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Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

Leandro Mól Aguiar Soares

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Belo Horizonte2011

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Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

Leandro Mól Aguiar Soares

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Projeto de monografia final apresentado ao curso de Jornalismo doCentro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), como requisito

 parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Socialcom habilitação em Jornalismo.

Orientador: Evaldo Fonseca Magalhães

Belo Horizonte

2011

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Dedico esse trabalho de conclusão da graduação aos meus familiares e

amigos que de muitas formas me incentivaram e ajudaram para que fosse

 possível a concretização desse sonho.

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Sinceros agradecimentos ao meu orientador pela confiança e incentivo

 para realização desse trabalho. A todos os professores(as) pela

harmoniosa convivência, valiosos ensinamentos e prazerosa amizade,

elementos essenciais durante a minha trajetória acadêmica e meu

crescimento profissional.

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“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria,aperta e depois afrouxa, aquieta e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da alegria e ainda mais no meioda tristeza. Todo o caminho da gente é resvaloso, mas cair não

 prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta”.

(João Guimarães Rosa em “Grande Sertão Veredas”, 1956).

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RESUMO

Essa monografia analisa as estratégias de comunicação online dos dois principais candidatos a

 presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), durante o 2° turno das

eleições de 2010. A pesquisa fundamenta-se teoricamente nos campos da comunicação, da

 política e da Internet, recorre aos métodos de busca documental e observação participante, e

tem como objeto os perfis oficiais do Twitter em que Dilma e Serra se fazem presentes. Essa

 pesquisa justifica-se pela ascensão do meio digital observada no mundo e no Brasil nos

últimos anos, e pelo ineditismo do uso massivo das redes sociais pelos políticos candidatos a

cargos eletivos brasileiros.

Palavras chaves: Internet, redes sociais, comunicação política.

ABSTRACTThis monograph analyzes the online communication strategies of the two main candidates for 

 presidency, Dilma Rousseff (PT) and José Serra (PSDB), during the 2nd round of the 2010

elections. The research is based on theory in communications, politics and the Internet, uses

the methods of participant observation and documentary search, and has as its object the

official Twitter profile that Dilma and Serra are present. This research is justified by the

observed rise of digital media in the world and in Brazil in recent years, and the novelty of the

massive use of social networks by political candidates for office in Brazil.

Keywords: Internet, social networks, political communication.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Gráfico de análise do sujeito no discurso...................................................................14

Figura 2 Tela inicial do perfil da conta pessoal do autor..........................................................33

Figura 3 Tela inicial do perfil do Twitter de Dilma Rousseff (twitter.com/dilmabr ) e José

Serra (twitter.com/joseserra _)..................................................................................................36

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Análise da utilização desenvolvida por Dilma Rousseff e José Serra no Twitter...40

Tabela 2 Análise do discurso desenvolvido Dilma Rousseff e José Serra no Twitter...........51

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................12

2.1 Análise do discurso ............................................................................................................122.2 Análise do discurso das mídias ..........................................................................................172.3 Comunicação e Política ......................................................................................................202.3.1 Relação entre comunicação, política e novas mídias.......................................................202.4 Redes Sociais da Internet....................................................................................................252.4.1 Novas formas de interação e comunicação......................................................................252.5 Twitter ................................................................................................................................32

2.5.1 Novo fenômeno da comunicação em rede ......................................................................322.5.2 Twitter como espaço de propaganda política ..................................................................35

3 O USO DO TWITTER POR DILMA ROUSSEFF E JOSÉ SERRA ..........................38

3.1 Metodologia .......................................................................................................................383.1.1 Descrição do uso do Twitter por Dilma Rousseff............................................................403.1.2 Descrição do uso do Twitter por José Serra.....................................................................41

4 O DISCURSO NO TWITTER POR DILMA ROUSSEFF E JOSÉ SERRA................43

4.1 Metodologia........................................................................................................................434.2 Dilma Rousseff...................................................................................................................444.2.1 Análise do discurso de Dilma Rousseff no Twitter ........................................................444.3 José Serra............................................................................................................................474.3.1 Análise do discurso de Serra no Twitter..........................................................................474.4 Análise comparativa entre Dilma e Serra...........................................................................50

5 CONCLUSÃO .....................................................................................................................52

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................54

ANEXOS..................................................................................................................................56

Anexo A - Notícias na Internet sobre a campanha eleitoral 2010 no Twitter de Dilma Rousseff e José Serra................................................................................................................................56

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1 INTRODUÇÃO

A utilização da Internet por partidos e candidatos em disputas eleitorais deixou de se restringir 

à composição e manutenção de websites. Com o advento e popularização das redes sociais, as

chamadas campanhas online se depararam com novos ambientes digitais para se comunicar 

com os eleitores e novas regras e modos de uso inerentes à sociabilidade construída pelos

usuários desses canais. Embora o Brasil tenha conhecido, efetivamente, sua primeira

experiência com campanhas na internet nas eleições de 2010, a utilização dos sites de redes

sociais pelos candidatos à presidente gerou grande repercussão pública e lançou nova

discussão sobre os novos modos possíveis de comunicação política.

A Internet foi decisiva no processo político-eleitoral em função da mudança na legislação. Até

as eleições passadas, os legisladores entendiam a Internet como espaço de mídia de massa,

como rádio e TV. Isso limitava muito a participação dos eleitores no debate político. Com a

mudança na legislação eleitoral, a internet se transformou num espaço de livre expressão

individual. Milhões de pessoas, que não participavam do debate político-eleitoral, agora

 possuem a possibilidade de se manifestar com seus próprios conteúdos através das redessociais, como blogs, Twitter, Youtube, Flickr, Orkut, Facebook, entre outros.

Pretende-se discutir os potenciais das campanhas políticas empreendidas na Internet e a

interface da análise do discurso das campanhas online. Como atuaram os principais

candidatos à presidência do Brasil em 2010, especificamente no Twitter, analisando quais os

níveis de compreensão das campanhas no que se referem aos potenciais da ferramenta e a

análise do discurso da campanha online. A partir das categorias analíticas criadas, éapresentado o padrão de comunicação política e a análise de discurso estabelecido no Twitter 

 pelos candidatos José Serra e Dilma Rousseff durante o 2° turno das eleições de 2010.

O primeiro capítulo inicia a abordagem da comunicação política no âmbito da Internet,

destacando a importância do uso da Internet no meio político, assim como a influência da

linguagem política no meio virtual. No segundo capítulo, fundamentos da análise do discurso

foram resgatados e destacados nesta pesquisa. O conceito de discurso foi apresentado e

relacionado com os princípios da linguagem: o sujeito, a persuasão, a participação do público

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e as novas plataformas de produção. Consideram-se o Twitter como a nova plataforma de

 produção. Assim, no terceiro capítulo, descrevem-se as características próprias do Twitter,

suas ferramentas e contribuições como mídia social para o desenvolvimento da informação de

rede e a prática da comunicação. No último e quarto capítulo, destaca-se o Twitter como

importante ferramenta na globalização da comunicação, divulgação de informação, assim

como o novo meio em destaque para a propaganda e visibilidade política.

Esta pesquisa justifica-se pela ascensão do meio digital observada no mundo e no Brasil nos

últimos anos, e pelo uso massivo das redes sociais pelos políticos candidatos a cargos eletivos

no país. A pesquisa fundamenta-se teoricamente nos campos da comunicação, da política e da

Internet, recorre aos métodos da análise de conteúdo e tem como objeto o Twitter, onde DilmaRousseff e José Serra se fazem presentes.

A Internet já influenciou o social, o econômico e agora marca efetivamente sua influência no

âmbito político. Estudar a comunicação nesse meio contribui para a formação de profissionais

que trabalharão com o jornalismo online, comunicação em redes sociais ou nas futuras

campanhas eleitorais, para os candidatos, partidos e legisladores que necessitam de subsídios

sobre a Internet.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Análise do discurso

O discurso é uma prática, uma ação do sujeito sobre o mundo. Quando pronunciamos um

discurso, agimos sobre o mundo, marcamos uma posição. Para Orlandi (2002), a unidade do

discurso é um efeito de sentido. “A palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idéia de

curso, de percurso, de correr por, de movimento” (ORLANDI, 2002, p. 15). O discurso é,

assim, palavra em movimento, prática de linguagem.

Charaudeau (2006) afirma que ao viver em comunidades os indivíduos fazem parte e criamum jogo de regulação das práticas sociais. Através dos discursos eles representam estas

 práticas sociais valorizando-as e estabelecendo as convenções e normas de comportamento.

De acordo com Orlandi (2002), a análise de discurso que toma o discurso como seu objeto

 próprio, tem seu início nos anos 60 do século XX e concebe a linguagem como mediação

necessária entre o homem e a realidade natural e social. A linguagem não se refere somente

aos sistemas de signos internos à língua, mas a sistemas de valores que comandam o uso

desses signos em circunstâncias de comunicação particulares. Para Charaudeau (2006), alinguagem deve ser tratada enquanto ato de discurso, que aponta para a maneira pela qual se

organiza a circulação da fala numa comunidade social, produzindo sentido e construindo a

informação.

Os discursos se movem em direção a outros, nunca estão sós, sempre estão permeados por 

vozes que o antecederam e que mantêm com eles constante duelo, ora os legitimando, ora os

confrontando. A formação de um discurso está baseada nesse princípio constitutivo, odialogismo. Os discursos vêm ao mundo povoados por outros discursos, com os quais

dialogam. Esses discursos podem estar dispersos pelo tempo e pelo espaço, mas se unem

 porque são atravessados por uma mesma regra de aparição: uma mesma escolha temática,

mesmos conceitos, objetos, modalidades ou um acontecimento. Orlandi (2002) diferencia a

análise do discurso em relação à análise do conteúdo, pois esta última procura extrair sentidos

do texto, enquanto a outra é observada no texto como um material simbólico com seu

significado semântico. Ou seja, não leva só em consideração o texto, e sim toda sua

materialidade histórica e as condições em que foi produzido.

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Charaudeau (2006) passa a analisar a informação como discurso. Ele entende que o discurso

se apropria da língua e sua organização, morfológica, sintática e semântica. Ele combina

condições extradiscursivas com realizações intradiscursivas. Dessa combinação surgem

noções como a construção do sentido, a natureza do saber (a informação relacionada a um

campo de conhecimento) e efeito de verdade. “A construção do sentido só é possível através

da utilização da linguagem em situação de troca social, porque o sentido não é algo

 preestabelecido ele nasce justamente na interação social” (CHARAUDEAU, 2006, p.39).

Charaudeau (2006) destaca a questão do outro, porque na filosofia da linguagem é a partir da

consciência do outro que o homem produz o discurso.

Charaudeau (2006) define a informação como “uma transmissão de um saber, com ajuda de

uma determinada linguagem, por alguém que o possui a alguém que se presume não possuí-

lo” (CHARAUDEAU, 2006, p.33). Assim se produz um ato de transmissão de um saber a

quem não o possui que faria com que o individuo passasse de um estado de ignorância a um

estado de saber, assim como do desconhecido para o conhecido.

Charaudeau (2006) apresenta o modelo que elimina todo efeito da intersubjetividadeconstrutiva das trocas humanas e identifica a comunicação com a informação e a transmissão

de sinais construída através da informação.

 Fonte de informação > Instância de transmissão > receptor 

A fonte de informação é definida como um lugar no qual haveria certa quantidade de

informações, sem que seja levantado o problema de saber qual é a sua natureza, nem qual é aunidade de medida de sua quantidade. O receptor, segundo Charaudeau (2006), “é

considerado capaz de registrar e decodificar “naturalmente” a informação que lhe é

transmitida, sem que seja levantado o problema da interpretação, nem o do efeito produzido

sobre o receptor” (CHARAUDEAU, 2006, p. 42). Nada é dito sobre quem julga o efeito que

uma informação deveria produzir e a própria questão do efeito não é levantada, pois

considera-se que a informação passaria integralmente.

As instâncias de transmissão asseguram a maior transparência possível entre fonte e recepção.

Trata-se de um modelo que define a comunicação como “um circuito fechado entre emissão e

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recepção, instaurando uma

seria 'codificar' a mensag

(CHARAUDEAU, 2006, p

Para Charaudeau (2006)

 problemáticas ligadas a ca

questão do acesso a infor 

chegar ao saber (conhecim

difusão da informação o nã

instância da transmissão l

sujeita, surgindo a partir midiático se constitui nu

televisão e imprensa) te

transmissão da informação.

 

Para Orlandi (2002), o suj

é regido pela ideologia e

que o cerca. Social, por q“O sujeito de linguagem é

da história, não tendo o c

20). Vejamos a figura1 abai

 

 ____________ Figura 1 ORLANDI, Eni P. Aná

relação simétrica entre a atividade do emis

em e a do receptor seria 'decodificar' ess

. 43).

as conjunções desses três elementos

da instância. Por exemplo, a da fonte de i

ação, pois se não houver acesso à inform

ento). Já com relação à instância de recepçã

o conhecimento do saber não seria gerado.

va ao questionamento sobre o tratamento

desse ponto a questão da transparência.dispositivo que influência, sendo que ca

características próprias que definirão a

ito do discurso é histórico, social e descentr 

elo inconsciente. Histórico, por que não es

e não é o indivíduo, mas àquele apreendidodescentrado, pois é afetado pelo real da líng

ntrole sobre o modo como elas o afetam”

xo:

ise de Discurso: princípios e procedimentos. Campin

sor, cuja única função

a mesma mensagem”

apresentados surgem

nformação refere-se à

ção não será possível

, se não for possível a

 por fim, a questão da

ue a informação está

Assim, cada veículoda dispositivo (rádio,

spectos diferentes na

do. Descentrado, pois

tá alienado do mundo

num espaço coletivo.ua e também pelo real

(ORLANDI, 2002, p.

s: Pontes. 4ªed, 2002

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Orlandi (2002) considera que as condições de produção de um determinado discurso estão

relacionadas aos sujeitos, à situação e à memória. Segundo Orlandi (2002), os sujeitos, na

análise do discurso, desempenham o papel de produtores influenciados sempre pelo que está

no exterior na relação de sentido. A partir do contexto em que dado enunciado partiu, e vendo

as condições históricas em que foi produzido, consulta-se a memória e visualizam-se quais

foram às relações de sentido realizadas em dado enunciado.

A memória é o que sustenta os dizeres desse discurso, tudo que já se disse sobre o assunto

tratado. “O fato de que há um já-dito que sustenta a possibilidade mesma do dizer, é

fundamental para se compreender o funcionamento do discurso e sua relação com os sujeitos

e com a ideologia” (ORLANDI, 2002, p.33).

Sobre formação discursiva, Orlandi (2002) ressalta que o sentido não existe por si só, mas é

determinada pelo momento histórico em que foi enunciada, e cada indivíduo dá o significado

que mais lhe aprouver em dado momento. Assim, a formação discursiva é aquilo que uma

formação ideológica determina ao ser dito. Dessa forma, as formações discursivas

representam as formações ideológicas, pois não há linguagem sem ideologia.

