Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

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Escola EB 2,3/S de Baião Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental Rural Prova de Aptidão Profissional Turismo de Lazer e Natureza Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira Baião / 2010 Fábio Teixeira Flávia Carvalho Marília Soares

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Mais uma prova de Aptidão Profissional, no âmbito do Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental Rural (2010), disponibilizada pelo professor Fernando Matos

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Escola EB 2,3/S de Baião

Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental Rural

Prova de Aptidão Profissional

Turismo de Lazer e Natureza

Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

Baião / 2010

Fábio Teixeira

Flávia Carvalho

Marília Soares

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Escola E, B 2,3/S de Baião

Curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural

Prova de Aptidão Profissional

Turismo de Lazer e Natureza

Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

Esta prova de Aptidão foi realizada no âmbito do Curso Profissional de Turismo Ambiental e

Rural, orientada pelos professores Fernando Matos Rodrigues e Rui Mendes pelos alunos Fábio Teixeira,

Flávia Carvalho e Marília Soares.

Baião 2010

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Índice

1. Introdução 5

2. Enquadramento Territorial 6

3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região – concelho

de Baião (Baixo Tâmega) 11

3.1. Contexto Geomorfológico e Geológico 13

3.2. Floresta 14

3.3. Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural 15

4. Breve nota sobre turismo Rural

4.1. Rotas turísticas 17

4.2. Percursos pedestres 20

5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza

5.1. Modalidades de Animação 22

5.2. O animador turístico 24

5.3. O perfil do animador 25

5.4. A profissão de guia de Turismo 26

6. Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização 28

6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural 31

7. Desenvolvimento em Meio Rural: Rupturas conceptuais e novos desafios 32

8. Desenvolvimento Local, liderança estratégica e regionalização: considerações a

propósito de um debate na ordem do dia 38

9. Planeamento e Organização de projectos 39

9.1. Elaboração de um projecto turístico (panfleto)

10. Rota da Serra da Aboboreira (estudo de caso) 40

10.1. Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da Aboboreira

10.1.1. Flora autóctone 40

10.1.2. Fauna 45

10.1.3. As Casas e os Lugares 47

10.2. Identificação e estudo da micro-toponimia 50

10.3. Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira 51

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10.4. Identificação e caracterização do Património Arqueológico

Arquitectónico 55

10.4.1- A Necrópole Megalítica da Aboboreira 56

10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade média 57

10.4.3- Anta da Aboboreira 58

10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos 61

10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Castro 65

10.4.6 Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante 67

10.5. Identificação do património material das Aldeias 69

11. Anexos 70

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1. Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito do Curso Profissional de Turismo

Ambiental e Rural para a prova de aptidão profissional, sob orientação do professor

Fernando Matos Rodrigues, Rui Mendes, e Pedro Paiva.

Para a sua elaboração, recolhemos informação ao longo dos anos lectivos

2008/2009 e 2009/2010.

A proposta que os professores apresentaram aos alunos foi para se organizarem

em grupos, os quais foram escolhidos por nós alunos. Ao nosso grupo coube recolher e

tratar informação acerca da Serra da Aboboreira

Este trabalho foi desenvolvido tendo em conta o estágio que realizemos.

Agradecemos a disponibilidade dos professores que nos ajudaram na pesquisa

bibliográfica, a todas as pessoas que se disponibilizaram para responder aos inquéritos

das aldeias de Almofrela e Currais.

Utilizamos várias técnicas e vários métodos de pesquisa. As técnicas não

documentais utilizadas foram a observação não participante através da qual utilizamos o

inquérito por questionário, como também se recorreu à pesquisa documental,

consultando livros disponibilizados pelo professor Fernando Matos Rodrigues.

Por último, gostaríamos de deixar o nosso obrigado ao coordenador do Curso

Profissional de Turismo Ambiental e Rural, Fernando Matos Rodrigues nas pessoas dos

professores Cristina Carvalho, Gertudes Santos, Pedro Paiva, Daniela Cunha, Rui

Mendes, bem como à Direcção da Escola Secundária de Baião pelo apoio prestado ao

longo deste ano lectivo.

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2. Enquadramento Territorial

Baião compreende uma área territorial de aproximadamente 176 Km2,

localizando-se na extremidade nascente do distrito do Porto. Está inserido na região

Norte de Portugal, concretamente, na sub-região do Tâmega (NUT III). Esta posição

geográfica, de interioridade, tem reflexos ao nível dos índices de desenvolvimento local,

como confirma o baixo valor de 126,4 hab/Km2, no que se refere à densidade

populacional.

Mapa 1: Enquadramento do Concelho de Baião no Distrito do Porto;

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O concelho de Baião faz fronteira com os concelhos de Amarante, e Marco de

Canaveses, ambos do distrito do Porto, de Mesão Frio, Peso da Régua, e Santa Marta de

Penaguião, do distrito de Vila Real, e os de Cinfães e Resende, pertencentes ao distrito

de Viseu. Situa-se na margem direita do rio Douro, e a norte com o sistema orográfico

da serra do Marão, sendo atravessado longitudinalmente pelos subsistemas

montanhosos das serras da Aboboreira e do Castelo. Estas cadeias montanhosas

circunscrevem os vales do rio Ovil, do rio Teixeira e da ribeira do Zêzere, afluentes do

rio Douro.

Mapa 2: Mapa dos concelhos que fazem fronteira com o concelho de Baião;

As características geomorfológicas de Baião são obstáculo ao aproveitamento do

solo, ao crescimento da vila e demais povoações, em virtude da altitude em que se

encontram dificultando a pratica da agricultura, meio de subsistência tradicional da

população, uma vez que a presença de maciços xistosos e graníticos só permitem a

exploração de pequenos campos agrícolas (minifúndios). Assim, com uma vasta floresta

com potencial económico e turístico elevado.

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De ponto de vista climatológico, é influenciado pelo relevo e pelo rio, tendo um

clima moderado mas com um regime de chuvas intenso e uma amplitude térmica

inferior ao esperado.

Mapa 3: Mapa das Freguesias do Concelho de Baião;

O concelho está organizado, administrativamente, em vinte freguesias, estando o

Município sediado na freguesia de Campelo. As outras freguesias do concelho são:

Ancede, São Tomé de Covelas, Ribadouro, Gestaçô, Gove, Grilo, Loivos da Ribeira,

Loivos do Monte, Mesquinhata, Ovil, Frende, Santa Cruz do Douro, Santa Leocádia,

Santa Marinha do Zêzere, Teixeira, Teixeiró, Tresouras, Valadares e Viariz.

O concelho actualmente, é constituído pela existência de três vilas, isto é, a Vila

de Baião em Câmpelo, centro e comarca, a vila de Santa Marinha do Zêzere localizada

numa das margens do rio Douro e a Vila de Ancede, localizada no antigo couto de

Ancede e actualmente freguesia de Ancede. Como facilmente se pode constatar o

concelho de Baião sofre de uma clara dispersão e fragmentação, uma espécie de plano

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inclinado para o rio Douro. Não nos podemos esquecer que aí temos duas das mais

importantes linhas de comunicação o rio Douro actualmente navegável e a linha

ferroviária do Douro. A pequena vila de Baião, situada numa das colinas sobranceiras

ao rio e vale do Ovil, mesmo às portas da serra da Aboboreira, não tem sido crescido de

forma qualitativa em equipamentos e serviços. O espaço urbano da vila ainda é muito

atrofiado e condicionado pelo antigo cadastro rural. A propriedade concentrada em meia

dúzia de famílias locais, também não favorece a expansão harmoniosa da malha urbana

da Vila de Baião. O espaço público, praças e jardins, alamedas e ruas é produto dessas

condicionantes, o que conduz ao aparecimento de um urbanismo difuso,

descontextualizado da centralidade urbana de Campelo. Agravando a imagem urbana da

vila e favorecendo a construção em baixa densidade com custos de infra-estruturas

insustentáveis para os cofres do poder local. Num concelho pequeno, com uma

população envelhecida, a dispersão de equipamentos, a fragmentação de infra-

estruturação vai a montante colocar problemas muito sérios na conservação e

monitorização destes equipamentos. A vila possui um conjunto de equipamentos de

grande valor acrescentado, do qual destacamos as piscinas cobertas, o pavilhão

multiusos, a casa de Chavães, o auditório, a nova casa municipal (sede do poder

concelhio), mas é necessário investir na concentração e qualificação urbana da Vila de

Baião.

A falta de equipamentos desportivos, de lazer, de recreio, como por exemplo, a

inexistência de um parque municipal na vila; a falta de equipamentos hoteleiros de

referência; a falta de equipamentos culturais na área da Museologia (Museu Municipal

de Arqueologia); a falta de um parque escolar qualificado com a sua centralidade, a falta

de uma biblioteca municipal pública com serviços culturais e educativos; a falta de

espaço público de referência; a dispersão de equipamentos; a falta de uma agenda e

programação cultural. Falta programação e planeamento na área urbana e de

equipamentos culturais e educativos.

Não existe, uma relação de complementaridade entre as vilas ribeirinhas de

Santa Marinha, Ancede (referencia para o núcleo da Pala1) e Baião. A serra continua

abandonada em termos de infra-estruturação, de salientar a transformação da Escola

1 O núcleo da Pala é sem duvida uma zona de excelência para o desenvolvimento de projectos turísticos

de frente de água. Quer pela sua localização, quer pela sua monumentalidade cénica de antigo povoado.

Bem como para o núcleo do Mosteiro de Ancede.

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Primária de Almofrela em Albergue, mas o projecto é por si, pouco consistente e de

pouco valor arquitectónico. É necessária mais programação e mais intervenção, criando

espaços de museografia na montanha, valorizando segmentos de valor acrescentado

para a prática turística associando património, conhecimento e lazer. Investindo num

turismo alternativo, e numa hospedagem também alternativa. Como por exemplo,

apostando no turismo de natureza (ecoturismo/turismo de aventura).

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3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região –

concelho de Baião (Baixo Tâmega)

“a terra que pisais é sagrada.

nestas chãs, nos dias de calor,

quando as ervas se erguem imóveis,

negras, extasiadas de luz.”

Victor Oliveira Jorge (1888)

In Poemas Aboboraicas

A serra da Aboboreira tem sido alvo de vários e diversificados estudos, ma

nunca houve a capacidade de desenvolver um estudo global de forma sistemática e

transversal. O único estudo sistemático foi realizado desde 1978 a 1992 pela equipa do

arqueólogo e professor universitário Doutor Victor Oliveira Jorge. Este autor

considerava em estudo publicado que «esta “Serra” apresenta, nas suas encostas,

testemunhos de fenómenos geológicos que poderão ser de algum interesse para o

estudo do meio ambiente que rodeou o homem em épocas remotas, quiçá durante a

última fase glaciária do Quaternário. Trata-se de depósitos de vertente (incluindo,

umas vezes, blocos angulosos, e, outras, cascalheiras compostas por grandes calhaus

rolados por arrastamento a longo das encostas) que ainda não foram objecto da

atenção que mereciam por parte de especialistas2». O autor evidencia a diferenciação

arquitectónica as tipologias que se encontram o planalto da serra da Aboboreira.

