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UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS TESE Fatores Associados à Soropositividade para Leishmaniose Visceral Canina no Município de Piraquê, Estado do Tocantins, Brasil. Helcileia Dias Santos 2008

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UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

TESE

Fatores Associados à Soropositividade para Leishmaniose Visceral Canina no Município de Piraquê, Estado do Tocantins,

Brasil.

Helcileia Dias Santos

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

FATORES ASSOCIADOS À SOROPOSITIVIDADE PARA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO MUNICÍPIO DE PIRAQUÊ,

ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL.

HELCILEIA DIAS SANTOS

Sob a orientação do Professor

Fabio Barbour Scott

e Co-orientação dos Professores

Maria Julia Salim Pereira Vania Rita Elias Pinheiro Bittencourt

Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências, no Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Área de Concentração em Sanidade Animal.

Seropédica, RJ Fevereiro de 2008

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Santos, Helcileia Dias, 1973- Fatores associados à soropositividade para Leishmaniose visceral canina no município de Piraquê, estado do Tocantins, Brasil/ Helcileia Dias Santos – 2008. 89f. : il. Orientador: Fabio Barbour Scott. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Veterinária. Bibliografia: f. 54-73. 1. Cão – Doenças – Teses. 2. Leishmaniose visceral – Teses. 3. Leishmaniose visceral – Tocantins - Teses. I Scott, Fabio Barbour, 1966- . II. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Veterinária. III. Título.

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

HELCILEIA DIAS SANTOS

Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências, no Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, área de Concentração em Sanidade Animal. TESE APROVADA EM 29/02/2008.

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A minha família que sempre esteve presente, apoiando-me na realização deste trabalho. Aos meus filhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir este curso, dando-me força e perseverança na realização deste trabalho.

Aos meus pais, que além de incentivarem toda a minha formação educacional, ensinaram-me os valores morais indispensáveis na convivência com qualquer ser vivo.

Ao professor Fábio Barbour Scott pela orientação, amizade, confiança, incentivo e dedicação, que me fez ingressar e seguir os caminhos da docência.

A profa. Maria Júlia Salim Pereira pelo co-orientação, colaboração e dedicação na realização deste trabalho e durante todo o período do curso.

A profa. Vânia Rita Elias Bittencourt pela co-orientação, atenção e amizade. Aos professores e funcionários da UFRRJ, que dispensaram atenção, respeito e

solidariedade durante a realização do curso. A Thais Ribeiro Correia, pela amizade e indispensável auxílio durante todo o período

do curso. À Patrícia de Medeiros Gitahy pela amizade e companheirismo. A Gabriela Pereira pelo apoio, carinho e estímulo. A todos os funcionários e colegas do Laboratório de Parasitologia Veterinária –

Projeto Sanidade Animal, pelo auxílio e amizade. Ao meu noivo Osmar Negreiros Filho pelo companheirismo, apoio e incentivo. A minha mãe e irmãs, pela dedicação ao Eduardo em minha ausência, possibilitando

meu afastamento para a realização deste trabalho. A Universidade Federal do Tocantins, pelo apoio manifestado na realização do

trabalho de pesquisa. Ao enfermeiro Dr. Eronilton Fontenele e a Prefeitura Municipal de Piraquê por

acreditar em nosso trabalho e pelo apoio manifestado na realização da pesquisa. Aos agentes de saúde da Prefeitura Municipal de Piraquê que acompanharam o grupo

de pesquisa com dedicação e responsabilidade durante todo o trabalho. Aos acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da UFT que participaram da coleta

de dados, pela dedicação e responsabilidade demonstrados durante o desenvolvimento dos trabalhos.

Aos acadêmicos Simone Vieira Castro e Ricardo Santos Ferreira, estagiários do Laboratório de Parasitologia-UFT, pelo auxílio durante toda a pesquisa.

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BIOGRAFIA

Helcileia Dias Santos, filha de Hélio da Silva Santos e Maria Lina Dias Santos, nascida a 10 de Novembro de 1973, no Município de Araguaína, Estado do Tocantins.

Ingressou no curso de Medicina Veterinária da Universidade do Tocantins - UNITINS, em 1992 tendo sido diplomada em 16 de Janeiro de 1997. Em 1998 ingressou no curso de Mestrado em Ciências Veterinárias da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e concluiu o referido curso em Março de 2000, sob a orientação do Prof. Dr. Fábio Barbour Scott, sendo que neste período foi bolsista de pós-graduação do Conselho Nacional de Denvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Foi docente do curso de Medicina Veterinária da UNITINS no período de 2000 a 2003, quando ingressou, através de concurso público, para seleção de docentes da Universidade Federal do Tocantins – UFT, como professora assistente das disciplinas de Parasitologia e Doenças Parasitárias, onde é efetiva.

Foi aprovada no processo de seleção para o curso de Doutorado em Ciências Veterinárias da UFRRJ, tendo ingressado em Março de 2003, através do Programa de Qualificação Docente – PQI/ CAPES.

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RESUMO SANTOS, H. D. Fatores associados à soropositividade para Leishmaniose Visceral Canina no Município de Piraquê, Estado do Tocantins, Brasil. 2007, 78p. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias). Instituto de Veterinária, Departamento de Parasitologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Rio de Janeiro, 2007. Este estudo teve como objetivo conhecer a soroprevalência da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) na zona urbana do Município de Piraquê, extremo Norte do Estado do Tocantins, bem como descrever a ocupação espacial da doença e identificar fatores relacionados ao animal e ao peridomícílio associados á soropositividade. No período de fevereiro a setembro de 2006 foi realizado um estudo transversal, abrangendo a população canina domiciliada na zona urbana do município. 140 amostras de soro foram obtidas através de visitas a 104 domicílios e a soropositividade foi avaliada através do teste ELISA e Imunofluorescência Indireta (IFI). O exame parasitológico foi realizado em 17 animais soropositivos eutanasiados, através da análise de imprints obtidos a partir de amostras de baço e corados por panótico rápido. Uma entrevista foi realizada em cada domicílio para obtenção de dados referentes a possíveis fatores associados, que foram analisados utilizando o teste Chi-quadrado para análise bivariada e regressão logística para análise multivariada. A soroprevalência observada foi de 35,3% (26,7%-44,8%), com casos distribuídos em 50% das quadras residenciais da cidade. Formas amastigotas foram observadas em amostras de baço de 13 animais. A pesquisa de fatores associados à soropositividade para LVC, através de análise bivariada, demonstrou associação positiva estatisticamente significativa entre as variáveis cão fora do domicílio no período das 18:00-22:00 horas (P=0,033) e o fato da matéria orgânica oriunda da limpeza do quintal ser depositada na rua (P=0,004). Associação negativa foi observada para a presença de laranjeiras no peridomicílio (P=0,037) e presença de mangueiras (P=0,040). Na análise multivariada permaneceram associadas a LVC, com 95% de confiança, o hábito de depositar a matéria orgânica do quintal na rua (OR=3,946) e a presença de laranjeiras no peridomicílio (OR=0,389) e o fato do cão permanecer com livre acesso a rua no período de 18h às 22h permaneceu no modelo de regressão logística com nível de significância de 10% (OR=2,962). Os resultados demonstram que uma enzootia se mantem na população canina do município indicando que a doença continua em expansão no Estado do Tocantins, possivelmente iniciando-se com a infecção canina e o acumulo de matéria orgânica no peridomicílio apresentou-se como possível fator determinante da LVC. Palavras-chave: Leishmaniose Visceral Canina; Soroprevalência; Tocantins.

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ABSTRACT

SANTOS, H. D. Factors associated to Canine Visceral Leishmaniasis seropositivity in the Municipality of Piraquê, State of Tocantins, Brazil. 2008. 78p. Tese (Doctor in Veterinary Science). Instituto de Veterinária, Departamento de Parasitologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2008. This study had the objective to know the seroprevalence of Canine Visceral Leishmaniasis on the urban area of the Municipality of Piraquê, extreme north of the Tocantins State. And also to describe the spatial occupation of the disease and to identificate factors related to the animal and the peridomicilium associated to seropositivity. During the period from February to September of 2006 a tranversal study was realized, including the canine population housed on the urban area of the city. 140 serum samples were taken on the 104 houses visited and the seropositivity was evaluated by ELISA and indirect immunofluorescent antibody tests. The parasitological exam was realized on 17 seropositive animals that were euthanized, through spleen imprints and stained by diff quick. An interview was realized on each residence to obtain data related to possible associated factors. These were analyzed by χ2 test to bivariate analysis and logistic regression to multivariate analysis. The seroprevalence observed was 35,3% (26,7%-44,8%), in cases distributed on half of the residential blocks of the city. Amastigotes forms were observed on spleen samples of 13 animals. The search of associated factors to CVL seropositivity, through bivariate analysis, demonstrated statistically significant positive association between the variables dog outside the house on the period of 18-22 h (P=0,33) and the fact that the organic matter from the yard is set down on the street (P=0,004). Negative association was observed to the presence of orange trees on the peridomicilium (P=0,037) and the presence of mango trees (P=0,040). On multivariate analysis, remaining associated factors to CVL, with 95% of confidence were the habit of depositing organic matter from the yard on the street (OR=3,946) and the presence orange trees at peridomicilium (OR=0,389) and the fact that dog keep free access to the streets on the period of 18-22h remain on the logistic regression model with a significance level of 10% (OR=2,962).The results demonstrate that an enzootic is mantained among the canine population from the Municipality of Piraquê, indicating that these disease continues its expansion throughout the State of Tocantins, possibly starting with the canine infection. The accumulation of organic matter in the peridomicilium has presented as a possible determining factor of CVL. Key words: Canine Visceral Leishmaniasis; Seroprevalence; Tocantins.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos cães domiciliados na zona urbana, segundo raça, Município de Piraquê-TO., 2006...........................................................................................................

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Tabela 2. Distribuição da população canina segundo bairro de domicílio, Município de Piraquê-TO., 2006................................................................................................................

23

Tabela 3. Distribuição dos cães domiciliados, segundo características do local de moradia, Município de Piraquê-TO 2006............................................................................

26

Tabela 4. Distribuição da população canina da zona urbana, segundo tipo de edificações presentes no peridomícílio, Município de Piraquê-TO, 2006..............................................

26

Tabela 5. Distribuição dos tipos de arbustos presentes no peridomícílio dos locais de moradia dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006....................................

27

Tabela 6. Distribuição dos cães da zona urbana, segundo resultados do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006..........................

28

Tabela 7. Distribuição dos cães da zona urbana, segundo sexo e resultados do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006........................

29

Tabela 8. Distribuição dos cães da zona urbana, segundo idade e resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006..........................

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Tabela 9. Distribuição dos cães da zona urbana, soropositivos para LVC pelo teste de Imunofluorescência Indireta, segundo idade em anos, Município de Piraquê-TO, 2006....

30

Tabela 10. Distribuição dos cães segundo bairro e resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO 2006...........................

30

Tabela 11. Sinais clínicos apresentados por cães do Município de Piraquê, 2006.............

33

Tabela 12. Número de sinais clínicos apresentados por cães da zona urbana, segundo resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006......................................................................................................................................

33

Tabela 13. Frequência dos sinais clínicos apresentados por cães da zona urbana, soropositivos no teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006..............................................................................................................................

33

Tabela 14. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados às características dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006..............................................................................

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Tabela 15. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados ao local de moradia dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.....................................................................

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Tabela 16. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados aos hábitos dos cães da zona urbana do Município de Piraquê-TO, 2006..........................................................................

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Tabela 17. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de vegetação no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006...........................

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Tabela 18. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados ao tipo de vegetação presente no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006. .........................

41

Tabela 19. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de edificações no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006...........................

43

Tabela 20. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de outros animais no domicílio e peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO., 2006.......

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Tabela 21. Análise bivariada da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados aos cuidados com o peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006....................................................................

45

Tabela 22. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e a presença de ectoparasitos nos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006..........................................................................................

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Tabela 23. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e as alterações clínicas observadas em cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO., 2006.............................................................................

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Tabela 24. Análise multivariada dos fatores associados a soropositividade para LVC na zona urbana, Município de Piraquê-TO., 2006....................................................................

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Tabela 25. Variáveis eliminadas do modelo, segundo os passos da análise multivariada por regressão logística dos fatores associados a soropositividade para LVC na zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006..............................................................................

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Tabela 26. Fatores associados a LVC na zona urbana do Município de Piraquê-TO, ajustados por análise multivariada, 2006.............................................................................

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Tabela 27. Medidas de avaliação dos modelos de regressão logística, segundo passos da análise utilizando o método stepwise forward.....................................................................

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Tabela 28. Classificação dos modelos de regressão logística segundo a inclusão de variáveis no modelo. ...........................................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapas do Brasil e do Estado do Tocantins com sua divisão geográfica e destacada a cidade de Piraquê na microrregião de Araguaína, messoregião ocidental. Fonte: Adaptado de IBGE, 2006 e Wikipedia, 2006........................................................

16

Figura 2. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo sexo, Município de Piraquê-TO., 2006......................................................................................

20

Figura 3. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo a faixa etária, Município de Piraquê-TO, 2006.......................................................................................

21

Figura 4. Distribuição dos cães dos cães domiciliados da zona urbana, segundo a forma de aquisição do animal. Município de Piraquê-TO, 2006......................................

22

Figura 5. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo assistência médica veterinária, Município de Piraquê-TO, 2006. ......................................................

22

Figura 6. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo abastecimento público de água no domicílio, Município de Piraquê-TO, 2006. .....................................

23

Figura 7. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo pavimentação asfáltica da rua onde localiza-se o domicílio, Município de Piraquê-TO, 2006...............

24

Figura 8. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo atendimento do domicílio pelo sistema público de coleta de lixo, Município de Piraquê-TO, 2006. .......

24

Figura 9. Vista aérea da cidade de Piraquê-TO, demonstrando áreas de brejos, com presença de Mauritia flexuoxa..........................................................................................

29

Figura 10. Mauritia flexuoxa compondo vegetação próxima a residência do Município de Piraquê-TO, 2006. .....................................................................................

25

Figura 11. Distribuição dos cães soropositivos para Leishmaniose Visceral na cidade de Piraquê-TO, 2006. .......................................................................................................

31

Figura 12. População de cães da zona urbana do Município de Piraquê-TO, segundo presença de sinais clínicos da LVC, 2006. .......................................................................

32

Figura 13. Lesão de pele localizada na orelha de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.......................................................................................

34

Figura 14. Onicogrifose em cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006...................................................................................................................................

34

Figura 15. Forma amastigota intracelular observada em imprint de baço de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006. (1000x)..................................

35

Figura 16. Formas amastigotas observadas em imprint de baço de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006. (1000x).......................................................

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DE LITERATURA 3 2.1 Etiologia 3 2.2 Epidemiologia 4 2.2.1 Distribuição geográfica 4 2.2.2 Epidemiologia da leishmaniose visceral humana no Brasil 5 2.2.3 Prevalência de leishmaniose visceral em cães no Brasil 7 2.2.4 Transmissão e vetores 8 2.2.5 Reservatórios 9 2.3 Características da Doença no Cão 10 2.4 O Diagnóstico da Leishmaniose Visceral 11 2.5 Fatores de Risco 13

3 MATERIAL E MÉTODOS 16 3.1 Local do Estudo 16 3.2 Desenho do Estudo e População Estudada 17 3.3 Coleta das Amostras de Soro 17 3.4 Exame das Amostras de Soro 17 3.5 Exame Parasitológico 18 3.6 Coleta e Identificação de Ectoparasitos 18 3.7 Análise Epidemiológica 18 3.8 Categorização das Variáveis 18 3.9 Análise Estatística 19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 20 4.1 População Estudada 20 4.2 Características da População Estudada 20 4.3 Características do Local de Moradia dos Cães 22 4.4 Soroprevalência e Distribuição da Leishmaniose Visceral Canina em Piraquê-TO.

28

4.5 Análise Bivariada 35 4.6 Análise Multivariada 48

5 CONCLUSÕES 52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

ANEXOS 74

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1 INTRODUÇÃO

O mundo tem observado nas últimas décadas um aumento no número de casos de Leishmaniose visceral humana e canina, com ocorrência cada vez mais freqüente de casos em áreas urbanizadas, o que resulta em um sério problema de saúde pública que ameaça a população e preocupa as autoridades sanitárias.

A leishmaniose visceral canina (LVC), assim como a humana, é causada por protozoários do gênero Leishmania spp. que são capazes de invadir tecidos e desenvolver-se em vários órgãos dos seus hospedeiros. É considerada uma doença de países subdesenvolvidos, ocorrendo principalmente nos bolsões de pobreza e, apesar de estar distribuída em vários continentes, a maioria dos casos acontece em países da África, Ásia e América do Sul, principalmente naquelas localidades que enfrentam graves problemas de desnutrição, como Índia, África e Brasil.

A doença acomete indivíduos de todas as idades, mas até 80% dos casos são observados em crianças menores que 10 anos e a letalidade pode atingir até 10% . O protozoário é transmitido por Dipteros da família Psychodidae, sub-família flebotomínae, no Brasil principalmente a espécie Lutzomyia longipalpis (Lutz e Neiva, 1912), que costuma habitar áreas sombreadas e cujo desenvolvimento ocorre em matéria orgânica.

Os cães domésticos são os animais de estimação que mais convivem com o homem, prestando valioso auxílio como companhia e guarda, mas a proximidade entre estes animais e o ser humano é motivo de grande atenção das autoridades sanitárias, pois o cão é considerado o principal reservatório da leishmaniose visceral americana (LVA).

O Brasil enfrenta desde a década de 80 um aumento contínuo no número de casos de leishmaniose visceral humana, com mudanças no padrão de ocorrência da doença, que passou a atingir os grandes centros urbanos, principalmente através das periferias, que recebem a maior parte da população migrante da zona rural e com ela os reservatórios da doença, permitindo assim o estabelecimento de um ciclo de transmissão urbano que permite a expansão da doença nesta área.