A ideologia, segundo Orlandi (2002), é a condição para a existência dos sujeitos e dos

sentidos, produzindo as formas subjetivas que constituem o sujeito. A unidade é uma criação

ideológica, é uma coação da ordem do discurso. Por isso, podemos dizer que o sujeito é um

acontecimento simbólico. “Se não sofrer os efeitos do simbólico, ou seja, se ele não se

submeter à língua e à história, ele não se constitui, ele não fala, ele não produz sentidos”

(ORLANDI, 2002, p. 49).

 Nesse contexto, Citelli (2004) afirma que a persuasão como signo lingüístico e seus

significados mantém relação direta com a ideologia, formando uma unidade, na qual os

valores e ideias do discurso implicam em reconhecer os signos que os constroem.

Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpofísico, instrumento de produção ou produto de consumo, mas ao contrário destes, eletambém reflete e refrata outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possuium significado e remete algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é

ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia. (CITELLI, 2004, p. 28)

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Conhecer os signos linguísticos é importante na construção do discurso persuasivo. A

disposição e a articulação dos signos no discurso revelam ideologias que estão sendo

explicitadas e atuam de forma direta na construção da persuasão.

O discurso persuasivo deve ser visto como realização coletiva, e não individual, apesar de

 poder ter um enunciador de aspecto coletivo ou individual. Junto com as lutas sociais, com os

embates pela afirmação de interesses de grupos e classes, desenvolvem-se os conflitos

discursivos, e entre eles a vontade de afirmar a dominância de um discurso sobre o outro. “O

modo de articular e organizar os signos lingüísticos poderá determinar as direções que o

discurso irá tomar, inclusive de seu maior ou menor grau de persuasão” (CITELLI, 2004, p.

26). O eufemismo também é uma forma de inculcar ideologias da classe dominante. Os

discursos dominantes e autoritários são meios parecidos de repassar ordens e manter a

sociedade da forma pretendida da classe dominante, ou seja, o Estado.

A persuasão não pode ser entendida somente como coerção. Discursos persuasivos podem,

 por exemplo, levar a mudança de hábito socialmente positiva. Só é possível existir persuasão

se houver liberdade de expressão. “É possível imaginar, contudo, que em certas áreas do

conhecimento possa imperar uma natureza discursiva menos persuasiva, até mesmo lúdica,aberta” (CITELLI, 2004, p. 68).

Citelli (2004) afirma que persuadir não é sinônimo imediato de mentira ou coerção, mas que

os resultados dependem do comportamento adotado no discurso. Para existir persuasão

condições são estabelecidas e a principal delas é a existência da democracia, que permite a

livre circulação de idéias.

Orlandi (2002) explica alguns recursos da análise de discurso utilizados para identificar as

características ideológicas dos sujeitos. A primeira delas é o esquecimento, que “consiste na

retomada de algo que já foi dito como se tivesse se originado no sujeito que o faz. Ele faz isso

inconscientemente, pois mesmo antes de ele nascer esse discurso já estava em processo”

(ORLANDI, 2002, p.53).

Outro recurso explicado são a  paráfrase e polissemia, “essas são duas forças que trabalham

continuamente o dizer, de tal modo que todo discurso se faz nessa tensão: entre o mesmo e o

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diferente” (ORLANDI, 2002, p.55). Paráfrase é aquilo que se mantém nos dizeres e

 polissemia é a ruptura disso. Logo, temos que tanto as constantes quanto as contradições

existentes nos dizeres de um mesmo discurso ajudam a identificar a situação e a ideologia

desses sujeitos, uma vez que sem essas transformações não haveria o movimento dos

sentidos, nem a particularidade dos sujeitos. Orlandi (2002) afirma que nem os sujeitos, nem

os sentidos, nem os discursos já estão prontos e acabados, estão sempre se fazendo, estão

sempre em movimento na tensão entre paráfrase e polissemia; e essa incompletude é que

condiciona a linguagem e cria os diferentes sentidos de um discurso.

Charaudeau (2006) cita a  polifonia como um recurso de análise de discurso a partir da

construção de vários “eus” do sujeito. “Ele é polifônico, uma vez que é portador de váriasvozes enunciativas. Ele é dividido, pois carrega consigo vários tipos de saberes, dos quais uns

são conscientes, outros são não-conscientes, outros ainda inconscientes” (CHARAUDEAU,

2006,p.68).

O sujeito pode ocupar várias posições no texto. Um único indivíduo pode assumir o papel de

diferentes sujeitos. O sujeito é caracterizado pela incompletude, mas essa marca vai se

apagando de acordo com a função enunciativa que o sujeito assume. Hierarquicamente esseapagamento acontece da seguinte maneira: locutor, enunciador e autor. O sujeito é um eu

 pluralizado, pois se constitui pela interação verbal. “É múltiplo porque atravessa e é

atravessado por vários discursos, por que não se relaciona mecanicamente com a ordem social

da qual faz parte, por que representa vários papéis, etc.” (ORLANDI, 2002, p. 11).

Com referência a Facault, Orlandi (2002) diz que o discurso é um acontecimento, embora

esteja ligado a redes discursivas que vêm antes dele. Como acontecimento, o discurso quenarra o fato deve ser tratado em sua singularidade, que pode abarcar múltiplas

temporalidades: “Não é preciso remeter o discurso à longínqua presença da origem; é preciso

tratá-lo no jogo de sua instância” (FOUCAULT,2002).

2.2 Análise do discurso das mídias

 Na análise das mídias sob a perspectiva do discurso que delas emana, Charaudeau (2006) trata

o assunto a partir das estratégias de produção de significado do discurso midiático, como uma

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forma de chamar a atenção para o fato de que aquilo que é veiculado pela mídia não é uma

verdade absoluta, mas se trata, de fato, de uma encenação midiática. O real mostrado pela

mídia seria, na verdade, um real construído, uma realidade que pode ser verdade, mas que,

 pelo fato de poder ser abordado de inúmeras formas diferentes, no momento que se escolhe

uma dessas formas, escolhe-se também uma estratégia de significação.

As mídias manipulam tanto quanto manipulam a si mesma. Para manipular é preciso umagente da manipulação que tenha um projeto ou uma tática, mas é preciso também de ummanipulado. Como o manipulador não tem interesse em declarar sua intenção, é somenteatravés da vitima do engodo que se pode concluir que existe uma manipulação.(CHARAUDEAU, 2006, p. 50).

As mídias não transmitem o que ocorre na realidade social. Elas impõem que constroem doespaço público. A informação é uma questão de linguagem e a linguagem não é transparente

ao mundo, ela apresenta sua própria opacidade através da qual se constrói uma visão, um

sentido particular do mundo. “As mídias não são a própria democracia, mas o espetáculo da

democracia” (CHARAUDEAU, 2006, p. 50).

A informação na mídia é a relação que se estabelece entre aquele que detém o saber (a mídia)

e aquele que se supõe não detê-lo (o público). A mídia não só se deve procurar informar as pessoas, como também deve requerer que sejam adotadas estratégias discursivas para prender 

a atenção do espectador. A maneira como a mídia produz o sentido do discurso, ressalta o

fato de que sempre se procede a uma seleção de acontecimentos e que a notícia seria na

verdade um recorte da realidade, carregado de intencionalidades. “As mídias não são uma

instância de poder, elas constituem uma instância que não promulga nenhuma regra de

comportamento, norma ou sanção. As mídias e o jornalista não têm nenhuma intenção de

orientação nem de imposição” (CHARAUDEAU, 2006, p. 53).

 Na análise da construção da notícia, Charaudeau (2006) afirma que os acontecimentos só se

constituem enquanto acontecimentos quando estão em um discurso. Essa seleção dos

acontecimentos que entrarão na ordem do discurso midiático vai ser feita através de um filtro

que a mídia realiza em função de dados que se relacionam com as noções de tempo, espaço e

hierarquia (importância do fato). “A captura da realidade não acontece sem que haja um filtro

 particular do que se quer captar. Realiza-se uma fragmentação do real, constrói-se um real, a

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 partir da seleção de acontecimentos que serão noticiados pela mídia” (CHARAUDEAU,

2006, p. 67).

De acordo com Charaudeau (2006), as estratégias da informação são: relatar o acontecimento,

comentar o acontecimento e provocar o acontecimento. Relatar é construir midiaticamente o

acontecimento, pois quando ele é descrito em uma notícia, esta é objeto de um tratamento

discursivo. Comentar é uma atividade discursiva complementar ao relato e requer o exercício

do raciocínio através da análise das razões e motivos que explicam o surgimento de um

acontecimento. Já provocar o acontecimento se refere ao fato de que a mídia se constitui em

um espaço público no qual diferentes vozes e discursos se confrontam. Assim, a mídia pode

 provocar ou fomentar esse confronto.

As estratégias de informação definidas por Charadeuau (2006) são relacionadas com o estudo

de caso que esta pesquisa aborda. A rede social, Twitter, foi utilizada pelos respectivos

candidatos a presidência em 2010, Dilma Rousseff e José Serra, como difusor da divulgação

de acontecimentos e comentários relacionados à corrida presidencial. Esse ambiente

favoreceu a construção, através do espaço público da Internet, de debates e discussões que

revelaram a diversidade de idéias entre a opinião pública, além de comprovar o poder detransmissão e persuasão da informação através da ferramenta midiática da Internet.

Charaudeau (2006) constrói uma análise da mídia sob olhar das ciências sociais. Do ponto de

vista empírico, as mídias da informação funcionam pela lógica econômica que faz todo o

organismo de informação aja como uma empresa e uma lógica simbólica, que faz com que

todo organismo de informação participe da construção da opinião pública.

Do ponto de vista analítico as mídias de informação são objetos de estudo diferentes. Uns de

filiação mais especulativa (estudos filosóficos e antropológicos), que diz a respeito do valor 

simbólico dos signos, seu lugar na sociedade, semelhanças, diferenças que as mídias

apresentam ao se inscreverem em espaços culturais diversos e suas transformações observadas

através do tempo. Filiação mais experimental (estudos psicossociologicos), que diz a respeito

aos componentes desse objeto para que os sujeitos produzam ou consumam os signos de

informação. E filiação empírico-dedutiva (estudos sociológicos e semiológicos), que através

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do objeto empírico e instrumentos de analise, permite explicar os efeitos de significância que

tal objeto produz em situação de troca social.

2.3 COMUNICAÇÃO E POLITICA

2.3.1 Relação entre comunicação, política e novas mídias

Comunicação e política são campos sociais que se permeiam e estão intimamente ligados,

influenciando-se mutuamente. Os dois são decisivos para as práticas democráticas, sendo que

os meios de comunicação assumem cada vez mais o papel de mediadores dos processos de

democracia na modernidade.

De acordo com Rubim (2000), o tema comunicação e política aparece como um dos mais

analisados desde os primórdios dos estudos e teorias da comunicação nos anos 20 e 30 do

século XX. Nesses anos, a temática foi investigada especialmente por cientistas sociais e

 políticos, além de psicólogos que buscavam compreender a presença cada vez mais

impactante da comunicação midiatizada na sociedade norte americana. “O relacionamento do

campo da política e da comunicação realiza-se não só como conflito, mas também como

complementaridade, campos que necessitam interagir com outros campos para se efetivar 

socialmente” (RUBIM, 2000, p.14).

A política na modernidade se expressa na centralidade assumida pela modalidade

representativa na atividade política. A idéia de representação, segundo Rubim (2000), está

integrada dentro da política moderna e contemporânea.

Cada cidadão delega sua parcela de poder a um representante, que assim conquista ummandato executivo ou legislativo. O rito eleitoral periódico torna-se central ao

 procedimento da escolha de representantes à própria esfera política, formatada desde amodernidade. (RUBIM, 2000, p.49)

 Na relação entre política e comunicação, Gomes (2004) estabelece três modelos. No primeiro,

a imprensa está vinculada aos partidos políticos, os quais necessitam de uma forma de

difundir suas idéias. “A existência de uma imprensa livre era garantia da existência de

diversidade partidária, da contraposição legítima entre oposição e governo, da liberdade dos

 partidos” (GOMES, 2004.p.47).

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 No segundo, os meios de comunicação passam a produzir e distribuir conteúdos e produtos de

entretenimento de forma massiva, tornando-se meios de difusão de mensagens para os

 partidos políticos. Nesse contexto surge o modelo da comunicação como negócio, no qual

existem duas grandes categorias: “o universo político e a sociedade, um sistema de

instrumentos de que se serve a primeira grandeza para produzir efeitos sobre a segunda”

(GOMES, 2004, p.48). Ao produzir conteúdos e produtos de questões de natureza política, os

meios de comunicação passam a alcançar as pessoas situadas nas mais diversas classes e com

nível de alfabetização, cultura e competência dos mais diversificados.

 No terceiro modelo observa-se a formação de uma indústria da informação e cultura. Para

Gomes (2004), as instituições dos meios de comunicação possuem algo valioso para acrescente economia, a qual precisa tornar conhecidos seus produtos: a atenção pública, através

do anunciante, comprador do produto, “audiência”. Quem passa a financiar as instituições da

indústria de informação e cultura são os anunciantes e os consumidores dos produtos dessa

indústria. Este terceiro modelo é o que predomina hoje. Os dispositivos de comunicação

foram incluídos nos setores sociais da informação e da cultura de massa como elementos

destinados a satisfazer os seus interesses imanentes e não os interesses de comunicação de

qualquer outro setor social. “Tanto a indústria da informação como a indústria cultural, passam a ser construídos ao seu redor verdadeiros campos sociais” (GOMES, 2004, p.52).

A mídia tem o papel principal de mediadora dos processos sociais em larga escala,

especialmente o fazer político, que passa a depender de utilizar as redes e linguagens

midiáticas como interface para suas operações junto à sociedade. O bom desempenho

midiático passa a ser fator determinante da escolha de um candidato.

O espaço das mídias configura-se como um espaço público simbólico onde são divididas,debatidas, tensionadas e até mesmo resolvidas, as demandas e processos sociais. Porém,este espaço público é fragmentado, na medida em que não conta com uma unidade espacial,local e geográfica, nem integra fisicamente os seus atores, que compartilham de umaexperiência simbólica sincronizada. (ALDÉ, 2004, p.17).

O tema da adequação da política à mídia se identifica com o debate em torno do espetáculo

ou da espetacularização. Segundo Rubim (2000), a tendência a espetacularização pode ser 

demarcada pela revolução comercial e industrial, através da aglomeração e proliferação de

 pessoas em territórios urbanos, pela revolução dos transportes e da comunicação, no qual

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multiplica imagens, sons e palavras pela telerealidade, constituída pelo principio da

visibilidade social e assim morada do espetáculo, máquina da espetacularidade. “A

espetacularização pode significar a realização e dominância de uma lógica midiatizada ou a

 predominância de uma lógica política que se realiza justo através do recurso ao espetacular 

midiatizado” (RUBIM, 2000, p.71). No mundo globalizado, a nova dimensão pública de

sociabilidade, constituída pela comunicação midiatizada, torna-se um espaço essencial de luta

 política por poderes.

