que é para a mulher atrás da trovadora pertencer à UBT?

CR – Quem indaga bem sabe que a pergunta é delicada. Não a contorno. A mulher atrás da trovadora, era a mulher sofrida que ninguém desconfiava que fosse. O casamento, à beira de um despenhadeiro!

Incompatibilidade total! Dizer que a Poesia, em particular a Trova, foram uma fuga é quase ofendê-las, mas, ninguém pode fugir à verdade! Busco imagem melhor. Tanto a Poesia como a Trova foram aquela janela que

consegui abrir para que o sol chegasse a mim e afastasse o inverno prematuro, que avançava e me envolvia

cada vez mais! A UBT foi a mão amiga que destravou essa janela!

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29 - Comente sobre algum fato curioso ou engraçado que tenha ocorrido em algum Concurso de

Trovas. CR - Há muitos fatos curiosos! Vejamos um, acontecido em Cambuquira, creio que em 1969. O tema do

Concurso era Fonte. Eu tinha uma trova premiada, esta:

Sussurrando, com ternura, prova a fonte, sem revolta,

como é possível ser pura,

mesmo tendo lama em volta!

Mas, ao ser-me entregue o livreto do Concurso, vi que meu nome não aparecia e minha trova fora publicada com o nome de outro autor. O promotor do Concurso desculpou-se muito, prometendo-me corrigir o erro em

sua Coluna de Trovas, num jornal local. Tranquilizei-o, dizendo-lhe que não se preocupasse, essas coisas

aconteciam com frequência. Uma semana depois, recebo, em minha casa, o referido jornal e o desconsolo do promotor que me dizia consternado: - “ Veja só, Carolina, o que fizeram com sua Trova!” E lá estava minha

pobre trova, com o verbo sussurrando completamente deturpado, ou seja: Surrando com ternura,

prova a fonte, sem revolta... etc

“ – Mas, eu vou corrigir, Carolina, pode deixar”, completava o articulista.

Passa-se mais uma semana, e chega novo exemplar do jornal de Cambuquira, com esta calamidade:

Urrando com ternura, prova a fonte, sem revolta etc

Vinha junto, um recadinho desconsolado, escrito de próprio punho, que me fez rir um bocado:

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“- Mil perdões, Carolina! Desisto!”

Daí em diante, prometi a mim mesma, que nunca mais usaria esse perigoso verbo, sussurrar, em trabalho

algum!

30 – O que é a Trova para você como trovadora? CR – Eu vinha dos sonetos e dos poemas de muitas estrofes.. Meu primeiro livro de poesias, de nome,

“Sempre”, é uma prova disto. A Trova me disciplinou, impondo-me a síntese. Tenho um ou outro soneto cuja base é uma trova e tenho trovas que desenvolvi em sonetos.

E percebo que, tudo o que há de mais substancial, está nos quatro versos de sete sílabas da trova. O mais,

que tece a trama ampla do soneto, mesmo sem ser supérfluo, é rendilhado decorativo.

A PESSOA POR TRÁS DA ESCRITORA

31 - O que a choca hoje em dia?

CR - Muita coisa me choca, hoje em dia! A insinceridade, as injustiças, os desmandos políticos, a corrupção,

a falta de caráter; o poder dissociado da responsabilidade, os rumos da educação e da saúde, a paternidade irresponsável, a exploração das crianças, o descalabro e propagação do poder nocivo das drogas, a falta de

respeito para com os idosos; a sexualidade exacerbada e precoce dos jovens e consequente banalização do amor; a ausência de uma religião, a falta de fé e do amor a Deus, o desamor à vida e a facilidade com que se

trama uma guerra! Mas, é melhor parar por aqui, ou a lista ficará por demais extensa!

32 – O que mais lê hoje?

CR – Para ser bastante sincera, devo dizer que hoje mais escrevo do que leio. Mesmo assim, leio tudo o que me cai em mãos, ou dois ou três livros ao mesmo tempo, sem mais aquele estoicismo, inicial, de ir até a

última página, mesmo não sendo a leitura do meu total agrado. Recebo muitos livros e não lhes dou resposta sem lê-los. Isto toma tempo! Assim, tenho que dividir minhas horas, inclusive de sono, entre encargos

domésticos e sociais, o fascínio do computador e os momentos repousantes que um livro, de livre escolha,

possa me oferecer.

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33 – Você possui algum projeto que pretende ainda desenvolver?

CR - Nunca deixei de escrever, mesmo ocupada com outros afazeres, cargos etc, mas, dormi no tempo, trabalhando para entidades e acumulando trabalhos meus que poderiam estar publicados. Assim, minha

meta atual é colocar em dia os livros que praticamente estão prontos, dependentes de seleção e revisão. Quanto a projetos, gostaria, se Deus me desse algum tempo mais, de terminar e levar a público meu livro,

“Canta, sabiá!” de prosa e poesias baseadas em temas folclóricos. E gostaria também de voltar a pintar e frequentar algumas aulas de teclado, já que dei meu piano à minha neta e sinto falta dele, pois não sei viver

sem música! Penso, também de voltar a dedicar-me a obras sociais. Mas, a saúde e a vontade de Deus

decidirão. Tudo está no terreno das veleidades, que nem chegam a ser sonho!

34 – De que forma você vê a cultura popular nos tempos atuais de globalização? CR – Precária! Só aquele que ainda é capaz de sonhar, se interessa pela cultura. Nosso povo é ingenuamente

criativo, é sonhador por natureza, gosta de arte, mas a luta entre o “feijão e o sonho” continua cada vez mais

árdua! E qualquer ajuda oficial, na hora do aperto, os primeiros cortes vão para a área da cultura. Isto poda as asas dos artistas e os seus voos só podem ser rasteiros. Mesmo assim, o brasileiro canta, toca, compõe,

modela, cria e o quanto possível sonha, porque aquele que nasce artista sempre encontra um meio de dar vaza às suas tendências, buscando inspiração mesmo dentro da rústica precariedade que o cerca. E é assim

que vão se multiplicando gerações de cantadores, cordelistas, violeiros, artesãos e pintores, que enfeitam, com a ingenuidade da sua arte, a cultura popular deste nosso Brasil.

CONSELHOS PARA OS ESCRITORES

35 – Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever? CR - Quem sou eu para dar conselhos?! Tentarei. Quando alguém pretenda começar a escrever, deve

preocupar-se, a priori, com o manejo da língua pátria. Estudar, estudar muito! Estudar a vida inteira, para

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errar o quanto menos possível! Quem quer tocar um instrumento estuda o seu manejo. Pratica! E assim

acontece em qualquer área.

O computador, a máquina de escrever, a caneta, o lápis, são meios utilizados na grafia das palavras, mas, o instrumento propriamente dito do escritor, é o seu idioma.