No Estado do Tocantins, desde 1999 observou-se um grande aumento no número de casos humanos, com a maioria dos casos registrados na cidade de Palmas-TO., capital do Estado, que após sua criação em 1989, atraiu um grande contingente humano, vindo de diversas regiões do Estado do Tocantins e do Brasil e com eles os animais de estimação, possíveis reservatórios. Pouco se discute sobre a origem e as causas da elevação no número de casos na capital e em cidades do interior do Estado do Tocantins.

No Município de Piraquê a doença ainda não foi notificada em humanos e as únicas informações sobre a leishmaniose visceral canina datam de 2003, quando foram identificados dois casos de soropositividade em 41 amostras de soro canino enviadas ao Laboratório Central do Tocantins - LACEN/TO. No entanto dois municípios limítrofes (Araguaína e Wanderlândia) são considerados áreas de transmissão intensa pelo Ministério da Saúde e a migração de pessoas e animais entre estes municípios é freqüente, o que possibilita o deslocamento da doença.

A condição climática é um dos principais fatores que influencia no desenvolvimento de populações de parasitos, contribuindo para a manutenção e duração do ciclo biológico. Em clima quente e úmido, que é o observado na maior parte do ano na região Norte do Estado do Tocantins, as populações de vetores desenvolvem-se mais rapidamente, possibilitando aumento da densidade populacional e consequentemente elevando o risco de infecção dos susceptíveis.

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As informações sobre a distribuição e prevalência de LVC no Estado do Tocantins estão restritas aos inquéritos realizados pela Secretaria Estadual de Saúde, através dos Centros de Controle de Zoonoses e Secretarias Municipais de Saúde e o conhecimento destas informações é essencial para o estabelecimento de medidas de controle apropriadas, bem como para nortear estudos epidemiológicos que possam contribuir para o controle da doença.

O Tocantins está inserido na área corresponde a Amazônia Legal, um dos biomas mais complexos e ricos do mundo e entre os nove Estados que integram esta área o Tocantins é o que atualmente possui a maior incidência de leishmaniose visceral em humanos.

Alguns estudos foram realizados no Brasil e no mundo para pesquisa dos fatores de risco relacionados às leishmanioses, principalmente em humanos, poucos em cães, no entanto, a diversidade de fauna, flora e condições climáticas brasileiras exige uma abordagem mais direcionada a cada região. No Estado do Tocantins, ainda não foram publicados resultados referentes a fatores associados a LVC, o que é de grande importância na adoção de medidas de controle, com destaque aquelas relacionadas aos vetores e reservatórios. Portanto, este estudo teve como objetivo conhecer a soroprevalência de Leishmaniose Visceral em cães domiciliares da zona urbana do Município de Piraquê-TO, descrever a ocupação espacial da doença e identificar fatores relacionados ao animal e ao peridomícílio associados á soropositividade para a doença.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A leishmaniose é uma zoonose causada por protozoários flagelados do gênero Leishmania Ross, 1903, sendo dividida em três formas principais: cutânea, mucocutânea e visceral. Embora possam ocorrer variações, cada forma está associada à espécie infectante e a diferença mais notável entre as formas é a disseminação generalizada dos organismos na leishmaniose visceral (LV) e seu confinamento localizado na leishmaniose tegumentar (LT) (JONES et al., 2000; WHO, 2004).

Todas as formas da leishmaniose compartilham três fatores patogênicos: as células alvo, ou seja, os macrófagos residentes que suportam a replicação do protozoário, a regulação da expressão da resposta imune inflamatória do hospedeiro que caracteriza a evolução da doença e a persistência da infecção nos tecidos (MURRAY et al., 2005).

A forma cutânea afeta a pele, causando úlceras em vários locais do corpo, o que resulta em sérias deficiências físicas e problemas sociais, e em estágio mais avançado origina a forma mucocutânea, que atinge as mucosas e pode levar a morte por infecção secundária das vias respiratórias (DNDi, 2006).

Na leishmaniose visceral, após a inoculação das formas promastigotas na pele, estas invadem ou são fagocitadas por células hospedeiras, incluindo os neutrófilos. Dentro do fagolisossomo os promastigotas transformam-se em amastigota e multiplicam-se rapidamente por divisão binária, infectando outros macrófagos locais e disseminando-se para tecidos distantes (NEVES et al., 2000). A visceralização ocorre através da via hematogênica e/ou linfática, sendo as formas amastigotas encontradas em células do sistema fagocítico mononuclear (SFM) de vários órgãos (CORBETT; LAURENTI, 1998). Os órgãos mais densamente parasitados são aqueles ricos em células do SFM como baço, fígado, linfonodos e medula óssea, porém macrófagos parasitados podem ser observados na pele, pulmão, sangue, rins, testículos, meninges, olho, entre outros (TAFURI et al., 2001; ZIJLSTRA; EL-HASSAN, 2001; GONÇALVES et al., 2003).

Apesar dos progressos na ciência que resultaram em tecnologias eficientes na cura de várias doenças, algumas doenças infecciosas tropicais ainda permanecem marginalizadas nos programas de pesquisa, entre elas a leishmaniose, que atinge principalmente regiões pobres, portanto população de baixa renda, que não constitui um mercado lucrativo que estimule investimento (WHO, 2004).

2.1 Etiologia

O gênero Leishmania pertence à família Tripanosomatidae, ordem Kinetoplastida, sub-filo Mastigophora, classe Zoomastigophorea e filo Sarcomastigophora (LAWYER; PERKINS, 2000; REY, 2001). As espécies causadoras da leishmaniose visceral pertencem ao subgênero Leishmania (LAINSON; SHAW, 1987) e estão agrupadas no complexo donovani, onde são reconhecidas Leishmania (Leishmania) donovani (Laveran e Mesnil, 1903) e Leishmania (Leishmania). infantum Nicole, 1908 no Velho Mundo e Leishmania

(Leishmania) chagasi (CUNHA; CHAGAS, 1937) nas Américas. A origem da Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ainda é discutida (GARDENER, 1977; LAINSON, 1983) e alguns estudos apontam que L. chagasi e L. infantum não são espécies distintas, o que gerou entre os pesquisadores uma discussão em torno da nomenclatura da espécie (MILES et al., 1999; LAISON; RANGEL, 2005; SHAW, 2006; DANTAS-TORRES, 2006a), no entanto uma revisão na classificação zoológica deste parasito ainda não foi realizada, permanecendo, portanto como L. chagasi a designação do agente causador da LVA.

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A morfologia dos protozoários desta família difere entre as espécies, de acordo com o local de parasitismo e em fases diferentes do ciclo vital de uma mesma espécie. O gênero Leishmania abrange espécies parasitas heteroxenas de vertebrados e invertebrados que se desenvolvem sobre duas formas: amastigota e promastigota (PESSOA; MARTINS, 1978; ACHA; SZYFRES, 1986).

A forma amastigota é observada em macrófagos do hospedeiro vertebrado e a forma promastigota desenvolve-se no tubo digestivo de insetos (ALMEIDA; OLIVEIRA, 1997). Com base apenas na morfologia é difícil o reconhecimento das espécies, sendo importante considerar a patogenicidade, os sinais clínicos, o tipo de lesão provocada e a localização no hospedeiro vertebrado, bem como as características genéticas para a identificação das espécies (COURA, 2005), pois embora não seja muito comum, o parasitismo por mais de uma espécie foi observado (MARTINEZ et al., 2002; MADEIRA et al., 2006a).

2.2 Epidemiologia

2.2.1 Distribuição geográfica

O microorganismo causador da leishmaniose visceral foi inicialmente observado na Índia por Leishman em 1901 em um soldado britânico proveniente de Dum-Dum e em 1903 foi observado também por Donovan em material de punção esplênica de um jovem, sendo nomeado em 1903 por Ross como L. donovani (COURA, 2005; WHO 2006). Nos cães os primeiros relatos datam de 1908 na Tunísia (NICOLE; COMTE, 1908).

No Brasil, os primeiros relatos sobre a distribuição da leishmaniose visceral foram realizados por Penna (1934), que ao examinar amostras de fígado provenientes dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Pará, para o diagnóstico da febre amarela, observou as formas amastigotas de Leishmania, no entanto o primeiro relato de caso autóctone foi realizado por Migone (1913) no Paraguai, em um paciente procedente do Mato Grosso.

Atualmente a leishmaniose visceral ou calazar é uma doença endêmica em 65 países localizados na Ásia, na África, na Europa, nas Américas Central e do Sul (OZENSOY et al., 1998; COURA, 2005), persistindo principalmente em áreas muito pobres e remotas, onde a assistência médica é difícil. A doença é potencialmente fatal quando não se institui tratamento e a letalidade alcança 10% (GONTIJO; MELO, 2004). Aproximadamente 90% dos casos ocorrem em cinco países: Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil, principalmente associados a condições de pobreza e desnutrição infantil (MELO, 2004).

Na América do Norte, apesar de não existirem casos humanos, a leishmaniose visceral canina foi considerada enzoótica em 18 estados dos EUA e também foi observada em duas províncias do Canadá, com atividade de transmissão ativa (DUPREY et al., 2006).

Na América Latina existem casos na Argentina (SALOMON et al., 2001), Colômbia (CORREDOR et al., 1989), Honduras (NUERBERGER et al., 1975), Bolívia, Equador, Guatemala, Paraguai, Suriname (MILES et al., 1999), México (MONROY-OSTRIA et al, 2000), Nicarágua (BELLI et al., 1999) e Venezuela (ZERPA et al., 2000; DELGADO et al., 1998). Aproximadamente 90% dos casos são registrados no Brasil, onde a doença foi notificada em 19 dos 27 estados da federação, atingindo quatro das cinco regiões geográficas (MARSDEN, 1994; VIEIRA; COELHO, 1998; MORENO; ALVAR, 2002; COURA, 2005).

No Brasil, nas últimas duas décadas foram notificados 60.969 casos em humanos (BRASIL, 2006a), com elevação na taxa de letalidade de 3,6% em 1994 para 6,7% em 2003, o que representa um incremento de 85% (BRASIL, 2005). A Região Nordeste responde pela maioria dos casos notificados (82,4%), seguida pelo Sudeste (7,6%), Norte (7,0%) e Centro-Oeste (3%) (WERNECK et al., 2002, GOTIJO; MELO, 2004; DATASUS, 2006).

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2.2.2 Epidemiologia da leishmaniose visceral humana no Brasil

O parasitismo é observado em hospedeiros de regiões tropicais, subtropicais e temperadas, principalmente em vales, margens de rios e lagos, onde a umidade não é menor que 70% (ACHA e SZYFRES, 1986; THOPSON et al., 2002). Em Minas gerais, Margonari et al. (2006) observaram que a maioria dos casos humanos surgiu após uma estação chuvosa, com o aumento da população do vetor e, geralmente, em altitude entre 780 e 880m.

Em algumas cidades com elevada prevalência da doença, a maioria dos focos humanos se localiza em regiões periurbanas originadas de áreas invadidas e desmatadas para ocupação, contribuindo para uma maior exposição ao vetor (LAINSON; RANGEL, 2005).

A doença era descrita inicialmente como endêmica, predominando em áreas rurais e de clima semi-árido, principalmente aquelas de colonização recente, ou nos bolsões de pobreza característicos do Nordeste, alguns poucos casos eram oriundos da periferia das cidades e em regiões de planícies os casos eram esporádicos e provenientes de áreas úmidas a margem de rios. No entanto, atualmente se percebe uma mudança no padrão de ocorrência da doença, que passa a se concentrar mais em áreas urbanas, fato verificado pela constatação de surtos epidêmicos em algumas capitais brasileiras (MARZOCHI; MARZOCHI, 1994; COSTA et al., 1995; TAVARES; TAVARES, 1999; MENDES et al., 2002; BRASIL, 2003).

Essa urbanização da leishmaniose tem sido constatada em várias regiões do mundo, modificando também os padrões de risco da doença (MURRAY et al., 2005), no Brasil caracterizando principalmente uma expansão da área tradicional de ocorrência. Como a urbanização da doença é um processo relativamente novo, pouco se conhece sobre sua epidemiologia nos centros urbanos e as mudanças decorrentes da maior concentração de pessoas na zona urbana podem propiciar melhores condições para a evolução da doença. Nesta zona a doença continua associada aos setores periféricos, onde as condições de vida são precárias e os determinantes locais, possibilitam o aumento da incidência e difusão espacial, transferindo os perfis de morbi-mortalidade característicos do meio rural para a zona urbana (NASCIMENTO et al., 2005).

Na região Nordeste, o Estado do Maranhão ocupa o terceiro lugar em incidência da doença, mas tem o maior número de casos humanos registrados no país até 2005 (8.484), com 60% de ocorrência em crianças com idade inferior a quatro anos (REY et al., 2005), mas a soropositividade é observada também, com alta prevalência (46,6%), em crianças com idade entre 10 e 15 anos (NASCIMENTO et al., 2006), sendo a maioria dos casos oriunda da meso e micro região de São Luís, área litorânea e capital do Estado (COSTA et a., 1995; SILVA et al., 1997). Em Teresina, no Estado do Piauí, a transmissão da LV foi detectada de forma disseminada, independente dos fatores sócio-econômicos (OLIVEIRA FILHO, 1994).

Em Pernambuco, a LV está amplamente distribuída, com registro de casos em todas as regiões geográficas, mas a maioria ocorrendo em indivíduos da Região Agreste (DANTAS-TORRES, 2006b). Até 1990 em 15,2% dos municípios haviam casos registrados e em uma década a doença já se encontrava disseminada em 78,3% dos municípios (DANTAS-TORRES; BRANDÃO-FILHO, 2006b).

Na Região Sudeste, os primeiros relatos de leishmaniose visceral datam de 1977 no Rio de Janeiro (MARZOCHI et al., 1985), em 1978 a doença foi diagnosticada em uma criança de 10 meses em Diadema, Estado de São Paulo, entretanto um levantamento epidemiológico realizado nos cães da região não revelou a presença do parasito nestes animais (IVERSSON et al., 1979; IVERSSON et al., 1983). O Estado de Minas Gerais é o que possui o maior número de notificações até 2005 (3731 casos), não se sabendo ao certo em que período a leishmaniose visceral foi introduzida, mas acredita-se que tenha entrado em Belo Horizonte, capital do Estado, provavelmente pela região nordeste da cidade, no início da

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década de 90 (BEVILACQUA et al., 2001). No Estado de São Paulo, no período de 1980 a 1999 não foi registrado nenhum caso, mas a partir do ano 2000 até 2005, 697 casos foram notificados, mas que três vezes o valor da soma do número de casos notificados no Rio de Janeiro e Espírito Santo (BRASIL, 2006a).

Na Região Amazônica Brasileira, discute-se a possibilidade da doença ter sido introduzida por cães infectados acompanhando imigrantes procedentes da Região Nordeste, no entanto, na época da descoberta da leishmaniose visceral no Estado do Pará (1934), o acesso a esta região era possível somente por barco ou avião, colocando em discussão a possibilidade de uma fonte silvestre autóctone de infecção (LAINSON, 1983; RANGEL; LAINSON, 2003). Foram registrados casos humanos em Roraima, Pará e Tocantins, com o maior número de casos no Estado do Pará, seguido por Tocantins e Roraima (CASTELLON; DOMINGOS, 1991; GUERRA et al., 2004; BRASIL, 2006a).

No Estado do Tocantins, o calazar humano é notificado desde 1989, um ano após a criação do Estado, pois os casos anteriores foram notificados como ocorridos no Estado de Goiás. Desde então, apenas no ano de 1991 não houve notificação de nenhum caso, mas a partir daí o número de notificações foi crescente, aumentando de seis em 1992 para 226 em 2002, com 82,7% (1591 casos) dos casos notificados apenas no período de 1999 a 2005, o que demonstra a expansão da doença no Estado (BRASIL, 2006a). No período de 1999 a 2003, o Estado do Tocantins apresentou o maior número de notificações da Região Norte, com a taxa de incidência aumentando de 0,79 /100.000 habitantes em 1999 para de 19,91/100.000 em 2003 (DATASUS, 2006), considerada a maior taxa de incidência já registrada no país. Com o aumento do número de casos no Estado, as medidas de vigilância e controle foram implementadas nos municípios onde ocorreu a maioria dos casos e a incidência diminuiu à partir de 2003, porém de acordo com os dados do Ministério da Saúde, até 2004 o Tocantins ainda apresentava a maior taxa de incidência de LV do país (12,04/100.000) (BRASIL, 2006b).

No Centro-Oeste, a doença é relatada em todos os estados, com a maior incidência no Estado do Mato Grosso do Sul, onde tem sido observada expansão da doença (ANTONIALLI et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2006). Em Goiás, 52% dos casos notificados no ano de 2002 ocorreram em menores de 10 anos, sendo a maioria do sexo feminino (53%) (MANOEL;MARTINS, 2003).

Na Região Sul do Brasil, apesar de não haver casos humanos notificados atualmente, dois casos de leishmaniose visceral, relatados como autóctone, já foram observados no Paraná (AYALA et al., 1980). Casos caninos foram relatados em Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul no ano 1998, com demonstração do parasito, mas sem observação do vetor (POCAI et al., 1998). No entanto, um estudo realizado atualmente para diagnóstico sorológico de cães na região onde aconteceram os casos humanos não revelou animais positivos, reforçando a afirmação de que, se a doença ocorre entre os cães da região, é muito rara (MARCONDES et al., 2003).

Segundo o Ministério da Saúde, o comportamento epidemiológico da leishmaniose visceral é cíclico, com elevação dos casos em períodos médios a cada cinco anos, apresentando uma tendência crescente, se considerar o período de 1980 a 2003 (BRASIL, 2006a). Fenômenos como o El Nino estiveram relacionados com a variação na incidência anual da leishmaniose visceral em algumas áreas (FRANKE et al., 2002).