Referindo, inclusive que em termos arquitectónicos deve-se acentuar a diversidade, ou

polimorfismo, das construções, tanto ao nível das mamoas como das suas estruturas

internas (1988: 6).

Estudo este que culminou com grandes contributos para a compreensão e estudo

do megalitismo do noroeste peninsular. Este trabalho teve mais tarde continuidade com

a arqueóloga Carla Stockler com a dissertação da sua tese de mestrado sobre o mesmo

campo arqueológico.

Outros estudos se desenvolveram na área do ambiente, da geografia física, do

património arquitectónico, do ecologismo, mas nenhum teve esta capacidade e este

2 Cfr, por exemplo, Victor oliveira Jorge (1988) “Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira.

Arqueologia do Concelho de Baião. Resultados de 10 anos de trabalho” in revista Arqueologia, 17, Porto.

Edição Grupo de Estudos Arqueológicos do Porto, pp.5 a 26

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mérito de ser tão sistemático e produtivo. Produzindo monografias que sem duvida

contribuíram para uma melhor compreensão desta serra.

Podemos, ainda referenciar que na revista Bayam, Daniel Carvalho considerava,

que com a «saída maciça das populações, primeiro para o Brasil e depois para a

Europa, os campos foram sendo paulatinamente abandonados, situação que alterou

profundamente o “modus vivendi” das populações, ao ponto de hoje ali se viver em

crise».

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3.1- Contexto Geomorfológico e Geológico

A morfologia da região em que se insere o concelho de Baião é dominada pela

serra do Marão, pelo vale profundo do rio Douro e pelos vales de alguns afluentes e

subafluentes deste rio, destacando-se o rio Tâmega.

A serra do Marão destaca-se na paisagem pela sua extensão e pelas cristas

imponentes, que atingem uma altitude máxima de 1.415 metros. A rocha predominante

no Marão, são os xistos-quartzíticos. A SE do alto do Marão encontra-se a fraga da

Ermida (1.397 metros) e a SE a crista das seixinhas (1.277 metros), a partir da qual se

baixa para o rio Teixeira, se localiza entre Teixeira e Teixeiró.

O rio Douro corre na região meridional, num vale apertado e de vertentes

acentuadas, percorrendo 26 KM de leito.

Na região a ocidente do Marco de Canaveses, o relevo e essencialmente

constituído por rocha granítica, destacando-se as paredes arredondadas e os blocos

porfiroídes. 3

3 Cfr. Pacto para o desenvolvimento do entre Douro e Tâmega, RURALIDADE, LAZER E CULTURA,

Agências de Desenvolvimento Regional do Entre Douro e Tâmega, s.l. 2001.

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3.2- Floresta

Em termos de espaços florestais, Baião apresenta uma área florestal total de

11085 hectares (hectares) (63,52 % da área do Concelho) da qual 6955 hectares são

povoamentos (62,7% da área florestal total) e 4130 ha são matos (37,3% da área

florestal total), sendo o Município com maior percentagem de área florestal do distrito

do Porto.

A floresta deste concelho é essencialmente composta por povoamentos puros de

Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e Eucalipto (Eucalyptus globulus), encontrando-se,

ainda, abundantes povoamentos mistos de Pinheiros bravos x Eucaliptos e pequenos

povoamentos de Carvalhos dispersos por todo o concelho.

No maciço central do concelho, principalmente junto ao vale do Rio Ovil

(freguesias de Campelo, Ovil, Loivos do Monte e Gestaçô e Valadares) podem ainda

encontrar-se alguns bosquetes de carvalhos (Quercus pyrenaica e Quercus robur,

apelidados nesta região de Carvalho e Carvalha respectivamente) não raramente

acompanhados, nas zonas mais frescas pela presença do Castanheiro Europeu (Castanea

sativa). Já nas encostas do Douro (freguesias de Frende, Santa Marinha do Zêzere, S.

Tomé de Covelas, Santa Cruz do Douro, Ancede e Ribadouro) é possível encontrar-se

manchas não despiciendas de Quercus suber (Sobreiro) acompanhado de Pinheiro bravo

e medronheiro (Arbutus unedo). 4

4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bai%C3%A3o_(Portugal)

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3.3- Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural

O turismo como “evento totalmente social” pode levar a mudanças estruturais na

sociedade de forma a criar situações de conflitualidade entre os turistas e as populações

locais. O Tursimo no Espaço Rural pretende ser uma forma controlada e contida de

actividade e de mercado turístico dentre de uma carga que valorize os contextos locais,

de pequena e média escala. A elasticidade da comunidade local em aceitar o turismo,

esta dependente da forma como o operador turístico olha para a realidade local, isto é,

se a prática turística é desenvolvida de forma a valorizar o ambiente, a natureza e o

património local.

No Turismo de Espaço Rural (TER) existe o reconhecimento de que a população

local é parte da herança cultural, e portanto, merece ser valorizada, no respeito pela sua

singularidade cultural e social. Evitando desta forma a construção de estereótipos

etnográficos e folclóricos, mais ou menos plásticos e efémeros ao serviço de uma

imagem publicitária que ilude e desvirtua a natureza antropológica das comunidades

locais5.

O Turismo de Espaço Rural ou Turismo Rural é praticado em áreas rurais,

possibilitando aos visitantes participar nas actividades quotidianas da vida rural. É

intensamente procurado por pessoas que vivem e residem em grandes centros urbanos e

que procuram no Turismo de Espaço Rural o descanso físico e mental. Este Turismo

rural possibilita ao homem do campo, ou devia proporcionar uma alternativa económica

que evite o êxodo rural e a consequente erosão e degradação dos espaços rurais de

montanha.

Os produtos turísticos devem ser o mais variado e diversificado possível,

primeiro para evitar a concorrência do mercado, e segundo para evitar a massificação e

a perda de biodiversidade dos territórios locais onde exerce a actividade turística. A

5 Sobre a questão da manipulação da Imagem e da sua autenticidade o antropólogo Fernando Matos

Rodrigues, considera por exemplo que «Dominada pela cultura da imagem e por uma obsessão pelas

imagens; aqui as massas humanas transformam-se elas próprias em objecto e imagem; no imediato o

espaço visual pós-moderno perdeu o sentido da distância/tempo e do espaço/tempo, estamos perante

um espaço homogéneo e fragmentado ao mesmo temo» in AS IMAGENS QUE NOS VÊEM (Bernardo

Pinto de Almeida, Coord.)Porto, Edição da Associação Para o Desenvolvimento da Cooperação em

Arqueologia Penínsular, 2003, pp.82-83.

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diversidade, aparece-nos como um dos valores da atractividade turística, em função de

um património cultural e ambiental singular. Aliás, alguns estudiosos desta área

consideram mesmo que «o atractivo turístico possui, via de regra, maior valor quanto

mais acentuado for o seu carácter diferencial, pois, o turista procura sempre aquilo que é

diferente. Tudo o atractivo único, sem outros semelhantes, possui maior valor para o

turista (De Rose, 2002:47).

O Turismo no Espaço Rural está regulamentado pelo novo regime jurídico da

instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, pelo

DECRETO-LEI N.º 39/2008 de 7 de Março, no qual estão reunidos as disposições

comuns a todos os empreendimentos, de modo a tornar mais fácil o acesso às normas

reguladoras da actividade turística (Quintas, 2008:13 e ss.)6. Assim, na Secção VII –

Empreendimentos de Turismo de Habitação, Artigo 17.º, Noção de empreendimentos de

turismo de habitação, considera-se no ponto um – são empreendimentos de turismo de

habitação os estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos

particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, sejam

representativos de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo

localizar-se em espaços rurais ou urbanos. No ponto dois – Nos empreendimentos de

turismo de habitação o número máximo de unidades de alojamento destinadas a

hóspedes é de 15.

6 Cfr. QUINTAS, Paula (2008) O Novo Regime Jurídico de Instalação, Exploração e Funcionamento dos

Empreendimentos Turísticos. Coimbra, Edições Almedina.

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4. Breve nota sobre Turismo Rural

4.1 Rotas Turísticas

Esquema 1: Rotas Turísticas7

7 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja

- Actividade que integra o sector da animação

- Promovidas pelo sector público e privado

- Exemplo da natureza compósita do produto (resulta do

estabelecimento de redes)

- Forma de organizar a oferta em torno de uma temática

- Permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino

- Vários tipos de rotas

Dinamização Organização Acesso

Integração

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Esquema 2: Tipos de Rotas Turísticas8

8 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja

Tipos de Rotas Turísticas

Lógica de Facilitação/Promoção

Indicativas/orientadoras Rotas que indicam, orientam o acesso ao recurso em torno de uma temática, através de um conjunto de informação disponibilizada

Lógica de Comercialização

Orientadoras/comercializáveis Rotas que divulgam, facilitam e são mesmo geradoras de acesso ao recurso em torno de uma temática, através de um conjunto de informação disponibilizada e atribuição de um preço

Informação/Divulgação

Distribuição/Venda

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Esquema 3: Processo de Planeamento de Rotas Turísticas9

9 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja

Rotas Turísticas

Construção Gestão Processo de Planeamento

Corresponde ao processo

inerente à criação de uma rota:

- Concepção do produto/preço

- Questões operacionais

Corresponde ao processo

inerente à implementação,

prossecução e avaliação da rota:

- Aplicação do marketing

- Estrutura/modelo de gestão

- Parcerias com agentes do sector

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4.2- Percursos Pedestres

Percursos Pedestres são caminhos, geralmente em meios naturais e rurais, que

estão sinalizados com marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceites.

Tipos

Os Percursos Pedestres podem ser de "Pequena Rota" (PR) quando não excedem

os 30 km de extensão ou menos de uma jornada a percorrer, sinalizados a amarelo e

vermelho ; ou de "Grande Rota" (GR), com mais de 30 km de extensão ou mais de uma

jornada a percorrer, sinalizados a branco e vermelho. Em 2006 foram criados os

"Percursos Pedestres Locais" (PL), cuja totalidade, ou mais de metade do trajecto

decorrem em percurso urbano, sinalizados a verde e branco.

