tualidade. - lucianofeijao.com.br · Formando a pétala da rosa, da paixão A sua vida o meu...

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A Linha e o Linho Lenine É a sua vida que eu quero bordar na minha Como se eu fosse o pano e você fosse a linha E a agulha do real nas mãos da fantasia Fosse bordando ponto a ponto nosso dia E fosse aparecendo aos poucos nosso amor Os nossos sentimentos loucos, nosso amor O zig-zag do tormento, as cores da alegria A curva generosa da compreensão Formando a pétala da rosa, da paixão A sua vida o meu caminho, nosso amor Você a linha e eu o linho, nosso amor Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa Reproduzidos no bordado A casa, a estrada, a correnteza O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza 1. Qual a única afirmativa verdadeira a respeito do texto “A linha e o linho”? a) No segundo verso, não podemos dizer que ocorre uma metáfora, devido ao fato de o conectivo comparativo “como” estar explícito. b) “Zig-zag” é uma tentativa de imitação de um som ou ruído natural, que chamamos de metonímia. c) O eu lírico tem a intenção de transmitir seus sentimentos, por isso faz uso da função poética e de uma linguagem predo- minantemente denotativa. d) Em sentido figurado, poderíamos dizer que, nos versos 8 (oito) e 9 (nove), a paixão é a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa. e) Fica clara, no texto, uma submissão do eu lírico em relação à amada, tendo em vista que ela é quem comanda o processo criativo do bordado. 2. "Como atitude, o tropicalismo está presente em outras produções culturais da época, como a encenação de "O Rei da Vela"; de Oswald de Andrade, pelo Grupo Oficina; ou no filme "Terra em transe", de Glauber Rocha; ou nas experiências de artes plásticas de Hélio Oiticica. O tropicalismo é a expressão de uma crise, uma opção estética que inclui um projeto de vida, em que o comportamento passa a ser elemento crítico, subvertendo a ordem mesma do cotidiano e marcando os traços que vão influenciar de maneira decisiva as tendências literárias marginais. O tropicalismo revaloriza a necessidade de revolucionar o corpo e o comportamento. Será inclusive por esse aspecto da crítica comportamental que Caetano Veloso e Gilberto Gil serão exilados pelo regime militar. As preocupações com o corpo, o erotismo, as drogas, a subver- são de valores apareciam como demonstrações da insatisfa- ção com um momento em que a permanência do regime de restrição promovia a inquietação, a dúvida e a crise da intelec 01 tualidade." Com base no trecho acima - retirado do estudo "Literatura marginal e o comportamento desviante", de 1979, de autoria de Ana Cristina Cesar -, assinale a opção CORRETA a) A obra de João Cabral e a Poesia Concreta representam uma forte influência nas produções tropicalistas e marginais. b) As letras das canções tropicalistas - como "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" - pregam a tomada do poder pela via armada. c) Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Manifesto Tropicalista, retomam as propostas oswaldinas de implantação do Matriar- cado de Pindorama. d) Em suas produções, os tropicalistas mostraram a convivên- cia do arcaico com o moderno e os poetas marginais privile- giam a linguagem coloquial. e) Parte da poesia feita nos anos 70 denominou-se marginal porque os poetas eram bandidos, subversivos e perseguidos pelo regime militar. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 3. Segundo o que se depreende da tirinha acima, é possível afirmar que: a) os pais de Calvin querem ensinar-lhe, pela primeira vez, a valorizar o dinheiro. b) Calvin precisa muito de dinheiro para obter coisas, como prestígio, poder e amigos. c) Calvin precisa de dinheiro para ser livre e comprar as pesso- as e o mundo todo. d) Com a mesada, Calvin aprendeu a valorizar o dinheiro e a não gastar com bobagens. e) os pais de Calvin sempre quiseram ensinar-lhe a valorizar o dinheiro, sem sucesso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema para responder à(s) questão(ões). Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A Linha e o LinhoLenine

É a sua vida que eu quero bordar na minhaComo se eu fosse o pano e você fosse a linhaE a agulha do real nas mãos da fantasiaFosse bordando ponto a ponto nosso diaE fosse aparecendo aos poucos nosso amorOs nossos sentimentos loucos, nosso amorO zig-zag do tormento, as cores da alegriaA curva generosa da compreensãoFormando a pétala da rosa, da paixãoA sua vida o meu caminho, nosso amorVocê a linha e eu o linho, nosso amorNossa colcha de cama, nossa toalha de mesaReproduzidos no bordadoA casa, a estrada, a correntezaO sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

1. Qual a única afirmativa verdadeira a respeito do texto “A linha e o linho”? a) No segundo verso, não podemos dizer que ocorre uma metáfora, devido ao fato de o conectivo comparativo “como” estar explícito. b) “Zig-zag” é uma tentativa de imitação de um som ou ruído natural, que chamamos de metonímia. c) O eu lírico tem a intenção de transmitir seus sentimentos, por isso faz uso da função poética e de uma linguagem predo-minantemente denotativa. d) Em sentido figurado, poderíamos dizer que, nos versos 8 (oito) e 9 (nove), a paixão é a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa. e) Fica clara, no texto, uma submissão do eu lírico em relação à amada, tendo em vista que ela é quem comanda o processo criativo do bordado. 2. "Como atitude, o tropicalismo está presente em outras produções culturais da época, como a encenação de "O Rei da Vela"; de Oswald de Andrade, pelo Grupo Oficina; ou no filme "Terra em transe", de Glauber Rocha; ou nas experiências de artes plásticas de Hélio Oiticica. O tropicalismo é a expressão de uma crise, uma opção estética que inclui um projeto de vida, em que o comportamento passa a ser elemento crítico, subvertendo a ordem mesma do cotidiano e marcando os traços que vão influenciar de maneira decisiva as tendências literárias marginais. O tropicalismo revaloriza a necessidade de revolucionar o corpo e o comportamento. Será inclusive por esse aspecto da crítica comportamental que Caetano Veloso e Gilberto Gil serão exilados pelo regime militar. As preocupações com o corpo, o erotismo, as drogas, a subver-são de valores apareciam como demonstrações da insatisfa-ção com um momento em que a permanência do regime de restrição promovia a inquietação, a dúvida e a crise da intelec

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tualidade."