Antes de dedicar-se à escrita, portanto estude e leia. A leitura ajuda muito! Deve ser uma espécie de hábito compulsivo. A receita é ler, ler e ler sempre, autores nacionais e também, estrangeiros. Quando se

sentir seguro, então escreva. A princípio, para si mesmo, com sinceridade, fluência como se só você fosse ler o que deixar no papel. Aceite, com humildade as ponderações dos que procurarem ajuda-lo e não se deixe

abater por possíveis críticas acerbas e não construtivas, capazes de desestimula-lo.

E acredite que, se escrever lhe agrada de fato, o texto concebido há de ser sempre o seu maior prêmio! Isto é o que eu diria, com toda a sinceridade aos que se iniciam no caminho das Letras.

36 – O que é preciso para ser um bom poeta ou trovador?

CR – 1) - Ter alma e coração, ou seja sensibilidade. E também certa predisposição poética, que já nasce com

ele e com ele deverá crescer. 2) – Amar a Trova, conhecer e estudar, a fundo, a sua técnica e requisitos principais.

3) – No que se refere a atitudes: - Quem pretenda tornar-se um “bom” trovador, deve entrar no Universo da Trova, para somar e não para dividir! Para respeitar, e ser respeitado! Enfim, para fazer amigos, evitando

ferir e criar opositores. Indispensáveis, também, trazer consigo alguma humildade, espírito fraterno e isenção de vaidades excessivas. Ninguém poderá vencer sempre, mesmo sendo um bom trovador! E como é feliz

quem, sem maledicências, consegue alegrar-se com a vitória dos demais! Aquele que é capaz de crescer e

evoluir graças aos seus esforços e principalmente do seu talento inato, tarde ou cedo, há de ser um autêntico trovador, de valor reconhecido e querido por todos! Sua atuação só poderá engrandecer o tão bonito e atuante

Movimento Trovadoresco, que avança a passos largos e tantos momentos felizes proporciona aos seus seguidores!

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37 - Gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Outros trabalhos culturais, opiniões, críticas etc...

CR - Já me alonguei demasiado. Abusaria um pouco mais, citando os meus livros publicados. São eles:

Sempre (Poesia); Cantigas feitas de Sonho (trovas); Espanha (poema épico 2ª ed.); Rui Ribeiro Couto- Vida e Obra (biog); Trovas que Cantam por Mim; Interlúdio (Contos); Paulo Setúbal –Uma Vida/Uma Obra (biog.

parceria com Cláudio de Cápua); Feliz Natal ( contos natalinos); Evocação (parc. c/ Edith Prata Real); Príncipe da Trova (biog); Saga de uma Vida (biog.); Um Amigo Especial (ficção para juventude) Liberdade - Sonho de

todos (prosa e poesia), Destino (poesias) Livros Inéditos: Contos ; Mosaicos (trovas); Canta , Sabiá! (folclore)

38 – Se Deus parasse na sua frente e lhe concedesse três desejos, quais seriam? CR- Em termos globais: - PAZ, JUSTIÇA E AMOR. Urgentemente!!!

Fontes: http://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult016.htm Instituto Histórico e Geográfico de Santos. http://www.ihgs.com.br/ Pavilhao Literario Singrando Horizontes http://singrandohorizontes.blogspot.com.br/2011/01/carolina-ramos-escritora-atras-da.html

Adeus, filho, segue a vida...

Volta um dia, sem promessa...

que a primeira despedida no ventre da mãe começa!

A grande, a maior vitória

que até hoje consegui, foi remover da memória

as batalhas que perdi.

Alforriada, ela passa

gingando frente ao feitor

e o dengo de sua raça faz dele escravo do amor!

Alforria... e a voz dos bravos

se erga, potente, entre as massas, negando criar escravos

de um ódio cruel entre raças.

Alforria... ela desperta

tendo ao rosto um novo brilho,

não lhe importa estar liberta, mas, ver liberto o seu filho!

Alforria... que mentira!

pensa o negro velho a rir... - seu braço tanto servira,

que apenas crê no servir...

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A liberdade germina

quando um povo pulsa e anseia,

qual semente pequenina que rasga o solo e se alteia!

A lua beija a favela...

A estrela no céu reluz... - Meu bem, apaga essa vela,

o amor não quer tanta luz!...

Angústia, imensa, dorida,

pior que a dor de morrer, é não ter apego à vida

e ser forçado a viver…

Ante a força intransigente,

para o caos a paz resvala... - Deus, deste alma a tanta gente

que nem sabe como usá-la!

Ante a lua, o mar se alteia,

tenta alcança-la na altura, mas é nos braços da areia,

que encontra a paz que procura!...

Ante os dilemas da vida,

embora ilusões destrua,

à mentira bem vestida, prefiro a verdade nua!

A pele negra retrata

a dor de uma triste saga, pois o estigma d chibata

nem mesmo a alforria apaga!

A penumbra da saudade

torna os meus dias tristonhos e eu bendigo a claridade

das estrelas dos meus sonhos!

As bandeiras desfraldadas..,

O povo em vai-vem nas ruas... e as esperanças sonhadas

são minhas... e também tuas!

A sós, na penumbra doce...

Neste agora sem depois, é como se o mundo fosse

um mundo só de nós dois!...

A verdadeira alforria

é aquela que estende as mãos,

unindo em plena harmonia branco e negro, como irmãos.

Bendigo o dom da poesia:

- num mundo de tais perigos, deu-me a serena alegria

de achar um mundo de amigos!

Bichinho cheio de manha,

terno e manso quando quer; mas, zangado, morde e arranha:

- É gato? - Não... é mulher!

Boneca sem cor, partida...

uma bola abandonada... - Saudade mostrando à vida

quanto vale um quase nada!

Buscá-la cansa, é verdade...

mas a vida nos ensina: - Se queres felicidade,

olha a seta...só lá em cima!

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Choram as mães... Alforria!

e os negrinhos, assustados,

não sabem que uma alegria também faz olhos molhados!

Como é fútil e tamanha

a soberba dos ateus... Seixos ao pé da montanha,

negando a montanha – Deus!

Como pode haver poesia

nos rumos da humanidade, se tarda tanto esse dia

da paz ser PAZ de verdade?

Creio num Ser superior,

num Deus-Pai e creio, sim, na eternidade do Amor

que nem a morte põe fim!

Das cores, qual a mais bela?

- "A negra" - diz o ceguinho... "pois, dentre todas, é aquela

que eu vejo no meu caminho."

Dessa cruel liberdade

de ofender, há quem abuse

a esquecer de que a verdade um dia talvez o acuse!

Deu a tantos seu carinho

que no enlace, em confusão, deu o sim para o padrinho

e o beijo no sacristão!

Ele chega de mansinho,

velho cão ressabiado... mas, se conquista um carinho,

nos dá carinho dobrado!

Ele mente e se arrebata

com tal veemência e desplante, que, se um besouro ele mata,

vira o besouro elefante!