Por outro lado, o aumento no número de casos de LV notificados no Brasil pode, em parte, ser atribuído a melhores condições de diagnóstico (MOMEN, 1998), aliado a maior atenção dos profissionais da saúde no atendimento dos pacientes.

Como a leishmaniose visceral americana é tida como uma doença infecciosa que causa mudanças imunológicas significantes tanto na resposta imune celular como humoral do hospedeiro, na atualidade a infecção em humanos adquire uma maior importância como

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oportunista, devido a sua associação com a infecção pelo vírus HIV (LOPEZ-VELEZ et al. 1998; DUJARDIN, 2006). A disseminação da AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome) para as populações de áreas de risco para leishmaniose poderá aumentar a gravidade da doença nestas regiões, por propiciar o desenvolvimento oportunista do protozoário (MARZOCHI et al., 1994; RABELLO et al., 1999) que, nestes pacientes, são observados em grandes quantidades fora do sistema reticuloendotelial, como no sangue periférico, tornando estas pessoas reais reservatórios do protozoário e fonte de infecção para os flebotomíneos (DESJEUX, 2001).

2.2.3 Prevalência de leishmaniose visceral em cães no Brasil

O primeiro relato da infecção em animais foi realizado por Chagas et al. (1938) no Estado do Pará, já Deane e Deane (1954) constataram pela primeira vez, na cidade de Sobral, Estado do Ceará, o parasitismo de uma raposa (Lycalopex vetulus Lund, 1842) por Leishmania, na época denominada L. donovani, sendo observado intenso parasitismo na pele, medula óssea, fígado e baço.

A prevalência do parasitismo em cães é variável entre as regiões brasileiras. Até 1962, a proporção de animais parasitados no país era de 4,4%, mas em alguns focos alcançavam 27,5% (DEANE; DEANE, 1962). Estudos realizados em Minas Gerais demonstraram uma prevalência variável, com relatos de 5% (MONTEIRO et al., 2005) a 64,4% (SILVA, 1998). No Município de Montes Claros, foi registrada uma prevalência de 9,9% em área urbana e 8,8% na zona rural, com incidência anual de 64,3/1000 cães (FRANÇA-SILVA et al., 2003).

No Rio de Janeiro, Coutinho et al. (1985) observaram a soroprevalência para leishmaniose canina variando entre 3,5% a 12,7%, com média de 4,3% nas áreas de ocorrência de LV. Embora no período de 1982 a 1989 tenha se observado diminuição da soroprevalência em cães de áreas endêmicas do Rio de Janeiro de 4,3% para 0,38%, provavelmente efeito da adoção de medidas profiláticas (MARZOCHI et al., 1994), no período de 2001 a 2002 uma elevada prevalência (25%) foi observada em Barra de Guaratiba-RJ (SILVA et al., 2005a).

Em Araçatuba, no Estado de São Paulo, a prevalência geral da leishmaniose visceral canina foi de 12,1%, oscilando entre 4,1% e 25,8% nos setores do município (CAMARGO-NEVES et al., 2001) enquanto em Birigui-SP, Vigilato (2004) observou prevalência de 2,97%.

Na Região Centro-Oeste, soropositividade para LVC de 7,7% foi observada no Estado do Mato Grosso (AZEVEDO, 2004). Em Goiás os inquéritos sorológicos caninos demonstraram 1,19% de positividade, sendo a doença clínica recentemente relatada em um cão procedente de Fortaleza, Estado do Ceará, mas residente em Goiânia há um ano e meio (LINHARES et al., 2005).

Na Bahia, onde a doença é relatada em humanos desde 1934 e a infecção canina é diagnosticada desde 1956 (SHERLOCK, 1969; SHERLOCK; ALMEIDA, 1969), a soroprevalência observada oscila entre 10% e 36% de acordo com a região de estudo (PARANHOS-SILVA et al., 1996; ASHFORD et al., 1998) e uma incidência de 11,8% ao ano foi observada na região de Jequié (MOREIRA JR et al., 2003).

Em Pernambuco, a primeira notificação da doença em cão foi feita por Pondé et al. (1942) e Dantas-Torres et al. (2006b), utilizando a imunofluorescência indireta, relataram uma soroprevalência de 40,3% entre os cães.

No Estado do Piauí observou-se que a maioria dos cães eutanasiados na cidade de Teresina (64,4%) é em decorrência da leishmaniose (MENEZES et al., 2005). No Estado do Ceará, entre 1953 e 1962, registraram-se taxas de positividade para LVC variando de 1,5%

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para cães assintomáticos a 3,9% para cães sintomáticos (DEANE; DEANE, 1955; DEANE; DEANE, 1962), porém na década de 80, uma soroprevalência de 39% a 50% foi observada, com a maior taxa observada nas áreas montanhosas (EVANS et al., 1992).

Em Mossoró, no Estado Rio Grande do Norte, no ano de 1992 a soroprevalência estava entre 0,8% a 9,6% (JERONIMO et al., 1994), mas o programa de combate ao calazar, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Município, registrou taxas de 29,9% em 2003 a 33,7% em 2004 e Amora et al. (2006) encontraram 45% de positividade em cães provenientes de área rural e 35% de positividade em cães provenientes de área urbana do mesmo município, confirmando o avanço da doença no Rio Grande do Norte.

No Estado do Pará, Senra et al. (1982) examinando amostras de 4593 cães, encontraram 32,3% de soropositivos. A doença foi relatada em um cão no Estado do Tocantins por Nascimento-Rocha et al. (2002), onde o animal apresentou os sinais característicos da leishmaniose e o parasita foi demonstrado em esfregaço de medula óssea. Segundo os dados da Secretaria Estadual de Saúde, o maior percentual de cães soropositivos no Tocantins foi diagnosticado no ano de 2003 (23,68%), quando se observou também o maior número de notificações de casos humanos. Os municípios onde a soropositividade para LVC foi mais elevada no ano de 2003 foram Palmas (46,4%), Tocantinópolis (28,5%), Paraíso do Tocantins (23,2%) e Porto Nacional (20,7%)

A observação da distribuição espacial da doença revela que a epidemia canina normalmente precede o aparecimento dos casos humanos (BEVILACQUA et al., 2001). A utilização do geo-referenciamento permitiu mostrar a correlação entre os setores em que há ocorrência da infecção humana e aqueles com altas taxas de prevalência canina, bem como com aqueles com elevada densidade do vetor, entretanto as associações não foram testadas (CAMARGO-NEVES, et al., 2001).

2.2.4 Transmissão e vetores

A transmissão da leishmaniose é realizada através da picada de pequenos dípteros da família Psycodidae, sub-família Phlebotominae, nas Américas principalmente a espécie Lu.

longipalpis embora o parasita tenha sido encontrado em outras espécies de flebotomíneos, como Lutzomyia evansi (Nuñez-Tovar, 1924) e Lutzomyia cruzi (Mangabeira, 1938), que não demonstraram a mesma eficiência na transmissão da doença (SANTOS et al., 1998; FELICIANGELI et al., 1999; TRAVI et al., 2002a; TRAVI et al., 2002b; MONTOYA-LERMA et al., 2003). Estes insetos são popularmente conhecidos como mosquito palha, asa branca, asa dura, birigui, cangalhinha, tatuquira, frebóti (BEVILACQUA et al., 2001; MARCONDES, 2001). A Lu. longipalpis é, até hoje, a espécie mais frequentemente encontrada em regiões endêmicas para leishmaniose (DEANE; DEANE, 1955; BARATA et al., 2005).

As fêmeas de Lu. longipalpis alimentam-se em uma grande variedade de hospedeiros, entre eles galinha, homem, cão, boi, eqüinos, suínos e outros animais silvestres (CORREDOR- ARJONA et al., 1999, BARATA et al., 2005), fato que favorece o aumento da densidade de vetores (ARIAS et al., 1996). São mais promíscuos que os flebotomíneos do Velho Mundo e embora a hora utilizada para alimentação possa variar entre as regiões, admite-se que o horário preferencial é no período entre 18 e 22 horas e o aumento da população é observado um a dois meses após períodos de alta precipitação pluviométrica (SANTA-ROSA; OLIVEIRA, 1997; MONTEIRO et al., 2005), neste período também foi observado o maior número de casos da doença em humanos (NASCIMENTO et al., 1996). Contudo, estes insetos também são resistentes a períodos de seca (ACHA; SZTFRES, 1986).

Devido às modificações ambientais provocadas pelo homem, algumas espécies de flebotomíneos silvestres adaptaram-se ao domicílio ou as proximidades deste, entre elas Lu.

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longipalpis, que vem sendo encontrada em elevada densidade nestes locais (LAINSON, 1985; SHERLOCK, 1994; XIMENES et al., 2000; GALATI et al., 2003). Guerra et al. (2004) observaram a associação entre a presença de Lu. longipalpis e as infecções canina e humana em Roraima, onde o inseto mostrou grande avidez em picar humanos, além de ter sido encontrado em grande densidade nos arredores das casas de farinha e dentro de fornos.

No Tocantins, estudos realizados em regiões onde ocorreram casos humanos de leishmaniose tegumetar e visceral identificaram 32 espécies de flebotomíneos, sendo 30 do gênero Lutzomyia, entre elas Lu. longipalpis que foi a segunda espécie mais freqüente (25,2%), sendo o maior número destes insetos capturado no peridomicílio, seguido pelo intradomicílio, sendo este o primeiro relato do encontro de Lu. Longipalpis no Tocantins (ANDRADE-FILHO et al., 2001).

A possibilidade de transmissão de Leishmania spp. por outros artrópodes é discutida desde os primeiros estudos epidemiológicos realizados, visto que em algumas regiões onde foi diagnosticada a leishmaniose visceral canina, os flebotomíneos não foram encontrados (SOUZA et al., 2003) e as demais possibilidades apontadas não explicam a transmissão habitual de um protozoário que necessita de um hospedeiro invertebrado no seu ciclo (SHERLOCK, 1963; DRUPEY et al., 2006 ). Formas típicas de Leishmania já foram encontradas em pulicídeos parasitas de um cão soropositivo (COUTINHO et al., 2002) e Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) identificados com fragmentos de DNA do parasito demonstraram infectividade para hamnster (COUTINHO et al., 2005), portanto, esta forma de transmissão ainda não pode ser descartada.

Outra forma de transmissão observada em seres humanos é através da transfusão sanguínea, sendo que esta forma não é comum, mas o sangue pode permanecer contaminado com parasitas viáveis por até 30 dias a 4oC (DEY; SINGH, 2006).

A transmissão congênita já foi observada em humanos (MEINECKE et al., 1999), mas em cães é rara e não foi comprovada nos estudos realizados por Andrade et al. (2002). Acredita-se que as células do sistema fagocítico mononuclear parasitadas atravessem a fina membrana que separa a circulação fetal materna ou que a contaminação aconteça durante o contato do sangue materno e fetal no momento do parto (NEVES et al., 2000).

A transmissão através do compartilhamento de seringas por usuários de drogas tem sido relatada em alguns países europeus, estando associada também à transmissão do vírus HIV, o que agrava a evolução das duas doenças (PASQUAU et al., 2005).

2.2.5 Reservatórios

Várias espécies de animais já foram encontradas parasitadas por L. chagasi, entre elas, os cães domésticos (Canis familiares Linnaeus 1758), canídeos silvestres (Cerdocyon thous

Linnaeus, 1706; Lyralopex vetulus Lund 1842), marsupiais (Didelphis albiventris Lund, 1841; Didelphis marsupialis Linnaeus 1758) e roedores (Rattus rattus Linnaeus 1758,

Proechymis canicollis Alen 1899, Proechymis oris Thomas 1904 e Nectomys squamipes Brants 1827) (DEANE; DEANE, 1954; LAINSON et al., 1969; SHERLOCK, et al., 1984; MELLO et al., 1988; TRAVI et al., 1994, MUKHTAR et al., 2000). Entretanto ao cão doméstico é dada a maior atenção, devido ao grande número de parasitas encontrado na pele, o que favorece a infecção do vetor e pela sua proximidade ao homem, principalmente em áreas de progressiva urbanização (SANTA-ROSA; OLIVEIRA, 1997; MADEIRA et al., 2004).

O isolamento de L. chagasi em cachorros-do-mato (C. thous) sem qualquer alteração clínica, provenientes de regiões onde não há registros da doença em cães e no homem, aventa a possibilidade de que a relação hospedeiro-parasita nestes animais seja antiga e benigna e que os cães domésticos sofreram infecção a partir dos animais silvestres e ainda não estão

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adaptados (LAINSON, 1983). No entanto atualmente o cão é incriminado como reservatório primário do parasito (ACHA; SZYFRES, 1986).

Animais como gambás, roedores e carnívoros silvestres apesar de geralmente habitarem ambientes silvestre ou sinantrópico, são atraídos ao ambiente peridomiciliar por modificações ambientais introduzidas pelo homem e os achados epidemiológicos indicam que eles podem estar envolvidos no ciclo de transmissão da doença (SHERLOCK et al., 1984; CORREDOR et al., 1989; CABRERA et al., 2003).

Existem questionamentos sobre a possibilidade de outros animais domésticos também atuarem como reservatórios da doença para o homem, pois a presença de L. infantum em gatos (Felis catus Linnaeus 1758) foi recentemente confirmada em áreas de transmissão (SAVANI et al., 2004; VITA et al., 2006; DANTAS-TORRES et al., 2006a).

A leishmaniose felina já foi relatada na África, Ásia, Europa e nas Américas (LEIVA et al., 2005). No continente americano existem casos relatados nos Estados Unidos (BARNES et al., 1993), Venezuela (BONFANTE-GARRIDO et al., 1991) e Brasil (PASSOS et al., 1996; SOUZA et al., 2005). O maior número de casos é observado no Brasil (DANTAS-TORRES et al., 2006a), com relatos nos Estados do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso, referentes à leishmaniose tegumentar (SCHUBACH et al., 2004) e no Estado de São Paulo, referente à leishmaniose visceral (SAVANI et al., 2004), porém o papel dos felinos na epidemiologia das leishmanioses merece estudos mais detalhados.

Discute-se também o papel das aves na epidemiologia da LV, pois alguns estudos demonstraram que a presença destes animais no domicílio é um fator de risco para a infecção (MOREIRA JR et al., 2003), mas em outros nenhuma associação foi observada (MORENO et al., 2005) ou a classificação como fator de risco ou fator protetor dependeu do tipo de teste utilizado no diagnóstico da doença (CALDAS et al., 2002). Apesar de não funcionarem como hospedeiros do protozoário, as aves servem de fonte de alimentação para os flebotomíneos, permitindo a manutenção e proliferação da população destes no ambiente próximo aos outros animais domésticos e seres humanos, além do que a presença de galinhas no domicílio é um atrativo para outros animais reservatórios da LV (ALEXANDER et al., 2002).

É comum acreditar que pessoas infectadas sejam apenas hospedeiros acidentais de L.

chagasi, mas há evidências que indicam que o homem infectado também possa atuar como reservatório da doença para os flebotomíneos em áreas endêmicas (EVANS et al., 1992; COSTA et al., 2002; DANTAS-TORRES; BRANDÃO FILHO, 2006a), embora o número de pessoas que adoecem com infecção adquirida de outra pessoa não deva ser expressivo. Crianças sintomáticas e que vivem nas periferias urbanas de populações empobrecidas são as principais fontes de infecção humana para os vetores e a maioria dos casos registrados é assintomático (COSTA, 1999). 2.3 Características da doença no cão

Habitualmente, a leishmaniose visceral em animais é observada como moléstia debilitante crônica, no entanto, a evolução pode ser aguda e grave, levando o animal a óbito em poucas semanas, mas em alguns animais a doença parece evoluir para a cura espontânea (ACEDO-SÁNCHEZ, 1998).

Perfis sorológicos de cães submetidos à imunofluorescência indireta (IFI) demonstram que o espectro de resposta imunológica no cão é semelhante ao observado no homem, existindo cães que permanecem soronegativos, mesmo estando próximos a animais positivos, cães que permanecem com títulos baixos (< 1:80) e aqueles que inicialmente possuem títulos baixos e progridem aumentando a titulação (>1:160), desenvolvendo algum sinal da doença e geralmente apresentando parasitismo disseminado nos órgãos, incluindo pele (SILVA et al., 2005a).

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Os cães soropositivos podem ser classificados como: assintomáticos, que se apresentam aparentemente normais e perfazem a maioria dos animais soropositivos de áreas endêmicas (DANTAS-TORRES et al., 2006b); oligossintomáticos, com alguns sinais inespecíficos como perda de peso, pêlo opaco e alopecia, principalmente na extremidade da orelha, representando aproximadamente 17% dos animais soropositivos; e sintomáticos, que representam cerca de 25% dos animais soropositivos, estes possuem alto níveis de anticorpos e podem apresentar emagrecimento, caquexia, alopecia, dermatite furfurácea, dermatite periorbital e nasal, lesões crostosas, onicogrifose, opacificação de córneas, edema das patas posteriores, ascite, hemorragias e paresia dos membros posteriores. Nos animais sintomáticos o parasitismo da pele e órgãos é elevado, sendo freqüente em até 81,3% dos casos (NEVES et al., 2000; SANCHEZ; TAPIA, 2005).

As leishmanias são observadas em macrófagos de vários órgãos, principalmente baço, fígado, medula óssea e linfonodo, onde se multiplicam, produzindo uma hepatite crônica e ocasionalmente hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia generalizada (ALVAR et al., 2004). Os animais acometidos podem apresentar lesões renais, pulmonares, cardíacas, locomotoras, neurológicas, podendo apresentar também enterite que pode ser originária da ação direta do parasito ou em conseqüência de insuficiência renal ou mesmo lesões causadas por outros parasitos, como nematóides gastrintestinais, frequentemente observados em animais parasitados (TAFURI et al., 2001; IKEDA et al., 2003).

