Turismo e Etc. 24
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asceu Timoteo Pérez Rubio em Oliva de La Frontera, Badajoz, na região autônoma da Extremadura, N
fronteira com Portugal, em 1896. Iniciou sua formação na terra natal e depois na Escola de Artes e Ofícios de Badajoz,
com o mestre Adelardo Covarsí, um dos mais importantes pintores da região. Por volta de 1914 expôs alguns de seus trabalhos, ainda sob inspiração do mestre. Em 1915 ingressou na Escola de Belas Artes de San Fernando, em Madrid, onde conheceu Rosa Chacel, com quem se casaria anos depois. Presta concurso, em 1921, p a r a p e n s io n a to n a
Academia de Espanha em Roma e nesse mesmo ano casa-se com Rosa, que o acompanha em seu período como pensionado. Para que possamos ter uma noção exata de sua importância e prestígio, naquela época, o ministro da cultura modificou o regulamento da Academia de Espanha para que Timoteo não perdesse a bolsa e viajasse acompanhado de sua mulher, o que o regulamento anterior não permitia. Timoteo e Rosa ficam de 1922 a 1927, período que o casal conhece diversas regiões da Itália, Normandia, Paris e Londres. Retornando a Espanha em 1928. Em 1930 realiza uma exposição individual em Madrid e passa a participar do movimento de vanguarda histórica espanhola logo depois é nomeado Vice-Presidente do Museu Espanhol de Arte Moderna em Madrid. Em 1931 participou da refundação da Sociedade dos Artistas Ibéricos, SAI. Com a SAI expôs em sucessivas coletivas, San Sebastian em 1931, Valencia 1932, Copenhagem 1932 e Berlim 1932/33. Em 1932 conquista a Medalha de Ouro
na Exposição Nacional de Belas Artes com a tela Paisagem da Normandia - Le Treport.
Desde o início de seus estudos Timoteo era apontado como um dos mais promissores talentos da arte espanhola do início do século XX, porém, o desenrolar dos acontecimentos n a E s p a n h a , c o m o agravamento da situação política e institucional, que
desencadeou a guerra civil, haveria uma grande transformação e m s u a v i d a e , consequentemente, e m s u a c a r r e i r a artística então em fase de consolidação.
Com a guerra civil já instaurada e com o bombardeio que não poupava igrejas, museus e centros de cultura, os republicanos formam em 1937 as Juntas de Salvação dos Tesouros Artísticos da Espanha e Timoteo é nomeado Presidente da Junta Central e das Juntas Delegadas do Tesouro Artístico. Sua missão seria de coordenar e supervisionar todo o trabalho de retirada,
proteção e evacuação dos tesouros que incluía todo acervo do Museu do Prado com obras de Velasquez, Goya, Rubens, Dürer, El Greco e vários outros, além de outros tipos de obras de arte dos museus e igrejas. Tudo foi c u i d a d o s a m e n t e embalado e transportado. Foram cerca de 2.000 caixas em 71 caminhões que fizeram um trajeto penoso de Valencia até a mina de talco de Vajol,
depois via França, para Genebra. A imprensa internacional noticiou fartamente esse grande feito.
A vitória do franquismo o condenou ao exílio, primeiro em Genebra, para onde foram evacuadas as obras de arte da Espanha, depois em Paris e mais tarde em Bordéus, onde embarcou em junho de 1940 rumo ao Brasil. Sua chegada acontece num momento de renovação plástica que pretendia superar a dependência artística da Europa. O
Na Escola de Arte em Badajoz
Inauguração do Museu Espanhol
de Arte Moderna - 1932Timoteo e membros da junta na porta de um depósito
Praça de Buitrago 1922
óeo s/ tela
Paisagem Italiana 1924
Óleo S/ madeira
M o d e r n i s m o d o m i n a v a o panorama artístico brasileiro. Durante os 37 anos que viveu no Brasil sua arte teve diferentes momentos. Aqui teve o apoio e a p r o t e ç ã o d e algumas famílias com as do poeta e diplomata cubano
Alfonso Hernandez Catá e através deste com o poeta Vito Pentagna e sua família, a escritora Gabriela Mistral e Candido Portinari, que se tornaram avalistas de seu trabalho. Em 1942 realiza sua primeira exposição no Brasil, no Museu de Belas Artes, são 64 obras entre retratos e paisagens. O catálogo era prefaciado por Gabriela Mistral, a imprensa e a crítica especializada deram grande destaque à mostra que incluía entre elas várias p a i s a g e n s d e Valença. O Museu de Belas Ar tes reservou para si duas dessas obras. E s t a m e s m a e x p o s i ç ã o f o i apresentada meses depois em Belo Horizonte.Em 1943 expõe no edifício do M i n i s t é r i o d e Educação e Cultura (Gustavo Capanema). Adquire grande prestígio e amplia seu círculo de amizades, junto com uma fiel clientela. Em 1945 o Poeta Augusto de Almeida Filho, em artigo na revista "Beira Mar", o intitula "Pintor do Grand-Mond Carioca".