Embora sozinha eu siga

e sigas também a sós, dentro do amor que nos liga

não há distância entre nós!

Enquanto a vida nos cansa,

o poeta, fugindo ao chão,

vai procurar a esperança entre as nuvens de algodão!

É possível que aconteça:

Seja folclore ou novela, tanta gente sem cabeça...

por que não mula... sem ela?

Esse que vive algemado

às paixões, odiando a esmo, mesmo sendo alforriado,

segue escravo de si mesmo!

Esta penumbra... Este frio,

este agora sem porquê... Este silêncio vazio

é o meu mundo sem você!

Filho, a montanha da vida,

escala devagarinho, que há muita flor escondida

entre as pedras do caminho!

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Foi Mestre. Sábio! Hoje em dia,

na humildade e de olhos baços,

esquece a sabedoria e um tolo lhe guia os passos!

Guarda sempre esta mensagem

da própria vida que diz: - è feliz, quem tem coragem

de acreditar que é feliz!

Há contraste em nossas vidas

mas, perfeito é o desempenho: luz e sombra, quando unidas,

dão força e vida ao desenho…

Há vidas que se parecem

com as roseiras viçosas: quando podadas, mais crescem

e mais se cobrem de rosas!

Já velhinho, sonha ainda,

mantendo o brilho no olhar, que a juventude só finda,

quando é impossível sonhar!

Lembrando a ternura antiga,

minha saudade se exalta...

- Bendigo a penumbra amiga que me esconde a tua falta!

Liberdade de calar

todos têm, mas, cuida, pois, ser livre é poder falar

e seguir livre depois!

Liberdade, em termos sãos,

vale mais se, humildemente, podendo retê-la em mãos,

nós a damos de presente!

Liberdade é o grande anelo!

Na mansão, casebre ou ninho, é o cobiçado castelo

quer do rico ou pobrezinho!

Mente com tal propriedade,

que ao mentir jamais hesita e quando diz a verdade,

nem ele mesmo acredita.

Mesmo descendo a montanha,

não temo abismos do mundo;

- quando a Fé nos acompanha, pode haver flores no fundo!

Não prolongues a partida...

Vai... não olhes para atrás, dói bem mais a despedida,

quão mais longa ela se faz!

Não temas portas fechadas,

nem mesmo fracassos temas, há sempre forças guardadas

para as conquistas supremas.

Na penumbra, o berço é um templo,

ajoelho e em ternura enorme, entre rendas eu contemplo

meu pequeno deus que dorme!

Não se queixa de ser pobre,

quem, no seu modesto lar, trabalha e feliz descobre

que é livre para sonhar!

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Na vida, a luta não cessa

em prol do sonho e do pão

e a liberdade começa onde acaba a servidão!

Na vida, quanta maldade

não punida, se repete! E, em nome da liberdade,

quantos crimes se comete!

No amor o tempo se gasta

com medidas desiguais: se estás longe, ele se arrasta;

se perto, corre demais!

No claro-escuro da vida,

fusão de alegria e dor, a penumbra é colorida

se for penumbra de amor!

No Livro da Eternidade,

o herói a expirar, exangue, a História da Liberdade

escreve com o próprio sangue!

Nosso amor, quadras desfeitas,

de um poema sem achados...

Rimas tristes, imperfeitas, fechando versos quebrados!...

Nós somos duas tipóias,

somando forças escassas: - quando eu fracasso, me apóias,

te apoio, quando fracassas!...

O mar da vida parece

que, às vezes, quer me afogar, mas, Deus, que nunca me esquece,

atira a boia no mar!...

O mar, raivoso, se alteia,

como todos, quer a altura, mas, é nos braços da areia

que encontra a paz que procura.

O mundo é paisagem triste,

chora o rico e o pobre chora... - Meu Deus, se a ventura existe,

onde será que ela mora?!

Os ponteiros marcham lento,

mais um ano que se acaba

- pede PAZ meu pensamento, para um mundo que desaba!

Ouço teus passos serenos

e o meu abraço se expande, mas sinto os braços pequenos,

para ternura tão grande!

Para os que entregam ao nada

os sonhos que ontem sonharam, o orgulho é terra pisada

moldando os pés que a pisaram…

Passa o tempo... bem depressa...

a roubar o que nos deu, e, uma dúvida se expressa:

- passa o tempo... ou passo eu?!

Paz e Amor - eram Seus planos

e por eles deu a vida. - Mensagem que há dois mil anos

não foi ainda entendida!

Page 30: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

30

Pequenino grão latente, que brota e aos poucos se expande,

criança é humana semente, na conquista de ser grande.

Pobre pássaro!... é de crer

que a prisão não mais suporta

- e vale a pena viver se a liberdade está morta?!

Por te amar, tenho sofrido,

mas não me arrependo: Vem! - Quem ama as rosas, querido,

ama os espinhos também!

Preso ao tronco, em ais tristonhos,

geme o negro, sem alarde... - para quem não tem mais sonhos,

a alforria chegou tarde...

Quando a penumbra descia,

a nossa emoção vibrava, sonhando o que não dizia,

dizendo o que nem sonhava!...

Quem se agarra a uma quimera,

quem persegue uma utopia,

age como se soubera que sem sonhos... morreria!

Quem não sabe, quem não sente

que às vezes nos custa caro essa audácia de ser gente,

quando ser gente é tão raro?

Que o presente se reparta

com o passado, sem queixa... - A memória não descarta

o que a saudade não deixa!

Queres vencer? - Pensa bem

e não dês passos a esmo, ninguém pode ser alguém

sem conquistar a si mesmo.

Saltando apenas num pé,

negrinho, maroto e arteiro, o saci, nada mais é,

que o capeta brasileiro...

Se amigo é o que escuta a queixa,

seca o pranto e ajuda a rir,

mais amigo é o que não deixa sequer o pranto cair!

Se a ternura nos aquece

e um grande amor nos ampara, é quando a penumbra desce

que a vida fica mais clara!

Se eu sinto fugir a calma

e até viver me angustia, eu abro as janelas da alma

e deixo entrar a Poesia!

Segue em frente, com cuidados

que a prudência mal não faz e os bons passos, ontem dados,

dão mais força aos que hoje dás!..

Sempre acolho de mãos postas

e, humilde, tento aceitar o silêncio das respostas

que a vida não sabe dar!

Page 31: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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Ser livre é também saber

que a liberdade alcançada

faz parte do próprio ser e não se troca por nada!

Ser mau é fácil...insiste

em ser bom, sempre a lembrar: - bondade, às vezes, consiste

em ver, ouvir... e calar!...

Sofre e perdoa sem grito,

o mal que de alguém se emana, que há outro Alguém no Infinito,

maior que a maldade humana!

Sorrindo ao branco menino,

que o negro seio mordia, mãe preta cumpre o destino,

alheia à própria alforria.