Pode ser observada também uveíte, epistaxe, falha renal e diarréia (FERRER, 1999; BRITO et al., 2004; BRITO et al., 2006; FULGÊNCIO et al. 2004). Úlceras cutâneas desenvolvem-se principalmente na face, orelha, nariz, cauda, bolsa escrotal, membros e lábio, estas cicatrizam lentamente e geralmente voltam a aparecer (SANTA ROSA; OLIVEIRA, 1997; MADEIRA et al., 2006b). Raramente, os animais apresentam poliartrite com locomoção anormal associada a lesões nos ossos e músculos (BLAVIER et al., 2001; SANTOS et al., 2006).

A maioria dos animais apresenta anemia, leucocitose ou leucopenia e hipoproteinemia com aumento na concentração de globulinas e decréscimo da albumina, principalmente os sintomáticos e oligossintomáticos (NASCIMENTO-ROCHA et al., 2002; IKEDA et al., 2003; REIS et al., 2006).

No Brasil o tratamento dos cães é proibido, pois a resposta terapêutica é baixa e frequentemente ocorre a recrudescência da doença durante ou após o tratamento (MARZOCHI; MARZOCHI, 1994; COSTA; VIEIRA, 2001; BRASIL, 2006c; JOÃO et al., 2006; IKEDA-GARCIA et al., 2007). 2.4 O Diagnóstico da Leishmaniose Visceral

O diagnóstico laboratorial da infecção pode ser realizado por métodos diretos, através da visualização do parasito em amostras de fragmentos de tecido colhido das lesões, baço, linfonodo e medula óssea; isolamento em meios de cultura e inoculação em animais de laboratório e/ou por métodos indiretos ou sorológicos como: fixação de complemento, teste de aglutinação direta, ensaio imunoenzimático (ELISA – “Enzyme Linked Immunosorbent Assay”) e imunofluorescência indireta (IFI) (BOELAERT et al., 1999; ALVAR et al., 2004), estes últimos sendo os de eleição para utilização em inquéritos epidemiológicos, por reunir vantagens como adequada sensibilidade e especificidade (BRASIL, 2003; ALVES; BEVILACQUA, 2004).

O diagnóstico parasitológico é realizado através do exame de material proveniente de punção de medula óssea, baço e/ou linfonodo, sendo a sensibilidade variável de acordo com o local da punção. Em material proveniente de baço a sensibilidade chega a 95%, medula óssea a 70% e linfonodos a 58% e a especificidade é considerada o melhor padrão para o

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diagnóstico da leishmaniose visceral, 100%, no entanto, este método é contra indicado em pacientes grávidas, casos de anemia severa e hemorragia (DESJEUX, 2004; SILVA et al., 2005b).

A presença de formas amastigotas intracelulares e livres em fluido peritoneal de cão com leishmaniose visceral reportada por Dantas-Torres (2006c) revela a possibilidade de utilização da laparocentese como método de diagnóstico em cães com ascite.

As formas amastigotas de Leishmania spp. também já foram diagnosticadas em neutrófilos e monócitos de líquido sinovial de um animal que apresentava poliartrite e, neste caso, também foram isoladas formas amastigotas em neutrófilos provenientes de sangue periférico (SANTOS et al., 2006).

Para a análise sorológica, a IFI apresenta sensibilidade variável entre 90 e 100% e especificidade de aproximadamente 80% (ALVES; BEVILACQUA, 2004). Reações cruzadas ocorrem geralmente com Trypanosoma cruzi e as espécies de Leishmania causadoras da leishmaniose tegumentar (COSTA et al., 1991; CORREDOR ARJONA et al. 1999).

O ELISA apresenta sensibilidade média de 96%, chegando a 100% e especificidade de 89%, constituindo-se em uma ferramenta de análise bastante confiável (UCHÔA et al., 2001), recomendado como método de triagem e para utilização em conjunto com a IFI (RACHAMIM et al., 1991; BRASIL, 2006c). Braga et al. (1998) comparando o programa de rotina da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que utilizava a IFI como método de diagnóstico, com a utilização do ELISA e eliminação rápida dos animais, observaram que enquanto na área submetida ao controle da FUNASA observou-se uma diminuição de 9% da prevalência, na área onde se usou o método ELISA e com a eliminação rápida dos cães a prevalência diminuiu 27%.

A imunofluorescência direta (IFD) foi utilizada por Moreira et al. (2002) para diagnóstico da LVC em aspirado de linfonodo e apresentou maior sensibilidade que a pesquisa direta corada por Romanowsky.

A técnica de Western Blot, utilizando diferentes frações antigênicas, apresentou maior sensibilidade que a IFI, reconhecendo frações antigênicas até 8 meses antes da soroconversão no IFI, sugerindo que esta técnica poderia ser utilizada em inquéritos caninos, visto que permitiu a identificação precoce de animais infectados (SILVA et al., 2005b).

O método QBC® (“Quantitative Buffy Coat”), utilizado geralmente para diagnóstico de hemoparasitos, foi testado por Liarte et al. (2001) para diagnóstico da LVA, utilizando medula óssea e sangue periférico de cães, demonstrando sensibilidade de 97%.

Com o objetivo de diminuir o custo e assim tornar mais acessível e efetivo o diagnóstico da LV, novos métodos de diagnóstico a campo vem sendo testados (DESJEUX, 2004). Sundar et al. (1998) obtiveram sensibilidade de 100% e especificidade de 98% utilizando o antígeno K39 em tiras de papel, para detecção de anticorpos para K39 circulantes, demonstrando que métodos mais rápidos, não invasivos e baratos devem ser testados para utilização em inquéritos.

A reação de Montenegro, normalmente utilizada como método de diagnóstico em humanos, apesar de testada para o diagnóstico de diferentes espécies de Leishmania em cães, pode interferir nos resultados dos testes imunológicos rotineiramente usados em áreas endêmicas para leishmaniose visceral (BALEEIRO et al., 2006).

Outros métodos de diagnóstico que podem ser utilizados são aqueles considerados presuntivos e inespecíficos, cujo diagnóstico é baseado na simples alteração albumina/globulina acentuada no calazar, mas que pode ocorrer também em outras doenças como hanseníase, malária, esquistossomíase, etc. (REY, 2001). O método de formol gel atualmente é pouco utilizado, mas pode constituir-se em uma importante ferramenta para diagnóstico da LV em regiões endêmicas, apesar de pouco sensível, poderia, associado ao exame clínico, auxiliar o médico veterinário na triagem de animais positivos, principalmente

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em regiões onde a dificuldade de recursos torna difícil o diagnóstico sorológico. Este método foi avaliado por Boerlaert et al. (2004) e apresentou baixa sensibilidade (28,4%) e elevada especificidade (94,4%). Altaf et al. (2005), submeteram ao teste de formol gel amostras de soro de crianças menores que 12 anos, onde todas as amostras positivas no exame parasitológico da medula óssea foram positivas no formol gel.

Outro método considerado presuntivo e inespecífico é a reação de Brahmachari, que consiste na adição lenta de água ao soro contido em um tubo de hemólise, onde nas reações positivas há produção de um anel de turvação na interface formada pelo soro e a água (REY, 2001).

Estudos já demonstraram que mais de uma espécie de Leishmania pode infectar um animal (MADEIRA et al., 2006a) e na sorologia reações cruzadas podem ocorrer entre a LV e LTA, bem como com outras doenças causadas por protozoários (MANCIANTI et al., 1996; VERCAMMEN et al., 1997), sendo recomendado a realização de métodos complementares para investigação dos animais sororeativos.

Novos métodos moleculares foram padronizados e estão sendo utilizados, pois permitem a identificação do DNA do protozoário em amostras de sangue, aspirado e biópsia de órgãos (HEADINGTON et al., 2002; ADHYA, et al., 2002).

A reação em cadeia de polimerase (PCR-Polymerase Chain Reaction) tem sido utilizada para diagnóstico de várias doenças infecciosas e particularmente para a leishmaniose apresentou alta especificidade (100%) e sensibilidade variável de 66,7%, quando se utilizou material proveniente de fígado, a 100% quando examinada medula diferenciando as infecções por L.(V.) braziliensis de L (L.) infantum e diagnosticando a doença em animais negativos na imunofluorescência indireta (ANDRADE et al., 2006). 2.5 Fatores de Risco

Nas mais diversas regiões onde a leishmaniose ocorre, tanto na forma cutânea quanto na visceral, são observadas variações entre e dentro das regiões endêmicas, indicando a possibilidade de diferentes interações entre as propriedades dos protozoários, a biologia do vetor e os fatores inerentes ao hospedeiro, sendo que as maiores variações estão relacionadas à população alvo e ao modo de transmissão (MURRAY et al., 2005).

A ocorrência da leishmaniose visceral em humanos está relacionada com os fatores individuais, como a idade e o estado nutricional, e com fatores ambientais relacionados principalmente com as características e cuidados com o domicílio e peridomicílio. Geralmente considera-se que a doença ocorra principalmente em crianças menores que 5 anos (CERF et al., 1987; EVANS et al., 1992; NASCIMENTO et al., 1996; JERONIMO et al., 2000; PEDROSA; ROCHA, 2004), com observações de risco até 11,4 vezes maior em crianças menores que 10 anos que em adultos (THOMPSON et al., 2002). No entanto, nenhuma diferença entre as faixas etárias foi observada em alguns estudos (GARROTE et al., 2004; RANJAN et al., 2005) e maior risco esteve associado a uma ampla faixa de idade (três a 45 anos) em outros (BERN et al., 2005). Nestes estudos nenhum risco foi determinado pelo sexo, porém quando associada a outras enfermidades, como a AIDS, indivíduos do sexo feminino apresentaram-se negativamente associados (PINEDA et al., 1998) e em algumas regiões maior freqüência da doença foi observado em indivíduos do sexo masculino (OLIVEIRA et al., 2006). O sexo e a idade geralmente estão relacionados com a ocorrência da leishmaniose tegumentar no homem, onde indivíduos com idade menor que 22 anos e do sexo masculino são mais predispostos à doença (DOURADO et al., 1989; MACHADO-COELHO et al., 2005).

No cão, o sexo não é considerado importante na determinação da doença e o maior número de casos ocorre geralmente na faixa de idade de até três anos e entre oito e 10 anos

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(OZENSOY et al., 1998; MORENO; ALVAR, 2002), no entanto no Brasil, Dantas-Torres et al. (2006b) verificaram uma maior prevalência em animais machos e na faixa etária até um ano.

Outro importante fator de risco observado por vários autores é a desnutrição, havendo relatos de que a doença seja até quatro vezes mais freqüente em indivíduos subnutridos (BADARÓ et al., 1986; ALI, 1997; DESJEUX, 2001), mas nenhuma associação foi observada em relação ao tipo de alimentação ingerida (BERN et al., 2005; RANJAN et al. 2005).

O papel dos canídeos na epidemiologia da leishmaniose visceral ainda é discutido, mas as elevadas prevalências observadas nesta população justificam a importância destes animais na manutenção das endemias. No Iran, a alta densidade de cães em algumas localidades constituiu-se um fator de risco significativo para a soropositividade em crianças (GAVGANI et al., 2002) e no Brasil, no Estado de Minas Gerais, até 84% dos casos humanos estiveram correlacionados com os casos caninos (MARGONARI et al., 2006). Entretanto em outros estudos a presença do cão não determinou risco significativo para a leishmaniose visceral em humanos e sim a presença de outros seres humanos infectados no domicílio, além do fato de que a eliminação destes animais em algumas áreas endêmicas não resultou na diminuição da taxa de incidência em humanos (EVANS et al., 1992; DIETZE et al., 1997; PARANHOS-SILVA et al., 1998), fato observado em outras áreas (ASHFORD et al., 1998; PALATNIK-DE-SOUSA et al., 2001). Além disso, se discute a possibilidade do cão ser apenas uma vítima adicional do parasita e incidentalmente encoraje a disseminação da doença pelo vetor (LAISON, 1983; COSTA et al., 1999; COURA, 2005).

Alguns estudos verificaram que a prevalência da leishmaniose é maior entre os cães que apresentam pelo menos um sinal clínico da doença, no entanto observa-se que a maioria da população canina soropositiva é assintomática (GAVGANI et al., 2002; DANTAS-TORRES et al., 2006b).

Em relação às raças, existem relatos de maior prevalência em animais das raças Boxer, Cocker (FRANÇA-SILVA et al., 2003) e Doberman, e a raça Collie foi relatada como a menos infectada (SIDERIS et al., 1996), mas nenhuma relação específica foi observada quanto às raças no estudo feito por Pozio et al. (1981). Outros fatores a serem considerados em relação ao animal são o tamanho do pêlo e a função destes animais, se de companhia ou de trabalho, já que nos estudos anteriormente citados a maior prevalência foi observada em animais de pêlo curto e a taxa de infecção três vezes maior já foi observada para animais de trabalho (MORENO; ALVAR, 2002).

Além dos cães, a presença de outros animais no domicílio e no peridomícílio tem sido relatada como fator de risco para a leishmaniose visceral humana, principalmente animais domésticos como porco, galinha e pássaros, pois a presença destes animais circulando nos arredores das residências, provavelmente aumente a densidade da população do vetor, favorecendo a transmissão (SOSA-ESTANI et al., 2001; MOREIRA JR. et al., 2003; MORENO et al., 2005), porém em outros estudos a presença de animais, como galinha e bovinos, aparece como fator protetor, dependendo também do tipo de diagnóstico utilizado (CALDAS et al., 2002; BERN et al., 2005). A visualização de animais silvestres incriminados no ciclo de transmissão da doença, no peridomícílio, esteve associada ao risco de infecção por L. chagasi em uma área do Rio de Janeiro (CABRERA et al., 2003) e no Estado do Maranhão, em localidades endêmicas a visualização de gambás (mucura) nas proximidades do domicílio foi relatada por até 50,5% dos moradores (GAMA et al., 1998).

Outros fatores referentes ao domicílio e peridomícílio foram estudados em várias regiões onde a leishmaniose ocorreu, principalmente considerando-se aqueles que pudessem favorecer a cadeia de transmissão e o desenvolvimento do vetor, entre eles características do local de moradia como número de cômodos, tipo de habitação, proximidade da habitação a

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áreas úmidas como brejo e córregos ou a áreas montanhosas e de mata, áreas erodidas e a rodovias. Entre estes fatores a proximidade a áreas montanhosas, matas ou brejos tem sido associada à doença em algumas regiões (EVANS et al., 2002; THOMPSON et al. 2002).

Considerando-se a presença de vegetação no peridomícílio, algumas plantas, por serem ricas em frutose, como as bananeiras (Musa sapientum) têm sido relatadas como atrativas para o vetor, mas nenhum risco esteve associado a esta planta em estudo realizado na Índia, porém o risco foi significativamente maior (2,3 vezes) em residências que apresentavam bambu, provavelmente porque o crescimento deste tipo de vegetação fornece um ambiente úmido e escuro, favorecendo a reprodução do vetor (RANJAN et al., 2005). A influência do tipo de vegetação, a presença de plantações de cacau e o desflorestamento próximo ao domicílio foram analisados quanto à infecção por L. (Viannia) braziliensis, mas também não se constituíram fatores de risco (AMPUERO et al., 2005).

O tipo de construção da habitação e a presença de outras edificações no peridomícílio também foram avaliados como fatores de risco, e aquelas cobertas com palha, paredes de barro e sem piso apresentaram-se como fatores de risco em alguns estudos (YADON et al., 2003; RANJAN et al., 2005), enquanto em outros não (CORREDOR-ARJONA et al., 1999; CALDAS et al., 2002; MORENO et al., 2005).

O acúmulo de lixo nas proximidades do domicílio pode favorecer o aumento da densidade populacional do vetor, e o hábito de depositar o lixo aberto no peridomícílio apresentou-se como fator de risco significativo para a leishmaniose humana em alguns estudos (YADON et al.,2003 ). Moreno et al. (2005) apesar de terem observado como fator de risco o domicílio não ter o lixo removido, queimado ou coletado observaram também que a presença de material orgânica no quintal esteve associada com a ausência de infecção.

Hábitos dos hospedeiros, tais como o uso de algum tipo de proteção individual, principalmente mosquiteiros ou inseticidas, geralmente apresentam-se como fatores protetores da doença (BERN et al., 2005), enquanto outros hábitos, como dormir fora do quarto, dormir no local de trabalho, caçar, pegar lenha, permanecer fora do domicílio no período de horário propício a atividade do vetor (18 - 22 horas) e realizar alguma atividade envolvida com a agricultura ou pecuária foram identificados como fatores de risco para Leishmania spp. em várias regiões (SOSA-ESTANI et al., 2001; CALDAS et al., 2002; MORENO et al., 2005).

Um dos mais importantes fatores de risco observado no mundo inteiro é a migração de pessoas de regiões endêmicas para não endêmicas associada à deterioração das condições sociais e econômicas em áreas suburbanas das cidades, pois a expansão da doença, principalmente na região nordeste, coincidiu com a migração de pessoas e animais para a zona urbana em conseqüência dos severos períodos de seca (BADARÓ et al., 1986; COSTA et al., 1990), enquanto em outras regiões o deslocamento ocorreu em função de alguma atividade de trabalhos, como construção de rodovias, exploração mineral e pecuária ou por atividades militares, favorecendo a expansão da doença (DESJEUX, 2004; SILVA; SANTA ROSA, 2005; ANTONIALLI et al., 2007).