O novo mundo se caracteriza pelo predomínio da imagem sobre a palavra, do visível sobreo inteligível, da percepção sobre o conceito, da capacidade de ver sobre a capacidade de

 pensar. Essa mutação torna o homem dependente do vídeo e de dispositivos afins, como assondagens de opinião, fazendo regredir a politica. Com a racionalidade solapada e aemoção exacerbada, a democracia encontra-se em cheque (RUBIM, 2000, p.53).

Gomes (2004) afirma que a esfera política precisou reconhecer que o controle da visibilidade

 pública estava com as instituições de comunicação, as quais organizam seus produtos segundo

a lógica que satisfaz a audiência. De acordo com Gomes (2004), para ganhar espaço nesses

meios, os políticos deveriam se organizar segundo essa lógica operante ou tornarem-se

anunciantes. No primeiro caso, a esfera política precisa aprender a produzir fatos-notícias que

chamem atenção de jornalistas para ganhar visibilidade na imprensa. No segundo, precisaaprender a produzir conteúdos segundo a lógica que agrada ao público.

É preciso conhecer os critérios de noticiabilidade praticados pela imprensa e organizar oseventos da realidade de tal modo que se tornem irresistíveis aos agentes do sistemainformativo, que, em geral, funcionam segundo uma equação simples: o que da audiênciatem que ser notícia” (GOMES, 2004, p.156).

Em ambos os casos, tornam-se importantes para o campo político a ajuda de profissionais

conhecedores das técnicas e linguagens da indústria da comunicação. Para Gomes (2004), os políticos mais distantes da mídia têm menores chances de obter apoio popular, pois suas

imagens são condicionadas basicamente pelas mensagens que as pessoas recebem dos meios

de comunicação.

 Nesse contexto, os políticos estudados nessa pesquisa, Dilma Rousseff e José Serra, se

instalaram nas redes sociais da Internet devido à ampla possibilidade de questionamento que o

meio virtual constrói na relação direta entre os políticos e o público virtual. O uso da Internet

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 proporcionou o crescimento da visibilidade política dos candidatos e a divulgação de seus

 projetos e planos direcionados a um público específico, que utiliza as redes sociais da

Internet.

Os cidadãos com acesso amplo a fontes de informação política, como jornais impressos,

internet ou canais a cabo, passam a assumir papel importante na circulação de informações e

na construção de explicações e atitudes políticas. Para a maioria das pessoas, os meios são os

instrumentos por excelência de conhecimento sobre a política, e critério para o exercício da

 boa cidadania. “Os jornalistas são vistos como responsáveis pela transparência da

administração pública e pela denúncia e vigilância do poder político, através da incumbência,

que lhes atribuem os espectadores, de fornecer-lhes a ‘essência dos fatos’ políticos” (ALDÉ,2004, p. 178).

Aldé (2004) aponta que o consumo e a procura ativa pela informação disponível nos meios de

comunicação de massa são elementos marcantes para uma atitude política.

“Quanto maior o consumo regular de informação jornalística sobre política, e quanto mais

diversificada ela for, mais próximo estará o cidadão da esfera pública, e maiores as

 possibilidades de que a encare positivamente” (ALDÉ, 2004, p. 162).

O tema da relação entre eleições e mídia aparece como um dos mais significativos para a

compreensão das novas configurações assumidas pela política na contemporaneidade. Nas

eleições escolhem-se quem deve governar e quem vai ocupar lugares privilegiados de

exercício de poder em instituições do Estado, ou seja, lugares e situações que se dispõe de

modo privilegiado da parcela de poder para governar. Em situações democráticas, a

governabilidade deve resultar permanente disputa de poder.

Por meio do voto, o cidadão escolhe seu representante político que ao acumular um conjunto

necessário de votos, adquire representatividade para ocupar um lugar no governo (executivo,

legislativo, e por sua vez, judiciário). A idéia da representação aparece como em essencial

conexão com o ato eleitoral.

Para Rubim (2000), independente do peso da imprensa, as eleições podem ser caracterizadas

como um “foro comunicativo”, pois, como momento singular da política, as eleições exigem

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de todos os seus atores um investimento em comunicação, em suas estratégias, dispositivos e

instrumentos. Comunicar idéias e propostas, convencer, argumentar, emocionar, mobilizar 

mentes e corações em uma disputa normatizada em ambiente publico. “A mídia, ao exigir 

respeito às suas ‘linguagens’ pode sub-repticiamente exportar sua lógica específica, repleta de

interesses próprios, buscando impor seu poder ao campo político” (RUBIM, 2000, p.100).

Dilma Rousseff e José Serra investem e utilizaram amplamente os meios de comunicação em

especial as redes sociais da Internet, em destaque o Twitter, principalmente no período das

eleições presidenciais de 2010, na busca de intensificar sua visibilidade e tornar o contato com

o eleitor mais próximo e direto. Possibilitando, assim, a propagação do seu discurso político e

sua influência no meio virtual. Através do contato direto com os usuários da internet peladivulgação de propostas, idéias e assuntos que aproximam do público virtual, os candidatos

 puderam conquistar e persuadir novos tipos de eleitores presentes nas redes sociais.

Rubim (2000) analisa a comunicação e política numa sociedade democrática, estruturada e

ambientada pela comunicação, que possui dificuldades e deficiência em exercer certos

direitos. “O direito à privacidade, um direito de respostas eficaz, um direito que garanta a

responsabilização ágil e adequada dos autores, individuais e coletivos, de produtos midiáticos,um direito que assegure certa autonomia e proteção aos trabalhadores de comunicação”

(RUBIM, 2000, p.106).

Rubim (2000) afirma que sem democratização da mídia e da telerrealidade, sem democracia e

cidadania virtuais, sem combinação de democracia representativa e direta, não há como

atualizar e tornar possível a democracia política e social na contemporaneidade.

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2.4 REDES SOCIAIS DA INTERNET

2.4.1 Novas formas de interação e comunicação

A vida contemporânea é marcada pela era da informação, que trouxe inúmeras modificações,

sobretudo na maneira como as pessoas se relacionam. Hoje, o contato entre pessoas

consumidoras de produtos, idéias, tecnologias e serviços ocorre numa linha tênue entre o real

e o virtual. “As funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais

organizados em torno das redes” (CASTELLS, 2002, p.32).

Para Castells (2002), as redes constituem a nova morfologia da nossa sociedade e a difusãodesta lógica em torno das redes modifica de forma substancial todas as etapas dos processos

 produtivos e de experiência, poder e cultura. Dentre as possibilidades de definição do conceito

de rede, a que mais se aproxima do conceito e dos objetivos propostos por este estudo é a

definição em que Castells (2002) cita a lógica das redes como um sistema aberto e totalmente

dinâmico, ou seja, que se modifica de acordo com os interesses dos que detêm esta tecnologia

e com os avanços que impulsionam estas estruturas.

Redes são estruturas abertas de capazes de expandir deforma ilimitada, integrando novosnós desde que consigam comunicar-se dentro da rede: seja, desde que compartilhem dosmesmos códigos de comunicação. Uma estrutura social com base em redes é um sistemaaberto altamente dinâmico, suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. Redessão instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação,globalizaçãoe concentração descentralizada, para o trabalho,trabalhadores e empresas voltadas para aflexibilidade e adaptabilidade. (CASTELLS; 2002, p.49)

A interação é a principal característica da era da informação. Não só a interação entre

indivíduos, mas principalmente a interação entre empresas e consumidores vem se mostrando

como o caminho mais seguro para manter a estabilidade nos negócios. A Internet tem sido,em grande parte, uma ponte para unir lados tão distintos. Castells (2002) afirma que esta

união se dá como uma convergência da evolução histórica e tecnológica.

Entramos em um modelo genuinamente cultural de interação e organização social. Por issoé que informação representa o principal ingrediente da nossa organização social e os fluxosde mensagem e imagens entre as redes constituem um encadeamento básico da nossaestrutura social. (CASTELLS, 2002, p.55)

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A lógica das redes inserida no contexto virtual ainda possibilita inúmeras formas de interação

e comunicação que ainda desconhecemos. Estas tecnologias vêm sendo exploradas e

modificadas a cada dia.

A internet está cada vez mais presente na vida cotidiana, seja no trabalho, nos estudos, no

lazer, nos negócios ou nas relações sociais e políticas. Como outras mídias, ela oferece

visibilidade às pessoas, aos produtos ou aos serviços postos "à venda" no mercado. Por outro

lado, diferentemente das mídias tradicionais, a Internet proporciona uma comunicação mais

informal e espontânea, pois o meio eletrônico fornece certa proteção a quem nele se expressa,

 podendo propiciar também a manifestação de grupos minoritários, pois oportuniza a reversão

dos jogos de poder tradicionais da comunicação. A rede oferece informação vasta e de fácilacesso, enriquecendo a deliberação, e a informação pode ser acessada quando e como o

usuário quiser. A transposição das barreiras espaciais e temporais coloca em contato cidadãos

das mais variadas localizações geográficas

Barabási (2009) afirma que a Internet representa a liberdade fundamental de expressão, no

qual o conteúdo disponível na rede é de difícil censura.

Uma vez postada, fica à disposição de centenas de milhões de pessoas. Essa inigualávelliberdade de expressão, combinada com custos reduzidos de publicação, faz da Internet ofórum máximo da democracia, a voz de qualquer pessoa pode ser ouvida com idênticaoportunidade (BARABÁSI, 2009, p.51).

O surgimento e a popularização das redes sociais da Internet indicam o reconhecimento das

rápidas e profundas alterações nas formas de relacionamentos sociais. O fenômeno das redes

sociais, as quais Castells (2002) já identificava como “rede de comunicação interativa auto

definida, organizada em torno de um interesse ou finalidade compartilhados, embora algumas

vezes a própria comunicação se transforme no objetivo”(CASTELLS, 2000, p.385). Sitescomo Twitter e Orkut são uns exemplos. A Internet é utilizada para as mais diversas

finalidades, tantas quantas existem na variação social e contextual dos usuários.

 Nesse contexto, Recuero (2005) analisa os elementos das redes sociais: atores e conexões. O

 primeiro elemento, o ator social, pode se apresentar na Internet de diversas formas, desde um

 blog, um perfil em um site de rede social ou comentários registrados. O outro elemento, a

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conexão, é o principal foco do estudo das redes sociais, pois é a variação que altera as

estruturas desses grupos.

Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: “atores” (pessoas,instituições ou grupos, os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). Umarede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a

 partir das conexões estabelecidas entre diversos atores. (RECUERO, 2005, p.24)

As redes sociais não são estruturas fixas; modificam-se com o tempo. Os padrões de

interação, entre cooperação, competição e conflito, podem ser estudados nas redes sociais.

Recuero (2005) explica que essas dinâmicas não devem ser vistas de uma forma valorativa.

Cooperação é necessária para a própria existência do grupo ou rede, mas o conflito é

indispensável para a evolução da estrutura. Embora os sites de redes sociais atuem como

suporte para as interações que constituirão as redes sociais, eles não são, por si, redes sociais.

Eles podem apresentá-las, auxiliar a percebe-las, mas é importante salientas que são, em si,

apenas sistemas. São os atores sociais, que utilizam essas redes, que constituem essas redes.

Recuero (2005) afirma que a competição aparece nos sites de redes sociais, mas de forma

sutil. A busca por status ao se possuir diversas comunidades populosas no Orkut ou grande

quantidade de seguidores no Twitter, retrata esse contexto. Os conceitos de adaptação e auto-

organização também são importantes para o entendimento das redes sociais. Entre o caos e

a ordem das redes, a dinâmica de auto-organização é particularmente exemplificada em

situações de conflito dentro de grupos ou comunidades online.

A interação social, no âmbito do ciberespaço, pode dar-se de forma síncrona ouassíncrona. Essa diferença remonta à diferença de construção temporal causada pelamediação, atuando na expectativa de uma mensagem. Uma comunicação síncrona é aquelaque simula uma interação em tempo real, os agentes envolvidos tem uma expectativa deresposta imediata no mesmo momento temporal. É o caso por exemplo dos canais de chat.

Já o mail ou fórum, por exemplo, tem características mais assíncronas, pois a expectativade resposta não é imediata. (RECUERO, 2005, p.32)

Recuero (2005) divide as redes sociais na Internet em dois tipos: redes emergentes e redes de

filiação ou associativas. As redes emergentes são aquelas que, como o nome indica, se

configuram através das interações efetivas e mútuas entre os atores. As redes de filiação são

redes predominantemente suportadas por conexões através de um sistema, é o exemplo de

redes configuradas através do Orkut, por exemplo. As redes associativas seriam

caracterizadas, portanto, por conexões permanentes que podem significar apenas

interação reativa.

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Recuero (2005) divide os sites de redes sociais como apropriados e como sites de redes

sociais propriamente ditos. Como exemplos estão Orkut e o Facebook, que são sistemas

criados com foco nas conexões e relacionamento entre os atores.

A rede social Orkut, de acordo com Recuero (2005), foi criado pelo ex- aluno da

Universidade de Stantford, Orkut Buyukokkten, e lançado pelo Google em janeiro de 2004. O

software é uma espécie de conjunto de perfis de pessoas e suas comunidades. O Orkut

funciona em torno de comunidades fundamentadas em fóruns de discussão que servem a

diferentes finalidades: reunião de grupos de interesse, grupos étnicos, compartilhamento de

informações e conteúdos, reunião de cidadãos de determinadas regiões, ou até mesmo aquelas

que servem apenas como uma etiqueta que ajuda a compor o perfil ou personalidade do

usuário, como “eu gosto de chocolate”. Para Recuero (2005), as características do Orkutlimitam uma eficiência maior na exposição, uma vez que o compartilhamento de informações

é mais restrito e as trocas de informação, conteúdos e interações se mantêm nos fóruns das

comunidades.

Assim como o Orkut, a rede social Facebook foi lançada em 2004 por um grupo de ex-alunos

da Universidade de Havard, Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris

Hughes. Inicialmente, a adesão ao Facebook era restrita apenas aos estudantes daUniversidade Harvard, segundo dados do site Wikipedia, hoje a rede possui cerca de 750

milhões de utilizadores ao redor do mundo. No Facebook os usuários criam perfis que contêm

fotos e listas de interesses pessoais, trocando mensagens privadas e públicas entre si e

 participantes de grupos de amigos. Para Recuero (2005), o Facebook foi inovador quando

 permitiu que os próprios usuários criassem aplicativos para rodar na plataforma, gerando um

desenvolvimento interno da rede.

Outros sites, como YouTube e Fotolog, por outro lado, tem como foco a publicação de

conteúdo, mas podem ser apropriados para que os perfis representem pessoas ou grupos de

 pessoas e suas redes.

O Youtube foi lançado em 2005 pela empresa PayPal, ligada a gerenciamento de transferência

de fundos. O site permite que os usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato

digital. Atualmente o Youtube hospeda uma grande variedade de filmes, videoclipes e

materiais caseiros, que podem ser disponibilizado em blogs, redes sociais e sites pessoais.

