UFSM Dissertação de Mestrado UMA ANÁLISE DE GÊNERO EM ...fabiana.k/arquivos/dissertacao.pdf ·...
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UFSM
DissertaodeMestrado
UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICA
APLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA
_________________________________
FabianaDinizKurtz
PPGL
SantaMaria,RS,Brasil
2004
-
UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICA
APLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA
por
FabianaDinizKurtz
DissertaoapresentadaaoCursodeMestradodoProgramadePsGraduaoemLetras,readeConcentraoemEstudosLingsticos,daUniversidadeFederal
deSantaMaria,(UFSM,RS),comorequisitoparcialparaobtenodograudeMestreemLetras
PPGL
SantaMaria,RS,Brasil
2004
-
UniversidadeFederaldeSantaMariaCentrodeArteseLetras
ProgramadePsGraduaoemLetras
AComissoExaminadora,abaixoassinada,aprovaadissertaodeMestrado
UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDE
LINGSTICAAPLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOS
DEPESQUISA
elaboradapor
FabianaDinizKurtz
ComorequisitoparcialparaobtenodograudeMestreemLetras
COMISSOORGANIZADORA:
____________________________________DsireMottaRothOrientadora
____________________________________KanavillilRajagopalan1argidor
____________________________________CludiaStumpfToldo2argidora
SantaMaria,30demarode2004
-
AGRADECIMENTOS
Dsire,marcoemminhaformaoacadmica,pelaliodevidaprovadaacadadia de nossa convivncia, pelo smbolo de profissionalismo e competncia, por terdemonstradotantorespeito,carinho,amizade,incentivoeconfianaemmeutrabalhoe,fundamentalmente, por termeensinado o valor e a importncia desta extraordinriaprofisso.
minhafamlia,emespecialminhame,Cleuza,emeuirmo,Fbio,peloamor,carinho,pacincia,eprincipalmentepeladedicaoquesomenteaquelaspessoasquerealmentenosamamconseguemteredaremmomentostodifceis.
Aomeunoivo,Denlson,peloapoioincansveldesdesempre,pelorespeito,amorecompanheirismoconstanteepelosempurres,imprescindveisnashorasdefraquezaecansao.
LucianeTicks,colegaeamiga,comquempudecompartilharosmomentosdeangstiaealegria,eque,comtodasuaexperincia,ajudoumeatrilharessesdoisanos,comcerteza,deformamaissuaveeconstrutiva.
Aos colegas e amigos do LabLeR, emespecial Pati, Grasi e Franciele que,sempresolidrias,mesmonashorasdecorreria,sempreestiveramdispostasaajudar.
Graci,Rosli,Lo,Lu,ValeprincipalmenteFlvia,colegaseamigos,sempredispostosarespondersminhasperguntasdecorredorsobreomestradoousobreminhapesquisa.
samigasGabieDebi,que,desdeagraduao,vmsempremeajudandonosmomentosmaisdifceis,semprecomumapalavradeestmuloedeamizadesincera.
Capes,pelabolsaconcedida.
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RESUMO
UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICAAPLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA
Autora:FabianaDinizKurtzOrientadora:Dra.DsireMottaRoth
Apublicaoemperidicosacadmicospareceapresentar,conformeautoresapontam(Marcuschi,2001;Valauskas,1997),maiorprestgioquetextospublicadosemcoletneasporqueservemcomoveculo fcil, econmicoe rpidoparadivulgar o conhecimento.Aliado a isso, o meio eletrnico vem sendo considerado um veculo de produo econsumodeconhecimentoessencialeinovador,sendoqueumadesuasinflunciasmaisrelevantesnasociedade o rpidoecrescenteprocessodeedioedistribuiodeartigos acadmicos em peridicos eletrnicos (ejournals) (Holoviak & Seitter, 1997).Nesses termos, na rea de Ingls para Fins Acadmicos, pesquisas sugerem anecessidade de investigar como esses novos ambientes de publicao ou gnerosemergentessoconfigurados(Aura&Alastru,1998:80).Nesteestudo,quarentaartigosacadmicoseletrnicoscoletadosdedois ejournals emLingsticaAplicada(LanguageLearningandTechnology e Readingonline) soanalisadosemtermosdesuaestruturatextualecontextualcomduploobjetivo:1)verificarostpicosdepesquisapresentesnosartigosquecompemo corpus; e 2) osprocedimentosmetodolgicosqueosautoresutilizamaoinvestigartaistpicos.Paraanalisarocontexto,foramrealizadasentrevistascom os autores dos artigos que compem o corpus deste estudo. A anlise textualevidenciouqueosartigospodemserreunidosemumtpicogeral, Aprendizagemdelnguasassistidaporcomputador,comnfaseemquatrosubtpicos:a)processosdeletramento; b) interface tecnolgica; c) formao de professores; e d) anlise dodiscurso/anlisetextual.Osprocedimentosmetodolgicosassociadosaestestpicossosemelhantesnamedidaemque,paracadatpicoobservado,osautoresparecemutilizarprocedimentosmetodolgicosespecficosdecoletaeanlisededados. Emrelaoaesse aspecto, observamos um maior uso de mtodos quantitativos, em oposio aqualitativos.Outroaspectoevidenciadonaanlisedizrespeitopresenadeartigosderelato de experincia. Nesses artigos, os autores referemse pesquisa realizadadeformapessoal,atravsdousodepronomespessoais,fazendotambmummaiorusodeprocessosmentais.Nosdemaisartigos,osautoresdopreferncia,aparentemente,aouso de expresses impessoais e nominalizaes ao referirse pesquisa realizada,utilizando processos materiais e relacionais. A presena de artigos de relatos deexperincia parece indicar uma variao ao relato de pesquisa em que os autoresapresentamumaseodemetodologiacomprocedimentosdecoletaeanlisededados.Apessoalidadeexplicitadapelosautoresaoreferiremsepesquisa,associadaaousodeprocessosmateriaisementaisnessesartigospareceindicarqueosautoresassumem
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explicitamente a responsabilidade sobre a pesquisa realizada, almdeexporemseuspensamentosacercadoestudo.