Com base no trecho acima - retirado do estudo "Literatura marginal e o comportamento desviante", de 1979, de autoria de Ana Cristina Cesar -, assinale a opção CORRETA a) A obra de João Cabral e a Poesia Concreta representam uma forte influência nas produções tropicalistas e marginais. b) As letras das canções tropicalistas - como "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" - pregam a tomada do poder pela via armada. c) Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Manifesto Tropicalista, retomam as propostas oswaldinas de implantação do Matriar-cado de Pindorama. d) Em suas produções, os tropicalistas mostraram a convivên-cia do arcaico com o moderno e os poetas marginais privile-giam a linguagem coloquial. e) Parte da poesia feita nos anos 70 denominou-se marginal porque os poetas eram bandidos, subversivos e perseguidos pelo regime militar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

3. Segundo o que se depreende da tirinha acima, é possível afirmar que: a) os pais de Calvin querem ensinar-lhe, pela primeira vez, a valorizar o dinheiro. b) Calvin precisa muito de dinheiro para obter coisas, como prestígio, poder e amigos. c) Calvin precisa de dinheiro para ser livre e comprar as pesso-as e o mundo todo. d) Com a mesada, Calvin aprendeu a valorizar o dinheiro e a não gastar com bobagens. e) os pais de Calvin sempre quiseram ensinar-lhe a valorizar o dinheiro, sem sucesso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema para responder à(s) questão(ões).

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunica-ção.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na parede.Mas como dói!

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo).

4. No texto de Drummond, o eu lírico a) considera sua origem itabirana como causadora de defici-ências que ele almeja superar. b) revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente. c) ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro. d) dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema. e) critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estra-nho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e complacentes.Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo

ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascina-do, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________¬ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.

5. Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O narrador-personagem retorna para casa, porque deseja estar com a sua família e se aproximar do irmão. b) O narrador-personagem sai do quarto do hotel, porque não pôde ter um cão como companhia. c) O irmão do narrador-personagem, por ter aproximadamen-te dezessete anos, vive em casa com os pais. d) O narrador-personagem, ao conhecer seu irmão, vive um conflito relacionado à falta de intimidade e à busca de proxi-midade com ele. e) O narrador-personagem distancia-se de sua casa, porque considera seu irmão um estranho e um intruso na família. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logotipos, signos públicos, grafites passam a constituir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas políticas ou institucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalis-mo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis.

(SEPÚLVEDA, Alaor, inédito)

6. Nos anos de 50 e 60 do século passado surgiu e consoli-dou-se uma vanguarda poética, o Concretismo, que assumiu modelos de composição inspirados, por exemplo, a) nos recursos de uma poética clássica pela qual se valoriza-vam as narrativas de cunho mítico. b) no aproveitamento gráfico do espaço e na linguagem visual dos signos, renunciando a uma sintaxe tradicional. c) na rearticulação mais ousada de versos modernos em formas tradicionais, como a do soneto.

d) nas múltiplas formas do poema em prosa, garantindo assim a incorporação de originais narrativas. e) em formas musicais consagradas, como a da sonata, com destaque para a técnica do contraponto.

7. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!BENONA: Isso são coisas passadas.EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Espe-rava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachor-ro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

SUASSUNA, A. O santo e a porca.Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das persona-gens.

8. Leia os versos a seguir e responda.

“Catar FeijãoCatar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e o oco, palha eco,”

Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas

Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela a) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um trabalho emocional. b) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam para a construção da poesia. c) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao sentimentalismo choroso. d) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento poético. e) valorização do pormenor mediante jogos de palavras,

sobrecarregando a poesia de figura e de linguagem rebusca-da. 9. Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adap-tado.)

O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:

a)

b)

c)

d)

e)

10. Analise os quadros.

A comparação entre as pinturas de Renoir e Picasso revela uma mudança fundamental na concepção artística, no início do século XX. Essa mudança pode ser identificada na a) ausência de perspectiva, trazendo as figuras representadas para o primeiro plano do quadro. b) desconsideração da forma, resultando em uma estética degenerada dos corpos. c) recusa na imitação realística das formas, instituindo a representação abstrata das figuras. d) utilização do sombreamento, ampliando a percepção acerca dos detalhes pictóricos. e) escolha temática das obras artísticas, permeadas pela emoção e pela exploração do universo privado.

Gabarito:

Resposta da questão 1: [A] Apenas a opção [A] é correta, pois as demais apresentam os seguin-tes desvios de conceitos:

Em [B] a palavra “zig-zag”, por imitar um som, configura uma onomatopeia e não metonímia;Em [C] ao contrário do afirmado, a função poética usa linguagem predominantemente conotativa, refletindo a subjetividade do eu lírico;Em [D], nos versos 8 (oito) e 9 (nove), afirma-se que é a compreen-são, e não a paixão, a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa;Em [E] não existe no poema nenhuma referência ao papel predomi-nante da mulher, pois, da mesma forma que tecido e da linha são fatores com igual importância para a confecção do bordado, eu lírico e mulher amada são, ambos, igualmente essenciais para a constru-ção de uma vida a dois.