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O Fotolog foi lançado em 2002 por Scott Heiferman e Adam Seifer como um pequeno projeto

 para uma comunidade de 200 amigos. Atualmente o Fotolog é um dos site com maior numero

de acessos do mundo. É basicamente um site de divulgação de fotografias em que os usuários

 podem compartilhar com os amigos. O principal objetivo do Fotolog é o compartilhamento de

imagens e fotografias de maneira interativa, já que as pessoas que visitam o site geralmente

 podem fazer comentários, sugestões ou críticas. Para Recuero (2005), os Fotologs podem

representar redes sociais, na medida em que representa um indivíduo (ou um grupo) e a

exposição de sua individualidade.

Alguns valores do capital social seriam facilmente trocados e construídos dentro das redes

sociais da Internet. O primeiro valor é o da reputação, que implica diretamente no fato de quehá informações sobre quem somos e o que pensamos que auxiliam outros a construir, por sua

vez, suas impressões sobre nós. A reputação em redes sociais na Internet não é simplesmente

o numero de leitores de um blog, ou o número de seguidores do Twitter. Ela é relacionada

com as impressões que os demais autores têm de outro ator, ou seja, do que as pessoas

 pensam de um determinado blogueiro. De acordo com Recuero (2005), a reputação é uma

 percepção qualitativa, que é relacionada a outros valores agregados.

O segundo valor é o da popularidade, que é um valor relacionado à audiência, que é também

facilitada nas redes sociais na Internet. A audiência é facilmente medida na rede, assim é

 possível visualizar as conexões e as referências a um indivíduo, tornando a popularidade é

mais facilmente percebida.

Segundo Recuero (2005), trata-se de um valor relativo à posição de um ator dentro de sua

rede social. “Um nó mais centralizado na rede é mais popular, porque há mais pessoasconectadas a ele e, por conseguinte, esse nó poderá ter uma capacidade de influência mais

forte que outros nós na mesma rede” (RECUERO, 2005, p.71). A popularidade também não é

relacionada com autoridade, mas com algum tipo de reputação.

Um terceiro tipo de valor é a autoridade, que se refere ao poder de influência de um nó na

rede social. Segundo Recuero (2005), é uma medida da efetiva influência de um ator com

relação à sua rede, juntamente com a percepção dos demais atores da reputação dele.

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Autoridade, portanto, compreende também reputação, mas não se resume a ela. Autoridade é

uma medida de influência, da qual se depreende a reputação.

Barbási (2009) afirma que a questão fundamental quando se trata da Internet é saber se a

informação divulgada será percebida por alguém e para isso é preciso ter visibilidade através

dos links. Cada pessoa possui interesses, valores e crenças diferentes, refletindo assim a

diversidade existente de links nas páginas da rede. “A medida de visibilidade é o número de

links, quanto mais links de entrada para a nossa página da Internet, mais visível ela será”

(BARBÁSI, 2009, p.52). Para Barbási (2009), o reflexo de uma pessoa possuir pouca

 popularidade ou visibilidade na Internet é devido ao pouco número de links existentes na sua

 página ou rede social.

Em relação à difusão de informações nas redes sociais, Recuero (2005) relaciona capital

social à difusão de informações ao mostrar os diferentes tipos de memes, ou seja, a forma

como a informação é passada adiante. Os memes podem ser classificados de acordo com a

fidelidade da cópia, longevidade e alcance. Todos os tipos de memes seriam relacionados à

reputação, pois replicar um determinado conteúdo envolve influência. Recuero (2005) se

 baseia na Teoria evolucionista de Darwin, que define memes como “pedaços de informaçãoreconhecível” ou “fundamento essencial de uma idéia”.

Recuero (2005) entende a comunidade virtual como agregados mais densos das redes sociais,

com laços e capital social mais intenso. As comunidades no modelo clássico eram definidas

 por um grupo de indivíduos com relações recíprocas em um contexto físico e territorial. Com

as evoluções no meio tecnológico, estas relações continuaram, sem que necessariamente

houvesse contato físico e proximidade geográfica.

O impacto que a Internet e a tecnologia proporcionaram às relações humanas fez com quesociólogos e pesquisadores redefinissem este tema e chegassem à conclusão sobre aexistência de comunidades em um espaço não físico, ou seja, o espaço virtual.(RECUERO, 2005, p.44).

 No contexto das redes, os indivíduos estão dispersos geograficamente e se agrupam de acordo

com suas necessidades, quebrando barreiras não só de espaço e de tempo, mas também

 barreiras culturais e lingüísticas. Recuero (2005) revela que as comunidades poderiam ser 

identificadas através dos clusters das redes.

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Os clusters são regiões da rede caracterizadas pela maior densidade das conexões. Recuero

(2005) fala de “grupos coesos”, que apresentariam laços mútuos, membros próximos e

freqüência alta absoluta e relativa de laços entre os membros do grupo. Essas características

contribuiriam para entender a comunidade na perspectiva das redes sociais.

Em relação às topologias das comunidades nas redes sociais, Recuero (2005) relaciona

comunidades de associação e comunidades híbridas a partir dos conceitos de comunidades

emergentes. As primeiras seriam compostas de clusters com conexões densas, mútuas e

 bastante próximas. As segundas, criadas em torno de sistemas ou interesses em comum,

trariam conexões mais pontuais e maior freqüência de laços fracos. Por fim, as comunidades

híbridas trariam características emergentes e associativas. Um exemplo são comunidades de blogs que interagem entre si e possuem uma grande quantidade de leitores que, por sua vez,

associam-se a este conteúdo.

É pertinente destacar que a internet, assim como as redes sociais, não substituem os demais

meios de comunicação nem os torna obsoletos. Ela complementa e serve de incentivo aos

meios tradicionais, os quais buscam modernização, agregando os benefícios das novas

tecnologias e revitalizando-se.

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2.5 TWITTER 

2.5.1 Novo fenômeno da comunicação em rede

O microblog mais conhecido, Twitter 1 , foi fundado em 2006 e nasceu a partir da idéia de

criar uma ferramenta de comunicação interna da empresa norte-americana Obvious Corp, de

Jack Dorsey, tendo como base a pergunta “O que você está fazendo?” e limitando o número

de caracteres postados em 140.

Embora considerado um microblog, Recuero (2009) não concorda com essa nomenclatura, à

medida que considera o Twitter diferente de um blog. Sua primeira crítica diz respeito à

estrutura. Enquanto no Twitter há uma forma igualitária de comunicação, nos blogs,

 blogueiros e comentaristas estão em espaços distintos. Outro ponto destacado é a “dificuldade

em manter a coerência conversacional”, visto não ter uma organização lógica das mensagens.

Recuero (2009) faz referência, também, ao fato de que nessa mídia aquele que posta tem

conhecimento daqueles que as lêem, diferentemente do que acontece em um blog. Por último,

com relação ao conteúdo, afirma que, de forma geral, um blog possui textos mais analíticos,

elaborados e aprofundados.

Acho mais interessante a definição de micro-messaging, pois o Twitter, na minha opinião,aproxima-se mais de um MSN coletivo do que de um blog coletivo. Assim, o Twitter 

 proporciona que se enviem mensagens pequenas a um grupo de seguidores, mas não paratodos os twitters (como o blog, de uma forma geral, faz), de uma forma bem parecida comaquela dos mensageiros. O micro ficaria por conta da limitação do número de caracteres eda limitação no sentido da coerência conversacional que o Twitter possui, mas não osmensageiros (RECUERO, 2009, online).

 Na internet, os usuários criam perfis com endereços e na página inicial do Twitter elaboram

mensagens respondendo à pergunta “O que está acontecendo?”, que aparece com o box pararedigir a mensagem. Logo abaixo, as últimas mensagens dos usuários que está sendo seguido

dispostas cronologicamente, área também conhecida como timeline2. Na direita, aparece a

ferramenta “seus tweets” que mostra a quantidade de mensagens e a ultima publicada pelo

usuário.

 ____________________ 1www.twitter.com.

2 Linha do tempo, em português.

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Logo abaixo os indicadores de quantas pessoas o usuário está seguindo e os números de

seguidores que acompanham as mensagens que o usuário pública. Além disso, é

disponibilizado na ferramenta “Who to follow3”, sugestões de novos usuários para seguir,

conforme a figura2:

Embora a movimentação no Twitter seja majoritariamente pela internet, a sua simplicidade e

limitação do envio de mensagens em até 140 caracteres tem o intuito de permitir que os

usuários interajam utilizando aparelhos de conexão móveis, como o celular.

Os celulares devem ser compreendidos como instrumentos que podem aumentar as possibilidades de emissão e de recepção de informações, ampliando as probabilidades decomunicação, mas não garantindo, necessariamente um maior enriquecimento do processocomunicativo. LEMOS (2002).

O próprio usuário é quem comanda as mensagens que são enviadas de seu perfil e é também

capaz de escolher de quais pessoas ele receberá mensagens. A relação entre os usuários do

Twitter é como qualquer outra relação social, onde cada um escolhe com quem quer interagir,

conforme seus interesses e objetivos na rede, sem ter que explicar o motivo, necessariamente.

 _______________________________________ 3 A quem seguir, em português.

Figura2: Tela inicial do Twitter. Usada conta de uso pessoal do autor para exemplificar as páginas internas domicroblog.

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De acordo com Castells (2003), “o papel mais importante da internet na estruturação de

relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseado no

individualismo” (CASTELLS, 2003, p.32).

Por ter características de rede social, o Twitter une inúmeros indivíduos, formando uma

comunidade online e com fortes laços, que são criados e intensificados pela interação,

colaboração e compartilhamento de informações entre cada usuário, que é independente e que

supera os limites geográficos.

Atualmente o Twitter tem ganhado um caráter mais informacional com postagens que não

necessariamente respondam à pergunta “o que está acontecendo?”. As práticas de troca e a propriedade instantânea das mensagens possibilitam dividir as banalidades e o cotidiano entre

os participantes da rede social.

A vida comum transforma-se em algo espetacular, compartilhada por milhões de olhos potenciais. E não se trata de nenhum evento emocionante. Não há histórias, aventuras,enredos complexos ou desfechos maravilhosos. Na realidade, nada acontece, a não ser a vida

 banal, elevada ao estado de arte pura. (LEMOS, 2002).

A rápida expansão e sucesso do Twitter, como um fenômeno comunicacional, podem ser 

 percebidos devido às informações construídas de forma colaborativa como espaço de

divulgação de práticas culturais contemporâneas que tendem ao agrupamento social por 

enfatizar temas relativos ao cotidiano sem ter em vista uma ideologia comum.

Como ferramenta jornalística, o Twitter torna o envio da notícia mais rápido e com mais

abrangência, atingindo o maior público possível. Cidadãos comuns têm utilizado o serviço

 para fins informativos, de maneira espontânea, oferecendo aos milhões de usuários em rede anotícia no momento em que ela acontece. O Twitter interage bem com outras mídias, sendo

utilizado para difundir links para conteúdos em blogs,Youtube e diversos outros sites.

Para Recuero (2009), tem jornalistas e pessoas que trabalham com a mídia, que acabam

também buscando pautas na ferramenta e retornando valor também a esse “estar no twitter”.

“É a primeira vez que eu, ao menos, vejo uma quantidade tão grande de influenciadores

diferentes em um único espaço” Recuero (2009,online). Fatores determinantes para o

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crescimento do Twitter se devem através da rapidez da qual a informação é passada, da

 possibilidade de emissão e recepção da comunicação entre os seguidores e também da

gratuidade.

Os usuários com maior número de seguidores no Twitter exerce uma grande influência, na

medida em que as mensagens enviadas têm o potencial de atingir mais usuários e mais redes.

Diante das características desta mídia social e das possibilidades de alcance em termos de

número de usuários, políticos começam a fazer uso desta mídia como estratégia para se

aproximar dos eleitores. Dilma Rousseff e José Serra, caso de análise desse estudo, são

exemplos de perfis presentes no Twitter que se tornaram influenciadores devido à

 popularidade que exercem na rede. Nesse contexto, destaca-se o papel dos que possuemvários seguidores ao atuarem como filtro de informações que são repassadas para outros

contatos. Ao repassarem informações, os indivíduos podem atuar como influenciadores,

contribuindo para espalhar a informação em sua rede social. Pessoas com elevado número de

seguidores podem vir a espalhar a informação para pontos mais distantes da rede.

De acordo com Recuero (2009), a propósito competitivo presente no Twitter não ocorre

devido ao número de seguidores, mas pela atenção dos seguidores. “Com o crescimento, arede tende a se complexificar, com mais gente seguindo mais gente. Assim, a influência tende

a se dissolver através da competição pela atenção” (RECUERO, 2009, online). Para Recuero

(2009) isso ocorre por dois motivos. O primeiro se deve ao caráter dinâmico das atualizações

do Twitter, no qual dias e horários determinados da semana tendem a receber mais atenção do

que em outros. O segundo é devido ao aumento da quantidade de pessoas que adotam a

ferramenta e possibilitam laços mais fortes, fazendo com que estejam mais presentes na

ferramenta e que ocorra um maior uso conversacional.

2.5.2 Twitter como espaço de propaganda política

O grande número de usuários e sua rapidez fizeram do Twitter uma eficiente ferramenta para

a política. O uso expressivo do Twitter por políticos iniciou-se por Barack Obama 1 na

campanha presidencial de 2008 dos EUA.

 ___________________ 1 44º presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, eleito em novembro de 2008. Sua campanha para

as eleições presidenciais teve início em fevereiro de 2007. É o primeiro presidente negro do país e foi laureadocom o Prêmio Nobel da Paz em 2009.

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Além de quebrar conceitos por ser o primeiro presidente negro da história do país, Obama

revolucionou ao usar as redes sociais em campanha política e abriu um caminho antes

inexplorado, incentivando, outros políticos a começar a fazer o mesmo. Na entrevista

divulgada pela revista Info Exame2, Joe Rospars, o diretor de novas mídias da campanha de

Obama, afirma que o uso das redes sociais cria oportunidades para que líderes e partidos

construam relacionamentos com voluntários, ou seja, pessoas que estejam dispostas a

colaborar o crescimento da campanha. Para Rospars “a chave é ter certeza de que você está

focado em construir um discurso positivo com as ferramentas online” (Moraes, 2010, p.64).

Percebe-se que um dos objetivos políticos das mídias sociais é aproveitar a eficácia das

técnicas para ajudar a criar uma boa imagem dos políticos. Devido à grande quantidade deusuários que possuem o Twitter, a ferramenta vem sendo utilizada frequentemente pelos

 políticos para captar e interagir os eleitores presentes na rede.