Alguns trabalhos relatam os sinais e sintomas associados à evolução clínica desfavorável de pacientes humanos com LV. No Estado do Piauí, Werneck et al. (2003) relataram anemia grave, febre por mais de 60 dias, diarréia e icterícia como marcadores de mau prognóstico e Santos et al. (2002), acrescentaram que crianças com menos de um ano de idade e pacientes com infecções bacterianas apresentavam maior risco de resposta insatisfatória ao tratamento com antimoniato de N-metil glucamina. No Sudão observou-se que pacientes com idade inferior a dois anos ou maior que 45 anos, com a duração da doença de cinco meses ou mais, associada à desnutrição, anemia, diarréia, vômitos, sangramento ou grande esplenomegalia apresentaram maiores riscos de morrer em decorrência da LV (COLLIN et al., 2004).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local do Estudo

O estudo foi realizado na zona urbana do Município de Piraquê, localizado na microrregião de Araguaína, Estado do Tocantins, região Norte do país. O Estado está inserido na área pertencente a Amazônia Legal e o Município de Piraquê está situado na messoregião ocidental do Estado, entre os paralelos 5º e 10º no extremo norte tocantinense, a 6º 46’ 13” de latitude sul e 48º 17’ 39” de longitude oeste de Greenwich, numa altitude de 186 m (Figura 1). Possui uma área de 921,59 Km2 e segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população humana para o ano de 2006 foi de 3.724 habitantes (Brasil, 2006d). A cidade foi instalada no ano de 1993, cinco anos após a criação do Estado. O clima na região é do tipo tropical úmido com temperatura média, máxima de 32ºC e mínima de 20ºC. Possui uma estação chuvosa definida entre os meses de novembro a maio, e uma estação seca entre os meses de junho a outubro, com precipitação anual acima de 1.700mm.

Figura 1 - Mapas do Brasil e do Estado do Tocantins com sua divisão geográfica e destacada a cidade de Piraquê na microrregião de Araguaína, messoregião ocidental. Fonte: Adaptado de IBGE, 2006 e Wikipedia, 2006.

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3.2 Desenho do Estudo e População Estudada

No período de fevereiro a setembro de 2006, foi realizado um estudo transversal abrangendo a população canina com idade maior que 30 dias, domiciliada na zona urbana do município de Piraquê-TO. A pesquisa foi realizada com a parceria da Secretaria de Saúde do Município.

Inicialmente, com o auxílio de 8 agentes de Saúde disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde, foi realizado um censo da população de cães da cidade, onde foram visitados todos os domicílios e anotado o número de cães residentes. 3.3 Coleta das Amostras de Soro

Visitas as residências foram realizadas com o acompanhamento de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, que apresentaram a equipe de coleta de material ao proprietário e a este foi explicado os objetivos da pesquisa e solicitada a participação no estudo. A coleta do material foi realizada por acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Tocantins, que foram submetidos a treinamento prévio, sendo estes supervisionados por três Médicos Veterinários. O deslocamento da equipe de pesquisa foi realizado através de microônibus fornecido pela Universidade Federal do Tocantins.

Após o consentimento do proprietário, de cada animal foi coletada uma amostra de sangue de pelo menos 3mL, por punção da veia cefálica, utilizando seringa e agulhas descartáveis. Cada amostra foi depositada em tubo de ensaio, devidamente esterilizado e identificado e foi acondicionada em estantes para tubos, que foram mantidas em caixas térmicas, sob refrigeração, até serem transportada ao Laboratório do posto de saúde do Município de Piraquê. No laboratório, as amostras foram deixadas para retração do coágulo por no mínimo uma hora e após, foram centrifugadas por 5 minutos para obtenção da amostra de soro. As alíquotas de soro foram armazenadas em microtubos e mantidas em freezer a –20ºC até o envio para análise. 3.4 Exame das Amostras de Soro

As amostras de soro foram encaminhadas, pela Secretaria Municipal de Saúde do Município de Piraquê, ao Laborátorio de Saúde Pública de Araguaína, localizado a Avenida José de Brito, no 1015, Setor Anhaguera na cidade de Araguaína-TO. O laboratório é um representante macrorregional do Laboratório Central de Referência do Ministério da Saúde no Estado (LACEN/TO) para diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina.

Os exames foram realizados no setor de Imunologia II, onde existe uma equipe treinada para a realização do teste ELISA (EIE – Leishmaniose Visceral Canina – Bio-Manguinhos) e da Imunofluorescência Indireta (IFI – Leishmaniose Canina – Bio-Manguinhos) para diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina, sendo os testes realizados conforme técnica padronizada pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ.

Seguindo as normas do Ministério da Saúde o teste ELISA foi realizado para triagem por ser mais sensível, e as amostras que apresentaram-se positivas foram submetidas a IFI para confirmação do diagnóstico, sendo consideradas positivas as amostras que apresentassem fluorescência em diluição ≥ 1:40.

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3.5 Exame Parasitológico

Os animais que apresentaram positividade no exame sorológico e que foram encontrados nos domicílios, foram recolhidos pela Secretaria Municipal de Saúde e encaminhados ao Centro de Controle de Zoonoses de Araguaína-TO., onde foram eutanasiados. De cada animal foi retirada uma amostra de baço e encaminhada sob refrigeração ao Laboratório de Parasitologia da EMVZ/UFT. No laboratório as amostras foram preparadas através de aposição em lâmina de microscopia (“imprints”), coradas por panóptico rápido (InstantProv-NewProv) e observadas ao microscópio óptico em objetiva de 100x.

3.6 Coleta e Identificação de Ectoparasitos

A pesquisa de ectoparasitos foi realizada durante as visitas domiciliares, onde foram adotados os seguintes procedimentos: as amostras de carrapatos foram coletadas manualmente; para coleta de pulgas e piolhos utilizou-se um “pente fino” deslizando-o entre os pêlos do animal, na região do pescoço, dorso, lateral direita e esquerda, base da calda e região ventral. Os espécimens encontrados foram depositados em recipientes devidamente identificados e lacrados. Para determinação do parasitismo por Otodectes cynotis, uma amostra de secreção auricular foi retirada de cada ouvido, separadamente, e depositada em frasco devidamente identificado e lacrado. Todas as amostras de ectoparasitos coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia Veterinária da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT, onde foram fixadas em álcool 70oGL e analisadas em microscópio estereoscópico. Rhipicephalus sanguineus e Ctenocephalides felis foram classificados segundo Guimarães et al. (2001) e Linardi e Guimarães (2000). Exemplares de ácaros observados no material do conduto auditivo foram montados entre lâmina e lamínula em meio Hoyer’s e identificados segundo Flechtmann, (1977).

O parasitismo por Tunga spp. foi determinado através de inspeção visual dos animais, principalmente nas patas e região ventral. 3.7 Análise Epidemiológica

Para descrever as características gerais da população canina e do ambiente de moradia, bem como pesquisar fatores associados a soropositividade para LVC, em cada domicílio foi realizada, com o proprietário do animal, uma entrevista, para a qual foi utilizada uma ficha de entrevista (Anexo A), onde foram incluídas variáveis relacionadas as características individuais dos animais, hábitos, características do local do domicílio quanto ao atendimento por serviços de saneamento básico, características e cuidados com o peridomícílio e sinais clínicos do animal.

3.8 Categorização das variáveis

Na análise dos fatores associados a LVC os dados da variável dependente (sorologia para LVC) foram tratados como abordagem de caso completo, onde foram excluídos do estudo os animais que apresentaram resultado sorológico indeterminado (HAIR et al., 2005).

As variáveis independentes foram aquelas contidas no formulário de entrevista (Anexo A), bem como os resultados obtidos na pesquisa de ectoparasitos, sendo assim categorizadas para melhor tratamento estatístico dos dados:

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Os fatores relacionados as características individuais e manejo do animal foram: Idade (≤1ano, 2 a 7 anos e > 7 anos), tamanho do pelo (curto e longo=maior que 3cm), sexo (macho, fêmea), cor da pelagem (clara, escura e mista), raça (com raça definida –CRD e sem raça definida-SRD), utilização de acaricida nos últimos 6 meses (sim e não), grau de confinamento (limitado ao domicílio, livre acesso a rua), local de permanência no horário das 18h às 22h horas (limitado ao domicílio, livre acesso a rua), freqüentar fazendas (sim, não) e comer carne de caça (sim, não).

Em relação ao local de moradia foram observadas as variáveis bairro de procedência (Alto bonito, Centro e São José), pavimentação da rua (sim, não), abastecimento de água (sim, não), coleta pública do lixo (sim, não), vizinhança com terreno baldio (sim, não), proximidade a brejo (menor que 100m e maior que 100m), proximidade a bosques (menor que 100m e maior que 100m) e se houve derrubada de árvores nos últimos 3 meses (sim, não). Os fatores relacionados ao peridomícílio foram: presença de vegetação (sim, não), quantidade de árvores (até 3, de 3 a 9, 10 ou mais), tipos de árvores frutíferas presentes (categorizada como sim e não todos os tipos presentes no domicílio), tipos de edificações presentes (banheiro, edificações com cobertura de palha, edificações com cobertura de telha, galinheiro e cisterna, todas categorizadas como sim e não).

Os sinais clínicos observados foram assim categorizados: lesões de pele (sim, não), crescimento exagerado das unhas (sim, não), emagrecimento (sim, não), opacidade de córnea (sim, não), dificuldade de locomoção (sim, não), tristeza (sim, não), lacrimejamento (sim, não), mucosas pálidas (sim, não) e alopecia (sim, não). 3.9 Análise Estatística

Os dados obtidos foram transferidos para o programa Epiinfo 3.2.2 (Center For Disease Control and Prevention, 2003) para formação da base de dados e a análise estatística foi realizada utilizando os programas Epiinfo 3.2.2 e Statistical Package for the Social Sciences (SPSS for Windows 13.0, 2004).

As etapas incluídas no plano de análise são descritas a seguir: inicialmente foram determinadas as freqüências de todos os eventos na população estudada e realizadas recodificações de variáveis, quando necessário. Em seguida realizou-se análise bivariada através do cruzamento das variáveis independentes com a dependente (sorologia para leishmaniose visceral), determinando-se a “odds ratio”, com intervalo de confiança de 95%. A significância estatística das associações foi calculada através do teste Chi-quadrado (χ 2), com correção de Yates.

Análise multivariada foi realizada através de regressão logística utilizando o método “Stepwise forward” incluindo-se na análise todas as variáveis que apresentaram na análise bivariada P≤0,20. Deste modo as variáveis foram inseridas uma a uma e permaneceram no modelo aquelas que apresentaram significância estatística a nível de 95% (P<0,05) pelo teste de Wald ou que melhor ajustaram o modelo. Para avaliação dos modelos de regressão logística utilizou-se a prova de máxima verossimilhança, o teste de Hosmer & Lemeshow, e a proporção de acertos entre os casos positivos e no modelo total.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 População Estudada

No período estudado foram visitados 104 domicílios da zona urbana do município. Dos 151 animais computados durante o censo, coletaram-se amostras de 140, tendo em vista que 6 animais possuíam menos de 30 dias de vida e não foram incluídos no estudo e 5 animais não foram encontrados para coleta.

4.2 Características da população estudada

Na população estudada, 48 animais (34,3%) foram fêmeas e 92 (65,7%) machos (Figura 2), com idade variando de 2 meses a 14 anos. Na Figura 3 se observa-se a maioria da população (59,7%) distribuída na faixa etária de 2 a 7 anos, considerados animais adultos.

34.3%

65.7%

Fêmea Macho

Figura 2. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo sexo, Município de Piraquê-TO., 2006

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21

30.9%

59.7%

9.4%

≤ 1 2 a 7 > 7 anos

Figura 3. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo a faixa etária, Município de Piraquê-TO, 2006

A população canina do Município foi formada principalmente por cães sem raça definida (SRD) (92,9%), com apenas alguns representantes de mais cinco raças, onde as freqüência observadas estão na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição dos cães domiciliados na zona urbana, segundo raça, Município de Piraquê-TO., 2006.

Raças Frequência % Daschound 2 1,4 Fila 2 1,4 Pincher 4 2,9 Pit Bull 1 0,7 Poodle 1 0,7 SRD 130 92,9 Total 140 100,0

Segundo informações dos proprietários, a maioria dos cães foi doada ou presenteada por outras pessoas (56,4%), no entanto não se pesquisou a procedência do animal, mas 15,7% dos cães nasceram na própria residência (Figura 4) e 90% dos animais nunca tiveram acesso a serviço médico veterinário (Figura 5)

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1,40%6,40%15,70%

11,40%

4,30%

4,30%

56,40%

Não respondeu Ganhou de alguem Adoção do CCZVeio de fazenda Pegou na rua Cria própriaOutros

Figura 4. Distribuição dos cães dos cães domiciliados da zona urbana, segundo a forma de aquisição do animal. Município de Piraquê-TO, 2006

8%

90%

2%

Sim Não Não respondeu

Figura 5. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo assistência médica veterinária, Município de Piraquê-TO., 2006

4.3 Características do Local de Moradia dos cães

Devido a área urbana do Município ser pequena, foram identificadas apenas três regiões dentro da cidade, com a maioria dos animais distribuídos na região considerada como centro (82,1%), que abrange a maior parte da área estudada. A área identificada como São José é considerada como área urbana, no entanto caracteriza-se como uma chácara localizada em uma das saídas da cidade, onde foram encontrados apenas 3 animais (Tabela 2).

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A rede pública de abastecimento de água abrange 94,7% do município, segundo dados do IBGE (BRASIL, 2006d) e 90% dos domicílios pesquisados são servidos pela rede pública de abastecimento (Figura 6). 79,3% dos domicílios possuem ruas pavimentadas (Figura 7) e 87,1% são atendidos pelo sistema de coleta de lixo público (Figura 8). Tabela 2. Distribuição da população canina segundo Bairro de domicílio, Município de Piraquê-TO., 2006.

Bairro Freqüência Porcentagem

Alto Bonito 22 15.7%

Centro 115 82.1%

São José 3 2.1%

Total 140 100.0%

10.0%

90.0%

Não Sim

Figura 6. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo abastecimento público de água no domicílio, Município de Piraquê-TO., 2006.

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84.3%

15.70%

Não Sim

Figura 7. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo pavimentação asfáltica da rua onde localiza-se o domicílio, Município de Piraquê-TO., 2006

5.7%

94.3%

Não Sim

Figura 8. Distribuição dos cães domiciliados da zona urbana, segundo atendimento do domicílio pelo sistema público de coleta de lixo, Município de Piraquê-TO., 2006.

A cidade de Piraquê é circundada por áreas de pastagem e brejos, locais onde se observa o crescimento de palmeiras de Buriti (Mauritia flexuoxa) em meio a locais alagadiços ou nas margens de córregos (Figuras 9 e 10). Os domicílios dos animais foram classificados como próximos a brejos ou córregos, quando era possível a visualização deste aproximadamente até 100m do domicílio. A distribuição dos domicílios quanto a proximidade de brejos, campo e terrenos baldios está apresentada na Tabela 3, onde se verifica 29,5% dos domicílios pesquisados próximos a estas áreas.

As observações quanto aos tipos de edificações presentes no peridomícílio encontram-se na Tabela 4, onde verifica-se com maior freqüência edificação tipo galpão com cobertura de palha. Quanto a vegetação presente no peridomícílio, verificou-se que 90 % dos domicílios

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possuíam algum tipo de vegetação arbustiva no peridomicílio, com maior freqüência de coqueiros, mangueiras, cajueiro, bananeira e goiabeira (Tabela 5).

Figura 9. Vista aérea da cidade de Piraquê-TO, demonstrando áreas de brejos, com presença de Mauritia flexuoxa.

Figura 10. Mauritia flexuoxa compondo vegetação próxima a residência do Município de Piraquê-TO., 2006.

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Tabela 3. Distribuição dos cães domiciliados, segundo características do local de moradia, Município de Piraquê-TO, 2006.

Características Freqüência %

Vizinho a terreno baldio 60 52,1

Possui bosque ou campo a menos de 100 metros

66 57,3%

Possui brejo a menos que 100m

33 29.5%

Tabela 4. Distribuição da população canina da zona urbana, segundo tipo de edificações presentes no peridomícílio, Município de Piraquê-TO, 2006.

Tipo de edificação Freqüência %

Banheiro 54 38,6

Canil coberto de palha 4 2,9

Canil coberto de telha 11 7,9

Galinheiro 46 35,4

Galpão coberto de palha 60 42,9

Galpão coberto de telha 16 11,4

Outro tipo de edificação 3 2,1

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Tabela 5. Distribuição dos tipos de arbustos presentes no peridomícílio dos locais de moradia dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO., 2006.

Árvore Frequência %

Coqueiro 98 70,0%

Mangueira 83 59,3%

Cajueiro 73 52,1%

Bananeira 67 47,9%

Fruta do Conde 62 44,3%

Goiabeira 62 44,3%

Aceroleira 56 40,0%

Laranjeira 54 38,6%

Abacateiro 52 37,1%

Limoeiro 39 27,9%

Jambeiro 25 17,9%

Cana-de-açucar 17 12,1%

Limeira 17 12,1%

Mamoeiro 10 7,1%

Carambola 7 5,0%

Jaboticabeira 7 5,0%

Cacueiro 5 3,6%

Maracujazeiro 5 3,6%

Pitangueira 5 3,6%

Graviola 4 2,9%

Romanzeira 4 2,9%

Ingazeiro 3 2,1%

Jaqueira 3 2,1%

Mangubeira 3 2,1%

Cajá-Manga 2 1,4%

Tangerineira 2 1,4%

Serigueleira 1 0,7%

Parreira 1 0,7%

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4.4 Soroprevalência e Distribuição da Leishmaniose Visceral Canina em Piraquê-TO.

Das 140 amostras de soro analisadas, 41 (29,3%) foram soropositivas para LVC, 75 (53,6%) foram negativas e em 24 (17,1%) a soropositividade não foi confirmada pela IFI (Tabela 6), sendo que destes animais, 15 (62,5%) faleceram, 3 (12,5%) migraram para outras cidades e 6 (25%) não foram encontrados para recoleta, permanecendo o resultado como indeterminado. Conforme recomendações da Fundação Nacional de Saúde a soropositividade para LVC foi considerada utilizando-se como referência a diluição ≥ 1:40. Considerando somente os casos com resultados conclusivos a soroprevalência encontrada foi de 35,3% (26,7%-44,8%).

