Título original: Genuine Pietystatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5991119.pdf · Tim 4.7), uma...
Transcript of Título original: Genuine Pietystatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5991119.pdf · Tim 4.7), uma...
Piedade Genuína
Título original: Genuine Piety
Por: Archibald Bonar (1753—1816)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Mai/2017
2
B699
Bonar, Archibald – 1753 -1816 Piedade Genuína / Archibald Bonar Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 106p.; 14,8 x 21cm Título original: Genuine Piety 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
Sumário
PREFÁCIO................................................... 4
Introdução pelo Tradutor.............................. 7
Os Princípios da Verdadeira Religião.............. 13
A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião...... 38
A Influência Prática da Verdadeira Religião... 49
A importância da verdadeira religião para a utilidade e felicidade do povo comum...........
65
Os MEIOS que parecem mais bem calculados para promover o Conhecimento e o Espírito da Religião entre as Pessoas Comuns.............
82
Conclusão pelo Tradutor................................. 97
4
PREFÁCIO
Aliviar as ansiedades dos pobres laboriosos, e
aumentar a felicidade do povo comum, é o objetivo
sincero do escritor deste Tratado. Como método mais
eficaz para realizar este objetivo desejável, ele deseja
recomendar a eles e a suas famílias - o conhecimento
e o amor da religião real; totalmente persuadido, de
que só isso pode apoiar suficientemente suas mentes
sob os vários males a que são expostos diariamente.
Muitas são as armadilhas da pobreza e severas as
dificuldades experimentadas por aqueles que são
colocados nas posições inferiores da vida. Quando
sofrendo sob agonizante solicitude, ou negligência
cruel, ou todas as circunstâncias humilhantes de
dependência arrogante; quando a vasilha de farinha
é consumida, e as crianças choram pelas provisões
que seus pais necessitados são incapazes de
comunicar; quando a doença une-se à pobreza para
tornar as suas habitações sombrias; quando aquele
em cujo trabalho suas esperanças estavam centradas,
é perfurado pelas flechas da morte - como é
lamentável então o estado de tais famílias! Mas
muito mais lamentáveis ainda, se, sob essas
calamidades, eles permanecem estranhos às alegrias
satisfatórias, e às esperanças animadoras do
cristianismo; se viveram nos tristes hábitos da
impiedade, ou cresceram em todas as misérias da
5
ignorância; se, em meio a suas complicadas
provações, sentidas e lamentadas, eles estão
destituídos das consolações que permitem aos
crentes triunfar no meio da adversidade.
Tal ignorância da verdadeira religião dificilmente
pode deixar de ser produtora de prodigalidade e
miséria. Aqueles que nunca foram ensinados a
buscar a felicidade nos caminhos de Deus, ainda
estão ansiosos por conforto, e são naturalmente
levados a colocar todas as suas expectativas de
desfrutá-lo nas intoxicações do vício; sua pobreza,
unida à sua ignorância, os envolve em muitas
armadilhas, os apressa a todos os terríveis excessos
da iniquidade, e afoga-os finalmente na culpa e
eterna perdição! Ao passo que, se tivessem sido
treinados nos caminhos da piedade e da justiça,
poderiam ter mantido um caráter honrado em meio
a todas as armadilhas da pobreza e desfrutado de
serenidade interior em meio a todas as adversidades
da vida.
Tentar, portanto, a libertação de muitos desta
miséria, e procurar dirigi-los para a frente nos
caminhos da sabedoria e da paz, não pode ser um
objeto não apto a uma mente benevolente. Com este
desígnio, e de um desejo ardente de promover um
objeto tão importante - um amigo apresenta ao povo
comum em nossa terra, um diretório simples e
monitor, escrito para sua instrução, e enviado ao
6
mundo com súplicas fervorosas ao Pai de todos, pelo
seu sucesso na promoção dos melhores interesses da
humanidade.
7
Introdução pelo Tradutor:
Nós vemos o apóstolo Paulo se dirigindo a Timóteo
para que se exercitasse pessoalmente na piedade (I
Tim 4.7), uma vez que viriam tempos trabalhosos em
que os homens teriam a forma de piedade, mas
negariam o seu poder (II Tim 3.5), dos quais ordenou
a Timóteo que se afastasse deles.
Os dias seriam difíceis por causa desta aparência de
piedade religiosa sem que a fosse de fato, de maneira
que muitos seriam enganados e conduzidos a um
modo de vida cristã que não poderia de modo algum
agradar a Deus.
Com o intuito de fundamentar os crentes na verdade
todos os apóstolos dirigem sérias advertências em
suas epístolas quanto ao dever de se crescer na graça
e no conhecimento de Jesus para que se tenha um
testemunho de vida cristã verdadeiro e maduro, apto
para o serviço de Deus e para a comunhão entre os
crentes em amor.
É a isso que o apóstolo Pedro se refere em sua
segunda epístola quando, com vistas a tal
crescimento espiritual rumo à necessária
maturidade, aponta os degraus de graças nos quais
o crente deve avançar rumo à citada maturidade:
8
“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a
diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude
a ciência,
6 E à ciência a temperança, e à temperança a
paciência, e à paciência a piedade,
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a
caridade.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas,
não vos deixarão ociosos nem estéreis no
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II
Pedro 1.5-8)
Como não poderia deixar de ser, ele começa com o
degrau da fé, pelo qual os crentes tiveram acesso à
conversão, com a justificação e a regeneração, e com
a qual devem também prosseguir na santificação
progressiva durante toda a sua jornada espiritual.
À fé deve ser seguida por um viver segundo as
excelências de Cristo, ao qual ele chama
resumidamente de virtude (erete no grego), palavra
que designa aquele que sabe distinguir o vil do
precioso.
Mas, há ainda outros degraus na vida espiritual que
devem ser acessados com o tempo de nossa
caminhada no Senhor. E o próximo citado pelo
apóstolo é a ciência, ou conhecimento da vontade de
9
Deus, especialmente a revelada na Palavra, que o
instrumento da nossa santificação pelo Espírito.
Tendo alcançado estes degraus, o próximo em ordem
é a temperança, ou domínio próprio, um fruto do
Espírito Santo, obtido pelo exercício da negação do
nosso ego, para sermos conduzidos pela mente de
Cristo, segundo instrução e direção do Espírito.
Alcançado este ponto, estamos em condições de
avançar para exercer o próximo degrau que se refere
à paciência cristã, e sobre a qual todo um compêndio
poderia ser escrito, mas que podemos resumir como
sendo particularmente a imitação da longanimidade
de Deus, sendo tardios para nos irarmos, e para falar,
e prontos para ouvir, conforme o dizer do apóstolo
Tiago. Está em foco aqui, a capacidade aprendida em
diversas provações e exercícios espirituais, a
suportar ofensas, ingratidões e toda sorte de danos e
perseguições, sem perder a paz e alegria de Cristo no
coração.
Este já é um grau de crescimento espiritual bastante
recomendável, mas falta ainda ser-lhe acrescentado
os degraus da piedade e do amor, que são
apresentados pelo apóstolo Pedro, nesta ordem. A
piedade está relacionada à vida de devoção a Deus,
não apenas externa, mas sobretudo interna, de
coração, quanto à adoração, louvor, oração, ações e
reações cristãs especialmente na comunhão dos
10
santos. E amor, cujas características essenciais são
destacadas pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 13,
dispensa maiores comentários.
Concluímos então que a plenitude do amor de Cristo
não poderá ser vista no crente ou na congregação de
crentes em que tais degraus anteriormente citados
não tiverem sido alcançados na experiência da
prática da vida cristã.
Na verdade, todas estas graças são alcançadas e
aperfeiçoadas mediante exercício, ou seja, por serem
praticadas, por nos empenharmos em agir de acordo
com o que a Palavra nos ensina e exige de nós em
relação a elas.
O apóstolo Paulo se expressa a respeito desta forma
de Pedro definir o crescimento espiritual à estatura
de varão perfeito (amadurecido), usando outras
formas de expressão, como a que encontramos por
exemplo em Efésios 4.11-16:
“11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, 12 Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a
obra do ministério, para edificação do corpo de
Cristo; 13 Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo,
11
14 Para que não sejamos mais meninos inconstantes,
levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo
engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação
de cada parte, faz o aumento de si mesmo, para sua
edificação em amor.”
Ou ainda:
“3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos
nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a
perseverança,
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a
esperança;
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de
Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado.” (Rom 5.3-5).
Aqui, pretendemos, com a tradução deste livro de
Archibald Bonar, focarmos apenas no assunto da
piedade, principalmente com o propósito de
aprendermos que a par de o crente ter recebido todo
o aparato da graça em semente na conversão, é
necessário fazer crescer e aparecer tudo o que se
12
refere a Cristo, para que o propósito eterno de Deus
se cumpra em sua vida.
Alguns crentes entraram pela porta da fé, e sequer
avançaram na da virtude e do conhecimento, e não
tendo avançado nestas, muito menos terão avançado
nas portas do domínio próprio, da paciência e da
piedade, as quais tendo sido percorridas, são o
caminho normal para a grande porta do amor em sua
plenitude em maturidade.
Os apóstolos lutaram e deixaram escrito para nós em
suas epístolas tudo quanto nos convém, e se
esforçavam para que fosse aprendido e praticado por
todos os crentes. A falta da mesma diligência no
ensino e aplicação de tais coisas, explica a grande
carnalidade que campeia uma grande parte da igreja
atual em todo o mundo.
13
Os Princípios da Verdadeira Religião
A VERDADEIRA RELIGIÃO consiste em três
partes: princípios apropriados, disposições
apropriadas e conduta apropriada. A união destes
três, forma o caráter de uma pessoa piedosa; e se
algum deles faltar, os outros dois devem ser
grandemente deficientes; porque os princípios em
que você deve estar imbuído darão uma direção aos
afetos de seu coração; e ambos, ao unirem sua
influência, determinarão o teor geral de sua conduta.
Portanto, será necessário apresentar-lhes uma
simples descrição dos princípios sagrados, ou
doutrinas, que os cristãos reais consideram
essenciais para suas esperanças e felicidade; que são
claramente revelados na Palavra de Deus; e que,
portanto, são do seu maior interesse bem
compreender, firmemente acreditar e
constantemente lembrar. Depois de termos visto os
princípios passaremos à descrição das disposições ou
afetos, e finalmente à conduta.
(Nota do tradutor: Vemos assim que é possível que
um crente genuíno pode estar destituído de um viver
piedoso, ou seja, sem ter a piedade acrescentada à
sua vida religiosa, desde que lhe falte a prática da
Palavra, refletida pela sua plena vivência em sua
conduta. E isto não é recebido como um dom
14
instantâneo como é o caso da justificação e da
regeneração, antes é alcançada por exercício, e
exercício continuado em grande disciplina na
aplicação da Palavra à vida pelo poder do Espírito
Santo, como vemos o apóstolo instruindo Timóteo
em 1 Tim 4.7. Assim, mesmo que haja conhecimento
da Palavra, e uma disposição afetuosa por Deus e
pela Sua vontade, e todavia houver esta falta de
prática da verdade na vida, não pode ser dito que o
crente é piedoso, ou que alcançou a piedade.)
As doutrinas essenciais da Escritura referem-se
principalmente aos seguintes detalhes:
1. O caráter e a providência de Deus.
2. As circunstâncias originais e presentes da
humanidade.
3. O amor de Cristo, como exposto em sua
encarnação, sofrimentos, morte e ressurreição; e
ainda exibido em seu cuidado ininterrupto de sua
igreja e pessoas.
4. A aplicação deste amor através das influências do
Espírito Santo.
5. O estado eterno.
15
Vamos discorrer um pouco sobre o que as Sagradas
Escrituras revelam a respeito de cada um desses
artigos.
1. O fundamento de todo conhecimento religioso é
estabelecido em concepções justas do SER DIVINO.
Que há um Deus, toda a natureza proclama em voz
alta, e quase todas as nações admitiram
prontamente. Assumindo, portanto, o Ser de Deus
como um princípio consentido, a interessante
indagação segue naturalmente: Quem é Deus? Quais
são seus atributos? Que atenção ele tem para suas
criaturas racionais aqui embaixo? Qual é a extensão
de seu domínio e providência? Se aqueles que
arrogantemente se vangloriam de que a razão não
iluminada pode guiar os homens para a felicidade,
são incapazes de resolver essas perguntas com
satisfação para si ou para os outros; se eles só podem
conjecturar; e se suas conjecturas são passíveis de
controvérsias; então que eles não pensem mais do
que deveriam da luz da natureza, mas deixem que
eles escutem os ditames da revelação bíblica, e
aprendam a partir daí o que a razão humana nunca
poderia ter descoberto. (Nota do tradutor: porque
Deus não nos deixou sem respostas quanto ao que é
essencial para adorá-lo e servi-lo, conforme a
revelação que fez nas Escrituras para tal propósito.)
16
Das Escrituras aprendemos que o Deus com quem
temos de lidar é sobre todos, e antes de tudo,
infinitamente e independentemente, abençoado em
si mesmo; de eternidade a eternidade, sem qualquer
variação, ou mesmo sombra de mudança. Como
ninguém pode resistir ao seu poder, assim todas as
coisas são possíveis com ele, porque ele é o Senhor
Deus onipotente, que era, e é, e está para vir. Ele é
glorioso em santidade; e não pode olhar para a
iniquidade sem aborrecimento. Diante dele todas as
coisas são abertas e manifestas; porque as trevas não
nos podem esconder dele, porque é como a luz. Mais,
ele procura os pensamentos e corações dos homens,
e conhece todos os seus feitos secretos.
Grandes e maravilhosas são suas obras. Ele fez os
céus, e todas as suas hostes, o mundo e todos os seus
habitantes. Ele os sustenta pela palavra do seu poder,
e faz todo o seu prazer entre os filhos dos homens.
Seu reino governa sobre todos, e seus olhos
contemplam as nações. Ele fere e cura. Ele abate e
eleva; e ninguém pode livrar de suas mãos. O que ele
propôs, ele realizará; porque o conselho do Senhor
permanecerá para sempre, e os pensamentos do seu
coração por todas as gerações. Portanto, bem irá para
os justos; porque de fato há um Deus que governa a
terra, e ele punirá os ímpios com destruição eterna!
A linguagem do volume sagrado, ao descrever o
caráter de Deus, é inimitavelmente sublime; e dirigir
17
sua atenção para algumas dessas descrições, é sem
dúvida o método mais apropriado de transmitir
visões justas de sua grandeza e glória.
"1 Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu; e bendirei o teu
nome pelos séculos dos séculos.
2 Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos
séculos dos séculos.
3 Grande é o Senhor, e mui digno de ser louvado; e a
sua grandeza é insondável.
4 Uma geração louvará as tuas obras à outra geração,
e anunciará os teus atos poderosos.
5 Na magnificência gloriosa da tua majestade e nas
tuas obras maravilhosas meditarei;
6 falar-se-á do poder dos teus feitos tremendos, e eu
contarei a tua grandeza.
7 Publicarão a memória da tua grande bondade, e
com júbilo celebrarão a tua justiça.
8 Bondoso e compassivo é o Senhor, tardio em irar-
se, e de grande benignidade.
9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias
estão sobre todas as suas obras.
18
10 Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os
teus santos te bendirão.
11 Falarão da glória do teu reino, e relatarão o teu
poder,
12 para que façam saber aos filhos dos homens os
teus feitos poderosos e a glória do esplendor do teu
reino.
13 O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura
por todas as gerações.
14 O Senhor sustém a todos os que estão caindo, e
levanta a todos os que estão abatidos.
15 Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o
seu mantimento a seu tempo;
16 abres a mão, e satisfazes o desejo de todos os
viventes.
17 Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e
benigno em todas as suas obras.
18 Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de
todos os que o invocam em verdade.
