O Prazer de Emagrecer

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F E R N A N D O P Ó V O A S

O PRAZERDE EMAGRECER

Como conseguir o peso ideal de forma equilibrada e saudável

Prefácio deMaria Elisa Domingues

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[uma chancela do grupo LeYa]Rua Cidade de Córdova, n.° 2 – 2610-038 Alfragidehttp://twitter.com/[email protected] :: www.leya.pt

© 2007, Fernando Póvoas

Todos os direitos reservados.1.a Edição / Fevereiro de 2007

13.a Edição / Junho de 2010

ISBN: 9789892310893

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Í N D I C E

13 Prefácio

19 Introdução

23 Obesidade

25 OBESIDADE, O QUE É?

27 PORQUE É QUE ENGORDEI?

27 As causas da obesidade28 Factores hereditários e genéticos29 Factores adquiridos29 DESEQUILÍBRIOS HORMONAIS

29 Tiróide – sintomas e tratamento

31 Tiróide hiperactiva

32 Tiróide hipoactiva

32 Outras patologias da tiróide

33 MAUS HÁBITOS

33 Sedentarismo – falta de exercício

33 Stresse

33 Ansiedade/depressão

34 Medicamentos

34 Tabaco

35 Álcool em excesso e refrigerantes

35 Más opções alimentares

36 Má ingestão dos alimentos

41 PORQUE DEVO EMAGRECER?

41 Riscos da obesidade42 HIPERTENSÃO

42 DIABETES

43 CANCRO

43 CÁLCULOS BILIARES

43 ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES

43 PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

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44 ALTERAÇÕES OSTEOARTICULARES

44 ALTERAÇÕES METABÓLICAS

44 ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS

45 MODIFICAÇÕES ESTÉTICAS

46 Colesterol: o que é e como combatê-lo48 Como escolher os alimentos

51 EXEMPLOS DE RECEITAS COM BAIXO COLESTEROL

55 Celulite: o terror das mulheres56 COMO SE DIAGNOSTICA?

56 COMO EVITÁ-LA?

56 COMO COMBATÊ-LA?

58 Alimentos a privilegiar

58 Alimentos a evitar

59 COMO PERDER OS QUILOS A MAIS?

59 Formas de tratar a obesidade61 CRIAÇÃO DE NOVOS HÁBITOS

62 PLANO ALIMENTAR

65 EXERCÍCIO FÍSICO

67 MEDICAÇÃO

70 CIRURGIA DE REDUÇÃO GÁSTRICA

72 CIRURGIA PLÁSTICA

73 Índice de Massa Corporal: o que é, para que serve?76 Diferenças entre homens e mulheres78 Portugal: um país de obesos?83 As crianças gordinhas83 NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES

84 SEDENTARISMO

85 A PARTIR DE QUANDO SE DEVE COMEÇAR A CONTROLAR O PESO?

87 Relação idade/peso médio

88 Índice calórico de alguns alimentos «apetecíveis»

89 Quando os magros querem engordar90 O QUE FAZER PARA ENGORDAR?

90 CONSELHOS PARA ENGORDAR SAUDAVELMENTE

91 EXEMPLO DE UMA DIETA PARA ENGORDAR

92 Distúrbios alimentares92 ANOREXIA NERVOSA

95 BULIMIA NERVOSA

97 COMER COMPULSIVO

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99 Exercício físico

101 EMAGRECIMENTO E EXERCÍCIO FÍSICO

101 Como aumentar a actividade física103 Benefícios do exercício físico para a saúde

105 Gasto calórico em algumas modalidades

106 O que comer e beber quando se pratica exercício físico?107 Uma vida mais activa109 ALGUNS EXEMPLOS DE EXERCÍCIOS QUE SE PODEM PRATICAR EM CASA