Em 1947 inaugura nova mostra no Ministério da Educação com 70 telas, exposição esta que também é levada para Belo Horizonte. Depois só em 1969, com o patrocínio do Banco de Minas Gerais, Pérez Rubio voltaria a expor. A mostra teve o título de "Viagem à Itália", e constava de 32 obras, a maioria paisagens da Itália e da Grécia, não faltando as de Valença, apenas 4 retratos, três
deles da família P e n t a g n a Guimarães, com a q u a l m a n t i n h a estreitas relações. Walmir Ayala foi o autor da introdução ao catálogo.Realizou sua última exposição no Brasil em 1973, no Rio de Janeiro, na Galeria In tercont inenta l , foram 19 obras, g r a n d e p a r t e
Natureza Morta Nos Alpes 1925
Óleo s/ tela
Retrato de Rosa Chacel 1925
acervo MEIAC Badajos
paisagens do Parque Darke de Matos em Paquetá, onde passou s e i s m e s e s registrando com seus P i n c é i s a q u e l a s " P a i s a g e n s d e Jardins", que mais tarde sua esposa, a grande romancista Rosa Chacel, que o acompanha ra na t e m p o r a d a d e Paquetá, usaria na breve biografia de "Timo", "Timoteo Pérez Rubio y sus Retratos de Jardin", escrito na Espanha em 1980.
Recentemente, 2004, foi realizado, na Espanha, um filme que se chamou "Las Cajas Españolas" (As Caixas Espanholas), que mostra como se realizaram os trabalhos
de retirada dos tesouros espanhóis pela junta presidida por Pérez Rubio, os r e a l i z a d o r e s concluíram que a a t u a ç ã o d o s responsáveis por aquela operação foi tão honrada como impecável. Não se p e r d e u o u danificou nada e as quase 2.000 caixas cheias de obras de a r t e c h e g a r a m intactas a Genebra.
HOMENAGENS A TIMOTEO PÉREZ RUBIO NA ESPANHA
No ano de 1974 Timoteo retornou a Espanha para uma exposição individual na Biblioteca Nacional, sendo recebido festivamente por seus conterrâneos, nessa ocasião manifestou o desejo de retornar definitivamente, fato que nunca ocorreria, três anos depois ele faleceria no casarão do Benfica, hoje Fundação Léa Pentagna.
No ano do centenário de seu n a s c i m e n t o , 1 9 9 6 , f o i realizada uma g r a n d e exposição no M u s e u Extremenho e Ibero Americano d e A r t e Contemporânea e m B a d a j o z . Foram 50 obras d e d i v e r s o s
Vista de Trubia 1929
Óleo S/ Tela
Dues Noies Nues anos 30
Óleo s/ Tela
A esperança 1930
Óleo s/ Tela
Paisagem da Normandia Le Treport
1932 Óleo S/ Tela
períodos e painéis explicativos de sua atuação na defesa d o p a t r i m ô n i o artístico espanhol.
Em abril de 1999 seus restos m o r t a i s f o r a m transladados para sua terra natal, O l i v a d e L a F r o n t e r a , n a o c a s i ã o f o i
realizada uma exposição na casa de cultura da cidade e um ciclo de conferências sobre sua vida e obra.
O Museu do Prado, em 2003, rendeu homenagens às pessoas que contribuiram para a preservação do patrimônio histórico espanhol, com uma exposição e Timoteo lá estava. Foi criado na Extremadura o Museu Municipal Timoteo Pérez R u b i o e u m p r ê m i o aquisitivo anual que também leva seu nome. No Museu do Prado foi colocada uma placa em reconhecimento a figura de Timoteo, assim como foi dada a uma rua de Madr id seu nome . O Conselheiro de Cultura Francisco Muñoz reconhece o personagem histórico Timoteo Pérez Rubio como um dos mais importantes artistas espanhóis do século XX. O Diretor Geral de Patrimônio da Junta da Extremadura, destacando a personalidade modesta de Timoteo pergunta: Como pode alguém que salvou uma parte considerável do patrimônio artístico universal não querer escrever o que havia feito?
Timoteo Pérez Rubio faleceu em 1977 no casarão de Léa Pentagna, no Benfica. Ele levou o nome de Valença a s e r c o n h e c i d o mundialmente, por seu trabalho e por sua arte, e entre nós é um ilustre desconhecido. Na Fundação Léa Pentagna, podemos ver um registro de sua vida, porém apenas uma pálida lembrança do gigante que ele foi.
Este texto é dedicado a Emígdio Gonçalves amigo de Timo e parceiro nas lutas da Keramike.Texto e Pesquisa Luiz Francisco Fontes:Timoteo Pérez Rubio y Sus Retratos del Jardin - Rosa Chacel Editora Catedra Espanha 1980 - Acervo Emígdio GonçalvesCatálogo da Exposição Comemorativa do Centenário de Nascimento de Timoteo Pérez Rubio - Museu Extremenho de Arte Moderna - Badajoz Espanha - 1996 Acervo Fundação Léa PentagnaInformações Orais de Emígdio GonçalvesSites: www.rebelion.org - www.regiondigital.com - www-ui.hortaleza www.extremadura.com www.elperiodicoextremadura.com - www.exiliados.org
Casa no Rio - Genebra 1939
Óleo S/ Tela
Auto Retrato anos 40
O Poeta Vito Pentagna 1941
Acervo Lucio
Pentagna
Guimarães
Léa Pentagna 1943 Acervo FundaçãoLéa Pentagna
Retrato de Rosa 1941Acervo M. Nacional deBelas Artes RJ
Série Retratos del Jardin Parque Darke de Matos Paquetá
Cartaz do Filme de 2004
Capa do Catálogo da Exposição
em 1942 no Museu Nacional RJ