Turismo como vetor de desenvolvimento regional ... · Objetivo Analisar se o turismo enquanto...
Transcript of Turismo como vetor de desenvolvimento regional ... · Objetivo Analisar se o turismo enquanto...
Turismo como vetor de desenvolvimento regional:
alternativa para a Bahia
Salvador, BA. 23 de outubro de 2010.
JORGE ANTONIO SANTOS SILVA
Introdução
Turismo => fenômeno
multisetorial e multidisciplinar
Dificuldade de delimitação como
atividade econômica e em sua
relação com o desenvolvimento
regional
Objetivo
Analisar se o turismo enquanto
atividade econômica apresenta
condição de atuar como motor
do crescimento e do
desenvolvimento regional e sob
que configuração metodológica e
estrutural
Questão
O agrupamento produtivo –cluster - que tem como atividade nuclear o turismo, configura um
modelo de desenvolvimento regional?
O enquadramento econômico do turismo
VISITANTE - "toda pessoa que viaja e permanece fora do seu entorno habitual de residência por um período inferior a um ano consecutivo e cujo motivo principal da visita não é o de exercer uma atividade fixa remunerada no lugar visitado"
Fonte: OMT – Organização Mundial do Turismo
O enquadramento econômico do turismo
São os seguintes os requisitos para um
indivíduo visitando uma localidade ser considerado
visitante:
esta localidade não deve ser o (ou fazer parte do)
seu entorno habitual
não deve visitar o lugar com a intenção de
convertê-lo em seu entorno habitual
não deve ter a intenção de perceber uma
remuneração deste lugar visitado
Fonte: OMT – Organização Mundial do Turismo
O enquadramento econômico do turismo
Visitante => realiza pernoite
Turista
Fonte: OMT – Organização Mundial do Turismo
O enquadramento econômico do turismo
O ponto de partida para a análise econômica do turismo, segundo a OMT, é a consideração da atividade dos visitantes como uma atividade de consumo em um sentido amplo, a qual constitui o núcleo dos aspectos econômicos do turismo
O que torna um consumo turístico não é a natureza intrínseca própria do produto ou serviço consumido e sim a condição na qual se encontra o consumidor => ele é um visitante ou pretende sê-lo
O enquadramento econômico do turismo
Não é correto referir-se ao turismo
como um setor econômico ou uma
indústria: [...] a indústria é uma
atividade de transformação que
emprega numerosos recursos, alguns
dos quais podem ser matéria-prima e,
outros, produtos industriais
intermediários.
O enquadramento econômico do turismo
Em geral, é o produto final que serve para qualificar os diferentes tipos de indústria; [...] se o turismo fosse uma indústria, deveriam existir, mas não existem, fábricas de turismo ou processos industriais cujo produto final ou intermediário fosse o turismo. Em troca, podem citar-se numerosos produtos industriais que são utilizados pelos turistas, [... que] se originam em diferentes ramos da indústria, [...] e não em uma especial chamada indústria do turismo.
O enquadramento econômico do turismo
Fica claro, pois, que o turismo é uma forma de consumir, algo assim como um canal para o qual conflui uma demanda especial de muitos tipos de bens e serviços elaborados por outros setores, mais o consumo de alguns serviços especialmente desenhados para satisfazer necessidades próprias dos viajantes. Portanto, o turismo pertence ao setor terciário, e não ao secundário, como deveria ser para que se pudesse catalogá-lo como pertencente à indústria. (BOULLÓN, 1997).
O enquadramento econômico do turismo
Se não é correto referir-se ao turismo
como sendo uma “indústria”, ou
como “setor econômico”, também
incorre-se em imprecisão ao referir-se
à existência de uma denominada
“cadeia produtiva do turismo”
O enquadramento econômico do turismo
O turismo deve ser analisado e planejado, como um sistema de valor integrado por diversas cadeias produtivas, direta e indiretamente relacionadas à atividade turística, com maior ou menor diversificação e intensidade de relações intersetoriais, o que irá depender e variar em função da tipologia do território e atrativos do destino turístico, dos segmentos de demanda prioritários e adequados aos recursos territoriais e turísticos desse destino e do perfil da oferta setorial especializada.