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ABSTRACT
AGENREANALYSISINELECTRONICRESEARCHARTICLESINAPLLIEDLINGUISTICSWITHFOCUSONRESEARCHTOPICSANDPROCEDURES
Author:FabianaDinizKurtzAdvisor:Dra.DsireMottaRoth
Texts published in academic journals seem to present, as pointed out by authors(Marcuschi,2001;Valauskas,1997),morestatusthantextspublishedineditedbookssincetheyrepresentaneasy,economicandquickvehicletodisseminateknowledge.Linkedtothis aspect, the electronic medium has been considered an essential and innovativeknowledgeproductionandconsumptionvehicle.Oneofitsmostrelevantinfluenceswithinsocietyistherapidandunfoldingprocessesofeditinganddistributingresearcharticlesbyelectronicjournals(ejournals)(Holoviak&Seitter,1997).Intheseterms,intheEnglishforAcademicPurposesarea,researchessuggesttheneedofinvestigatinghowthesenewpublication environments or emergent genres are configurated (Aura & Alastru,1998:80). In this study, forty electronic research articles, collected from two AppliedLinguistics ejournals (Language Learning and Technology and Reading online) areanalyzedaccordingtotheirmacrostructureandcontextwithatwofoldpurpose:1)verifytheresearchtopicsobservedinthecorpus;and2)themethodologicalprocedurestheauthorsusetoanalysethesetopics.Toinvestigatethecontext,interviewswerecarriedoutwiththeauthorsofthearticlesthatarepartofthe corpus collectedforthisresearch.Thetextualanalysisevidencedthatthearticlescanbegroupedinageneraltopic,Computerassistedlanguagelearning,withemphasisinfoursubtopics:a)literacyprocesses;b)technologicalinterface; c) teacher education; and d) discourse and textual analysis analysis. Themethodologicalproceduresassociatedtothesetopicsaresimilarinthesensethat,toeachresearch topic observed, the authors seem to use specific collection and analysisprocedures.Inrelationtothisaspect,weobservedahigheruseofquantitativeproceduresinoppositiontoqualitativeones.Anotheraspectevidencedintheanalysisisrelatedtothepresenceofexperiencingarticles.Inthesearticles,theauthorsrefertotheresearchinapersonalway,throughtheuseofpersonalpronounsandmentalprocesses.Intheotherarticles,apparently,theauthorsgivepreferencetotheuseofimpersonalexpressionsandnominalizationswhenreferringtotheresearch,usingmaterialandrelationalprocesses.Thepresenceofexperiencingarticlesseemstoindicateavariationtotheresearchreportin which the authors present a methods section with explicit collection and analysisprocedures.Theexplicitpersonalitywhenreferringtotheresearchassociatedtotheuseofmaterial andmental processes in thesearticlesseemto indicate theauthorsexplicitlyassumetheresponsibilityovertheresearchandexposetheirthoughtstowardsthestudy.
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SUMRIO
RESUMO.................................................................................................
ABSTRACT.............................................................................................
LISTADETABELAS..............................................................................
LISTADEFIGURAS...............................................................................
LISTADEANEXOS................................................................................
CAPTULO1INTRODUO...............................................................
1.1 Contextualizao...............................................................................
1.2 Objetivos............................................................................................
1.3 Organizaodoestudo......................................................................
CAPTULO2REVISODALITERATURA..........................................
2.1Gnerostextuais...............................................................................
2.2Gnerosacadmicos:oArtigoAcadmicoEletrnico(AAE)............
2.3Prticasdiscursivasepublicaoacadmicaeletrnica...................
2.4AseodemetodologiaemAAEs....................................................
2.4.1Pesquisaquantitativa.....................................................................
2.4.2Pesquisaqualitativa.......................................................................
