Trovas Populares VI

download Trovas Populares VI

of 47

Transcript of Trovas Populares VI

Trovas Populares VI - Vamos Cantar as Janeiras!

No dia 13 de Dezembro abri uma nova rubrica no Claro Obscuro, confesso que por absoluta falta de tempo. Tive a minha fase de poesia de gosto popular e, longe de estar agora para a virada, tinha uma data desses poemas arrumados. Achava que nunca os traria aqui. Eis que, em final de perodo lectivo, me deparo com a tal falta de tempo para alimentar este canto que no gosto de deixar como se estivesse abandonado. E lembrei-me das trovas! Achei que vinha a propsito, que em poca de Festas apetece dar lngua em rimas simples, dizer verdades cantantes, chorar sem doer ou ser irreverente sem chocar ningum. Coloquei o "Trovas Populares - I", com uma pequena explicao, pois todos os que me lem sabem muito bem que no este o meu estilo. Acaba por ser um (talvez) ex-estilo, mas nunca o tinha manifestado aqui. A reaco, entusistica e imediata, trouxe-me a surpresa de os meus amigos e leitores comearem a trovar espontaneamente, nos comentrios! Fiquei encantada e numa das respostas a algum trovador, disse que iria fazer umas "Trovas Populares" colectivas com tudo o que recebesse. O feliz resultado foi que choveram ainda mais rimas, umas mais populares, outras menos, mas muitas... e com gneros muito diferentes! Como se me escrevessem El Rei D. Dinis ou Ricardo Corao de Leo... mas tambm cortesos e at Os Goliardos. Cantar a terra por vezes sem lhe esconder as facetas madrastas. Cantares de Amor mas tambm de Escrnio e Maldizer. Perfeito! E, no dia 18, lancei O Repto! Hoje, s 4h do primeiro dia do ano de 2005, tenho um post colectivo, trifsico e gigante para colocar. Colectivo, por razes bvias, trifsico conforme acima ficou explicado, e gigante porque, ao todo, recebi 42 Trovas, enviadas por 21 leitores. O que mais me agrada a diversidade das escolhas e algumas consideraes que foram tecidas por quem as fez, e eu mantive (retirei apenas o que me era pessoalmente dirigido). Agradeo muito especialmente a todos os que participaram, transformando O Meu Castelo num animado ponto de passagem de Trovadores e Menestris neste ano que hoje principia. E tambm agradeo aos que, como eu, vierem ler e trovar. Cada trovador se apresenta a si mesmo e ao seu modo, eu estou aqui para vos dar as mos e sair, convosco, a cantar as Janeiras.

Fata Morgana

Thita:Estou a rabuscar uns papis que p'aqui tenho e lembrei-me desta trova:"De correr venho cansada De cansada me assentei Achei o que procurava Agora descansarei"

Excelente ideia e agora que estou de frias vou participar e deixo aqui j uma:

"O meu corao terra, Hei-de o mandar cavar, Para semear os desejos Que tenho de te falar."

Esta do Cancioneiro de Aveiro, recolhidas por Joo Sarabando (...) Agora vou procura de mais e se calhar fao uma minha, hihihi...

Vim deixar aqui trs trovas. A primeira -te dedicada por causa duma coisa que ns as duas sabemos. A segunda dum senhor que dizem ter sido um dos maiores trovadores: Gonalo Anes Bandarra. A terceira fui eu que inventei, hihi...

1. "E dar grande rugido Seu brado ser ouvido A todos subjugar Correr e morder E far mui grandes danos a muitos reis dos arianos e a todos assombrar"

2. "Por desgraa ou por ventura Em dois stios me achareis: Os ossos na sepultura A minha'alma nos papis"

3. Nas trovas cantai o fado Deste meu povo portugus De dia sempre suado Em cidade e campo rural angustiado ao fim do ms No deixa de amar Portugal

E pronto! O que eu j me diverti pela pesquisa afora.

Conde-Lrios:

I Boas trovas pa pulares Com um olhar de 10velo E as ondas de 7 mares Nas ondas do teu cabelo

II Vim eu 100 sal e 100 lgimas, 100 avental e 100 touca... Doparei-me com tais rimas... Moudeus! ca cousa mai louca

III J provaste o bolo-rei E agora, por favor, provas... V l... vais gostar... eu sei! um belo bolo de trovas!