Sussurrando com ternura,

prova a fonte, sem revolta, como é possível ser pura,

mesmo tendo lama em volt

Teu amor... tal força tinha,

que a saudade me conduz

e esta penumbra só minha

ainda é cheia de luz!

Vai-se um dia... Vai-se um mês...

E eu te imploro, sem revolta, se não regressas de vez,

esta noite, ao menos, volta!

Page 32: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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I Jogos Florais da Guanabara – 1965

LÍRICAS

1º lugar: CEZÁRIO BRANDI FILHO

(Juiz de Fora/MG) Quanta gente gostaria

de ter a vida da gente, sem saber que isso seria

trocar tristezas, somente.

2º lugar: PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) Mais bebo, mais me angustio,

tamanha é a dor que me invade. - Sou planta de beira-rio

numa enchente de saudade...

3º lugar: CAROLINA RAMOS

(Santos/SP)

Boneca sem cor, partida... uma bola abandonada...

- saudade, mostrando á vida, quanto vale um quase nada!

4º lugar:

ADALBERTO DUTRA DE REZENDE (Bandeirantes/PR)

Hoje, velhos, sem desejos, nossos beijos, na verdade,

são almas daqueles beijos trocados na mocidade!

5º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Seu coração, Mãe, um mundo de mágoas sei que contém,

que as minhas, todas, no fundo, são mágoas dele também.

6º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) Nós dois sozinhos no quarto!

Page 33: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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(Dizer que o mundo é bem feito!)

Tu, a sorrir, num retrato; eu, a sonhar, em meu leito...

7º lugar:

WALTER WAENY (Santos/SP)

Bem distante ela hoje vive, porém, se jamais foi minha,

levando os sonhos que tive, deixou a paz que eu não tinha.

8º lugar:

PEDRO GUEDES (Amparo/SP)

Nossa vida?... Pobre vida!...

Tanta esperança e, depois... Uma agonia chorando

no silêncio de nós dois.

9º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Vives, agora, com ele,

porém, desses beijos teus,

os que recebes - são dele,

e os que lhe negas - são meus.

10º lugar: CAROLINA RAMOS

(Santos/SP) Um adeus... sonho desfeito...

uma lágrima rolando... saudade a doer no peito,

e a vida continuando...

11º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Vivi só, anos a fio,

e que mudança, ao te amar!

- Eu tinha a calma do rio e tenho a angústia do mar!

12º lugar: CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO

(Petrópolis/RJ) Ele está mais desatento...

seu olhar nem fita o meu! Que pena meu pensamento

não poder seguir o seu!...

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13º lugar:

GERALDO PIMENTA DE MORAES (Pouso Alegre/MG)

Quando comigo dançou, tão embebido eu sonhava,

que quando a orquestra parou, minha alma ainda dançava...

14º lugar:

WALTER WAENY (Santos/SP)

As noites! Que gosto é vê-las, vendo vagar, tão risonhos,

neste céu cheio de estrelas, teus olhos cheios de sonhos!

15º lugar: OCTÁVIO BABO FILHO

(Guanabara) Dois destinos são iguais,

na proporção em que dois, sofrendo menos ou mais,

sofrerão juntos, depois.

16º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

A tarde, triste, desmaia... Um barco veleja, além...

Um nome escrito na praia... O mar chorando... e eu também...

17º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Bem chegadinha ao meu peito, ela perdão me pedia.

Desse modo, desse jeito, quem perdão não lhe daria?

18º lugar: ENO THEODORO WANKE

(Santos/SP) A chuva passou... E a rosa,

a linda rosa encarnada, mirou-se, bela e vaidosa,

no espelho da água parada!

Page 35: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

35

19º lugar:

DAVID DE ARAÚJO (Santos/SP)

Busco, no sono profundo do céu, os mundos risonhos,

por entender este mundo pequeno para os meus sonhos!

20º lugar:

FERNANDO BURLAMAQUI (Recife/PE)

A Saudade, com certeza, tem poderes encantados

que fazem doce a tristeza dos corações separados.

21º lugar: DAVID DE ARAÚJO

(Santos/SP) Todo encanto que há na terra,

minha filhinha traduz quando, entre risos, descerra

seus lindos olhos azuis!

22º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Meu coração preguiçoso bate tão devagarinho...

Ah! como é triste o repouso de um coração sem carinho!

23º lugar:

DAVID DE ARAÚJO (Santos/SP)

O beijo tão repentino, que me deste tão contente...

Ah, se eu não fosse um menino! Ah, se eu não fosse inocente!

24º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Segredo estranho é o que vemos

no meu viver e no teu: nem mesmo nós dois sabemos

se o nosso amor já morreu.

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36

25º lugar:

OCTÁVIO BABO FILHO (Guanabara)

Bem que procuro ser santo, mas não consigo, porque

eu encontro em cada canto alguém que lembra você!

26º lugar:

JOSÉ COELHO DE BABO (Nova Friburgo/RJ)

És tão meiga e delicada! E tens um perfil tão lindo,

que mesmo estando zangada, pareces estar sorrindo!

27º lugar: DAVID DE ARAÚJO

(Santos/SP) Se é pecado amar, querida,

quero, entre beijos e abraços, os meus pecados na vida,

pagar na cruz dos teus braços!

28º lugar:

CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO (Petrópolis/RJ)

Dorme a praia, acalentada pelos ternos madrigais,

dos beijos da madrugada nas folhas dos coqueirais!...

29º lugar:

DAVID DE ARAÚJO (Santos/SP)

És mãe... Enfim, sobre a terra, teu sonho se consolida.

Um lindo sonho que encerra os muitos sonhos da vida!

30º lugar: GERALDO PIMENTA DE MORAES

(Pouso Alegre/MG) Tudo aquilo que nós temos

não é tão belo e risonho... Melhor mesmo é o que queremos

sem jamais passar de sonho...

Page 37: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

37

31º lugar:

LAÍS COSTA DUARTE (Guanabara)

Perdi-a... mas, para vê-la, elevo os olhos, contrito.

Ó Mãe... és mais uma estrela a brilhar lá no infinito.

32º lugar:

ALFREDO DE CASTRO (Pouso Alegre/MG)

Ficar de bem é tão doce, tão gostoso, minha flor,

que a briga é como se fosse uma promessa de amor!

33º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Nosso nome ela gravou

num tronco. E, de nós, se diz: - Desse amor que não ficou,

há, nos três,a cicatriz...

34º lugar:

ENO THEODORO WANKE (Santos/SP)

Não há nada mais profundo, mais belo e comovedor,

nem maior poder no mundo, que um simples gesto de amor!

35º lugar:

WALTER WAENY (Santos/SP)

- "Que flor!" - eu dizia, outrora, num espontâneo louvor.

Porém, se te vejo agora, digo, apenas: - "Pobre flor!"