2.4.3AorganizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs..........
2.4.4OpapeldoautornaseodemetodologiaemAAEs...................
CAPTULO3METODOLOGIA............................................................
3.1ContextodosAAEs...........................................................................
3.1.1Descriodosejournals................................................................
3.1.2Entrevistascomosautores............................................................
3.2Critriosdeseleodocorpus..........................................................
v
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xii
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7
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39
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43
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3.2.1ArtigosselecionadosdoLLT..........................................................
3.2.2ArtigosselecionadosdoROL.........................................................
3.3Critriosdeanlisetextualdocorpus...............................................
CAPTULO4RESULTADOSEDISCUSSO.....................................
4.1Artigoscomseodemetodologia...................................................
4.1.1 Componente textual: organizao retrica da seo de metodologia
.............................................................................................
4.1.2 Componente ideacional dos artigos: tpicos e procedimentos de pesquisa
..................................................................................................
4.1.2.1SubtpicoI:ProcessosdeLetramento.......................................
4.1.2.2SubtpicoII:InterfaceTecnolgica............................................
4.1.2.3SubtpicoIII:FormaodeProfessores....................................
4.1.2.4SubtpicoIV:AnlisedoTexto/Discurso..................................
4.1.3Procedimentosmetodolgicosquantoaosprocessos...................
4.1.4Procedimentosmetodolgicosquantoaocomponenteinterpessoal:ousode1
pessoa.............................................................
4.2ArtigosclassificadoscomoRelatosdeExperincia(RE)..................
4.2.1Componenteideacionaletpicosdepesquisa..............................
4.2.2Componentetextual:aorganizaodoRE....................................
4.2.3TiposdeprocessosnosRE...........................................................
4.2.4Componenteinterpessoal:opapeldoautornoRE.......................
CAPTULO 5 CONSIDERAES FINAIS, LIMITAES DA PESQUISA E
SUGESTOPARAPESQUISASFUTURAS.................
5.1Consideraesfinais........................................................................
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95
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102
110
110
-
5.2Limitaesdapesquisa...................................................................
5.3Sugestoparapesquisasfuturas....................................................
REFERNCIASBIBLIOGRFICAS......................................................
112
113
115
LISTADETABELAS
Tabela3.1ListadeartigoscoletadosdoLLT........................................
Tabela3.2ListadeartigoscoletadosdoROL....................................... Tabela4.1
Itens lexicais de tendncia quantitativa e qualitativa associados aos movimentos
retricos da seo de metodologia de AAEs
......................................................................................................
Tabela4.2Resumodostpicoseprocedimentosdepesquisaadotadosem30AAEs
docorpus..........................................................
Tabela4.3ArtigossobreProcessosdeletramento............................
Tabela4.4ArtigossobreInterfacetecnolgica...................................
Tabela4.5ArtigossobreFormaodeprofessores...........................
Tabela4.6ArtigossobreAnlisedoTexto/Discurso........................
Tabela4.7ArtigosdeREcomnfaseemProcessosdeletramento...
Tabela4.8ArtigoscomnfaseemFormaodeprofessores............
Tabela4.9AAEseREs.........................................................................
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LISTADEFIGURAS
Figura2.1RepresentaoesquemticadaseodemetodologiasegundoOliveira
(2003)........................................................................
Figura4.1TpicosdepesquisaverificadosnosAAEs..........................
Figura4.2Pesquisasqualitativasequantitativasemrelaoaosperidicos
selecionados........................................................................
Figura4.3Pesquisasqualitativasequantitativasemrelaoaossubtpicosde
pesquisa.........................................................................
29
61
64
64
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LISTADEANEXOS
Anexo1Emailsenviadosaosautores.................................................
Anexo2Respostasdosautoresaosemailsenviados........................
Anexo3AmostrasdaseodeMetodologiadeAAEscomtendnciaqualitativade
cadaejournalselecionado.............................................
Anexo4AmostrasdaseodeMetodologiadeAAEscomtendnciaquantitativade
cadaejournalselecionado..........................................
Anexo5AmostrasdaseodeRelatodeExperinciadeREs..........
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CAPTULO1INTRODUO
1.1Contextualizao
A informtica, particularmente, a Internet, uma das principais modificaes
geradaspelo progressoda tecnologia emnossasociedade, especialmentenoquese
refere aos campos do pensamento, ensino, disseminao da informao e pesquisa
cientfica(MttarNeto,2002).Nossasformasdepensar,agirecomunicarsemodificam
emfunodessenovomeio,inclusiveosmodosdelerepublicarnocontextoacadmico.
ApesardavariaonafreqnciaenotipodeacessoaosrecursosdaInternet,
esseserviodeinformaojfazpartedocontextoacadmico,dadaapossibilidadede
seacessarperidicosacadmicoseletrnicosgratuitamente.Aredemundial,ou World
WideWeb(www),portanto,passaaservistacomouminstrumentodedisseminaode
informao relevante ao estudo acadmico e que, portanto, no pode ser ignorado
(Slaouti,2002;Stapleton,2003).