Resposta da questão 2: [D]

Resposta da questão 3: [E]

A expressão “ensinar o valor do dinheiro”, usada pelo pai de Calvin

para justificar a decisão de lhe dar uma mesada, não foi compreendi-da corretamente pelo filho. A mensagem sobre a importância de dar valor ao que se gasta para se tornar uma pessoa capaz de lidar com as situações financeiras do dia a dia foi subvertida e entendida como instrumento para se atingir sucesso, poder e posição social. Assim, é correta a alternativa [E].

Resposta da questão 4: [D]

No verso “De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço”, o pronome oblíquo “te” é recurso estratégico de aproximação do eu lírico com o leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema, como se afirma em [D].

Resposta da questão 5: [D]

É correta a alternativa [D], pois o conto descreve a sensação de estranhamento do narrador- personagem ao conhecer o irmão, nascido durante a sua ausência, o que não o impede de querer fazer uma tentativa de se aproximar dele.

Resposta da questão 6: [B]

O Concretismo propõe a subversão da poesia como resultado apenas da palavra escrita, para passar a explorar os efeitos da mensagem através de recursos verbivocovisuais: união entre texto e imagem para sua completa significação, jogos de palavras que se apoiam em recursos sonoros como aliterações e assonâncias e sua disposição na página em branco. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 7: [B]

A peça teatral O santo e a porca é da autoria de Ariano Suassuna, escritor paraibano que sempre dedicou atenção especial ao conheci-mento das formas de expressão populares tradicionais da região. Assim, é correta a opção [B], pois o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a”, termos linguísticos típicos da cultu-ra nordestina, contribui para caracterizar o falar dessa região.

Resposta da questão 8: [C]

O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jogar” as palavras sugere a inspiração necessária para só depois selecionar os melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma poesia que iniba o excesso, desfazendo--se de tudo o que for “leve e oco, palha eco”, como o “pieguismo” sentimental.

Resposta da questão 9: [A]

A única reprodução artística que se encaixa na descrição feita pelo texto – em especial no que tange às formas simples e à supressão do espaço fundo – é a primeira.

Resposta da questão 10: [C]

O exercício pressupõe a leitura das imagens com auxílio de conheci-mento histórico. Nas duas obras é retratado um grupo de mulheres, sendo que na obra de Renoir, as formas dos corpos são realistas, enquanto que na obra de Picasso as formas estão distorcidas e não representam as mulheres como de fato elas são. No entanto, todos percebem que o autor representou “mulheres”. O realismo caracteri-za-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais, enquanto para o cubismo a pintura deve-ria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A Linha e o LinhoLenine

É a sua vida que eu quero bordar na minhaComo se eu fosse o pano e você fosse a linhaE a agulha do real nas mãos da fantasiaFosse bordando ponto a ponto nosso diaE fosse aparecendo aos poucos nosso amorOs nossos sentimentos loucos, nosso amorO zig-zag do tormento, as cores da alegriaA curva generosa da compreensãoFormando a pétala da rosa, da paixãoA sua vida o meu caminho, nosso amorVocê a linha e eu o linho, nosso amorNossa colcha de cama, nossa toalha de mesaReproduzidos no bordadoA casa, a estrada, a correntezaO sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

1. Qual a única afirmativa verdadeira a respeito do texto “A linha e o linho”? a) No segundo verso, não podemos dizer que ocorre uma metáfora, devido ao fato de o conectivo comparativo “como” estar explícito. b) “Zig-zag” é uma tentativa de imitação de um som ou ruído natural, que chamamos de metonímia. c) O eu lírico tem a intenção de transmitir seus sentimentos, por isso faz uso da função poética e de uma linguagem predo-minantemente denotativa. d) Em sentido figurado, poderíamos dizer que, nos versos 8 (oito) e 9 (nove), a paixão é a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa. e) Fica clara, no texto, uma submissão do eu lírico em relação à amada, tendo em vista que ela é quem comanda o processo criativo do bordado. 2. "Como atitude, o tropicalismo está presente em outras produções culturais da época, como a encenação de "O Rei da Vela"; de Oswald de Andrade, pelo Grupo Oficina; ou no filme "Terra em transe", de Glauber Rocha; ou nas experiências de artes plásticas de Hélio Oiticica. O tropicalismo é a expressão de uma crise, uma opção estética que inclui um projeto de vida, em que o comportamento passa a ser elemento crítico, subvertendo a ordem mesma do cotidiano e marcando os traços que vão influenciar de maneira decisiva as tendências literárias marginais. O tropicalismo revaloriza a necessidade de revolucionar o corpo e o comportamento. Será inclusive por esse aspecto da crítica comportamental que Caetano Veloso e Gilberto Gil serão exilados pelo regime militar. As preocupações com o corpo, o erotismo, as drogas, a subver-são de valores apareciam como demonstrações da insatisfa-ção com um momento em que a permanência do regime de restrição promovia a inquietação, a dúvida e a crise da intelec

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tualidade."

