TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

32
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL, TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ, PELOTAS - RS RESUMO Acreditando na educação como princípio básico de resultados sociais, este trabalho propõe o estudo da relação entre a Educação Patrimonial, o Turismo e o Desenvolvimento Sustentável com estudantes de séries iniciais de Pelotas - RS, tendo como local e base de estudos e lazer a região da Mata do Totó, mais especificamente a estrutura física do Ecocamping Municipal. A Mata do Totó é um resquício de Mata Atlântica encontrada no litoral da Lagoa dos Patos. O objetivo do trabalho é educar para a formação de cidadãos conscientes da sociedade como um todo, de como proteger o meio em que se inserem e reconhecer os bens socioambientais. Da mesma forma, pretende que este patrimônio natural da cidade seja reconhecido e incorporado pela comunidade. O trabalho justifica-se pela carência da educação voltada para o meio natural e bens patrimoniais e conscientizarão para a preservação ambiental nas comunidades, nas escolas. Há escassez de educadores qualificados para este fim. Através da educação para o patrimônio cultural e natural voltada para crianças, estaremos “plantando” conhecimentos que serão de fato aplicados, ou pelo menos transmitidos através destas, que são o futuro da humanidade, assim como é a preservação do meio ambiente. Palavras chave: Educação patrimonial, sustentabilidade, meio ambiente, turismo 5

Transcript of TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

Page 1: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL, TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ, PELOTAS - RS

RESUMO

Acreditando na educação como princípio básico de resultados sociais, este trabalho propõe o estudo da relação entre a Educação Patrimonial, o Turismo e o Desenvolvimento Sustentável com estudantes de séries iniciais de Pelotas - RS, tendo como local e base de estudos e lazer a região da Mata do Totó, mais especificamente a estrutura física do Ecocamping Municipal. A Mata do Totó é um resquício de Mata Atlântica encontrada no litoral da Lagoa dos Patos. O objetivo do trabalho é educar para a formação de cidadãos conscientes da sociedade como um todo, de como proteger o meio em que se inserem e reconhecer os bens socioambientais. Da mesma forma, pretende que este patrimônio natural da cidade seja reconhecido e incorporado pela comunidade. O trabalho justifica-se pela carência da educação voltada para o meio natural e bens patrimoniais e conscientizarão para a preservação ambiental nas comunidades, nas escolas. Há escassez de educadores qualificados para este fim. Através da educação para o patrimônio cultural e natural voltada para crianças, estaremos “plantando” conhecimentos que serão de fato aplicados, ou pelo menos transmitidos através destas, que são o futuro da humanidade, assim como é a preservação do meio ambiente.

Palavras chave: Educação patrimonial, sustentabilidade, meio ambiente, turismo

5

Page 2: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

INTRODUÇÃO

Atualmente, e a partir de alguns anos atrás, o termo desenvolvimento

sustentável esta em vogue. Debatido e discutido em vários paises, em congressos

e convenções, muitas vezes como alternativa para a resolução de problemas

ambientais, e estes por sua vez, estão causando gradativa e velozmente mais

preocupação em todos os locais do globo, pois se trata da sobrevivência da

humanidade.

O que aconteceu, infelizmente, foi a banalização do termo em questão.

Esta termologia é atualmente utilizada inclusive apenas para conferir qualidade a

empreendimentos, públicos ou privados, sem a mínima responsabilidade, e desta

forma trabalhado sem profissionalização para garantir a fidelidade ao seu

conceito, que tem como embasamento fundamental “atender as necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem

suas próprias necessidades”.

Acreditando na educação como vetor de valiosos resultados futuros,

este trabalho propõe a relação entre a Educação Ambiental, o Turismo e o

Desenvolvimento Sustentável, de forma sinérgica, com crianças estudantes da

região do município de Pelotas, tendo como local e base de estudos e lazer a

região da Mata do Totó, mais especificamente a estrutura física do Ecocamping

Municipal.

Este ambicioso projeto objetiva beneficiar aos pequenos cidadãos da

cidade, através da educação voltada e especializada para eles, ao meio ambiente

como um todo – não só a Mata, mas a aplicação de conhecimentos para

ambientes em geral – e a comunidade local, mais especificamente a Colônia de

Pescadores Z-3, que é a comunidade residente no local onde se desenvolverá o

projeto, através do Turismo e da abrangência ou extensão da Educação Ambiental

6

Page 3: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

também para eles, em função deles, que são de importância fundamental por se

tratarem da população nativa do local, da originalidade do meio ambiente. Relação

intrínseca do homem com a natureza.