IV Escrevi uma epopeia Com apenas 4 versos Pra no cansar a quem leia Seus 3 neurnios dispersos

V Bai sair uma ide e som lindamente em cu adornada - de trovas -. "Com pila, So", Bai sair num tarda nada!...

VI Por isso trovem, fregueses, T a chegar o Ano Novo E as trovas so tantas vezes A melhor fala do povo!

Conde Lrios

Eduardo:

Seguindo as pisadas da sabedoria popular, aqui te deixo uma trova que j no sei onde fui buscar ;):

Morena, morena, Dos olhos castanhos, Quem te deu, morena, Encantos tamanhos?

I Trovas de Coimbra de ALVARO SERENO Musicadas pela CONDESSA DE PROENA-A-VELHA (D. Maria de Melo Furtado Caldeira Giraldes de Bourbon) e cantadas por um grupo de quintanistas da Universidade de Coimbra na noite de 9 Maro de 1904, no Teatro Prncipe-Real de Coimbra, por ocasio da sua rcita de despedida com a pea "Uma vspera de feriado", escrita por Jos Bruno Carreiro.

Talvez cantando possamos Em nosso peito abafar, Certa herana de pesar, Que de Coimbra levamos ... Partamos, pois, a cantar.

Foi murchando a mocidade A cada beijo que demos ... Que importa que cantemos Se vive na alma a saudade Dos beijos que j perdemos!

Chorar mesma lembrana De alegres e tristes dias, juntar na mesma herana As tristezas e alegrias.

Seguem mais...

II Considera-se a Cantiga da Ribeirinha a primeira trova do texto literrio portugus. A mulher de quem se fala, Ribeirinha, teria sido a preferida de D. Sancho I. Texto literrio, provavelmente escrito em 1189.

No mundo non m'ei parelha mentre me for como me vai, ca j moiro por vs, e ai! Mia senhor, branca e vermelha, queredes que vos retraia, quando vos eu vi en saia. Mao dia me levantei, que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, ds aquelha I me foi a mi mui mal, ai! E vs, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha d'aver eu por vs garvaia, pois eu, mia senhor, d'alfaia nunca de vs ouve nen ei valia d'ua correa

III CANTIGA DE ESCRNIO de Gomes Eanes de Zurara Conheceis uma donzela Por quem trovei e a que um dia Chamei dona Beringela? Nunca tamanha porfia Vi nem mais disparatada. Agora que est casada Chamam-lhe Dona Maria. Algo me traz enojado, Assim o cu me defenda: Um que est a bom recato (negra morte o surpreenda e o Demnio cedo o tome!) quis cham-la pelo nome e chamou-lhe Dona Ausenda. Pois que se tem por formosa Quanto mais achar-se pode, Pela Virgem gloriosa! Um homem que cheira a bode E cedo morra na forca Quando lhe cerrava a boca Chamou-lhe Dona Gondrode.

As ltimas:

IV Cantiga de Amigo, de Pero Gonalves Portocarreiro

Por Deus, eu vivo sofrendo: pois meu amado no vem: pois no vem, que farei? meus cabelos com a fita eu no os prenderei.

Pois ele no chegou de Castela, ou no vivo, ai pobre de mim, ou o rei o detm: minhas toucas da Estela, eu no as usarei.

V Cantiga de Amor, de D. Dinis, o Trovador

Hun tal home sei eu, ai, ben talhada, que por vs ten a sa morte chegada; vede quem e seed'en nembrada: eu, mia dona!

Hun tal home sei eu que preto sente de si morte chegada certamente; vede quem e venha-vos en mente: eu, mia dona!

E aqui tens Notas de Teophilo Braga sobre o Cancioneiro Portuguez:

Esquecia as Trovas do Zeca Afonso:

O que mais me prende vida No amor de ningum. que a morte de esquecida Deixa o mal e leva o bem.

Olha a triste viuvinha que anda na roca a fiar bem feito, bem feito que no tem com quem casar

Quem se vai casar ao longe Ao perto tendo com quem Alva flor da laranjeira No a dar a ningum

No cimo daquela serra Est um leno de mil cores Est dizendo Viva, Viva Morra quem no tem amores

Odyseo:

Rio abajo, va una botella, con un mensaje para quien lo lea...