Marcação

A marcação dos Percursos obedece a um conjunto de normas, que em Portugal

foram elaboradas pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Com o

intuito de regular a implementação de Percursos Pedestres em Portugal foi criado por

esta Federação o "Registo Nacional de Percursos Pedestres" que tem por finalidades:

- Registar os percursos pedestres de todas as entidades que a ela recorram

- Atribuir-lhes numeração

- Fazer a sua homologação, de acordo com os pré-requisitos estabelecidos

- Fazer a sua divulgação a nível nacional e internacional

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Marcas

Fonte: http://www.omundodacorrida.com/sinais.jpg

Imagem 1: Marcas dos tipos de rotas

Marcas GR, PR e PL

As marcas são semelhantes para os percursos de "Grande Rota", apenas

mudando a cor dos sinais para branco e vermelho ou verde e branco.

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5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza

5.1Modalidades de Animação

Animação Turística/Ambiental

São empresas de Animação Turística as que tenham por objectivo a exploração

de actividades lúdicas, culturais, desportivas ou de lazer, de modo a promover a

ocupação dos tempos livres dos turistas e dos visitantes, e que contribuam para o

desenvolvimento turístico de uma determinada região e não se configurem como

empreendimentos turísticos, estabelecimentos de restauração e de bebidas, casas e

empreendimentos de turismo no espaço rural, casas de natureza e agências de

viagem e turismo ou operadores marítimo-turísticos.10

No entanto, as empresas proprietárias ou exploradoras dos empreendimentos

anteriormente referidos, podem exercer actividades de animação turística desde que

cumpram os requisitos legais em vigor.

A animação Ambiental é uma classificação específica para a Animação Turística

desenvolvida no interior de uma Área Protegida.

Consideram-se os seguintes tipos de modalidades de animação ambiental:

Animação – conjunto de actividades que se traduzem na ocupação dos

tempos livres dos turistas e dos visitantes, permitindo a diversificação da

oferta turística através da integração dessas actividades com outros recursos

das áreas protegidas. Também contribui para a divulgação da gastronomia,

artesanato, dos produtos e tradições da região onde se inserem. Recursos às

infra-estruturas e aos serviços existentes no âmbito do turismo da natureza;

Interpretação Ambiental – é toda a actividade que permite ao visitante o

conhecimento global do património que caracteriza a área protegida, através

da observação no local das formações geológicas, da flora, fauna e

respectivos habitats, bem como os aspectos ligados aos usos e costumes das

10

Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – DGADR Direcção-Geral da

Agricultura e Desenvolvimento Rural

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populações. Recurso às instalações, sistemas e equipamentos do turismo de

natureza;

Desportos de Natureza – todas as actividades praticadas em contacto

directo com a natureza e que, pelas suas características, possam ser

praticadas de forma não nociva para a conservação da natureza.

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5.2 O Animador Turístico

O animador turístico é o profissional que planeia, organiza e promove diversas

actividades de animação.

Dado que existem várias áreas de animação turística, este profissional

habitualmente especializa-se numa delas, podendo desenvolver actividades tão

diferentes como a animação desportiva em terra, na água ou no ar; a animação de

natureza (observação da fauna, da flora, das configurações geológicas da terra, etc.),

entre um imenso leque de possibilidades.

Há também a possibilidade de se especializar na animação de grupos divididos

por faixas etárias (crianças, jovens, adultos ou seniores), ou no acompanhamento de

grupos portadores de incapacidades físicas ou psíquicas. 11

11

Recursos Humanos no Turismo

(http://www.rhturismo.net/index.php?option=com_content&task=view&id=384&Itemid=80)

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5.3 – O Perfil do Animador

O animador sociocultural é o profissional qualificado apto a promover o

desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando

e/ou desenvolvendo actividades de animação de carácter cultural, educativo, lúdico e

recreativo. As actividades principais a desempenhar por este técnico são:

Diagnosticar e analisar, em equipas técnicas multidisciplinares, situações de

risco e áreas de intervenção sob as quais actuar, relativas ao grupo alvo e ao seu

meio envolvente;

Planear e implementar em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar,

projectos de intervenção sócio-comunitaria;

Planear, organizar, promover e avaliar actividades se carácter educativo,

cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto

institucional na comunidade ao domicilio, tendo em conta o serviço em que esta

integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a

sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social;

Promover a integração grupal e social,

Fomentar a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;

Acompanhar as alterações que se verifiquem na situação dos clientes que

afectem o seu bem-estar;

Articular a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo se

insere;

Elaborar relatórios de actividade;

Page 26: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

26

5.4- A Profissão de Guia de Turismo

O que é um guia de turismo

O guia de turismo é uma das figuras que melhor representa a imagem colectiva

sobre o turismo. A imagem do guia saindo com seu grupo de um ônibus de excursão é tão

comum no imaginário das pessoas quanto a, do turista de bermuda, camisa florida,

chapéu e maquina fotográfica pendurada no pescoço.

É comum que estudantes de turismo ouçam logo depois de prestarem vestibular:

você vai ser guia? Sortudo! Vai viver viajando!

Para muitos, o guia é a própria representação do que é o turismo. E, apesar de a

pergunta feita ser recheada de preconceitos, uma vez que essa ocupação está longe de ser

a única opção profissional para estudantes de turismo, a profissão de guia é, sim, uma das

mais importantes da actividade turística, devido ao alto grau de contacto existente entre o

guia e o turista.

Embora a importância do guia de turismo seja reconhecida pelo grande público,

existem poucos estudos mais profundos sobre o trabalho, a dinâmica e as funções desse

profissional.

A profissão é pouco estudada no campo teórico, e quase inexistente material ou

bibliografia específica disponível a estudantes e professores, a não ser as apostilas

elaboradas pelos próprios docentes para suas respectivas aulas.

Mas afinal quem é o que é um guia de turismo?

Segundo Souza, guia de turismo é o “profissional apto a prestar informações

sobre o local visitado e assessorar o turista quando necessário”.

Na actividade turística brasileira, a profissão de guia de turismo é a única que

possui reconhecimento e regulamentação da Embratur, ou seja, exige formação específica

e pode ser praticada apenas por pessoas que tenham realizado cursos direccionados e

possuam cadastro no Instituto.

De acordo com o órgão,

É considerado guia de turismo o profissional que, devidamente cadastro na

Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo, […] exerça as actividades de

acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou grupos, em

visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou

especializadas.

De forma geral, a figura do guia de turismo estará presente durante toda a estada

do turista na localidade visitada, tornando-se ele, então, o profissional que representará o

principal elo de ligação entre o turista e os demais fornecedores de serviços turísticos a

Page 27: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

27

serem realizados. Isso inclui não apenas a agência (em que o passageiro comprou o

produto), mas também as operadoras (emissivas e receptivas), meios de hospedagem

(hotéis, pousadas, alojamento, entre outros), empresas transportadoras (aéreas,

rodoviárias, ferroviárias, fluviais, lacustres ou marítimas), serviços de restauração

(restaurantes, lanchonetes, bares, etc.), atractivos (museus, teatros, casas nocturnas, casa

de espectáculos, edifícios históricos, centros culturais, parques, entre outros), alem do

comércio de modo geral.

A presença desse profissional é muito mais importante e significativa do que se

pode imaginar, como afirma Picazo:

O guia, na realidade, é muito mais que um mero acompanhante ou orientador.

Trata-se de um artista que sabe conferir cor e calor a uma paisagem, de um magico

capaz de dar vida a pedras milenares, de um acompanhante que consegue que os

maiores deslocamentos pareçam curtos, de um profissional, em definitivo, que torna

possível que nos sintamos como em nossa própria casa no interior de um arranha-céu

hoteleiro ou de uma cabana africana.

O amor que o guia de turismo demonstra pelo local visitado e a evidente

satisfação em mostra-lo aos turistas será o principal responsável pelo encantamento que

o grupo desenvolvera pelo local. Um guia que não possua envolvimento emocional

como local visitado possivelmente não conseguira cativar os turistas, e suas descrições

perderão em encanto e profundidade. 12

12 Cfr: Chimenti, Silvia; Tavares, Adriana de Menezes; Guia de turismo: o profissional e a profissão –

São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007 pp.17/19

Page 28: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

28

6-Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização

(Globalização e competitividade: o plano de fundo do desenvolvimento visto a partir do

território.)

Globalização e competitividade não são apenas temas novos. São dinâmicas que

alteram radicalmente o processo de organização e funcionamento económico do

território.

Para as empresas, globalização tem vindo a significar:

Uma profunda alteração do referencial espacial de mercado: não são a concorrência se

intensificou como, progressivamente, vão deixando de haver mercados protegidos – se

não vendemos no estrangeiro vem as empresas estrangeiras vender” à nossa porta”.

A alteração do conceito de tempo: encurtou-se o ciclo de vida dos produtos; a logística

deixou de ser um problema de minimização de custos de transporte; o período de

amortização do investimento passou a ser incerto, incrementado o risco associado ao

investimento.

A necessidade de alterar a lógica da gestão empresarial: a gestão operacional orientado

para a minimização dos custos tende a ceder lugar à gestão estratégica orientada para a

maximização das margens de comercialização.

Como consequência das mudanças anteriores, altera-se o conceito de actores: as

restantes empresas já não são apenas concorrentes de mercado, são,

simultaneamente, parceiros na procura de sinergias organizacionais e de

investigação. Assim o exigem a flexibilidade produtiva e a inovação que comandam

a actual lógica competitiva.

Em síntese, o cerne da competitividade das empresas reside na sua capacidade

de inovação e de diferenciação dos produtos.

Já não é a mão-de-obra barata, já não são os recursos naturais, já não é

minimização de custos dos transportes que determinam a competitividade das empresas

Page 29: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

29

ou mesmo dos territórios. Actualmente os recursos produtivos chave são, sem dúvida, o

conhecimento, a informação e a textura organizacional.

Neste novo quadro em que se movem as empresas, o epicentro da

competitividade empresarial transferiu-se do seu interior para o respectivo contexto

envolvente. Ou seja, a capacidade competitiva das empresas depende, em grande

medida, quer das condições envolventes da actividade empresarial, quer da forma como

cada empresa se insere na respectiva envolvente.

Dito de outra forma, o território constitui actualmente um factor de

competitividade das empresas, não se limitando a servir-lhes de suporte físico, até

porque a inovação – que é a alavanca da competitividade empresarial, recorde-se –

resulta essencialmente de um processo interactivo de aprendizagem territorialmente

matizado. Poderá mesmo dizer-se que a inovação é socialmente construída.

Assim, no actual contexto, o que determina que nuns sítios “apareçam” e

“floresçam” muitas empresas e que noutros não, é a qualidade ambiental e social do

meio e, particularmente, as infra-estruturas imateriais do desenvolvimento, expressas na

densidade e consistência relacional do tecido empresarial local, na riqueza dos fluxos

locais de informação estratégicos e no bom relacionamento interinstitucional.