19 Ele cumpre o desejo dos que o temem; ouve o seu
clamor, e os salva.
19
20 O Senhor preserva todos os que o amam, mas a
todos os ímpios ele os destrói.
21 Publique a minha boca o louvor do Senhor; e
bendiga toda a carne o seu santo nome para todo o
sempre." (Salmo 145)
Para o mesmo propósito você lê no Salmo 104:
"1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus
meu, tu és magnificentíssimo! Estás vestido de honra
e de majestade,
2 tu que te cobres de luz como de um manto, que
estendes os céus como uma cortina.
3 És tu que pões nas águas os vigamentos da tua
morada, que fazes das nuvens o teu carro, que andas
sobre as asas do vento;
4 que fazes dos ventos teus mensageiros, dum fogo
abrasador os teus ministros.
5 Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não
fosse abalada em tempo algum.
6 Tu a cobriste do abismo, como dum vestido; as
águas estavam sobre as montanhas.
7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão
puseram-se em fuga.
20
8 Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, até
o lugar que lhes determinaste.
9 Limite lhes traçaste, que não haviam de
ultrapassar, para que não tornassem a cobrir a terra.
10 És tu que nos vales fazes rebentar nascentes, que
correm entre as colinas.
11 Dão de beber a todos os animais do campo; ali os
asnos monteses matam a sua sede.
12 Junto delas habitam as aves dos céus; dentre a
ramagem fazem ouvir o seu canto.
13 Da tua alta morada regas os montes; a terra se
farta do fruto das tuas obras.
14 Fazes crescer erva para os animais, e a verdura
para uso do homem, de sorte que da terra tire o
alimento,
15 o vinho que alegra o seu coração, o azeite que faz
reluzir o seu rosto, e o pão que lhe fortalece o coração.
16 Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do
Líbano que ele plantou,
17 nos quais as aves se aninham, e a cegonha, cuja
casa está nos ciprestes.
21
18 Os altos montes são um refúgio para as cabras
montesas, e as rochas para os querogrilos.
19 Designou a lua para marcar as estações; o sol sabe
a hora do seu ocaso.
20 Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos
os animais da selva.
21 Os leões novos, os animais bramam pela presa, e
de Deus buscam o seu sustento.
22 Quando nasce o sol, logo se recolhem e se deitam
nos seus covis.
23 Então sai o homem para a sua lida e para o seu
trabalho, até a tarde.
24 Ó Senhor, quão multiformes são as tuas obras!
Todas elas as fizeste com sabedoria; a terra está cheia
das tuas riquezas.
25 Eis também o vasto e espaçoso mar, no qual se
movem seres inumeráveis, animais pequenos e
grandes.
26 Ali andam os navios, e o leviatã que formaste para
nele folgar.
27 Todos esperam de ti que lhes dês o sustento a seu
tempo.
22
28 Tu lho dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e
eles se fartam de bens.
29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes
tiras a respiração, morrem, e voltam para o seu pó.
30 Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas
a face da terra.
31 Permaneça para sempre a glória do Senhor;
regozije-se o Senhor nas suas obras;
32 ele olha para a terra, e ela treme; ele toca nas
montanhas, e elas fumegam.
33 Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei
louvores ao meu Deus enquanto eu existir.
34 Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me
regozijarei no Senhor.
35 Sejam extirpados da terra os pecadores, e não
subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao
Senhor. Louvai ao Senhor."
Não menos simples, e não menos sublime, é a
descrição do Deus Altíssimo nas profecias de Isaías,
no capítulo quarenta:
"1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
23
2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que
já a sua malícia é acabada, que a sua iniquidade está
expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor,
por todos os seus pecados.
3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o
caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada
para o nosso Deus.
4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte
e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado,
e o que é escabroso, aplanado.
5 A glória do Senhor se revelará; e toda a carne
juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de
clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como
a flor do campo.
7 Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o
hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva.
8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de
nosso Deus subsiste eternamente.
9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um
monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a
Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a,
não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o
vosso Deus.
24
10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu
braço dominará por ele; eis que o seu galardão está
com ele, e a sua recompensa diante dele.
11 Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre
os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará
no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará
mansamente.
12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou
a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa
medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e
os outeiros em balanças,
13 Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu
conselheiro o ensinou?
14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse
entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do
juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe
mostrou o caminho de entendimento?
15 Eis que as nações são consideradas por ele como a
gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis
que ele levanta as ilhas como a uma coisa
pequeníssima.
16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus
animais bastam para um holocausto.
25
17 Todas as nações são como nada perante ele; são
por ele reputadas menos do que nada, e como coisa
vã.
18 A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que
figura podeis comparar a ele?
19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o
cobre de ouro, e forja cadeias de prata para ele.
20 O empobrecido, que não pode oferecer tanto,
escolhe madeira que não apodrece; procura para si
um artífice perito, para gravar uma imagem que não
se pode mover.
21 Porventura não sabeis? porventura não ouvis? ou
desde o princípio não se vos notificou isso mesmo?
ou não tendes entendido desde a fundação da terra?
22 E ele o que está assentado sobre o círculo da terra,
cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele
o que estende os céus como cortina, e o desenrola
como tenda para nela habitar.
23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em
coisa vã os juízes da terra.
24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se tem
semeado e mal se tem arraigado na terra o seu
tronco, quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a
tempestade os leva como à pragana.
26
25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe
seja semelhante? diz o Santo.
26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem
criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército
delas segundo o seu número; ele as chama a todas
pelos seus nomes; por ser ele grande em força, e forte
em poder, nenhuma faltará.
27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu
caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo
passa despercebido ao meu Deus?
28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o
Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa
nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento.
29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao
que não tem nenhum vigor.
30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os
mancebos cairão,
31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas
forças; subirão com asas como águias; correrão, e
não se cansarão; andarão, e não se fatigarão."
Tudo o que diz respeito à natureza, ao caráter e ao
domínio divinos, revelados nas Escrituras, excede em
muito o que a razão natural descobriu. A razão nos
diz que Deus é o Criador de todas as coisas; mas
27
nunca descobriu que ele criou todas as coisas do
nada, e arranjou e estabeleceu-as meramente por sua
palavra soberana. A razão pode nos dizer que Deus é
sábio e poderoso; mas não sabia, até que foi ensinado
por revelação, que ele tem estas, e todas as
propriedades da Deidade, independente de todo ser,
em um grau infinito, através dos séculos eternos. A
razão supõe que há uma providência geral
governando as nações; mas nunca sugeriu, que esta
providência de nosso Deus se estende às
preocupações de cada homem, para seus propósitos
mais secretos e aparentemente para as misericórdias
mais acidentais.
Mas, a informação insuficiente que a razão não-
assistida transmite de Deus, é peculiarmente
manifestada pelas descobertas que nos são dadas nas
Escrituras da adorável Trindade. Aprendemos que o
Senhor nosso Deus é o único Senhor; que nesta
unidade de Deus há três pessoas; que o Pai, o Filho e
o Espírito Santo possuem a mesma natureza, os
mesmos atributos e a mesma essência; que, portanto,
em perfeita coerência com a razão, assim como a
Escritura, podemos afirmar que o objeto glorioso de
nossa adoração é o vivo e verdadeiro JEOVÁ. Essas
são verdades, que, enquanto confundem a sabedoria
humana para entender, estão essencialmente
conectadas a cada parte do grande plano de nossa
redenção; e são bem calculadas para silenciar toda a
arrogância humana, para exaltar nossas ideias da
28
natureza divina, e para nos fazer dizer, com os
exércitos adoradores acima, "Quem pode revelar a
perfeição do Todo-Poderoso!"
2. A natureza do HOMEM. Como as Escrituras nos
favoreceram com informações satisfatórias sobre o
mais sublime e importante de todos os assuntos, a
natureza e o caráter de Deus; elas igualmente
satisfazem nossas perguntas sobre um assunto
intimamente relacionado com o primeiro, e
altamente interessante para todos. O que é o
homem? Para que fim ele recebeu a existência? E que
perspectivas de futuro, é permitido a ele para
entreter?
Esse homem, em muitos aspectos, se assemelha aos
animais que perecem, é inegável. Como eles - ele
come, e dorme, e adoece, e morre! O homem é de
poucos dias, e estes incertos e cheios de problemas.
Mas esse homem é também mais excelente do que a
criação animal, é abundantemente evidente, das
capacidades mais nobres que possui; uma
capacidade de adorar o Ser supremo, de contemplar
coisas invisíveis e espirituais, de manter uma
conversa racional com outras criaturas e de fazer
uma parte na vida, como o seu entendimento e
reflexão se unem para ditar.
Estes vários poderes, que marcam a dignidade
superior do homem acima das bestas do campo,
29
derivam do Pai de nossos espíritos; e são
inteiramente dependentes para sua preservação, em
seu prazer soberano. Permaneceu, portanto, com ele
revelar, se ele fez ou não o homem imortal. Nenhum
raciocínio filosófico poderia ter determinado
completamente essa questão; mas a página sagrada
colocou este assunto fora de toda dúvida, e
claramente testifica que, como o homem possui um
espírito vivo, totalmente distinto do seu corpo
material - assim Deus tem se agradado em selar a
imortalidade sobre a alma racional e disse sobre o
homem, que ele existirá para sempre.
A Escritura nos informa ainda, que Deus criou o
homem à sua própria imagem; adornou-o com todas
as belezas do perfeito conhecimento, justiça e
santidade; investiu-o com a dignidade de ser Senhor
desta criação inferior, e o tornou completamente
abençoado, pelo conhecimento e gozo, pela
contemplação e imitação de seu Deus.
Mas, infelizmente! Este estado original de inocência,
dignidade e felicidade, foi de curta duração! A
humanidade logo violou as leis mais justas de seu
Criador todo-poderoso, e se afastou do Deus vivo.
Por isso, justamente, foram punidos como rebeldes
contra seu governo; banidos do paraíso e condenados
à dor, à morte e à miséria eterna!
30
Tal é o estado atual do homem; um estado de
apostasia da santidade e de Deus; um estado de
ignorância e dificuldade, de degeneração e culpa, de
incerteza e medos. Tais sentimo-lo ser - e tais as
Escrituras o descrevem. Eles também revelam o
resultado melancólico: que em Adão todos caíram;
que pela desobediência desse homem, toda a
humanidade foi feita pecadora; e que a condenação
passou para todos os homens, porque todos estão
destituídos da glória de Deus.
O coração do homem não mais permanece ereto ou
não corrompido; nem é a suprema consideração para
a vontade de Deus agora natural para os homens:
pois a sua mente carnal é inimizade contra ele, e se
recusa a sujeição à sua lei; o seu coração é enganoso
e ímpio; abandonaram a fonte das águas vivas,
seguiram as imaginações vãs, e se desviaram cada um
em seus próprios caminhos.
O temperamento, as perseguições e a conduta de
cada homem, desde os dias de Adão até a hora
presente; a experiência de cada nação, seja bárbara
ou civilizada; evidencia diariamente a depravação
voluntária, em oposição a todas as influências da
educação, ameaças e recompensas. A prevalência
universal da ingratidão, da desconfiança e da
desobediência a Deus, unindo sua evidência com o
testemunho da Escritura, que todos são por natureza
31
filhos da ira, e que é por causa das misericórdias do
Senhor que não somos consumidos.
3. O REMÉDIO de Deus para o pecado do homem. À
medida que a Palavra de Deus manifesta a origem, a
natureza e as evidências da depravação humana,
revela graciosamente o remédio que o próprio Deus
providenciou: é, portanto, conveniente lembrar-nos
que outra distinta Doutrina da revelação, é a
Redenção dos homens através do Senhor Jesus
Cristo.
A Escritura nos informa que, desde o princípio, o
onisciente Jeová previu a apostasia da humanidade;
e, com a mais terna piedade, viu-os envolvidos em
circunstâncias de miséria, das quais nenhum poder
humano poderia resgatar: que, com a mais rica
misericórdia, ele colocou a sua ajuda em alguém
capaz de nos livrar; e entregou o seu Filho unigênito
aos sofrimentos e à morte. O Filho de Deus
prontamente se empenhou para salvar os homens da
ruína, morrendo como sua garantia; e que o que ele
livremente empreendeu, ele realizou plenamente;
porque quando a plenitude do tempo chegou, ele foi
manifestado na carne, foi contado com
transgressores, e morreu pelos injustos; para redimir
os perdidos, para expiar a culpa, e para trazer muitos
filhos e filhas para a glória.
32
Para auxiliar nossas concepções do amor deste
Redentor, a Escritura nos assegura que a culpa do
pecado não poderia ser expiada, nem os homens
redimidos, sem um sacrifício de valor infinito; e que
aquele que se humilhou até a morte da cruz por nós,
não foi senão o Senhor da glória, Emanuel, Deus
conosco, em quem habita toda a plenitude da
Divindade! Este é aquele que inclinou a cabeça no
Calvário, e disse que estava consumado! O Messias
morreu, embora não para si mesmo; mas para acabar
com as ofertas do pecado, para fazer a reconciliação
dos transgressores e para trazer a justiça eterna.
Precisamos então nos admirar que os escritores
inspirados falem na linguagem do arrebatamento
neste tema glorioso; e que eles parecem trabalhar por
expressões ao tentar exaltar o amor do Pai eterno, ao
dar o seu Filho unigênito à morte pelos pecadores; e
o amor do Redentor adorado, em derramar seu
precioso sangue para a remissão dos pecados de
muitos!
As Escrituras ainda nos informam que o mesmo
amor sem paralelo, que levou o Filho de Deus a sofrer
e a morrer, permanece até hoje tão ardente como
sempre, e permanecerá inalterado e imutável
durante os séculos eternos. Tendo, por seu próprio
sangue, expiado os pecados de seu povo, levantou-se
em triunfo da sepultura para sua justificação,
ascendeu às mansões no alto como seu representante
e sentou-se à direita do Pai; lá ele sustenta o caráter
33
cativante do Sumo Sacerdote compassivo de seu
povo, e Advogado justo! Intercede com sucesso em
seu favor; torna seus serviços aceitáveis pelo mérito
de sua própria mediação; dá-lhes graça para ajudar
em cada momento de necessidade! Ele escolhe a
porção de sua herança; faz bondade e misericórdia
para segui-los através da vida; e os leva finalmente a
seu reino celestial, para sempre, para o Senhor. Estas
são partes do grande amor com que ele ama seus
redimidos. Mas a altura e a profundidade, a largura e
o comprimento do amor redentor excedem em muito
todos os poderes da descrição e todas as concepções
dos homens ou dos anjos!
Sob este artigo, o amor de Cristo, estão incluídos
todas as incríveis descobertas feitas na Escritura, o
que o Redentor fez, e está agora transacionando e
ainda fará pela felicidade do seu povo. Seu
compromisso compassivo para sua redenção; seu
constante cuidado condescendente de sua igreja nos
períodos do Velho Testamento, o número e variedade
indizível de seus sofrimentos, quando se dignou
morar com o homem na terra; o valor inestimável das
bênçãos que sua morte meritória obteve; as
manifestações de sua graça a todos os seus
escolhidos, em sua conversão, confirmação e
conforto. Sua comunicação a seu povo de todas as
bênçãos espirituais, como seu glorioso Senhor e
cabeça; e preparando para todos os seus redimidos
um estado de glória indizível, ininterrupta e infinita!
34
Mas nenhuma linguagem ou concepção é adequada a
este mais nobre dos temas - o amor de Cristo aos
homens caídos.