Emmeioaessecontexto,pesquisasnareadeAnlisedeGnerosTextuaise
EnsinodeLnguasparaFinsAcadmicosemnvelnacional(Cristvo,2002;MottaRoth,
1995;2002c)einternacional(Bhatia,1993;Swales,1990)tmexploradocomoseda
produodeconhecimentoemdiferentesreas.Dentreestesestudos,MottaRoth(1995)
e Swales (1990), por exemplo, tminvestigadoqueprticasdeconsumo,produoe
publicao de textos permeiam esse processo e que gneros textuais so utilizados
efetivamentenascomunidadesdisciplinaresemmeioeradatecnologiadainformao.
Dadaaexpansodapublicaoacadmicanomeioeletrnico(Marcuschi,2001;
Slaouti, 2002; Stapleton, 2003; MottaRoth et al., 2003), este estudo enfatiza
particularmenteognerotextualAAE,publicadoemejournalsnaInternet.Tomoporbase
pesquisas anteriores, desenvolvidas pelo grupo de pesquisa ao qual perteno
(GrPesq/CNPq,LinguagemcomoPrticaSocial),especialmentetrabalhoscomoosde
Hendges (2001) e Oliveira (2003), sobre a anlise de AAEs emLingstica Aplicada
(referidanesteestudocomoLA). Essesestudosenfatizama importncia doAAEem
termos de seu uso na academia como veculo de disseminao de conhecimento,
-
servindodeviadecomunicaoentrepesquisadores,profissionaisealunosdegraduao
epsgraduao1.
Nesse sentido, de forma a dar continuidade a esses estudos, proponhome a
investigar a seo de metodologia em AAEs, tendo em vista a dificuldade de
pesquisadoresmaisemenosexperientespararedigirtalseo,conformeverificadopor
MottaRoth(1999)nadisciplinadeRedaoAcadmica,doProgramadePsGraduao
emLetrasdaUFSM.
PareceimportanteressaltaraindaquenoapenasoAAEeomeioeletrnicoso
relevantesnoprocessodetrocadeinformaonostemposatuais,mastambmqueo
papeldoprofessordeLnguasparaFinsAcadmicosnessenovocontextocrucialna
formaoacadmicadoaluno.Cabejustamenteaesteprofissionalafunodeorientaros
alunosparacriaremespaosdepesquisaparasimesmos,almdedivulgarsuareade
pesquisa(Swales,1987:62).
1.2Objetivos
OpanoramadiscutidoacimarevelaopapeldaInternetcomocontextopotencialde
consultaepublicaodetextosacadmicos.ApossibilidadededisponibilizarumAApor
meiodaInternetpermitiuosurgimentodoschamados ejournals,peridicoseletrnicos
cujofocoapublicaoedivulgao,naInternet,detrabalhosproduzidosporumadada
comunidadedisciplinar.
Noentanto,devidorecnciadomeioeletrnicoenquantoinstnciadeconsultae
publicao acadmica, podemos observar a lenta fase de transio em que este se
encontra, com transformaes que atingem no apenas o meio onde esto sendo
1ConformepesquisarealizadaporMottaRoth(2000),compesquisadoresdaALABeABRALIN,noanode2000,oAAfoiapontadocomoumdosgnerosmaisutilizadosparaconsultaepublicao.Omeioeletrnicofoireferidoportaispesquisadorescomoumainstnciadeconsultadetextosacadmicose,napoca,aindapouco usado para publicao (MottaRoth, 2000). Outra pesquisa, realizada por Nie & Erbring (2000),demonstrouquecercade38%dosusurios(americanos)daInternettmidadeacimade18anos,sendoestaafaixaetriaemqueestoiniciandooudesenvolvendosuavidaacadmica,nauniversidade.
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divulgados os trabalhos produzidos pela comunidade acadmica, mas tambm as
configuraes dostextospublicados(MottaRothetal, 2003).Aconfiguraodetextos
publicadoseletronicamentediferentedaverificadanomeioimpresso,principalmenteno
quedizrespeitoquestohipertextual,ouseja,apresenadehiperlinks, linksdeudio,
devdeo,almdapossibilidadedeoleitorcomunicarsediretamentecomoautordotexto
atravsdehiperlinksparaseuemail(Hendges,2001;MottaRothetal,2003).
OcontextoatualpareceindicaraindaqueaInternetvemsendopoucoexplorada
enquantoinstnciadepublicaoacadmica,aomenosemnvelnacional,especialmente
devidoasuaprecriadivulgao.OPortaldePeridicosdaCapes,porexemplo,ainda
nodisponibilizaperidicosunicamenteeletrnicos,assimcomooQualis,ndicedettulos
criadopelaCapes,quetambmnoincluiejournalsemsuaclassificao2.
