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Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: SP EM CADERNO TÍTULO: CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA: SUBÁREA: ARTES VISUAIS SUBÁREA: INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS INSTITUIÇÃO: AUTOR(ES): DANIEL STECK CARDOSO AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): PAULA CRISTINA SOMENZARI ALMOZARA ORIENTADOR(ES):

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Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904

TÍTULO: SP EM CADERNOTÍTULO:

CATEGORIA: EM ANDAMENTOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISÁREA:

SUBÁREA: ARTES VISUAISSUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINASINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): DANIEL STECK CARDOSOAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): PAULA CRISTINA SOMENZARI ALMOZARAORIENTADOR(ES):

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SP em Caderno

Autor: Daniel Steck de Oliveira

Orientadora: Profa. Dra. Paula Cristina Somenzari Almozara

Área: Artes Visuais

RESUMO

Trata da representação gráfica de três cidades do Estado de São Paulo – Grande São Paulo,

Campinas e Ribeirão Preto ­ abordando visualmente aspectos de sua paisagem, arquitetura e

cotidiano urbano, utilizando para isso a fotografia, o desenho e pintura tendo o caderno de artista

como suporte básico da produção, de modo a refletir sobre as questões da paisagem e das

formas de registros que estão conectados as relações de memória e percurso. Com base

nesses elementos, o projeto tem por objetivo explorar e refletir sobre os aspectos de alterações

visuais pelos quais uma cidade pode passar no decorrer de vários anos, criando, portanto, uma

representação gráfica autoral e uma reflexão histórico­cultural dentro dos parâmetros das

pesquisas inerentes a linha de poéticas visuais.

Palavras­chave: caderno, cidade, arte, fotografia, desenho, pintura

INTRODUÇÃO

Muitos artistas, mesmo durante períodos mais remotos da história da arte, sentiram em certos

momentos a necessidade de utilizar algum aparato mecânico que auxiliasse na criação de suas

obras para representar de modo acurado a realidade visível, nesse contexto, observa­se assim

o uso da câmara escura como ferramenta para desenhar e pintar.

Um exemplo, importante do uso de dispositivos ópticos na arte é a referência que HOCKNEY

(2001. p.35) faz a Ingres (1780­1867) e Vermeer (1632­1675):

Estou convencido de que Ingres usou algum dispositivo óptico em sua arte,

provavelmente uma câmera lúcida para os desenhos, mas talvez algum tipo de

câmara escura para o meticuloso detalhe nas pinturas. Essa me parece a única

explicação. Mas Ingres não foi o primeiro a utilizar a óptica. Cogitou­se que

Vermeer tenha usado a câmera escura ­ o que pode ser deduzido dos efeitos

ópticos nas pinturas.

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A paisagem natural e urbana, e, nesse aspecto o uso da fotografia para estudos artísticos e para

a topografia em estudos geográficos foi fundamental para a constituição de um imaginário sobre

o espaço e as alterações desses espaços na arte e na ciência.

Do século XIV ao XIX existem relatos do uso que alguns artistas fizeram da técnica da câmara

escura como uma ajuda na produção de desenhos e pinturas, como aponta inclusive

MACHADO (2008) afirmando que a obra de Pedro Américo, Batalha do Avahy (1875­1876) tenha

sido feita usando aparatos ópticos.

Todas essas evidências contribuem para reforçar nossa hipótese de que Pedro

Américo pintou o painel do Avahy segundo os métodos dos pintores de panoramas,

com desenhos ou fotografias em clichê de vidro projetados pela lanterna mágica

sobre a tela, pintando depois diretamente, sem esboço prévio e sem quadriculação.

A lanterna mágica, conhecida desde tempos remotos, projetava imagens que

ampliavam desenhos lineares ou pinturas coloridas, e que era possível serem

copiados, manualmente, sem necessidade de ter um grande domínio visual e

artesanal, como veremos adiante. O que desejamos mostrar é que, o que era

considerado uma heresia pelas academias tradicionais, constituía­se em uma

prática comum entre os artistas, para criar uma pintura ilusionista e realista, muito

antes da invenção da fotografia.