7

Page 4: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A escolha do tema do mesmo se propôs através da consideração da

Mata do Totó, no município de Pelotas, localizada no sul do Rio Grande do Sul

como possuidora de áreas de natureza ainda não depredada pelo homem, sendo

assim, modelo de o que podemos nos atrever a chamar, de preservação

ambiental, ou baixo impacto na natureza.

A Mata do Totó é uma APP – Área de Proteção Permanente. Trata-se

de um resquício de Mata Atlântica encontrada no litoral da Lagoa dos Patos,

próxima à Colônia de Pescadores São Pedro Zona 3, mais conhecida como

Colônia Z-3. É de propriedade particular, por isso, tem acesso restrito, salvo nas

dependências do Ecocamping Municipal, que possui nesta área uma estrutura

para recebimento de turistas, campistas e outros, com banheiros, local para

restaurante e para barracas e esportes de variados tipos.

Dadas as considerações sobre a região da Mata do Totó, este trabalho

propõe que esta área de relevante valor ambiental seja utilizada como “sala de

aula” para a Educação Ambiental de crianças do Ensino Fundamental da região, a

fim de alcançar o objetivo principal, que é educar para a formação de cidadãos

conscientes sobre saber que de fato são componentes de uma sociedade, e de

como proteger o meio ambiente no meio em que se inserem, pois assim estarão

protegendo a sua própria existência humana.

Da mesma forma, pretende que este patrimônio natural da cidade seja

reconhecido como tal, não somente para as comunidades, mas também para o

turismo, sendo este de forma sustentável, atrelado a Educação Ambiental e ao

Ecoturismo. Desta maneira, estaremos priorizando atividades de turismo e lazer

na natureza em âmbito interno, muito antes de pensarmos apenas em lucros

8

Page 5: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

trazidos por turistas estrangeiros, o que é ótimo, pois desta forma se valoriza

primeiramente o nativo. É uma atitude preservacionista.

Soma-se a este motivo, a grande carência de Educação Ambiental e

conscientizarão para a conservação ambiental nas comunidades, nas escolas.

Falta de condições econômicas e de profissionais qualificados para este fim. A

Educação Ambiental deve ser tratada com a mesma seriedade das disciplinas

clássicas, tal é a sua importância para o futuro da humanidade.

9

Page 6: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

REFERENCIAL TEÓRICO

O turismo constituiu-se, nas últimas décadas, como uma das principais

atividades econômicas, em todo o mundo. O processo de globalização, que

assistimos, e também participamos, irá aprofundar esta realidade, e também

decompor a indústria turística em segmentos, tornando esta, finalmente, mais

profissional e dinâmica.

O termo “tourist” surgiu na Inglaterra em 1800, referindo-se aos

viajantes que, indo à França, optavam por fazer o “Grand Tour” (Paris, Sudoeste,

Midi, Sudeste e Borgonha) e não apenas o “Petit Tour” (Paris e Sudoeste). Desde

1811, o termo “tourism” refere-se a viagens motivadas pelo prazer.

No inicio do século XX, quando começaram a surgir estudos científicos

sobre o turismo, muitas definições têm sido dadas, tanto para turismo, como para

turista. Definições estas que sempre estiveram relacionadas com o prazer. Uma

das primeiras definições, segundo Barretto (1995), é do austríaco Hermann von

Schattenhofen, e dizia que “turismo é o conceito que compreende todos os

processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na

permanência a na saída do turista de um determinado município, país ou estado”.

A definição de turismo, considerando toda a sua complexidade, deve

ser feita de forma cautelosa, tendo cuidado e consideração por vários fatores e

compreendendo-o como muito mais que um simples negócio ou comércio.

Segundo Burkart & Medlik, citados por Barretto (1995), o turismo é uma amálgama

de fenômenos e relações que surgem pelo movimento de pessoas e de sua

permanência em variados destinos. Há, portanto, no turismo, um elemento

dinâmico – a viagem – e um elemento estático – a estada.

A viagem e a estada acontecem fora do local de residência, as

pessoas desenvolvem atividades diferentes de seu cotidiano, e estas são de sua

preferência pessoal, caracterizando o prazer. O elemento tempo de permanência,

10

Page 7: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

caráter não-lucrativo e procura pelo prazer devem ser considerados os mais

importantes na hora de dissertar sobre a definição de turismo.