Com base no trecho acima - retirado do estudo "Literatura marginal e o comportamento desviante", de 1979, de autoria de Ana Cristina Cesar -, assinale a opção CORRETA a) A obra de João Cabral e a Poesia Concreta representam uma forte influência nas produções tropicalistas e marginais. b) As letras das canções tropicalistas - como "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" - pregam a tomada do poder pela via armada. c) Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Manifesto Tropicalista, retomam as propostas oswaldinas de implantação do Matriar-cado de Pindorama. d) Em suas produções, os tropicalistas mostraram a convivên-cia do arcaico com o moderno e os poetas marginais privile-giam a linguagem coloquial. e) Parte da poesia feita nos anos 70 denominou-se marginal porque os poetas eram bandidos, subversivos e perseguidos pelo regime militar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

3. Segundo o que se depreende da tirinha acima, é possível afirmar que: a) os pais de Calvin querem ensinar-lhe, pela primeira vez, a valorizar o dinheiro. b) Calvin precisa muito de dinheiro para obter coisas, como prestígio, poder e amigos. c) Calvin precisa de dinheiro para ser livre e comprar as pesso-as e o mundo todo. d) Com a mesada, Calvin aprendeu a valorizar o dinheiro e a não gastar com bobagens. e) os pais de Calvin sempre quiseram ensinar-lhe a valorizar o dinheiro, sem sucesso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema para responder à(s) questão(ões).

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunica-ção.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na parede.Mas como dói!

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo).

4. No texto de Drummond, o eu lírico a) considera sua origem itabirana como causadora de defici-ências que ele almeja superar. b) revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente. c) ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro. d) dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema. e) critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estra-nho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e complacentes.Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo

ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascina-do, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________¬ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.

5. Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O narrador-personagem retorna para casa, porque deseja estar com a sua família e se aproximar do irmão. b) O narrador-personagem sai do quarto do hotel, porque não pôde ter um cão como companhia. c) O irmão do narrador-personagem, por ter aproximadamen-te dezessete anos, vive em casa com os pais. d) O narrador-personagem, ao conhecer seu irmão, vive um conflito relacionado à falta de intimidade e à busca de proxi-midade com ele. e) O narrador-personagem distancia-se de sua casa, porque considera seu irmão um estranho e um intruso na família. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logotipos, signos públicos, grafites passam a constituir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas políticas ou institucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalis-mo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis.

(SEPÚLVEDA, Alaor, inédito)

6. Nos anos de 50 e 60 do século passado surgiu e consoli-dou-se uma vanguarda poética, o Concretismo, que assumiu modelos de composição inspirados, por exemplo, a) nos recursos de uma poética clássica pela qual se valoriza-vam as narrativas de cunho mítico. b) no aproveitamento gráfico do espaço e na linguagem visual dos signos, renunciando a uma sintaxe tradicional. c) na rearticulação mais ousada de versos modernos em formas tradicionais, como a do soneto.

d) nas múltiplas formas do poema em prosa, garantindo assim a incorporação de originais narrativas. e) em formas musicais consagradas, como a da sonata, com destaque para a técnica do contraponto.

7. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!BENONA: Isso são coisas passadas.EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Espe-rava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachor-ro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

SUASSUNA, A. O santo e a porca.Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das persona-gens.

8. Leia os versos a seguir e responda.

“Catar FeijãoCatar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e o oco, palha eco,”

Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas

Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela a) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um trabalho emocional. b) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam para a construção da poesia. c) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao sentimentalismo choroso. d) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento poético. e) valorização do pormenor mediante jogos de palavras,

sobrecarregando a poesia de figura e de linguagem rebusca-da. 9. Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adap-tado.)

O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:

a)

b)

c)

d)

e)

10. Analise os quadros.

A comparação entre as pinturas de Renoir e Picasso revela uma mudança fundamental na concepção artística, no início do século XX. Essa mudança pode ser identificada na a) ausência de perspectiva, trazendo as figuras representadas para o primeiro plano do quadro. b) desconsideração da forma, resultando em uma estética degenerada dos corpos. c) recusa na imitação realística das formas, instituindo a representação abstrata das figuras. d) utilização do sombreamento, ampliando a percepção acerca dos detalhes pictóricos. e) escolha temática das obras artísticas, permeadas pela emoção e pela exploração do universo privado.

Gabarito:

Resposta da questão 1: [A] Apenas a opção [A] é correta, pois as demais apresentam os seguin-tes desvios de conceitos:

Em [B] a palavra “zig-zag”, por imitar um som, configura uma onomatopeia e não metonímia;Em [C] ao contrário do afirmado, a função poética usa linguagem predominantemente conotativa, refletindo a subjetividade do eu lírico;Em [D], nos versos 8 (oito) e 9 (nove), afirma-se que é a compreen-são, e não a paixão, a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa;Em [E] não existe no poema nenhuma referência ao papel predomi-nante da mulher, pois, da mesma forma que tecido e da linha são fatores com igual importância para a confecção do bordado, eu lírico e mulher amada são, ambos, igualmente essenciais para a constru-ção de uma vida a dois.

Resposta da questão 2: [D]

Resposta da questão 3: [E]

A expressão “ensinar o valor do dinheiro”, usada pelo pai de Calvin

para justificar a decisão de lhe dar uma mesada, não foi compreendi-da corretamente pelo filho. A mensagem sobre a importância de dar valor ao que se gasta para se tornar uma pessoa capaz de lidar com as situações financeiras do dia a dia foi subvertida e entendida como instrumento para se atingir sucesso, poder e posição social. Assim, é correta a alternativa [E].

Resposta da questão 4: [D]

No verso “De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço”, o pronome oblíquo “te” é recurso estratégico de aproximação do eu lírico com o leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema, como se afirma em [D].