 No Brasil, os principais candidatos à campanha presidencial de 2010 seguiram o modelo

Obama e investiram nas redes sociais, principalmente no Twitter. Os candidatos objeto de

estudo dessa pesquisa, Dilma Rousseff e José Serra, usaram o Twitter como oportunidade de

difundir suas propostas de forma gratuita, conforme mostra a figura3

. Os perfis dos candidatostambém os auxiliavam na divulgação de suas agendas de compromissos. Além disso, no caso

dos sites ou blogs, as assessorias produziam reportagens sobre os comícios realizados pelos

candidatos nas mais diversas regiões do país. Nesse contexto, uso da Internet e das redes

sociais é vantajoso para os candidatos devido a sua gratuidade, assim como para os eleitores,

que são beneficiados pelo contato direto com o político.

Figura 3

 ___________________ Figura3Telas dos perfis do Twitter de Dilma Rousseff e José Serra2 MORAES, Maurício. Quero ser Obama! Info Exame. num 291, maio 2010.

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 No mundo político, o Twitter é uma ferramenta que pode causar riscos quando se tem um

candidato altamente participativo, pois os eleitores vão absorver toda a informação publicada

como verdadeira.

Se não for cumprida uma proposta de campanha das publicações nas redes, fará com que o

candidato vire motivo de fofocas e cobranças por parte dos eleitores seguidores, gerando

 prejuízos a imagem do candidato que dificilmente conseguirá reverter a situação exposta na

rede.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo3, o ministro do Tribunal Superior 

Eleitoral, José Antonio Dias Toffoli, defende a liberação das comunicações pelo Twitter, eoutros meios, como blogs, nos meses anteriores às eleições. Toffoli defende que a Justiça tem

de se acostumar com as novas tecnologias. Para o ministro, as mensagens postadas no Twitter  

 podem ser comparadas a conversas por telefone.

"O Twitter  não é propaganda. O Twitter  é aquilo que podemos chamar de cochicho. É uma

 pessoa cochichando com a outra”. Toffoli afirma que proibir as comunicações no Twitter  é o

mesmo que impedir que as pessoas conversem, o que desrespeita o princípio constitucional daliberdade de manifestação. "É interferir numa seara absolutamente individual. Não se trata de

 propaganda. É liberdade de pensamento e expressão na sua essência”.

Os políticos encontram no Twitter uma nova alternativa para retomar o contato direto com o

eleitorado. O conteúdo exposto passa a ser controlado pelo candidato ou pelos assessores,

uma vez que a informação está livre dos filtros impostos pela mídia.

 _________________ 3 GALLUCCI,Mariângela. Ministro defende twitter nas eleições. Estadão online. Disponível em :http://blogs.estadao.com.br/jt-politica/ministro-defende-twitter-nas-eleicoes/ Acesso em: 02 de outubro de 2011

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3 O USO DO TWITTER POR DILMA ROUSSEFF E JOSÉ SERRA 

3.1 Metodologia

A parte quantitativa da pesquisa consiste na criação de 14 categorias para a análise de

 publicações no Twitter dos dois principais candidatos à presidente do Brasil, Dilma Rousseff 

(PT) e José Serra (PSDB), ao longo do mês de outubro de 2010, período em que ocorreu o 2°

turno das eleições.

A análise quantitativa permitiu identificar as apropriações diferenciadas de cada um dos

candidatos, explorando de forma distinta os recursos do Twitter e evidenciando níveis de

entendimento particulares de como o instrumento deve ser empregado como artifício decampanha.

Mediante a necessidade de esclarecer e justificar as categorias de análise adotadas, seguem

abaixo as nomenclaturas e descrições de cada uma:

1°) Divulgação de agenda: Consiste na publicação, em forma de texto, de algum evento que

o candidato participará. O caráter é estritamente textual, sem referências em forma de links.

2°) Divulgação de agenda com link: Se diferencia do primeiro por permitir a expansão da

informação entregue aos leitores. Esta categoria não se refere apenas aos eventos que estão

 por vir, mas também aqueles que estão acontecendo no momento da publicação. A divulgação

 pode ser ampliada para seções contendo outras atividades que não apenas aquela expressa no

texto ou mesmo com links para que os leitores localizem os locais dos eventos ou acompanhe

ao vivo em transmissão de vídeo ou áudio.

3°) Divulgação de materiais de campanha, entrevistas e debates: Consiste na oferta de

áudios, vídeos e imagens de atos de campanha, discursos, entrevistas concedidas, trechos ou

íntegras de debates, matérias jornalísticas, mensagens para os eleitores, programas

televisivos, radiofônicos e sites ou seções dos sites de campanha. Essa categoria aborda a

utilização de links internos ou externos à campanha.

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4°) Mobilização: Consiste em publicações, com ou sem links, para que os eleitores se

mobilizem em algum tipo de atividade de campanha, desde as presenciais até aquelas

circunscritas aos ambientes digitais, como o “twitaço”.

5°) Comentários sobre eventos (com ou sem links externos): Consiste em publicações

cujo propósito é relatar algum fato envolvendo um evento de campanha ou divulgar o

acontecimento.

6°) Comentários sobre eventos com links de campanha: Se diferencia do anterior por 

expressar uma estratégia de integração do Twitter com outras plataformas de comunicação da

campanha. Conduzir o eleitor aos websites, canais oficiais do Youtube e blogs ou seçõessobre projetos, atraindo a atenção dos eleitores para outros canais de comunicação oficiais da

campanha.

7°) Interação com comentários: Consiste na interação ou referência através do mecanismos

“@fulano” que denota a consideração e atenção aos sujeitos que os seguem e suas

 publicações. Os comentários podem ser agradecimentos, respostas a perguntas,

considerações sobre os comentários pelos seguidores contemplados, além de estabelecer diálogos ou responder a questões que se refere aos conteúdos publicados pelos candidatos e

membros de campanha.

8°) Interação com comentários e links externos: Carrega o poder da interação se valendo

de links externos às campanhas para ilustrar algum comentário, responder a perguntas ou

exibir registros de evento de campanha.

9°) Interação com comentários e links de campanha: Se assemelha à categoria anterior,

 porém integrando outros recursos associados à campanha online. É fundamental ressaltar que

tal recurso é utilizado, principalmente, para repostas de seguidores cujo interesse está

associado ao esclarecimento de propostas e posicionamento dos candidatos.

10°) Replicação de mensagens: A ação de reproduzir um mensagem de algum usuário é

sinônimo de concordância ou não aos comentário ou conteúdo publicado. Conferir tal

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credibilidade à informação de um seguidor significa admitir a relevância da opinião de seus

eleitores ou simpatizantes.

11°) Propostas: Elemento fundamental dos discursos de campanha, categoria se refere às

 publicações dedicadas, exclusivamente à divulgação de projetos políticos e posicionamentos

que tenham efeitos políticos. As propostas, quando divulgadas através de ações de interação,

 por exemplo, foram registradas e serão apresentadas nos resultados.

12°) Sobre realizações: Publicações que se referem à atuação política dos candidatos.

13°) Ataques a adversários: Ataques aos adversários, ao governo e aos partidos foramregistrados como esforço para medir o nível de campanha negativa.

14°) Outros: Se referem a posts como a publicação de poesias, agradecimentos, comentários

sobre gostos pessoais, homenagens, etc.

Tabela 1

 Período 01 a 31 outubro 2010 / 2° turnoCATEGORIAS  DILMA SERRA

Divulgação de agenda 3 45Divulgação de agenda com link 2 12Divulgação de materiais de campanha, entrevistas e debates 7 39Mobilização 19 41Comentários sobre eventos (com ou sem links externos) 33 52Comentários sobre eventos com links de campanha 1 13Interação com comentários 2 34Interação com comentários e links externos 0 14Interação com comentários e links de campanha 0 27

Replicação de mensagens 1 18Propostas 1 3Sobre realizações 0 2Ataques a adversários 1 11Outros 29 16

TOTAL 99 327

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3.1.1 Descrição do uso do Twitter por Dilma Rousseff 

A candidata Dilma Rousseff adotou o Twitter como ferramenta de comunicação de pouca

eficiência para a campanha, pois utilizou de forma muito discreta, irregular e escassa. As

atualizações sobre passagem por eventos (a maioria sem links) e trivialidades como

felicitações pelo aniversário do ex-presidente Lula ( ex: Hoje é dia de abraçar o melhor 

 presidente que este país já teve, que completa 65 anos. Parabéns, presidente! #LulaDay Wed 

Oct 27 2010 09:54:00 (Horario brasileiro de verao) via web), agradecimento a populares e

amigos político pela recepção em Belo Horizonte(MG) ( ex: Fiquei emocionada c/o ato em

 BH. Prefeitos,artistas,pessoal das escolas,Micarla e Zé Fernando,do PV.Um beijo no

coraçäo de vcs. Fri Oct 22 2010 17:09:37 (Horario brasileiro de verao) via Mobile Web) e

outras regiões de comícios e encontros políticos, felicitações e saudações ao dia do médico

( ex: Hoje é Dia do Médico. Quero homenagear os que dedicam suas vidas a diminuir a dor e

a curar as doenças da humanidade.Mon Oct 18 2010 15:37:27 (Horario brasileiro de

verao) via web), aos 30 anos do Menino Maluquinho de Ziraldo ( ex: Soube que o Menino

 Maluquinho está fazendo 30 anos. Quero dar parabéns a ele e a seu "pai" Ziraldo, esse

 grande artista.Sun Oct 24 2010 14:39:57 (Horario brasileiro de verao) via web), o batizado

do neto Gabriel ( ex: Um dia muito especial hoje, com o batizado do Gabriel. Só de ver o meuneto,esqueci todo o cansaço dessas últimas horas de campanha. Fri Oct 01 2010 18:14:42

(Hora oficial do Brasil) via web), entre outros.

Houve poucos materiais sobre entrevistas, debates ou programas televisivos, com exceção a

 publicação de um link no qual divulga um vídeo comparativo do governo Lula X FHC ( ex: 

Vejam que legal esta comparação entre os governos LulaXFHC que o @ilustreBOB fez -

http://pud.im/bri e http://pud.im/e1z Mon Oct 25 2010 10:29:45 (Horario brasileiro deverao) via web). Não houve discussões ou oferta de materiais abordando propostas ou

 posicionamentos, com exceção de uma menção que faz referência ao encontro com o ministro

Juca Ferreira no qual Dilma afirma ter grandes propostas para área cultural, mas não expõe e

explica quais são essas propostas. ( ex: Ministro Juca Ferreira me acompanhou na Bienal e

contou coisas muito interessantes da área da Cultura.Temos grandes ideias. Sun Oct 10 2010

12:55:50 (Hora oficial do Brasil) via web).

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Por fim, a candidata do PT parece ter adotado este site de rede social com o intuito de gerir 

sua imagem com a intenção de aproximá-la do público com questões ordinárias, triviais, que,

talvez, tenham servido para suavizar sua aparente imagem arrogante e intransigente. Dilma

adorou o Twitter como uma ferramenta exclusiva para se promover e não para se relacionar 

com os usuários. No entanto, seu adversário José Serra adotou estratégias parecidas, mas com

um entendimento muito mais sofisticado de como o Twitter pode funcionar e interagir com os

eleitores virtuais.

3.1.2   Descrição do uso do Twitter por José Serra

José Serra, no início da campanha, já comandava um dos perfis no Twitter mais seguidos

entre figuras públicas e celebridades nacionais. A relação com seus seguidores contribuiu para

que o candidato alcançasse tal popularidade na rede. A análise do desempenho de José Serra

 permite demonstrar que o candidato compreendeu as regras tácitas de funcionamento da

ferramenta: a interação com comentários e conteúdos publicados por seus seguidores. Mesmo

que a assessoria responda por Serra, ele não deixou transparecer. Administrou o seu perfil

mesclando assuntos sérios com passagens do cotidiano e, principalmente, respondendo

sempre que questionado pelos seus seguidores, humanizando, assim, o seu perfil. Serra twitou frequentemente durante a madrugada, o que reforça a idéia de que é o próprio

que opera sua conta. A utilização de grande parte desses recursos interativos serviu para que

Serra comentasse questões relacionadas a gostos pessoais (ex: O primeiro livro que li do

Vargas Llosa foi "La ciudad y los perros". A meu ver, sua melhor obra.1:14 AM Oct 9th,

2010 via web)  e expor seu lado humorístico para seus seguidores (ex: Hoje pedalei por uma

hora no tradicional desfile da Centopéia, na Oktoberfest, em Blumenau, SC. Festa boa. Ainda

bem que estou em forma, rs2:32 AM Oct 10th, 2010 via web).

Do conjunto de respostas e comentários atrelados à interação, Serra dedicou algumas

 publicações para atacar a sua adversária e criticar o governo do PT (ex: No curto prazo a

 percepção da maioria é de uma economia fulgurante, mas o governo tem o dever de

antecipar problemas e não de escondê-los.4:04 AM Oct 31st, 2010 via web), assim como

 pedir votos para sua vitória na corrida eleitoral (ex: Seja + 1 você também! 1 eleitor + 1

voto! http://twb.ly/dBl0Tx Boa tarde a todos! #BR45IL 12:13 PM Oct 28th, 2010 via web)

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José Serra, por diversas vezes, retribuiu aos comentários de seus seguidores (ex:  Prazer em

encontrar você também @Welbi. Obrigado por tudo, abs.1:23 PM Oct 8th, 2010 via web),

com destaque para a criação da hasttag # pergunteaoserra, no qual o candidato possibilitou

maior interação comunicativa com seus seguidores. Serra divulgou a agenda de ações de

campanha ocorridas no dia com links associados a trechos de sabatinas, entrevistas e debates.

Dessa maneira, José Serra utilizou o Twitter com a prioridade de interagir com seus

seguidores sobre questões atreladas a curiosidades particulares e situações de campanha do

que propriamente discutir questões atreladas a propostas, convocar e sugerir atos de

mobilização e fornecer materiais de campanha e agendas que permitiriam agregar seus

eleitores em atividades de maior esclarecimento e mobilização.

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4 O DISCURSO NO TWITTER DE DILMA ROUSSEFF E JOSÉ SERRA

4.1 Metodologia

O uso da Internet e das redes sociais foram decisivas durante as eleições presidenciais de

2010. Os principais candidatos à presidência da República, Dilma Rousseff e José Serra,

utilizaram as redes sociais constantemente, em destaque o Twitter, no objetivo de divulgarem

suas propostas, fazendo emergir seu discurso, que contempla tanto o plano linguístico como o

simbólico. Os presidenciáveis buscaram se legitimar diante dos eleitores, articulando sua

história, seus atributos pessoais, suas propostas e a sua imagem nas redes sociais da Internet.

Durante o processo de constituição desses sujeitos e produção de sentidos, os candidatoscriaram um discurso convincente, de acordo com o público no qual está se dirigindo. O

ambiente virtual é um espaço no qual erros de português e abreviações coloquiais tiram a

credibilidade do candidato. O uso de linguagens rebuscadas ou burocráticas não surte efeito

em um público jovem no qual hoje é a faixa etária que mais utiliza e interage na Internet.

Os candidatos, como qualquer político que queira buscar atenção, votos e propagar suas idéias

direcionados ao eleitor virtual, devem tomar devidos cuidados ao trabalhar a sua linguagem e

seu discurso no âmbito da Internet.