Henrique Dria:

Aqui vai uma trova,que no minha, popular:

A mulher uma canoa para a gente navegar vai de cima, vai de lado de barriga para o ar.

Confesso que este povo muito machista. Mas a sua sabedoria demasiado ancestral para ser desprezada.

Titas:

Aqui vai uma amostra:

Subi acima duma arvori Para ver se te via, Como no te vi, Descia-a!

Atir um limo rolando... tua porta parou... Depois fiquei pensando... Ser que o cabro se cansou???

vi-te no t jardim, Andavas colhendo hortel! ca gosto de ti, E tu? H??

Subi a um ecapitre Com o t retrato na mo Desencaliptr-me l de cima Malh com os cornos no cho!!!

Perdi a minha caneta L prs lados da vrzea. Se l fores e a vires... Trzea!

( evidente que nem sequer esta minha...)

Yardbird:

I O teu avental branco verde, amarelo e vermelho tambm azul como o mar Tem as cores da natureza E como teu e de fada Ser com certeza espelho E s reflecte beleza

II Queria deixar-te uma trova De que tu gostasses muito Saiu uma coisa torcida Mal feita como um presunto

Chamavas-me tu, fada, poeta E v no que deu a poesia Vou ter sincera pena de quem ler Porque vai decerto ter azia

Miss Kafka:

Apesar das trovas no serem o meu forte no pude deixar de querer responder ao teu desafio, e resolvi deixar uns versos de outrm. Neste caso, de Bernardo de Passos, um poeta algarvio, que penso ainda ter tido alguma relao familiar afastada com a minha famlia. Estes versos foram posteriormente colocados em msica por um maestro chamado Rebelo Neves. M.K.

" Ecos da Serra

ribeirinho de serra, no corras, vai devagar... Leva lembranas da terra, que vais ser onda do mar... A correr, por entre flores, vais, ribeirinho, a cantar... Dize adeus aos teus amores, repara que os vais deixar!

Um dia, longe de tudo, ribeirinho, hs-de mudar, feito onda do mar sem fundo, perdido e triste hs-de andar... J sem rouxinis cantando, J sem flores p'ra beijar, s no mar ermo, chorando, querers ento voltar...

Foi assim a minha vida no seu louco delirar: Como correu de fugida! Como fugiu a sonhar! Foi assim uma iluso! a minha vida a amar! Um ribeirinho era ento e hoje onda do mar...

Mas tu podes, ribeirinho, ainda um dia tornar s flores do teu caminho, voltando nuvem do ar... S minha vida anda aos ais, de praia em praia a chorar, ai! nunca mais, nunca mais pode ao passado voltar."

Bernardo de Passos

Mrcia Maia:

So excertos do Bumba-meu boi, auto de Natal do Nordeste Brasileiro. Os personagens so Mateus e catirina, dois 'matutos, que conduzem a festa, o Boi, o cavalo-marinho, e outros secundrios. A parte da dana do cavalo-marinho sempre a mais animada. Ah, e em se tratando de folclore, devem ser annimas. Por isso ela que lhe mando.

As trovas:

vem, meu boi bonito vem, danar agora no deu meia-noite inda tarda a aurora.

cavalo-marinho chega mais pra frente faz uma mesura pra toda essa gente

cavalo marinho dana na calada que a dona da casa tem galinha assada

cavalo-marinho dana no terreiro que a dona da casa tem muito dinheiro

cavalo-marinho j so horas j faz uma mesura e vai pro seu lugar

vem meu boi bonito vem vamos embora j deu meia-noite j rompeu a aurora.

Nautilus:

Envio (...) um poema de um amigo meu para a tua iniciativa das trovas populares. Gosto muito do modo como ele escreve, e gosto deste poema uma mescla do antigo com o moderno. Nautilus

MEDIEVAL II

Onda, suposio de ser que s consome a prpria boca aflita que no some e o mais inunda. boca funda, boca, respirao de lmpada e de seio por dizer e monstro alado. no cho concreto da mo que afunda a ferida e o pecado, boca de asas e de sexo no meu quarto e no teu mundo ento que nem se fala. incrvel no espao e de sofrer convulso, ah boca que te alagas: cala. mas se te digo que amo e desvario nela a terra, o mar, o fogo, o pensamento, as mil formas desta dor que no esqueo porque sei que tudo o mais vento e gua, amor dormindo, onda, j no peo: fala.