Mas, a globalização não alterou apenas a “fórmula” da competitividade

empresarial. Também alterou as condições de concorrência territorial. Num mundo a

que já alguém chamou de “aldeia global” a concorrência de um território já não se faz

com o território geograficamente contíguo. Pode-se fazer com uma outra região ou

cidade geograficamente muito distante. Também os territórios passaram a ser

simultaneamente concorrentes e parceiros, já que actualmente a questão chave já não é a

concorrência com a região do lado, é sobretudo um problema de valorizar

complementaridades, de explorar sinergias.

Dada a mobilidade espacial do capital e a relativa homogeneização da dotação

do território em termos de infra-estruturas de localização, a concorrência interterritorial

já não se estabelece com base nas vantagens comparativas reveladas, mas com base na

capacidade para valorizar as especificidades locais e para criar factores localizados de

competitividade.

Com efeito, o potencial competitivo de um território repusa, conjuntamente,

sobre:

Page 30: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

30

O seu padrão de vantagens comparativas em termos de factores avançados de

competitividade, especialmente no que respeita à qualificação dos recursos

humanos, à dinâmica de consumo do mercado local e à acessibilidade e

articulação com os elementos do “sistema de conhecimento” – Universidade,

centros de excelência, empresas e serviços especializados de apoio à actividade

empresarial. Evidentemente, tais factores são parcialmente tributários da

qualidade residencial, ambiental e cultural local.

A capacidade dos agentes locais para promoverem foi de inserção regional,

nacional e internacional do território adequado às tendências macro-económicas

globais.

A dinâmica organizacional e relacional do tecido empresarial local. Neste

domínio relevam com determinantes da competitividade territorial,

nomeadamente, existência de uma base económica estruturada em clusters de

especialização flexível e a valorização do “capital relacional” local, tendo em

vista gerar sinergias inovadoras e garantir o acesso á informação estratégica e ao

mercado.

Page 31: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

31

6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural

Num movimento histórico e pendular, segmentos significativos da sociedade

têm voltado atenção à realização de actividades lúdicas em áreas verdes, montanhas,

cavernas, lagos, rios, cachoeiras e outros recursos do meio ambiente natural.

O ecoturismo ou turismo ecológico envolve uma série de acções voltadas para o

contacto com paisagens, acarretando impactos mínimos à flora e fauna. Com a

sistematização das viagens ao cenário natural, com base em princípios de educação

ambiental, o ecoturismo acabou por manter relação com inúmeras actividades:

desportos de aventura na natureza, turismo rural, observação da fauna e da flora, estudos

do meio.

Essas interfaces ocorrem de modo a termos um campo de similaridades muito

maior que a especificidade de cada tipo de turismo verde. É nítida a proximidade e as

relações entre os turismos rural e ecológico. O turismo rural tem sido uma das

possibilidades contemporâneas de lazer mais identificadas com visitas À natureza.

Existem alguns pontos que explicam essa proximidade.

A primeira está nas pessoas esbarrarem na difícil localização de unidades de

alojamento próximas às áreas visitadas (reservas, parques, sítios naturais, unidades de

conservação).

Page 32: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

32

7- Desenvolvimento em Meio Rural: rupturas conceptuais e novos desafios.

Antes de mais uma previsão conceptual: é de desenvolvimento em meio rural que

devemos falar e não de desenvolvimento rural. Tradicionalmente “rural” é entendido como o

espaço remanescente que não é urbano. Daí se parte para uma associação, sem dúvida

abusiva, de “rural” com agrícola.

Na verdade, o desenvolvimento do meio rural devera passar por um esforço de

modernização agrícola, mas não se esgota aqui. Impõe-se ultrapassar a visão dicotómica do

rural versus urbano, bem como aquela associação. Teremos de olhar a agricultura, ou

melhor, os agricultores, não apenas como produtores de bens alimentares mas como

produtores de ambiente. Teremos de olhar para o meio rural como um espaço de pluri-

actividade e como um espaço de integração da actividade económica e residencial com o

equilíbrio ambiental. Assim sendo, meio rural remete-nos não para aquela dicotomia mas

para o desafio de promover a articulação harmoniosa entre o espaço urbano e a paisagem

rural.

Esclarecida esta questão, outra se impõe: face ao pano do fundo que enunciamos no

ponto anterior, que futuro se depara ao Meio Rural em Portugal?

Ao longo das últimas décadas o modelo competitivo dos espaços rurais baseou-se:

Na exploração da mão-de-obra barata e desqualificada;

Na exploração de recursos naturais: terra e/ou sol-praia;

Nalguns casos, na valorização da proximidade física ao mercado, posicionando-

se o “rural” como fornecedor de produtos alimentares, de mão-de-obra e como

espaço residencial alternativo.

No futuro não há lugar para territórios competitivos com base num modelo destes.

Porque, como vimos, a competitividade já não reside na mão-de-obra barata, nos recursos

naturais, ou na minimização de custos de transporte. No futuro, que começou ontem, os

recursos produtivos chave são o conhecimento, a informação e a textura organizacional.

Assim sendo, estarão os espaços rurais condenados á marginalização e á

desertificação,

O risco existe, mas não me parece que estejamos perante um fatalismo. Alguns

espaços têm maior potencial de sobrevivência e de afirmação do que outros, mas não estão

necessariamente coordenados á desertificação. Em todo o caso, o futuro do meio rural

Page 33: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

33

dependerá sobretudo dos agentes locais e do entendimento que tiverem do que é o

desenvolvimento territorial.

Esquematicamente, podemos enunciar três maneiras de perspectivar o

desenvolvimento local:

I. A visão clássica, ou assistencialista, que se exprime essencialmente numa atitude

reivindicada dos actores locais junto da Administração Central. Os primeiros

reclamam recursos financeiros para construir infra-estruturas, a segunda procede á

distribuição do dinheiro por forma a mitigar as pressões reivindicativas dos actores

locais.

Elemento emblemático desta visão foi, e continua a sê-lo, a construção de estradas.

Neste particular a imagem do país rural mudou profundamente nos últimos 10anos. As

estradas mudaram, mas o nível de desenvolvimento nem tanto: O que é que falhou? É

que as estradas servem os dois sentidos: para ir mas também para vir. As infra-

estruturas de melhoria da acessibilidade são importantes para assegurar a qualidade de

vida das pessoas e a localização das empresas. Mas, parece ter-se esquecido que a

dinamização do tecido empresarial e a criação de emprego não podem prescindir dos

factores imateriais de desenvolvimento a que antes fazíamos alusão.

Não são as estradas que trazem desenvolvimento. Para as empresas, o principal

efeito das estradas traduzem-se na redução dos custos de transporte – seja no acesso ao

mercado ou na aquisição de matérias primas – porém, estes têm actualmente reduzida

expressão na estrutura de custos da maior parte das empresas. O desafio que se coloca

às empresas não é o de minimizar custos, é o de maximizar margens. Isso consegue-se

pela diferenciação de produtos, não porque se tem boas estradas.

Acresce que as estradas, nomeadamente às auto-estradas, geram um novo

problema: criam um efeito túnel. Aumentam a acessibilidade aos pontos extremos mas

tendem a isolar os aglomerados intermédios. Daí que actualmente para o meio rural seja

da maior importância aumentar as acessibilidades intra-regionais bem como as

acessibilidades intra-concelhias.

Associada com a acessibilidade está a questão dos equipamentos colectivos em meio

rural. Uma coisa é localizar equipamentos em conformidade com uma visão hierárquica

do espaço, o que nos conduz à especialização funcional dos equipamentos, outra coisa é

Page 34: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

34

apostarmos na polivalência desses equipamentos e pensarmos na proximidade das

pessoas e na sua acessibilidade.

Ao contrário da lógica de especialização prevalecente, a qualidade de vida dos

espaços rurais de menor densidade reclama uma lógica de concepção dos equipamentos

baseada na polivalência.

Ainda que estas ilustrações não sejam bastantes para demonstrar a ineficácia

desta via assistencialista de prosseguir o desenvolvimento local, não deveremos deixar

de reflectir sobre a capacidade reivindicativa do mundo rural no futuro. Nomeadamente

por referência aos grupos de pressão com inserção urbana - até por uma questão de

expressão eleitoral.

II. À perspectiva anterior do desenvolvimento opõe-se o que, à falta de melhor expressão,

designarei por visão “ecológico”- localista de construção de território alternativos.

Pretendem os seus intérpretes que esta é uma alternativa ao congestionamento urbano e

ao desenraizamento social e cultural, alicerçada numa outra organização social e

económica estabelecida em harmonia com a natureza e autocentrada do ponto de vista

do poder de decisão quanto às opções colectivas.

Trata-se de uma visão apelativa e, aparentemente, ambiciosa. Porém, transporta

para o meio rural assemelha-se a uma estratégia de geltização territorial, social e

política. Nem mesmo o enaltecer dos sentimentos contemplativos e as potencialidades

do teletrabalho parecem susceptíveis de configurar alternativas de desenvolvimento

generalizáveis ao mundo rural.

III. A terceira via de prosseguir o desenvolvimento do meio rural repousa sobre um

entendimento estratégico-processual do desenvolvimento sustentável e tem na

mobilização dos actores locais a sua pedra basilar.

Desenvolvimento sustentável porque deve procurar compatibilizar a salvaguarda

e valorização dos recursos ambientais coma a desígnio de promover a competitividade

da economia local; porque deve articular competitividade com coesão social e, ainda,

porque politicamente deve alicerçar-se na participação e no enriquecimento do conceito

de cidadania.

Deve entender-se como processual porque se trata de partir dos problemas, na

forma como eles são sentidos pelos actores locais, e identificar quais são as soluções

Page 35: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

35

que podem ser viabilizadas pela capacidade desses actores, sem prejuízo da definição e

contratualização de parcerias. Por ventura isto significará que, de um modo geral, o

desenvolvimento em meio rural passará por pequenos projectos. Mas atenção: convém

não confundir “fazer pequenos” com “pensar pequeno”. Importa não perder de vista o

pano de fundo que envolve a dinâmica económica dos territórios que queremos

desenvolver.

O esforço de desenvolvimento deve apoiar-se numa visão estratégica por forma

a compreender a lógica global que enquadra a transformação económica e social dos

territórios e retirar daí as devidas ilações quanto às oportunidades e ameaças,

potencialidades e pontos fracos.

Um pequeno exemplo. Aproveitar as potencialidades turísticas do Alentejo, de

que muito se fala, requer que se compreendam as dinâmicas globais dos diversos

segmentos da procura – até para não se cometerem os mesmos erros que se cometeram

noutras regiões do país. Se compreendermos aquelas dinâmicas facilmente chegaremos

à conclusão de que desenvolver o turismo no Alentejo passa, mais do que pela

construção de equipamentos hoteleiros, por criar condições de acolhimento ao visitante,

passa por estarmos atentos a pequenas coisa as como sejam: a sinalização na via

pública, a horário de funcionamento dos estabelecimentos, as “entradas” que se servem

nos restaurantes, ou mesmo os hábitos da venda do pão nas padarias. Ora, estas

pequenas “ coisas” remetem-nos, não para domínios que se resolvam com obras de

construção civil, mas, para um trabalho pedagógico de mudança dos hábitos e atitudes

culturais, o que é menos visível e muito mais difícil de fazer.