Resposta da questão 5: [D]

É correta a alternativa [D], pois o conto descreve a sensação de estranhamento do narrador- personagem ao conhecer o irmão, nascido durante a sua ausência, o que não o impede de querer fazer uma tentativa de se aproximar dele.

Resposta da questão 6: [B]

O Concretismo propõe a subversão da poesia como resultado apenas da palavra escrita, para passar a explorar os efeitos da mensagem através de recursos verbivocovisuais: união entre texto e imagem para sua completa significação, jogos de palavras que se apoiam em recursos sonoros como aliterações e assonâncias e sua disposição na página em branco. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 7: [B]

A peça teatral O santo e a porca é da autoria de Ariano Suassuna, escritor paraibano que sempre dedicou atenção especial ao conheci-mento das formas de expressão populares tradicionais da região. Assim, é correta a opção [B], pois o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a”, termos linguísticos típicos da cultu-ra nordestina, contribui para caracterizar o falar dessa região.

Resposta da questão 8: [C]

O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jogar” as palavras sugere a inspiração necessária para só depois selecionar os melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma poesia que iniba o excesso, desfazendo--se de tudo o que for “leve e oco, palha eco”, como o “pieguismo” sentimental.

Resposta da questão 9: [A]

A única reprodução artística que se encaixa na descrição feita pelo texto – em especial no que tange às formas simples e à supressão do espaço fundo – é a primeira.

Resposta da questão 10: [C]

O exercício pressupõe a leitura das imagens com auxílio de conheci-mento histórico. Nas duas obras é retratado um grupo de mulheres, sendo que na obra de Renoir, as formas dos corpos são realistas, enquanto que na obra de Picasso as formas estão distorcidas e não representam as mulheres como de fato elas são. No entanto, todos percebem que o autor representou “mulheres”. O realismo caracteri-za-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais, enquanto para o cubismo a pintura deve-ria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A Linha e o LinhoLenine

É a sua vida que eu quero bordar na minhaComo se eu fosse o pano e você fosse a linhaE a agulha do real nas mãos da fantasiaFosse bordando ponto a ponto nosso diaE fosse aparecendo aos poucos nosso amorOs nossos sentimentos loucos, nosso amorO zig-zag do tormento, as cores da alegriaA curva generosa da compreensãoFormando a pétala da rosa, da paixãoA sua vida o meu caminho, nosso amorVocê a linha e eu o linho, nosso amorNossa colcha de cama, nossa toalha de mesaReproduzidos no bordadoA casa, a estrada, a correntezaO sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

1. Qual a única afirmativa verdadeira a respeito do texto “A linha e o linho”? a) No segundo verso, não podemos dizer que ocorre uma metáfora, devido ao fato de o conectivo comparativo “como” estar explícito. b) “Zig-zag” é uma tentativa de imitação de um som ou ruído natural, que chamamos de metonímia. c) O eu lírico tem a intenção de transmitir seus sentimentos, por isso faz uso da função poética e de uma linguagem predo-minantemente denotativa. d) Em sentido figurado, poderíamos dizer que, nos versos 8 (oito) e 9 (nove), a paixão é a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa. e) Fica clara, no texto, uma submissão do eu lírico em relação à amada, tendo em vista que ela é quem comanda o processo criativo do bordado. 2. "Como atitude, o tropicalismo está presente em outras produções culturais da época, como a encenação de "O Rei da Vela"; de Oswald de Andrade, pelo Grupo Oficina; ou no filme "Terra em transe", de Glauber Rocha; ou nas experiências de artes plásticas de Hélio Oiticica. O tropicalismo é a expressão de uma crise, uma opção estética que inclui um projeto de vida, em que o comportamento passa a ser elemento crítico, subvertendo a ordem mesma do cotidiano e marcando os traços que vão influenciar de maneira decisiva as tendências literárias marginais. O tropicalismo revaloriza a necessidade de revolucionar o corpo e o comportamento. Será inclusive por esse aspecto da crítica comportamental que Caetano Veloso e Gilberto Gil serão exilados pelo regime militar. As preocupações com o corpo, o erotismo, as drogas, a subver-são de valores apareciam como demonstrações da insatisfa-ção com um momento em que a permanência do regime de restrição promovia a inquietação, a dúvida e a crise da intelec

03

tualidade."

Com base no trecho acima - retirado do estudo "Literatura marginal e o comportamento desviante", de 1979, de autoria de Ana Cristina Cesar -, assinale a opção CORRETA a) A obra de João Cabral e a Poesia Concreta representam uma forte influência nas produções tropicalistas e marginais. b) As letras das canções tropicalistas - como "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" - pregam a tomada do poder pela via armada. c) Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Manifesto Tropicalista, retomam as propostas oswaldinas de implantação do Matriar-cado de Pindorama. d) Em suas produções, os tropicalistas mostraram a convivên-cia do arcaico com o moderno e os poetas marginais privile-giam a linguagem coloquial. e) Parte da poesia feita nos anos 70 denominou-se marginal porque os poetas eram bandidos, subversivos e perseguidos pelo regime militar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

3. Segundo o que se depreende da tirinha acima, é possível afirmar que: a) os pais de Calvin querem ensinar-lhe, pela primeira vez, a valorizar o dinheiro. b) Calvin precisa muito de dinheiro para obter coisas, como prestígio, poder e amigos. c) Calvin precisa de dinheiro para ser livre e comprar as pesso-as e o mundo todo. d) Com a mesada, Calvin aprendeu a valorizar o dinheiro e a não gastar com bobagens. e) os pais de Calvin sempre quiseram ensinar-lhe a valorizar o dinheiro, sem sucesso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema para responder à(s) questão(ões).