4. O ESPÍRITO SANTO. Outra doutrina distintiva da
nossa santa religião é a agência do Espírito Divino,
na preparação dos homens para o reino dos céus. O
glorioso sujeito deste ramo da revelação divina é
denominado na Escritura de Espírito de Deus, o
Espírito Eterno, o Terceiro na Trindade sagrada que
dá testemunho no céu, o Espírito Santo, o
Consolador, o Espírito de glória. Em seu nome somos
batizados; e para ele, com o Pai e o Filho, a suprema
adoração é tributada no céu e na terra.
As operações do Espírito Santo, na mente daqueles
homens que são escolhidos para a salvação, são estas:
Ele convence do pecado, da justiça e do juízo. Ele
ressuscita aqueles que estão mortos em pecados, e os
torna vivos para Deus. Ele os purifica de todos os
seus ídolos e purifica o seu coração por meio da fé em
Cristo. Ele derrama o amor de Cristo, fazendo a
vontade e o que é agradável aos olhos de Deus. Ele
lhes ensina como orar e intercede por eles. Ele os sela
para o dia da redenção, e os mantém por seu próprio
poder. Ele testemunha com seus espíritos que eles
são filhos de Deus, e permanece com eles como um
Consolador. Ele os enche de esperança e paciência,
fortalece-os com todo o poder e os leva à glória
eterna.
35
Tão necessárias são as influências do Espírito para
nos constituir verdadeiros cristãos, que a Escritura
frequentemente nos assegura, que se alguém não tem
o Espírito de Cristo, o tal não é dele; e que somente
aqueles que são guiados pelo Espírito são filhos de
Deus. A evidência de ser assim conduzido, é
progresso na graça; para os frutos do Espírito, que
são fé, paz, amor, alegria, longanimidade, mansidão,
bondade, mansidão e temperança.
Eu expressei estes sentimentos a respeito da
influência do Espírito na mente dos crentes, nas
palavras precisas da Escritura, para que se possa ver
que lugar importante esta doutrina sustenta no
esquema cristão. Ao considerar estes testemunhos
unidos da Escritura, como eles se relacionam com a
agência do Espírito, você será capaz de rastrear o
progresso gradual da vida divina, desde as primeiras
convicções salvadoras do Espírito Santo, através de
sua futura iluminação, renovação, santificação e
consolo. Mas este assunto você encontrará mais
amplamente ilustrado no capítulo seguinte, sob o
título de Experiência em Religião.
5. O estado eterno. A última doutrina distintiva de
nossa santa religião, que eu propus mencionar, é o
Estado de Retribuição além da Sepultura. Isso pode
ser justamente chamado, uma doutrina peculiar ao
evangelho: pois, embora os sábios, em diferentes
épocas e nações, desejassem alegrias futuras, e
36
conjeturaram, que certamente um futuro estado de
bem-aventurança ou de aflição está preparado para
os homens, de acordo com seu caráter e conduta na
terra; contudo é somente pela revelação que Deus fez
em sua Palavra, que a imortalidade foi trazida
claramente à luz.
Como o Antigo e o Novo Testamento são partes de
uma revelação gradual feita à humanidade; como
ambos testemunham de um Deus, e um Salvador, e
um evangelho; assim eles se unem para revelar o
futuro e o estado eterno das coisas, embora com
graus muito diferentes de clareza. Eles nos mostram
o que será a seguir; e solenes e sublimes são as cenas
que eles representam: a abertura das nuvens do céu;
a descida do grande Deus, nosso Salvador, para
julgar os vivos e os mortos; a grandeza de sua
manifestação, em sua própria glória e de seu Pai, com
dez milhares de seus anjos; a ressurreição dos
mortos, ao som da trombeta de Deus; a aparição de
mundos reunidos diante do tribunal de Cristo; a
separação dos ímpios dos justos; a sentença
irreversível sobre os ímpios, denunciando a eterna
destruição da presença do Senhor; a mudança dos
corpos dos santos em um momento, e tornando-os
espirituais e imortais; os arrebatamentos dos
redimidos, quando reconhecidos, absolvidos e
honrados, diante de toda a criação inteligente; a
conflagração geral, sob o comando do juiz soberano,
e a dissolução destas obras estupendas que ele agora
37
sustenta; a abertura das portas eternas da glória,
para admitir os resgatados do Senhor; sua inclinação
diante do trono; sendo apresentados ao Pai com
grande alegria; seus cânticos celestiais ao que está
assentado no trono, e ao Cordeiro que foi morto;
vendo Deus como ele é; lembrando-se de todo o
caminho pelo qual os conduzia; estar com Jesus, para
contemplar a sua glória; sendo feitos reis e
sacerdotes para o nosso Deus para todo o sempre!
Estas são as realidades futuras que a revelação
bíblica desenvolveu; estas são as tuas gloriosas
esperanças, ó crente em Jesus! E estas gloriosas
esperanças devemos ao Vosso Sacrifício Expiatório, ó
bendito e bem-aventurado Emanuel!
38
A EXPERIÊNCIA da Verdadeira Religião
Tendo falado do conhecimento religioso como
respeitando às doutrinas da Escritura; passo agora a
considerá-lo como respeitando ao relato bíblico da
experiência dos cristãos; o agir de suas mentes para
objetos divinos; e a influência do que eles acreditam
em seus temperamentos e afetos.
Toda a verdadeira piedade está assentada no
coração; e daí, como boa semente semeada em boa
terra, produz os frutos da justiça que são para a glória
de Deus. Não há formas externas de devoção;
nenhuma profissão externa de piedade, por mais
fervorosa, regular e notável; nenhum esforço para o
bem da humanidade, por mais bem sucedido e
aplaudido; nenhuma emoção súbita de tristeza ou
alegria, sob a pregação da Palavra; não, nenhum
sofrimento por causa de Cristo, ou zelo pela sua
causa, pode dar-nos direito ao caráter de verdadeiros
cristãos, enquanto estamos destituídos do
arrependimento, da fé e da conversão a Deus, que
têm seu lugar no coração, que são os sopros da vida
espiritual, e que as Escrituras descrevem como partes
essenciais da verdadeira piedade.
Esse DEUS a quem temos de prestar contas, procura
o coração, e exige a verdade no interior. Essa lei pela
qual seremos julgados, exige a sujeição de todo o
39
homem interior, e impõe o amor a Deus com todo o
nosso coração e mente. Que JESUS, de quem
depende todas as nossas esperanças de felicidade,
distingue seus verdadeiros discípulos por seu
nascimento de novo, pela renovação de suas mentes,
e que colocam suas afeições nas coisas de cima. Esse
EVANGELHO que publica as boas-novas da paz ao
homem, testemunha a indispensável necessidade de
se converter e nascer de novo.
Uma nova criatura em Cristo; com as coisas antigas
passadas; o reino de Deus dentro de você; Cristo
formado em você; fortalecido com todo poder no
homem interior; crendo com o coração para a
salvação - estas são expressões familiares aos
escritores inspirados; e eles nos lembram que os
homens não são mais piedosos aos olhos de Deus do
que quando sua religião está assentada no coração e
é influenciada por aqueles princípios divinos de fé
sincera em Cristo e supremo amor a ele, e ao que o
Espírito de Deus inspira.
Estas observações destinam-se a evidenciar este
importante sentimento de que, para que mereçamos
o caráter de verdadeiros cristãos, devemos
experimentar a energia da religião vital em nossas
próprias almas. De que maneira essa influência
exerce-se, vem em seguida a ser considerada. Aqui,
no entanto, devemos pisar com passos cautelosos,
para que não substituamos os delírios de entusiasmo,
40
pelas comunicações da graça divina; ou ainda, que
em nosso zelo contra o entusiasmo, condenemos as
operações mais nobres do Espírito sagrado.
No que diz respeito à natureza dos poderes e
operações da mente, os homens eruditos sempre
diferiram, e provavelmente continuarão a divergir
enquanto durar o mundo. Eles não concordam de
que maneira o entendimento opera sobre a vontade,
a vontade sobre os afetos, e uma afeição sobre outra;
muito menos podem compreender ou explicar as
operações da graça divina no entendimento, na
vontade e nos afetos, como unidos e cooperando.
Mas, embora as pesquisas filosóficas possam nos dar
pouca ajuda para traçar o progresso da vida divina na
alma, contudo desfrutamos de uma palavra de
profecia mais segura e de um método de ilustração
mais óbvio, o qual iremos agora apresentar.
Que a mente do homem é capaz de receber
impressões de Deus é um princípio consentido por
sábios pagãos, bem como por teólogos. Que nenhum
homem pode purificar sua mente de toda a
iniquidade, é a doutrina da experiência universal.
Mas, a Escritura inculca ainda que, sem o Espírito de
Cristo, não podemos fazer nada de verdadeiramente
bom; e que só Deus trabalha no homem para querer
e para fazer o que é certo. Toda visão justa, portanto,
de objetos espirituais; todo sentimento piedoso
impresso na mente; todas as emoções divinas da
41
alma que surgem desses sentimentos; todos os
desejos celestiais; todas as disposições santas; todos
os temperamentos divinos e todas as conquistas
progressivas na pureza interior - são os frutos do
Espírito e as evidências de suas operações divinas.
Ligado a este princípio, segue-se outro, igualmente
necessário para ser mencionado sobre este assunto -
que as operações do Espírito na mente são
geralmente por meio da Escritura, e sempre em
perfeita coerência com ela. A revelação das
Escrituras é completa e contém toda a informação
necessária para guiar nossos pés nos caminhos da
paz. O Espírito, portanto, em sua agência na mente
dos crentes não faz nenhuma nova revelação do céu,
nem descobre objetos despercebidos na Palavra da
verdade. Seu ofício gracioso é fazer-nos perceber o
significado, a importância e a glória do que a
Escritura testifica; e trazer para casa, por uma
aplicação particular, essas verdades sagradas para
nosso entendimento e nosso coração. Aqui,
naturalmente, somos levados a examinar como as
sublimes e importantes verdades da Escritura,
anteriormente enumeradas, afetam a mente, quando
aplicadas de modo salvífico pelo Espírito.
A primeira evidência de tal aplicação, é auto-
humilhação, e solicitude sobre a paz com Deus.
Quando o Espírito vier, disse o Salvador, ele vai
convencer o mundo do pecado. Com essas
42
convicções, suas operações de salvamento
geralmente começam. Ele desperta os homens de sua
insensibilidade anterior para as coisas divinas. Ele
chama sua atenção para as futuras cenas solenes e
eternas reveladas nas Escrituras. Ele coloca diante
deles a majestade, a justiça, a autoridade soberana e
a santidade infinita do Senhor Deus Onipotente. Ele
desenvolve a perfeição da lei divina, suas exigências
de obediência constante, seu espírito, sua extensão
ampla e suas sanções solenes. Ele os convence de que
Deus será honrado e obedecido, ou punirá os
desobedientes com a destruição; que ao exigir
sujeição ilimitada, ele é justo para si mesmo, e bom
para a sua prole racional; e que, ao detê-la, se tornem
acusáveis de ingratidão e rebelião, em todas as suas
circunstâncias agravantes. Essas verdades sagradas
são impressas no coração em caráter duradouro,
através do poder do Espírito; elas são contempladas,
acreditadas e reconhecidas. A sua tendência para
humilhar, e gerar temor, e alarmar, pode facilmente
ser observada. É este o Deus que tem a cada
momento nos sustentado; mas que não temos
temido, nem amado, nem honrado como
deveríamos!
São estas as exigências invariáveis do onipotente
Legislador? Sua lei imutável tem um conhecimento
imparcial de nossos pensamentos, nossos
temperamentos, nossos motivos, nossas palavras e
nossos caminhos? E ameaça com indignação e aflição
43
contra toda a injustiça dos homens? Que faremos
então para sermos salvos? Como podemos escapar da
ira vindoura? Nossos corações nos condenam, Deus
é maior do que nossos corações, e conhece todos os
nossos pecados secretos. Como, então, estaremos
diante dele? Ou como podemos responder por uma
de nossas muitas transgressões? Senhor, tem
misericórdia de nós pecadores! Senhor, abominamo-
nos à tua vista; a nós pertence a tristeza, porque
pecamos, e desprezamos a tua glória.
Há uma grande diferença entre estas convicções
auto-humilhantes do Espírito, que estão conectadas
com a salvação, e as remontagens de uma consciência
natural em homens não renovados. Estes últimos são
excitados principalmente pela comissão dos pecados
grosseiros, ou exteriores, que sujeitam o transgressor
ao inconveniente presente, à desonra ou à aflição. Os
primeiros são promovidos por uma descoberta da
oposição que o coração sente à autoridade de Deus,
sua insensibilidade à sua amabilidade infinita e sua
ingratidão por sua bondade imerecida; e levam-nos a
rever nossa vida passada com pesar e contrição;
excitam sincera solicitude pela reconciliação com um
Deus ofendido; e, enquanto nos obrigam a confessar,
que merecemos perecer, eles nos fazem dispostos a
ser salvos de qualquer maneira que um Deus santo e
gracioso se agrade em designar.
44
O bendito Espírito de iluminação e de graça, tendo
humilhado estes homens despertos sob a poderosa
mão de Deus, os conduz a uma aceitação crível e
alegre da misericórdia oferecida no Evangelho. Ele
lhes dá a conhecer que Deus está em Cristo,
reconciliando um mundo culpado consigo mesmo;
que ele estabeleceu Jesus como um sacrifício
expiatório para a remissão dos pecados; que não há
condenação para os que estão em Cristo; e para que,
quem quer que seja, beba livremente das águas da
vida. Ora, Deus não só é glorioso em santidade, mas
rico em misericórdia, justo Deus e Salvador, Deus em
Cristo, justificando os ímpios que creem e dizem em
seu favor: "Livrai-nos de descer à cova; resgata-nos."
Agora, a alvorada do amanhecer da esperança surge
na mente do pecador desperto. Iluminado pelo
Espírito, vejo uma fonte aberta para as minhas
muitas iniquidades; e tenho certeza de que Jesus
morreu, o justo para os injustos, para trazer
pecadores a Deus; seu sangue limpa de toda culpa;
seu poder salva até o fim; seus convites são gratuitos
e ilimitados; e sua promessa me diz, que ele nunca
expulsará qualquer um que realmente crer. Agora
chega a hora solene e memorável - de importância
infinita para esses homens despertos, quando,
através do grande Mediador, aproximam-se do trono
do Deus da paz, quando entregam as armas da
rebelião, quando se entregam sinceramente à Graça
e ao governo do Rei Todo-Poderoso de Sião, e
45
confiam os eternos interesses de suas almas imortais
a este Salvador, que é todo-suficiente. E agora são
feitos participantes felizes daquela fé que é pela
operação do Espírito - eles recebem o testemunho
que Deus deu de seu próprio Filho; eles confiam na
grande expiação pelo perdão de sua culpa; eles
dependem da perfeita justiça de Cristo para sua
justificação, à vista de um Deus ofendido e
infinitamente santo; eles alegam a experiência de sua
graça vivificante e santificadora; e se prendem ao
pacto da promessa, como a sua segurança para o gozo
de todas as bênçãos espirituais.
Logo que os homens são assim levados a confiar no
Salvador para a justiça e a redenção, tornam-se novas
criaturas em Cristo: as coisas velhas são eliminadas,
e o tempo passado parece muito mais do que
suficiente para ter feito a vontade da carne; as altas
imaginações são baixas, e as afeições cativadas ao
amor de Cristo; seu amor os constrange; a influência
do pecado é resistida; Deus é supremamente
adorado; e as coisas do tempo, por mais alegres que
sejam, são contadas como pequeno pó, quando
comparado com os prazeres que estão à direita de
Deus.