De fato, a câmera escura foi um meio explorado na arte em tempos pré­fotográficos, pois era

um modo bastante eficiente de projeção de uma imagem real sobre uma superfície. Assim, a

câmera escura (bem como a lanterna mágica, a câmara clara ou lúcida) como recurso técnico

foi utilizada inclusive pelos artistas viajantes, que, por exemplo, no Século XIX usaram esses

equipamentos para representar paisagens urbanas e/ou rurais com mais agilidade e precisão,

imagens estas que poderiam ser utilizadas como referencias em seus estudos e

posteriormente em obras finalizadas.

No projeto proposto, há a possibilidade de se usar o recurso da câmara escura, mas objetiva­se

com maior interesse o uso da própria fotografia. Embora os resultados obtidos com a utilização

dos dois recursos sejam totalmente diferentes não deixa de ser interessante a demonstração

destes contrastes durante a execução do projeto, assim pretende­se explorar uma combinação

dos recursos de modo a encontrar um resultado estético diferente, que não dependa somente

da utilização dos materiais de desenho e pintura, mas uma utilização híbrida de meios na

construção da representação da paisagem.

Com base nesses dados, o projeto partirá dos aspectos visuais referentes a passagem do

tempo e as modificações causadas na paisagem urbana no decorrer do tempo, utilizando­se

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para isso de fotografias antigas e novas a fim de posteriormente, a partir dessas imagens

fotográficas, criar uma representação gráfica por meio de desenhos e pinturas realizadas

preferencialmente em cadernos, nos quais serão abordados três cidades em diferentes

estágios de sua evolução urbana.

O uso de cadernos de desenho como suporte se justifica pela possibilidade de alargamento das

experiências de observação e das funções do desenho:

Assim, além da função documental, os desenhos servem também como instrumento de interpretação, análise e compreensão de determinadas obras ou elementos, espaços e lugares. A representação gráfica extrapola o simples registro mecânico, é resultado de sensações, percepções e olhares críticos. O desenho pode permitir uma compreensão mais dilatada e reflexiva sobre o território, a paisagem, a cidade e a arquitetura. (LANCHA et al., 2010, p.2)

O projeto inicia­se desse modo, pela cidade São Paulo que com 458 anos é considerada a

cidade mais populosa do Brasil, sendo considerada a 14° cidade mais globalizada do planeta.

Sua expansão é tamanha, que já há alguns anos incorporou para si algumas outras cidades,

tornando­se assim uma gigantesca região Metropolitana, a Grande São Paulo.

Parte­se então para a cidade de Campinas, com 238 anos, é a terceira cidade mais populosa do

estado de São Paulo. Nos últimos anos a cidade de Campinas vem se tornando pólo econômico

e tecnológico do estado de São Paulo. Sua expansão territorial e econômica, a levou ao que é

conhecido como Região Metropolitana de Campinas; Campinas passa hoje pelo mesmo

processo evolutivo que São Paulo passou a alguns anos, onde os limites entre cidades vão se

perdendo devido a seu crescimento acelerado.

Por fim, tem­se a cidade de Ribeirão Preto, com 156 anos, localizada no interior do Estado de

São Paulo é a 8° cidade mais populosa do estado. Ribeirão Preto é considerada a capital

nacional do agronegócio, isso a coloca em uma situação de crescimento onde passa de uma

cidade de médio para grande porte, Ribeirão esta vivenciando hoje aquilo que Campinas passou

a alguns anos, e São Paulo passou a muitos.

O projeto busca assim lidar com a representação da paisagem urbana abordando de modo

reflexivo as questões sobre tempo, memória e percurso.

As Figuras de 1 a 4 são exemplos de artistas contemporâneos que utilizam o caderno de

esboço para registrarem aspectos da paisagem urbana, nesse sentido espera­se discutir as

formas de registro que artistas e fotógrafos utilizaram para construir arquivos de imagens que

fazem referência a sua experiência com o espaço urbano.

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Figura 1: Chris Dent, artista inglês. Imagem retirada do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=34NH_Vl2ry0

Figura 2: Chris Dent, artista inglês. Imagem retirada do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=34NH_Vl2ry0

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Figura 3: Stefano Faravelli, artista italiano. Imagem retirada do vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=I3eNZP6_b2I

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Figura 4: Stefano Faravelli, artista italiano. Imagem retirada do vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=I3eNZP6_b2I

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Objetivos

Objetivo geral:

Realizar uma pesquisa prática e uma reflexão sobre a produção artística dentro do contexto

das poéticas visuais abordando as questões sobre: paisagem e memória.