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunica-ção.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na parede.Mas como dói!

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo).

4. No texto de Drummond, o eu lírico a) considera sua origem itabirana como causadora de defici-ências que ele almeja superar. b) revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente. c) ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro. d) dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema. e) critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estra-nho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e complacentes.Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo

ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascina-do, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________¬ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.

5. Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O narrador-personagem retorna para casa, porque deseja estar com a sua família e se aproximar do irmão. b) O narrador-personagem sai do quarto do hotel, porque não pôde ter um cão como companhia. c) O irmão do narrador-personagem, por ter aproximadamen-te dezessete anos, vive em casa com os pais. d) O narrador-personagem, ao conhecer seu irmão, vive um conflito relacionado à falta de intimidade e à busca de proxi-midade com ele. e) O narrador-personagem distancia-se de sua casa, porque considera seu irmão um estranho e um intruso na família. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logotipos, signos públicos, grafites passam a constituir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas políticas ou institucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalis-mo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis.

(SEPÚLVEDA, Alaor, inédito)

6. Nos anos de 50 e 60 do século passado surgiu e consoli-dou-se uma vanguarda poética, o Concretismo, que assumiu modelos de composição inspirados, por exemplo, a) nos recursos de uma poética clássica pela qual se valoriza-vam as narrativas de cunho mítico. b) no aproveitamento gráfico do espaço e na linguagem visual dos signos, renunciando a uma sintaxe tradicional. c) na rearticulação mais ousada de versos modernos em formas tradicionais, como a do soneto.

d) nas múltiplas formas do poema em prosa, garantindo assim a incorporação de originais narrativas. e) em formas musicais consagradas, como a da sonata, com destaque para a técnica do contraponto.

7. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!BENONA: Isso são coisas passadas.EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Espe-rava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachor-ro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

SUASSUNA, A. O santo e a porca.Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das persona-gens.

8. Leia os versos a seguir e responda.

“Catar FeijãoCatar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e o oco, palha eco,”

Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas

Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela a) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um trabalho emocional. b) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam para a construção da poesia. c) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao sentimentalismo choroso. d) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento poético. e) valorização do pormenor mediante jogos de palavras,

sobrecarregando a poesia de figura e de linguagem rebusca-da. 9. Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adap-tado.)

O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:

a)

b)

c)

d)

e)

10. Analise os quadros.

A comparação entre as pinturas de Renoir e Picasso revela uma mudança fundamental na concepção artística, no início do século XX. Essa mudança pode ser identificada na a) ausência de perspectiva, trazendo as figuras representadas para o primeiro plano do quadro. b) desconsideração da forma, resultando em uma estética degenerada dos corpos. c) recusa na imitação realística das formas, instituindo a representação abstrata das figuras. d) utilização do sombreamento, ampliando a percepção acerca dos detalhes pictóricos. e) escolha temática das obras artísticas, permeadas pela emoção e pela exploração do universo privado.

Gabarito:

Resposta da questão 1: [A] Apenas a opção [A] é correta, pois as demais apresentam os seguin-tes desvios de conceitos:

Em [B] a palavra “zig-zag”, por imitar um som, configura uma onomatopeia e não metonímia;Em [C] ao contrário do afirmado, a função poética usa linguagem predominantemente conotativa, refletindo a subjetividade do eu lírico;Em [D], nos versos 8 (oito) e 9 (nove), afirma-se que é a compreen-são, e não a paixão, a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa;Em [E] não existe no poema nenhuma referência ao papel predomi-nante da mulher, pois, da mesma forma que tecido e da linha são fatores com igual importância para a confecção do bordado, eu lírico e mulher amada são, ambos, igualmente essenciais para a constru-ção de uma vida a dois.

Resposta da questão 2: [D]

Resposta da questão 3: [E]

A expressão “ensinar o valor do dinheiro”, usada pelo pai de Calvin

para justificar a decisão de lhe dar uma mesada, não foi compreendi-da corretamente pelo filho. A mensagem sobre a importância de dar valor ao que se gasta para se tornar uma pessoa capaz de lidar com as situações financeiras do dia a dia foi subvertida e entendida como instrumento para se atingir sucesso, poder e posição social. Assim, é correta a alternativa [E].

Resposta da questão 4: [D]

No verso “De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço”, o pronome oblíquo “te” é recurso estratégico de aproximação do eu lírico com o leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema, como se afirma em [D].

Resposta da questão 5: [D]

É correta a alternativa [D], pois o conto descreve a sensação de estranhamento do narrador- personagem ao conhecer o irmão, nascido durante a sua ausência, o que não o impede de querer fazer uma tentativa de se aproximar dele.

Resposta da questão 6: [B]

O Concretismo propõe a subversão da poesia como resultado apenas da palavra escrita, para passar a explorar os efeitos da mensagem através de recursos verbivocovisuais: união entre texto e imagem para sua completa significação, jogos de palavras que se apoiam em recursos sonoros como aliterações e assonâncias e sua disposição na página em branco. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 7: [B]

A peça teatral O santo e a porca é da autoria de Ariano Suassuna, escritor paraibano que sempre dedicou atenção especial ao conheci-mento das formas de expressão populares tradicionais da região. Assim, é correta a opção [B], pois o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a”, termos linguísticos típicos da cultu-ra nordestina, contribui para caracterizar o falar dessa região.