111 Os desportistas114 Sauna e banho turco

117 Alimentação

119 OS NUTRIENTES

119 Proteínas121 Gorduras ou lípidos122 Hidratos de carbono ou glícidos123 Vitaminas125 Sais minerais127 Fibras128 Água

129 AS CALORIAS

137 COZINHAR SAUDAVELMENTE

137 Formas de cozinhar os alimentos137 Cozedura em meios não líquidos137 ASSADO NA BRASA

138 GRELHADO

138 ASSADO NO FORNO

138 GRATINADO

139 Cozedura em meio aquoso139 COZIDO EM ÁGUA

139 ESCALFADO

139 ESCALDADO

140 Cozedura em gordura140 SALTEADO

140 FRITURA

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143 Cozedura em meio misto

143 REFOGADO

143 ESTUFADO

143 GUISADO

143 Outros métodos de cozinhar

143 COZEDURA A VAPOR

144 COZEDURA À PRESSÃO

144 BANHO-MARIA

144 COZINHADO EM PAPELOTE OU PAPEL DE ALUMÍNIO

144 MICROONDAS

145 Mitos e ideias erradas sobre os alimentos

156 A comida dos outros países

159 DIETAS: EXEMPLOS E APRECIAÇÃO

160 Dieta de Atkins

161 Dieta das Proteínas

162 Dieta da Clínica Mayo

163 Dieta da Sopa

165 Dieta da Seiva

165 Dieta vegetariana

166 Dieta macrobiótica

167 Dieta mediterrânica

167 Outras dietas

167 Dieta da Lua

168 Dieta das cores

170 Dieta do tipo sanguíneo

172 Dieta dos signos

175 A MINHA DIETA

176 Os meus conselhos

178 Regras numa dieta de emagrecimento

178 ALGUNS PRINCÍPIOS QUE DEVEM SER RESPEITADOS

179 ALIMENTOS ACONSELHÁVEIS

179 ALIMENTOS PERMITIDOS

180 ALIMENTOS DESACONSELHÁVEIS

182 O que comprar no supermercado

184 EXEMPLOS DE RECEITAS (DIETA-BASE)

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189 Estética e cirurgia

191 ESTÉTICA

191 Tratamentos estéticos e resultados193 Dietética – exercício direccional – tratamentos estéticos-cos-

méticos195 Tratamentos: o que são e para que servem195 COSMÉTICOS

195 DRENAGEM LINFÁTICA

200 MESOTERAPIA

200 ENVOLVIMENTOS

200 TRATAMENTOS PARA A TONIFICAÇÃO TECIDULAR

201 LASERS

201 MICRODERMOBRASÃO

202 A MASSAGEM

202 Diferentes tipos de obesidade – diferentes tratamentos

205 CIRURGIA ESTÉTICA

206 O que se faz, como se faz206 TRATAMENTOS ANTI-RUGAS E FLACIDEZ – ROSTO E PESCOÇO

206 Substâncias de preenchimento

206 Botox

207 Suspensões

207 Blefaroplastia

209 Rinoplastia

210 TRATAMENTOS DO CORPO: BARRIGA E COXAS

210 Lipoaspiração

211 Abdominoplastia

212 O PEITO

212 Mamoplastia de redução

212 Mamoplastia de aumento

214 CIRURGIA ESTÉTICA NO MASCULINO

215 PERGUNTAS FREQUENTES ACERCA DA CIRURGIA ESTÉTICA

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À minha mulher, Ana Maria,

e às minhas filhas Ana Cristina e Ana Rita

pelo apoio que sempre me dispensaram, e a todos

aqueles que lutam diariamente contra a obesidade

e que são a razão de ser deste livro.

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PREFÁCIO

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Quando preparava um dos programas de debate da série«Maria Elisa», que durante vários anos coordenei e apresentei naRTP1, a proximidade do Verão e a ferocidade com que, por essaépoca, todas as mulheres começam a pensar em dietas para volta-rem a caber nos biquínis cada vez mais ousados, agora que estamoscolonizados pelo Brasil, pensei que um bom tema eram as dietasdrásticas e os seus perigos.

Estava então no auge da sua fama de «mágico» dos emagreci-mentos rápidos o célebre Dr. José Maria Tallon que descobrira ofilão desse nicho de mercado por preencher em Portugal e aqui seinstalara com grande sucesso e, certamente, maior proveito. Claroque eu sabia que os endocrinologistas portugueses diziam «cobrase lagartos» (estão a ver os efeitos da colonização?) do médico espa-nhol e dos efeitos secundários dos seus famosos comprimidos e,naturalmente, convidei um dos mais conceituados, o Prof. AlbertoGalvão Teles, para argumentar técnica e cientificamente com o seucolega espanhol.