O turismo é uma atividade em que a pessoa procura prazer por livre e espontânea vontade. Portanto a categoria de livre escolha deve ser incluída como fundamental no estudo do turismo (BARRETTO, 1995).

Deve-se ter atenção em não confundir o conceito de turismo, por

exemplo, com viagem. O turismo inclui a viagem, mas apenas como parte,

havendo muitas viagens que não são de turismo. E também confundi-lo com

agências, hotéis e transportadoras. Os hotéis, nem todos são turísticos, e nem

todo turismo inclui hotel. O turismo inclui sim, alojamento – sem que este

necessite ser um hotel. E, toda a agência vive de turismo, mas não todo o turismo

acontece por intermédio de agências de viagem e turismo.

Persistem ainda algumas definições, com mais lógica do que as de

antigamente - que apenas relacionavam a distancia que o turista encontrava-se

longe da moradia e seu tempo de estadia fora de sua residência. Por exemplo,

segundo McIntosh & Grupta, citados por Lage & Milone (2000), o turismo, de

forma ampla, é assumido como a ciência, a arte e a atividade de atrair, transportar

e alojar visitantes, a fim de satisfazer suas necessidades e seus desejos.

Segundo Krapt & Hunziker, citado por Oosterbeek (2001), turismo é o

conjunto das relações e fatos constituído pelo deslocamento e estadia de pessoas

fora do seu local de residência habitual, não motivada por atividades lucrativas.

Para a Academia Internacional do Turismo, criada em Mônaco em

1951, o Turismo é o conjunto das atividades humanas destinadas a assegurar

este tipo de viagem, com base em uma relação em que o turista escolhe

deliberadamente o objetivo da viagem, e a indústria se aplica a satisfazer este

objetivo.

Hoje, é impossível limitar uma definição especifica de turismo. É uma

atividade socioeconômica, pois gera a produção de bens e serviços para o

homem, visando a satisfação de diversas necessidades básicas e secundárias.

11

Page 8: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

Segundo Lage & Milone (2000), o turismo moderno não precisa ter um conceito

absoluto, mas importa no conhecimento do mecanismo dinâmico que integra.

A riqueza gerada pelas múltiplas atividades não tem mais limites, as fronteiras geográficas não existem mais, nem o tempo importa mais. O que se observa do turismo atual é a existência de uma rica e grandiosa indústria que se relaciona com todos os setores da economia mundial e que devera continuar atendendo aos interesses da humanidade nos próximos milênios (LAGE & MILONE, p. 26, 2000).

De qualquer forma, o turismo é uma ciência nova, que está sendo

aperfeiçoada em suas potencialidades, positiva e negativamente. Neste momento,

em pleno início do século XXI, deparamo-nos com a tendência mundial, nascida

na década de 90, de priorizar pela conservação ambiental. Este é o consenso da

opinião publica.

A deterioração das florestas tropicais, a perda das espécies em

extinção, o aquecimento global e a degradação do solo reanimaram o apoio do

público à conservação. Neste contexto, nos familiarizamos cada dia mais com o

uso da expressão desenvolvimento sustentável.

O Relatório Brundtland, do ano de 1987, esclarece que, “O

Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende as necessidades do presente

sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias

necessidades”.

Este é o principio básico do Desenvolvimento Sustentável. Conciliar o

desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, e ainda ao fim da

pobreza no mundo. É evidente que, as necessidades humanas e as limitações do

meio ambiente – elementos chave na formação do conceito de Desenvolvimento

Sustentável - são conceituados e avaliados de varias maneiras pelos diferentes

autores, mas sua interelação é sempre presente quando falamos de

Desenvolvimento Sustentável.

Segundo o Relatório Brundtland (1987), para se alcançar o

Desenvolvimento Sustentável, são necessárias algumas medidas, que se chamam

componentes, e devem ser tomadas pelos estados nacionais, como a limitação do

12

Page 9: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

crescimento populacional – o desenvolvimento sustentável só pode ser buscado

se os desenvolvimentos demográficos estiverem em harmonia com o mutável

potencial produtivo do ecossistema -, a conservação de recursos básicos –

sistemas naturais que permitem a vida na terra: a atmosfera, a água, os solos e os

seres vivos -, a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas – conservação

das espécies da fauna e da flora.