36º lugar: CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO

(Petrópolis/RJ) A praia... o mar... a distância...

e uma jangada perdida! A jangada é minha infância,

distante, no mar da vida!

Page 38: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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37º lugar:

CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO (Petrópolis/RJ)

Esqueço da própria vida quando vejo em meu regaço,

minha filha adormecida, vencida pelo cansaço.

38º lugar:

OCTÁVIO BABO FILHO (Guanabara)

Dentro da imensa tristeza que a minha alma sempre invade,

o que me mata é a certeza de não sentires saudade.

39º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Quando você me falava,

eu a escutava, risonho, e, nem por sonho, pensava

que tudo aquilo era um sonho!

40º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Voltaste, sim, é verdade. E que linda estás agora!

Voltaste... mas que saudade daquela moça de outrora!

FILOSÓFICAS:

1º lugar:

ORLANDO BRITO (Cruzeiro/SP)

Até num erro há nobreza se com teu pranto o reparas. - Mesmo a lama tem beleza

no fundo das águas claras...

2º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) A vida é uma eterna busca,

e todavia, meu bem, o bem que às vezes se busca,

não vale o que já se tem.

Page 39: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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3º lugar:

MARIA THEREZA CAVALHEIRO (São Paulo/SP)

Esconde o pranto depressa e finge que estás contente,

que aos outros não interessa saber as mágoas da gente!

4º lugar:

ADALBERTO DUTRA DE REZENDE (Bandeirantes/PR)

Como a sombra é muita gente que, em horas boas ou más,

ou nos vai fugindo à frente, ou nos vem seguindo atrás.

5º lugar: VERA MILWALD DE CARVALHO

(Caxambu/MG) Fere, às vezes, mais à gente,

do que a ofensa e a zombaria, um sorriso, simplesmente,

carregado de ironia...

6º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Destino não é somente a sina que Deus traçou.

Ninguém se esqueça que a gente colhe aquilo que plantou!

7º lugar:

JESY BARBOSA (Petrópolis/RJ)

Quanto mais ruge a maldade, freme e açoita a ingratidão,

mais o arbusto da Bondade espalha flores no chão...

8º lugar: ADALBERTO DUTRA DE REZENDE

(Bandeirantes/PR) A realidade nos dói

quando se inverte valores: - Põe-se a coroa de herói

na fronte dos traidores.

Page 40: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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9º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Não há sortes desiguais: - da vida o segredo está

em saber tirar o "mais" do 'menos' que ela nos dá!

10º lugar:

WALTER WAENY (Santos/SP)

Nesta vida triste e inquieta, tropeçando, às vezes, penso

que o caminho em linha reta é o caminho mais extenso...

11º lugar: JOSÉ FONSECA DUARTE

(Guanabara) "Amigo, não chores tanto,

homem precisa ter classe!" - É fácil secar o pranto,

quando ele cai noutra face!

12º lugar:

IVAN DIAS (Guanabara)

Há pessoas singulares que agem de modo incomum:

conselhos - dão aos milhares, exemplos - não dão nenhum...

13º lugar:

JACY PACHECO (Niterói/RJ)

A gente passa a existência travando sérias batalhas,

até ver que a experiência é uma sequência de falhas...

14º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Quem sua fé renegou

a fim de salvar a vida, sente que a vida ficou

sem razão de ser vivida.

Page 41: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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15º lugar:

WALTER WAENY (Santos/SP)

Quem tem talento e se esquece de usá-lo em favor do bem,

é um covarde: não merece ter o talento que tem.

16º lugar:

ADALBERTO DUTRA DE REZENDE (Bandeirantes/PR)

Se é muito triste viver sem ter nenhuma ilusão,

é bem mais triste morrer com sonhos no coração!

17º lugar: FRANCISCO ROSETI

(Petrópolis/RJ) A batalha que venci,

de valor mais elevado, foi aquela em que aprendi

a saber ser derrotado.

18º lugar:

CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO (Petrópolis/RJ)

Nem sempre o fim da batalha é aquele que desejamos;

pois a sorte é que embaralha as cartas com que jogamos.

19º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Ó caveira, eu não me iludo... - Em ti, vejo, retratada,

a imagem final de tudo, no simbolismo do nada!

20º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Quem vence o inimigo e então

tem, nas mãos, a sua sorte, não prova que tem razão:

prova, apenas, que é mais forte.

Page 42: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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21º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Ouvi de um monge a pregar, este provérbio cristão:

- Mais difícil que perdoar é ser justo no perdão!

22º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

O abismo do mar é imenso, mas o da alma é mais profundo,

pois neste cabe, ao que penso, todo o mal e o bem do mundo.

23º lugar: JOUBERT DE ARAÚJO SILVA

(Rio de Janeiro/Guanabara) Nesta humanidade louca

há muito falso cristão, que traz o perdão na boca

e o ódio no coração!

24º lugar:

MARIA THEREZA GUIMARÃES NORONHA (São Paulo/SP)

Para a vida desfrutares, não dês ouvido a presságios.

Não pode correr os mares quem tem medo de naufrágios...

25º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Neste mundo de trapaça, neste mundo interesseiro,

só desgraça vem de graça: - Tudo mais custa dinheiro...

26º lugar: DAVID DE ARAÚJO

(Santos/SP) Há pouca gente que adota

este conceito brilhante: mais vale altiva derrota,

que uma vitória humilhante.

Page 43: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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27º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Sem desviar-se da rota, sempre incerta no porvir,

procuro, em cada derrota, mais forças para seguir.

28º lugar:

DAVID DE ARAÚJO (Santos/SP)

Certas venturas, querida, são verdadeiros enganos:

alguns sorrisos na vida e pranto por muitos anos!

29º lugar: JOUBERT DE ARAÚJO SILVA

(Guanabara) Difícil é dar - percebo -

mas Deus sempre me ajudou... - Sou feliz quando recebo,

e mais feliz quando dou!

30º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Ela, a perdida dos becos, gargalha. Eu vejo, no entanto,

detrás de seus olhos secos, marejar pungente pranto.

31º lugar:

ARY DA COSTA (Guanabara)

Vai de graça, dou sem custo, o que de graça aprendi:

o julgador quando é justo, não julga os outros por si.

32º lugar: WALTER WAENY

(Santos/SP) Quem só luta com ardor

quando a vitória entreveja, não é tão bom lutador

quanto acredita que seja.

Page 44: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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33º lugar:

ALFREDO DE CASTRO (Pouso Alegre/MG)

Cogita-se a todo instante, ser importante, eis o tom.

Mas, se é bom ser importante, mais importante é ser bom.

34º lugar:

11º lugar: JOSÉ FONSECA DUARTE

(Guanabara) Sempre, lembrar o passado

pode ser útil à gente: - É vendo o que estava errado,

que se conserta o presente.