O enquadramento econômico do turismo
O turismo, além de um fenômeno social,
é uma atividade econômica?
Se de fato o é, de que tipo é?
Teoria econômica clássica do turismo / convencional:
– enfoque de demanda e localizado;
– caráter macroeconômico;
– natureza multisetorial e agregada;
– abordagem sociológica.
(Muñoz de Escalona, 1991)
O enquadramento econômico do turismo
O turismo, além de um fenômeno social,
é uma atividade econômica?
Se de fato o é, de que tipo é?
Modelo alternativo / engenharia turística:
– enfoque de oferta;
– caráter microeconômico;
– natureza unisetorial e empresarial;
– abordagem econômica.
(Muñoz de Escalona, 1991)
O enquadramento econômico do turismo
O turismo, além de um fenômeno social,
é uma atividade econômica?
Se de fato o é, de que tipo é?
Consideração da produção turística como um continuum de bens e serviços, decorrente da nova economia de serviços: um conjunto de atividades econômicas não necessariamente equivalentes mas com fortes interdependências entre si.
Representação da produção turística a partir do conceito de filière: cadeia de indústrias integradas ou conjunto articulado de atividades econômicas integradas, cuja integração resulta de articulações de mercados, tecnologias e capitais.
O enquadramento econômico do turismo
O turismo, além de um fenômeno social,
é uma atividade econômica?
Se de fato o é, de que tipo é?
Modelo teórico do desenvolvimento econômico a partir da
noção de encadeamentos:
– enfoque de enlaces;
– relação imediata ou mediata entre bens e necessidades
=> bens de 1ª ordem, 2ª, 3ª, ..., superior (Menger, 1871);
– expressão territorial do turismo.
(FURIÓ BLASCO, 1994)
Território
O território pode ser entendido como o
espaço social e historicamente
construído e organizado,
compreendendo um entorno urbano e
regional que compartilha uma mesma
realidade histórica, cultural, social,
econômica e ambiental
CRIANDO TERRITÓRIOS GANHADORES E COMPETITIVOS
(necessariamente inovadores)
SE PODE “GANHAR” EM
UM SENTIDO
ESTATÍSTICO BANAL OU
SE PODE “GANHAR” EM
UM SENTIDO REAL OU
ESTRUTURAL.
SE PODE SER
COMPETITIVO “ACIMA”
OU “ABAIXO”.
É NECESSÁRIO
PRIMEIRAMENTE
DEFINIR
CUIDADOSAMENTE
ESTES CONCEITOS.
Fonte: Sergio Boisier
O CONCEITO “BANAL” DETERRITÓRIO GANHADOR
DESDE ESTE PONTO DE VISTA, UM
TERRITÓRIO “GANHADOR” SERIA AQUELE
QUE EM UM PERÍODO DETERMINADO DE
TEMPO MOSTRA MAIORES GANHOS EM
UMA OU DIVERSAS VARIÁVEIS,
COMPARADO COM OUTROS
TERRITÓRIOS. DESDE MODO, SEMPRE E
EM QUALQUER MOMENTO HÁ
TERRITÓRIOS “GANHADORES” E
“PERDEDORES”. Fonte: Sergio Boisier
O CONCEITO ESTRUTURAL DE TERRITÓRIO GANHADOR
DESDE ESTE PONTO DE VISTA SE
CONSIDERA “GANHADOR” UM
TERRITÓRIO QUE EM UM PERÍODO DE
TEMPO É CAPAZ DE APROVEITAR AS
CONDIÇÕES DO ENTORNO PARA SE
AUTO-TRANSFORMAR DE MANEIRA A POR
EM CURSO UM PROCESSO ESTRUTURAL
DE DESENVOLVIMENTO, ACOPLADO À
COMPLEXIDADE DA GLOBALIZAÇÃO.