Retomando a questão. Se aceitarmos como valido este último entendimento do

desenvolvimento territorial, então promover o desenvolvimento do meio rural português

deverá passar pela adopção de uma politica que:

Promova a qualidade do meio rural, em todas as suas dimensões.

Dinamize a base económica local valorizando as respectivas especificidades

competitivas no contexto global, nomeadamente o saber fazer local, e

promovendo a organização em cacho dos seus segmentos de especialização –

estabelecendo para tal as necessárias articulações em rede com o tecido

empresarial regional.

Page 36: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

36

Fomente, apoie e qualifique a iniciativa empresarial, especialmente a micro-

iniciativa, quer no segmento da economia concorrencial, quer no domínio do

mercado social de emprego.

Promova sinergias relacionais entre o tecido empresarial e as instituições

públicas, nomeadamente no que se refere à partilha da informação, à valorização

de complementaridades regionais com vista a adquirir “massa crítica” nos

mercados (regional, nacional e internacional) e a assegurar o acesso a esses

mercados. Por exemplo, procedendo à grupagem de produtos tradicionais da

região e à promoção conjunta da sua comercialização.

Em síntese, o desenvolvimento do meio rural é fruto das políticas sectoriais –

nacionais (agrícola, florestal, ambiental, urbana, industrial, …), mas depende

fundamentalmente da capacidade, empenhamento e persistência dos agentes locais –

particularmente dos institucionais – para quebrarem o ciclo cumulativo do

empobrecimento, através da criação de factores avançados de competitividade

territorial.

Os desafios associados ao desenvolvimento do meio rural não decorrem tanto do

seu conteúdo como da forma de o fazer. A coordenação e a parceria não são fáceis. Mas

antes de nos precipitarmos a criar novos instrumentos, queimando apressadamente os

existentes, temos de saber delimitar as funções e as formas de articulação entre

entidades tão distintas como: as Associações Empresariais, as Sociedades de

Desenvolvimento Regional, as Agencias de Desenvolvimento, as Associações de

Municípios, os serviços desconcentrados da Administração Central – como sejam as

CCR e as DRA -, etc. Não podemos todos querer fazer tudo, nem devemos pedir a

qualquer entidade que faça o que não está preparada nem vocacionada para fazer.

A este propósito, permita-se-me aqui outro parêntesis. Este Colóquio consagra a

abertura de um pólo do ISCTE em Grândola, o que sem dúvida enriquece o potencial de

desenvolvimento local e configura um dos factores competitivos de que falava. Mas não

se pense que a partir daqui os agentes locais podem cruzar os braços. O sistema de

Conhecimento materializa-se na articulação entre a Universidade e o tecido empresarial

local e na articulação entre este tecido e os serviços de consultoria às empresas. Por

importante que seja serviços o papel da Universidade, o Sistema de Conhecimento não

se confunde com ela. As Universidades são o celeiro do conhecimento, mas, qualquer

alentejano sabe que por muito boa que seja a semente ela não se reproduz se a

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37

lançarmos num deserto de areia em vez de o fazer na terra fértil. Isto também se aplica

ao papel da Universidade enquanto factor do Desenvolvimento Local.13

13

Cfr. Revista Instituto de Estudos Superiores do Litoral Alentejanos (2000) “Territórios alternativos:

Actas do Colóquio Territórios alternativos, Ciência e Desenvolvimento, in FCT (Fundação para Ciências e

Tecnologia) pp47 à 54, INESLA

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38

8-Desenvolvimento Local, liderança estratégica e Regionalização: considerações a

propósito de um debate na ordem do dia

Decorre das considerações anteriores que a capacidade de liderança estratégica,

a coordenação supra-municipal da decisão e a parceria entre actores - contratualizada ou

não – constituem instrumentos - chave do desenvolvimento local. Com efeito, a visão

estratégica – processual do Desenvolvimento Local pressupõe a existência de suportes

organizacionais de base territorial que promovam o diálogo, a responsabilização e a

parceria entre os agentes locais. Mas para o fazerem com eficácia e eficiência é preciso

que detenham poder de decisão. Adicionalmente, para que possam ser o intérprete do

interesse colectivo é necessário que as suas decisões sejam socialmente legitimadas. Em

democracia esta legitimação decorre da escolha dos titulares dos órgãos de poder por

sufrágio eleitoral.

Os municípios detêm significativa autonomia e legitimidade social – reforçada

aliás pela exemplaridade da obra feita – mas não dispõem de massa crítica, não têm

escala suficiente, para responder com eficácia e eficiência aos desafios do

desenvolvimento local no actual contexto de globalização.

A Regionalização agora em Referendo não é a solução milagrosa para o

desenvolvimento Regional. Este depende sobretudo da natureza da Politica Regional a

prosseguir – o que não está em discussão – mas, seja como for, o desenvolvimento local

e regional não pode prescindir de um suporte organizacional que lhe confira liderança

estratégica. Ora, a Regionalização em debate é uma oportunidade para reforçar a

capacidade de liderança de desenvolvimento local, promover espaços de concertação e

de parceria estratégica entre os actores do desenvolvimento.

Conseguem imaginar o que será hoje á qualidade de vida dos portugueses se em

1976 não tivessem sido criadas as Autarquias Locais? Pois bem, no actual quadro

institucional de suporte à inserção geo-estratégica do país, as Regiões Administrativas

são, nem mais nem menos, os municípios da União Europeia. Os Municípios estão para

o País, como Regiões Administrativas deveriam estar para as instituições da União

Europeia. Afinal, hoje, como em 1976, o que está em causa com a Regionalização é o

direito e a liberdade de tomarmos nas próprias mãos as decisões sobre o nosso destino

colectivo.

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9- Planeamento e Organização de Projectos

9.1- Elaboração de um projecto turístico

Percurso da serra da Aboboreira

Mapa 4: Percurso da Serra da Aboboreira

Legenda:

1. Centro Hípico

2. Aldeia de Currais

3. Aldeia de Almofrela

4. (4.1/4.2). Dólmens de Outeiro de Gregos 1 e 2

5. (5.1/5.2). Dólmens de Outeiro de Ante 1 e 3

6. Capela N.Srª da Guia

7. Pedra do Sol

8. Dólmen de Meninas de Castro 3

9. Fonte do Mel

10. Dólmen Chã da Parada (Monumento Nacional)

Parque de Merendas

Albergue

Parque Eólico

Alminhas

Estrada Nacional N321

Trajecto do Percurso

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40

10- Rota da Serra da Aboboreira

10.1- Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da

Aboboreira

10.1.1- Flora Autóctone

O realce vai para as manchas remanescentes de carvalhais galaico-portugueses,

bosques climatéricos de carvalho-alvarinho (Quercus robur), os últimos do distrito do

Porto e dos melhores conservados do maciço Marão/ Alvão/ Aboboreira, que

sobrevivem em vales abrigados entre os 600 e 750 metros de altitude.

Estes bosques de carvalho-alvarinho da Serra da Aboboreira que, por vezes,

surgem em associação com outras Quercíneas como o Carvalho negral (Quercus

pyrenaica), sobretudo nas áreas de solo mais secos, ou nas encostas mais soalheiras,

enquadram-se, do ponto de vista fitossociológico, na associação Rusco aculeati.

Quercetum roboris e albergam inúmeras espécies de plantas arbustivas e herbáceas da

flora nemoral, como o azevinho (ilex aquifolium), a aveleira (Corylus piraster), a

gilbardeira (Ruscus aculeatus), a saxifraga (saxifraga spathularis) e o Castanheiro

(Castanea sativa).

Imagem 2: Carvalho-alvarinho (Quercus robur)

Imagem 3: Carvalho-negral (Quercus pyrenaica)

Page 41: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

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Imagem 4:Azevinho (Ilex aquifolium)

Imagem 5:Aveleira (corylus piraster)

Imagem 6: Castanheiro (castanea sativa)

Imagem 7:Gilbardeira (Ruscus aculeatus)

Page 42: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

42

Imagem 8:Saxifraga (saxifraga spathuslaris)

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Ervas Aromáticas

Nesta zona é característica a utilização de ervas aromáticas, quer na

gastronomia, quer na medicina tradicional, tais como o rosmaninho, alecrim, o louro, a

hortelã, a salsa, o funcho, a arruda, o travisco, a cidreira, a marcela, a arnica, os agriões

e os poejos.

Imagem 9:Rosmaninho (lavandula pedunculata)

Imagem 10: Trovisco (Daphne ignidiuml)

Imagem 11: Alecrim (Rosmaninus officio nalis)

Imagem 12: Hortelã ( Mentha piperital)

Page 44: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

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Imagem 13: Salsa (Petrose lirum crispum)

Imagem 14: Arrunda (Ruta graveolens L)

Imagem 15: Funcho ( Foeniculum vulgare)

Imagem 16: Louro ( Laurus nobilis)

Imagem 17: Cidreira ( Melissa officinalis)

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10.1.2- Fauna

Correspondendo à diversidade de biótopos naturais, a Serra da Aboboreira

alberga igualmente um importante e rico património faunístico, sendo de destacar, no

que diz respeito aos invertebrados, várias espécies de Lepidópteros (Borboletas),

algumas das quais raras e ameaçadas a nível Europeu como a Callophrys Avis, a

Melitaea trivia e a loenonym pha iphioides, para além de várias espécies de Coleópteros

(Escaravelhos), entre os quais o lucanos cervus. Contudo, para além invertebrado, a

Aboboreira alberga ainda cerca de 68 espécies de vertebrados terrestres, não incluindo

as aves.

De entre estes, realce para alguns endemismos com elevado interesse

conservacionista, como é o caso da Salamandra. Lusitânia (chioglossa lusitanica), do

Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), da Rã-ibérica (Rana ibérica) e do lagarto-de-

água (lacerta schreiberi), no caso da Herpetofauna e da Toupeira-de-água (Galemys

pyrenaicus ). Nos mamíferos destacam-se o javali (Sus scrofa), o Gato-bravo.

Imagem 18: Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai)

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46

Na fauna doméstica, há a salientar o gado ovino e caprino, que pastoreiam na

encosta da serra, permitindo fazer o saboroso queijo fresco, assim como o bovino ainda

utilizado na agricultura tradicional.