Objetivos específicos

Realizar uma produção artística autoral baseada na relação entre

paisagem/memória/percurso;

Contextualizar a produção artística dentro das artes contemporâneas e traçar elementos de

reflexão sobre o processo;

Documentar o processo de produção pessoal;

Apresentar a pesquisa em eventos da área;

METODOLOGIA

Específica da área de artes visuais (linha de pesquisa em linguagens poéticas)

O primeiro grande desafio da área de artes visuais é a construção de processos de análise

específicos que são determinados em função do material que vai sendo pesquisado (e

realizado); essa situação é própria dos processos de construção poética e assim, há, de modo

geral, na construção das análises da pesquisa em arte uma relação que se revela imbricada à

pesquisa teórica, as referências histórico­técnicas, etc. que por sua vez conectam­se também

de modo integrado à análise iconográfica e processual/conceitual das obras produzidas e/ou em

produção. Nesse sentido, Mikel Dufrenne nos esclarece que:

o conjunto das obras de determinada arte não apresenta caracteres onde se

revelaria um sistema. A arte é feita de criadores singulares e a praxis criadora é

sempre anárquica. É verdade que a história de uma arte atesta certa continuidade

e, talvez, uma espécie de lógica interna. (DUFRENNE, 2004, p. 112)

Sobre as questões e caminhos relativos aos processos e métodos de pesquisa específicos da

área (linha de pesquisa em poéticas visuais/artística), Sandra Rey em seu texto “Por uma

abordagem metodológica da pesquisa em artes” (REY, 2002. p.133) afirma que:

É preciso lembrar que toda a obra de arte é uma resposta singular a um

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estímulo. Porque, ao contrário da ciência, que necessita de

comprovação e avança em bloco, consolidando ou refutando teorias

através da reprodução de experiências em laboratório, é próprio da arte

em geral e da contemporânea em particular propor ou apresentar um

ponto de vista diferenciado, ou uma visão de mundo particular, através

da constituição de linguagens.

É a experiência que autoriza o artista a ter um ponto de vista teórico

diferenciado. Para um artista plástico, é como se as palavras estivessem

encarnadas no trabalho e no próprio corpo. Suas análises terão esta

vivência suplementar: sua confrontação pessoal com o processo de

criação.

Considera­se que as especificidades dos modos de produção da obra e as complexas relações

epistemológicas diferenciadas dos processos artísticos, determinam procedimentos e métodos

condizentes com as necessidades poéticas pessoais. Em se tratando de uma pesquisa de

Iniciação Científica a questão metodológica se concentra na produção artística autoral que

sustenta a reflexão sobre o processo a partir das relações estabelecidas com questões

subjetivas, teóricas, culturais e históricas

Sobre a criação plástica, Angela Raffin Pohlmann afirma que:

A arte possui certa rebeldia da subjetividade contra a positividade do

mundo. Trabalhamos com percepções, memórias, imaginação, linguagem

e pensamento abrindo comportas. Podemos nos manter no espaço

conhecido e seguir os métodos que “ensinam” como fazer, num modo

programado, lógico, ordenado e ordenador. Entretanto, este

“adestramento” premeditado só nos levará a caminhos já traçados; será

“o fio do labirinto com o qual acabaremos enforcados” (GOMES, 2004,

Dmn, p. 4). Poderemos, por outro lado, compor os múltiplos métodos que

dispomos como um mosaico para construir as pontes entre os vãos dos

caminhos já traçados. (POHLMANN, 2006. p. 288).

Corroborando para as questões metodológicas da pesquisa em arte, Umberto Eco em seu livro

“Pós­Escrito a ‘O Nome da Rosa’” (ECO, 1985. p. 13­14), também aponta diretrizes sobre o

trabalho do artista­pesquisador quando enfatiza que o artista não deve explicar sua obra, porque

ela é uma “máquina de gerar interpretações”, mas pode falar como e porque de certas escolhas

na produção de seu trabalho. Nesse sentido, a instauração do trabalho é o ponto fundamental da

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pesquisa em arte, para que assim se proceda a uma reflexão sobre os processos e formas de

expressão humanas nas construções poético­visuais.

As pesquisas práticas em artes se configuram na apresentação da produção autoral, com uma

reflexão sobre o processo, com base em experimentações e incorporação dos “acasos” na

constituição das imagens poéticas.