Também a diminuição do consumo de energia – retenção de recursos

para que as próximas gerações não sofram com a sua escassez -, o controle da

urbanização – minimização de impactos adversos, sustentar a integridade total do

ecossistema -, amplo suporte da política nacional e internacional, qualidade e

auditoria ambiental – administração de qualidade total do meio ambiente, dentre

outras medidas.

Segundo alguns autores, não há Desenvolvimento Sustentável se não

houver também viabilidade econômica e retorno financeiro, a fim de se perseguir o

bem estar econômico, e ao mesmo tempo reconhecer que as políticas podem

definir limites ao crescimento material. Lembrando-se que este e outros objetivos

do Desenvolvimento Sustentável são alcançados em longo prazo.

Sempre é válido acentuar que o Desenvolvimento Sustentável não é um objetivo que seja possível atingir em curto prazo, mas é um passo importantíssimo num tremendo esforço de longo prazo para salvaguardar o ambiente e a qualidade de vida na comunidade regional e, em ultima instância, no nosso planeta (BENI in LAGE & MILONE, p. 168, 2000).

É de fundamental importância a participação da população na tentativa

de alcançar o Desenvolvimento Sustentável. Sendo assim, a Educação Ambiental

é parte vital e indispensável deste processo, pois é a maneira mais direta e

funcional de se atingir os objetivos aspirados.

O desenvolvimento sustentável é essencial à utilização de recursos, não só por oferecer benefícios econômicos para uma região, mas também por permitir a preservação da infra-estrutura social e a conservação da biosfera (WEARING & NEIL, 2001).

13

Page 10: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

A partir da análise dos conceitos de turismo e de desenvolvimento

sustentável, podemos dissertar sobre o turismo sustentável, que é o objetivo

principal e a justificativa de discussão e elaboração deste trabalho.

Segundo Beni, citado por Lage & Milone (2000), a questão da

sustentabilidade em turismo tornou-se prioritária na Europa, embora muitos dos

problemas envolvidos já tivessem sido bastante debatidos no contexto do turismo

mundial, principalmente das perspectivas social, cultural e econômica. O Quinto

Programa de Ação sobre o Meio Ambiente da União Européia, intitulado Rumo à

Sustentabilidade, identificou o turismo como um dos setores prioritários, assim

como na reunião informal do Conselho de Ministros do Meio Ambiente, realizada

na Santorini, em maio de 1994, cujo tema central foi Turismo e Meio Ambiente.

Há uma margem muito ampla de interpretações e perspectivas para o

turismo sustentável. Este autor coloca quatro abordagens interpretativas sobre

este tema. A primeira, tendo o turismo sustentável como tendo a meta básica a

viabilidade da atividade turística, mais na linha sustentabilidade econômica do

turismo – fortalecer, melhorar a qualidade e encontrar o diferencial no produto

turístico. A segunda baseia-se amplamente na ecologia como visão sociocultural e

política – necessidade do turismo ecologicamente sustentável.

As outras abordagens são, o desenvolvimento sustentável do turismo,

ou a necessidade de assegurar a viabilidade em longo prazo da atividade de

turismo, e o desenvolvimento econômico ecologicamente sustentável, em que o

turismo integra uma estratégia global do desenvolvimento sustentável, e em que a

sustentabilidade é definida com base no sistema total ser humano/ meio ambiente.

Segundo Swarbrooke (2000), o turismo sustentável está ligado

também à viabilidade econômica em longo prazo e à justiça social, e é totalmente

ligado ao desenvolvimento sustentável em geral. Este autor entende que o turismo

sustentável tem que estar mais suscetível a avaliações mais críticas, como por

exemplo, a questão de o turismo de pequena escala ser mais sustentável que o

turismo de massas, independente da natureza ou do meio natural que ele ocorre.

O progresso em direção a formas mais sustentáveis de turismo dependerá muito mais das atividades da indústria do turismo e

14

Page 11: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

das atitudes do turista, que de ações de órgãos do setor público (SWARBROOKE, 2000).

O turismo sustentável, também chamado de “turismo ambientalmente

sustentável”, segundo Wearing & Neil (2001), surgiu para ser identificado como

turismo alternativo. Para Butler, citado por estes autores, o turismo

ambientalmente sustentável é “uma forma de turismo que favorece o equilíbrio

ecológico”.

Butler sugere “uma definição operacional de desenvolvimento

sustentável no contexto do turismo: o turismo é desenvolvido e mantido em uma

área (comunidade, ambiente) de tal modo e em tal escala que se mantém viável

durante um período indefinido e não degrada nem altera o meio ambiente”.