Entretanto, e dado que sempre tive a preocupação de não redu-zir a escolha dos meus convidados ao horizonte que nos é mais

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cómodo, devido à proximidade – Lisboa – liguei para um amigodo Porto para saber se conhecia lá outro bom endocrinologista.Foi então que ouvi falar, pela primeira vez, de Fernando Póvoas,um «rapaz» que já tinha emagrecido meio Porto... Levandoembora os comentários à conta da rivalidade Norte / Sul, pus--me em contacto com o dito jovem e convidei-o a participartambém no debate.

Veio e brilhou, apesar da sua natural timidez perante ascâmaras a que não estava ainda habituado: brilhou tanto pelosconhecimentos clínicos como pela elegância com que tratoutodos os colegas presentes, quer concordando quer opondo-se,firme mas suavemente, a certos argumentos. A sua atitude foitanto mais notada quanto a agressividade de alguns dos outrosmédicos contra o Dr. Tallon tornou o ambiente, por diversas oca-siões, bastante crispado.

Naquele dia começou a nossa amizade.Alguns meses depois, após um período em que deixei à solta a

minha gulodice – adoro doces de ovos de Aveiro, éclairs de café,mousse de leite condensado, o bolo de bolacha da minha Mãe (queestá para as versões dos restaurantes como os «sucedâneos» docaviar estão para o beluga), as bolachinhas da Cunha, para só citaralguns dos doces por que me perco – eu própria marquei consultapara o Fernando que, entretanto, já tinha a sua clínica em Lisboa,onde se desloca semanalmente. Apesar de ele, sempre cavalheiro,começar por me dizer que eu não precisava de emagrecer, a visãodas minhas coxas roliças levou-o a mudar de opinião. E com aque-le jeito leve mas persuasivo dele nos convencer a ter juízo e fazeruma alimentação saudável e equilibrada, rapidamente as «borre-gas» desapareceram das pernas (é certo que o facto de eu não gos-tar de vinho – excepto do Porto, claro! – nem de fritos ou molhos,facilitou a tarefa aos dois).

Passaram entretanto vários anos e hoje a agenda – ou o tele-móvel – do Fernando fazem a inveja do melhor jornalista. Não há

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pessoa famosa que não seja doente dele (mesmo os magros às vezescaem nas tentações da carne (?) e, de seguida, correm a pedir aju-da ao Santo milagreiro que, felizmente, de Santo tem pouco).O médico tímido que pela primeira vez participara, pela minhamão, num debate na RTP, tornou-se presença frequente dos pro-gramas de TV. Mas não perdeu a humildade que é, necessariamente,característica dos seres verdadeiramente inteligentes, nem a capa-cidade de ouvir, de se comportar como se tivesse todo o tempo domundo, quando um doente, famoso ou anónimo, se senta à suafrente. E essa é uma condição necessária, ainda que não suficiente,a qualquer bom médico.

A vida profissional e pessoal de um e doutro levaram-nos, como correr dos anos, e por razões muito diversas, a aproximarmo-nosmais, numa amizade que inclui a sua família. Tenho uma grandeestima e admiração pela Ana, a mulher do Fernando, o seu braçodireito na gestão das Clínicas, além de uma extraordinária Mãe ede uma companheira discreta que o apoia mesmo nos sonhos maisloucos, como o de criar um Jardim Zoológico em pleno Minho. A«Quinta das Anas» – porque as duas filhas partilham o nome damãe – é um dos meus refúgios favoritos, onde sei que sou semprebem acolhida, nos melhores momentos como nos mais sombriosque todos conhecemos. Tenho até um quarto com o meu nome,ainda que não se compare com o majestoso domínio das zebras. Opróprio mini-zoo é um exemplo do empenho e carinho que o Fer-nando põe no que faz: os felizardos animais são cuidados por umcasal de veterinários russos que a família descobriu a trabalhar aliperto, numa fábrica, e a quem, para além do salário, ofereceu casaprópria e trata como família. Tenho para mim que são os emigrantesde leste mais felizes em Portugal.

Apesar de continuar a dedicar-se, com a mesma paixão, à Medi-cina, nada dá mais prazer ao Fernando do que encher a casa de ami-gos, promover renhidos campeonatos de futebol – onde, não raro,jogam os «craques» do F.C.P., o seu calcanhar de Aquiles, a sua debi-

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lidade, cujos êxitos ou infortúnios comenta com menos lucidez quequalquer outro primata do seu zoo – ou de outras modalidades.Mas os outros participantes podem ser, como aconteceu recente-mente, os anónimos companheiros de Liceu que não se reuniamhá 30 anos e, em muitos casos, se tinham perdido de vista.