Desse modo, os projetos de IC na área de poéticas visuais devem se configurar também

nesses parâmetros ao se relacionar com o projeto do orientador, não ocorrendo interferências

na questão autoral e ou temática das propostas. A orientação é baseada nos processos de

construção artística das poéticas visuais que é a linha de pesquisa do grupo Produção e

Pesquisa em Arte.

DESENVOLVIMENTO

As etapas do trabalho determinam uma preparação inicial, onde se dará o contato com a

bibliografia e iconografia básica, sendo que a produção artística está imbricada a pesquisa

teórica.

Cada etapa de produção do trabalho prático e da pesquisa bibliográfica/iconográfica será

analisada dentro dos parâmetros da área de artes. A análise do processo criativo dos trabalhos

práticos/artísticos realizados serão documentados em forma de portfólio. A organização do

material, bem como a apresentação da pesquisa, será realizada levando em conta as

especificidades das linguagens abordadas. Nesse sentido será necessário lançar mão de

recursos visuais para a apresentação do material pesquisado.

Assim, os procedimentos básicos podem ser determinados a partir dos seguintes itens:

Estudo de bibliografia e iconografia pertinente;

Reflexão sobre a produção e a bibliografia/iconografia pesquisada de modo a realizar um

estudo sobre as questões da paisagem/memória/percurso

Realização de uma produção artística autoral baseada nas paisagem/memória/percurso, e

conectada a linha de poéticas visuais;

Organização da produção por meio da realização de cadernos;

Análise de processo de produção e/ou criativo baseada na produção e no contexto das

poéticas visuais;

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Organização do material produzido;

Apresentação da pesquisa.

Método de produção artística (específico para este projeto)

O projeto, em termos de produção artística, propõe a representação visual de três cidades do

Estado de São Paulo, sendo elas: São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, por meio de

fotografias em diálogo com o desenho e pintura utilizando o caderno como suporte.

Em princípio a produção artística pretende basear­se na representação de cada cidade a partir

da confecção de um caderno para cada local, tamanho A4, com capas customizadas, sendo

que esses cadernos podem envolver composições gráficas e fotográficas, ilustrações, recortes,

símbolos, imagens de pontos turísticos, bandeira, brasão ou algo que possa representar

simbolicamente a cidade; o caderno poderá conter diversos papéis como: sulfite, papel jornal,

Canson, papel para aquarela, papel vegetal, entre outros que atendam a necessidade da ideia

proposta para o desenvolvimento do trabalho. Para a realização dos estudos de desenhos e

pinturas, propõe­se a utilização de grafite, nanquim, carvão, extrato de nogueira, aquarela, giz

pastel seco, tal como outros materiais que venham a se tornar necessários para o melhor

desenvolvimento do projeto.

O estudo visual/artístico se dará por meio de referências fotográficas e tratadas com desenhos

e pinturas, que retratem o cotidiano urbano das cidades em questão, seja pela arquitetura ou

cenas do cotidiano dos habitantes, buscando pontos dessas cidades que possam revelar

elementos visuais interessantes sobre aspectos paisagísticos, modos de vida e culturais etc.

Para a realização do projeto propõe­se a ida às cidades escolhidas, onde será recolhido

material fotográfico atual, a partir de uma consulta prévia da iconografia baseada em fotos

antigas (encontradas em arquivos municipais e/ou arquivos online), que possam vir a ajudar nas

composições e na realização de sketches; utilizando­se da paisagem encontrada nas principais

avenidas, praças, ruas comerciais, pontos históricos, meios de transportes, prefeituras, entre

outros. A produção poderá ser finalizados in loco ou em ateliê.

Esse processo artístico é fundamental para o estudo sobre os elementos relativos ao tempo, a

memória e a paisagem local, dialogando assim com a base teórica/bibliográfica de modo a

construir uma reflexão sobre a produção artística contemporânea que leva em conta a temática

da paisagem e do percurso.

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RESULTADOS PRELIMINARES

A paisagem urbana até o momento tem sido percebida como um detonador de experiências, um

catalisador para a construção de ideias, como uma maneira de preservar ou perceber o modo

como as histórias e a vida das pessoas que vivem em um determinado local são modificadas

com o passar do tempo. O crescimento de uma população, e as idiossincrasias próprias do

crescimento das cidades inerentes as melhorias e/ou problemas em vários locais, tem

possibilitado uma reflexão sobre como a paisagem urbana reinventa e readapta ­ de modo

caótico (na maioria das vezes) ­ os espaços públicos.