Segundo Wearing & Neil (2001), o turismo sustentável só será viável

se o poder de conservação dos lugares turísticos essenciais for administrado e,

em seguida, implantado rigorosamente por meio de um sistema eficiente de

controles de operação e planejamento.

Esses estudos e regulamentações constituirão os alicerces de longo

prazo dos projetos e estratégias da administração turística local. O turismo

sustentável também requer a aprovação dos conceitos de validade e cooperação

em sua implantação pelo setor turístico privado, alem da participação das

comunidades locais e dos próprios turistas.

15

Page 12: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

ECOLOGIA, ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O Ecoturismo tornou-se praticamente um fenômeno na década de 90,

pois no final da década de 80 brotou a consciência popular da preservação do

meio ambiente, e esta atividade – o turismo baseado na natureza - surgiu como

alternativa de benefícios sociais e ambientais.

O interesse por esta atividade não é difícil de se explicar,

principalmente se formos avaliar a publicação do Relatório de Brundtland,

conhecido como Our Common Future (Nosso Futuro em Comum), de 1987, pela

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas. Segundo

Figgis, citado por Wearing & Neil (2001), este foi o catalisador para o grande

avanço mundial da consciência ambiental. O relatório destaca o maior dilema da

vida na terra: Em um mundo com mais de 5 bilhões de habitantes, como satisfazer

as necessidades e demandas humanas sem destruir a estrutura ecológica do

planeta?

A resposta para esta questão foi encontrada na definição de

desenvolvimento sustentável. O Ecoturismo surgiu para oferecer uma opção de

desenvolvimento sustentável para comunidades, incentivando a conservação e

administração de regiões naturais e fauna selvagem, ou seja, a biodiversidade da

vida. O surgimento do termo Ecoturismo lhe rendeu muitas interpretações,

definições e críticas nesta ultima década.

O prefixo eco – da palavra “ecologia” vem da palavra grega oikos, que

significa casa, lar, ou habitat. Este prefixo foi muitas vezes anexado

estrategicamente à palavra turismo apenas para sugerir status, como se fosse

algum tipo de titulo honorífico, a fim de garantir o marketing positivo do produto

turístico em questão. Esta maneira de manipulação, extração desenfreada e

desrespeitosa do homem com relação à natureza foi sempre existente.

16

Page 13: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

Mas se pode falar de natureza em um mundo em que ela nunca foi tão pouco presente na história da humanidade? A sociedade ocidental é indiferente, se não completamente hostil, em relação à existência de vida selvagem, a não ser onde seu valor possa ser quantificado como recurso natural ou como espetáculo, atração turística. Uma sociedade suicida precisa da natureza para justificar suas viagens? É uma fuga, uma desculpa ou simplesmente uma distração? Ou é algo mais profundo? (WEARING & NEIL, 2001).

Antes de dissertar mais sobre o ecoturismo, deve-se fazer algumas

considerações sobre ecologia. Segundo Pellegrini (2000), a Reunião de

Estocolmo, ou Eco-72 constituiu um marco dos primeiros tempos da

conscientização, em âmbito mundial, dos problemas surgidos com a acentuada

degradação do meio ambiente. A moderna problemática ambiental deve

considerar o complexo da ecologia como um processo sistêmico de interações de

todo tipo que ocorrem entre os seres vivos e seus relacionamentos com o suporte

inorgânico em que se encontram.

Contemporaneamente o conceito de ecologia passou a ter enorme ampliação, deixando longe os horizontes biológicos para abranger aspectos legais, morais, socioeconômicos, políticos, etc, caracterizando a multidisciplinariedade das relações que ocorrem em todo e qualquer ecossistema, entre seres bióticos e aspectos abióticos (PELLEGRINI, 2000, pg. 17).

Para trabalhar-se com a ecologia, neste caso, com o ecoturismo,

deve-se levar em conta a questão da mudança fundamental no modo como os

seres humanos enxergam e se relacionam com a natureza. O ecoturismo pode

compor-se de inúmeras atividades e tipos de turismo, como a observação de

pássaros, estudos científicos, fotografia, mergulho, caminhada na mata, até a

recuperação de ecossistemas danificados, mas tudo isso se torna prejudicial se a

visão do respeito e preservação da natureza não estiverem acima de qualquer

atividade relacionada, seja de estudo, trabalho ou lazer.

