Tschumi e a Arquitetura do Prazer

25
BERNARD TSCHUMI O PRAZER DA ARQUITETURA BÁRBARA CASTRO HUMANIDADES 9

Transcript of Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Page 1: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

BERNARD TSCHUMI

O PRAZER DA ARQUITETURA

BÁRBARA CASTRO

HUMANIDADES 9

Page 2: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Bernard Tshumi

Nasceu em 25 de janeiro de 1994. na Suíça.

Em 1969 graduou em arquitetura.

Page 3: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Bernard Tshumi, por meio de analogias, busca formas de inserir o corpo no espaço, criar

experiências dinâmicas, que por meio de uma contradição busca surpreender e estimular o

espectador. Ao se referir ao espaço com analogia sexual, se mostra o lado irracional.

Tshumi aborda também questões como a função da arquitetura, busca quebrar com os

valores conservadores, ao citar o uso das máscaras na arquitetura é possível compreender

como os elementos arquitetônicos podem nos servir de artifícios, que Tschumi evidencia ser

necessário para despertar a sensualidade, a surpresa, o convite à interação nos espectadores.

Page 4: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Muito se questiona a respeito da arquitetura, seus caminhos e critérios, desde o movimento

moderno. Busca-se entender seus extremos, ordem e desordem, estrutura e caos, ornamento e

pureza, racionalidade e sensualidade. Procurar compreender essa complexidade é o que

possibilitou o desenvolvimento de novas formas de arquitetura.

Page 5: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Adolf Loos (1870 – 1933)

“Quando uma cultura evolui, ela

gradativamente abandona o uso do ornamento

em objetos utilitários"

Page 6: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Antoni Gaudí - La pedrera

Page 7: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Rem Koolhaas

Page 8: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Le Corbusie - Villa Savoye

Page 9: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Lina Bo Bardi – Sesc Pompéia

Page 10: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Zaha hadid – Galaxy Soho

Page 11: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Envolvendo pontos divergentes, em busca de uma nova arquitetura discutia-se de um lado, a arquitetura como coisa do intelecto, uma disciplina desmaterializada ou conceitual com suas variações tipológicas e morfológicas; de outro lado, a arquitetura como fato empírico que se concentra nos sentidos, na experiência do espaço.

Page 12: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Por meio de 11 fragmentos, Bernard Tschumi desconstrói e nos faz repensar a arquitetura.

Sempre considerando que não é um fragmento ou outro, mas o conjunto e suas complexidades

que formam um grande quebra-cabeça, que deve ser considerado na arquitetura.

Page 13: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

FRAGMENTO 1

Um duplo prazer

O prazer do espaço:

Possui uma complexa definição, é uma forma de experiência, o momento em que o corpo se

apropria do espaço, o percebe e mapeia através dos sentidos, da percepção e do movimento.

(...) Movimentos tão simples como esticar os braços e as pernas são básicos para que tomemos

consciência do espaço. O espaço é experiênciado quando há lugar para se mover. Ainda mais,

mudando de um lugar para outro a pessoa adquire um sentido de direção. Para frente, para trás

e para os lados são diferenciados pela experiência, isto é, conhecidos subconscientemente no

ato de movimentar-se. O espaço assume uma organização coordenada rudimentar centrada no

eu, que se move e se direciona. Os olhos humanos, por terem superposição bifocal e capacidade

esteroscópica, proporcionam às pessoas um espaço vívido, em três dimensões. A experiência,

contudo é necessária. (Tuan; 1930, p.13)

Page 14: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Um duplo prazer

O prazer da geometria ou o prazer dos conceitos:

Governada pelas proporções, a arquitetura deve guiar-se pela régua e pelo compasso, como se

fosse algo separado da realidade, a arquitetura se desenvolve na mente do arquiteto, com o uso

de elementos que tendem para uma poética dos signos congelados, desvinculados da realidade

e voltados para um prazer mental, gélido e sutil.

Não se pode dizer que o prazer do espaço ou o prazer da geometria, isoladamente, constitua o

prazer da arquitetura, mas esta é acontece pela união de ambas as formas de prazer. A união de

percepção e técnica.

FRAGMENTO 1

Page 15: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Jardins do prazer

Quem souber projetar bem um parque não terá dificuldade alguma para traçar o plano de

construção de uma cidade, em conformidade com a área e a situação dada. Deve haver

regularidade e fantasia, relações e contrastes, e elementos casuais, inesperados, que dão

variedade à cena; grande ordem nos detalhes, confusão, excitação e tumulto no conjunto.

(Abade Laugier 1765)

Laugier propõe que exista união entre os diferentes tipos de prazer da arquitetura, constituindo

por meio dessa complexidade de elementos, algo que seja completo, interativo, instigante.

No caso dos jardins, sua história quase sempre antecipou a história das cidades, a proposta de

contemplação e deleite, desfrutar de um prazer sensorial são conceitos que se opõe à

arquitetura funcional.

Os jardins combinam prazer sensual do espaço com o prazer da razão, de uma forma

completamente inútil.

FRAGMENTO 2

Page 16: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

O prazer e a necessidade

A arquitetura apresenta uma forte conexão com a função, interferindo na cultura, sociedade, na

segurança, saúde, comportamento e diversas outras formas.