Imagem 21:Caprino

Imagem 20:Ovino

Imagem 19: Bovino

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10.1.3 - As Casas e os Lugares

Estamos na presença de um espaço natural que ao longo dos tempos se

transformou num lugar para habitar, para trabalhar, para brincar, para crescer. Homens,

mulheres, crianças e velhos foram de forma contínua burilando a natureza rude e

selvagem, de forma a torna-la mais doméstica e mais habitável. Um conjunto de lugares,

de sítios, uns muito pequenos, onde só cabe uma família e um casebre, outros maiores

onde se construíram linhagens, casórios, e grandes casas. Desenvolveram e aplicaram as

suas tecnologias, os seus saberes e transformaram uma natureza num património

cultural e ambiental. Foram bosques de soutos, foram campos e sistemas de rega

complexos, domesticação de animais e apuramento genético de raças. Construíram-se

casas e canadas, quelhas e ruelas tortuosas, ligaram-se comunidades e povos. Todo um

mundo social em construção e evolução. A terra e a serra dava tudo, ou quase tudo. O

pão, a carne, a lenha, a água. As divindades foram aparecendo, de forma ingénua no

início e depois, mais elaboradas e substantivas. Capelas, e pequenas ermidas ergueram-

se para se venerarem os seus Santos e Santas. Santa Bárbara nos proteja das trovoadas e

dos raios. O aconchego espiritual e religioso começam a domesticar estes povos mais

devotos do profano e da religiosidade popular. As famílias foram-se organizando,

primeiro em linhagens, depois em grupos domésticos mais individualizados. Aparecem

outras casas, outras famílias, a fragmentação aparece e o sentido comunitário e colectivo

da grande casa e da grande família desaparece e é ocupado pelo individualismo, pela

célula familiar restrita.

Quem sobe a montanha vai encontrando esse sentido antropológico de organizar

o espaço social destes montanheses. As aldeias agrupam casas e grupos domésticos

específicos, aqui são os Lobos; ali são os Oliveiras; do outro lado são os Freixos; temos

também os Souzas; os Pinheiros. Nomes, famílias, grupos domésticos que se cruzam

nas suas histórias de vida. Umas mais alegres, outras mais tristes. O drama e a epopeia

fazem parte da identidade de qualquer povo, e este não foge à regra. Trocam-se homens

e mulheres, celebram-se casamentos e alianças, discute-se o dote na tasca ou na adega,

as filhas magras e altas, de olhos grandes e cabelos claros esperam pela decisão no

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terreiro da capela. Está na ora de construir nova casa, nova família, nova aliança. A

alegria rebenta com choros baixinhos, é a angústia da partida.

Lá em baixo, Almofrela prepara-se para a Festa da Santa Bárbara, homens de

vara comprida e chapéu preto, com animais presos por argola, corpulentos e majestosos,

falam, gesticulam. Uma espécie de celebração comunitária, de dia de todos os santos.

Os sinos tocam, rapazes correm pelos caminhos descalços a chamarem as mães que

trabalham nos campos, as portas abrem-se, o padre benze as casas, os mordomos lançam

saudações. E prova-se o vinho, comem-se os figos e o salpicão.

O fumo sai de forma preguiçosa das casas baixas, como se estivessem a dormir

profundamente. Uma fumarada invade cozinhas e alcovas, os tectos pretos, já não

deixam conhecer as madeiras que dão abrigo a estas almas. O colmo abriga do frio que

corta os corpos como fio de navalha, as crianças que guardam os gados mijam nos pés

descalços, única forma de os aquecer deste frio centenário. E comem um naco de pão

com uma espécie de unto de porco à mistura.

Aldeias, casas, ruas, lugares. Currais, duas linhas de casas alinhadas de um e do

outro lado do velho caminho. Canastros em lugares de sol e vento. Cortes de gado,

paredes meias com as habitações. Uma espécie de aquecimento central.

Depois, temos lá em cima Vale Abrigoso, um lugar único, belo e em ruína. Onde

outrora moças e moços, brincaram, cresceram e casaram. Com casebres enterrados no

chão, casas finas de granito e telha, onde padres e senhores sonharam e possivelmente

conspiraram contra liberais e republicanos. Gente que lutou contra o invasor francês de

forma aguerrida. Contam-se histórias de meter medo ao diabo (que soltava o agoiro nas

casas abandonadas) sobre as lutas que se travaram na região, onde mulheres e homens

defenderam a serra de forma implacável.

A serra constitui uma espécie de áxis mundi enquanto lugar de referência para

todos aqueles que aí nasceram e partiram para outros mundos. A serra ficou pobre e

abandonada de gentes e povos, os gados diminuíram drasticamente (ainda antes da

PAC) e das normas da Comunidade Europeia. Agora, já não se podem saborear os

queijinhos feitos pela mulher do senhor Pinheiro no lugar de Aboboreira. As leis

sanitárias estão a matar os produtos locais. O gado frísio ocupou o lugar de direito do

gado arouquês, uma espécie autóctone de grande importância ecológica e económica,

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49

pela sua diversidade e adaptabilidade às serras e ao seu pasto. Temos um espaço de

montanha em perda de biodiversidade natural e singularidade cultural. Fica-nos, uma

placa fina de representação da vida da serra, uma espécie de folclore comercial, que

tenta animar os espaços sem vida sem alma cultural. Uma espécie de “fantasia lusitana”,

como se nada tivesse mudado, como se nada tivesse acontecido. A serra está um espaço

vazio, sem gentes, sem gado, sem casas, sem ambiente, sem tecnologia. Virou a uma

espécie de parque temático em estalo de ruína – alegoria da representação Serrana14

.

Para João Arriscado Nunes (1994:58-59) a importância da cultura «reside no facto de

ela permitir criar as identificações em situação, através das quais os actores sociais

definem o que os une – e a quem -, e o que os separa - e de quem – em cada

situação»15

. Os naturais de Almofrela, ainda hoje, se encontram anualmente na aldeia

que os viu nascer e crescer, visita esporádica é certo, mas que permite comungar deste

pathos original – serem de aqui -, mas viverem acolá.

14

Cfr. RODRIGUES, Fernando Matos (1994) “O Espaço Doméstico da Morte. Fragmentos de memória

colectiva” in Revista RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp39-56.

15 Cfr NUNES, João Arriscado (1994) “Os Espaços E Os Tempos Da Cultura e Das Identidades” in Revista

RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp.57-63.

Page 50: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

50

10.2- Identificação e estudo da micro-toponimia

A identificação dos lugares de Almofrela, freguesia de Campelo estão associados à

organização e divisão das propriedades. Por exemplo caminho do Eido de Baixo, Caminho do

Vale de Pedra, caminho da Poça de Salgueiro, Caminho do Vale Abrigoso, entre outros.

O espaço central da aldeia de Almofrela esta identificado com o nome de São Brás,

evocação do santo que da nome a mesma capela implantada no centro do lugar. Estamos na

presença de um hajiotoponio que empresta ao lugar a sua carga simbólica e religiosa de

identificação colectiva.

Temos também como topónimos o nome de salgueiro que são uma espécie de

fitotoponimio consequência das espécies argorias que fazem parte da paisagem local. Os

vestígios arqueológicos (antas ou Dólmens) também fazem parte dos elementos

arquitectónicos identificativos deste território.

Em relação ao topónimo Almofrela, facilmente se deduz que é um antropónimo de

origem muçulmana, registando desta forma simples mas duradoura a presença da cultura

muçulmana na península ibérica.

Rua de Almofrela Caminho do Eido de Baixo

Caminho do Vale de Pedra Caminho da Poça do Salgueiro

Caminho do Vale Abrigoso

Page 51: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

51

10.3- Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira

Sexo:

Feminino - 6

Masculino - 4

Escolaridade:

Sem escolaridade - 4

1º Ciclo - 2

2º Ciclo - 3

3º Ciclo -1

Ensino Secundário -

Ensino Superior -

Anos em que vive na Aldeia:

- 5 - 1

5/10 - 1

11/20 - 4

+ 20 – 4

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52

Gosta de viver na Aldeia?

Sim -9 (pessoas)

Não - 1 (pessoa)

Porque?

Têm poucas pessoas;

Quais as maiores dificuldades encontradas na aldeia?

1. 20% Da população inquirida respondeu que tinha falta de meios de transporte;

2. 20% Da população inquirida respondeu que à uma longa distância dos centros

urbanos;

3. 15% Da população inquirida têm dificuldade em se deslocar a qualquer tipo de

Comércio;

4. 15% Da população inquirida sente a necessidade de um Posto Médico na aldeia ou a

dificuldade de se deslocar a um posto médico mais perto;

5. 10% Da população inquirida não têm Saneamento;

6. 7,5% Da população inquirida não têm Água Canalizada;

7. 7,5% Da população inquirida diz que a aldeia não tem Segurança;

8. 5% Da população inquirida tem falta de Electricidade;

Que actividades são exercidas ao longo do dia pelas pessoas da aldeia?

1. 35% Da população inquirida trabalha no campo;

2. 30% Da população inquirida é reformado;

3. 20% Da população inquirida são donas de casa;

4. 10% Da população inquirida são estudantes;

5. 5% Da população inquirida trabalham no comércio;

Porque?

Mora a 72 anos na aldeia;

A casa onde vive é dos pais;

Aldeia onde nasceu;

É calmo;

A esposa é da aldeia;

Bem pessoas novas passar férias

Tem o ar puro;

Gosta da Natureza;

Page 53: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

53

Porque é que a aldeia se chama Almofrela?

Toda a população inquirida não sabe o porque de a aldeia se chamar Almofrela.

O que é que nos pode contar sobre a história da aldeia?

Toda a população inquirida não sabe histórias da aldeia.

Já ouviu falar em Turismo Ambiental e Rural?

40% Da população inquirida respondeu que sim.

60% Da população inquirida respondeu que não.

Se sim, explique porque.

- É uma coisa do ambiente e Rural dos meios (Lavradores);

- Ter cuidado com a Natureza, não criar poluição. E rural é manter as tradições.

O que pensa na iniciativa de recuperar as casas abandonadas para o Turismo?

70% Da população inquirida concorda totalmente;

30% Da população inquirida concorda;

Nenhum dos inquiridos discorda.

Como classifica as potencialidades turísticas como aposta no futuro económico da

aldeia? (De 1 a 10)

1-

2-

3-

4-

5- 10%

6-

7-

8-20%

9- 40%

10- 30%

Page 54: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

54

Do seu ponto de vista qual será o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro?

45% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar

no futuro é o envelhecimento;

30% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar

no futuro é o envelhecimento;

15% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar

no futuro é a reconversão como aldeia turística;

10% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar

no futuro é a sua modernização;

O que é para si uma Rota Turística?

80% da população inquirida não sabe;

20% da população inquirida respondeu:

- É um conjunto de rotas onde podemos passar e ver as paisagens;

- Aquela pessoa que vem a andar de um lado para o outro.