Fonte: Sergio Boisier
TERRITÓRIO COMPETITIVO
SE É “COMPETITIVO” QUANDO,
SUSTENTADAMENTE NO TEMPO, AS FUNÇÕES
REALIZADAS PELO ENTE TERRITORIAL SÃO MAIS
EFICAZES E EFICIENTES QUE AS REALIZADAS
POR SEUS COMPETIDORES. BASICAMENTE SE
FALA AGORA DE FUNÇÕES LIGADAS À INSERÇÃO
DO TERRITÓRIO NO SEU ENTORNO
(COMPETITIVIDADE PARA FORA) E DE FUNÇÕES
LIGADAS À ATRAÇÃO DE FATORES DE
CRESCIMENTO PARA ELE. (COMPETITIVIDADE
PARA DENTRO).
Fonte: Sergio Boisier
O TERRITÓRIO PODE SER
UM ATOR INDIRETO DE
SUA PRÓPIA
COMPETITIVIDADE,
QUANDO ELE SEJA O
CONTENEDOR FÍSICO E
SOCIAL DE ATIVIDADES
QUE EM VIRTUDE DESTA
LOCALIZAÇÃO
INCREMENTAM SUA
COMPETITIVIDADE. ESTA É
A TESE DE PORTER.
O TERRITÓRIO PODE SER UM ATOR DIRETO DE SUA COMPETITIVIDADE AO SER UM CONTENEDOR DE UMA CULTURA E DE UM CONHECIMENTO TÁCITO E DIFUSO QUE SE EXPRESSA NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS “SUI GENERIS”, COMPETITIVOS POR SUA DEMANDA E IRREPLICABILIDADE.
DUAS LEITURAS PARA O CONCEITO DE TERRITÓRIO COMPETITIVO
Fonte: Sergio Boisier
Dimensão territorial do desenvolvimento turístico: externalidades e economias de aglomeração/espaço, região e território
Unidades territoriais “turísticas”:
Complexos turísticos integrados – cumprem autônomamente
a função turística;
Espaços de destinos turísticos – requerem a conjunção de
uma série de empresas e serviços para desenvolver sua
função turística dentro de um raio que pode alcançar desde
uma localidade a uma sub-região;
Regiões turísticas – espaço de dimensão variável dotado de
um certo grau de coesão por constituir uma demarcação
administrativa, compartilhar uma idêntica imagem turística
ou constituir o marco das relações funcionais turísticas entre
as unidades inferiores.
Dimensão territorial do desenvolvimento turístico: externalidades e economias de aglomeração/espaço, região e território
Unidades territoriais “turísticas”:
Nem todas as regiões têm capacidade para ser
regiões turísticas. As regiões podem ter o turismo
como função dominante, como função
estruturante, como função complementar ou como
função residual, a depender de onde se localizem
as atividades turísticas e da importância que
assumem nas economias dessas regiões.
Clusters – Sistemas territoriais
Níveis de articulação dos sistemas territoriais:
Distrito industrial – lugar onde operadorespertencentes ao mesmo setor ou setorescomplementares se dedicam à integração de suasatividades com uma vizinhança muito próxima;
Cidade industrial – lugar da integração urbanaentre um conjunto de empresas industriais, degrande e pequena dimensão, e o seu territóriointerior de conjuntos urbanos, serviços econsumos;
Clusters – Sistemas territoriais
Região – lugar das comunicações einterdependências entre o conjunto dos distritos edas cidades industriais situadas em posiçõescontíguas na mesma zona de tráfego;
Estado nacional – lugar da organização jurídica,política e cultural;
Economia-mundo – que contém todos os lugaresanteriores e as suas diferenças.