Tabela 6. Distribuição dos cães da zona urbana segundo resultados do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

Resultado Freqüência Porcentagem Intervalo de confiança (95%)

Indeterminado 24 17.1% 11.9% - 25.2%

Negativo 75 53.6% 45.0% - 62.0%

Positivo 41 29.3% 21.3% - 36.8%

Total 140 100.0%

A soroprevalência observada na população canina da zona urbana do Município de Piraquê-TO, é semelhante às encontradas em algumas áreas consideradas de transmissão intensa de leishmaniose visceral humana no Tocantins e maior que a maior média de soroprevalência registrada no Estado, observada no ano de 2003 (23,68%), quando a taxa de incidência da LV humana atingiu 19,1/100.000 habitantes, estando próxima a soroprevalência observada por Senra et al. (1982) no Estado do Pará (32,3%) e maior do que a observada em outros Estados da Amazônia Legal (GUERRA et al., 2004).

No Brasil a soroprevalência da LVC é variável entre as diferentes regiões, com as maiores taxas observadas em Estados da região Nordeste e Sudeste, onde também é notificada a maioria dos casos humanos. Quando comparada com a soroprevalência canina de cidades de outras regiões brasileiras, a aqui observada foi maior do que a encontrada por Alves et al. (1988) no Ceará (3,9%), Camargo-Neves et al., (2001) em São Paulo (12,1%), Azevedo et al., (2004) em Mato Grosso (7,7%), Cabrera et al., (2003) no Rio de Janeiro (25%), Guimarães et al. (2005) no Maranhão (21 a 25%) e Monteiro et al. (2005) em Montes Claros-MG (5%), estando aquém somente das taxas mais altas registradas no país (38 a 67%) em alguns Municípios dos Estados do Ceará, Bahia, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco (EVANS et al., 1992; PARANHOS-SILVA et al., 1996; MELO et al., 2002; AMORA et al., 2006; DANTAS-TORRES et al., 2006). Além dos aspectos inerentes a epidemiologia da enfermidade nas diversas regiões, as diferentes taxas, em alguns casos podem ser atribuídas a diferentes metodologias utilizadas, tais como tipo de amostragem, tamanho da amostra, teste utilizado e ponto de corte.

Nos últimos anos tem-se observado mudanças no comportamento epidemiológico da LV, descrita, no Brasil, como doença própria de clima seco, com precipitação pluviométrica anual inferior a 800mm e de ambientes fisiográficos formado por vales e montanhas (BRASIL, 1996) que passa a apresentar expansão para áreas litorâneas, com altos índices pluviométricos e em direção a região Amazônica, sobre áreas com características fisiográficas diferentes daquelas inicialmente consideradas mais favoráveis (TAVARES; TAVARES,

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1999; GONTIJO; MELO, 2004), fato constatado no Estado do Tocantins, onde nos últimos cinco anos verificou-se aumento considerável no número de casos notificados e confirmado neste estudo, pois o Município pesquisado situa-se no Extremo Norte Tocantinense, em uma área de transição entre floresta e savana e com precipitação média anual de 1700mm. Este fato pode em parte ser explicado, tanto no Estado como no Município de Piraquê, pelo grande número de pessoas que migraram para esta região após a criação do Estado do Tocantins em 1988, povoando áreas ainda inabitadas, onde existem condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do vetor e grande parte do contingente humano migrante foi proveniente da região Nordeste. Além disso, o deslocamento da população rural para áreas urbanizadas, também pode ter favorecido a expansão da doença para estas áreas (COSTA et al., 1990; DESJEUX, 2004).

Apesar deste estudo não incluir a pesquisa entomológica, Lu. longipalpis já foi encontrado no Tocantins e em Municípios vizinhos a Piraquê (ANDRADE-FILHO et al., 2001; CCZ- ARAGUAINA, 2006). Uma possível explicação para a elevada soroprevalência canina observada no Município de Piraquê-TO, sem casos humanos notificados, seria o fato dos vetores geralmente serem encontrados em menor freqüência no domicílio humano e em maior freqüência no peridomicílio (RANGEL; LAISON, 2003), estando os cães mais expostos à infecção. Capturas de Lu. longipalpis realizadas na região Amazônica em área de floresta, savana e peridomicílio revelaram que a maior quantidade de vetores é encontrada em área de floresta e peridomicílio e as savanas não se constituem em criadouros naturais atrativos para Lu. longipalpis (QUINNELL; DYE, 1994), sendo que o Município de Piraquê está localizado em uma região onde predomina a savana e como a principal atividade econômica da região é a bovinocultura, está cercado por áreas de pastagem, o que pode ter induzido o estabelecimento de criadouros dos vetores nos peridomicílios, onde existem condições ambientais favoráveis e alimento disponível.

Os valores da soroprevalência entre machos e fêmeas foram 30,4% e 27,1%, respectivamente (Tabela 7).

Em relação a idade, 46,3% dos animais soropositivos foram adultos (2 a 7 anos), 41,5% tinham menos que um 1 de idade e 9,8% mais que 7 anos e em um animal que apresentou soropositividade a idade não foi informada (0,7%). Dentro de cada faixa etária, a maior frequência de soropositivos foi observada nos animais de até um ano de idade (39,5%), seguido pelos animais idosos (30,8%) (Tabela 8). Segundo Alvar et al. (2004) a prevalência de LVC em relação a idade apresenta uma distribuição binomial, com a maioria dos casos ocorrendo em animais de até três anos e após os oito anos de idade, quando se inicia o declínio imunológico, o que pode ser confirmando em nosso estudo quando se observa a Tabela 9, onde verifica-se a maior frequência de soropositivos nas faixas etárias de até 3 anos de idade. Tabela 7. Distribuição dos cães da zona urbana, segundo sexo e resultados do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

Sexo IFI para LVC Total Indeterminado Não Sim Macho 13 (14,1%) 51(55,4%) 28 (30,4%) 92 (100%) Fêmea 11 (22,9%) 24 (50,0%) 13 (27,1%) 48 (100%)

Total 24 (17,1%) 75 (53,6%) 41 (29,3%) 140 (100%)

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Tabela 8. Distribuição dos cães da zona urbana, segundo idade e resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Idade (anos) Indeterminado Não Sim

TOTAL

≤1 ano 6 (14,0%) 20 (46,5%) 17 (39,5%) 43 (100%) 2 a 7 anos 17 (20,5%) 47 (56,6%) 19 (22,9%) 83 (100%) > 7 anos 1 (7,7%) 8 (61,5%) 4 (30,8%) 13 (100%)

Tabela 9. Distribuição dos cães da zona urbana, soropositivos para LVC pelo teste de Imunofluorescência Indireta, segundo idade em anos, Município de Piraquê-TO, 2006.

Idade (anos)

Número de animais

examinados Número de positivos

(%) Intervalo de Confiança (95%)

0-1 43 16 39,0 21,2 - 55,5 1-2 27 7 17,1 7,2 – 32,1 2-3 29 7 17,1 7,2 – 32,1 3-4 12 1 2,4 0,1 – 12,9 4-5 9 4 9,8 0,1 – 12,9 5-6 6 1 2,4 0,1 - 12,9 6-7 1 0 0 0 - 8,6 >7 12 4 9,8 2,7 – 23,1

Perdida 1 1 2,4 0,1 - 12,9 Total 140 41 100

A tabela 10 apresenta a distribuição dos cães segundo os resultados dos exames

sorológicos dentro de cada bairro, onde observa-se a maioria dos animais soropositivos domiciliada no centro da cidade. Tabela 10. Distribuição dos cães segundo bairro e resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Variáveis Indeterminado Não Sim

Total

Centro 21 (18,3%) 61 (53,0%) 33 (28,7%) 115 (100%)

Alto Bonito 3 (13,6%) 12 (54,4%) 7 (31,8%) 22 (100%)

São José 0 (0%) 2 (66,7%) 1 (33,3%) 3 (100%)

Total 24 (17,1%) 75 (53,6%) 41 (29,3%) 140 (100%)

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A distribuição espacial dos animais soropositivos no Município está demonstrada na Figura 11, onde observa-se que animais soropositivos foram diagnosticados em 50% das quadras da zona urbana do Município, estando portanto amplamente distribuída, o que pode favorecer a transmissão e demonstra que as medidas de controle devem ser adotadas em toda a zona urbana.

Figura 11. Distribuição dos cães soropositivos para Leishmaniose Visceral na cidade de Piraquê-TO, 2006.

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A observação dos sinais clínicos apresentados pelos animais no momento da coleta de sangue revelou 59,3% dos animais com pelo menos um sinal compatível com os observados na leishmaniose visceral (Figura 12), sendo mais freqüente a lesão de pele (33,6%), palidez de mucosa (16,4%) e onicogrifose (14,3%) (Tabela 11). Entre os animais soropositivos, considerando-se os sinais estudados, 41,5% foram assintomáticos e 58,5% apresentaram pelo menos um sinal. Neste caso a proporção de cães infectados sintomáticos foi maior do que as observadas por Marzochi et al. (1985) e Guimarães et al. (2005), no entanto, considerando-se como sintomático os animais que apresentaram pelo menos dois sinais da doença, como no estudo realizado por Dantas-Torres et al. (2006), 70,7% dos cães soropositivos seriam considerados assintomáticos, o que é mais freqüente de ser observado nos estudos envolvendo sinais clínicos e enfatiza a necessidade de realização da sorologia canina para identificação dos animais infectados.

A soropositividade foi mais frequente entre os animais que apresentaram três ou mais sinais (Tabela 12) e a distribuição dos sinais clínicos entre os soropositivos está apresentada na tabela 13, onde verifica-se maior frequência de lesão de pele (Figura 13), mucosas pálidas e onicogrifose (Figura 14), semelhante ao observado no estudo de Azevedo (2004). As lesões de pele podem ser observadas tanto na leishmaniose cutânea (LC) quanto na visceral e reações cruzadas na sorologia podem ocorrer entre as duas doenças (CORREDOR-ARJONA, 1999), no entanto os parasitos causadores da LVC já foram isolados em lesões cutâneas de animais que não apresentavam qualquer outro sinal de LV e infecções mistas já foram relatadas entre L. chagasi e L. braziliensis (MARZOCHI et al., 1985; MARTINEZ et al., 2002; MADEIRA et al., 2006a).

Segundo Alvar et al. (2004) nenhum estudo foi conduzido para determinar o quanto das reações falso positivas são resultantes de reações cruzadas com outros microorganismos, pois embora algumas publicações descrevam reações cruzadas com Babesia canis

(MANCIANTI et al., 1996), Trypanosoma congolenses, Trypanosoma evansi e Trypanosoma

cruzi (VERCAMMEN et al., 1997) em outras nenhuma reação cruzada foi observada (MAYWALD et al., 1996). Os índices de infecção canina medidos pela sorologia podem não corresponder totalmente a realidade, haja vista a sobreposição destas doenças em uma mesma área, no entanto, a utilização desta técnica é justificada por apresentar características de sensibilidade e especificidade aceitáveis e considerando-se que quando utilizada em inquéritos sorológicos nos programas de controle da leishmaniose, contribuirá para a diminuição das fontes de infecção destas endemias (COSTA et al. 1991).

40.7%

59.3%

NÃO SIM

Figura 12. População de cães da zona urbana do Município de Piraquê-TO, segundo presença de sinais clínicos da LVC, 2006.

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Tabela 11. Sinais clínicos apresentados por cães, Município de Piraquê, 2006.

Sinal n %

Lesão na pele 47 33,6%

Onicogrifose 20 14,3%

Mucosas pálidas 23 16,4%

Tristeza 9 6,4%

Emagrecimento 8 5,7%

Opacidade de córnea 6 4,3%

Dificuldade de locomoção 6 4,3%

Lacrimejamento 5 3,6%

Alopecia 4 2,9%

Tabela 12. Número de sinais clínicos apresentados por cães da zona urbana, segundo resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC N0. de sinais Indeterminado Não Sim Total

Nenhum 11 (19,3%) 29 (50,9%) 17 (29,8%) 57 (100%)

Um sinal 9 (18,8%) 27 (56,2%) 12 (25,0%) 48 (100%)

Dois sinais 4 (16,0%) 13 (52,0%) 8 (32,0%) 25 (100%) Três ou mais sinais

0 6 (60,0%) 4 (40,0%) 10 (100%)

Tabela 13. Frequência dos sinais clínicos apresentados por cães da zona urbana, soropositivos no teste de Imunofluorescência Indireta para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

Sinal N (%) Lesão na pele 17 (41,5%) Mucosas pálidas 9 (22,0%) Onicogrifose 6 (14,6%) Opacidade de córnea 3 (7,3%) Tristeza 2 (4,9%) Alopecia 2 (4,9%) Dificuldade de locomoção 1 (2,4%) Emagrecimento 1 (2,4%) Lacrimejamento 1 ( 2,4%)

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Figura 13. Lesão de pele localizada na orelha de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

Figura 14. Onicogrifose em cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006.

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No exame parasitológico de dezessete animais eutanasiados, em treze (76,4%) foram observadas formas amastigotas intra ou extracelulares (Figuras 15 e 16), porem não foram realizados estudos fenotípicos ou genotípicos para identificação da espécie observada. Sete animais positivos no exame parasitológico apresentavam algum sinal da doença, fato também observado por Madeira et al. (2004) em cães da cidade do Rio de Janeiro. A confirmação da presença de L. chagasi nas vísceras também foi possível na maioria dos animais soropositivos pesquisados por Cortada et al. (2004).

Não foram encontrados dados sobre o calazar canino no Estado do Tocantins anteriores ao ano de 2000. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, no período de 2000 a 2005, foram diagnosticados pelo Laboratório de Referência do Estado do Tocantins (LACEN/TO) 11.790 casos de LVC, onde a freqüência de positividade em 2000 foi de 3,3% e a partir daí apresentou tendência crescente, atingindo o máximo em 2003 (23,68%), ano em que também se registrou o maior número de casos em humanos. Em 2004 esta freqüência diminuiu para 14% e em 2005 atingiu 16,5%. Não obstante o declínio da soroprevalência observado em 2004, verifica-se que a doença continua em expansão e com soroprevalência elevada, independente da presença de casos humanos, como observado neste estudo.

4.5 Análise Bivariada

Para analise de possíveis fatores associados a LVC, considerou-se somente aqueles animais que apresentaram resultado conclusivo no exame sorológico, sendo retirados da análise aqueles que apresentaram resultado indeterminado, sendo portanto, considerados neste estudo 116 animais, no entanto, em algumas análises o número pode ser inferior devido a dados perdidos.

No estudo das associações entre as características individuais e a soropositividade para LVC, através da análise bivariada, nenhuma das variáveis foi selecionada para compor o modelo multivariado por não atingirem o valor de P estipulado,conforme demonstrado na

Figura 15. Forma amastigota intracelular observada em imprint de baço de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006. (1000x).

Figura 16. Formas amastigotas observadas em imprint de baço de cão soropositivo para LVC, Município de Piraquê-TO, 2006. (1000x).

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Tabela 14. Não houve associação significativa devida a sexo e idade, o que é foi geralmente observado em outros estudos (MORENO; ALVAR, 2002; CABRERA et al., 2003; CARDOSO et al., 2004). Como foram encontrados apenas 13 animais com faixa etária > 7 anos, o que poderia justificar a falta de significância neste estrato (SAMPAIO, 2007), optou-se por realizar a análise estática considerando-se apenas duas categorias de faixa etária: ≤1 ano e >1 ano, onde também não foi encontrada diferença significativa (χ2= 2,315 e P= 0,128). A idade geralmente não é considerada um fator de risco para a LVC (AMELA et al., 1995; ACEDO-SANCHEZ et al., 1996; MORILLAS et al., 1996), mas em alguns estudos observou-se que o risco de infecção pareceu aumentar e tornar-se estável após o primeiro ano de vida (MOREIRA et al.,2003), enquanto em outros a freqüência foi significativamente maior entre os animais com até um ano de idade (VIGILATO, 2004; DANTAS-TORRES et al., 2006) e alguns consideram a doença rara em animais até nove meses de idade (KOUTINAS et al., 1999).

Em relação a raça, verifica-se que a maioria dos animais soropositivos (95%) não possuía raça definida (SRD), com baixa freqüência de animais com raça definida (CRD) na população, o que pode ser uma das explicações para a falta de associação entre a LVC e a raça (P= 0,739). Não obstante, este resultado é considerado esperado visto que todas as raças são susceptíveis á infecção (POZIO et al., 1981; MORENO; ALVAR, 2002; ALVAR, 2004), embora o Ibizan hound e Mongrels de regiões endêmicas apresentem um certo nível de resistência (SOLANO-GALLEGO et al., 2000) e maior prevalência tenha sido observada em cães da raça Boxer, Cocker e Doberman (FRANÇA-SILVA et al., 2003).

O tamanho do pêlo não apresentou associação com a LVC neste estudo, fato também observado por Moreno et al. (2005), divergindo das observações realizadas por Sideres et al., (1996), França-Silva et al. (2003) e Moreira et al. (2003), que encontraram maior risco de LVC em animais de pêlo curto, embora no estudo de França-Silva et al. (2003) animais da raça Cocker spaniel, que possuem pêlo longo, tenham apresentado alta taxa de infecção (26,9%). Da mesma maneira a cor da pelagem não apresentou associação, revelando que pode não existir preferências do vetor em relação a cor do animal.

Na tabela 15 estão apresentados os resultados obtidos na análise das variáveis relacionadas ao local de moradia do cão e a LVC, onde observa-se que nenhuma variável foi selecionada para análise multivariada. A proximidade a áreas de floresta, bosques e campos tem sido associada a LV em alguns estudos (EVANS et al., 2002; THOMPSON et al., 2002; CABRERA et al., 2003; YADON et al., 2003; SILVA et al., 2005a), no entanto no Município de Piraquê a proximidade do domicílio a estas áreas não apresentou associação com a LVC, o que pode ser explicado pelo fato da cidade ser pequena, rodeada de áreas de campo, bosque e brejos e a maioria dos animais positivos tem livre acesso a estas áreas no período de maior atividade do vetor, portanto sendo de pouca importância a distância entre o domicílio e estas áreas para contaminação do animal.