O discurso no meio virtual não é mera transmissão de informações: são processos de

identificação do sujeito, de argumentação, de subjetivação, de construção da realidade, no

qual cada candidato expõe a realidade à sua maneira. Linguagem e ideologia se articulam,

 pois a ideologia materializa-se no discurso. Contudo, tal discurso está em constante diálogo

com outros, “a construção do sentido só é possível através da utilização da linguagem em

situação de troca social, porque o sentido não é algo preestabelecido ele nasce justamente na

interação social” (CHARAUDEAU, 2006, p.39).

 Nesse contexto, a mídia aparece como mediadora de tais sujeitos, de tais identidades. Surgem

inúmeras vozes, umas mais parciais, outras menos. Mas o que realmente importa é o efeito de

sentido que o discurso produz e isso transcende a questão midiática

O modo como os próprios candidatos, em sua busca de identificação, legitimação e

construção de imagem se apresentam não é mais importante do que o modo como as pessoas

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enxergam tal construção. O que importa é o efeito de sentido, que se materializa nas próprias

urnas, como resultado definitivo após os sucessivos choques discursivos.

Foi realizada a partir da definição do segundo turno da campanha presidencial 2010, no dia 5de outubro, uma pesquisa de análise do processo discursivo dos candidatos Dilma Rousseff 

(PT) e José Serra (PSDB). A navegação iniciou-se nos Twitters oficiais dos candidatos, pois

seria a primeira e principal fonte oficial de informação sobre os mesmos.

Foram buscadas informações sobre o processo eleitoral e dados dos candidatos, bem como a

 presença e o uso de recursos linguísticos relacionados ao tema. Foram rastreadas todas as

 publicações textuais dos candidatos e assim analisado a proposta do discurso desenvolvido na

rede.

4.2 Dilma Rousseff 

Mineira de Belo Horizonte, Dilma Rousseff passou de desconhecida, para a maioria da

 população, para a candidata a presidente da Republica. A pré-candidatura de Dilma à

sucessão presidencial foi oficializada em fevereiro de 2010 no Congresso Nacional de seu

 partido (PT). Ela deixou o cargo como ministra da Casa Civil para ingressar na disputa presidencial. Com Dilma, o Brasil pôde ter a primeira mulher com o título de Presidente. Com

os cargos técnicos que preencheu em sua carreira política, Dilma nunca passou por alguma

candidatura. A estratégia do PT para eleger sua candidata foi associar a sua imagem às

realizações do governo Lula, no qual era apresentada como o braço direito e a mulher de

extrema confiança de Lula, e comparar o mesmo com o governo de Fernando Henrique

Cardoso (PSDB).

4.2.1 Análise do discurso de Dilma Rousseff no Twitter 

Dilma Rousseff desempenhou uma função meramente informativa no Twitter, fornecendo, de

forma resumida, dados biográficos, programa eleitoral, agenda e desprezando a interatividade

com os eleitores virtuais. Uma questão recorrente em seu discurso era a credibilidade dada ao

governo e à popularidade de Lula. No período da pesquisa, durante o mês de outubro de 2010,

o nome da candidata esteve sempre vinculado ao do ex-presidente. Lula foi mencionado em

diversas frases e estatísticas, que faziam comparação com o governo tucano, para que no

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inconsciente do eleitor permanecesse a concepção de que o governo de Dilma será idêntico ao

de Lula, conquistando assim os votos dos eleitores satisfeitos com o governo PT.

Ex: Hoje é dia de abraçar o melhor presidente que este país já teve, que completa 65 anos. Parabéns, presidente! #LulaDay Wed Oct 27 2010 09:54:00 (Horario brasileiro de verao)via web

Vejam que legal esta comparação entre os governos LulaXFHC que o @ilustreBOB fez -http://pud.im/bri e http://pud.im/e1z Mon Oct 25 2010 10:29:45 (Horario brasileiro de verao)via web

 Mais um vídeo do presidente Lula para nós, feito especialmente para a internet http://migre.me/1JaIU.Sat Oct 23 2010 18:35:39 (Horario brasileiro de verao) via web

 Assistam aos vídeos que eu e o presidente Lula gravamos para vcs que navegam pelainternet: http://migre.me/1I1q9 ehttp://migre.me/1I1t2

 Fri Oct 22 2010 19:34:18 (Horario brasileiro de verao) via web

Queria homenagear o querido José Alencar, que esteve ao lado do presidente Lula comigodurante todo o percurso...Sat Oct 16 2010 14:49:28 (Hora oficial do Brasil) via web

 Amanhã, os últimos passos dessa jornada numa caminhada c/o presidente Lula emS.Bernardo. Agora, dormir um pouquinho. Fri Oct 01 2010 18:39:00 (Hora oficial do Brasil)via web

Ao referir-se à população brasileira na propaganda eleitoral na televisão, Dilma usava sempre

a expressão “brasileiros e brasileiras” e no Twitter se referia aos seus seguidores online de

forma mais descontraída como “amigos”, “pessoal” e “gente”, no objetivo de se tornar uma

figura mais humanizada e se aproximar dos usuários da rede.

Ex: Obrigada ao pessoal do Piauí pela linda festa de ontem. Hoje é Belém do Pará. Vamoslá, gente! Thu Oct 14 2010 11:10:20 (Hora oficial do Brasil) via Mobile Web 

 Pessoal, nessa reta final, recomendo que sigam @dilmanarede e @dilmanaweb para tereminformações atualizadas sobre a nossa campanha! Mon Oct 25 2010 10:04:16 (Horariobrasileiro de verao) via web

Em raros momentos, Dilma utilizou o pronome “eu”, reforçando a idéia de que a atualização e

as postagens no perfil do seu Twitter não eram realizados pela própria candidata, mas através

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da sua assessoria ou de marqueteiros políticos. Em suas publicações há um grande emprego

dos pronomes “nossos(as)”, “seu/sua(s)”. Para Orlandi (2002), o “nós” não significa uma

 pluralidade de “eus”, mas uma junção entre o “eu” e o “não-eu”. O “não-eu” é constituído

 por tu/vós formando, em junção com o “eu”, um nós inclusivo, que inclui o destinatário

daquele discurso, ou por ele/eles, configurando um nós exclusivo, que deixa de fora o

destinatário.

 Nesse contexto, observa-se o emprego do “nós”: nós, governo/administração, marcando a

distância entre destinador (nós) e destinatário (vocês), e nós-brasileiros/cidadãos, produzindo

um efeito de proximidade entre representante e representados.

Ex:  Nessa reta final, nós vamos trabalhar com muita animação e entusiasmo. Conto comvocês! Fri Oct 29 2010 18:36:36 (Horario brasileiro de verao) via web

 Mais um vídeo do presidente Lula para nós, feito especialmente para a internet http://migre.me/1JaIU.Sat Oct 23 2010 18:35:39 (Horario brasileiro de verao) via web

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquiloque, juntos, fizermos por ela. Mon Oct 18 2010 00:00:05 (Horario brasileiro deverao) via Mobile Web

 Além dos governadores,agradeço de coração a senadores,deputados,líderes políticos e

militantes q estão batalhando ao nosso lado.E vamos lá! Tue Oct 05 2010 11:47:15 (Horaoficial do Brasil) via web

A expressividade no Twitter se dá através de diálogos, como uma espécie de bate papo onde

são debatidas questões importantes. As postagens realizadas pela candidata possuem teor mais

denso e são usadas poucas gírias e expressões. Além disso, foram abordados assuntos mais

 pessoais, com pouco apelo para as propostas.

Ex: Nos 35 anos do assassinato de Vladimir Herzog, minha homenagem a todos que lutaram

 pela democracia e pela liberdade de expressão neste país. Mon Oct 25 2010 16:24:22(Horario brasileiro de verao) Ministro Juca Ferreira me acompanhou na Bienal e contou coisas muito interessantes daárea da Cultura.Temos grandes ideias. Sun Oct 10 2010 12:55:50 (Hora oficial do Brasil) viaweb

 Na análise, verificam-se várias passagens do discurso onde as esperanças e emoções do povo

são representadas, buscando, através das emoções, persuadir seus seguidores.

Ex: Ato no Teatro Casagrande foi simplesmente emocionante,de lavar a alma.Muito obrigadaa todos!Tue Oct 19 2010 00:13:22 (Horario brasileiro de verao) via Mobile Web

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 Amigos, estou honrada e feliz com os mais de 47 milhões de votos q vcs me deram.E vamoscom toda a animação ao segundo turno! Conto c/ vcs! Mon Oct 04 2010 14:53:42 (Horaoficial do Brasil) via web

 Fiquei triste, sim,em alguns momentos c/calúnias e agressões.Mas só vou lembrar das coisas

boas,que foram muitas.Sat Oct 30 2010 20:57:02 (Horario brasileiro de verao) via MobileWeb É isso aí, gente: a esperança vai vencer o ódio nestas eleições. Vejam o vídeo do presidente Lula. http://migre.me/1KvXP Sun Oct 24 2010 21:36:40 (Horario brasileiro de verao) viawebDiante dos exemplos apresentados, podemos verificar que em várias passagens do discurso,

são apresentados o respeito, o zelo, a responsabilidade e a superação, sentimentos

identificados e aprovados pelos usuários da rede. As emoções proporcionam uma posição de

confiança, resultando, assim, em persuasão.

4.3 José Serra

Filhos de imigrantes italianos, José Serra nasceu em São Paulo e estudou engenharia

mecânica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde entrou movimentos

universitários política. Foi ministro da saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso

(1995-2002) e renunciou ao cargo de governador de São Paulo para concorrer à presidência

da República. Serra que foi derrotado pelo ex-presidente Lula na campanha presidencial em

2002, concorreu novamente ao cargo nas eleições de 2010, desta vez tendo a candidata petistaDilma Rousseff na disputa presidencial. Com o slogan “o Brasil pode mais”, a estratégia do

PSDB para eleger o seu candidato foi a comparação entre as biografias de Serra e Dilma,

fugindo da comparação dos governos de Fernando Henrique (PSDB) e de Lula (PT).

4.3.1 Análise do discurso de Serra no Twitter 

José Serra desenvolveu o seu discurso na rede baseado na comparação de biografias, buscava

se legitimar por meio de sua história. O candidato apresentava-se como “o mais preparado”,devido a sua longa experiência. Serra conseguiu comunicar-se facilmente com seus

seguidores já que era conhecedor e utilizador do Twitter bem antes das eleições,  criando um

espaço sociável. Serra utilizou linguagem bem informal, direta e humana, como um bate papo,

aproximando e interagindo com seus seguidores. Utilizou com bastante frequência o pronome

“eu”, sugerindo que a maioria das mensagens publicadas era do próprio candidato e em raros

momentos de sua assessoria.

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Ex: @danimolica Respondi a todo tipo de eleitor. Só não consigo responder a tudo pelaquantidade e falta de tempo, infelizmente. Abs.2:56 PM Oct 30th, 2010 via web in reply todanimolica

@RafaelaBarrosq É justo, já estou seguindo, + XP. A carinha eu não sei fazer, rsrs. Abs, JS10:33 AM Oct 30th, 2010 via web in reply to RafaelaBarrosq

 Recebi este vídeo, gostaria de saber a opinião de vocês:http://bit.ly/btWuhr. Boa dia atodos!10:44 AM Oct 27th, 2010 via web

 RT @gabrielazevedo: [VIDEO] @joseserra_ "no caminho do bem" manda "aqueleabraço"para o Rio de Janeiro!http://youtu.be/M46PibbCSD4 #BR45IL11:57 AM Oct 28th,2010 via web

 RT @jandirangeli É amanhã! @joseserra_ em Caxias!http://twitpic.com/303ern7:51 PM Oct 25th, 2010 via web

@viniciuscaruso obrigado. O debate é para vocês, eleitores.Por isso a análise maisimportante é a de vocês. Que bom que gostaram. Abs.4:10 PM Oct 1st, 2010 via web

Para promover a sua campanha eleitoral, Serra buscou votos através da persuasão. Estimulou

seus seguidores, solicitando que promovessem a campanha pelas hastags #mais1voto e

#soumais1, no objetivo de conquistar mais eleitores e votos em seu beneficio eleitoral.

Ex:  Peço a cada 1 que consiga #Mais1voto até amanhã. Quem vai decidir a eleição é o povoaos 45 do segundo turno. Boa noite a todos!9:22 PM Oct 30th, 2010 via web

Seja + 1 você também! 1 eleitor + 1 voto! http://twb.ly/dBl0Tx Boa tarde atodos! #BR45IL12:13 PM Oct 28th, 2010 via web

#SouMais1 com #Serra45 e vou conquistar +1 voto.http://soumais1.com/Serra45 - Avatar: http://twb.ly/dBl0Tx12:09 PM Oct 28th, 2010 via Twibbon

 É hora de iluminar as mentes e os corações dos seus amigos, pais, avós, tios, primos, filhos,

 por um bom voto: http://bit.ly/9s5kiI #4511:18 PM Oct 1st, 2010 via web

 Agora falo com vocês, da nossa "comunidade": se cada um(a) que me apoiar conseguir mais4 votos, teremos 2 milhões a mais no domingo!11:11 PM Oct 1st, 2010 via web

Temos + 10 dias até a eleição. Cada eleitor + 1 voto. Vamos para as ruas, para o telefone,conversar, conseguir +1 +1. É a hora!11:51 AM Oct 21st, 2010 via web

Serra soube aproveitar todas as ferramentas de comunicação disponíveis no Twitter, soube

conduzir, através da interatividade, seu discurso na rede. Compartilhou links de vídeos, sites e

 blogs da campanha, comícios, programa eleitoral e utilizou a ferramenta Twitcam, um serviço

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que transmite vídeos ao vivo a partir de webcams e os divulga através do Twitter,

 possibilitando a interação com os usuários online da rede.

Ex:  Agradeço a todos que participaram da twitcam e cito os blogueiros@inagaki @kibeloco @jovemnerd @kibeloco @pergunteaourso . Gostei!9:10 PM Oct 30th,2010 via web

 Daqui a alguns minutos vou falar com vocês ao vivo aqui. Participem liveon http://bit.ly/br45il7:32 PM Oct 30th, 2010 via web

 Nossa despedida na televisão: http://www.youtube.com/watch?v=1bY6M8JueMk10:35 AM Oct 30th, 2010 via web

De maneira descontraída, Serra frequentemente postava mensagens narrando e

compartilhando, com seus seguidores, acontecimentos do seu cotidiano e gostos pessoais.

Com o objetivo de, por um momento, “desligar” do seu lado político e se tornar mais humano

e próximo na visão dos usuários da rede.