(Becattini, 1996)
Clusters – Sistemas territoriais
Tipologia de clusters conforme níveis dearticulação territorial de Becattini:
[...] no âmbito do distrito industrial, o conjunto deempresas relacionadas e semelhantes vão conformar oque seria um microcluster [considerado pela autoracomo sinônimo de sistema produtivo local e de distritoindustrial]; no âmbito de uma cidade industrialencontra-se um conjunto de microclustersrelacionados; no da região têm-se os clustersregionais; no do conjunto do Estado, clustersnacionais; e, por fim, a nível de economia-mundopoderia se falar de macroclusters.
(RODRÌGUEZ DOMÌNGUEZ, 2001)
Clusters – Sistemas territoriais
Conceito-chave:
“Microclusters – trata-se de grupos de empresas ede atividades relacionadas num âmbito geográficodeterminado, geralmente reduzido. Em muitasocasiões, ocorre que as empresas que competemem um segmento estratégico, os setoresrelacionados e as infra-estruturas de apoio, sesituam em áreas geográficas concretas e nãomuito extensas. São essas áreas que sedenominam microclusters, e constituem a unidadede análise das fontes de vantagem competitiva.
Clusters – Sistemas territoriais
[Esta abordagem permite utilizar] propostas elinhas de ação concretas e operativas, deixando[de lado] todas as recomendações de tipo genéricoque se [usa normalmente] ao tratar os clustersnacionais e que [conformam] estudosexcessivamente agregados. Ao trabalhar comâmbitos geográficos mais reduzidos, se podedescrever com maior grau de detalhe o campo deatuação das empresas, tendo-se condições deindicar soluções precisas a problemas concretos”.(RODRÍGUEZ DOMÍNGUEZ, 2001)
Os conceitos de agrupamentos ou clusters referenciados ao turismo
A aplicação da metodologia dos clusters ao setor turístico deve ser feita, de forma ainda mais minuciosa do que quando é aplicada ao setor industrial, isto devido à heterogeneidade que caracteriza as empresas que conformam os destinos turísticos, as motivações dos clientes (turistas), os recursos naturais explorados pelo turismo, etc.
“[...] trabalhar com âmbitos territoriais dispersos [excessivamente amplos] e pouco homogêneos [...] dificulta a identificação de diagnósticos precisos do setor turístico [...]”.
(RODRÍGUEZ DOMÍNGUEZ, 2001)
Os conceitos de agrupamentos ou clusters referenciados ao turismo
Como exemplo, pode se fazer menção à tentativa de se tentar trabalhar o conjunto dos destinos turísticos da Bahia, que poderia se entender como um cluster em um sentido amplo, como se, numa perspectiva conceitual e metodológica, se tratasse de um único cluster, onde todos os destinos se situassem geograficamente próximos uns dos outros e apresentassem uma condição de homogeneidade do perfil e da oferta empresarial, das motivações e da tipologia de turistas, bem como da disponibilidade e da qualidade de recursos, naturais e artificiais. Se teria uma grande dificuldade para levar a bom termo e conseguir resultados satisfatórios de tal tarefa.
Os conceitos de agrupamentos ou clustersreferenciados ao turismo
A realidade é que:
se tratam de vários clusters, consolidados, em formação e potenciais;
os destinos necessariamente não se situam geograficamente contíguos ou próximos uns dos outros;
a condição prevalecente é a de heterogeneidade:
- do perfil e da oferta empresarial
- das motivações e da tipologia de turistas
- da disponibilidade e da qualidade de recursos, naturais e artificiais.