Com relação as fontes consultadas na fase atual da pesquisa sobre a cidade de São Paulo,

tomamos como referência Militão Augusto de Azevedo. Militão foi um fotografo consagrado por

tirar fotos da antiga São Paulo, em um tempo que a cidade ainda mantinha as feições coloniais

do início. Vindo da cidade de Rio de Janeiro, só foi mexer com a fotografia no meados de 1862

quando iniciou a fotografia da paisagem da pequena São Paulo: “Militão parece ter utilizado as

ruas da cidade para aperfeiçoar seus aprendizado e ampliar sua capacidade de enfrentar as

adversidades técnicas e estéticas que poderia encontrar fazendo retratos” (FREHSE, 2012, p. 11).

Na cidade de Campinas, as pesquisas preliminares apontam para uma pesquisa sobre o

fotógrafo Aristides Pedro da Silva, nascido em Souzas (atual distrito de Campinas) em 1921,

aos 26 anos, foi ser o faz­tudo de um estúdio de fotografia, aprendendo o ofício e criando gosto

para coleção de fotos, sua coleção abrange fotos datadas de 1880 a 1970. Para aprofundar as

pesquisa sobre Aristides Pedro da Silva, estamos realizando pesquisa no Mis Campinas (Museu

da Imagem e Som de Campinas) e em próxima etapa no Centro de Memória da Unicamp.

Nesse sentido, estamos procurando as referências visuais sobre as fotos antigas realizadas por

fotógrafos que atuaram entre os séculos XIX e XX, para compormos um panorama sobre certas

vistas específicas das cidades em questão.

Até o presente momento no que diz respeito a produção prática imbricada a pesquisa teórica,

percebemos que a constituição de álbuns de fotografia, que percebemos ser uma prática

comum ao fotógrafos consultados, trouxe uma nova possibilidade para a configuração dos

cadernos que pode tomar como base a ideia própria de um álbum como um suporte artístico

que pode transitar formalmente entre o caderno e o arquivo.

FONTES CONSULTADAS

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FREHSE Fraya; BARBUY, Heloisa; FERNANDES, Rubens Junior (textos). Militão Augusto De Azevedo.

São Paulo: Cosac & Naify, 2012.

DUFRENNE, Mikel. Estética e filosofia. São Paulo: Perspectiva, 2004

ECO, Umberto. Pós­escrito a O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

HOCKNEY, David. O conhecimento secreto, redescobrindo as técnicas perdidas dos grandes

mestres. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.

LANCHA, Joubert José; Tanoue Vizioli, Simone Helena; Castral, Paulo César. O Caderno de

viagem, o ensino e a percepção da cidade. Seminário de História da Cidade e do Urbanismo.

SHCU, UFF, v. 11, n. 5 (2010). Acessado em fevereiro/2013. Disponível em:

http://www.anpur.org.br/revista/rbeur/index.php/shcu/index

MACHADO,Vladimir. Projeções Luminosas e os métodos fotográficos dos Panoramas na

pintura da Batalha do Avahy (1875­1876): O “espetáculo das artes”. 19&20, Rio de Janeiro,

v. III, n. 1, jan. 2008. Disponível em:

<http://www.dezenovevinte.net/obras/obras_pa_avahy.htm>.

NAPOLI, Francesco. Luigi Pareyson e a estética da formatividade: um estudo de sua

aplicabilidade à poética do redy­made. 2008. 120 folhas. Dissertação – Instituto de

Filosofia, Arte e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, 2008.

Arquivo pdf, disponível em:

http://www.tede.ufop.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=408

PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

POHLMANN, Angela Raffin. Intuições sobre o tempo na criação em artes visuais. Educação.

Universidade Federal de Santa Maria, v. 31 ­ n. 02, p. 283­294, 2006. Disponível em:

<http://www.ufsm.br/ce/revista>

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. São Paulo: Editora Senac, 2004.

REY, Sandra. Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes visuais. In BRITES,

Blanca; TESSLER, Elida (Org.) O meio como ponto zero: metodologia da pesquisa em artes

plásticas. Porto Alegre : E. Universidade/UFRGS, 2002. p.123­140.