Issosedeve,talvez,aquestesdiscutidasemrelaopublicaoeletrnica,
comoarecnciadessemeioenquantoinstnciadepesquisaacadmicaequalidadedo
materialpublicado.Quantoaoprimeiro,autorescomoSabattini(2000)eStapleton(2003)
tm discutido a carncia de mecanismos estabelecidos para estimar a qualidade de
determinadottuloouasrestriessobredireitosautorais,vistoque,diferentementedo
que acontece no meio impresso em ingls, onde se usam recursos comoo Journal
CitationIndex,apublicaoeletrnicaaindacarecedecritriosmaisprecisos(MottaRoth
etal,2003).Quantoqualidade,essaspesquisastmenfatizadoopapeldoprocessode
revisoporpares,feitopormembrosdocorpoeditorialdeumperidico,queaindaparece
ser o nico meio para legitimar a qualidade das informaes veiculadas em AAEs
publicadosemejournals(Sabattini,2000).
Comoavanodatecnologianostemposatuais,podemosobservarqueautilizao
daInternetcomoalternativanabuscaporinformaesnomeioacadmicocadavez
maiscomum.AutorescomoAuraeAlastru(1998),Slaouti(2002)eStapleton(2003)
apontamparaofortalecimentodosgneroseletrnicos,comooAAEeolivroeletrnico
(ebook), devido a fatores como a crescente rapidez de acesso informao, a
diversidademaiordemateriaisdisponveiseapossibilidadedeentraremcontatocom
2Informaesacessadaspelaltimavezemdezembro/2003.
-
informaesmaisatualizadaso que, muitasvezes, levariamais tempoembibliotecas
tradicionaisenomeioimpresso.
Pesquisas (Hopkins & DudleyEvans, 1988; Swales, 1990; Bloor, 1993) tm
investigado o AA, especialmente, quanto aos movimentos retricos de Introduo
(incluindoRevisodeLiteratura),ResultadoseDiscusso.AseodeMtodos,emmeio
aessesestudos,fica,aparentemente,semumaportetericoconsistente,fundamentado
empesquisaeanlise.
Nessecontexto,comvistasainformaroensinodeLnguasparaFinsAcadmicose
assessoraraprticadepublicaodealunoseprofessores,fazendocomquetenhama
oportunidade de interagir com suas comunidades disciplinares e, principalmente, de
explorarpadresouconvenesdeformaainovarecriarnovosgnerosadaptadosa
novoscontextos(MottaRoth,1999),parece importante investigaroperfil dessesnovos
ambientesdepublicao.Nessestermos,oobjetivogeraldesteestudo:
Analisar a organizao retrica do AAE, com nfase nos procedimentos
metodolgicosadotadosnessegnero.
Dandocontinuidadeaoprojetodepesquisaaqueesteestudoestvinculado,que
abrangeaanlisedoAAimpressoedesuaseodemetodologia3,pretendoinvestigar
emquemedidaexemplaresdeummesmogneroapresentamvariabilidadeemrelaoa
elementosestruturaisedecontedodaseodemetodologia.
Combasenisso,osobjetivosespecficostraadosparaesteestudoso:
1) Identificarquaisosobjetivostraadoseostpicosdepesquisadefinidospelosautores
dosartigosquecompemocorpus;
2) Com base nas respostas questo anterior, verificar quais os procedimentos
metodolgicosquepesquisadorestmutilizadoparacumprirtaisobjetivoseanalisar
3 ProjetoIntegradodePesquisa/CNPq,Discursosdeinvestigao:umaanlisedegnerodaseodemetodologiaemartigosacadmicos.
-
tais tpicos, enfocando aspectos como participantes e instrumentos utilizados na
pesquisa.
A explorao dessas duas questes pode gerar informaes acerca da
variabilidade estrutural e de contedo do gnero textual AAE a partir de diferentes
enfoques,oferecendo,portanto,subsdiostericoseprticosaprofissionais ligadosao
ensinoeaprendizagemdelnguasemcontextosacadmicos.
1.3 Organizaodoestudo
O presente captulo serviu para contextualizar sinteticamente esta pesquisa e
apresentarosobjetivosnorteadoresdesteestudo.
Nosegundocaptulo,destinadoRevisodaLiteratura,apresentoalgunstrabalhos
tericosrelacionadosaestapesquisa,enfatizandoquestesligadasagnerostextuais,
publicaoacadmicanomeioimpressoenomeioeletrnico,oprocessodeorganizao
retricadaseodemetodologiaemAAEseopapeldoautoraorelatarprocedimentos
metodolgicosemseuartigo.
Noterceirocaptulo,tratodaMetodologiaadotadaparaapesquisa,enfocandoo
contexto de anlise do estudo, o corpus selecionado e os critrios adotados para a
seleoeanlisedosdados.
Noquartocaptulo,apresentoosResultadosobtidosnaanlisedo corpus edas
entrevistascomosautores.