Os conceitos de cadeias referenciados ao turismo
As relações intersetoriais do turismo podem apresentar ou criar pontos de estrangulamentos ou sinergias, constituindo-se em um dos conglomerados de atividades mais complexos e heterogêneos. Na obtenção de bens e serviços para atender às necessidades da oferta e da demanda, a atividade turística conta com supridores e fornecedores que podem se encontrar fora das fronteiras do país ou região. Como o Sistema de Contas Nacionais está fundamentado sobre os conceitos de territorialidade e de nação, neste caso,o processo constitui uma fuga ou saída de recursos. Porém, no desenvolvimento da competitividade do turismo há de se permitir um eficiente nível de fugas, ou seja, de importações e remuneração aos fatores de produção originados do exterior, ao mesmo tempo que há de se insistir na criação e/ou fortalecimento de encadeamentos produtivos eficientes à escala local, regional e nacional.
Os conceitos de cadeias referenciados ao turismo
“Em muitos casos será pertinente perguntar-se se a política de gerar encadeamentos é a mais adequada, pois melhorar a captação de divisas e o valor agregado dos produtos turísticos pode ser uma melhor opção para a economia, ao contrário da idéia geralmente aceita de que sempre são mais desejáveis os encadeamentos produtivos. [...] Em última instância, cada país, dependendo de suas próprias condições, será quem poderá determinar se, para maximizar os benefícios econômicos do turismo, prefere e pode criar encadeamentos produtivos, ou busca criar nichos de mercado turístico de alto valor agregado apesar das importações necessários para atingir tal fim [e dos vazamentos decorrentes]. [...] o que se busca é a eficiente substituição de importações e não a sua eliminação”.
(CARNER, 2001)
Turismo e desenvolvimento local/regional
O sucesso dos clusters se dá por estarem
organizados em redes e desenvolverem
sistemas de integração em que predominam
relações de cooperação, solidariedade, coesão
e valorização do esforço coletivo. Tais
processos resultariam na “[...] materialização
de uma eficiência coletiva, decorrente das
externalidades geradas pela ação conjunta,
propiciando uma maior competitividade das
empresas, [...]” (Galvão, 2000 apud Machado,
2004:119).
Turismo e desenvolvimento local/regional
Para que um destino turístico seja competitivo,
deve-se observar no processo de
desenvolvimento econômico e turístico, local e
regional, um maior grau de “endogeneização”,
a ser alcançado e sustentado pela
internalização da maior parte da oferta dos
inputs necessários à dinamização e
fortalecimento das cadeias de valor
relacionadas à estrutura produtiva da economia
da região em estudo.
Turismo e desenvolvimento local/regional
Nesse sentido, em uma perspectiva mais específica e reduzida em termos de escala e escopo, passa a constituir-se a metodologia de estudo e fomento de micro-clusters em um possível e útil instrumento de modelagem de estratégias de crescimento e desenvolvimento regional, tendo como atividade nuclear o turismo.
Turismo e desenvolvimento local/regional
Desse modo, a organização turística, integrada no modelo de micro-cluster, constitui o fator fundamental para a criação e o fortalecimento das redes de enlaces entre os agentes que participam do agrupamento, devendo privilegiar os parâmetros de inovação, sustentabilidade e qualidade na articulação turismo e território, os quais atuam como elementos de base da competitividade do desenvolvimento turístico regional.
Turismo e desenvolvimento local/regional
Para as regiões e países subdesenvolvidos e em
desenvolvimentos (remediados), nos quais se fazem
presentes a maioria dos fatores negativos, de
desvantagem comparativa e falta de competitividade, o
modelo do micro-cluster turístico – articulando outras
atividades econômicas, existentes ou novas, em uma
estrutura de enlaces produtivos planejada com foco
local e endógeno – possibilitará inserção social e
melhoria de qualidade de vida para as populações
originais, resultando não apenas em crescimento
econômico como também em avanços sociais e,
portanto, em desenvolvimento.
Turismo e desenvolvimento local/regional
Ressalva-se que é o estágio de
desenvolvimento em que se encontra uma dada
localidade ou região que irá ser o fator
determinante do modo como o turismo irá se
inserir em suas estruturas produtivas,
econômicas, sociais, culturais e ambientais,
bem como da forma que a atividade turística
atuará, favorecendo em maior ou menor medida
e intensidade a condição de desenvolvimento
local ou regional já existente.