A presença de matéria orgânica depositada no peridomicílio pelo corte de arbustos pode favorecer o desenvolvimento do vetor propiciando habitat e alimentação para as fases imaturas (LAINSON; RANGEL, 2003), mas nenhuma associação foi observada neste estudo em relação ao proprietário relatar ter árvores cortadas no peridomicílio nos últimos três meses, embora não se possa descartar a possibilidade de associação devido ao pequeno número de domicílios que apresentaram esta característica.

Observa-se na Tabela 16 que o grau de confinamento dos animais não esteve associado com a soropositividade para LVC, semelhante ao observado por Moreira et al. (2003), no entanto, o fato do animal ter livre acesso a rua no período das 18:00 as 22:00, demonstrou associação positiva com a LVC (P=0,033). Esses resultados podem ser justificados pela possibilidade de maior contato dos animais com os ecótopos dos vetores nos horários de maior atividade alimentar da fêmeas, facilitando a infecção do cão, como

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observado também por Amora et al. (2006), que constataram maior soropositividade entre os animais criados no peridomicílio, independente da procedência (rural ou urbana), sendo importante ressaltar que durante a noite alguns animais são recolhidos ao domicílio ou peridomicílio e portanto podem não estar tão expostos a infecção quanto os que permanecem com livre acesso a rua. Estudos epidemiológicos em populações humanas também já constataram que indivíduos que permaneceram fora do domicílio neste horário tiveram maiores chances de infecção (CALDAS et al., 2002).

O fato dos animais freqüentarem a zona rural ou ingerirem carne de caça não esteve associado a LVC. Tabela 14. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados às características dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Sexo

Macho 51 65,4 28 34,6 1 Fêmea 24 64,9 13 35,1 0,977 0,435-2,234 0,860

Idade ≤1 ano 20 54,1 17 49,5 2 a 7 anos 47 71,2 19 28,8 >7 anos 8 66,7 4 33,3 - - 0,213

Raça CRD 4 66,7 2 33,3 1 SRD 71 65,1 39 35,5 1,098 0,192-6,270 0,739

Comprimento do Pelo

Longo 14 60,9 9 39,1 1 Curto 61 66,3 31 33,7 0,791 0,308-2,029 0,807

Cor da Pelagem Clara 17 60,7 11 39,3 Escura 27 75,0 9 25,0 Mista 31 60,8 20 39,2 - - 0,331

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 15 - Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados ao local de moradia dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Bairro Centro 61 64,9 33 35,1 Alto Bonito 12 63,2 7 36,8 São José 2 66,7 1 33,3 - - 0,986 Rua pavimentada Não 11 68,8 5 31,2 1 Sim 64 64,0 35 36,0 1,237 0,398-3,843 0,930 Água encanada Não 8 72,7 3 27,3 1 Sim 67 64,4 37 35,6 1,472 0,368-5,890 0,828 Possui coleta de Lixo Não 6 75,0 2 25,0 1 Sim 68 64,2 38 35,8 1,676 0,322-8,719 0,813 Vizinho a terreno baldio Não 37 67,3 18 32,7 1 Sim 38 63,3 22 36,4 1,190 0,551-2,570 0,805 Bosque a menos que 100m

Não 32 65,3 17 34,7 1 Sim 43 65,1 23 34,8 1,007 0,463-2,188 0,986 Próximo a Brejo Não 52 64,2 29 35,8 1 Sim 23 67,6 11 32,4 0,858 0,367-2,007 0,889 Teve arvores cortadas Não 66 64,7 36 35,3 1 Sim 9 69,2 4 30,8 0,815 0,234-2,832 0,989

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 16. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados aos hábitos dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Grau de confinamento Limitado ao domicílio 13 68,4 6 31,5 1 Livre acesso a rua 62 64,6 34 35,4 1,188 0,414-3,408 0,954 Das 18:00-22:00horas Limitado ao domicílio 67 69,8 29 30,2 1 Livre acesso a rua 8 49,1 11 57,9 3,177 1,158-8,718 0,033 Freqüenta Fazenda Não 46 62,2 28 37,8 1 Sim 29 70,7 12 29,3 0,680 0,299-1,544 0,472 Come carne de caça Não 51 63,8 29 36,2 1 Sim 24 68,6 11 31,4 0,806 0,346-1,880 0,774

* Intervalo de confiança (95%) Os resultados das associações entre as variáveis relacionadas a vegetação e a LVC

estão expostos nas Tabelas 17 e 18. Observa-se que o simples fato de possuir ou não vegetação no peridomícílio não esteve associado a LVC (P=0,716), observação também feita por Ranjan et al., (2005) para o Calazar Indiano quando aplicou análise multivariada, sendo importante ressaltar que entre os domicílios estudados apenas 6 (4,3%) não possuíam árvores. A quantidade de árvores presente no peridomícílio também não apresentou associação (P=0,260) embora considere-se que a abundância de árvores no peridomicílio favoreça a domiciliação do vetor (WHO, 2004).

Quanto ao tipo de vegetação presente no peridomicílio, associação negativa foi observada em relação a presença de laranjeiras e mangueiras, com valores de OR de 0,369 e 0,409, respectivamente e estas variáveis foram selecionadas para a análise multivariada. Os demais tipos de vegetação pesquisados não apresentaram associação com a LVC o que concorda com as observações feitas em outros estudos (AMPUERO et al., 2005; RANJAN et al. (2005).

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Tabela 17. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de vegetação no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Possui Vegetação Não 4 67,7 2 33,3 Sim 71 65,1 38 34,9 1,070 0,187-6,114 0,716 Quantidade de árvores

Até 3 árvores 21 58,3 15 41,7 De 4 a 9 árvores 38 64,4 21 35,6 Acima de 9 árvores 16 80,0 4 20,0 - - 0,260

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 18. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados ao tipo de vegetação presente no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC

Negativo Positivo Odds

Ratio IC* Valor P

Variáveis

n % n % Abacateiro Não 47 65,3 25 35,6 1 Sim 28 65,1 15 34,9 1,007 0,455-2,225 0,853 Aceroleira Não 43 63,2 25 36,7 1 Sim 32 68,1 15 31,9 0,806 0,367-1,770 0,735 Bananeira Não 35 59,3 24 40,7 1 Sim 40 71,4 16 28,7 0,583 0,267-1,270 0,243 Cajueiro Não 32 65,3 17 34,7 1 Sim 43 65,2 23 34,8 1,006 0,463-2,187 0,856 Cana-de-ácucar Não 68 67,3 33 32,7 1 Sim 7 50,0 7 50,0 2,060 0,667-6,360 0,328 Coqueiro Não 18 58,1 13 41,9 1 Sim 57 67,9 27 32,1 0,655 0,281-1,531 0,448 Cupuaçuzeiro Não 48 63,2 28 36,8 1 Sim 27 69,2 12 30,8 0,761 0,334-1,737 0,659 Fruta do Conde Não 43 65,2 23 34,8 1 Sim 32 65,3 17 34,7 0,993 0,457-2,158 0,856 Goiabeira Não 41 65,1 22 34,9 1 Sim 34 65,4 18 34,6 0,986 0,456-2,133 0,870 Laranjeira Não 42 57,5 31 42,5 1 Sim 33 78,6 9 21,4 0,369 0,154-0,882 0,037 Jambeiro Não 63 65,6 33 34,4 1 Sim 12 63,2 7 36,8 1,113 0,400-3,097 0,954 Jaboticabeira Não 70 64,2 39 35,8 1 Sim 5 83,3 1 16,7 0,359 0,040-3,183 0,267 Limeira Não 67 67,0 33 33,0 1 Sim 8 53,3 7 17,5 1,776 0,593-5,319 0,455 Limoeiro Não 54 64,3 30 35,7 1 Sim 21 67,7 10 32,3 0,857 0,357-2,057 0,900 Mangueira Não 25 53,2 22 46,8 1 Sim 50 73,5 18 26,5 0,409 0,186-0,898 0,040 Mamoeiro Não 69 64,5 38 35,5 1 Sim 6 75,0 2 25,0 0,605 0,116-3,147 0,827

* Intervalo de confiança (95%)

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Entre as edificações presentes no peridomicílio observadas neste estudo, nenhum tipo apresentou associação estatisticamente significativa com a LVC (Tabela 19), porém a presença de edificação com cobertura de palha, apresentou valor de P aceitável para inclusão na análise multivariada. Moreno et al., (2005) observaram que a presença de anexos no peridomicílio, como galinheiros e canis, determinaram risco em análise bivariada, mas não permaneceram como fator de risco quando controlados para confundimento em análise multivariada. No presente estudo os canis foram considerados incluídos em edificações segundo o tipo de cobertura (telha ou palha). Caldas et al. (2002) constataram que a presença de banheiro fora do domicílio determinou risco de 2,97 para a LV em humanos no Nordeste do Brasil, o que não foi observado em nosso estudo para a LV canina e Bern et al.(2005) encontraram associação positiva entre a LV humana e o fato das residências possuírem cobertura de palha.

Em relação à presença de outros animais no peridomícílio, nenhuma associação estatisticamente significativa foi observada e nenhuma das espécies animais pesquisadas presentes nos domicílios esteve associada a soropositividade para LVC( Tabela 20 ). Muito se discute atualmente sobre o papel de outros animais na epidemiologia da LV. A presença de algumas espécies animais como suínos, equinos e aves, no peridomicílio foi considerada fator de risco para a LV em alguns estudos (SOSA-ESTANI et al., 2001; MOREIRA JR. et al., 2003; AZEVEDO, 2004; MORENO et al., 2005), enquanto que em outros, animais domésticos como bovinos e galinhas apresentaram-se como fator protetor ou não apresentaram associação (CALDAS et al., 2002; BERN et al., 2005). Especial atenção é dada à presença de galinhas no peridomicílio, pois estas podem constituir-se na principal fonte de alimentação peridomiciliar para o vetor (DIAS et al., 2003) e sua presença foi considerada fator de risco em algumas análises, enquanto em outras foi considerada como fator protetor. No presente estudo o valor da OR observado para a presença de galinhas foi de 0,482, portanto associação negativa, no entanto este valor não apresentou significância estatística (P=0,125) na análise bivariada, mas foi selecionado para ser inserido no modelo de análise multivariada.

O fato de avistar animais silvestres, como gambás e tatus, no peridomicílio foi considerado fator de risco em estudos epidemiológicos da LV humana e canina (YADON et al., 2003; CABRERA et al., 2003), no entanto neste estudo o relato do proprietário ter avistado gambás no peridomicílio não apresentou associação significativa.

Na análise bivariada das variáveis referentes ao destino do lixo do quintal (Tabela 21) verifica-se que o hábito de jogar o lixo do quintal na rua apresentou-se com fator de risco significativo (OR=3,741 e P=0,04), enquanto a freqüência de limpeza do quintal não apresentou associação significativa.

Alguns pesquisadores têm sugerido que outras formas de transmissão fossem estudadas para a LVC, visto que em algumas regiões onde a doença ocorre nos animais, os vetores não são encontrados (SOUZA et al., 2003) ou a infectividade destes é muito baixa, além do contraste entre a elevada prevalência de infecção canina com baixas taxas de infecção humana em algumas áreas (DEANE, 1958, SHERLOCK, 1963; COSTA et al., 2001; DUPREY et al., 2006). Neste estudo nenhuma associação foi observada entre a presença de ectoparasitos e a soropositividade para LVC (Tabela 22), embora Coutinho et al. (2005) tenham observado que R. sanguineus é susceptível a infecção por L. chagasi e a inoculação de macerado destes carrapato em hamster, tenha produzido a infecção, indicando que a ingestão de R. sanguineus, comum entre os cães, possa constituir-se em importante forma de transmissão da LVC, o que também foi proposto por Sherlock (1963) quando observou em exemplares de R. sanguineus retirados de um cão infectado, leptômonas morfologicamente semelhantes as observadas em flebotomíneos infectados experimentalmente no mesmo cão.

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Tabela 19. Análise bivariada do resultado do teste de Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de edificações no peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Banheiro Não 39 60,0 26 40,0 1 Sim 36 72,0 14 28,0 0,567 0,259-1,292 0,253 Edificação coberta de Palha

Não 45 71,4 18 28,6 1 Sim 30 57,7 22 42,3 1,833 0,844-3,982 0,179 Edificação coberta de Telha

Não 58 63,7 33 36,3 1 Sim 17 70,8 7 29,2 0,724 0,272-1,925 0,683 Galinheiro Não 48 62,3 29 37,6 1 Sim 27 71,1 11 28,9 0,685 0,295-1,593 0,503 Cisterna Não 66 66,7 33 33,3 1 Sim 9 56,2 7 43,8 1,532 0,524-4,479 0,616

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 20. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados à presença de outros animais no domicílio e peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO., 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Presença de outros animais

Não 12 60,0 8 40,0 1 Sim 62 67,4 30 32,6 0,725 0,268-1,963 0,709 Animais presentes no domicílio

Cão Não 30 69,8 13 30,2 1 Sim 45 62,5 27 37,5 1,384 0,617-3,103 0,555 Gato Não 50 64,1 28 35,9 1 Sim 25 67,6 12 32,4 0,857 0,374-1,964 0,876 Galinha Não 42 59,1 29 40,9 1 Sim 33 75,0 11 25,0 0,482 0,210-1,107 0,125 Outros Não 61 67,0 30 33,0 1 Sim 14 58,3 10 41,7 1,452 0,578-3,651 0,579 Avistou Mucura (Gambá)

Não 69 65,7 36 34,3 1 Sim 6 60,0 4 40,0 1,278 0,359-4,821 0,988

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 21. Análise bivariada da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e fatores relacionados aos cuidados com o peridomícílio dos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Freqüência Limpeza do quintal

Diariamente 26 68,4 12 31,6 Semanalmente 35 64,8 19 35,2 Mensalmente ou maior 13 59,1 9 40,9 - - 0,766 Destino lixo do quintal Outros 39 81,3 9 18,8 1 Joga na rua 35 53,0 31 47,0 3,838 1,606-9,172 0,004 Aplicação de inseticida no quintal

Não 59 67,0 29 33,0 1 Sim 16 59,3 11 40,7 1,401 0,576-3,396 0,609

* Intervalo de confiança (95%)

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Tabela 22. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e a presença de ectoparasitos nos cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P

Variáveis

n % n % Ectoparasitos Ctenocephalides felis

(n=111)

Não 16 66,7 8 33,3 1 Sim 56 64,4 31 35,6 1,107 0,425-2,878 0,973 Rhipicephalus

sanguineus (n=111)

Não 42 61,8 26 38,2 1 Sim 30 69,8 13 30,2 0,700 0,310-1,580 0,511 Heterodoxus spininger

(n=111)

Não 57 65,5 30 34,5 1 Sim 15 62,5 9 37,5 1,140 0,446-2.910 0,973 Tunga spp. (n=113) Não 26 66,7 13 33,3 1 Sim 48 64,9 26 35,1 1,083 0,477-2,457 0,986

* Intervalo de confiança (95%)

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Na tabela 23 está apresentada a distribuição dos cães de acordo com os sinais clínicos apresentados, sendo que nenhum sinal apresentou valor de P para inclusão na análise multivariada. Tabela 23. Análise bivariada do resultado da Imunofluorescência Indireta para Leishmaniose Visceral Canina e as alterações clínicas observadas em cães da zona urbana, Município de Piraquê-TO, 2006.

IFI para LVC Negativo Positivo Odds

Ratio

IC* Valor P Variáveis

n % n % Presença de sinais clínicos

Não 29 63,0 17 37,0 1 Sim 46 65,7 24 34,3 0,890 0,409-1,933 0,923 Feridas na pele Não 55 73,3 30 73,2 1 Sim 20 26,7 11 26,8 1,00 0,426-2,382 0,841 Onicogrifose Não 66 65,3 35 34,7 1 Sim 9 60,0 6 40,0 1,257 0,413-3,819 0,908 Emagrecimento Não 69 63,3 40 36,7 1 Sim 6 85,7 1 14,3 0,287 0,033-2,474 0,426 Lacrimejamento Não 71 64,0 40 36,0 1 Sim 4 40,0 1 20,0 0,443 0,047-4,107 0,798 Opacidade de córnea Não 73 65,8 38 34,2 1 Sim 2 40,0 3 60,0 2,881 0,461-17,993 0,483 Tristeza e apatia Não 68 63,6 39 36,4 1 1 Sim 7 77,8 2 22,2 0,498 0,0982,517 0,620 Mucosas pálidas Não 64 66,7 32 33,3 1 1 Sim 11 55,0 9 45,0 1,636 0,615-4,350 0,461 Dificuldade de Locomoção Não 70 63,6 40 36,4 1 1 Sim 5 83,3 1 16,7 0,350 0,039-3,102 0,586

* Intervalo de confiança (95%)

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4.6 Análise Multivariada

As variáveis local de permanência dos animais no período de 18:00-22:00 horas, destino da matéria orgânica depositada no quintal, presença de laranjeiras, presença de mangueiras, presença de galinhas no peridomicílio e presença de edificações cobertas de palha, foram inseridas na análise multivariada por apresentarem p≤0,20, conforme já mencionado.

Para melhor ajuste do modelo de regressão logística, manteve-se no modelo as variáveis explicativas significativas até o nível de 10%, porém observa-se que no modelo final somente a variável permanência do animal no período das 18:00-22:00 horas apresentou p>0,05 (P=0,06), e as variáveis jogar a matéria orgânica do quintal na rua e presença de laranjeiras no peridomicílio permaneceram no modelo com significância estatística a nível de 5% (Tabela 24), enquanto que a presença de mangueiras, galinhas e edificação coberta de palha no peridomicílio funcionaram apenas como variáveis confundidoras (Tabela 25).