O termo amplo e vago da palavra “ecoturismo” faz com que alguns o

descrevam como atividades turísticas baseadas na natureza, ou um turismo de

interesse especial. Para outros, trata-se de um requintado pacote turístico para

pessoas ricas em lugares exóticos, principalmente para áreas desertas – ilhas ou

17

Page 14: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

locais inexplorados, por este motivo mais custoso - e ainda, para outros, apenas a

perambulação de jovens mochileiros com recursos financeiros limitados.

Esta gama de interpretações sobre a definição de Ecoturismo dificulta

sua determinação com precisão. Segundo Wearing & Neil (2001), Hector

Ceballos-Lascurain é amplamente conhecido por utilizar a palavra Ecoturismo, no

início dos anos 80. Este mexicano enfatizava já naquela época que o Ecoturismo

se podia tornar-se uma ferramenta muito importante para a conservação do meio

ambiente.

Ceballos-Lascurain identificou o Ecoturismo como uma forma de

viagem na qual o ambiente natural é o foco principal. Este elemento nos oferece

um ponto de partida simples para entender o fenômeno do ecoturismo como uma

forma específica de turismo alternativo¹. Segundo este autor, a centralidade do

ambiente natural para o turismo abrange duas facetas principais: a viagem para

ambientes naturais não devastados; esta viagem é predominantemente para

experimentar o ambiente natural.

Existem muitos tipos de turismo na natureza, o que não significa de

fato serem ecoturismo. A natureza deve ser a motivação fundamental na pratica

do ecoturismo. O seu planejamento baseia-se na limitação de recursos. As

oportunidades para a sua prática se perderão se a biodiversidade ou as

comunidades locais não forem capazes de absorver seus impactos, ou se a

aparência física for alterada de modo significativo. Ou seja, o ecoturismo baseia-

_________________________________________________________________

¹ turismo alternativo – é oposto ao que é visto como negativo ou prejudicial no turismo convencional. Caracteriza-se pela tentativa de minimizar o visível impacto ambiental e sociocultural negativo das pessoas em férias, promovendo abordagens radicalmente diferentes em relação ao turismo convencional (WEARING & NEIL, 2001).

se na sustentabilidade, é uma das suas características essenciais.

Segundo Wearing & Neil (2001), a definição de ecoturismo abarca

quatro elementos fundamentais. O primeiro trata-se da noção de movimento, ou

viagem de um lugar a outro. Esta viagem deve ser restrita a áreas naturais

relativamente tranqüilas ou protegidas. Para Ceballos-Lascurain, citado por

Wearing & Neil (2001), esta é a melhor garantia para encontrarem aspectos e

18

Page 15: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

atrações naturais sustentados. O segundo elemento fala sobre a necessidade de o

fundamento da viagem ser a natureza. Não há ecoturismo se o foco principal não

estiver na experiência do ambiente natural da área visitada.

O terceiro elemento traduz o ecoturismo como indutor da conservação.

Este disserta sobre o surgimento e emersão do ecoturismo como resultado da

crescente preocupação global com culturas e ecossistemas em extinção e da

rejeição ao desenvolvimento turístico inadequado, que pode degradar a área de

proteção e apresenta efeitos econômicos, sociais e ambientais imprevistos sobre

as regiões. Este elemento orienta a condução de pequenos grupos de pessoas a

áreas naturais ou de proteção, com o mínimo de impacto físico, social e cultural e

salienta o ecoturismo como contribuição para o futuro sustentável do destino

turístico.

A quarta e última idéia, ou elemento, é a definição de ecoturismo

relacionada ao papel educativo, foco central da elaboração deste trabalho.

Geralmente o ecoturista² gosta, tem um forte desejo de aprender sobre a natureza

em suas viagens. Explana-se para este individuo conceitos, significados e inter-

relacionamentos do fenômeno natural.

A dependência que o ecoturismo tem da natureza, em oposição a outras formas de turismo, nas quais a natureza é incidental, à experiência, inclui a motivação turística de satisfazer uma necessidade educacional, que deriva das interações com o ambiente natural (WEARING & NEIL, 2001).

_______________________________________________________________

² Anexo: Características Psicográficas do Ecoturista segundo Wearing & Neil (2001).

Espera-se, portanto, dos operadores de ecoturismo, o fornecimento de

um nível apropriado de explicação ambiental e cultural, pelo emprego de guias

adequadamente qualificados e pelo suprimento de informações ambientais, antes

e durante o período de realização da viagem.