Rui Costa

Rui Costa:

Nao sei se isto e uma trova, talvez seja um soneto!

Arrastado em alta vaga em pensamento contorno do teu corpo a aresta lquida subo ao perfil mais alto e na subida de ti arranco a fome e o alimento

Mas quero mais eu quero o tormento das folhas verdes em ti humedecidas borboletas em teu colo rosas lvidas constelaes pedrinhas em que aumento

O fogo vertigem o sobressalto do rio o canto de assombro no sangue que corre como quem nuvem nasce de repente

E j no se teme o fim o sono frio porque quem ama assim, amor, no morre Quem ama assim vive eternamente

Rui Costa

Micas:

Venho contribuir para cantar as Janeiras!! Escolhi umas Trovas das quais gostei muito, aqui vo elas:

"Textos del Canoner de Barqueiros - Maria Adelaide da Silva Paiva, 1962"

SENHOR ARRAIS DO BARCO

senhor Arrais do barco, olhe l a sua barquinha, olhe l a sua espadela que no esbarre na minha.

senhor Arrais do barco, Caiu uma rata panela. No me tire c o caldo que eu no quero comer dela.

senhor Arrais do barco, salte fora e venha ver. Venha ver a sua filha que se vai "arreceber".

Blue:

Olha, quase prometi que te enviava uma trova...

Laranjinha, to canina, quinininha...

A minha laranja canina To canina que at di, Mas esta laranjinha, Pequenina, to cheirosa, Queria apert-la sem d. A minha canina laranja Redondinha e amorosa, a mais canina, quinininha, Que h por estas bandas. A minha laranja canina, To canina que d d, D vontade de abraa-la, Dar-lhe colo para nunca estar s. A minha laranja minha mestre, Fruto de perfeio natural, Nasceu em laranjal celeste E como ela no h igual.

Blue

Orca:

Quadras de sabor popular, desgarrada, com acar e com afecto:

Quem me dera ser o bolso Desse avental de brancura Para acolher o teu leno Da tua mo a brandura

Quem me dera ser o lao Que te cinge o avental Viveria num abrao A ti preso tal e qual

Quem me dera ser to branco Sem mcula e to intenso Que fosse de ti o encanto Maior que o mar mais imenso

Quem me dera ento a mim Ser cravo da tua lapela Ficar-me to perto assim Flor de ti tua janela.

Orca

(...) terei muito gosto em colaborar e responder ao teu desafio. Aqui vo, da autoria de Jorge Castro (temtica dispersa):

A guerra filha da guerra O pai ser no sei quem Viva nos fica a terra Todos ns rfos tambm

Diz que sade riqueza Assim o diz tanta gente Mas com tamanha pobreza Deve o mundo andar doente

Sem graa vi a desgraa Tanta graa desgraar Que p'r'aqui fiquei sem graa Desgraado s de olhar

Flores, nuvens e paixes Prendem-se a alguns poetas Como as penas aos paves E o sorriso aos patetas

Um rfo que era talhante Tudo trinchando sem medo Certo dia num rompante Ficou mais rfo de um dedo

Uma ideia de justia Dum livro que algum abriu Deu de caras com a cobia Nunca mais ningum a viu

Ai vida to videirinha Em vaidade ataviada Por cimes da vizinha Nem vida nem nada

H palavras que me trazem Gritos de tal solido Que nem caladas me fazem Esquecer tanta aflio

Jorge Castro

Espadana de alegria O OrCa em trova acesa E o Jorge reverencia A Fata pela gentileza...

Orca

Por graa, com leite-creme e rabanadas, depois do bacalhau cozido, o meu presente de Natal:

POEMINHO

Neste Natal Afinal Vou embrulhar o poema Numa folha de jornal Vou deix-lo assim quentinho Entre passas e azevinho Reg-lo com um bom vinho E chamar-lhe poeminho Decerto que assim tratado Ficar mais animado Quem sabe?... Mais redondinho

S ento o lanarei Aos quatro ventos da sorte Para que no perca o Norte Nem se engane no caminho

Ao bater tua porta Recebe-o com carinho De mim ele leva um abrao E o papel de jornal s p'ra ficar quentinho

Porque afinal Natal E ele s um poeminho.