Há seres muito brilhantes e bem sucedidos que só estabelecemrelações com pessoas do mesmo meio e, de preferência, as que lhespodem ser úteis.

O que torna o Fernando especial é que ele tem um dom paracultivar a amizade e só se sente bem quando faz, à sua volta, osoutros, das mais variadas proveniências económicas e sociais, tam-bém felizes.

Eu tenho a sorte de o contar como Amigo.

Maria Elisa Domingues

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INTRODUÇÃO

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Apesar de ter dedicado grande parte da minha vida profissio-nal à medicina desportiva, foi no Centro de Saúde de São Pedro daCova, onde também trabalhava, que descobri a minha vocação. Oscasos de obesidade que me batiam à porta eram muitos e graves, ea satisfação que me dava ver homens e mulheres perderem essesquilos a mais, que lhes roubavam a saúde, a boa-disposição e a auto--estima, lhes arruinavam o casamento ou os impediam de conseguiremprego, era tão grande que comecei a aprofundar o assunto e a dedi-car-me inteiramente a esse problema de saúde pública que é a obe-sidade.

Este livro é o resultado de tudo quanto aprendi, nos livros, comoutros médicos, mas sobretudo com os meus doentes, com quemtrabalho em equipa, diariamente, em busca de resultados que lhespermitam um futuro melhor. Não me sinto o dono da verdade, esei que não faço milagres, até porque, em matéria de obesidade,ainda há muito por descobrir. Mas tenho assistido, felizmente, abons exemplos, fruto de muito esforço e força de vontade dos meuspacientes. Foi por eles que escrevi este livro, e é a eles que o dedi-co, bem como a todos aqueles que vivem com o problema e ainda

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não arranjaram coragem para começar a lutar contra ele. Se estelivro servir de pontapé de saída para uma vida diferente, então játerá valido a pena…

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OBESIDADE

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OBESIDADE: O QUE É?

A obesidade é uma doença que se caracteriza por um aumentode peso devido a um excesso de gordura. O termo é pouco aceite,sobretudo por quem sofre da doença. O gordo admite que é gor-do, mas em geral não gosta que lhe chamem obeso. Na linguagemcomum, a palavra obesidade usa-se apenas para casos de grandeacumulação de gordura, mas a verdade é que a doença não atingeapenas esses gordos desmesurados. A maioria daqueles que apenasse dizem «gordinhos» sofre de obesidade e o seu número tem cres-cido assustadoramente nos últimos anos, ao ponto de a doença seter tornado numa das grandes preocupações actuais, em termos de saúde pública, nos países desenvolvidos. Não só pelos problemasestéticos que causa – e na sociedade em que vivemos, a imagemadquiriu um grande protagonismo no modo de vida das pessoas –mas sobretudo pelos problemas de saúde que esses quilos a maispodem causar na pessoa obesa. O excesso de peso resulta muitasvezes numa ruptura da harmonia vital, tanto física como psíquica.Quantas obesidades não dão origem a depressões? Quantas depres-sões não conduzem a casos de obesidade? Causa ou efeito de mui-tas disfunções físicas ou psíquicas, a obesidade é um problema de

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saúde pública que ainda está longe de ter um fim à vista. Há opi-niões controversas acerca dela e formas de tratamento quase anta-gónicas. A história da medicina, sobretudo nos últimos anos, temfeito descobertas importantes nesta matéria, mas cada médico daespecialidade continua a ter a sua visão sobre o assunto e a sua for-ma particular de actuar. Porque a verdade é que, apesar da obesi-dade ser a doença metabólica mais comum no mundo, ainda nin-guém conhece tudo. Sabe-se que é uma doença multifactorialcaracterizada pela acumulação de tecido gordo, que incrementaoutras doenças e até pode conduzir a uma morte antecipada. Masque factores são esses? Conhecemos alguns... mas serão todos? Res-ta-me dizer o que sei e as formas a que recorro para ajudar quemprecisa.

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PORQUE É QUE ENGORDEI?