Considera que a Aboboreira tem potencialidades para fazer parte de uma Rota

Turística?

100% da população respondeu que sim.

Page 55: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

55

10.4- Identificação e caracterização do Património Arqueológico Arquitectónico da

Serra da Aboboreira

A Serra da Aboboreira, um contraforte granítico implantado no extremo

ocidental do maciço montanhoso Marão/Alvão, está localizada no extremo noroeste do

distrito do Porto, Portugal. Distribui-se pelos concelhos de Amarante, Baião e Marco de

Canaveses.

Não é muito acidentada, estendendo-se por longos planaltos (designados por

«chãs»), e eleva-se até uma altitude de 1 000 metros, sendo de destacar, pela sua

importância, três pontos: o da Abogalheira, com 962 metros; o de Meninas, com 970 e o

da Senhora da Guia com 972 metros.

Os primeiros vestígios de ocupação humana detectados na Serra da Aboboreira

datam de 4500 anos AC Neolítico. A ocupação do planalto superior da Serra estende-se

até à a Idade do Bronze(2 500 a.C.). De todos os túmulos inventariados destaca-se o

dólmen de Chão de Parada 1, Monumento Nacional desde 1910.

Page 56: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

56

10.4.1A necrópole megalítica da Aboboreira

Os estudos arqueológicos que têm vindo a ser realizados nas serras da

Aboboreira e do Castelo desde 1978 revelaram já a existência de uma vasta necrópole

megalítica, a única exaustivamente estudada e das maiores que actualmente se

conhecem em território português, com cerca de quatro dezenas de mamoas

identificadas. As mamoas estão normalmente dispostas em grupos (como nos conjuntos

megalíticos de Chã de Parada, Chã de Ante, Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do

Crasto), ocupando zonas planas, normalmente planálticas. No seio de uma maioria de

mamoas pequenas, ou médias, cuja datação científica sugere serem as mais antigas

(embora nem todas tenham sido datadas), insere-se uma minoria de dólmens de

relativamente grande porte, um deles com corredor e átrio (dólmen 1 de Chã de Parada).

Na estrada de Baião para Mesão Frio, no lugar de Queimada, pode-se seguir por

um estradão que sobe para o planalto da Aboboreira e o cruza, dando acesso aos

múltiplos monumentos. Embora não exista nenhuma indicação para os visitantes ao

longo do estradão, o que torna difícil encontrar a maioria deles para quem não conheça

o local, é relativamente fácil encontrar os monumentos na Chã de Parada, Chã de Ante,

Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do Crasto. Este estradão percorre o mesmo

caminho da antiga «estrada da liteira»16

.

16

http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira

Page 57: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

57

10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade Média

Encontram-se também vestígios da Idade do Bronze. É o caso da necrópole do

Tapado da Caldeira onde foram escavadas quatro sepulturas, contendo, cada uma delas,

um vaso. São também desta época os primeiros povoados conhecidos nesta área, com

fossas abertas no saibro, buracos de poste e lareiras, como o da Bouça do Frade. Estes

povoados parecem mostrar que, no final da Idade de Bronze, a região conheceu uma

ocupação mais intensiva das zonas dos vales férteis e uma maior estabilidade do habitat.

No topo da serra do Castelo, fronteira à da Aboboreira, havia na Idade Média o

antigo Castelo de Penalva (no alto que designa hoje por Castelo de Matos), da família

nobre de Baião, que topograficamente dominava a Terra de Baião. Foram encontrados

vestígios de um castelo de madeira dos meados do século XI e, na orla do cume, de uma

muralha em pedra que rodeava um habitat (século XI-XII). Foi lá encontrada uma

espora de um cavaleiro medieval e várias pontas de tiro ao arco17

.

17

http:pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira

Page 58: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

58

10.4.3- Anta da Aboboreira

Imagem 22: Anta no campo arqueológico da Serra da Aboboreira, Baião

Figura 1:Planta da Anta da Aboboreira

A Anta da Aboboreira, Anta de Chã de Parada, Casa da Moura de São João de

Ovil, Casa dos Mouros, Cova do Ladrão, Dólmen da Fonte do Mel ou simplesmente

Dólmen de Chã de Parada é o grande dólmen de corredor de Chã de Parada, o mais

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conhecido da Serra da Aboboreira. Do período Neo-Calcolítico, é considerado um

monumento nacional desde 1910.

Trata-se da câmara dolménica da mamoa 1 de Chã de Parada, na freguesia de

Ovil, Baião, que se pensa ter sido construída perto do início 3º milénio a.C, ou seja, há

uns 5000 anos. É um dos cerca de quarenta monumentos já identificados na necrópole

megalítica da Serra da Aboboreira.

Trata-se de um dólmen de corredor (virado a nascente e com cerca de 4,5 metros

de comprimento) com 9 esteios de granito e uma laje de cobertura. Existiam dantes

restos de pintura a vermelho no esteio da cabeceira, actualmente invisíveis à vista

desarmada. Em três das suas lajes encontram-se esculturas (motivos artísticos gravados)

radiantes ou estiliformes, algumas das quais só podem ser vistas claramente por

decalque. Na parte central superior da laje de cabeceira do dólmen, encontram-se quatro

representações de um motivo em forma de jarra (em falso relevo no motivo superior e

incisa nos restantes) que também ocorre em monumentos megalíticos da Galiza

(Dombate, Casa dos Mouros e Espiñaredo) - chamado «a coisa» - de que se ignora o

significado (Cassen e Lastres pensam que poderá ser uma representação de um

cachalote).

Figura 2:. Os dois círculos e covinha quando iluminados por baixo fazem surgir uma máscara

Page 60: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

60

No segundo esteio do lado direito, há uma figura radiada e no terceiro há dois

círculos, lado a lado, e uma pequena covinha entre a base dos dois e mais acima, à

esquerda, uma figura que lembra vagamente um 8.

O dólmen estava outrora coberto por uma colina artificial (a mamoa), que ainda

se percebe e que teria por função escondê-lo, protegendo-o, e, por outro lado, poderá ter

fornecido um plano inclinado para o transporte da grande tampa da câmara até à sua

posição definitiva.

A mamoa, que está parcialmente destruída, tem um formato ovóide (com um

eixo maior de cerca de 24m, no sentido W-E, e um eixo menor de cerca de 20m, no

sentido N-S).

A Anta da Aboboreira esteve durante anos (e até Julho de 2006) parcialmente

coberta por terra para proteger o monumento. Nessa altura, foram feitos trabalhos de

preservação e restauro do monumento e limpeza da vegetação e líquenes que cobriam o

monumento e a sua área envolvente, tendo-se procedido à aplicação de herbicida. Foi

também introduzido um geo-dreno, colocada uma manta geotextil na base do interior da

câmara, corredor e zona frontal do dólmen e construído um sistema interno de

contrafortagem dos esteios e um anel de contenção18

.

18

http://pt.wikipedia.org/Anta_da_Aboboeira

Page 61: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

61

10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos

Imagem 23: A câmara da Mamoa 1 é constituída por lajes tombadas, dispostas segundo o seu lado maior

Imagem 24: Mamoa 2 de Outeiro de Gregos

Page 62: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

62

Imagem 25: Mamoa 3 de Outeiro de Gregos

O Conjunto Megalitico de Outeiro de Gregos fica numa área de acumulação de

sedimentos transportados por águas de escorrência designada por Chã de Outeiro de

Gregos, na Serra da Aboboreira, Ovil, Baião.

Nesta chã encontram-se monumentos de características diferentes, que se pensa

terem sido construídos em épocas distintas:

Mamoa 1 – cista megalítica (2300-1900 AC)

Mamoas 2 e 3 – dólmenes fechados (4450-3700 AC, datas calibradas)

Mamoa 4 - sepulcro ortostático (3200-2700 AC)

Mamoa 5 - um «cairn» (mamoa feita só com pedras) (depois de 1900 AC)

Mamoa 1

Trata-se de uma cista megalítica cuja área sepulcral é delimitada por um círculo

lítico inserido num «cairn». A câmara é constituída por lajes tombadas, dispostas

segundo o seu lado maior, e contrafortadas por outras lajes do mesmo tipo. Na base da

câmara, foi encontrada uma peça de arame de prata em forma de espiral (característica

Page 63: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

63

da primeira fase do Bronze Antigo). Em torno da mamoa propriamente dita, há um

lajeado horizontal com cerca de 2,40 m de extensão, feito de pequenas lajes ou blocos

encostados uns aos outros, constituindo como que um pavimento irregular de pouca

espessura, deixando numerosos pequenos interstícios, preenchidos com terra, entre os

elementos que o constituem.

Este lajeado parece ter tido apenas por função a demarcação simbólica do

espaço sepulcral em relação ao espaço natural envolvente. (Esta mamoa, que não é tão

facilmente visível a partir do estradão como as mamoas 2 e 3, está do lado oposto à

Mamoa 2, em relação ao estradão).

Mamoa 2

É uma mamoa em terra, revestida por uma couraça constituída por um imbricado

compacto de pedras que na periferia se arqueia até à rocha de base, por forma a encerrar

o tumulus num invólucro lítico protector. É genericamente circular, de 15 metros de

diâmetro, e apresenta um dólmen, com toda a probabilidade fechado, de câmara

poligonal, com um espaço interno diminuto, com cinco esteios verticais, que se pensa

terem sido originalmente oito. Sob uma das lajes, encontrou-se um fragmento cerâmico

(conta de colar). Desde 2007, esta mamoa é facilmente visível a partir do estradão.

Mamoa 3

É uma mamoa subcircular, de 12 metros de diâmetro, feita em terras, revestida

por uma couraça, havendo indícios de um possível círculo lítico de contenção. A câmara

é um dólmen simples fechado com 7 esteios, com um espaço interno diminuto, e de

altura máxima 1,9 metros.

Page 64: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

64

Mamoa 4

É uma mamoa subcircular pequena e muito baixa, com revestimento pétreo

quase horizontal. É em terras e pedras e tem cerca de 9 metros de diâmetro e 0,2 metros

de altura. A câmara é um sepulcro ortostático (com lajes verticias) e lembra já as cistas

megalíticas. Parece ser de inumação individual e evidenciar um posicionamento mais

discreto no terreno, com a utilização da área periférica das chã, na proximidade de

outros monumentos mais antigos, e reduzida ou nula monumentalidade.

Mamoa 5

É uma mamoa baixa, constituída por uma camada de terras recoberta por uma

aglomeração de pedras, formando um «cairn» baixo (0,6 m), com um diâmetro médio

de 10 m. Não tem uma estrutura central (sem câmara)19

.