Jorge Castro Dezembro de 2004

Helena Domingues:

No sei sequer se cabe no tema, no propsito. Aqui vai:

PORTUGAL S AVESSAS (Ou de como caar com gato, quando no h co)

Descobrir num nico texto arcaismos, neologismos, estrangeirismos e todos os "ismos" que contaminam a lngua portuguesa complicado. Da, ter resolvido inventar este texto para ensinar essa matria. (que me desculpem os professores de Histria)

I Ouvi bem, Vossas Mercs, Uma histria de espantar! Foi um robot portugus Que asinha m'a veio contar

II Por mor espanto que mostreis, Nada me far calar. Chegou um cowboy c'os reis Para a Lua conquistar.

III Em corcis vinham montados Vestindo fatos de treino. Traziam nos ps calados Os melhores Nikes do reino

IV Foram chegando ao Terreiro Onde o chauffeur os esperava. O Afonso foi o primeiro, Mas Dona Urraca tardava.

V Como vinha na disquete, Antes da grande partida, Juntavam-se em tte--tte Fazendo honras comida.

VI A fome era mais que muita E o menu era baril: Saam do micro-ondas Iguarias mais que mil.

VII Hamburgers, bitoques, pastas, Croissants, tartes, que sei eu? Estava tudo esfomeado, Quando a Urraca apareceu.

VIII Espantai-vos, gente, espantai! Pois sabeis como chegou? Na mais bela passarola Que em Olissipo aterrou.

IX Vinha toda produzida, Com uma roupa muito chic. Logo as damas lhe pediram A morada da boutique.

X S os homens no gostaram Do atraso da Urraca, E logo ali a xingaram Dando uma grande barraca.

XI A histria acabou mal E, Lua no chegaram Ficaram-se em Portugal E por c continuaram

Helena Domingues

Clark59:

(...) tambm te mando uma minha (uma minha?, isto no comea bem....)

Ora c vai, do Clark

Tentei o Mar com uma dana Mas ca em tentao Ficou-me esta contradana Como nica lembrana De um Mar que me quer irmo

Ao Mar fui pedir perdo Por pecado de descrena Ficou-me esta contrio No lugar de uma cano Que ao Mar no leguei pertena

Tem o Mar uma tendncia De de mim s querer sermo Eu quero mais, a premncia (muito mais que a reverncia) De cair em tentao

Vou ao Mar mais uma vez Do Mar venho nunca mais Se no me traz nunca Paz Traga-me ento portugus Traga-me a vez dos heris

Monalisa:

Dos meus poemas acho que este o nico que se enquadra nesse esprito de poesia popular. Fi-lo numa fase em que (...) s me saam coisas assim muito portuguesas:

Minho

gua que caia na roda da azenha no caminho estreito vinha a sombrear.

Concertina ao longe a ensaiar as voltas e s rudo de gua de calor, de pssaros e o cheiro a terra, a quente, a paz.

Passado a espreitar na pedra do muro e no peito um mrmurio a pedir ao tempo para voltar atrs.

Maro de 1998 Monalisa

Menina_Marota:

Canto como quem usa Os versos em legitima defesa. Canto, sem perguntar Musa Se o canto de terror ou de beleza." (Excerto de um poema de Miguel Torga.)

Badalo:

C na nossa terra H um belo castelo; Tanto tu o contemplas Quanto eu o contemp-lo.

Da minha janela tua Vai uma grande distncia; Ao sair rua Escorrego numa casca de melncia...

(depois posso participar com um soneto da minha autoria? J mais srio e tal?)

MJM:

Eu vinha toda lampeira... tic tic...de mansinho c'uns versitos n'algibeira e salta a fera ao caminho!!

*

[Ai, meu Deus, que j se chega O limite dado pela Fata Presto! Presto! Um manifesto! Da capo, com muita lata!]

Fecha-se o ano em soprano Mezzo, piano; em bocca ciusa Queixa-se o povo, calando Pois cantar j nem se usa!

Que venha o Novo cantando Glissando trovas catitas Sforzando a nota e esperando Te traga coisas bonitas!