Resposta da questão 8: [C]

O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jogar” as palavras sugere a inspiração necessária para só depois selecionar os melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma poesia que iniba o excesso, desfazendo--se de tudo o que for “leve e oco, palha eco”, como o “pieguismo” sentimental.

Resposta da questão 9: [A]

A única reprodução artística que se encaixa na descrição feita pelo texto – em especial no que tange às formas simples e à supressão do espaço fundo – é a primeira.

Resposta da questão 10: [C]

O exercício pressupõe a leitura das imagens com auxílio de conheci-mento histórico. Nas duas obras é retratado um grupo de mulheres, sendo que na obra de Renoir, as formas dos corpos são realistas, enquanto que na obra de Picasso as formas estão distorcidas e não representam as mulheres como de fato elas são. No entanto, todos percebem que o autor representou “mulheres”. O realismo caracteri-za-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais, enquanto para o cubismo a pintura deve-ria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A Linha e o LinhoLenine

É a sua vida que eu quero bordar na minhaComo se eu fosse o pano e você fosse a linhaE a agulha do real nas mãos da fantasiaFosse bordando ponto a ponto nosso diaE fosse aparecendo aos poucos nosso amorOs nossos sentimentos loucos, nosso amorO zig-zag do tormento, as cores da alegriaA curva generosa da compreensãoFormando a pétala da rosa, da paixãoA sua vida o meu caminho, nosso amorVocê a linha e eu o linho, nosso amorNossa colcha de cama, nossa toalha de mesaReproduzidos no bordadoA casa, a estrada, a correntezaO sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

1. Qual a única afirmativa verdadeira a respeito do texto “A linha e o linho”? a) No segundo verso, não podemos dizer que ocorre uma metáfora, devido ao fato de o conectivo comparativo “como” estar explícito. b) “Zig-zag” é uma tentativa de imitação de um som ou ruído natural, que chamamos de metonímia. c) O eu lírico tem a intenção de transmitir seus sentimentos, por isso faz uso da função poética e de uma linguagem predo-minantemente denotativa. d) Em sentido figurado, poderíamos dizer que, nos versos 8 (oito) e 9 (nove), a paixão é a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa. e) Fica clara, no texto, uma submissão do eu lírico em relação à amada, tendo em vista que ela é quem comanda o processo criativo do bordado. 2. "Como atitude, o tropicalismo está presente em outras produções culturais da época, como a encenação de "O Rei da Vela"; de Oswald de Andrade, pelo Grupo Oficina; ou no filme "Terra em transe", de Glauber Rocha; ou nas experiências de artes plásticas de Hélio Oiticica. O tropicalismo é a expressão de uma crise, uma opção estética que inclui um projeto de vida, em que o comportamento passa a ser elemento crítico, subvertendo a ordem mesma do cotidiano e marcando os traços que vão influenciar de maneira decisiva as tendências literárias marginais. O tropicalismo revaloriza a necessidade de revolucionar o corpo e o comportamento. Será inclusive por esse aspecto da crítica comportamental que Caetano Veloso e Gilberto Gil serão exilados pelo regime militar. As preocupações com o corpo, o erotismo, as drogas, a subver-são de valores apareciam como demonstrações da insatisfa-ção com um momento em que a permanência do regime de restrição promovia a inquietação, a dúvida e a crise da intelec

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tualidade."

Com base no trecho acima - retirado do estudo "Literatura marginal e o comportamento desviante", de 1979, de autoria de Ana Cristina Cesar -, assinale a opção CORRETA a) A obra de João Cabral e a Poesia Concreta representam uma forte influência nas produções tropicalistas e marginais. b) As letras das canções tropicalistas - como "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" - pregam a tomada do poder pela via armada. c) Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Manifesto Tropicalista, retomam as propostas oswaldinas de implantação do Matriar-cado de Pindorama. d) Em suas produções, os tropicalistas mostraram a convivên-cia do arcaico com o moderno e os poetas marginais privile-giam a linguagem coloquial. e) Parte da poesia feita nos anos 70 denominou-se marginal porque os poetas eram bandidos, subversivos e perseguidos pelo regime militar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

3. Segundo o que se depreende da tirinha acima, é possível afirmar que: a) os pais de Calvin querem ensinar-lhe, pela primeira vez, a valorizar o dinheiro. b) Calvin precisa muito de dinheiro para obter coisas, como prestígio, poder e amigos. c) Calvin precisa de dinheiro para ser livre e comprar as pesso-as e o mundo todo. d) Com a mesada, Calvin aprendeu a valorizar o dinheiro e a não gastar com bobagens. e) os pais de Calvin sempre quiseram ensinar-lhe a valorizar o dinheiro, sem sucesso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema para responder à(s) questão(ões).

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunica-ção.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na parede.Mas como dói!

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo).

4. No texto de Drummond, o eu lírico a) considera sua origem itabirana como causadora de defici-ências que ele almeja superar. b) revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente. c) ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro. d) dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema. e) critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estra-nho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e complacentes.Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo

ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascina-do, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________¬ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.

5. Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O narrador-personagem retorna para casa, porque deseja estar com a sua família e se aproximar do irmão. b) O narrador-personagem sai do quarto do hotel, porque não pôde ter um cão como companhia. c) O irmão do narrador-personagem, por ter aproximadamen-te dezessete anos, vive em casa com os pais. d) O narrador-personagem, ao conhecer seu irmão, vive um conflito relacionado à falta de intimidade e à busca de proxi-midade com ele. e) O narrador-personagem distancia-se de sua casa, porque considera seu irmão um estranho e um intruso na família. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logotipos, signos públicos, grafites passam a constituir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas políticas ou institucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalis-mo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis.