Porfim,apresentoalgumasImplicaesPedaggicasdesteestudonocaptulo5,
destacandoapossvelrelevnciadasinformaesobtidascomaanliserealizadaparaa
prticapedaggicadoensinodeLnguasparaFinsAcadmicos,objetivoprincipaldeste
estudo.
-
CAPTULO2REVISODELITERATURA
Apresento,nestecaptulo,arevisotericarealizadadeformaacontextualizara
linhadepesquisaemqueestetrabalhoestinserido.Ocaptuloestorganizadoemcinco
sees:naprimeira(2.1),realizoumabrevediscussosobregnerostextuais.Asegunda
seo(2.2) tratadogneroAAEeaterceira (2.3), dealgunsaspectosdapublicao
acadmica eletrnica. Na quarta seo (2.4), discuto algumas questes referentes
organizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs,focodaanliserealizadaneste
estudo,ressaltandoametodologiadepesquisaemLingsticaAplicada.Porfim,naseo
2.5,investigoumaspectoevidenciadonaanlisequantoaopapeldoautoraorelataros
procedimentosmetodolgicosnoAAE.
2.1Gnerostextuais
CombasenasinformaesapresentadasnocaptulodeIntroduo,acreditoque,
dentreasinmerastransformaesqueaInternetvemprovocandonomododevidae
comportamento de milhares de pessoas ao redor do mundo, a forma inovadora de
disseminaoe de acesso informaoseja o que, talvez, cause maior impacto na
sociedade.Essastransformaespropiciamosurgimentodenovosgnerostextuais,em
funo da necessidade das pessoas em comunicaremse umas com as outras,
estabelecendoseenquantoindivduosparticipantesdesuascomunidadesespecficas.
Gneros textuais, neste estudo, so entendidos como classes de eventos
comunicativos cujos membros compartilham alguns de seus objetivos comunicativos
(Swales,1990:58).Segundooautor(idem),almdeobjetivos,exemplaresdeummesmo
gneroapresentamtambmpadresdesimilaridadequantoestrutura,estilo,contedoe
audinciaalvo.
-
Combasenisso, acredito queestudosqueenvolvamaorganizaoretricade
gnerostextuaissonecessrios,especialmenteporqueumentendimentomaioracerca
destesacarretaumapercepomaisapuradadaformacomoostextossooupodemser
percebidos, categorizados e utilizados por membros de umdeterminado grupo social
(Miller,1984:42).Entendoqueumconhecimentomaiorsobregneros,especialmenteno
contextoacadmico,imprescindvelnamedidaemquegrandepartedospesquisadores
incentivadaapublicarseustrabalhos.
Reiterando esse aspecto, MottaRoth (1999: 121) ressalta duas questes que
devemseranalisadasmaiscuidadosamentenoensinoderedaoacadmica.Aprimeira
questotratadequeumconhecimentosobregneros:
Emborasendofator importantssimoparaacompreenso e uso de textos, impeconvenes e expectativas da comunidadedisciplinar a escritores iniciantes, enquantopossibilitaaescritoresconsagradosexplorarconvenes para criar novos gnerosadaptados a novos contextos (ateleconferncia,porexemplo)(idem).
A segunda questo enfatizada pela autora (idem) trata do ensino de redao
orientado de forma a desenvolver competncias acadmicas relacionadas ao uso de
gnerosacadmicoseaoselementoslingsticosqueosmaterializam(ibidem),facilitando
oprocessodeengajamentodemembrosnovatosnosnodiscursoacadmico,como
tambmemsuascomunidadesdisciplinaresespecficas.
Nesses termos, enquanto professora de lngua inglesa em incio de carreira,
entendo ser importante aprofundarmos as pesquisas ligadas anlise de gneros
textuais, especialmenteporestesviremsendoamplamentediscutidosnoapenaspor
pesquisadoresdarea,mastambmporprofessoresdelnguamaternaeestrangeiraem
servionaredeescolar.Essesprofissionaispassaramavoltarsuaatenosteoriasde
gnero, visto que os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Ensino Mdio de
Lngua Portuguesa e Lnguas Estrangeiras fazem explcitas indicaes s teorias de
-
gneros textuais como objeto de ensino, mudando, at certo ponto, o enfoque e a
naturezadoensinodelnguas.
Dessaforma,apsrealizarumacontextualizaosobreaquestorelacionadaa
gneros textuais, passo a discutir, na prxima seo, aspectos ligados ao gnero
analisadonesteestudooAAE,abordandoquestescomooprocessodepesquisana
Interneteapublicaoacadmicaeletrnica.