HUMORÍSTICAS:

1º lugar: JOUBERT DE ARAÚJO SILVA

(Guanabara) Pecadora de olhar terno,

neste mundo, andando ao léu, muitas almas para o inferno

mandou Maria do Céu!...

2º lugar: ANATOLE RAMOS

(Goiânia/GO) Por menos que eu as entenda,

sei que as mulheres bonitas, pra melhorar sua renda,

começam fazendo fitas...

3º lugar: JOUBERT DE ARAÚJO SILVA

(Guanabara) Se quiser proceder bem

quem briga alheia ajuíza, dê razão a quem não tem,

pois quem já tem, não precisa!...

4º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Tem tanta graça a Maria, e tais meneios no andar,

que até o vento assobia, maroto, ao vê-la passar!...

Page 45: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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5º lugar:

CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO (Petrópolis/RJ)

Tive tantos namorados... Tantos!... tantos!... que castigo!

Hoje estão todos casados, mas... nenhum deles comigo!

6º lugar:

ORLANDO BRITO (Cruzeiro/SP)

Amor à primeira vista? Nosso bolso anda tão raso,

que até mesmo uma conquista deve ser a longo prazo!

7º lugar: PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) Num canto do cemitério

jaz o corpo de Maria. O extraordinário, o mistério,

é que a laje esteja fria...

8º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Vendo-a sorrir, quando passa, lamento não ser solteiro...

Pois ela é cheia de graça e o pai... cheio de dinheiro!

9º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Neste mundo interessante há muito doutor de beca,

que em vez de mente brilhante, tem o brilho na careca.

10º lugar: PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) "Perdão! - diz ela, acanhada -

foi essa casca no chão..." E eu penso: - Em mim agarrada,

e ainda pede perdão...

Page 46: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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11º lugar:

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA (Guanabara)

Toda a desgraça do Alfredo, - que se encontra na prisão -

foi descobrir um segredo: o do cofre do patrão!

12º lugar:

CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO (Petrópolis/RJ)

Quem a vê assim, perfeita, cheia de víço e tão bela,

não diz que a mulher foi feita apenas de uma costela!...

13º lugar: CAROLINA RAMOS

(Santos/SP) Deu a tantos seu carinho,

que no enlace, em confusão, deu o sim para o padrinho

e o beijo no sacristão!

14º lugar:

ORLANDO BRITO (Cruzeiro/SP)

Se o tempo os frutos apura, tal sorte à mulher conceda,

pois é depois de madura que ela vai ficando azeda...

15º lugar:

ENO THEODORO WANKE (Santos/SP)

Inimigo da mulher, sou ferrenho... Mas - que digo?

Se o Senhor assim o quer, amemos ao inimigo!

16º lugar: PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) Metade de sua renda

ela gasta em vestuário. Quem quer fazer boa venda,

capricha no mostruário.

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17º lugar:

ENO THEODORO WANKE (Santos/SP)

Este psiquiatra é perfeito, e garante mesmo a cura!

Não ficando satisfeito, ele devolve a loucura!

18º lugar:

JOSÉ COELHO DE BABO (Nova Friburgo/RJ)

- Ao telefone agarrado, sem nada dizer sequer

por que estás tu, tão calado? - Falo com minha mulher...

19º lugar: WILSON MONTEMÓR

(Volta Redonda/RJ) Pra que foguete, pra quê?

Pra ir à lua distante? Eu, quando beijo você,

não subo aos céus num instante?...

20º lugar:

FRANCISCO DE ASSIS MENEZES (Belo Horizonte/MG)

- Quem é que vai no caixão? Quis saber o amigo seu;

e o outro, “distraidão": - Deve ser o que morreu.

21º lugar:

PAULO EMÍLIO PINTO (Belo Horizonte/MG)

Piscando assim para a gente, teu olhar me faz lembrar

um S.O.S. insistente, vindo de um barco a queimar.

22º lugar: ENO THEODORO WANKE

(Santos/SP) Precisavas ver o susto

do pau-d'água ao ler, com mágoa, que o corpo tem, justo,

noventa por cento de água!

Page 48: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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23º lugar:

ORLANDO BRITO (Cruzeiro/SP)

Nesta vida tão ingrata feliz é o homem que logra

casar com mulher sensata, e viver longe da sogra...

24º lugar:

VIRGÍLIO G. ASSUMPÇÃO (Belo Horizonte/MG)

Saturno, que tem dez luas, vive com elas em paz.

Se acaso penso em ter duas, Ó Ceus! que guerra se faz...

25º lugar: JOSÉ VALERIANO RODRIGUES

(Belo Horizonte/MG) Passei a beber cachaça

para esquecer a mulher. Quem foge de uma desgraça,

aceita uma outra qualquer.

26º lugar: PAULO EMÍLIO PINTO

(Belo Horizonte/MG) Ela, em segredo, contou

seu caso à D. Maria. Nem meia hora passou e a aldeia toda já ria.

Concursos de Trovas

CONCURSO DE TROVAS DE PINDAMONHANGABA

Prazo: 30 de abril de 2013

REGULAMENTO

1 – Dos trabalhos

1.1 As trovas devem ser inéditas, de autoria do remetente e, cada uma

delas deve ser datilografada/digitada na face externa de um envelope

branco, que deve ser remetido fechado. Dentro de cada envelope,

Page 49: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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colocar um papel com a identificação: nome completo, endereço

completo e assinatura.

1.2 Os envelopes com as trovas devem ser colocados em outro maior,

para a remessa e, este não pode ter a identificação externa do

remetente.

1.3 Máximo de 3 trovas (líricas/filosóficas) por concorrente,

datilografando/digitando acima da trova, o tema a que concorre.

1.4 Serão consideradas as trovas recebidas até 30 de abril de 2013.

1.5 As trovas devem ser remetidas para:

XXIII Concurso Nacional e Internacional de Trovas de Pindamonhangaba Biblioteca Pública Municipal “Ver. Rômulo Campos D’Arace” Ladeira Barão de Pindamonhangaba, s/n – Bosque da Princesa CEP: 12401-320 – Pindamonhangaba

1.6 Temas:

1.6.1 Nível Regional:

para trovadores domiciliados na cidade de Pindamonhangaba, demais

cidades do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Região Serrana

(Mantiqueira, no Estado de São Paulo)

– RETICÊNCIA

1.6.2 Nível Nacional/Internacional:

para os trovadores domiciliados nas demais cidades do Brasil e Exterior

– FRASE

1.6.3 XIX Juventrova (para estudantes)

– CELULAR

2 – Da Premiação

Dia: 06 de Julho de 2013.