(SEPÚLVEDA, Alaor, inédito)

6. Nos anos de 50 e 60 do século passado surgiu e consoli-dou-se uma vanguarda poética, o Concretismo, que assumiu modelos de composição inspirados, por exemplo, a) nos recursos de uma poética clássica pela qual se valoriza-vam as narrativas de cunho mítico. b) no aproveitamento gráfico do espaço e na linguagem visual dos signos, renunciando a uma sintaxe tradicional. c) na rearticulação mais ousada de versos modernos em formas tradicionais, como a do soneto.

d) nas múltiplas formas do poema em prosa, garantindo assim a incorporação de originais narrativas. e) em formas musicais consagradas, como a da sonata, com destaque para a técnica do contraponto.

7. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!BENONA: Isso são coisas passadas.EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Espe-rava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachor-ro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

SUASSUNA, A. O santo e a porca.Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das persona-gens.

8. Leia os versos a seguir e responda.

“Catar FeijãoCatar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e o oco, palha eco,”

Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas

Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela a) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um trabalho emocional. b) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam para a construção da poesia. c) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao sentimentalismo choroso. d) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento poético. e) valorização do pormenor mediante jogos de palavras,

sobrecarregando a poesia de figura e de linguagem rebusca-da. 9. Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adap-tado.)

O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:

a)

b)

c)

d)

e)

10. Analise os quadros.

A comparação entre as pinturas de Renoir e Picasso revela uma mudança fundamental na concepção artística, no início do século XX. Essa mudança pode ser identificada na a) ausência de perspectiva, trazendo as figuras representadas para o primeiro plano do quadro. b) desconsideração da forma, resultando em uma estética degenerada dos corpos. c) recusa na imitação realística das formas, instituindo a representação abstrata das figuras. d) utilização do sombreamento, ampliando a percepção acerca dos detalhes pictóricos. e) escolha temática das obras artísticas, permeadas pela emoção e pela exploração do universo privado.

Gabarito:

Resposta da questão 1: [A] Apenas a opção [A] é correta, pois as demais apresentam os seguin-tes desvios de conceitos:

Em [B] a palavra “zig-zag”, por imitar um som, configura uma onomatopeia e não metonímia;Em [C] ao contrário do afirmado, a função poética usa linguagem predominantemente conotativa, refletindo a subjetividade do eu lírico;Em [D], nos versos 8 (oito) e 9 (nove), afirma-se que é a compreen-são, e não a paixão, a responsável pela construção no bordado da vida de uma pétala de rosa;Em [E] não existe no poema nenhuma referência ao papel predomi-nante da mulher, pois, da mesma forma que tecido e da linha são fatores com igual importância para a confecção do bordado, eu lírico e mulher amada são, ambos, igualmente essenciais para a constru-ção de uma vida a dois.

Resposta da questão 2: [D]

Resposta da questão 3: [E]

A expressão “ensinar o valor do dinheiro”, usada pelo pai de Calvin

para justificar a decisão de lhe dar uma mesada, não foi compreendi-da corretamente pelo filho. A mensagem sobre a importância de dar valor ao que se gasta para se tornar uma pessoa capaz de lidar com as situações financeiras do dia a dia foi subvertida e entendida como instrumento para se atingir sucesso, poder e posição social. Assim, é correta a alternativa [E].

Resposta da questão 4: [D]

No verso “De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço”, o pronome oblíquo “te” é recurso estratégico de aproximação do eu lírico com o leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema, como se afirma em [D].

Resposta da questão 5: [D]

É correta a alternativa [D], pois o conto descreve a sensação de estranhamento do narrador- personagem ao conhecer o irmão, nascido durante a sua ausência, o que não o impede de querer fazer uma tentativa de se aproximar dele.

Resposta da questão 6: [B]

O Concretismo propõe a subversão da poesia como resultado apenas da palavra escrita, para passar a explorar os efeitos da mensagem através de recursos verbivocovisuais: união entre texto e imagem para sua completa significação, jogos de palavras que se apoiam em recursos sonoros como aliterações e assonâncias e sua disposição na página em branco. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 7: [B]

A peça teatral O santo e a porca é da autoria de Ariano Suassuna, escritor paraibano que sempre dedicou atenção especial ao conheci-mento das formas de expressão populares tradicionais da região. Assim, é correta a opção [B], pois o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a”, termos linguísticos típicos da cultu-ra nordestina, contribui para caracterizar o falar dessa região.

Resposta da questão 8: [C]

O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jogar” as palavras sugere a inspiração necessária para só depois selecionar os melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma poesia que iniba o excesso, desfazendo--se de tudo o que for “leve e oco, palha eco”, como o “pieguismo” sentimental.

Resposta da questão 9: [A]

A única reprodução artística que se encaixa na descrição feita pelo texto – em especial no que tange às formas simples e à supressão do espaço fundo – é a primeira.

Resposta da questão 10: [C]

O exercício pressupõe a leitura das imagens com auxílio de conheci-mento histórico. Nas duas obras é retratado um grupo de mulheres, sendo que na obra de Renoir, as formas dos corpos são realistas, enquanto que na obra de Picasso as formas estão distorcidas e não representam as mulheres como de fato elas são. No entanto, todos percebem que o autor representou “mulheres”. O realismo caracteri-za-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais, enquanto para o cubismo a pintura deve-ria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.