Ex: No meio do dia até joguei futebol: vivi a emoção de marcar um pênalti no Maracanã. Eisa prova, rs: http://bit.ly/bFlv589:53 AM Oct 27th, 2010 via web

Sei que vocês sentirão falta dos meus cabelos mas acabou a brincadeira do Dia das

Crianças: volto à minha foto original, rsrs. Boa noite!1:01 AM Oct 13th, 2010 via web

Torço para que o resgate dos mineiros no Chile seja bem sucedido. Sabiam que meus dois filhos nasceram lá durante o meu exílio?11:44 PM Oct 12th, 2010 via web

 Fui pôr minha neta para dormir (no dia da eleição) e ela quase me fez dormir antes. Feliz Dia das Crianças pra todhttp://twitpic.com/2wvyeb1:18 AM Oct 12th, 2010 via Twitpic

Em raros momentos, ao contrário de Dilma, Serra mencionou o ex-presidente Lula. Em

algumas mensagens atacava o governo PT e criticava a sua adversária. Além disso, introduzia,

de forma indireta, algumas intenções e proposta de sua campanha.

Ex:  No nosso país, ultimamente, as transgressões, mentiras, escândalos e malfeitos sebanalizaram.3:54 AM Oct 31st, 2010 via web

 E foi curioso no debate que após 8 anos de governo para resolver, a candidata fizesse que os problemas não tivessem nada com ela.2:39 PM Oct 30th, 2010 via web

Saúde e segurança ficaram pra trás, a educação, na esfera federal gastou muito mais e não saiu do lugar.3:48 AM Oct 31st, 2010 via web

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 Democracia,Ética e Decoro na Vida Pública,Saúde,Segurança, Educação,Economia,Meio Ambiente e Desenvolvimento estão em questão nesta eleição.3:45 AM Oct 31st, 2010 via web

Com pouca popularidade na região nordeste, Serra dedicou algumas mensagens de seu perfil

aos eleitores nordestinos.

Ex: Ontem, no Recife, divulguei meu compromisso com o nosso maior problema regional: o semiárido nordestino. http://bit.ly/dCzNcS11:38 AM Oct 28th, 2010 via web

 Eu estou no Nordeste neste momento @dCarlesso . Não vou ao debate do SBT porque foicancelado pela ausência da minha adversária. Bom dia.10:20 AM Oct 27th, 2010 via web inreply to dCarlesso

@JovitaFeitosa Eu vou precisar dizer para você não acreditar mesmo. Já trabalhei muito pelo Nordeste quando fui ministro e vou continuar.11:52 PM Oct 24th, 2010 via web in replyto MadameCaxuxa

Ontem, no Recife, divulguei meu compromisso com o nosso maior problema regional: o semiárido nordestino. http://bit.ly/dCzNcS11:38 AM Oct 28th, 2010 via web

Diante dos exemplos, observa-se o esforço de Serra para aproximar, persuadir, captar votos,

além de aumentar sua visibilidade entre os nordestinos, que em sua maioria são favoráveis e

simpatizantes ao governo do PT.

4.4 Análise comparativa entre Dilma e Serra

 No Twitter, Dilma Rousseff utilizou linguagem mais formal, impessoal, em terceira pessoa,

evidenciando, assim, a interferência de uma assessoria de comunicação, além de divulgar 

notícias e conteúdo político. José Serra desenvolveu linguagem informal, pessoal e em

 primeira pessoa, por meio qual aproximasse dos usuários da rede e evidenciasse que era o

 próprio candidato que escrevia e utilizava a rede. Além dos conteúdos e notícias políticas, ocandidato abordou temas de sua vida e gostos pessoais.

Segundo pesquisa realizada por José Roberto de Toledo, do Jornal Folha de São Paulo1, o

discurso de Serra teve 3.962 palavras, das quais 1.374 únicas, as demais foram repetições.

Foram distribuídas em 233 sentenças, a uma média de 17 palavras por sentença. Já o discurso

de Dilma foi praticamente do mesmo tamanho: 4.001 palavras, das quais 1.305 foram ditas

uma vez ou mais, em 281 sentenças, com 14 palavras em média. Como se percebe,

estruturalmente os discursos de ambos os candidatos foram semelhantes.

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Através da pesquisa realizada pelo aplicativo Tweeps2, a candidata Dilma Rousseff enviou

uma média de quatro tweets3 por dia, com cinco horas entre cada um. O nível de

"sociabilidade" da petista no Twitter, ou seja, o quanto ela conversou e mencionou outros

usuários da rede, foi baixo: 13,73%. Serra foi mais assíduo, enviou uma média de dez tweets

 por dia, um a cada três horas. Pela frequência com que conversou com outros usuários, o nível

de “sociabilidade" de Serra na rede foi mais alto se comparado com a candidata Dilma: 59%.

Tabela 2

 _________________ 1 TOLEDO, José Roberto. Comparação de Serra e Dilma ao se lançarem candidatos à Presidência. Estadãoonline. Disponível em : http://blogs.estadao.com.br/vox-publica/2010/04/12/compare-os-discursos-de-serra-e-dilma-ao-se-lancarem-candidatos-a-presidencia/ Acesso em: 30 de outubro de 2011.

2 Aplicativo relacionados a dados estatísticos sobre os seguidores de um perfil no Twitter.3 Mensagem enviada pelo Twitter 

Outubro/2010 Dilma Rousseff José Serra

 Número total de postagens 63 393Linguagem utilizada formal informal

Forma de tratamento 3pessoa 1pessoa

Conteúdo político político/pessoal

Compartilhamento de links média alta

Uso de gírias e expressões não sim

 Nível de sociabilidade na rede 13,73% 59%

Pronome mais citado nosso/a/s euVerbo menos utilizado pode/fazer foi/construir 

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5 CONCLUSÃO

O Twitter é uma ferramenta de comunicação que tem se revelado eficiente no

compartilhamento de informações sobre a atualidade, na interação de conteúdos e

estabelecimento de trocas argumentativas sobre temas variados entre seus participantes. No

campo da comunicação política, o Twitter promove uma aproximação maior entre políticos e

cidadãos, seja no intuito de proporcionar aos agentes do campo da política espaços para

manifestações e ofertas de informações variadas ou para que os usuários debatam problemas e

questões que afetam a vida política da sociedade.

 Nas eleições de 2010, o Twitter ganhou grande destaque ao ser utilizado pelos dois principais

candidatos à presidência da República, Dilma Rousseff e José Serra. Durante a campanha

eleitoral, o microblog comprovou que pode funcionar como uma ferramenta diversificada de

comunicação política, na medida em que oferece, de forma dinâmica, a troca de informações

entre os dois pólos fundamentais da comunicação eleitoral: campanhas e eleitores.

A candidata Dilma Rousseff se instalou no Twitter, desconhecendo as possibilidades deinteração e comunicação que a ferramenta proporciona na rede. Utilizou seu perfil como

forma de divulgar sua agenda e sua biografia, já que era uma candidata desconhecida para a

maioria da população. Comprovou-se, através da pesquisa, que a candidata utilizou linguagem

mais formal, sem gírias e expressões, pecou ao se ausentar na troca de diálogo com seus

seguidores, não criou ou debateu novos temas políticos ou gostos pessoais, não soube

aproveitar as ferramentas interativas que a rede proporciona, afastando os possíveis

seguidores que poderiam se transformar em eleitores favoráveis à sua campanha. Apesar deDilma ter utilizado e interagido poucas vezes no Twitter, a candidata ganhou popularidade na

rede, devido à sua imagem constantemente associada à do ex-presidente Lula, que possui alta

aceitação e satisfação popular, o qual contribuiu de forma significativa para a vitória de Dilma

na web, assim como nas urnas.

Ao contrário de Dilma, o candidato José Serra já utilizava o Twitter antes das eleições 2010 e

conhecia as ferramentas da rede, o que ajudou a aumentar a popularidade após a candidatura à

corrida presidencial. O candidato soube aproveitar o espaço virtual para interagir, utilizou

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linguagem mais informal e descontraída para se aproximar de seus seguidores, trocou

informações e links sobre a campanha, expôs gostos pessoais, soube utilizar as ferramentas

interativas da rede, pediu votos, atacou a adversária Dilma e o governo Lula. Serra criou a

hastag #pergunteaoserra para aumentar a possibilidade de comunicação com os seguidores do

seu perfil. Apesar de ter interagido e utilizado mais a ferramenta, Serra se preocupou em

atacar o adversário e raramente expôs, divulgou e debateu propostas importantes de governo e

sua agenda política. Diante disso, evidencia-se como os eventos políticos devem ser 

minuciosamente planejados. O sucesso da transmissão e da recepção de uma mensagem

 política depende da visibilidade pública conquistada, da maneira como essa mensagem será

estruturada e decodificada pela audiência.

A Internet dá a possibilidade ao questionamento direto dos candidatos por parte do público. A

comunicação na rede exige mudança na postura dos políticos, que devem estar preparados

 para o diálogo aberto e direto com o seu eleitorado, pois o público da web quer dialogar e

interagir com os candidatos, seja através de um site, de um blog, do Twitter ou de outras

ferramentas. Os candidatos que se propõem a interagir e escutar os eleitores devem estar 

 preparados para abordar seus pontos fracos.

 Nesta pesquisa, verifica-se a necessidade dos futuros candidatos utilizarem, nas próximas

eleições, o Twitter como espaço para gerar mais debates e interação, no entendimento de que

a rede social não representa um outdoor, mas um meio de conquistar votos e formar novos

eleitores. Apenas a constante atualização justifica a presença do candidato em um canal na

web. Perfis vazios tornam-se descaminhos que frustram a vontade de interação e a procura por 

informação pelo eleitor.

É preciso se distanciar do discurso técnico, baseado em números e dados, e apostar em algo

mais informal, amigável e próximo do seu eleitorado. Seria essa a fórmula para os políticos

aumentarem sua visibilidade, transformar seus seguidores do microblog em fieis eleitores no

seu benefício e crescimento político.

É pertinente destacar que a Internet não substitui os demais meios de comunicação de massa e

nem os torna obsoletos. Ela complementa e serve de incentivo aos meios tradicionais, os quais

 buscam modernização, agregando os benefícios das novas tecnologias e revitalizando-se.

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CASTELLS, Manuel. Sociedade em rede. Tradução de Roneide Venâncio Majer. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 2002.

CHARAUDEAU, Patrick.  Discurso das mídias. Tradução de Ângela Corrêa. São Paulo.Contexto, 2006.

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 8ª ed.São Paulo: Ática,2004.

GALLUCCI,Mariângela.  Ministro defende Twitter nas eleições. Estadão online. Disponívelem : http://blogs.estadao.com.br/jt-politica/ministro-defende-twitter-nas-eleicoes/ Acesso em:02 de outubro de 2011

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GOMES, Wilson. Opinião pública na Internet : Uma abordagem ética das questões relativas acensura e liberdade de expressão na comunicação em rede. Universidade de Brasília, 2001.Disponível em: <www.unb.br/fac/comunicacaoepolitica/2001.html> Acesso em: 18 set 2011.

LEMOS, André. Ciber-Socialidade - Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea.In: Ione Bentz; Albino Rubim; José Milton Pinto. (Org.). Práticas Discursivas na CulturaContemporânea. São Leopoldo: Unisinos, 1999. Pg. 9-22

MORAES, Maurício. Quero ser Obama! Info Exame. num 291, maio 2010.

ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes. 4ªed,2002

RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet . Belo Horizonte. Ed. Sulina, 2005.

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RUBIM, A. A. C. Comunicação e política. São Paulo: Hacker Editores. 2000.

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ANEXOS

ANEXO A – Notícias na Internet sobre a campanha eleitoral 2010 no Twitter de Dilma

Rousseff e José Serra

Dilma Rousseff prepara estreia no Twitter

Fonte: Revista Exame 16/04/10 (http://exame.abril.com.br/economia/politica/noticias/dilma-

roussef-prepara-estreia-twitter-546781) 

São Paulo - O debate eleitoral no Twitter ganhará mais uma personagem central: Dilma

Rousseff, candidata à Presidência pelo PT. É o que garante Marcelo Branco, estrategista de

redes sociais para a campanha da ex-ministra desde segunda-feira (5).

Para fazer frente ao @JoseSerra_, endereço do candidato José Serra (PSDB) com mais de 180

mil seguidores, a petista vai criar uma conta pessoal e escrever seus próprios posts no Twitter,

enquanto assessores cuidarão de outra conta relacionada somente à campanha, segundo

Branco.

A ferramenta de microblogging, para ele, é importante para ampliar o diálogo dos candidatos

com seus eleitores e até opositores, já que "traz uma aproximação maior entre eles e provoca

uma comunicação horizontal em vez da antiga hierarquização". Além do perfil no Twitter, o

ex-coordenador da Associação do Software Livre e ex-diretor da Campus Party Brasil explica

que a estratégia de campanha ainda prevê perfis de Dilma em outras redes sociais, como

Orkut e Facebook.

"O objetivo número 1 será o de agregar mais pessoas ao debate em torno da Dilma, para

 provocar opiniões e iniciativas espontâneas nas redes sociais", diz. Ele acrescenta que o

trabalho dele prevê ainda desenvolver uma rede de voluntários para mobilizar e organizar os

militantes, mas sempre rejeitando a possibilidade de contratar blogueiros ou tuiteiros para

 publicarem opiniões favoráveis à petista ou desfavoráveis aos candidatos de oposição. "Essa

tática não é aceitável, vai contra os princípios de liberdade de imprensa e prejudica o debate

limpo. Opinião paga é pouco convinvente e robô [como scripts para aumentar audiência ou

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número de seguidores no Twitter] não vota", dispara Marcelo Branco.

Contratado pela Pepper Comunicação Interativa, Branco vai trabalhar com os americanos

Scott Goodstein e Joe Rospars, responsáveis pela campanha de Barack Obama nas mídias

sociais, e Andrew Paryze e Ben Self, especialistas em marketing digital da Blue State Digital.

Mas a estratégia de campanha de Dilma na internet será feita pela equipe brasileira a ser 

formada, usando a experiência e conhecimento de marketing político dos colegas americanos

como base. O sistema de arrecadação online utilizado pela equipe de Obama durante a

campanha, dentre outras estratégias, no entanto, deverá ter similar na campanha de Dilma, de

acordo com Branco. 

Dilma e Serra duelam no Twitter

Fonte: Site Produtopia (http://www.produtopia.com.br/dilma-e-serra-duelam-no-twitter/) Por: gavroche fukuma / 4/05/2010

A E.Life, empresa brasileira líder em inteligência de mercado e gestão do relacionamento em

redes sociais, fez um levantamento entre os dias 12 de abril e 23 de abril para monitorar qual

o buzz sobre os candidatos à presidência da República nas eleições de 2010, Dilma Rousseff 

(PT) e José Serra (PSDB), no Twitter. O levantamento foi realizado por meio do TweetMeter,

software desenvolvido pela própria E.Life para monitorar a comunicação boca a boca online.

 No total, foram aproximadamente 6.200 tweets em português que impactaram cerca de 7

milhões de usuários do microblog. Lembrando que muitos destes usuários tuitaram mais de

uma vez sobre o assunto.