Essa mudança surpreendente, que na hora da
reconciliação passa sobre suas mentes, é
denominada - a renovação do Espírito Santo. Os
efeitos abençoados deste novo nascimento, estão
46
crescendo em consolo e santidade; e ambos em todo
o progresso gradual até a perfeição; são
invariavelmente atribuídos à residência do Espírito
nas almas dos regenerados. Ele os enche de paz e de
alegria, dando testemunho de que Deus os aceitou
por meio de seu Filho amado; que a Sua ira se
desviou; que ele os adotou em sua família, e lhes deu
não só o título honorável, mas todos os inestimáveis
privilégios de filhos. Para que a esperança da glória
possa acompanhar a alegria de crer, o Espírito
testifica ainda mais que, se filhos, somos herdeiros,
herdeiros de uma herança incorruptível, imaculada e
implacável, que Deus, que não pode mentir,
prometeu e que é reservada no céu para todos os que
amam o Salvador. Assim, através das visões de Deus
como um Pai reconciliado, através da perspectiva de
alegrias imortais, e através de uma elevação nobre
acima deste mundo miserável - eles vão se
regozijando no seu caminho.
Mas, essas influências confortáveis do Espírito são
diminuídas ou retiradas, quando o povo de Deus se
entrega à conformidade pecaminosa com o mundo,
quando agem como uma parte indomável do Pai
celeste ou não adornam a doutrina de Deus, seu
Salvador. Por isso é evidente que as influências
santificadoras da graça são tão necessárias para a
nossa paz e conforto, como as mais satisfatórias
garantias de nosso interesse pelo favor divino.
47
Santificação significa a continuação e o progresso
daquela vida espiritual que foi iniciada nos crentes,
quando foram renovados no espírito de sua mente no
novo nascimento.
Um bebê tem todas as partes e faculdades de que
gozará quando chegar à idade adulta; mas estes,
enquanto na infância, são imperfeitos e fracos: eles
se desenvolvem com o seu crescimento, e se
fortalecem com o passar dos anos. Assim é com o
homem de Deus: a santificação não confere novos
princípios, capacidades e inclinações; mas revigora
aqueles que a nova criatura já possui e nutre-os
gradualmente, até chegar à plenitude da estatura de
um homem maduro em Cristo. Sendo renovado em
sua mente, ele coloca suas afeições nas coisas de
cima; ele avança para a frente para o prêmio de sua
alta vocação; ele vive sob o poder do mundo
vindouro; ama o Salvador com todo o ardor do
supremo deleite, e consagra os seus talentos à honra
de Deus. Na submissão filial, ele renuncia seus
interesses à disposição divina, dizendo: "Pai, não a
minha vontade, mas seja feita a Tua". Ele estuda
através da graça, para andar humildemente com
Deus; e é seu esforço diário para desfrutar de uma
comunhão mais próxima e mais constante com o Pai,
e o Filho, através do Espírito. Este companheirismo
delicioso, enquanto eleva seus pontos de vista para o
céu, nem leva à presunção, nem enche de arrogância;
pelo contrário, promove a humildade mais sincera,
48
sob vivas impressões de sua própria indignidade; e
excita uma prudente circunspecção, para que não
provoque o Santo de Israel a retirar as suas graciosas
comunicações.
Tal é o progresso gradual da obra da graça nos
corações dos crentes, e tais são os sentimentos da
alma quando conduzidos pelo Espírito. Eles unem o
ardor da alegria triunfante em Deus, com a mais
profunda humilhação por delitos passados; a
confiança dos filhos, com a reverência do temor
piedoso; o conforto de agradar a Deus, com os
conflitos de abnegação; a esperança da glória a ser
revelada, com o temor de parecer retroceder na
viagem celestial. Ó vida feliz, embora escondida! Que
eu viva a vida dos justos! Que eu possa sentir
diariamente sua aversão ao pecado; sua gratidão ao
amor redentor; sua alegria no Salvador; seu medo de
ofender; seu zelo sobre si mesmos; sua mortificação
das afeições terrenas; sua ânsia de glorificar a Deus;
sua estima dos santos; sua elevação acima do mundo,
e seus anseios ardentes para o céu! Seus corações
respondem: Amém! Deixem que deleitemo-nos
também em Deus.
49
A Influência Prática da Verdadeira Religião
Unidos com os princípios e a experiência certos, a
religião consiste na conformidade do nosso
temperamento e da vida com a vontade de Deus.
Até agora vimos os santos sentados aos pés de seu
Salvador, ouvindo suas palavras graciosas e sentindo
a energia vivificante de suas promessas: ali
permaneceriam sempre, em comunhão de felicidade
com seu Senhor. "É bom para nós estarmos aqui!" É
a sua linguagem. "Aqui ficaríamos, e passaríamos
nossos dias de paz na admirável contemplação e
experiência satisfatória do que nos ensinaram!"
Mas, aquele adorado Redentor, a cuja direção e
disposição eles se submetem voluntariamente, envia-
os de volta para seus amigos e famílias, para dizer
que grandes coisas ele tem feito por eles; e os honra
com esta importante comissão: "Assim brilhe a vossa
luz diante dos homens, para que eles, vendo as vossas
boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus". Com este sentimento e objetivo, eles vão para
o mundo, para atuar sua parte na vida, e para exibir
esse caráter e estilo de vida que corresponde ao
evangelho de Cristo.
Honrar a Deus diante dos homens, é o objetivo
principal para o qual eles procuram apontar, em
50
todas as suas perseguições e ações. Eles sabem que
suas obrigações são infinitas; e a gratidão os
constrange a viver para aquele, que os redimiu da
destruição eterna! Animados com este desejo
celestial de glorificar a Deus, sua primeira indagação
é por algum padrão permanente de obediência e uma
regra de conduta perfeita, à qual eles possam
recorrer, em meio a toda a variedade de situações em
que possam ser colocados. A linguagem de seus
corações é: "Senhor, o que queres que façamos?" "O
que devemos tributar-lhe por todos os seus
benefícios para nós?" Fala, Senhor, porque os teus
servos estão escutando, mostra-nos o teu caminho, e
andaremos por ele.
Em resposta a estes pedidos sinceros, a lei moral,
explicada e exemplificada por Cristo Jesus, é posta
em suas mãos, como a lei do seu reino espiritual,
vinculando todos os seus súditos, perpétua em suas
obrigações, justa em todas as suas exigências, do
caráter humano, produtiva da mais alta felicidade, e
dirigida aos crentes com esta inscrição cativante: "Se
me amais, guardareis os meus mandamentos".
A piedade para com Deus e a benevolência para com
o homem - são as principais características do caráter
formado sobre esta lei pura e perfeita; porque nisto
somos lembrados, que o Senhor Deus onipotente é
nosso Deus e que somos seus filhos. Quando,
portanto, nossa conduta é regulada por esses
51
princípios infalíveis e inalteráveis, cada dever
imposto aos cristãos é acolhido por nós, sabiamente
calculado para nosso bem-estar pessoal, e fundado
nas relações afetuosas em que estamos diante de
Deus e da humanidade. Nós então mais facilmente
subscrevemos ambos à justiça e bondade de cada
preceito nesta lei sagrada - e bem nos convém fazê-
lo; pois todos esses preceitos surgem naturalmente
desse amor a Deus e ao homem, que é o fundamento
e o cumprimento da lei. Se o amamos supremamente
como nosso Deus, adoraremos a Ele somente e
reverenciaremos Seu nome.
Se considerarmos toda a humanidade como nossos
vizinhos próximos de nós, participando de uma
mesma natureza comum - se esta lei está escrita em
nosso coração, e se agirmos invariavelmente sob sua
influência, não feriremos seu caráter por falsos
testemunhos nem suas circunstâncias, por fraude,
nem invejaremos seu conforto doméstico e o que
possuem. Não cobiçaremos, nem odiaremos, nem
roubaremos.
Mas, embora o verdadeiro cristão deseje ser guiado e
governado por esta perfeita regra de justiça, ele ainda
experimenta a influência dolorosa e poderosa dessa
mente carnal que o levou cativo em seu estado não
regenerado e que é inimizade contra a lei de Deus.
Pode, portanto, tender a explicar tanto as partes
como o progresso da religião prática, se, em conexão
52
com os vários deveres ordenados, notarmos as
DIFICULDADES que os cristãos encontram, quando
se esforçam, por meio da graça, para fazer a vontade
de seu Pai celestial .
A primeira prova de obediência que eles são
chamados a dar é a oposição às suas próprias
disposições corruptas, a fim de alcançar esse
autogoverno, sem o qual nenhuma obediência pode
ser disposta ou uniforme. As paixões e os apetites
malignos estão profundamente enraizados em todos
os homens pela natureza; e a indulgência repetida
fortalece seu domínio em muitos; mas eles devem ser
resolutamente resistidos pelo cristão, porque sua
gratificação é inconsistente com o seu progresso na
graça, e prejudicial aos interesses da piedade. A
ordem é, portanto, se o teu olho direito te ofende, ou
te faz ofender - arranca-o; se a tua mão direita te
ofende, corta-a; antes sofre a perda e sofre a dor do
que pecar contra o seu Deus. Põe à morte tudo o que
em ti é mundano: imoralidade sexual, impureza,
luxúria, desejo maligno e avareza, que é idolatria.
Como povo eleito de Deus, santo e amado, revista-se
de compaixão, bondade, humildade, mansidão e
paciência.
O afastamento de pecados antes assediados, é apenas
uma realização fraca, a menos que também
estejamos vestidos com as belezas da santidade e os
ornamentos de um temperamento cristão. Os
53
principais ramos deste temperamento são
humildade, temperança, paciência, mansidão e
abnegação. Para ter estes neles e abundantemente, é
a oração, e objetivo, e, em certa medida, a realização
dos crentes.
Conscientes de sua indignidade, e fraqueza, e
imperfeições diárias, eles estimam outros mais
altamente do que eles mesmos. Eles admiram essa
paciência de Deus, que poupa tais vermes da terra
como eles são. Eles adoram essa graça que estende a
salvação a tais criaturas indignas. Confessam-se
menos do que o menor de todos os santos; e sob a
impressão de humildade sincera, atribuem a Deus a
inigualável glória de toda a sua felicidade e
esperanças.
Ao avançar para a terra da promessa, lembrando que
esta terra não é o seu repouso, e declarando-se
apenas peregrinos neste mundo tenebroso, eles se
esforçam, por meio da graça, para serem temperados
em todas as coisas, para serem satisfeitos e
resignados em cada situação, viverem sem avareza, e
usarem este mundo como não abusando dele,
sabendo que este mundo e tudo o que ele contém
passará.
Abrangidos com muitos cuidados e tribulações,
permanecem em Deus, e procuram pacientemente
possuir seus espíritos; para se proteger de todo
54
murmúrio e desconfiança; para suportar a
indignação do Senhor, até que ele pleiteie a sua
causa; e humilhar-se sob a sua poderosa mão, até que
ele os exalte no tempo oportuno.
A mansidão sob as afrontas é da mais alta
importância em um mundo como este, em que
abundam homens turbulentos e irracionais; cujas
injúrias e ofensas diárias estão tão prontas a arruinar
o temperamento, e provocar vingança. Mas aprenda
de seu Redentor, ó cristão! A ser manso e humilde.
Quando ele foi insultado, ele não insultou
novamente; quando sofreu, não ameaçou, mas se
entregou àquele que julga com justiça. Portanto,
caríssimo, não dê ouvido à ira, e não se vingue; antes,
ame aqueles que te odeiam, e ore por aqueles que te
desprezam.
A abnegação tão fortemente instigada nas Escrituras
sobre todos os discípulos de Cristo, implica uma
guarda com cuidado habitual, contra aquelas altas
imaginações que se opõem arrogantemente ao
esquema humilhante do evangelho; e mortifica essa
ambição vã para aplausos humanos, o que leva
muitos a se importar com suas próprias coisas, mais
do que com as coisas de Cristo. Mas, isso significa
principalmente o oposto desses desejos
intemperados e impuros, que levam os homens do
mundo cativos, que são destrutivos de toda a
serenidade interior, e são denominados justamente
55
os "caminhos da amargura e da morte". Para
proteger o regenerado contra esses caminhos fatais,
as injunções à abnegação são muitas, e simples e
fortes. "Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação, para que não sejais sobrepujados com
facilidade e embriaguez, e com os cuidados desta
vida: Abstende-vos das concupiscências carnais que
guerreiam contra a alma. Andem com circunspecção,
não como tolos, mas não amem o mundo, nem as
coisas do mundo, porque tudo o que há no mundo -
a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida, não é do Pai. O mundo
passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a
vontade de Deus permanece para sempre."
Assim, ao descrever a conversa que se torna o
evangelho, temos sido necessariamente levados a
considerar o temperamento da mente do cristão e a
operação de suas disposições internas: pois, embora
esses temperamentos interiores sejam apenas
manifestos a Deus, seus frutos são visíveis em tudo à
volta; de modo que o cultivo cuidadoso dos
temperamentos celestiais, já mencionado, constitui
um ramo essencial da religião prática. Promover o
crescimento desses temperamentos sagrados, e seu
progresso rumo à perfeição, é talvez um dos
trabalhos mais difíceis do cristão neste solo
mundano não-convencional. Numerosas e poderosas
são as más inclinações do seu coração enganador.
Essas corrupções naturais que ele pensava terem sido
56
totalmente expulsas pelo poder da graça
regeneradora, ainda têm sua raiz de amargura
remanescente; e muitas vezes recupera o vigor
inesperadamente, espalha sua influência nociva, e
ameaça a destruição de todas as graças do Espírito.
Daí surge outro importante dever cristão, que é o de
revigorar e nutrir essas plantas celestiais por meio de
ordenanças religiosas. Assim, os crentes são
descritos nas Escrituras, como árvores de justiça,
plantadas pelos rios de água, que dão fruto na sua
estação; e estão florescendo mesmo na velhice,
quando os outros se desvanecem. A Palavra de Deus;
o santuário e suas solenidades impressionantes; as
devoções secretas do quarto e na família - esses são
os riachos pacíficos que regam a vinha do Senhor!
Estes são os canais sagrados pelos quais o Espírito
todo-poderoso transmite aos crentes renovados
suprimentos de vida, força e fecundidade.
A Palavra de Deus é sua Conselheira, e companheira
na peregrinação da vida. Muitos, em todas as épocas,
podem dizer com o salmista: "Quando nossas dores
abundassem, teríamos perecido, a menos que
tivéssemos encontrado conforto em sua mais perfeita
Palavra". Pela oração da fé, eles são fortalecidos com
todo poder no homem interior; e mantidos em paz,
estando em Deus. Em seus tabernáculos, eles
contemplam o seu poder e glória, e são trazidos para
perto de Deus como sendo sua alegria excessiva. Em
57
sua Ceia, eles se deleitam em seu amor, e os frutos da
morte de seu Redentor são doces a seu gosto. Com
gratidão acolhem cada retorno do dia que o próprio
Deus consagrou; e que lhes traz a evidência
renovada, que seu Senhor está ressuscitado, e
triunfou sobre a morte e o sepulcro. Com Simeão,
subiram ao templo para adorar; com Lídia, atendem
às coisas que são ditas pelo Senhor; com Asafe
meditam nas obras de Deus, e recordam os anos da
destra do Altíssimo; com o devoto Cornélio, adoram
a Deus em sua casa; com os discípulos indo para
Emaús, eles tomam doutamente conselho juntos, e
falam daquele que redime Israel; e com os primeiros
cristãos, eles continuam firmes na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações.
A negligência deliberada dessas instituições da
religião cristã não só prejudica o progresso da graça
na alma, mas indica impiedade para com Deus; e é
prova de consequências perniciosas para os
indivíduos, famílias e sociedades, colocando diante
deles um exemplo de desprezo às instituições
divinas. Enquanto uma atenção regular e reverente
ao culto religioso, no quarto, na família e no
santuário - é um dos vários métodos pelos quais os
fiéis em Cristo adornam sua doutrina e fazem sua luz
brilhar diante dos homens.