Conclusão
Quanto mais ampliada for a dimensão do cluster, mais abstrata a sua referência espacial, assumindo o conceito apenas uma utilidade didática de teorização. Para uma concreta utilização do conceito para efeito de estudo das concentrações geográficas de empresas, dos seus enlaces funcionais, institucionais e territoriais, do seu planejamento e do papel que desempenha no desenvolvimento regional, menor deverá ser sua dimensão territorial de referência e mais restrito o seu enquadramento teórico.
Conclusão
Pela sua caracterização nitidamente empresarial e
microeconômica, o conceito de cluster não pode
ser tomado como uma estratégia de
desenvolvimento regional, não na amplitude
preconizada por Porter.
Conclusão
Os clusters podem ser entendidos como concentrações geográficas de elos da cadeia produtiva. Quanto mais avançado e desenvolvido o cluster, maior será o número de elos da cadeia concentrados em um âmbito geográfico restrito, o que corresponderá ao adensamento regional da cadeia produtiva – o provimento de bens e serviços intermediários da cadeia passa a ser realizado por fornecedores locais.
Conclusão
Destaca-se alguns elementos e questões relevante a se considerar em um estudo de cadeias, objetivando o fortalecimento e o provimento dos elos das seqüências de encadeamentos, para trás e para frente, sob a perspectiva de se identificar e reduzir o grau de vazamento da economia local através da atividade econômica do turismo:
Conclusão
a demanda por turismo induz a demanda por bens e serviços de vários outros setores da economia –isto leva à consideração dos conceitos de externalidades, cadeia produtiva e cluster ou agrupamento;
a medida da contribuição local do turismo pode levar à formulação de políticas para ampliar seu escopo;
a determinação do efeito líquido do turismo;
poderia este efeito ser aumentado via “substituição de importações”?
Conclusão
o grau de vazamento que estiver ocorrendo é insatisfatório, satisfatório ou excessivo? – medida de eficiência;
o diagnóstico de por onde está vazando de modo significativo – ou seja, em quais setores se está tendo um custo elevado para importar?
deixar claro que o que se está perdendo por não se produzir localmente é diferente do custo de se estar importando – questão de eficiência;
Conclusão
valerá a pena ou se conseguirá internalizar o impacto econômico que vaza? – a depender do custo, para alguns bens e serviços sim, mas para outros será melhor continuar importando –também uma questão de eficiência;
dificilmente um estabelecimento isolado irá suprir a produção local do que se estiver importando, aqui tem-se uma questão envolvendo infra-estrutura e uma perspectiva de longo prazo –compensaria?
ao aspecto anterior corresponde decisões de investimentos, o que exigirá a coordenação de setor(es) líder(es) e/ou do Estado, para se adotar a decisão mais rentável.
Conclusão
Ao se trabalhar uma configuração de cluster de turismo,
portanto, algumas questões-chave devem ser levantadas
e devidamente equacionadas:
qual a atividade de especialização setorial?
qual a relação de similaridade entre a atividade de especialização e as demais atividades econômicas presentes na região?
qual a dimensão geográfica / territorial?
qual o âmbito da proximidade geográfica / territorial?
qual o grau de homogeneidade e compatibilidade entre a função, atividade de especialização, e o território?
Conclusão
qual a atividade nuclear, diretamente vinculada ao produto final?
quais as atividades complementares, de suporte e relacionadas?
qual e como visualizar e alcançar o mercado usuário final?
qual o grau de nacionalização ou internacionalização da estrutura?
qual a origem e magnitude de vazamentos da economia em decorrência do grau de exogenia derivado da questão anterior, e, como conseqüência desta questão;
qual o grau de endogenia do desenvolvimento turístico – atual, possível e pretendido?