Segundo Wallace, citado por Wearing & Neil (2001), com a

participação ativa, os ecoturistas são educados para apreciar a importância da

conservação da natureza e da cultura. Além de atrair pessoas que desejam

19

Page 16: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

interagir com o ambiente, desenvolvendo seu conhecimento, consciência e

apreciação, o ecoturismo também pode proporcionar a população local a

oportunidade de aprender sobre a área, seu uso e as atrações que os turistas

visitam, renovando valor de suas próprias tradições culturais.

O último elemento remete a grande importância da educação também

no contexto ambiental, do aumento da compreensão dos valores ambientais,

através do ecoturismo, uma atividade que, como pudemos ver, surgiu da mudança

do modo da sociedade enxergar a natureza. Logo, podemos entrar em Educação

Ambiental, atualmente tão debatida dentro e fora de universidades em todo o

mundo como sendo de extrema importância interdisciplinar.

Segundo Farinha (2005), a educação seja ela de nível superior ou

não, é importante como finalidade para o melhoramento da vida humana. O

melhorar da vida humana, neste âmbito, é considerado a qualificação da

humanidade, da sociedade como um todo.

A Educação esta diretamente relacionada aos problemas sociais e à

possibilidade de desenvolvimento. Além disso, interfere diretamente nas questões

culturais, políticas e comportamentais. Segundo Trigo (1998), ao longo do

processo civilizatório, a educação tem se manifestado de várias formas e com

várias nuanças, todas elas relacionadas ao aprimoramento e à melhoria do ser

humano, apesar das crises, dos fracassos e dos imensos problemas enfrentados

ao longo da história.

A Educação é extremamente dinâmica, como é dinâmica a

sociedade e, deste modo, transmite os componentes essenciais da cultura. A

Educação, então, passa a conduzir o indivíduo a um comportamento social, a se

relacionar com os outros, com a natureza, e a integrar todos estes

relacionamentos. É através da cultura como um todo, que se produz entre os

indivíduos, as pessoas, os grupos, as sociedades e que a educação pode ir além

da simples reprodução da cultura, satisfazendo as necessidades sociais.

Pensar em Educação Ambiental exige compreensão da realidade, partindo do todo às partes e destas ao todo, num processo dinâmico e encadeado. Implica considerar as coisas como

20

Page 17: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

provisórias, transitórias, influindo tudo sobre tudo, evoluindo num processo circular a um plano mais elevado – espiral ascendente – fruto de uma evolução contínua, que gera a si mesma e se transforma a partir das contradições (THOMAS, 1998, pg. 27).

Ao contextualizar Educação Ambiental não se deve deixar de falar

dos males da globalização – do ponto de vista político e social, principalmente -

em função do meio ambiente natural das nações em desenvolvimento. Segundo

Thomas (1998), os paises ricos têm dominado autoritariamente os paises pobres,

sem qualquer chance de discussão sobre a disponibilidade e o consumo dos

recursos naturais existentes.

Thomas (1998), atrela a Educação Ambiental ao ecologismo, que

assume a responsabilidade de luta pela vida, culpando a tecnologia pela crise

ambiental. De forma institucionalizada, a partir do movimento ecologista, são

criados Ministérios e Secretarias do Meio Ambiente, além da formação de partidos

verdes e organizações não-governamentais. Todos em função de um bem

comum, que é a qualidade de vida. Este aglomerado de instituições deve compor

os conhecimentos sobre Educação Ambiental, de uma maneira genérica,

relacionando prioritariamente à preservação da natureza.

Um tema que necessariamente deve ser abordado é a problemática

comunitária em face à realidade social, ou a pluralidade de grupos, de status, de

indivíduos de cada comunidade. Este tema, relacionado com a Educação

Ambiental, pode ocasionar pressões contraditórias, ou mensagens divergentes,

até incompreensíveis, as quais o individuo deverá “desenvolver” estratégias

próprias de sobrevivência em seu próprio meio.

A especificidade da Educação Ambiental traz o direito à vida como eixo central da educação, promovendo o fim da dicotomia homem-natureza, em um processo crítico de busca da autonomia comunitária (THOMAS, 1998, pg. 31).