58
Tendo exposto os ramos mais pessoais da religião
prática, vamos agora dirigir sua atenção para os
deveres que devemos aos outros, e que são, portanto,
denominados deveres relativos. Eles estão
compreendidos sob estes dois mandamentos
principais, de amar o próximo como a nós mesmos; e
fazer aos outros como gostaríamos que eles, em
situações semelhantes, nos fizessem.
Essas proposições gerais são explicadas por preceitos
particulares da Escritura. "Ele te mostrou, ó homem,
o que é bom, e o que o Senhor requer de ti: que ames
a justiça, ames a misericórdia e caminhes
humildemente com o teu Deus.” Que nenhum de
vocês imagine o mal contra o seu próximo. E devem
praticar o juízo da verdade, confortar e apoiar os
fracos, ser pacientes com todos os homens, carregar
os fardos uns dos outros e cumprir a lei de Cristo,
alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que
choram. Filhos, não amemos de palavra, nem de
língua, mas de obra e de verdade; por isso,
manteremos firme o nosso coração diante dele. Mas
quem tem os bens deste mundo e vê o seu irmão
necessitado, e fecha a sua compaixão, como pode
permanecer o amor de Deus nele?
Nessas exortações aos deveres relativos -
sinceridade, justiça e bondade - são particularmente
recomendados, como artigos importantes na
conversação que convém ao evangelho.
59
A verdade e a sinceridade da fala são de tanta
importância na sociedade, que sem ela, a
humanidade não poderia ter conforto uns nos outros,
e nenhuma confiança na comunhão social; portanto,
a religião exige que as palavras de um cristão
indiquem os sentimentos sinceros de seu coração e
sejam seguidas pela conformidade de suas ações com
o que ele disse ou prometeu. Uma conduta contrária
está tratando em desconsiderar a onisciência de
Deus, e substituindo o engano, pela sinceridade
divina que convém aos cristãos.
A justiça e a integridade da conduta devem sempre
acompanhar a sinceridade na fala; e levará o cristão
a prestar a todas as pessoas o que elas têm direito a
esperar: homenagem aos superiores, gratidão aos
benfeitores, obediência aos governantes, sujeição aos
pais, atenção afetuosa aos vizinhos e constância de
amizade com parentes e companheiros. Portanto,
não é suficiente abster-se de contenção, debate,
opressão, crueldade ou fraude; os cristãos também
devem ser o sal da terra e as luzes do mundo; para
fazer o bem como eles têm oportunidade; para
alimentar os famintos, para vestir os nus, para apoiar
os aflitos e para honrar o Senhor com os seus bens.
Porque aqueles que ele prosperou no mundo, são
mordomos das dádivas da providência; e estão
realmente vinculados pela Escritura para suprir os
necessitados - para não roubar; dar e não reter;
confortar e não ferir.
60
Mas, esta extensa lei de justiça tem um particular
respeito à situação relativa da humanidade,
regulando a extensão da autoridade nos superiores e
a medida da sujeição nos inferiores. Tal é, portanto,
a sua linguagem, como testemunhado na Escritura.
Aquele que governa sobre os homens - deve ser justo,
governando no temor do Senhor. Que cada alma
esteja sujeita às autoridades superiores – porque as
que existem são ordenadas por Deus, para o castigo
dos malfeitores, e o louvor daqueles que fazem o
bem.
Maridos, amai a vossas mulheres, assim como Cristo
também amou a igreja e se entregou por ela; assim
também os homens devem amar as suas esposas
como seus próprios corpos; porque aquele que ama a
sua esposa ama a si mesmo.
Esposas, submetei-vos a vossos maridos como ao
Senhor. Sejam sóbrias, discretas, castas, guardiãs em
casa, sujeitas a seus próprios maridos. Seu
ornamento seja o ornamento de um espírito manso e
quieto, que é de grande valor aos olhos de Deus.
Os pais não devem provocar os seus filhos à ira, mas
criá-los na educação e admoestação do Senhor.
Coloque estas minhas palavras em seu coração, e
ensine-as a seus filhos, falando delas ao sentar-se em
casa, ao caminhar pelo caminho, ao se deitar e ao se
levantar.
61
Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor; pois isso é
bom e aceitável para Deus. Honra teu pai e tua mãe,
que é o primeiro mandamento com promessa.
Que todos os servos que estão sob o jugo, considerem
seus próprios senhores dignos de toda honra, e
agradem-lhes bem em tudo: não sendo respondões,
não furtando; mas mostrando toda a boa fidelidade,
para que possam adornar a doutrina de Deus nosso
Salvador em todas as coisas.
Vós, mestres, dai aos vossos servos o que é justo e
igual, retendo as ameaças; sabendo que vocês têm
um Mestre no céu.
A essas regras de justiça mais razoáveis, que brotam
das situações relativas dos cristãos, o Redentor deles
acrescentou o novo mandamento do Amor aos
irmãos. Como sua cabeça de influência e privilégio,
ele os une em uma família espiritual; e os obriga a
amar uns aos outros com pureza, constância e afeto
dignos de seus companheiros devedores à graça
soberana, e companheiros viajantes à glória celestial.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
amardes uns aos outros. Este amor é puro e pacífico,
longânimo e amável; perdoa até setenta vezes sete;
não se regozija na iniquidade, mas alegra-se na
verdade; adverte o ingovernável, e restaura o caído,
no espírito de mansidão; ele conforta os fracos de
espírito, e confirma os fracos. Somos irmãos, é sua
62
linguagem, não discutamos ao longo do caminho.
Temos uma só fé, um só Senhor, uma só esperança
de nosso chamado, um Pai e um só céu; edificamo-
nos uns aos outros na nossa santíssima fé, edificamo-
nos uns aos outros e regozijamo-nos na esperança da
glória a ser revelada.
Por outro lado, se, entre os parentes ou
companheiros do cristão, parecem estranhos ou
inimigos daquela graça que traz salvação, o seu dever
é não irritá-los por acusações, por altivez,
negligência, indignação ou desprezo; mas instruir
com mansidão; na delicadeza do conselho para
recomendar piedade; na circunspecção de uma
conduta exemplar, para mostrar sua poderosa
influência; e, em toda a importunidade da oração,
implorar ao Deus de toda graça que, por sua graça
imerecida, onipotente e soberana, os arranque como
tições do fogo e os chame das trevas para a sua
maravilhosa luz, e os torne alegres com a sua
herança. (Nota do tradutor: é para a prática desta
conduta cristã, como aqui descrita, e que é segundo a
revelação das Escrituras, que se faz necessário o
crescimento e amadurecimento espiritual, pelo
crescimento na graça e no conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo, pois a regularidade e constância
de tais ações procedem somente daqueles que são
crentes espirituais e não carnais.)
63
Tal é a natureza da religião prática, como delineado
nas Sagradas Escrituras: andando em todos os
mandamentos e ordenanças do Senhor de modo
irrepreensível; vivendo sem manchas do mundo;
levando vidas tranquilas e pacíficas, em toda piedade
e honestidade; fazendo o bem a todos quando temos
oportunidade, especialmente aos que são da família
da fé; crescendo em graça; seguindo as coisas puras
e adoráveis, e de boa fama; acrescentando à nossa fé,
virtude, conhecimento, temperança, paciência,
piedade, bondade fraterna e amor. (Nota do
tradutor: veja a progressão marcada pelo autor que é
consoante o ensino do apóstolo Pedro, conforme ele
o havia aprendido de Jesus Cristo, de crescer de
experiência de graça a experiência de graça,
conforme elas vão sendo delineadas em nosso caráter
pela prática. Pela mesma razão é dito pelo apóstolo
Paulo que somos transformados à imagem do Senhor
de graça sobre graça ou de fé em fé, referindo-se ao
mesmo modo de crescimento espiritual - por
acréscimo destas virtudes apontadas.).
Os motivos para essa conduta cristã são numerosos,
poderosos e cativantes. Assim, glorificamos nosso
Pai nos céus, e adornamos a doutrina de Deus nosso
Salvador; e andamos perante ele em todo o bem
agradável. Assim, vivemos para o Senhor, e, como ele
deu mandamento, e de acordo com o exemplo que ele
nos deixou. Assim, a vida de Cristo é manifestada em
nós, e nossa luz brilha diante do mundo, e o caminho
64
da verdade não é infamado por nossa causa. Assim,
nossa paz flui como um rio, e crescemos em aptidão
para herdarmos com os santos na luz.
Examinemos então nosso próprio caráter e
perguntemos: que influência nossa religião teve
sobre nossos corações e temperamentos, sobre
nossas palavras e sobre nossa conduta?
Busquemos nobremente as realizações mais elevadas
possíveis, naquela vida de santidade uniforme e
exemplar recomendada pelo evangelho. E, para isso,
ao mesmo tempo em que confiamos diariamente na
justiça do Redentor para a aceitação, e nos
dedicamos diariamente a seu serviço, também
sejamos fortes em seu poder e, no exercício da
oração, esperemos as influências prometidas do
Espírito Santo, para sustentar nossas coisas, para
que nossos passos nunca escorreguem; para nos
guardar na hora da tentação; para nos conduzir no
caminho eterno; para nos santificar inteiramente;
para preservar a alma, corpo e espírito
irrepreensíveis para a vinda do Senhor; e para fazer
nosso caminho brilhar mais e mais brilhante até o dia
perfeito!
65
A importância da verdadeira religião para a
utilidade e felicidade do povo comum
Deve-se entender que esta expressão, o povo
comum, longe de implicar o menor grau de
desrespeito, é usada para distinguir apenas as
pessoas aqui endereçadas, daqueles que, por sua
posição superior, fortuna ou influência, são, em
linguagem comum, denominados os grandes deste
mundo. Mas, embora nem as classes médias da vida,
nem as classes mais baixas da sociedade, sejam
excluídas por este termo geral do povo comum, o
escritor deste tratado tem principalmente em vista a
classe numerosa e valiosa de pessoas que são
empregadas como comerciantes, trabalhadores,
empregados ou aprendizes. Para seu benefício, tracei
alguma descrição da natureza e influência da religião
real; e agora desejo despertar sua atenção para este
assunto profundamente interessante e recomendar
esta religião à sua escolha, por argumentos que
possam ser adequados às suas situações, e aplicados
em seus corações.
Conheça a si mesmo, ó homem! E respeite a si
mesmo - são máximas aplaudidas pelos sábios e
dignas da contínua lembrança de todos. Elas são
particularmente aplicáveis a vocês que são colocados
em circunstâncias dependentes; e cuja inferioridade
pode muitas vezes expô-los à falta de estima, e às
66
vezes pode colocar em perigo de subestimar o seu
próprio caráter. Para promover este conhecimento e
respeito, suplico para pensar seriamente sobre os
poderes exaltados que você possui, e olhar ao redor
com atenção para a época em que vive. Em outras
palavras, vejam-se tanto em sua capacidade pessoal
quanto em sua capacidade relativa. A esses dois
pontos o raciocínio sobre este ramo do assunto deve
ser confinado.
1. Então, pensem em si mesmos em sua capacidade
pessoal, como seres racionais e imortais. Embora
seja obscurecida a sua porção na vida, você possui os
mesmos poderes espirituais, que são formados para
os mesmos propósitos nobres, e são chamados para
as perspectivas exaltadas - com os mais honrados ou
ricos na terra.
As circunstâncias mais baixas de serviço, ou
dependência, ou pobreza, com todos os seus
assistentes humilhantes e tristes, não podem em
nada diminuir a excelência intrínseca do pobre. Ele é
filho da providência, o expectante da imortalidade.
Estas honras que o seu Criador gracioso confere a ele,
em comum com o potentado mais rico na terra. Um
miserável Lázaro, alimentado com migalhas da mesa
do rico; um cego Bartimeu, que estava sentado ao
lado do caminho implorando, eram realmente
objetos da atenção divina, tanto quanto Salomão,
quando vestido em toda a sua glória. Homens
67
desconhecidos, filhos e filhas da pobreza; vocês são
igualmente com os outros, criaturas de Deus;
formados por seu poder, sustentados por sua
visitação misericordiosa, e colocados nas mesmas
circunstâncias que sua sabedoria infalível julgou
mais conveniente. Portanto, como suas criaturas
racionais e dependentes, vocês devem a ele o tributo
diário de amor supremo, de adoração grata, de
submissão sem reservas e obediência voluntária.
Você pergunta, então, onde está Deus nosso Criador,
que nos dá canções à noite? E o que o Senhor exigiu
de nós? Aprenda seu caráter e sua vontade; prossiga
em conhecê-lo; e ande perante ele, para tudo o que
Lhe agrade.
Como o homem nasce para problemas, assim aqueles
que se movem em condições inferiores, estão
peculiarmente expostos a inúmeras desgraças; sob
cada uma delas, eles precisam de apoio e consolo
para suas mentes - mas esse consolo, eles não podem
esperar do mundo. Pequeno é o alívio, e poucas as
alegrias, que ele pode transmitir a qualquer um. O
pouco que tem, é reservado para aqueles em riqueza
e poder; mas cruelmente deixa o pobre aflito chorar
sem piedade e desprezado. Não tão implacável e cruel
- é aquela religião amável que desce do alto. Ela visita
a casa de proprietários abandonados. Ela revive a
alma do sofrimento e transmite uma alegria de
coração que só pode ser compreendida por aqueles
que sentem sua presença animadora.
68
No entanto, ela desdenha em morar com aqueles que,
ainda que necessitados, permanecem sem princípios
e impenitentes; ela não entra na habitação daqueles
que são ignorantes de Deus, que desobedecem ao
Evangelho e amam as trevas; ela passa a sua morosa
morada com apenas indignação; e os deixa como um
espetáculo para homens e anjos, dos horrores
complicados da pobreza e da dor, quando unidos à
ignorância e à impiedade.
Preparem, portanto, um bom fundamento para os
dias de escuridão, pela união e comunhão com aquele
Redentor, que dá graça para ajudar em cada
momento de necessidade.
Para você, e igualmente para os outros, seus méritos
infinitos podem se estender; para sua aceitação as
bênçãos de sua grande salvação são externadas; e
para sua consolação ele proclama: "todo aquele que
tem sede, venha e tome livremente das águas da
vida!" Se unido a este compassivo Redentor, e
permanecendo nele, todos os caminhos da
providência serão misericórdia e paz para você, e as
mais severas provações na vida trabalharão em
conjunto para o seu bem. Bendito Evangelho da paz,
que transforma a escuridão em luz, e faz do Vale de
Acor, ou dificuldade, uma porta de esperança! Feliz o
crente em Cristo, animado com a presença de um
amigo, que nasce para a adversidade, e que é mais
achegado do que um irmão.
69
É designado que todos morram, e depois da morte
vem o julgamento; e depois do julgamento se segue o
estado eterno da existência. Seja qual for, então, a
condição exterior, ou as perplexidades internas de
qualquer uma das pessoas comuns, elas estão
diariamente apressando-se para a glória imortal - ou
sendo infelizes! Aquele pobre desgraçado, que está
vestido de trapos, e cambaleando de embriaguez; que
brutificou seus sentidos por intemperança; que tão
ousadamente blasfema do seu Criador, e tão alto
implora a condenação sobre si mesmo; mesmo ele
possui uma alma imortal, e logo estará diante do
tribunal imparcial de um juiz soberano! Ó que ele
considerasse o seu último fim; e atentasse, nos dias
da sua visitação misericordiosa, as coisas que
pertencem à sua paz eterna! Sim, o servo, o
trabalhador, o comerciante; aquele pensionista
necessitado, nu e faminto; cada um tem um tesouro
de valor indizível para guardar, ou para perder! Sua
alma é imortal, e todas as suas dificuldades
temporais logo serão esquecidas nos prazeres
ininterruptos da glória celestial - ou nas indecifráveis
agonias da ira futura. Esta vida é o único período
reservado a ele, para se preparar para a eternidade.