Conclusão
Uma proposta de modelo analítico fundamentado em estrutura de cluster deve, portanto, contemplar a mensuração do nível de incidência e grau de vazamento do turismo na economia regional, bem como a identificação de quais as atividades que estariam propiciando o escoamento de recursos para fora da economia local.
Conclusão
Nesse contexto, evidencia-se a coerência da aplicabilidade dos conceitos de cadeias e de agrupamentos ou clusters à atividade do turismo, passando a constituir-se a metodologia de estudo e fomento de clustersde turismo, com as ressalvas levantadas e as reduções de escopo propostas, em um concreto instrumento de modelagem de estratégias de crescimento e desenvolvimento regional, tendo como atividade nuclear o turismo.
Conclusão
Se elege desta forma a especialização produtiva – o turismo, como elemento representativo das explicações do desenvolvimento econômico de base local e regional, informadas por uma perspectiva funcional, sem negligenciar-se, no entanto, que o alcance e sustentação do desenvolvimento regional resulta da interação entre a função e o território.
Conclusão
Para ser sustentável como atividade econômica e social e para
garantir a sustentabilidade do processo de desenvolvimento
local / regional, o turismo tem que atender prioritariamente as
necessidades das populações originais, respondendo
positivamente a questões como as que seguem:
como conseguir o acesso da população local ao mercado?
qual a viabilidade comercial de tal inserção, sob a perspectiva
do setor público, do setor privado e da própria comunidade?
qual o marco de políticas públicas requerido?
como implementá-las?
O turismo poderá funcionar como instrumento de
financiamento – para lixo, saneamento, educação, ...?
Conclusão
Neste contexto, os bens públicos explorados pela
atividade turística, têm que ter os seus custos
internalizados nos setores produtivos do turismo e não
mais ser considerados apenas como externalidades que
são apropriadas pelo segmento empresarial privado, que
deles se beneficiam, ficando os custos financeiro-
econômicos como de responsabilidade exclusiva do
setor público e o ônus sócio-ambiental como um
problema exclusivo das comunidades afetadas, sem que
ocorram contrapartidas relevantes por parte da iniciativa
privada que, na maioria das vezes, é subsidiada pelo
próprio aparato governamental – local, estadual e / ou
nacional.
Conclusão
Considerando que o enfoque do desenvolvimento
econômico por meio de enlaces, implica em
políticas de estímulo e fomento à formação de
fillières e de agrupamentos econômicos de base
territorial – clusters ou sistemas produtivos locais
– o mesmo identifica-se como uma política meso-
econômica, cuja finalidade última é o
desenvolvimento de um determinado território, o
qual tem como elemento comum o pertencer a uma
mesma realidade socioeconômica.
Conclusão
É indispensável um continuado empenho
de esforços no sentido de se definir e
delimitar a natureza e importância
econômica da atividade do turismo para
a Bahia, o que passa pela caracterização
da política turística como parte da política
social e econômica do Estado, e não
como um seu apêndice político.
Conclusão
Entendendo-se o território como um
entorno urbano e regional que
compartilha uma mesma realidade
histórica, cultural, socioeconômica e
ambiental, um aspecto que se deve
destacar, é que o turismo é uma
atividade territorializada.
Conclusão
Sendo o território um dos principais
elementos sobre o qual deve girar toda
política de desenvolvimento, a Bahia não pode
prescindir do Turismo como um elemento
fundamental na formulação de políticas
públicas e no planejamento do
desenvolvimento local e regional, visando
consolidar territórios inovativos, sustentáveis
e competitivos, portanto GANHADORES.
“Esperando ter propiciado um
uso útil do precioso tempo de
vocês, fico grato pela oportunidade deste encontro e por sua valiosa
atenção”
!!! SUCESSO !!!
Muito Obrigado!
Prof. Dr. Jorge Antonio Santos Silva
23 de outubro de 2010
Salvador - BA