Analisando a OR ajustada (Tabela 26) verifica-se que cães de domicílios, nos quais o proprietário relatou que a matéria orgânica do quintal era depositada na rua, apresentaram 3,946 mais chances de infecção por Leishmania, observação semelhante foi feita por Yadon et al. (2003) para a LVH, que verificaram que indivíduos que habitavam residências onde o lixo era depositado aberto no peridomicílio tiveram 3,1 vezes mais chances de desenvolver doença. Esse achado é justificado pela associação com a biologia do vetor, visto que a oviposição e o desenvolvimento das larvas ocorre em locais úmidos e ricos em matéria orgânica (LAISON, 1983; RANGEL; LAISON, 2003). Embora Moreno et al. (2005) em um estudo dos fatores de risco para a infecção humana por L. chagasi em Minas Gerais tenha observado a presença de matéria orgânica no peridomicílio como fator protetor, os autores enfatizaram que seus achados mereciam futuras observações.

A ação protetora da presença de laranjeiras no peridomicílio pode ser explicada pela ação repelente exercida pelos óleos cítricos, sendo que é costume popular utilizar partes do fruto da laranjeira, como a casca, para repelir pernilongos, pois os óleos cítricos possuem, em sua maioria, um efeito repelente e inseticida para muitos tipos de insetos (MAZZONETTO; VENDRAMIM, 2003). Fernandes et al. (2002) observaram o efeito tóxico de óleos das sementes de laranja, limão e tangerina para formigas saúvas, através da diminuição da curva de sobrevivência. Portanto, estudos mais aprofundados devem ser conduzidos para verificar as importantes contribuições destas substâncias nas ações de controle dos insetos vetores.

Poucos estudos foram realizados em busca de fatores associados a LVC no Brasil e no mundo, portanto ainda existe uma lacuna de conhecimentos sobre a epidemiologia da doença onde o estudo de fatores associados, controlados para confundimento através de análise multivariada, tenha sido aplicada.

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Tabela 24. Análise multivariada dos fatores associados a soropositividade para LVC na zona urbana do Município de Piraquê-TO., 2006.

Variáveis B χ2

Valor P Odds

Ratio IC* Passo 1 Lixo do quintal na rua 1,345 9,156 0,002 3,838 1,606- 9,172 Constante -1,466 15,723 0,000 0,231 Passo 2

Laranjeira -1,097 5,554 0,018 0,334 0,134- 0,831 Lixo do quintal na rua 1,403 9,424 0,002 4,067 1,661- 9,961 Constante -1,141 8,564 0,003 0,320

Passo 3

Laranjeira -,944 3,984 0,046 0,389 0,154- 0,983 Cão das 18-22:00 na

rua 1,086 3,498 0,061 2,962 0,949- 9,240

Lixo do quintal na rua 1,373 8,777 0,003 3,946 1,591- 9,783 Constante -1,352 10,509 0,001 0,259

* Intervalo de confiança (95%)

Tabela 25. Variáveis eliminadas do modelo, segundo os passos da análise multivariada por regressão logística dos fatores associados a soropositividade para LVC na zona urbana do Município de Piraquê-TO, 2006.

Variáveis Escore Valor P Passo 1 Edificação com cobertura de Palha 2,081 0,149 Galinha 0,650 0,420 Mangueira 3,361 0,067 Laranjeira 5,780 0,016 cao1822rua 5,536 0,019 Passo 2 Edificação com cobertura de Palha 3,147 0,076 Galinha 0,518 0,472 Mangueira 2,848 0,091 cao1822rua 3,644 0,056 Passo 3 Edificação com cobertura de Palha 2,687 0,101 Galinha 0,161 0,688 Mangueira 1,278 0,258

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Tabela 26. Fatores associados a LVC na zona urbana do Município de Piraquê-TO, ajustados por análise multivariada, 2006.

Variáveis Odds ratio não ajustada (IC* 95%)

Odds ratio ajustada (IC* 95%)

Destino do lixo do quintal Outro Joga na rua

3,741 (1,586-8,827)

3,946 (1,591-9,783)a

Laranja Sim vs Não 0,369 (0,154-0,882) 0, 389 (0,154-0,983)a Cão das 18-22:00 na rua Limitado ao domicílio Livre acesso a rua 3,177 (1,158-8,718) 2,962 (0,949-9,240)

a P<0,05; * Intervalo de Confiança; vs= versus

Na análise da validade do modelo final, a razão de verossimilhança indicou que o

conjunto de variáveis contribui significativamente para predizer a variável efeito (χ2= 19,765; P= 0,000), o teste de Hosmer & Lemeshow indicou que não existe diferença entre os valores previstos e os reais (P= 0,708) e na prova de máxima verossimilhança (-2 log likelihood) verifica-se que o modelo final foi melhor ajustado (Tabela 27 ).

No modelo final a proporção de acertos entre os casos negativos foi de 74,3% e entre os positivos de 60% e no modelo total foi de 69,3% (Tabela 28).

Tabela 27. Medidas de avaliação dos modelos de regressão logística, segundo passos da análise utilizando o método stepwise forward.

Passos -2 Log likelihood Hosmer & Lemeshow

1 137,580 0,000 2 131,569 0,740 3 127,976 0,708

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Tabela 28. Classificação dos modelos de regressão logística segundo a inclusão de variáveis no modelo.

Predito Observado

Sorologia LVC Negativo Positivo

Porcentagem correta

Passo 1 Sorologia LVC Negativo 74 0 100 Positivo 40 0 0 % Total 64,9 Passo 2 Sorologia LVC Negativo 55 19 74,3 Positivo 17 23 57,5 % Total 68,4 Passo 3 Sorologia LVC Negativo 55 19 74,3 Positivo 18 24 60,0 % Total 69,3

Estudo dos possíveis fatores associados a LVC no Brasil e no mundo ainda são

escassos e a maioria relaciona somente fatores individuais, com pouca abordagem ecoepidemiológica, além da divergência de resultados obtidos em alguns estudos, indicando que características individuais, ambientais, aptidão e condições de criação dos cães podem influenciar no desenvolvimento e manutenção da LVC em uma localidade. Portanto existe a necessidade da execução de estudos direcionados a busca dos fatores associados a LVC nas diferentes regiões brasileiras, destacando-se aquelas onde a incidência da doença é maior, pois a descoberta dos fatores associados poderão revelar condições que possam contribuir para o efetivo controle da doença, com menor custo e de maneira mais rápida e abrangente do que as atuais medidas de controle adotadas no Brasil .

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5 CONCLUSÕES

A soroprevalência para LVC no Município de Piraquê, detectada pelas técnicas ELISA e imunofluorescência indireta, é alta, aproximando-se a observada em outras regiões brasileiras endêmicas e, apesar de ainda não existirem casos humanos registrados, o percentual de cães soropositivos é semelhante ao observado em áreas de transmissão intensa da doença em humanos.

Há uma enzootia de LVC no Município, com elevada proporção de animais assintomáticos, comprovando a importância dos inquéritos sorológicos e parasitológicos no diagnóstico epidemiológico da doença.

Os fatores inerentes a características individuais dos cães, local de moradia, vegetação, tipos de edificações no peridomicílio, presença de outros animais e ectoparasitismo não estiveram associados à soropositividade para LVC na zona urbana do Município de Piraquê, esta, porém, se associou a fatores ligados ao ambiente peridomiciliar, pois o fato do proprietário depositar o lixo do quintal na rua apresentou-se como possível fator determinante e a presença de laranjeiras no peridomicílio como possível fator protetor.

Um fator relacionado aos hábitos do animal (cão possuir livre acesso a rua no período das 18:00 a 22:00 horas), embora tendo se associado à soropositividade ao nível de 10% de confiança, merece atenção, visto que está diretamente ligado ao período de atividade do vetor.

A maioria dos animais soropositivos apresentou pelo menos um sinal clínico, mas a soropositividade não foi associada a nenhum sinal presente, portanto, a observação de sinais clínicos isolados não é bom indicativo da doença e a presença de grande proporção de animais assintomáticos soropositivos justifica a necessidade de acompanhamento sorológico regularda população canina.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como a urbanização da leishmaniose visceral é um fenômeno relativamente novo,

muito ainda deve ser pesquisado sobre a epidemiologia da doença nos focos urbanos, com especial atenção aos reservatórios animais, pois como aqui demonstrado, é possível que a doença esteja presente entre os animais sem necessariamente determinar casos humanos. No entanto, a simples presença de fatores imunonossupressivos na população humana, bem como alterações climáticas, fatores ambientais, redução dos investimentos em educação e saúde podem determinar a ocorrência dos casos humanos.

A avaliação da população canina de Municípios limítrofes aqueles onde a doença humana é endêmica deve ser levada em consideração pelos órgãos de saúde, visto que poderá, com a adoção de medidas de controle adequadas, impedir o estabelecimento da endemia humana.

Faz-se necessário no Município estudado, o acompanhamento da evolução da infecção na população canina, com a pesquisa dos vetores e a avaliação das medidas de controle adotadas, permitindo estimar o impacto da eliminação dos cães soropositivos na prevenção da infecção humana.

Os resultados encontrados neste estudo, quando comparados com estudos prévios, realizados em outras regiões brasileiras, demonstram que os fatores associados a LV podem variar nas diferentes localidades e populações, sendo esta variação esperada em uma doença com cadeia de transmissão complexa, que envolve vários fatores, porém, confirma-se que a presença de matéria orgânica no peridomicílio é um dos principais fatores ambientais preditores da LVC, recomendando-se ás autoridades sanitárias que a população de áreas onde seja detectado foco de LV humana ou canina, seja alertada quanto ao risco de infecção relacionado ao destino inadequado do lixo doméstico ou matéria orgânica presente no peridomicílio.

Considerando-se que a laranjeira é uma planta da qual se extraem óleo cítricos letais para alguns insetos e como o vetor é um dos principais componentes da cadeia de transmissão da LV, a observação de que a presença de laranjeiras no peridomicílio é um fator protetor para a doença nos animais, justifica a necessidade da realização de estudos mais aprofundados sobre o papel desta planta na epidemiologia da doença, não só canina mas também humana, bem como sobre a ação das substâncias extraídas da planta no desenvolvimento do vetor, o que poderá fornecer informações importantes para o controle da doença.

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1. CODIFICAÇÃO BÁSICA Proprietário do animal:

Endereço do Animal:

Bairro: Telefone:

2. INFORMAÇÕES SOBRE O ANIMAL 2.1 – Identificação Básica Nome do animal: Raça: Sexo: (1) Macho (2)

Fêmea Idade: Peso aproximado: Porte: ( 1) Pequeno (2) Médio (3) Grande Castrado? (1) sim (2) não

Pelagem: (1). Branca (2). Preta (3). Castanha (4). Bege (5). Tigrado

(6). Branca/preta (7). Branca/castanho (8). Branca/ bege (9). Branca/tigrada (10). Outra. Especificar.____________________

2.2 - Como o animal foi adquirido? (1). Presente (2). Veio de Fazenda (3). Pegou na rua (4). Comprado em clínica veterinária (5). Comprado em residência (6). Cria própria (7). Outros. Especificar.______________________________________________________ (8). NS (Não sabe)

2.3 - Qual o local de moradia do cão: (1). Dentro de casa (2). Canil cimentado (3). Canil s/ piso (4). Solto a vontade

(8). NS (Não sabe) (9). NR (Não respondeu)

(10). Outros. Especificar.________________________________

2.4- De quanto em quanto tempo é feita a limpeza do local de moradia do cão? (1). Diariamente (2). Semanalmente (3). Mensalmente

(4). Somente quando se acumulam fezes (5). Quando está com mal-cheiro (6). Não é feita limpeza (7). Outro.

Especificar._________________________

2.5 - Qual a alimentação do animal? (1). Ração (2). Comida caseira cozida (3). Carne fresca (4). Carne cozida (5). Víscera sem cozinhar

(6). Vísceras cozidas (7). Fubá de milho (8). Outros. Especificar:____________________

2.6 – O Animal come carne de caça? (1) Sim (2) Não 2.7 – Que tipo de caça? ______________________________________________________________________

2.8 - O animal já recebeu atendimento de um Médico Veterinário? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

Questionário (Proprietário ou Responsável) Nº da Amostra:

ANEXO A

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2.9 - Quando o animal foi tratado para carrapato e pulgas pela última vez? (1). Menos de um mês (2). 1 a 2 meses (3). 3 a 5 meses (4). 6 meses (5). 7 meses a 1 (um ano)

(6). Mais de um ano (7). Nunca foi tratado (8). NS (Não sabe) (9). NR (Não respondeu)

2.10 - Existem outros animais na residência? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR

2.11- Quais? (1). Cão (2). Gato (3). Coelho (4). Pássaros (5). Galinha

(6). Pato (7). Macaco (8). Porco (9). Outros. Especificar.________________________ ___________________________________________ (0). Não se aplica

2.12- O cão tem algum contato com estes outros animais ? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) ( 0 ) NA (Não se aplica)

2.13– Seu animal tem acesso à rua? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) ( 0 ) NA (Não se aplica) 2.14- Com que freqüência? ( 1 ) Todo dia ( 2 ) a cada dois dias ( 3 ) a cada três dias ( 4 )Semanalmente (5) mensalmente ( 0 ) Não se aplica

2.15- O animal visita ou visitou alguma chácara e/ou fazenda? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) ( 0 ) NA (Não se aplica) 2.16 – Com que freqüência? ( 1 ) Todo dia ( 4 )Semanalmente (5) Mensalmente (6) Raramente ( 0 ) NA (Não se aplica)

3. CARACTERÍSTICAS DO PERIDOMICÍLIO 3.1 -A rua da residência e pavimentada (asfaltada)?

1) Sim

2) Não

3.2- Existe algum tipo de coleta de lixo feita pela prefeitura?

1) Sim

2) Não

3.3 – Com que freqüência?

1) Diariamente

2) A cada 2 dias

3) A cada 3 dias

4) A cada 4 dias

5) Semanalmente

6) Mensalmente

0) Não se aplica

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3.4- Se não existe, o que é feito com o lixo da casa? 1) Deixado no fundo do quintal 2) Queimado 3) Enterrado 4) Jogado em algum aterro ou lote vazio 5) Outro._________________________________ 0) Não se aplica

3.5 – O senhor limpa o quintal com que freqüência?

1) Todo dia

2) Toda semana

3) Todo mês

4) Uma vez ao ano

5) Outro. Especificar______________________________

6) Não Limpa

3.6 – O que faz com o lixo do quintal?

1) Queima

2) Enterra

3) Deixa acumulado no quintal

4) Joga na rua para ser coletado pela prefeitura 0) Não se aplica

3.7- Na residência tem gaiola com pássaros? 1) Sim

2) Não 3.8 – Na residência tem algum tipo de pássaro criado solto?

1) Sim

2) Não 3.9 – Qual? ___________________________________________

3.10- Tem galinheiro no quintal?

1) Sim

2) Não

3.11 – Existe algum tipo de brejo ou córrego perto da residência? 1) Sim

2) Não

3.12- A residência é vizinha de algum terreno baldio (lote vazio)? 1) Sim

2) Não

3.13- Houve alguma derrubada de árvores ou desmatamento próximo a residência nos últimos 3 meses?

1) Sim

2) Não

3.14 – Qual a distância aproximada da residência para a área de mata, bosque ou campo mais próximo?

1) Menos que 100 metros

2) Mais que 100 metros

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3.15- Que tipo de árvore tem no quintal? � Jaboticaba

� Bananeira

� Abacate

� Cupuaçu

� Laranja

� Lima

� Limão

� Ata

� Coco

� Jambo

3.16- Tem cisterna (poço) na residência?

1) Sim

2) Não

3.17 – O poço é aberto ou fechado? 1) Aberto

2) Fechado

3.18– Tem cisterna (poço) nos vizinhos do lado e fundo? 1) Sim

2) Não

3.19 – Joga algum tipo de veneno (inseticida) no quintal? 1) Sim

2) Não 3.20 - Se sim, qual?__________________________________________________________________

3.21- O banheiro da residência localiza-se onde? 1) Dentro de casa 2) Fora de casa 3) Não tem banheiro

3.22 – Em que lugar o cão fica a maior parte do tempo?

1) Dentro de casa 2) Amarrado no quintal 3) Em um canil 4) Solto no quintal 5) Solto na rua

3.23 – No período de 18:00 (6 da tarde) as 22:00 (10 da noite) horas onde o cão fica? 1) Dentro de casa

2) Amarrado no quintal

3) Em um canil

4) Na rua

5) Solto no quintal

6) Outro._______________________________________________________________________ 3.24 – Que construções são encontradas no quintal.

1) Galpão (despensa) coberto de palha

2) Galpão (despensa) coberto de telha

3) Banheiro aberto

4) Banheiro coberto

5) Canil s/ cobertura

6) Canil coberto de palha

7) Canil coberto de telha

8) Outro. Especificar____________________________________________________________________

� Goiaba

� Acerola

� Pitanga

� Carambola

� Caju

� Anajá

� Cana-de-açúcar

� Manga.

� Outro.Qual? ___________________

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3.25 – O local onde o cachorro fica preso é sombreado por árvores? 1) Sim

2) Não 3.26- O senhor já viu Mucuras no seu quintal?

1) Sim

2) Não

3.27- Qual o tipo de pêlo do cão? 1) Curto

2) Longo (pastor ou mais longo)

4. DADOS CLÍNICOS DO ANIMAL (Marcar o que for observado no animal) 4.1 – PARASITAS

(1). Bicho-de-pé Quantos?_________ (2). Carrapato (3). Pulgas (4). Sarna (descamação da pele, rabujo) (5). Bicheira (larvas de moscas) (6). Mosca picando a orelha

4.2 – ALTERAÇÕES CLÍNICAS

(1). Feridas na pele (2). Feridas nas orelhas (3). Crescimento do abdômen (barriga) (4). Crescimento exagerado das unhas (5). Lacrimejamento (6). Olho opaco (branco) (7). Tristeza (apatia) (8). Emagrecimento (9). Mucosas pálidas (descoradas) (10). Mucosas amareladas (ictéricas) (11). Dificuldade de locomoção (10). Outro sinal importante:__________________________________________________________

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