Sua época de graça é incerta; seu dia declina, e sua
partida está próxima!
Que cena na terra é mais afetiva do que a morte de
um homem ignorante, ímpio, pobre, que trabalhou
duro por toda a vida para obter uma subsistência
70
escassa, mas nunca pensou em um futuro, que
desfrutou de pouco conforto neste mundo, e está
morrendo sem qualquer esperança bem fundada de
felicidade no próximo!
Filhos do trabalho ou da indigência, direcionem sua
atenção para a representação agora dada!
Considerem-se em sua capacidade pessoal, os
súditos do governo moral de Deus; viajando por um
mundo de pecado e miséria; possuindo naturezas
imortais e amadurecendo diariamente para um
estado inalterável e sem fim! Se, então, há uma
realidade, um poder e um consolo na verdadeira
religião; se é produtiva da paz presente, e pode ser
vantajosa para qualquer um da humanidade, deve ser
de especial proveito para você. Você precisa de sua
influência divina para regular suas afeições, para
elevar seus desejos, para dissipar seus medos, para
purificar seu coração, e para torná-lo feliz em Deus,
independente de todos os problemas ou alegrias
terrenos. Você é capaz de desfrutar dessas
influências, e de sentir seu glorioso poder para evitar
o desmaio no dia da adversidade; e você é encorajado
pelas Escrituras a pedir e esperar mais consolações
abundantes em Cristo do que aqueles que não
experimentam as tribulações da vida.
Que a piedade seja então o guia de seus passos, e o
consolo de suas mentes. Escolha esta parte melhor
que não pode ser tirada; como a única coisa
71
necessária; deleite-se no Senhor; permaneça nas
suas palavras e ande como ele mandou; então saberá
que os caminhos da Sabedoria são agradáveis, e
todos os seus caminhos são paz.
"1 Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e
entesourares contigo os meus mandamentos,
2 para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para
inclinares o teu coração ao entendimento;
3 sim, se clamares por discernimento, e por
entendimento alçares a tua voz;
4 se o buscares como a prata e o procurares como a
tesouros escondidos;
5 então entenderás o temor do Senhor, e acharás o
conhecimento de Deus." (Provérbios 2: 1-5).
2. Consideremos, em seguida, aquela numerosa
classe de homens que a Providência colocou em
condições inferiores, formando um importante ramo
da comunidade e ligado à sociedade por várias
relações.
Aqui uma sucessão de circunstâncias interessantes se
apresenta; e o valor da religião verdadeira aparece
com um brilho peculiar, tão felizmente calculado
para tornar os homens retos no serviço, constantes
72
na vida conjugal, filhos obedientes, pais afetuosos e
cidadãos úteis.
Para os trabalhadores de toda a descrição, o
Cristianismo aborda suas exortações com energia e
afeto. Ele adverte contra as murmurações dirigidas
às alocações de um Pai infalível; exige que
permaneçam no seu chamado com o Senhor; dá-lhes
direções para a regulação de seu temperamento,
palavras e conduta; e assegura-lhes que, cumprindo
de forma adequada seus vários deveres, eles
brilharão como luzes diante dos homens, e
adornarão a doutrina de Deus, seu Salvador.
Muitos são os seus perigos, e grande a sua
necessidade de íntimo conhecimento tanto dos
princípios, quanto do poder do cristianismo.
Separados do olho e do cuidado de seus pais, eles
entram em um mundo de tribulações, estão
espalhados por muitas famílias, e têm muitos deveres
para cumprir, muitas dificuldades para enfrentar e
muitas tentações para resistir! Nada menos que unir-
se ao Senhor com pleno propósito de coração, pode
impedir que eles vagueiem pelos caminhos em que os
destruidores caminham.
Por mais fora de moda que seja a opinião, contudo
concorda com a Escritura e a observação, que a
piedade sincera é um requisito essencial no caráter
de um servo fiel. Os senhores podem ter pouca
73
dependência da verdade e da honestidade, da
temperança e da sobriedade de qualquer um deles,
que não têm o temor de Deus diante de seus olhos;
que desconsideram suas ordenanças, ou profanam
seu santo nome. Os tais sentirão pouca restrição dos
terrores de um mestre terrestre, quando tentados à
falsidade, ou à fraude. Nada menos que a graça que
traz salvação, pode efetivamente ensinar-lhes a negar
toda a impiedade, e desejos mundanos; e para
viverem sóbria, justa, e santamente no mundo. Nada
além do amor de Cristo derramado no coração, pode
restringi-los na realização de deveres comandados;
especialmente daqueles deveres necessários e
abnegados que se opõem a disposições depravadas e
propensões naturais ao mal.
A mais sábia em sua natureza, e mais benéfica para a
sociedade, é a linguagem da Escritura para os que
estão sob autoridade: "Obedeça aqueles que têm o
governo sobre você, vista-se com humildade, coloque
de lado toda a ira e malícia, e seja de espírito
tranquilo, seja fiel no pouco e, no devido tempo, Deus
o fará governar sobre muitas coisas, seja diligente
nos negócios, fervoroso no espírito, servindo ao
Senhor." A verdadeira religião exige que resistam às
solicitações dos ímpios; para conter os ataques da
paixão; para terem cuidado para que não sejam
atingidos pela intemperança ou impureza; e não
tenham comunhão com as obras infrutíferas das
trevas. Proíbe-os de fazer o mal, para que o bem
74
venha; e os obriga a dizer a verdade em amor, e não
mentir uns aos outros; para ser sóbrio de espírito, e
não tratar em questões muito elevadas para si; para
fazer o seu próprio trabalho em silêncio, e não
suscitar contendas; para seguir a paz com todos os
homens, e aquela santidade sem a qual ninguém
pode ver o Senhor.
Tais são os conselhos amáveis de nossa santa
religião, tal o caráter de servos retos, e tais homens
dignos de serem encorajados e empregados. Mas,
onde se encontram tais trabalhadores, aprendizes e
servos? Infelizmente! A conduta da maior parte está
em oposição direta a todos esses preceitos celestiais!
Infiéis à sua confiança, enganosos em suas palavras,
desonestos em suas transações, violentos em seus
temperamentos, e sensuais em suas gratificações;
eles muitas vezes se provam a ruína de
companheiros, a desgraça da sociedade, a desonra de
seus amigos e são perturbadores das famílias onde
residem. Ao invés de despertar a atenção e estima, ou
serem estimados para futuro apoio, eles se tornam
objetos de indignação pública, e envolvem-se e suas
famílias na infâmia e na pobreza.
Nunca se realizará qualquer reforma efetiva, em
sentimentos ou em maneiras, entre qualquer classe
de servos, até que, por graça, se submetam às leis de
Deus e se tornem cristãos, não em nome, mas em
coração e vida. Outros expedientes para reformá-los
75
foram tentados, mas sempre falharam. A experiência
dos séculos provou que só a religião exerce sua
influência prática - é o cristianismo, quando
experimentado em seu poder - é o Evangelho de
Cristo, quando conhecido, amado e obedecido - que
inclina e capacita os homens que trabalham, que
ganham o pão com o suor do rosto; a trabalhar sem
murmurar, e conduzir vidas tranquilas e
pacificamente com toda honestidade e piedade.
Estas observações podem ser estendidas a outra
condição da vida, ainda mais importante do que a do
serviço. Quando as pessoas entraram no mais
próximo e mais tênue de todas as conexões humanas,
o que pode tão firmemente garantir a sua fidelidade
conjugal, como o vínculo imutável de piedade? Ou o
que pode tão eficazmente perpetuar a sua felicidade
conjugal, como a afeição sincera que o Evangelho da
paz impõe e inspira? Por outro lado, de onde surge
essa miséria doméstica, tantas vezes ouvida nas
habitações do povo? De onde é que o mais próximo
dos laços humanos, que o céu designou como a
perfeição da felicidade humana, prova tantas vezes a
fonte fatal de tormento constante e crescente? A
razão é que o casal entrou nessa relação sagrada sem
tutoria, sem princípios e ímpios: e, portanto,
continuam estranhos a esse respeito, constância e
felicidade, que resultam da unida influência da
piedade e do amor. Adversos à piedade, e não
influenciados pelo amor verdadeiro; oprimidos pela
76
pobreza e amargurados pela fadiga; os infelizes não
procuram apaziguar os sofrimentos uns dos outros,
nem promover o conforto uns dos outros; mas
servem cada refeição com queixas inúteis, e
amargam cada hora solitária por mútuas
reprovações.
Eis que lhes mostramos um caminho mais excelente!
Digam como Josué: Tudo o que os outros fizerem,
assim como nós e nossa casa, serviremos ao Senhor.
Aprenda de Jesus a ser manso e humilde; deleite-se
no Senhor, e reconheça-o em todos os seus
caminhos; e isso aliviará a pressão de sua pobreza,
adoçará seu viver, das fadigas do dia, e ensinará você
a desfrutar da recompensa de seu Deus.
Muitas são as vantagens da piedade consistente na
relação matrimonial. Restringe a ira e a amargura;
suprime contendas e mágoas; e sua feliz tendência é
livrar das paixões malignas e autoatormentadoras.
Nem este é o seu único objetivo: é também produtivo
de outro efeito, singularmente benéfico para a
sociedade; assegurando uma fiel adesão ao voto
matrimonial e reprovando, pelas sanções mais
solenes, toda a conduta pecaminosa. A violação do
leito matrimonial é uma das mais hediondas e cruéis
de todas as transgressões; contra ninguém são as
advertências das Escrituras mais frequentes, ou suas
ameaças mais alarmantes. Nem apenas proíbe as
ações impuras, mas toda a linguagem lasciva, todos
77
os desejos impuros e toda a poluição da mente. No
espírito de verdadeira benevolência, o volume
sagrado convida os cristãos às tranquilidades e
alegrias reconfortantes da vida doméstica; e, com
igual ardor para a sua felicidade, afasta de todas
aquelas abordagens ao vício e de todos aqueles
apetites criminosos e indulgências que terminam em
amargura e morte. Que marido e mulher recebam
estas palavras, e embora sejam pobres - sejam
virtuosos; embora perplexos - se confortem uns aos
outros; e embora trabalhando pela vida - vivam no
amor; e assim diminuam as aflições, suportando a
carga um do outro.
A religião em seguida se dirige a vocês como pais; e
lhes ordena educarem os seus filhos na admoestação
do Senhor. Se você negligenciar este dever, você é
assassino de suas almas! Nem qualquer inferioridade
de posição, qualquer multiplicidade de cuidados, ou
qualquer diligência nos negócios, desculpa essa
negligência criminosa. Solenes são as suas
responsabilidades para com os seus filhos: instruí-los
nas verdades das Escrituras; para impedi-los do mal;
orar por eles e com eles; educá-los de acordo com sua
faixa etária; e empregar sua influência, afeição e
autoridade como pais, na promoção de seu bem-estar
temporal e espiritual. Não coloquem toda a carga
espiritual de suas famílias sobre pastores ou mestres;
nem pensem que seus trabalhos podem justificar sua
omissão de instrução, exemplo e oração.
78
Tais são as injunções da religião sobre os pais; e,
portanto, sua importância para a sociedade é
manifesta. Se os filhos do povo comum se educassem
no temor do Senhor, não permaneceriam, por toda a
vida, como ociosos da comunidade, perturbadores do
Israel de Deus, ignorantes como o indigente, e
obstinados como o feroz bárbaro.
Mas, pode-se esperar que os pais criem seus filhos
para Deus, se eles mesmos são inimigos dele em suas
mentes; se, nesta terra de luz, eles estão perecendo
por falta de conhecimento; se, entre os mais
abundantes meios de instrução, eles se assentam
voluntariamente nas trevas e na sombra da morte?
Filhos tolos! Compadece-te da descendência que
Deus te deu; eles crescem em torno de sua mesa
como oliveiras; eles se apegam a você com carinho
afetivo; eles ouvem a sua conversa com admirável
silêncio; recebem de suas mãos o pão e o cálice, com
ansiosa gratidão; e seus olhares desejosos, e poderes
em desenvolvimento, imploram sua atenção à sua
mente, e à sua utilidade futura. Se nenhum outro
argumento pudesse ser produzido para o seu
caminhar nos mandamentos e ordenanças do
Senhor, este poderia despertá-lo - o destino de seus
filhos; o perigo de sua morte no inferno por meio de
sua negligência; e as obrigações sob as quais você se
encontra, para ensinar-lhes o conhecimento, o
temor, e amor, de seu Criador e Redentor.
79
Enquanto a verdadeira religião, como visitadora
celestial, administra esses sãos conselhos aos chefes
das famílias, ela olha ao redor para a sua
descendência com o mais suave semblante; e afeiçoa-
os a morarem juntos em unidade, a obedecerem aos
pais no Senhor e a honrarem seu pai e sua mãe - para
que seus dias sejam longos na terra dos vivos.
Outro caráter relativo que o povo comum mantém na
sociedade, surge de sua conexão com a comunidade;
e o método mais eficaz de tornarem-se bons cidadãos
e súditos virtuosos, é por se tornarem cristãos
sinceros. O evangelho ensina-lhes que são
responsáveis perante Deus por todas as suas ações;
que sua Palavra deve regular seu comportamento na
sociedade; que, na condição que ele atribui, eles
devem agir com integridade e honra; e que com a sua
conduta na vida, estão ligados à prosperidade ou à
ruína de seu país. Que os homens, por mais
necessitados ou obscuros, sejam habitualmente
impressionados com essas leis da Escritura - e isso os
induzirá a levarem vidas tranquilas e pacíficas, a
renderem tributo e a honrarem onde for devido e a
obedecerem a seus superiores no Senhor. Mas, se
alguma vez deixam de lado estas leis divinas, ou
consideram sua conduta na sociedade como
desconectada de seu dever para com Deus, separam
a moralidade da religião ou substituem uma pela
outra - então adeus a toda a virtude pública,
tranquilidade e ordem! Adeus a todos os privilégios
80
distintivos, reverência pelas leis, todo o semblante do
céu. Estes anjos da guarda apressar-se-ão então a
partir de nossa terra uma vez feliz, e deixam uma
nação ingrata a todas as calamidades da ociosidade,
da injustiça, e da opressão, a todos os efeitos terríveis
da indignação divina.
Conheça, então, a sua própria importância, você que
a Providência colocou nas fileiras inferiores da vida.
Você está felizmente livre do trabalho vexatório de
gerenciar as preocupações nacionais, você não
precisa ter a perplexidade dos outros, com planos
visionários do governo público, e você seria, senão
mal empregado na tentativa de alterar as leis, que a
experiência das idades tem provado ser saudável,
mas você tem um trabalho muito mais importante e
honrado para nele prosseguir - uma alma que nunca
morre para ser salva, uma família para criar nos
caminhos do Senhor, um exemplo para colocar
diante de muitos, e um Salvador para honrar na
terra.
Se o povo comum fosse sinceramente piedoso - eles
agiriam de acordo com os princípios e conforme os
preceitos da Escritura; incentivariam, por exemplo,
um espírito de sobriedade, de trabalho e de
honestidade; eles criariam seus filhos em reverência
às ordenanças de Deus e os enviariam para o mundo
fortalecidos com os sentimentos da revelação - quem
pode dizer quais bênçãos poderiam provar aos
81
lugares onde residem e à nação em geral? Quem
poderia calcular quão ampla sua utilidade poderia se
estender, e quanto tempo poderia ser perpetuada? As
gerações sucessivas poderiam colher os frutos felizes
de sua piedade, enquanto os filhos de seus filhos
continuariam a instruir suas famílias nas verdades
celestiais e exemplos transmitidos de seus
antepassados. Mas, se a generalidade do povo
comum degenerar em infidelidade, licenciosidade e
toda conduta imoral, o mal produzido será
igualmente largo e igualmente duradouro!