2.2Gnerosacadmicos:oAAE
De acordo com Swales (1990:110), pesquisadores, por volta do sculo XVII,
necessitavamdoreconhecimentodasociedadeemsuaspesquisas,nosentidodequeas
pessoasdeviamsertestemunhasnasdescobertasrealizadasnaspesquisascientficasou
acadmicas.Hoje,apesardeospesquisadorestambmnecessitaremdoreconhecimento
edaaprovaodesuascomunidades,estassomaisrefinadaseespecficas, isto,
diferentemente,decertaforma,dosculoXVII,ospesquisadoresaindasoavaliadose
aceitosnaacademiadeacordocomoqueproduzem.ConformeapontadoporMottaRoth
(2001b:11),
Na cultura acadmica, a produtividadeintelectual medida pela produtividade napublicao. Embora pesquisadores dediferentesreasquestionemovalordeumapoltica de publicao pautada pelaquantidade em detrimento de uma anlisemaisatentadaqualidadedessapublicao,parecenos que para mudar o sistema,precisamosconheclo.
O AA visto como o gnero mais conceituado na divulgao do saber
especializadoacadmico(idem:39),constituindosenomecanismoinstitucionalizadode
-
disseminaodeconhecimentonaacademia(Martnez,2001).SegundoSwales(1990:
93),
Oartigoacadmicoou paper vistocomoum texto escrito (embora contenhafreqentemente elementos noverbais),geralmente limitado a alguns milhares depalavras, que reporta alguma investigaoconduzida por seu autor ou autores. Almdisso, o AA geralmente relacionar asdescobertas reportadas por ele a outrasreportadas em outros artigos e tambmpoder examinar assuntos tericos e/oumetodolgicos.Seroufoipublicadoemumperidicoou,menosfreqentemente,emumlivrodecoletneadeartigos(Swales,idem)4
.
Nessesentido,sobaticadoautor(ibidem:11),oobjetivodoAA discutir ou
apresentarfatosreferentesaumprojetodepesquisasobreumadadaquestoemuma
dadareadoconhecimento. Servindodebaseparamuitosoutros trabalhosemnvel
internacional(Hopkins&DudleyEvans,1988;Weissberg,1984;Bloor,1993)enacional
(Silva,1999;Hendges,2001;Nascimento,2002;Oliveira,2003)sobreaanlisedoAA,
Swales(1990:134)reproduzaestruturaretricabsicadessegnero,conhecidacomo
IMRD(Introduo,Metodologia,ResultadoseDiscusso),apartirdeHilletal.(1982).
Cada seo apresenta objetivos comunicativos especficos, tratando de
informaes ligadasa cadaestgio dapesquisa. A Introduoapresenta o tpicoda
pesquisaearevisodaliteratura,caracterizandosecomoumatransioentreumaviso
geraldadisciplinaeotpicoespecficoaserdiscutido.AseodeMetodologiadescreve
ospassosseguidos,osmateriaisouinstrumentoseosprocedimentosadotadosparase
chegaraosresultados.Aseguir,aseodestinadaaosResultadosapresentaasntese4Theresearcharticleorpaperistakentobeawrittentext(althoughoftencontainingnonverbalelements),usually limited toa few thousandwords, that reportsonsome investigationcarriedoutby itsauthor orauthors.Inaddition,theRAwillusuallyrelatethefindingswithinittothoseofothers,andmayalsoexamineissuesoftheoryand/ormethodology.Itistoappearorhasappearedinaresearchjournalor,lesstypically,inaneditedbooklengthcollectionofpapers.
-
dosdadoscoletados,recorrendo,tambmaexemplificaes.Porfim,naDiscusso,ha
avaliao e interpretao dos dados coletados em relao ao problema ou questo
levantadanaIntroduo.Nessemomento,humaoutratransio,destavez,dotpico
especficoparaumavisogeraldadisciplina(Swales,1990:137174).
Noentanto,essaestruturaapresentavariaesentreasdiferentesdisciplinasou
reas do conhecimento. Pesquisas ligadas anlise do AA nas diversas reas do
conhecimentocomoBiolgicas,Rurais,ExataseHumanas(Weissberg,1984;Hopkins&
DudleyEvans,1988;Bloor,1993),tmconstatadovariaesestruturaisdeacordocomo
contextodisciplinar,seguindoarelaodialticaentretextoecontexto,conformeapontado
porHalliday&Hasan(1989).Seguindoateoriahallidayana(idem:5),textoecontextoso
aspectosdomesmoprocesso:existeumtextoumaunidadedalinguagememuso,isto
,umaunidadesemnticaeexisteumoutrotextoqueoacompanha,ocontexto,que
servedeponteentreotextoeasituaonaqualesteocorre(ibidem).
Nesse sentido, se pretendemos identificar o objetivo de um texto, pertinente
investigarmosocontextoemqueesteusado.ConformeMottaRoth(2002c:78)observa,
reiterandoaidiabakhtiniana,oconceitodegneroreconhecidoporsuaestabilidade
lingsticaeporsuacapacidadedeseevidenciaremeventoscomunicativosrecorrentes
levandoaumaconvencionalidadedeusopressupeumainterconexoentrefatores
textuais(dalinguagem)econtextuais(dasrelaessociaisenvolvidas).