19

http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitico_de_Outeiro_de_Gregos

Page 65: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

65

10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Crasto

O Conjunto Megalítico de Meninas do Crasto fica na vizinhança de uma

elevação com esse nome, que tem um marco geodésico, na Serra da Aboboreira, Ovil,

Baião. Foram nele identificadas seis mamoas do período Neo-Calcolítico, três das quais

já foram estudadas:

Mamoa 1 - mamoa em que a área sepulcral é delimitada por um círculo de pedras

fincadas.

Mamoa 2 - Foi «salva» em 1982, face a destruições efectuadas para consertar um

estradão. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o monumento indicaram uma

data entre 4229 e 3969 a.C. (fim do V ao início do IV milénio a.C.)

Mamoa 3 - é um tumulus (mamoa) em terra, revestido por um contraforte de lajes

sobrepostas e particularmente bem conservadas e bem imbricadas. Quando foi escavada,

tinha uma pequena câmara poligonal, com quatro esteios ainda no seu sítio e um

tombado. Foram encontrados seis esteios e deverá ter existido um sétimo esteio, já que

foi identificado «um negativo» de uma laje (indícios no solo do sítio onde ela

assentava). A laje de cobertura estava implantada no terreno, a cerca de trinta metros a

norte do monumento. Em 2006, verificou-se que a câmara corresponde a uma câmara

fechada e que a ausência do esteio, entre os esteios nº 1 e esteio nº 6 é decorrente da

amputação a que a área foi sujeita pela abertura do caminho. Procedeu-se então à

colocação de uma manta geotextil no interior da câmara, foi construído um sistema de

contrafortagem no interior da câmara e um sistema de drenagem simples.

Mamoa 4 - Restos de um pequeno tumulus baixo muito violado. É uma mamoa

relativamente isolada, embora a cerca de 200 metros para SSO fique a Mamoa 3.

Apresenta um anel periférico de contenção constituído por grandes blocos e lajes de

granito. Interiormente, há um segundo reforço, também constituído por grandes blocos,

mas em posição mais desordenada. Do espólio recolhido, destaca-se uma espiral em

prata, um fragmento de um vaso de superfícies polidas, com dois pequenos mamilos

achatados no bordo, e um fragmento de colar em matéria negra, com toda a

probabilidade azeviche. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o saibro

Page 66: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

66

calcado indicaram uma data entre 3300 e 2041 a.C. (fim do IV ao fim do III milénio a.

C.)20

.

20

http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megal%C3%ADtico_de_Meninas_do_Castro

Page 67: Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

67

10.4.6- Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante

Figura 2: Escavações na Mamoa 3 de Outeiro de Ante, em 1978

O Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante fica na Serra da Aboboreira, Ovil,

Baião. Foram nele identificadas quatro mamoas, três das quais já foram estudadas.

Foi no Outeiro de Ante, em 1978, que começaram as escavações na Serra da

Aboboreira com a escavação da Mamoa 3, tendo-se investigado pela primeira vez a

totalidade de um tumulus, em vez da até aí habitual limitação da exploração, em

Portugal, à câmara megalítica e ao seu “espólio” funerário.

Mamoa 1 - é o maior monumento megalítico da Serra da Aboboreira. O tumulus possui

uma altura máxima de cerca de 2m e tem uma forma sub-elíptica com cerca de 21m de

eixo maior (na direcção NW-SE) e cerca de 19m de eixo menor (na direcção NE-SW).

O dólmen possuí uma forma poligonal alongada, sub-elíptica, originalmente com sete

esteios, e uma entrada aberta a nascente. Em 2006, durante trabalhos de restauro, foram

identificados os alvéolos de assentamento dos esteios nº 3, 4, 5, 6 e 7 e observada uma

estrutura sob os sedimentos do tumulus. Foi também então colocado um sistema de

drenagem simples e uma manta geotextil na área da mamoa. (Esta mamoa já se encontra

em terrenos que pertencem ao concelho de Amarante).

Mamoa 2 - é um dólmen simples, com um anel circular de contrafortagem. Possui uma

couraça de pedras circular de protecção do tumulus, muito homogénea e com 6m de

diâmetro. Junto à periferia da mamoa, as terras cobertas pela couraça continham uma

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68

grande quantidade de carvões cuja análise indicou uma data entre 5200 e 4470 A.C.

(fim do VI a meados do V milénio a. C). A câmara dolménica tem a sua possível

entrada virada para Este e possuía 5 esteios, 3 deslocados, e 2 fragmentos de esteios no

seu sítio. Encontraram-se vestígios de cerâmica e pedras talhadas em sílex.

Mamoa 3 - tem cerca de 11 metros de eixo menor e cerca de 14 metros de eixo maior e

foi escorada com pedras, quer em superfície (formando uma couraça protectora) quer

perifericamente, rodeando-a de uma espécie de suporte de contenção. Tem uma câmara

poligonal simples sem corredor, com dois esteios encontrados no seu sítio. A análise a

carvões na base da mamoa indicou uma data entre 4810 e 2290 A.C. (início do V a fins

do III milénio a. C.) A mamoa estava consolidada por uma única camada de pedras

(com o formato de lajes) na sua parte central superior, em torno da câmara. A base

dessas pedras, e os seus interstícios, estavam preenchidos por pequenos blocos de

quartzito ou quartzo, angulosos, partidos intencionalmente, para reforçar a estrutura.

Mais para o exterior, a camada tornava-se dupla, tripla ou quádrupla, sendo já as lajes

da periferia, situadas a maior profundidade, de grande formato. Passava-se pois,

progressivamente, de um lajeado superior a uma espécie de coroa circular que amparava

as terras que formavam toda a base do monumento. A imbricação das pedras dessa

estrutura era, nas zonas bem conservadas, perfeitíssima, sendo muitas dessas pedras

especialmente afeiçoadas para melhor se inserirem no espaço que iam preencher. Em

2006, durante trabalhos de restauro, não foi possível reconhecer se se tratava de uma

câmara fechada ou aberta. A mamoa foi então coberta com terra e foi colocada uma

manta geotextil no interior da câmara e construído um sistema de contrafortagem da

câmara e um sistema de drenagem simples21

.

21

http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitco_de_Outeiro_de_Ante

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10.5- Identificação do património material das Aldeias (lendas, contos)

Especulação sobre a Santinha da Serra da Aboboreira

Nos anos 30, um pastor de Baião disse ter visto a Virgem Maria neste sítio.

Depois de muitos milagres, testemunhos recolhidos, e sucessivas peregrinações

do povo local, acabou por ser construída uma capela, neste alto da serra.

É a capela de Nossa Senhora da Guia. Aqui se conserva ainda o penedo, onde

ocorreram as aparições.

A Lenda de S.Brás

S.Brás nasceu na capela velha de Corrais e a população de Almofrela trouxeram-

no para a capela dessa mesma aldeia, deixaram-no no altar e no dia seguinte abriram a porta

da capela e o santo não estava lá.

Voltou outra vez para a capela velha de Corrais, onde nasceu.

Cantigas

Vale de Abrigoso caiu

Currais está no chão

E viva Almofrela

Que ainda tem mão.

Em Currais já não há mossas

Que as comeu a geada

Em Almofrela escaparam três

Debaixo de uma ramada.

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11.Anexos

Fotos de Almofrela

Imagem 26: Vista panorâmica sobre a aldeia de Almofrela

Imagem 27: Largo do S.Brás (Aldeia de Almofrela)

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Imagem 28: Capela de S.Brás (Aldeia de Almofrela)

Imagem 29: Altar da capela de S.Brás (Aldeia de

Almofrela

Imagem 30: Fontanário no largo de

Almofrela junto a capela (Aldeia de

Almofrela)

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Imagem 31: Tasquinha (Aldeia de Almofrela)

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Caminho do Eido de Baixo

Imagem 33: Casa Rural Rua do Eido de

Baixo (Aldeia de Almofrela)

Imagem 34: Canastro no Caminho de Eido

de Baixo (Aldeia de Almofrela)

Imagem 32: Foto panorâmica do caminho do

Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela

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Imagem 36: Portas Rurais de cortes de gado do Caminho

de Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela)

Imagem 37: Fontanário na Rua Eido de Baixo

(Aldeia de Almofrela)

Imagem 35: Casas degradadas no caminho do

Eido de Baixo

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Caminho Vale Abrigoso

Imagem 38: Vista panorâmica sobre o lugar de

Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela)

Imagem 39: Rua de Vale Abrigoso (Aldeia de

Almofrela)

Imagem 40: Casa restaurada em Vale Abrigoso

(Aldeia de Almofrela)

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Ruínas Vale Abrigoso a 300metros de Almofrela

Imagem 41: Vista panorâmica de Vale Abrigoso

(Aldeia de Almofrela)

Imagem 42: Corte em ruínas inserida nos

penedos (Aldeia de Almofrela)

Imagem 43: Casa em ruínas em Vale

Abrigoso (Aldeia de Almofrela)

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Imagem 46: Vista panorâmica de Vale Abrigoso

sobre Tapados dos curros (Aldeia de Almofrela)

Imagem 45: Corte em Vale Abrigoso em

ruínas (Aldeia de Almofrela

Imagem 44: Casa por dentro em ruínas (Aldeia

de Almofrela)

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Lugar de Currais

Imagem 47: Ruínas de currais (Aldeia de

Currais)

Imagem 49: Rua de currais (Aldeia

de Currais)

Imagem 48: Casa e canastro em ruínas

(Aldeia de Currais)

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Imagem 50: Corte em currais (Aldeia de

Currais)

Imagem 51: Ovelhas a pastar nos campos

de currais (Aldeia de Currais)

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Agricultura e tradições em Almofrela

Imagem 52: Pessoas a trabalhar no campo no

cultivo de milho

Imagem 53: Cultivo de cebola e batata

Imagem 54: Cultivo de centeio

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Imagem 54; 55; 56:Tosquia

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Olhares

Imagem 57: O senhor mais idoso da Serra da Aboboreira

Nome: Queirós

Idade: 90

O senhor Queirós e o senhor mais idoso

da aldeia de Almofrela com 90 anos,

vive com a sua mulher Maria com idade

de 61 anos.

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Dólmens

Outeiro de gregos 1 e 2

Imagem 58; 59: Outeiro de gregos 1

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Imagem 60; 61: Outeiro de gregos 2

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Imagem 62: Outeiro de Ante 1

Imagem 63: Outeiro de Ante 2

Imagem 64: Capela Nossa senhora da guia

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Imagem 66: Vista panorâmica da nossa

senhora da guia

Imagem 65: Cruz da nossa senhora da guia

Imagem 67: Pedra do Sol

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Imagem 68: Meninas de Castro 3

Imagem 69: Fonte do mel

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Dólmen chã da Parada (Monumento Nacional)

Imagem 71: Vista panorâmica sobre o

dólmen chã da parada

Imagem 70; 71: Dólmen Chã da Parada

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