Horário: 20 horas

Local: a ser confirmado

Prêmios: Serão concedidos para cada um dos TEMAS – Troféus e

Diplomas para os cincos primeiros colocados, cinco Menções

Honrosas e cinco Menções Especiais. ,

3 – Da Comissão Julgadora

A Comissão Julgadora será formada por trovadores de reconhecido

mérito, ficando estabelecido que as trovas com o tema RETICÊNCIA

serão julgadas por trovadores residentes em outras regiões e Estados

(São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, etc), e as trovas com o tema

FRASE serão julgadas por trovadores residentes em outras regiões que

não as mencionadas.

4 – A Comissão Organizadora

4.1 A Comissão Organizadora resolverá os casos e suas decisões serão

definitivas e irrecorríveis.

4.2 As trovas remetidas em desacordo com qualquer item, serão

eliminadas automaticamente do concurso.

4.3 A simples remessa das trovas significa total conhecimento e

completa aceitação deste Regulamento.

Page 50: Trova Brasil 7   Carolina Ramos (Santos/SP)

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MAIS INFORMAÇÕES:

Telefones: (12) 3643-2399 (Biblioteca) ou (12) 3642-3724 (José

Valdez)

IX CONCURSO DE TROVAS DA UBT MARANGUAPE

Prazo Máximo: Até 15 de abril de 2013.

1) ÂMBITO/MODALIDADE e TEMAS:

O tema deve constar na trova

1.1. Nacional/Internacional (língua portuguesa):

“DEUS” (Líricas/Filosóficas) e

“SAMBA” (humor)

[uma trova por tema]

1.2. Estadual:

“VERSO” (Líricas/Filosóficas) e

“MÃO” (humor)

[duas trovas por tema]

1.3. Municipal:

“ALIANÇA” (Líricas/Filosóficas) e

“BAIÃO” (humor)

[duas trovas para cada tema]

1.4. ABERTO (a todos os trovadores – Nacional/internacional, estadual

e municipal):

Destinado a homenagear a profissão de Professor:

“PROFESSOR (A, AS, ES)” (Líricas/Filosóficas) e

“Estudante (S)” (Líricas/Filosóficas)

[uma trova de cada tema].

1.5. Internacional em língua hispânica:

“Dios” (Lírica/Filosófica).

[duas trovas por concorrente]

OBS:

a) Os trovadores de outros Estados/países poderão enviar trovas de

âmbitos estadual e municipal, como participação Especial [não serão

concedidos diploma de participação especial];

b) Os trovadores do Estado do Ceará não residentes em Maranguape

ou não pertencentes a UBT-MARANGUAPE poderão enviar trovas de

âmbito municipal como participação especial;

c) Os trovadores do Estado do Ceará poderão enviar trovas de âmbito

nacional/internacional como participação especial.

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51

d) Aberto – destinado a todos os trovadores [âmbitos

nacional/internacional, estadual e municipal]. Serão feitas duas

premiações na modalidade aberto:

1ª). Para trovadores de âmbito Nacional/internacional;

2ª) Exclusiva p/trovadores do Estado do Ceará, inclusive de

Maranguape.

e) É necessário constar o tema na trova. Indicar o tema antes de

escrever a trova.

ENDEREÇO PARA REMESSA DAS TROVAS:

i) Por e-mail para o endereço eletrônico: [email protected], indicando o nome do autor, e-mail, endereço completo, município e CEP.

XI JOGOS FLORAIS DE AVIS/PORTUGAL

Prazo Máximo: 5 de abril de 2013

REGULAMENTO

1 - Os XI Jogos Florais de Avis são uma iniciativa da AMIGOS DO

CONCELHO DE AVIZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL, a que

podem concorrer todos os cidadãos abrangidos pelo que se dispõe no

presente regulamento.

2 - Só são admitidos a concurso trabalhos inéditos, redigidos em

Português e nas seguintes modalidades:

POESIA

A - QUADRA POPULAR

Tema: "SER POETA"

Em redondilha maior, de rima ABAB, uma quadra em cada folha.

B - POESIA OBRIGADA A MOTE

Mote

Poeta, não sei o que é

Mas tem olhos de criança:

A palavra é sua fé,

Dá aos homens esperança

(Dinis Subtil-Aldeia Velha-Avis)

Nota: não descurando outras formas de glosar o mote, daremos

especial atenção ao tratamento em décimas.

C - POESIA LIVRE

Subordinada ao tema: "SER POETA"

PROSA

CONTO subordinado ao tema: "POETAS"

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(Máximo de 3 páginas, escritas em tamanho 12, a espaço e meio de

entrelinhamento).

3 - De cada trabalho serão enviados três exemplares, datilografados (à

máquina ou em computador) em papel formato A4, de um só lado com

caracteres de tamanho 12, sendo que apenas no conto o espaço entre

linhas deverá ser de espaço e meio. Os trabalhos não poderão ser

adornados com moldura ou qualquer outro adorno.

4 - Todos os trabalhos deverão trazer na primeira página a modalidade

a que concorrem, terão que ser subscritos por um pseudónimo,

devendo os respectivos autores, enviar anexo a cada trabalho, um

envelope fechado com o pseudónimo datilografado no rosto, e dentro,

o nome, morada e número de telefone do Autor.

5 - Cada concorrente poderá apresentar dois trabalhos por modalidade,

com excepção da QUADRA onde poderão ser apresentados três

trabalhos a concurso, pelo que cada um será subscrito com

pseudónimo diferente. Serão desclassificados os trabalhos que não

sejam inéditos, isto é, que já tenham sido apresentados noutros

concursos.

6 - O prazo de remessa dos originais (data de carimbo dos correios)

termina em: 05 de ABRIL de 2013

e deverão ser enviados, para:

XI Jogos Florais de AVIS Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultural Praça Serpa Pinto, Nº11 7480 - 122 AVIS

7 - O não cumprimento do estipulado no presente regulamento, anula a

apreciação dos trabalhos pelo júri, de cujas decisões não cabe recurso.

8 - As classificações serão tornadas públicas em 2 de Maio de 2013,

sendo os concorrentes avisados por escrito.

9 - Haverá três prémios por modalidade, bem como as menções

honrosas que o júri entender por bem conceder. Poderá, no entanto,

deliberar a não atribuição de qualquer prémio, numa ou mais

modalidades, se considerar que a qualidade dos trabalhos apresentados

não é consentânea com a projecção que se pretende para esta iniciativa.

10 - A entrega de prémios aos galardoados terá lugar no dia 18 de Maio

de 2013, em Avis, no Auditório Municipal Ary dos Santos, a partir das

14H30'.

11 - Estes Jogos Florais ficam interditos aos elementos do Júri e demais

pessoas envolvidas na organização dos mesmos.

12 - Ao Júri cabe a resolução de qualquer ocorrência que não seja

abrangida pelo presente regulamento.

Nota: regulamento aprovado em reunião de Direcção da ACA-AC em

20 de Dezembro de 2012.