As causas da obesidade

O que faz uma pessoa ser gorda? A resposta pode parecer, à par-tida, simples: está gorda porque come mais calorias do que aque-las que gasta. Mas a verdade é que, se assim fosse, só seriam gordosaqueles que comem de mais ou aqueles que se mexem de menos.E não é bem assim. Esses são gordos, é verdade – porque a lógicaaritmética funciona em muitos casos – mas essa não é a única razãoque explica o facto de muitas pessoas serem gordas. Existem mui-tos magros que comem mais do que alguns gordinhos, levam vidassedentárias e mesmo assim não engordam.

A obesidade é uma doença multifactorial, com muitas origens,que se podem, ou não, acumular. Daí que seja tão complexo tratá--la. Não há uma dieta-padrão ou um tratamento 100% eficaz pararesolver todos os casos de obesidade. Era bom que assim fosse, masé um bocadinho mais complicado do que isso. Há factores heredi-tários e genéticos e factores adquiridos que também podem estarna origem da doença. São esses factores que vou, em seguida, enu-merar:

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Factores hereditários/genéticos

Vários estudos confirmam que uma boa percentagem de obesosdeve a sua doença a factores hereditários. Um desses estudos sujei-tou um grupo de jovens, durante um ano, à mesma alimentação –ligeiramente sobrecalórica – e ao mesmo tipo de exercício físico. Nofim do período de teste verificou-se que um quarto dos jovens engor-dou e três quartos mantiveram o peso normal. Este resultado demons-tra que há perfis metabólicos desiguais para os mesmos estímulos.Ou seja, existe um componente genético que faz com que algumaspessoas tenham mais tendência para engordar do que outras.

Outro estudo clássico verificou que, se um progenitor for obe-so, tem 40% de probabilidades de ter filhos obesos (ou, pelo menos,com tendência para isso). Se os dois progenitores forem obesos a

probabilidade de ter filhos obe-sos aumenta para 80%. Quan-do falo em progenitores obesosnão me refiro a pessoas queestejam com peso a mais naaltura da concepção, mas simàquelas que, metabolicamente,têm tendência para engordar.Uma mulher que aumentemuito de peso durante a gravi-dez também não terá necessa-riamente um filho gordo. Essesquilos a mais – sejam eles devi-do a má alimentação, inércia,

ou a estímulos emocionais ou hormonais – prejudicam mais a saú-de da mãe do que a do seu filho, que pode nascer magro.

Se os factores hereditários são a causa que explica uma grandepercentagem de casos de obesidade, a tendência é para que elesaumentem. Porque se há cada vez mais obesos, cada vez haverá mais

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Causas da obesidade:1) Factores hereditários/

genéticos2) Factores adquiridos:– desequilíbrios hormonais– maus hábitos: sedentarismo,stresse, ansiedade/depressão,medicamentos, álcool em excesso, refrigerantes,más opções alimentares,má ingestão dos alimentos– abstinência do tabaco,nos primeiros seis meses após deixar de fumar

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filhos obesos. E este maior número de filhos obesos terá um dia umnúmero ainda maior de filhos também com obesidade. Esta ten-dência tem de ser controlada, daí que esse trabalho, hoje em dia,comece a ser feito pelos pediatras quase desde o nascimento de umacriança.

Factores adquiridos

As obesidades adquiridas podem dividir-se em:

1. DESEQUILÍBRIOS HORMONAIS: pequenas alterações endócri-nas, sejam elas da hipófise, da tiróide ou do pâncreas.

A tiróide – sintomas e tratamentoA tiróide é a «filha adoptiva» de muitos gordos, que a culpabi-

lizam pelo seu excesso de peso. De facto, quando a tiróide funcio-na mal, «de menos» – o chamado hipotiroidismo – o doente temtendência a aumentar de peso. Mas só 3% dos casos de obesidadesão explicados por razões endócrinas. De um modo geral, a pri-meira coisa que as pessoas me perguntam, quando entram na minhaclínica, é se a sua tiróide funcionará mal. Perguntam-me muitasvezes até se terão tiróide. Ora, toda a gente nasce com esta glândula.Ela pode é funcionar bem ou mal. E a percentagem de patologia da tiróide é muito pequena relativamente a todas as outras causas daobesidade.

A glândula tiróidea situa-se na fase anterior do pescoço, entrea pele e a laringe. Tem dois lóbulos, o direito e o esquerdo, com cer-ca de cinco centímetros de comprimento, cada um. Apesar de terum tamanho muito pequeno, a tiróide é um órgão extremamenteimportante porque controla o metabolismo e é responsável pelofuncionamento normal de cada célula. Consegue-o produzindo ashormonas conhecidas por tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), lan-çando-as na corrente sanguínea.