Tmara:

A vo!

S, NA SOLEIRA SENTADA

Corre o rio para o mar Intensa sua corrida. Assim minha alma corre Desde a tua partida.

Desde a tua partida, Desde a tua abalada. Foste pra longe e quedei-me S, na soleira sentada.

S, na soleira sentada, Viajando largos mundos Sempre por ti perguntando Sem sair do meu lugar

Pelas estradas viajei, naveguei pelo mar, e nos espaos voei sem nunca te encontrar.

Sem nunca te encontrar Procurei sem te achar. Voei alto, para o longe Em busca da estrela polar.

Em busca da estrela polar Rosa-dos-ventos da vida Tu, meu norte, sul, poente Minha fonte, meu nascente

S, na soleira sentada Viajei pra te encontrar.

Tmara

TROVAS PERDIDAS

So trovas, senhor, so trovas. Trovas que nunca trovei e que em minha'alma guardei Desde o dia em que te vi

Desde o dia em que te olhei. Desde o dia em que te vi Trovas e trovas trovei Em minh' alma as guardei

Nela bem as aferrolhei. Minha alma se encantou Eu, poeta me tornei. Poeta de sete-chaves

Mil trovas aferrolhei, Pois se a ti as no cantara Nenhum sentido lh' achei

TMara

Ai te envio mais umas quadrinhas de p quebraaaado...

Ai, que triste vida a minha Ai que triste meu viver Desde o dia em que te vi No deixei de te querer.

No deixei de te querer No deixei de te amar Ai que triste vida a minha Ai que triste meu penar.

Ai, que triste meu penar. Por este amor sem ter troco Minha alma a definhar Meu cabelo a branquear.

Meu cabelo a branquear Por algum que me no quer. Ai, que triste vida a minha Ai que triste meu viver.

Ai que triste meu viver Ai que triste meu penar Vendia a alma ao diabo Para receber teu olhar.

Para receber teu olhar Ia s profundas do demo Onde ele est a reinar. Ai, que triste meu penar...

Ai, que triste vida a minha Perdi-me no teu mirar Sem que de mim tu lograsses Meu amor visionar.

Ai, que triste meu viver... Ai, que triste meu penar... Vendi a alma ao diabo No tenho mais sossegar.

No tenho mais sossegar Quando com ela te vejo Em qualquer rua passar Na face lhe dando um beijo.

Ai que triste meu viver. Perdi-me no teu olhar Ficaste com minha alma No tenho mais sossegar.

Ai, que triste meu penar!

TMara

Vou enviando medida que escrevo....

Partiste mares afora Fiquei na praia chorando At ao raiar da aurora A ouvir as guas cantando.

A ouvir as guas cantando Com elas cantei rezando: Que te protejam os cus Que sempre te guarde Deus.

Que sempre te guarde Deus Que sempre Deus te guarde Que nesta terra esperando Aqui ficaram os teus.

Aqui ficaram os teus Os teus que tanto te querem De volta te tragam os cus Das longes terras d'alm.

Pra longes terras d'alm Partiste mares afora Sozinha fiquei na praia Chorando no sei por quem.

Chorando no sei por quem Pois no sei por quem chorava Se por ti ou por mim era Que assim sola me quedava.

Veio uma onda e levou Minha cansada alminha. Ao vento abri o peito E meu corao voou.

E meu corao voou Feito gua, feito brisa Mar afora navegou Numa louca e v pesquisa.

Numa louca e v pesquisa Foi minha alma abalada Clere soprava a brisa Que tua alma levava.

Partiste mares afora Na praia fiquei esperando Veio uma onda e levou As lgrimas do meu pranto.

As lgrimas do meu pranto Misturadas com o mar Ouve minha voz, meu canto Fico aqui a te esperar.

TMara

Mais uma trova de um amigo que comeou a colaborar no meu blog Escreveu um texto h dois dias.

Sou trovador, trovadora E a trovar eu no brinco Desejo-lhe minha senhora Um feliz 2005.

Que seja uma maravilha Para si e para quem Dias e noites partilha Para os gatinhos tambm.

Que s lhe traga benesses E bem-estar e amor So estas as minhas preces: GatoVelho-Trovador.

GatoVelho