Com o apoio de:

Câmara Municipal de Avis

Junta de Freguesia de Avis

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VIII JOGOS FLORAIS DE CANTAGALO

Prazo Máximo: 1º de maio de 2013

Temas (valendo palavras cognatas):

Estadual (somente Estado do Rio de Janeiro)

Perdão

Nacional (para os demais Estados)

OFENSA

Máximo: duas trovas Líricas ou Filosóficas

Sistema de Envelopes

Enviar para

Rua Dr Nagib Jorge Farah, 204 Cantagalo/RJ - CEP 28.500-000

JOGOS FLORAIS DA ACADEMIA DE LETRAS E

ARTES DE CAMBUCI/RJ

Prazo Máximo: 31 de maio de 2013

Tema Livre

Apenas uma trova (lírica, filosófica, humorística, etc. À livre escolha

Sistema de Envelopes

Enviar para:

Almir Pinto de Azevedo Praça da Bandeira,79 - Centro CEP 28.430-000 Cambuci/RJ

JOGOS FLORAIS DE RIBEIRÃO PRETO – 2013

Prazo: até 21 de março de 2013.

Resultado: final de abril.

Tema Municipal

Liricas/Filosóficas: Direito

Humorísticas: Torto

Tema Nacional

Liricas/Filosóficas: Muralha

Humorísticas: Cerca

Tema Estudantil

Liricas/Filosóficas: Fada

Humorísticas: Bruxa

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Remessa:

Sistema envelopes brancos (8/11) em ARIAL

União Brasileira de Trovadores

Caixa Postal 448

CEP: 14001-970

Ribeirão Preto-SP-Brasil.

III CONCURSO DE TROVAS DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

PRAZO:

até 30.05.2013.

Tema: TRIANON (Lírica/Filosófica) (em homenagem aos 15 anos do Teatro Trianon)

Uma trova por autor.

Remeter para:

Neiva Fernandes Rua Eloi Ornelas 25 -Bairro Caju

Campos – RJ

CEP: 28051-205

XXI JOGOS FLORAIS DE PORTO ALEGRE/RS

Prazo máximo: 30.06.13

Enviar para:

Rua Grão Pará, 212 CEP 90850-170

Porto Alegre – RS,

com exceção da hispanica.

TEMAS PARA AUTORES BRASILEIROS E PORTUGUESES (exceção ao RS):

"ÁGUA" (lírico/filosóficas) "VINHO" (humorísticas)

TEMAS PARA AUTORES DO RIO GRANDE DO SUL:

"FONTE" (lírico/filosóficas)

"SEDE" (humorísticas)

PARA AUTORES DE LÍNGUA HISPANICA: JUVENTUD

(L/F)

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enviar para

[email protected]

Máximo de 03 trovas por autor, em cada tema.

"Sistema de envelopes", exceto Língua Hispânica

XII CONCURSO DE TROVAS DO CTS/UBT/CAICÓ

PRAZO:

até 30.06.2013.

Tema para autores brasileiros e de outros países de

língua portuguesa:

"FUGA" (Lírica/Filosófica)

Remeter para

Djalma Mota

Rua José Eustáquioo, 1330-Bairro Paraíba Caico-RN

CEP: 59300-000

Tema para autores do RN:

"RESPOSTA"

Remeter para

Wellington Freitas

Rua Renato Dantas, 33-Bairro Acampamento Caicó-RN

CEP: 59300-000

Tema para autores de língua hispânica: "VENTANA"

enviar para [email protected] e

[email protected].

Uma trova por autor em todos os temas.

Sistema de envelopes, exceto para língua hispânica

1.º CONCURSO DE QUADRAS POPULARES DO

CLUBE DA SIMPATIA/2013

Neste ano de 2013, o Concurso será um pouco diferente,

não haverá um tema específico, mas sim uma palavra escrita, com uma letra do abecedário, que vamos indicar

para cada um. Fugimos assim à monotonia das mesmas

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palavras sempre repetidas em todas as quadras dos

concorrentes.

REGULAMENTO

Ao concurso podem concorrer com quadras inéditas e

obrigatoriamente escritas em língua portuguesa, todos os

cidadãos, maiores de 16 anos, sócios ou não do Clube da Simpatia e que respeitem o “caráter” proposto.

O concurso será quadrimestral e só serão válidas as quadras enviadas pela Internet.

Será enviada só (1) uma quadra para cada concurso a qual terá de ser em redondilha maior, (sete sílabas) de

rima ABAB (lírica ou filosófica).

Haverá 5 vencedores aos quais serão enviados, através da

Internet, os respectivos diplomas que levam a quadra

inscrita.

Haverá ainda 10 menções honrosas cujos poetas irão

receber também os respectivos diplomas.

Os trabalhos, onde constará o nome do autor, e-mail e

morada, serão enviados, para:

[email protected]

Para este primeiro concurso de 2013 é válida a letra - ( V )

Exemplo: Virtude, Vaidosa, Ver, Vós, etc. etc.

Pode ser substantivo, ou adjetivo, ou ter qualquer outra forma gramatical, no entanto, não pode haver, na quadra,

a repetição da palavra escolhida, nem mais nenhuma

começada por V.

Esta modalidade pode ser um pouco mais difícil, mas

deixa ao poeta mais liberdade de expressão.

O prazo para o envio das quadras termina no último dia

de Março.

Os resultados serão publicados no último dia de Abril no

Blogue do Clube da Simpatia:

http://clubedasimpatia.blogspot.com

Os vencedores serão avisados por e-mail.

O próximo tema será anunciado em Maio.

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Um espaço da Trova Brasileira

Criação, seleção e arte final: José Feldman

Contatos: [email protected] Site: http://singrandohorizontes.blogspot.com.br

Endereço para correspondência:

Rua Vereador Arlindo Planas, 901 casa A – Zona 6 Cep. 87080-330 – Maringá/PR

P a r t i c i p e c o m s u a s t r o v a s T r o v a s L e g e n d a s d e E l i a n a J i m e n e z ( S a n t a C a t a r i n a )

http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br

B l o g d o P r o f . P e d r o M e l o ( S ã o P a u l o ) T o d o s o s d i a s , u m n o v o t r o v a d o r e u m a n o v a t r o v a

h t t p : / / b l o g d o p e d r o m e l l o . b l o g s p o t . c o m . b r

B l o g d a U B T - C u r i t i b a , n o t í c i a s , t r o v a s , e v e n t o s .

http://ubt-curitiba.blogspot.com

B l o g S i m u l t a n e i d a d e s , d a A n d r é a M o t t a ( C u r i t i b a ) http://simultaneidades.blogspot.com.br

B l o g d o A . A . d e A s s i s ( M a r i n g á ) http://aadeassis.blogspot.com

A montagem da capa foi realizada com imagens retiradas da internet, as quais não consta a autoria. Se souber de quem é,

informe-me, para que sejam dados os devidos créditos.

Esta publicação não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem autorização dos autores.