Entre todas as artes, essas filhas do prazer e da necessidade, com as quais o homem fez uma

parceria a fim de suportar as dores da vida e de transmitir sua memória às futuras gerações, não

se pode negar que a arquitetura ocupa um papel destacado. Considerada unicamente do ponto

de vista da utilidade, a arquitetura é superior a todas as artes. Ela provê a salubridade das

cidades, cuida da saúde das pessoas, protege suas propriedades e trabalha apenas em favor da

segurança, da tranquilidade e do bom ordenamento da vida civil.

FRAGMENTO 3

Page 17: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Metáfora da ordem – cativeiro

Diferentemente da necessidade da pura construção, a desnecessidade da arquitetura é

indissociável de suas teorias, histórias e outros precedentes.

O prazer da arquitetura não está na construção em si, mas também em suas restrições, nos

encaixes, nos detalhes. Em meio a infinitas opções, tramas e formas, encontrar um único

caminho como solução, acreditando ser esta a melhor forma de se fazer algo, o prazer em ser

restringido e continuar oferecendo inúmeras possibilidades.

FRAGMENTO 4

Page 18: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Racionalidade

Optar por uma determinada linguagem ou tipo construtivo, leva-la ao extremo e explorar de todas as formas possíveis. É uma das formas de racionalidade

FRAGMENTO 5

Page 19: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Erotismo

O prazer máximo da arquitetura está naquele momento impossível em que um ato

arquitetônico, levado ao excesso, revela ao mesmo tempo os vestígios da razão e a experiência

imediata do espaço.

O erotismo ou prazer da arquitetura, não se encontra em específico em sua forma, dimensão ou

puramente seus conceitos, mas no conjunto de todas as coisas. A harmonia entre elementos,

conceitos e a forma de perceber o espaço.

FRAGMENTO 6

Page 20: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Metáfora da sedução – máscara

A arquitetura usa máscaras, no caso elementos arquitetônicos desde fachadas, praças até os

conceitos arquitetônicos tornam-se artifícios de sedução. Os artifícios são formas de seduzir o

espectador, pode evidenciar algo ou ainda convidar a descobrir o que está subjetivo.

A máscara pode exaltar aparências, mas, por sua presença mesma, ela diz que, no fundo, existe

uma outra coisa.

FRAGMENTO 7

Page 21: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Excesso

Ao levar ao extremo, o prazer da arquitetura, a técnica, necessidade, vivência do espaço,

percepção e a máscara. É possível criar uma arquitetura interessante, com conflitos, surpresas,

convidar a descoberta e surpreender o espectador.

Não há dúvidas de que o prazer da arquitetura sobrevém quando ela satisfaz as expectativas

espaciais de alguém e materializa ideias, conceitos ou arquétipos arquitetônicos com

inteligência, imaginação, refinamento, ironia. Mas há um prazer especial que procede dos

conflitos: quando a fruição sensual do espaço entra em conflito com o prazer da ordem.

Não apenas é possível, mas necessário, quebrar com as formas já estabelecidas, por meio de

uma nova linguagem, uso da semiótica e ruptura com antigos sistemas por meio da

compreensão da percepção, não apenas por uma questão de subversão de valores, mas da

necessidade da arquitetura romper com o conservadorismo, propor um ambiente capaz de

interagir, com potencial para despertar o espectador.

FRAGMENTO 8

Page 22: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Arqutetura do prazer

A arquitetura do prazer está onde o conceito e a experiência do espaço coincidem

abruptamente, onde os fragmentos da arquitetura colidem e se fundem em deleite, onde a

cultura da arquitetura é eternamente desconstruída e as regras são transgredidas.

Entende-se que a arquitetura do prazer é onde se pode transgredir regras, reformular conceitos,

entrar em conflito com a memória, com a percepção. Alterar as formas de vivenciar o espaço,

desconstruindo desde a arquitetura, onde há conceitos, o que é palpável até a percepção,

entendimento de espaço, a mente e memória dos espectadores.

FRAGMENTO 9

Page 23: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Anúncios da arquitetura

Não há como produzir arquitetura em um livro. Palavras e desenhos podem somente produzir

espaço no papel, não a experiência do espaço real. O espaço no papel por definição é

imaginário: é uma imagem.

Com todo o potencial da imagem e sua capacidade de representação, também por meio de uso

da tecnologia, ainda assim não é possível apreender todos os aspectos que compõe o espaço

arquitetônico, não apenas por uma questão de conceitos, estudos e experimentos até se obter

um resultado, mas depois de definido só é possível entender o espaço ao vivencia-lo.

o espaço interior, espaço esse que não pode ser representado de nenhuma forma, que não

pode ser conhecido e vivido a não ser por meio de experiência direta, é o protagonista do fato

arquitetônico. (Zevi, 1996, p.18)

FRAGMENTO 10

Page 24: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

Desejo/fragmentos

A arquitetura se forma por uma série de fragmentos que compõe a realidade, possuidora da

capacidade de atingir o real, o concreto e também o imaginário, a memória. Conduzindo o

espectador por meio de transições reais e virtuais.

Uma obra de arquitetura não é arquitetural porque seduz, ou porque preenche dada função

utilitária, mas porque põe em ação as operações da sedução e o inconsciente.

FRAGMENTO 11

Page 25: Tschumi e a Arquitetura do Prazer

REFERÊNCIAS

Espaço e Lugar a perspectiva da experiência – Yi Fu Tuan

Saber ver arquitetura – Bruno Zevi