82
Os MEIOS que parecem mais bem calculados
para promover o Conhecimento e o Espírito
da Religião entre as Pessoas Comuns
1. O fundamento de todo o conhecimento piedoso e
realizações, deve ser colocado em um conhecimento
adequado com as Sagradas Escrituras, e uma
constante atenção a elas como a regra infalível de fé
e conduta. Sem este guia celestial, vagaríamos em
perpétua incerteza e perigo; mas seguindo esta luz da
verdade, que brilha num mundo sombrio, somos
conduzidos aos caminhos da paz, estamos cheios de
consolação, e avançamos de força em força até que
apareçamos diante de Deus em Sião.
Para os pobres o Evangelho é pregado; por isso eles
são feitos sábios para a salvação, e ensinados como
purificar o seu caminho. O Deus de sabedoria e
compaixão tem piedade de suas circunstâncias, e não
lhes negou, uma revelação clara e perfeita de sua
vontade; brilha diante deles como a brilhante estrela
da manhã, dirigindo sua atenção para o glorioso Sol
da Justiça, e conduzindo muitos à glória. Siga,
portanto, esta verdadeira luz, que desce do céu.
Busque o volume sagrado com diligência, humildade
e oração; e mantenha conversa com ele diariamente,
como com um companheiro amado. Examine suas
doutrinas, regozije-se com suas promessas, observe o
caminho do dever que prescreve e contemple com
83
prazer os objetos gloriosos que ele exibe. Busque,
pois, a sabedoria quanto aos tesouros ocultos, e
assim aplique o seu coração ao entendimento.
As Escrituras são destinadas ao benefício de todas as
classes, e são adaptadas às circunstâncias de cada
pessoa; portanto, todos são obrigados a conhecer a
verdade, a ter a palavra de Cristo habitando
ricamente neles e a considerar as coisas que
pertencem à sua eterna paz. Mas aqueles que odeiam
a instrução, que amam as trevas, que rejeitam o
conselho de Deus e não obedecem ao seu evangelho -
são ameaçados de destruição da presença do Senhor
e da glória de seu poder.
Se Deus ordena a todos que busquem as Escrituras -
não deve a negligência deste comando expresso, ser
pecaminoso e perigoso? No entanto, alguns
pretensos cristãos exaltaram a ignorância como a
mãe da devoção. Tal sentimento ousado insulta a
bondade daquele Deus, que se dignou revelar sua
vontade aos homens; e trai tanto a verdade, que pode
muito bem excitar nossa indignação e tristeza. O
orgulho arrogante de religiosos, ao substituírem
invenções humanas pelas ordenanças de Deus, não é
mais fatal e ilusório do que a conduta cruel de reter
do povo a livre leitura das Escrituras. Mas nós não
aprendemos assim a Cristo: sabemos que com ele não
há distinção de pessoas; que a sua voz é para os filhos
dos homens; que todas as tribos e povos são
84
ordenados a andar na sua luz, e fazer dos seus
estatutos as suas canções em sua peregrinação.
Homens e irmãos, apreciai os vossos privilégios e
alegrai-vos que a Palavra da verdade esteja nas
vossas habitações e nas vossas mãos. Vossos pais
estavam assentados nas trevas, sob a ilusão do falso
cristianismo, mas esta terra em que habitavam os
vossos pais tornou-se um vale de visão. Vocês são
resgatados do domínio dos sacerdotes tirânicos! Os
ministros do santuário não são permitidos, pela
nossa santa religião, a serem dominadores da vossa
fé. A palavra está perto de você, ela é traduzida em
sua própria língua, é-lhe dada quase sem preço; e
nenhum meio é deixado não experimentado, para
incentivar a sua leitura diária do volume sagrado.
Ó como altamente favorecida é esta ilha acima de
muitas outras nações! O Sol da Justiça ainda não
desapareceu de outras nações - as nuvens da
ignorância, do erro e da idolatria - os profetas e
apóstolos são escassamente conhecidos entre eles,
exceto pelo pincel do pintor - os escritos inspirados
desses santos são detidos nos repositórios de
sacerdotes - as águas da salvação são interrompidas
em seus cursos, pelos poderosos baluartes da
superstição; a fonte aberta pelo Filho de Deus, para
purificar muitas nações, é fechada pelo impiedoso
Vigário de Cristo. A árvore da vida, cujas folhas são
para a cura do povo, é mantida longe da abordagem
85
dos necessitados por mercenários; e a gloriosa luz do
evangelho está envolvida na escuridão misteriosa de
sutilezas sombrias. (Nota do tradutor: a batalha que
temos que empreender contra o falso ensino e a falsa
piedade em nossos dias é muito maior do que a que o
autor teve que empreender em seus dias, pois a frente
da hipocrisia e do erro se ampliou muito, pois os dias
trabalhosos em que não suportariam a sã doutrina, e
quando os homens teriam forma da piedade, mas
negariam o seu poder, são especialmente chegados a
nós.)
Mas, o Deus de Sião há pouco se levantará, e
defenderá a sua própria causa; ele vai sacudir os
reinos da terra, ele vai cingir sua espada sobre sua
coxa, e ele vai sair no carro de seu evangelho, para
sempre vencer. Que sua Palavra funcione, e tenha
livre curso, e seja glorificada! Que os tumultos do
povo terminem nos triunfos do reino do Redentor! E
possa sua religião abençoada ser preservada entre
nós em toda a sua pureza, experimentada em todo o
seu poder, e perpetuada para os últimos tempos!
Desde que a você é dado o evangelho da salvação,
valorize este privilégio, e o aperfeiçoe com cuidado.
Conte tudo como perda pela excelência do
conhecimento de Cristo. Leia a sua Palavra com
alegria e atenção, com humildade e reverência, com
fé e firme assentimento, com aplicação do que ela
revela às suas próprias circunstâncias, e com
86
fervorosa súplica pelo ensinamento do Espírito, para
que você possa entender as Escrituras, abrace as
promessas, e possa andar na verdade!
2. Um espírito de religião nunca prevalecerá em
qualquer comunidade, onde não há um atendimento
geral e regular sobre a pregação da Palavra. Isto,
portanto, é recomendado com sinceridade às
famílias, tanto como um dever e um privilégio.
Graças ao Deus de nossos pais, as sublimes e
santificadoras doutrinas da graça são, mesmo nesta
era de erro, ensinadas por muitos, com sinceridade,
simplicidade e poder. Muitos ministros fiéis, de
várias denominações, unem-se harmoniosamente na
declaração e defesa do testemunho que Deus deu.
Eles testemunham o grande mistério da piedade,
Deus manifestado na carne. Eles pregam a Cristo
crucificado, como fundamento da esperança para
criaturas culpadas, e como o Autor da eterna
redenção para todos os que lhe obedecem. Esta
consideração confortável, unida com os muitos fins
importantes do culto público, garante a exortação
agora dada - frequente a casa de Deus, se você deseja
o progresso na piedade.
Embora seja uma queixa comum, esse pequeno
espaço é reservado nas igrejas para o alojamento dos
pobres, e embora a queixa não possa ser totalmente
infundada; no entanto, em quase todas as cidades e
87
paróquias, há igrejas criadas por várias seitas, onde o
mesmo evangelho é pregado, onde os pobres podem
encontrar fácil acesso e onde serão instruídos na
verdade como é em Jesus. Desde então, há lugares
previstos nesta terra de liberdade, onde você pode
adorar a Deus de acordo com suas consciências, e
desde que ministros estão dispostos a instruir todos
os que vêm a eles - por que você deve perecer por falta
de conhecimento? Por que negligenciar os meios de
melhoria? E por que recusar uma participação
voluntária nas ordenanças públicas da instituição
divina? Essa assistência talvez não seja sempre
acompanhada com os efeitos desejados: alguns
podem desfrutar dos meios da graça e permanecer
despreocupados e não renovados; ainda assim eles
estão engajados, como se tornam criaturas, em
esperar em Deus, e adorá-lo; eles estão no santuário,
onde ele manifesta a sua glória, e exerce o seu poder
de salvação; eles estão no lugar onde ele promete
encontrar-se com seu povo e abençoá-los.
Sob estas impressões, recomenda-se vivamente a
todos na comunidade, que conduzam seus filhos a
algum lugar apropriado de adoração no dia do
Senhor, e ensinem-nos a ouvir com reverente
atenção as verdades entregues. Perniciosas e
alarmantes são as consequências, quando o povo
abandona a adoração de Deus no santuário: todo
princípio religioso e moral logo se torna apagado de
sua lembrança; todas as restrições do caráter e da
88
decência se estendem: as horas sagradas em que os
outros se dedicam à devoção celestial, no culto
público - são gastas por esses negligentes da casa de
Deus, nas assombrações da intemperança, nas
depredações da propriedade do próximo ou em
formar associações perigosas para as famílias e
destrutivas para a ordem doméstica.
Considerando-se, portanto, como um dever imposto
pela religião, como uma questão de política para o
bem-estar da sociedade, como uma questão de
prudência para o conforto das famílias e como sinal
de compaixão pelas almas dos que perecem - deixem
os pais, e superiores se esforçarem, por toda a
influência que possam empregar, recompensando a
obediência, e reprovando o perverso, pela exortação
e autoridade, para impedir seus domésticos ou
servos, seus inquilinos ou filhos, de negligenciarem
as assembleias dos santos; que eles também se
esforcem para promover entre os mais pobres do
povo, uma frequência regular ao culto público de
Deus.
3. Um terceiro meio de aperfeiçoamento na religião,
é uma aplicação cuidadosa aos vários exercícios de
devoção. Sob este particular pode ser incluído, leitura
proveitosa, meditação piedosa e oração secreta.
Embora cada uma delas mereça uma consideração
separada, contudo sua influência sobre si é tão
89
natural e íntima, que não parece improvável
classificá-las.
Uma pesquisa diária das Escrituras já foi solicitada,
e, portanto, a leitura proveitosa agora recomendada
refere-se à leitura séria de livros de piedade. Todos
não têm oportunidades iguais para este emprego
lucrativo; mas os mais laboriosos e duros operários
em nossa terra, têm suas horas de recesso das fadigas
dos negócios e suas temporadas de descanso e lazer.
Sem a devida cautela, estes podem revelar-se
períodos perigosos, levando a loucuras e crimes, o
que acarretará sobre eles perpétua aflição e miséria.
Para evitar tais misérias, melhore suas horas de lazer
na leitura dos escritos dos piedosos. Graças a Deus,
somos favorecidos com uma variedade de
publicações valiosas, que são bem calculadas para
agradar e edificar; que não contêm princípios
perigosos; que tentam não promover devoção sem
princípio, ou piedade sem moral; mas que são ao
mesmo tempo evangélicos, práticos e claros. Flavel,
Watts, Owen, Hervey e Doddridge, ainda que mortos,
ainda nos falam com toda a eloquência de um
discurso animado, de doutrina não adulterada e de
piedade genuína. Em nossos dias, Newton, Venn,
Walker e Witherspoon, deram ao mundo
representações amáveis e justas da verdade
evangélica. A todos estes eu poderia acrescentar,
como digno de leitura, e felizmente adaptado às
capacidades dos mais ínfimos, os trabalhos de
90
Thomas Boston, Bunyan e Erskine. Todos estes
autores agora nomeados eram homens eminentes
por sua piedade, e úteis em seu dia: seu espírito
respira em suas obras; e seu louvor será perpetuado
por muito tempo na igreja. Os refinadores modernos
de uma religião que é perfeita em si, e que não pode
admitir nenhuma melhoria pelas descobertas
modernas, que possa afetar a desprezar os escritos
mencionados agora, ou carregá-los com os nomes
reprovadores de entusiasmo e vulgaridade. No
entanto, se você os examinar com cuidado, você os
encontrará ricos no sentimento, e rentáveis para sua
instrução na justiça; e se você é tão afortunado de
trazer sua própria casa, e as famílias ao redor, para
ler e saborear o que estes livros contêm, você estará
fazendo todo o serviço essencial aos interesses da
religião.
Meditação séria sobre as coisas divinas, é outro
importante ramo da devoção secreta em seu quarto.
Não é razoável que os objetos terrenos ocupem a
principal atenção dos homens imortais; que eles
devem se ocupar apenas de coisas terrenas, e ter
apenas cuidado com preocupações mundanas.
Convém-lhes atribuir intervalos apropriados para a
contemplação espiritual; se afastar frequentemente
dos negócios e da agitação do mundo; a chamar-se a
frequente e rigorosa conta; para examinar se eles
estão na fé; para provar os seus temperamentos e
conduta pela lei de Deus; para saber que progresso
91
estão fazendo em seus preparativos para um estado
eterno de existência; e viver sob impressões do
mundo futuro.
A falta de conhecimento religioso, e a negligência
habitual de consideração séria, provam a ruína de
milhares. Que religião real e perseverante pode ser
esperada de uma mente desinformada,
indisciplinada e impensada? E como inúteis devem
ser todos os meios da graça, se os homens não se
permitem examinar seu estado real diante de Deus,
ponderar as coisas que pertencem à sua salvação e
meditar sobre as doutrinas, promessas e preceitos da
Escritura? Pequena atenção é necessária para dar aos
objetos do sentido toda a sua força; estes estão
sempre presentes, e sua influência é poderosa. Mas
do que é invisível e eterno, uma meditação mais fixa
é indispensavelmente necessária. Isso, em certa
medida, remove a distância entre o céu e a terra; traz
objetos espirituais perto da mente crente que reflete;
aumenta a fé que é a substância das coisas esperadas;
e deriva dessas realidades invisíveis, alegrias muito
mais nobres do que podem ser obtidas dos prazeres
mais convidativos do pecado.
Retirem-se, portanto, por si mesmos, nos campos ou
no quarto, para meditar sobre temas celestiais!
Contemple o que foi, o que é e o que será a seguir.
Marquem os caminhos da Providência; e tracem,
com reconhecimento admirador, as obras do Senhor
92
para si mesmos, suas famílias e seus parentes. Olhe
para o futuro, para um mundo que expira, um
julgamento geral, um estado inalterável! Como
devem essas perspectivas solenes moderar sua ânsia
pelas modas passageiras do mundo, e acelerar seu
progresso em direção a Sião. Medite no céu, como a
terra do repouso, e a herança segura de todos os
remidos; contemple as suas alegrias e os seus
empregos, e deseje ser unido com os justos
aperfeiçoados e com a inumerável companhia de
anjos.
Acima de tudo, que as meditações de Deus e do
Redentor sejam agradáveis aos seus pensamentos.
Contemple a misericórdia e a fidelidade de seu Pai
celestial, sua glória infinita e seu cuidado
condescendente. Olhe para Jesus o autor da
redenção eterna; admire sua excelência
transcendente, seus sofrimentos e triunfos, as
bênçãos que adquiriu, a mediação que ele realiza
agora e a felicidade preparada para todos os seus
seguidores. Pergunte se você tem boa esperança
através da graça - se você está entre o número de seus
seguidores. Se você o ama mais do que tudo. Se
permanece nele como seu Salvador e Santificador. E
se foi feito disposto a negar a si mesmo e tomar a sua
cruz e seguir a Cristo. Assim, ao unir a autoindagação
séria com a contemplação celestial, você
experimentará a realização da declaração do
apóstolo, que ser espiritual é vida e paz.