Enfim, podemos observar que a Educação Ambiental ultrapassa a

“pedagogia da pertinência”, ou seja, o seu conteúdo, a sua metodologia e até a

sua linguagem devem cuidadosamente se adequar ao meio ao qual se aplica,

meio este social, ambiental, político e econômico, objetivando a formação de

21

Page 18: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

cidadãos. A Educação Ambiental não deve se restringir a apenas uma disciplina

escolar, pedagogia clássica, de forma quase elitista, através de bibliografias

defasadas e sem uma visão prática aplicada as condições encontradas no próprio

meio.

A preocupação com esta lógica foi debatida na Conferência Mundial

Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em Tibilisi - União

Soviética -, em 1977, no sentido de não ser introduzida nos programas

educacionais como uma disciplina separada, mas como uma dimensão que deve

ser integrada a todos os programas.

Esta mesma preocupação se dá, por exemplo, na biologia, na

geografia, nas ciências, afim de que estas sejam motivo de discussão,

contempladas nos programas escolares de todas as áreas de conhecimento, pois

elas preparam o homem para viver em sociedade, ou seja, existir junto ao outro e

com a natureza.

22

Page 19: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma conclusiva, seja este projeto, ou os núcleos público e

privado, ou a educação ambiental, ou todas as conceituações acima citadas,

aspiram os mesmos o mesmo objetivo principal, que é a preservação do meio

ambiente, de forma sustentável e permanente, para que a nossa própria existência

corra menos o risco da extinção.

É desta forma que este trabalho torna-se viável, pois através da

educação ambiental voltada para crianças, estaremos “plantando” conhecimentos

que serão de fato aplicados, ou transmitidos através destas, que são o futuro da

humanidade, assim como é a preservação do meio ambiente. Esta idéia, quase

poética, é verdadeira, e real.

A imagem negativa e poluidora do turismo – aliás, correta,

principalmente quando tratamos de turismo de massas – também poderá ser

modificada através da boa vontade política de rever o custo/benefício de apoiar os

projetos em questão, que valorizem a prática do chamado “turismo brando” ou

“turismo de mínimo impacto”, valorizando e beneficiando ao meio ambiente e às

populações locais como prioridade. De modo algum estes devem ser prejudicados

pelo turismo, ou este será inviável e insustentável.

23

Page 20: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

BIBLIOGRAFIA

24

Page 21: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

BARRETTO, Margarita Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas, SP. Papirus, 1995;

FARINHA, Alessandra Buriol Algumas Considerações sobre a Educação Superior em Turismo no Brasil Trabalho Acadêmico orientado pela Profa. Msc.: Dalila Rosa Hallal. Curso de Bacharelado em Turismo da UFPel. Pelotas, RS, 2005;

LAGE, Beatriz Helena Gelas e MILONE, Paulo César Turismo Teoria e Prática São Paulo, SP. Atlas, 2000;

OOSTERBEEK, Luiz Fundamentos do Turismo. Universidade Federal de Pelotas, RS, 2000;

PELLEGRINI FILHO, Américo Ecologia, Cultura e Turismo Campinas, SP: Papirus, 2000;

SWARBROOKE, John Turismo Sustentável: Setor Público e Cenários Geográficos. São Paulo, SP. Editora Aleph. 2000;

SWARBROOKE, John Turismo Sustentável: Turismo Cultural, Ecoturismo e Ética. São Paulo, SP. Editora Aleph. 2000;

THOMAS, Sueli Barbosa Educação Ambiental: Uma discussão entre Política e Cultura Periódico: Presença Pedagógica. Vol. 04. Mar./Abr. 1998. Belo Horizonte, MG. Editora Dimensão, 1998;

TRIGO, Luiz Gonzaga G. A Sociedade Pós-Indústrial e o Profissional em Turismo Campinas, SP. Papirus, 1998;

WEARING, Stephen and NEIL, John Ecoturismo, Impactos, Potencialidades e Possibilidades São Paulo, SP. Editora Manole Ltda. 2001.

25

Page 22: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

ANEXO

Características Psicográficas do Ecoturistas segundo Wearing & Neil (2001):

1. Posse de uma ética ambiental.

2. Boa vontade em não degradar o recurso.

3. Foco na motivação intrínseca, e não na extrínseca.

4. Orientação biocêntrica em vez de antropocêntrica.

5. Intenção de beneficiar a vida selvagem e o Meio Ambiente.

6. Procura de uma experiência direta com o ambiente natural.

7. Expectativa de educação e apreciação.

8. Alta dimensão cognitiva e afetiva.

26

Page 23: TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA MATA DO TOTÓ EVENTO UCPEL

27