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O iodo é um constituinte muito importante destas hormonas.Há quatro átomos de iodo em cada molécula de tiroxina – daí a abre-viatura de T4 – e três átomos em cada molécula de triiodotironina– ou T3. Daqui podemos concluir que o iodo é um elemento impor-tante na função da tiróide. Nas zonas afastadas do mar existe umamaior carência de iodo que, se não for compensada devidamente naalimentação, pode levar a que a tiróide não consiga produzir quan-tidades adequadas de T3 e T4. Para compensar a falta de iodo e, porconseguinte, a baixa das hormonas T3 e T4, a glândula aumenta oseu volume e forma o que vulgarmente se chama bócio. Ir com maisfrequência à praia, nestes casos, pode servir de terapia.

Caso este aumento da glândula não compense suficiente-mente, a tiróide fica hipoactiva e desencadeia o chamado hipoti-roidismo.

Por vezes ingere-se demasiado iodo na alimentação, levando atiróide a produzir quantidades excessivas de hormonas tiroideias.Também determinados medicamentos podem levar a uma produçãoexcessiva das hormonas, desencadeando o chamado hipertiroidismo.

Em pessoas saudáveis, as quantidades das hormonas T4 e T3no sangue são mantidas dentro dos limites normais devido à acçãode uma hormona estimuladora da tiróide, ou TSH. Esta hormonaTSH é segregada pela glândula pituitária, uma estrutura do tama-nho de uma ervilha, que se situa mesmo atrás dos olhos.

Os problemas da tiróide são muito comuns, e o hiper ou hipo-tiroidismo, e o aumento do volume da glândula (bócio ou nódulotiroideu) afectam uma em cada vinte pessoas.

A maior parte das doenças da tiróide são tratadas com suces-so, e mesmo o cancro da tiróide, que é raro, não conduz necessa-riamente a uma diminuição da longevidade, desde que detectadoa tempo e tratado convenientemente.

Todos os problemas da tiróide são mais frequentes nas mulhe-res do que nos homens, e existe ainda um componente hereditárioa considerar.

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Tiróide hiperactivaUma tiróide hiperactiva (hipertiroidismo) é consequên-

cia de sobreprodução de hormonas tiroideias, T3 e T4. Estetipo de tiroidismo é também conhecido por Doença de Gra-ves. Pensa-se que pode estar relacionado com factoresambientais e susceptibilidade genética, mas ainda não seconhece o verdadeiro motivo. O stresse, resultante de acon-tecimentos importantes da vida, como um divórcio ou amorte de um familiar, também podem criar condições quefavoreçam o aparecimento da doença.

Sintomas– Perda de peso– Intolerância ao calor– Irritabilidade– Palpitações– Tremuras– Fraqueza muscular– Menstruação irregular– Pele com prurido, cabelo enfraquecido e unhas que-

bradiças– Olhos lacrimejantes– Bócio– Exoftalmia (olhos salientes)

TratamentoHá três tipos de tratamentos para a Doença de Graves:– Medicamentos: Timazol e Membazol– Cirurgia– Iodo radioactivo

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Tiróide HipoactivaUma tiróide hipoactiva (hipotiroidismo) aparece quan-

do a glândula tiroideia deixa de produzir quantidade sufi-ciente de hormonas tiroideias, T3 e T4. Na sua forma maiscomum afecta cerca de 1% da população, principalmentemulheres idosas e de meia-idade.

Sintomas– Aumento de peso– Sensibilidade ao frio– Obstipação (prisão de ventre)– Astenia (cansaço) e sonolência– Voz rouca e arrastada– Menorragia (períodos menstruais mais abundantes)– Pele seca, que descama com facilidade, cabelo seco e

quebradiço– Bradicardia e hipertensão

TratamentoO tratamento é feito com tiroxina, começando com doses

baixas de 50 microgramas, que podem aumentar até às 150microgramas por dia. Devem fazer-se análises ao sangue aofim de três meses de tratamento, para avaliar se é necessárioajustar a medicação.

Outras patologias da tiróide

As patologias da tiróide não se resumem ao hipo e ao hiperti-roidismo, embora estas sejam as mais comuns e as que mais conse-quências visíveis desencadeiam. Para além destas, existem várias for-

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