93
Alguma porção de cada semana deve ser separada
para a meditação espiritual. Não desperdice essas
horas preciosas em visitas inúteis ou conversas
ociosas; mas afastando-se de todos os olhos, deleite-
se em Deus, e deixe que a sua almas siga fielmente a
ele. Reveja o teor geral de seu temperamento durante
a semana passada e sua conduta tanto para com Deus
como para com o homem. Compare suas disposições,
perseguições, palavras e ações, com a lei e o
evangelho; confesse as pragas do seu coração, e as
transgressões da sua vida; renove sua aceitação do
Salvador, e dedicação ao seu serviço; e contemple,
com crescente alegria, a altura, a profundidade, a
largura e o comprimento do amor de Deus em Cristo
Jesus nosso Senhor. Que a leitura e a audição da
Palavra promovam e encorajem este emprego
celestial.
Mas, a contemplação celeste não precisa ser
confinada a um dia por semana; pode ser desfrutada
no meio das transações ordinárias do negócio diário:
mesmo em cada ocorrência na vida, toda
misericórdia e aflição, toda tentação ou fuga, todo
perigo ou libertação - devem ajudá-lo a levantar-se
da criatura a Deus, e definir suas afeições sobre as
coisas que estão acima. A cada noite que volta, torne
a perguntar-se qual foi o seu estado e temperamento
da mente, em meio aos eventos variados do dia? Que
deveres foram executados alegremente ou omitidos
pecaminosamente? Que tentações foram
94
ousadamente resistidas, ou vergonhosamente
cumpridas? Que provações foram pacientemente
suportadas, ou desprezadas? Que graças da vida
divina foram exercidas e que virtudes foram
negligenciadas? Que tempo foi felizmente obtido
com a indolência ou a indulgência carnal? Que
esforços foram usados para promover o bem dos
outros, ou a honra da religião? Esse autoexame deve
ser rigorosamente atendido e ampliado
consideravelmente cada noite do dia do Senhor, cada
retorno de seu aniversário, cada primeiro dia do ano,
e sempre antes de participar do sacramento da ceia.
Outro meio feliz de promover na mente o verdadeiro
espírito da religião, é a oração secreta diária e séria.
Isto pode muito bem ser estimado pelos cristãos um
dever importante, e um privilégio inestimável. Tão
necessário é para o progresso da santidade real, que
sem a oração, todos os outros meios já
recomendados, seriam de pouco proveito! E é tão
vantajoso para o cristão que as loucuras do mundo
sejam levemente estimadas, quando a comunhão
com o Deus de toda a graça é desfrutada. Nenhum
dever pode ser mais razoável do que aquele que
criaturas frágeis devem reconhecer diariamente, com
gratidão e reverência, sua dependência de Deus e
suas obrigações para com o Doador de todo o bem.
Nenhum serviço pode ser mais aceitável para o céu
do que o sacrifício matutino e vespertino de humilde
adoração e fervorosa intercessão, através do único
95
Mediador. Nenhuma conquista marca mais
fortemente o progresso do cristão na religião do que
o espírito de oração; pelo que se quer dizer, uma
alegria em se aproximar de Deus como o ouvinte da
oração; e desdobrando, com liberdade não
disfarçada, nossos pecados e dores; transformar os
eventos de cada dia em argumentos e assuntos de
súplica; e uma continuação perseverante, em
humildemente implorar por bênçãos prometidas.
Esse espírito de oração que todos deveriam cultivar,
encontra-se com violenta oposição do orgulho e da
leviandade da mente humana; o primeiro se
inclinando a viver como se fosse independente de
Deus; o outro conduzindo a uma indolente atuação
superficial de mera forma externa, em vã dignidade
com o nome de oração. Mas, todo amante da religião
real deve resistir a essas tentações; deve procurar,
através da graça, continuar instante na oração; e
mesmo quando incapaz de ordenar sua causa por
motivo de sua ignorância, ou pela preeminência da
incredulidade, deve, com suspiros, que não podem
ser expressados, deixar o desejo desejado para aquele
Advogado justo, que faz a intercessão contínua; e
esperar que o Espírito ajude suas fraquezas.
Vocês que são considerados como colocados nas
fileiras obscuras da vida, e em benefício de quem esta
publicação é principalmente destinada, devem
particularmente se regozijar no privilégio da oração.
96
É a provisão que seu Pai celestial fez para sua
consolação neste deserto cansativo; permitindo-lhe,
em todos os momentos, liberdade de acesso ao trono
de sua misericórdia; e assegurando-lhe que seu
ouvido está sempre aberto ao clamor dos humildes.
Através desse compassivo Redentor, que é o seu
Advogado predominante, você tem acesso por um
Espírito, ao Pai. Vá, portanto, a ele com todas as suas
dificuldades; apresente-lhe as dores secretas que não
pode confiar com segurança a nenhum companheiro;
confie em sua sabedoria para a orientação, e em seu
poder todo-poderoso para a proteção; amplie os seus
desejos pelos prazeres celestiais; e implore pela
realização de suas promessas graciosas. Assim, pela
oração da fé, você será fortalecido, confirmado e
consolado; e fazendo com que todas as suas
necessidades sejam conhecidas, com súplica e ação
de graças, a paz de Deus, que ultrapassa todo o
entendimento, guardará o seu coração e a sua mente,
em Cristo Jesus nosso Senhor!
97
Conclusão pelo Tradutor:
A Palavra piedade é entendida atualmente com o
significado comum de se ter pena, compaixão, no
entanto, não é este o seu significado no texto da
Bíblia, onde é vertida do grego eusebeia, que significa
devoção, e piedade em seu significado original, que
descreve a condição de ser pio (palavra latina) para
bondoso, devoto, cumpridor de deveres.
O oposto a isto é ímpio, impiedoso, impiedade.
Podemos entender melhor o significado bíblico de
piedade, pela palavra rasha (ímpio) em hebraico, que
ocorre cerca de 250 vezes no Velho Testamento,
quase sempre em oposição à palavra justo ou santo.
Ímpio na Bíblia é sempre aquele que se opõe a Deus
e à sua vontade. Geralmente por motivo de
incredulidade, e portanto não exprime qualquer tipo
de devoção a Deus.
Assim, podemos entender o uso que os escritores do
Novo Testamento fazem da palavra piedade como
que para se referir à condição daqueles que têm fé em
Cristo, e que amam a justiça do evangelho, a Cristo e
aos seus mandamentos, expressando-o numa vida de
devoção a Deus tanto interna, quanto externamente.
Paulo alinha a piedade em I Timóteo 6.11 com a
justiça, a fé, o amor, a constância, e a mansidão.
Em I Timóteo 6.3 e Tito 1.1 o apóstolo Paulo afirma
que a sã doutrina, ou seja, a Palavra de Deus, o
98
Evangelho, a verdade, é segundo a piedade, ou seja,
a sã doutrina conduz a uma vida piedosa, e o exemplo
perfeito desta vida piedosa está em Jesus Cristo, com
o qual então a palavra que pregamos deve estar
conformada.
É pela prática da Palavra de Deus que uma pessoa é
tornada piedosa, ou seja, devotada aos deveres que
tem para com Deus, e isto há de ser visto em sua vida
devocional particular ou publicamente, no seu lar ou
na Igreja, ou onde mais em que se encontre.
Orar, meditar na Palavra, congregar com os santos,
faz parte da piedade, ou seja, da devoção.
A vida de piedade é a expressão prática da nossa
adoração e serviço a Deus.
Por isso o apóstolo Pedro a coloca no final da lista de
virtudes que relaciona em sua segunda epístola,
antes da fraternidade e do amor, como sendo parte
deste resultado final, depois de termos crescido na fé,
na virtude, no conhecimento, no domínio próprio, e
na perseverança.
Quando se diz que alguém está vivendo com uma
vida mundana, entende-se que ele vive de uma
maneira mundana, ou num modo parecido com o
mundo. Da mesma forma, quando alguém é
chamado a viver uma vida piedosa, entende-se que
99
ele vive de uma maneira piedosa, ou de uma forma
semelhante a Deus.
Para muitos, esta é uma forma dura de se falar, mas
é possível para o homem viver apenas uma vida, na
verdade, é o único modo certo de se viver. A vida
piedosa é a única verdadeira vida. Tal vida é exigida
pelas Escrituras.
Devemos viver “sensata, justa e piedosamente,” (Tito
2.12).
Dos queridos filhos de Deus é dito que sejam
“seguidores dele” (Efésios 5.1). Em algumas
traduções se lê: “Sede imitadores de Deus”, e em
outras, “Sede mímicos de Deus”. A partir disso,
entendemos que ser um seguidor de Deus é viver ou
agir de maneira igual a ele. Mais uma vez, diz-se de
quem permanece em Cristo, que deve andar como ele
andou. Nosso modo de vida deve ser como foi a vida
de Jesus. Diz-se de Cristo, que “quando ele foi
insultado, não revidava com ultraje”. Embora ele
fosse tratado mais vergonhosamente pelos seus
inimigos, ele não procurou se vingar. Quando
expressões injuriosas foram dirigidas a ele, ele não
deu nenhuma resposta. Viver uma vida piedosa é
viver da mesma maneira. Quando os cristãos são
injuriados, eles abençoam, quando eles são
perseguidos, eles sofrem humilde e pacientemente.
Quando Jesus estava sendo condenado à morte por
100
seus inimigos, ele orou ao Pai para perdoá-los.
Quando um homem que tinha vindo para prender
Jesus teve sua orelha cortada, Jesus em sua terna
compaixão curou o ferimento deste perseguidor
amargo. Este é o verdadeiro espírito de piedade.
O padrão completo de piedade é atingido apenas
quando todo o teor da vida está na simplicidade e
sinceridade divina.
O apóstolo Paulo disse em testemunho que sua
alegria era esta: o testemunho da sua consciência, de
que com simplicidade e piedosa sinceridade, não com
sabedoria carnal, mas pela graça de Deus, ele
manteve a sua conduta no mundo. A vida piedosa é
totalmente livre de ostentação, cada ato é feito na
mais pura simplicidade e verdadeira sinceridade.
Como Deus perscruta cada ato por seu olho que tudo
vê, ele não descobre qualquer motivo impuro, como
vanglória ou exaltação de si mesmo, pois tudo está
em sinceridade divina.
A graça da piedade no caráter cristão é capaz de
cultivo e aumento. Há uma lei, tanto material quanto
espiritual que o exercício é propício ao crescimento.
O apóstolo cheio do Espírito disse: “Exercita-te na
piedade”. No Enfático se lê isto: “Treine a ti mesmo
para a piedade.” Aqui está algo para cada alma que
tenha qualquer aspiração para ser mais piedosa na
vida. Treine-se para a piedade. Obter uma piedade
101
mais profunda e mais divina é a alegria do coração
cristão. Por treinar nos tornamos mais piedosos. A
palha colocada no sulco do vinhedo, forma uma
espaldeira por entrelaçar os ramos da videira. Ela os
mantém entrelaçados à medida que crescem, e por
essa formação constitui uma treliça feita de arbustos.
A alma entrelaçada com a vida mansa e humilde de
Jesus vai formar um caráter de profunda e sincera
piedade. A vida diária deve ser interligada com a vida
de Jesus. Que não haja nenhum estender de mão
para qualquer coisa fora dele. Para um bom
desenvolvimento das virtudes cristãs, deve haver um
treinamento constante ou entrelaçamento da alma
com Deus.
Esta ligação com mais força é o resultado de
crescimento, e o crescimento é produzido pelo
exercício e o exercício consiste na leitura das
Escrituras, na oração e no pensamento profundo ou
coração em comunhão com Deus. O atleta se exercita
e come alimentos apropriados que irão desenvolver e
fortalecer seus músculos. A alma que tem alguns
anseios por mais de Deus deve se exercitar para ter
seus desejos satisfeitos. Ser consciente de uma
plenitude de crescimento em Cristo, sentir a alma
entrelaçada cada vez mais com a vida de Deus, é
plenitude de alegria e felicidade perfeita.
Leitor cristão, há uma chama ardente de puro amor
em seu coração? Você anda com Jesus em um devoto,
102
confiante e reverente espírito? Você encontra muitas
vezes a sua mente contemplando as maravilhas da
criação e as glórias da salvação? Sua alma está
habituada a respirar a atmosfera do céu
profundamente? Está este santo temor enchendo
você? Aquela terna sensibilidade das coisas
espirituais está enchendo o seu coração? Tornar-se
mais piedoso é o desejo sincero do seu coração?
Então, desempenhe diligentemente todos os deveres
que pertencem a uma vida piedosa. Alguns têm
grande diligência por um tempo e têm ganho
espiritual e, em seguida, perdem tudo em um dia de
negligência. Mas não seja negligente, seja constante,
seja perseverante, seja corajoso, seja esforçado,
avance, – e o prêmio de mansidão, paz e piedade
coroará a sua vida.
1 – eusebeia (grego) – piedade, devoção
Atos 3.12 Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões
israelitas, por que vos admirais deste homem? Ou,
por que fitais os olhos em nós, como se por nosso
próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?
I Timóteo 2.2 pelos reis, e por todos os que exercem
autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e
sossegada, em toda a piedade e honestidade.
I Timóteo 3.16 E, sem dúvida alguma, grande é o
mistério da piedade: Aquele que se manifestou em
103
carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos,
pregado entre os gentios, crido no mundo, e
recebido acima na glória.
I Timóteo 4.7 mas rejeita as fábulas profanas e de
velhas. Exercita-te a ti mesmo na piedade.
I Timóteo 4.8 Pois o exercício corporal para pouco
aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
visto que tem a promessa da vida presente e da que
há de vir.
I Timóteo 6.3 Se alguém ensina alguma doutrina
diversa, e não se conforma com as sãs palavras de
nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é
segundo a piedade,
I Timóteo 6.5 disputas de homens corruptos de
entendimento, e privados da verdade, cuidando que
a piedade é fonte de lucro;
I Timóteo 6.6 e, de fato, é grande fonte de lucro a
piedade com o contentamento.
I Timóteo 6.11 Mas tu, ó homem de Deus, foge
destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o
amor, a constância, a mansidão.
II Timóteo 3.5 tendo aparência de piedade, mas
negando-lhe o poder. Afasta-te também desses.
104
Tito 1.1 Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus
Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o pleno
conhecimento da verdade que é segundo a piedade,
II Pedro 1.3 visto como o seu divino poder nos tem
dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo
pleno conhecimento daquele que nos chamou por
sua própria glória e virtude;
II Pedro 1.6 e à ciência o domínio próprio, e ao
domínio próprio a perseverança, e à perseverança a
piedade,
II Pedro 3.11 Ora, uma vez que todas estas coisas
hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis
ser em santidade e piedade,
2 – eusebeo (grego) – mostrar piedade, adorar
Atos 17.23 Porque, passando eu e observando os
objetos do vosso culto, encontrei também um altar
em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO.
Esse, pois, que vós adorais sem o conhecer, é o que
vos anuncio.
I Timóteo 5.4 Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou
netos, aprendam eles primeiro a mostrar piedade
em seu lar, e a recompensar seus progenitores;
porque isto é agradável a Deus.
105
3 – eusebes (grego) – piedoso, devoto
Atos 10.2 piedoso e temente a Deus com toda a sua
casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de
contínuo orava a Deus,
Atos 10.7 Logo que se retirou o anjo que lhe falava,
Cornélio chamou dois dos seus domésticos e um
piedoso soldado dos que estavam a seu serviço;
Atos 22.12 um certo Ananias, varão piedoso
conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos
os judeus que ali moravam,
II Pedro 2.9 também sabe o Senhor livrar da
tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo
os injustos, que já estão sendo castigados;
4 –eusebos (grego) – piamente
II Timóteo 3.12 E na verdade todos os que querem
viver piamente em Cristo Jesus padecerão
perseguições.
Tito 2.12 ensinando-nos, para que, renunciando à
impiedade e às paixões mundanas, vivamos no
presente mundo sóbria, e justa, e piamente,
5 – theosebeia (grego) – piedade divina
106
I Timóteo 2.10 mas (como convém a mulheres que
fazem profissão de piedade divina) com boas obras.