As palavras, sinais e abreviaturas mais citadas durante o período do levantamento sobre a

candidata Dilma Rousseff, além de dilma e rousseff, foram rt (retuíte), pt, brasil, campanha,

twitter, vote, continua, pesquisa, serra, candidata, lula, presidência, declaração, marina. No

ranking dos hashtags, #dilma, #lula, #pt, #dilmentira, #folhaonline, #datafolha, #serra, #veja,

#eleições2010, foram as mais tuitadas.

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Já as palavras, sinais e abreviaturas mais citadas sobre o candidato José Serra, além de josé e

serra, foram ibope, presidente, veja, dilma, candidato, twitter, campanha, rt (retuíte), fhc, lula,

marina, brasil, tucano, globo, aécio, psdb. No ranking dos hashtags, #mobilizapsdb,

#serrapresidente, #serra, #obrasilpodemais, #nordestepodemais, foram os mais citados.

Os cinco usuários com mais seguidores e que consequentemente contribuíram para a

disseminação do buzz no Twitter sobre a candidata do PT foram rollingstoneBR (72.274

seguidores), Portal R7 (69.681), Vota Pernambuco (58.825), Renato Flávio (54.299) e Jorge

Rodini (53.853). Os cinco usuários com mais seguidores que contribuíram para o buzz sobre o

candidato do PSDB foram Lucas Silveira (202.447 seguidores), Elenita Rodrigues (76.654),

Jorge Rodini (53.853), Geraldo Cisneiros (52.822) e Joel Doeka (52.679).

Ainda de acordo com a E.Life, os tuiteiros paulistas lideraram a participação no microblog

sobre os dois candidatos, seguidos pelos cariocas, brasilienses, fortalezenses, recifenses e

 belo-horizontinos. Os tuiteiros que mais postaram comentários sobre a candidata Dilma foram

rt_serra, evandronogueira, andré_martins, portalgp1, blogdadilma13, entre outros. Já os

tuiteiros que mais postaram comentários sobre o candidato Serra foram rt_serra, muniversos,

aldonunes13, o Consciente, psdbmg, BlogdoAmorim, entre outros.

No Twitter, presidenciáveis atingem até 5 milhões de usuários em 7 dias

Fonte: Mirella Nascimento do G1, em São Paulo / 03/06/2010

Levantamento feito a pedido do G1 pela empresa E.Life, especializada em gestão do

relacionamento em mídias sociais, revela que, em uma semana (de 25 a 31 de maio), asmensagens emitidas pelo microblog Twitter sobre os três pré-candidatos à Presidência que

ocupam as primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto atingiram potencialmente até

5 milhões de usuários.

Segundo o levantamento, os posts sobre Dilma Rousseff (PT) atingiram quase 1.747.000

twitteiros no período avaliado. Mensagens em que o assunto era José Serra (PSDB)

impactaram 1.580.000 usuários, enquanto aqueles sobre Marina Silva (PV) chegaram a

1.630.000.

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 Saiba mais 

A empresa ressalta que muitos desses usuários postaram mais de uma vez sobre o assunto ou

seguem mais de um candidato, e que o número total contabiliza essas repetições. Osinternautas brasilienses lideraram a participação sobre os três candidatos, seguidos por 

 paulistas, goianos e cariocas.

De acordo com o levantamento, o total de usuários atingidos pelas mensagens não depende

diretamente do número de seguidores dos perfis dos presidenciáveis. Até a tarde desta quarta-

feira (2), a página de Dilma no Twitter tinha 73.397 seguidores; a de Serra, 244.091; e a de

Marina, 55.290.

Para fazer o monitoramento, que não se trata de pesquisa eleitoral, a empresa usou os

softwares TweetMeter e E.Life Engine, desenvolvidos para medir a comunicação boca a boca

no Twitter, onde os usuários podem enviar mensagens de até 140 caracteres. Foram

consideradas 1,5 mil mensagens sobre cada candidato publicadas no período.

"Um dos aspectos que se observa é que os internautas estão muito ativos no sentido de falar 

sobre os temas do noticiário. No levantamento, é possível ver uma ligação desses assuntos

com as mensagens postadas no Twitter. Para os candidatos, isso é um reflexo da repercussão

da campanha, do que vem sendo dito nos discursos", diz Alessandro Barbosa Lima, presidente

da E.Life.

Outra pesquisa, feita pelo Ibope Mídia também a pedido do G1, confirma essa tendência.

Usando a ferramenta BuzzMetrics, o Ibope apurou o número de referências apenas aos perfis

dos três pré-candidatos no período entre 24 de abril e 24 de maio. De acordo com a gerente de

marketing do Ibope Mídia, Juliana Sawaia, foram mais de 10 mil mensagens citando

diretamente @dilmabr, @joseserra_ ou @silva_marina no microblog. O pico de comentários

foi registrado no dia 15 de maio, quando foi divulgada uma pesquisa de intenção de voto.

"Estamos falando de uma conversa, não de propaganda. Não são as marcas que são

importantes, são as pessoas. As redes sociais vieram para ficar. E tudo é dito ali, inclusive

 política. É importante que os candidatos, e os responsáveis por suas campanhas, estejam

atentos a isso", analisa Juliana.

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 Retorno para os eleitores 

Alessandro Lima ressalta ainda o uso do Twitter como fonte de divulgação da agenda dos pré-

candidatos e, especialmente, como canal de comunicação direto com os eleitores: "Os próprios candidatos estão usando os canais para responder aos eleitores individualmente. Isso

ajuda na repercussão de temas positivos e também para tirar dúvidas de possíveis ruídos em

notícias e discursos". 

A influência direta da movimentação pró ou contra os candidatos nas redes sociais sobre as

eleições ainda é relativa, na opinião de Lima. "O poder de multiplicação das mensagens nas

redes sociais é enorme, mas não se pode considerar nenhum resultado de pesquisa no Twitter 

como conclusivo no resultado das eleições. Ele atinge um grupo de maior poder aquisitivo,

além de jornalistas, que replicam os assuntos em outras mídias e têm poder de influência, mas

não representam a totalidade de eleitores", pondera.

Dilma e José Serra no Twitter pós-eleição

Fonte: site Fonte Miti (http://fonte.miti.com.br/blog/dilma-e-jose-serra-no-twitter-pos-eleicao) 5/11/2010

Depois das eleições presidenciais no Brasil, os papeis se inverteram, pelo menos na internet.

 Normalmente quem vence uma disputa acirrada tem tudo para querer mostrar a todos a sua

felicidade e quem sai derrotado só quer saber de se recompor, mas como estamos falando de

Twitter, nada disso deve ser levado tão a sério. O fato é que depois de eleita Dilma Rousseff 

 praticamente deixou de lado as tuitadas e José Serra se tornou, em alguns dias, até mais ativo

na rede social.

 No entanto, Dilma está bem na frente em menções nas redes sociais em relação a Serra,

mesmo que este esteja tuitando com frequência tem 30% das menções. Com relação aos seus

respectivos sites, o de José Serra foi atacado no último dia 31 e não voltou mais ao ar, já o site

de Dilma Rousseff é pouco atualizado, sendo a última no dia 3.

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Dilma e Serra 'desaparecem' do Twitter no mês seguinte à eleição

Fonte:   Jornal O Globo (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/12/03/dilma-serra-desaparecem-do-twitter-no-mes-seguinte-eleicao-923177130.asp)06/12/2010 por Juliana

Castro

RIO - Enquanto a corrida eleitoral acontecia a todo vapor, os então candidatos Dilma

Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) travavam uma guerra nas redes sociais, especialmente no

Twitter, para conseguir votos que fizessem a diferença. Mas, concretizada a vitória da petista

no segundo turno, dia 31 de outubro, os dois diminuíram - e muito - a frequência de aparições

no microblog.

Dilma chegou a postar 63 mensagens em outubro, na reta final para a escolha do novo

 presidente. Em todo o mês de novembro, quando já estava eleita, a petista postou apenas

cinco mensagens, uma redução de 92% em relação ao mês anterior. Em setembro, foram 32

tweets. Os dados são do TweetStats, que contabiliza a frequência de postagens do usuário do

microblog. ( Infográfico: Entenda como funciona o Twitter )

Em mensagem postada no último dia 16, a presidente eleita justificou a ausência na rede

social:

"Amigos, não abandonei o Twitter, não. É que ando muito ocupada. Depois de um curto

descanso, fui à reunião do G20 com o presidente Lula na Coreia", escreveu.

“Não abandonei o Twitter, não. É que ando muito ocupada”.

Serra também "desapareceu" do microblog. Com 141 tweets em novembro deste ano, o

tucano teve a menor média de postagens desde julho de 2009, quando publicou 135

mensagens. No auge da disputa com Dilma, em outubro, o ex-governador publicou 382

mensagens. Entre outubro e novembro houve, portanto, uma redução de 63% nas postagens

do tucano. Em setembro, foram 276 no total.

Um dos motivos para se afastar do Twitter foi o descanso do tucano na França:

"Voltei ontem de viagem. Depois da palestra no seminário de Biarritz, fui com meu filho

conhecer Budapeste, na Hungria", postou Serra, no dia 16 de novembro.

"Nunca tinha ficado tanto tempo longe do Twitter: uma semana! Fez falta", escreveu o tucano

em outra mensagem publicada no mesmo dia.

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“Nunca tinha ficado tanto tempo longe do Twitter”

Marina Silva (PV) ficou fora da disputa do segundo turno. Mas, logo que deixou a corrida

 presidencial, também abandonou o Twitter. Em setembro, a senadora postou 400 mensagens

no microblog e, em outubro, quando não era mais presidenciável, publicou 128 tweets. Uma

redução de 68% no nível de postagens. Em novembro, Marina repetiu o ritmo de queda e

escreveu apenas 20 tweets.

 Especialistas dizem que ausência no Twitter após eleição é compreensível e necessária

Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, da Uerj, é natural que os políticos reduzam

o número de postagens após a eleição, porque o Twitter é uma ferramenta que se adapta ao

 processo eleitoral, fazendo com que os candidatos se comuniquem rapidamente com o eleitor.

- Tanto a Dilma quanto o Serra usaram o Twitter com finalidade eleitoral. Mas, agora, vão

voltar a níveis razoáveis de postagens, porque você não tem tanto fato novo. No caso da

Dilma, quanto menos ela "tuitar", melhor. Cada vez que ela for falar pelo microblog pode dar 

margem a uma série de interpretações que culminem em confusão. A tendência é que ela use

menos intensamente o Twitter e fale de maneira oficial - explicou o cientista político.

O professor de Estudos de Mídia da UFF, Afonso de Albuquerque, disse que a ausência deDilma e de Serra no Twitter é completamente compreensível. No caso da petista, esse

"desaparecimento" é importante para se despir da imagem de candidata e vestir a de

 presidente. Já no caso do tucano, perder visibilidade é condição para redefinir sua visibilidade

no futuro.

Ausência de Dilma no Twitter pós-eleição já tem efeito negativo para a presidenteFonte:   IDFNOW UOL (http://idgnow.uol.com.br/blog/planoseideias/2010/11/11/ausencia-de-dilma-no-twitter-pos-eleicao-ja-tem-efeito-negativo-para-a-presidente/) É inegável que essas eleições tiveram uma participação sem precedentes de mídias

sociais capaz de determinar parte dos resultados. Desde o início, os exércitos dos principais

candidatos se aglomeraram em blogs e perfis de Twitter, lançaram e repercutiram promessas,

combateram-se com boatos, verdades, acusações.

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 Índice de “saudabilidade” de Dilma Rousseff no Twitter 

Os monitoramentos de saúde de marcas feitas pelo sistema I-Brands apontaram uma clararelação entre as pesquisas de intenções de voto e a “saudabilidade” de cada candidato nas

mídias sociais (ou seja, a proporção positiva de ocorrências relacionadas aos seus nomes em

relação ao universo de menções).

 No dia 1 de novembro, a já eleita presidente Dilma contava com 63% de “saudabilidade” na

rede (versus 37% de José Serra). Chegava ao fim a corrida presidencial. O dia 1 de novembro

marcou também o último tweet feito pela presidente-eleita, às 10:54 da manhã, e uma

inversão dramática em sua saudabilidade.

Tudo mudou e continuou igual? 

As semanas seguintes ao pleito testemunharam notícias que dificilmente fazem os cidadãos

comemorarem: tentativas de se aumentar salários no legislativo e executivo, denúncias de

irregularidade em obras do governo, o perigo da volta da CPMF como mais um imposto para

a já sobretaxada sociedade brasileira. Nos legislativos e executivos estaduais e federal,

o buzz alternava-se entre o silêncio absoluto e o surpreendente apoio multipartidário ao

aumento de impostos. De repente, parecia que os eleitos, em todas as instâncias, eram pessoas

completamente diferentes das que receberam o voto do eleitorado – e que a forma de se fazer 

 política no Brasil permanecia rigorosamente a mesma das últimas décadas.

Um olhar mais próximo, no entanto, constata que houve, sim, uma importante mudança nas

mentes do eleitorado. Agora, além de votar, o cidadão entendeu que tem o direito de cobrar 

em voz alta – da mesma forma que ele já faz como consumidor. E que essa voz não precisa

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8/2/2019 TWITTER NA CAMPANHA ELEITORAL DE 2010:análise do uso e do discurso desenvolvido por Dilma Rousseff e José S…

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ser restrita às urnas: ela pode também ser proferida, com alto poder de influência, durante os

quatro anos que separam uma eleição de outra.

 Há cheiro de mudança no ar Verdade seja dita, ainda não deu tempo de Dilma mostrar a que veio e qual será o seu estilo

de gestão – mas deu, sim, para entender que o usuário envolvido em uma causa reagirá mal no

instante em que se sentir abandonado.

Em novo monitoramento feito pelo I-Brands entre os dias 4 e 10 de novembro, a

“saudabilidade” da presidente-eleita (e que ainda nem chegou a tomar posse) despencou dos

63% para assustadores 12% – número mais baixo registrado em todo o seu histórico como

 pre-candidata ou candidata.

Dentre outras coisas, isso indica também a irritação com a qual o eleitor está recebendo a sua

ausência nas redes. Na prática, essa irritação pode facilmente se converter em pressões sociais

e quedas em índices de aprovação já nos primeiros dias após a posse, prejudicando de maneira

decisiva a sua governabilidade.

 E foi aberta a caixa de Pandora…Ao mergulhar (inevitavelmente) nas mídias sociais como forma de se conquistar os corações

dos eleitores, os candidatos abriram uma porta para algo que até então mal existia na política

 brasileira: o relacionamento direto entre governante e governado.

Iniciado nas campanhas pelos próprios políticos, agora são os cidadãos que, de forma direta,

exigem a continuidade desse relacionamento.

Como isso será feito ainda é um mistério a ser revelado nos próximos capítulos da história

 brasileira. Uma coisa, no entanto, é certa: ignorar a necessidade de se perenizar esse

relacionamento pode ser um erro cujas consequências tendem a ser dramáticas para os eleitos.

Exatamente, aliás, como aconteceria com qualquer empresa que decidisse parar de falar com o

se cliente no instante em q e ass misse alg ma posição confortá el de mercado