Seguindoessalinha,ocontextosocialdeumtexto,ouseja,oambienteemqueos
participantesinteragemdeformaaconstruirsignificado,podeserdefinidopelasvariveis
campo, relao e modo e pelas metafunes ideacional, interpessoal e textual da
linguagem.Maisespecificamente,cadamecanismodocontextorealizadoouexpresso
porumadeterminadafunodalinguagem(Halliday&Hasan,1989:2526).
Meurer&MottaRoth(2002:11)ressaltamqueaobservaodessestrsaspectos
oudessastrsvariveiscontextuaisnospossibilitasermosmaisoumenosarticulados
no uso da linguagem para alcanar determinados objetivos e nos apropriarmos e
expandirmosnossorepertriodegnerosdisponveisemnossacultura.nessesentido
quesepodeidentificaralinguagemenquantognero:aoservirdematerialidadetextuala
-
umadeterminadainteraohumanarecorrenteemumdadotempoeespao,alinguagem
seconstituicomognero(idem).
OgnerotextualanalisadonesteestudoAAE,damesmaformaqueoejournal,
ondepublicado,formatadoparaterestilosedesignsespecficos,assimcomooartigo
impresso,mascomtodososrecursosdisponveisnomeioeletrnico,quepermiteamplas
oportunidades de experimentao com formatos, fontes e outras caractersticas
inexistentesnomeioimpresso.
Issofazcomquepessoasdediferenteslugarestenhamapossibilidadedeentrar
emcontatocomsaberes, muitasvezes, dedifcil acesso,emdiferentes idiomas,bem
comopossibilitaformasmaisefetivasdeinterao:a)autorxleitor,atravsderecursos
comohiperlinksparaoemailoucurrculodoautordotextoeb)leitorxtexto,atravsde
hiperlinksexternos, quelevamsobrasconsultadaspeloautoraoescreverotexto,ou
aindaatravsdehiperlinksinternos,queauxiliamoleitoramovimentarsedentrodotexto,
ouseja,conexesque,quandoativadas,conduzemoleitoratabelas,grficos,notasde
finaldetexto,etc(Hendges,2001;MottaRothetal,2003).
Comoconseqncia,pareceimportantequeprofissionaisligadosreadeIngls
para Fins Acadmicos investiguem esses gneros emergentes, presentes no meio
eletrnico, como objetivo deverificaremcomosoconfigurados e comoas pessoas
podemutilizlosdeacordocomseusobjetivosespecficos.
Aseguir,naprximaseo,concentrominhadiscussonoprocessodepublicao
acadmicaeletrnica.
2.3Prticasdiscursivasepublicaoacadmicaeletrnica
Nocontextoacadmico,omeioeletrnicopoderepresentarumaoportunidadepara
alunosuniversitriosteremacessoaprticasdiscursivas/disciplinares,taiscomoleiturae
escrituradetextosacadmicos.
-
Nessesentido,emsetratandodocontextodepublicao impressaeeletrnica,
Willis(1995)sugerequeaevoluodomeioimpresso(outradicional)edoeletrnicoest
atreladaaduasquestescentrais:tempoecusto.Ointervalodetempoentreaconcluso
deumartigoesuapublicao,quenomeioimpresso,podelevarmeses,noeletrnico
bastantereduzido;eocustodaproduo,distribuioearmazenamentodeperidicos,
quenomeio impresso bastanteelevado,noeletrnico muitoreduzido.Segundoo
autor (idem), essas so duas das razes mais citadas como responsveis por uma
provvelmudanadosperidicosimpressosparaomeioeletrnico.
Noentanto,conformeMarcuschi(2001)ressalta,nossareaaindanodespertou
paraapublicaoacadmicaeletrnica.SegundoMarcuschi(idem),issodeverocorrer
embreve, pois, dadoocontexto tecnolgicoatual, imprescindvel queumareado
conhecimentotenhaperidicossistematicamenteeditadospelaviaeletrnica. Issono
significadizer,conformeoautoraponta,apenas lanarna Internet trabalhosnaforma
comoesto no papel, visto que a tecnologia das revistas eletrnicas est bemmais
avanada.
Tratase de uma forma muito diferente depublicao.Faloemrevistaseletrnicascomcaractersticas hipertextuais e no emrevistas atualmente impressas replicadaseletronicamente. Pois isto no seriasuficiente(Marcuschi,2001).
AquestolevantadaporMarcuschi(idem)reiteraaspectosconstatadosporMotta
Rothet al. (2003)quanto utilizaodosrecursosdisponveisnomeioeletrnicoem
peridicosbrasileiros.Conformeasautoras(idem)apontam,ascaractersticasdomeio
eletrnico(comohiperlinksdeudioe/ouvdeo, gifsanimados,etc.)sopoucoounada
exploradosemAAEspublicadosnoBrasil.Issosedeve,talvez, novidadequeomeio
representavistoquegrandepartedostextosreferenciadosemtrabalhosacadmicos,
inclusiveemAAEs,impressa,eresistnciadaacademiaagrandesmudanasnos
meiosdedivulgaotradicionalmenteconsagrados.
-
Emmeioa taisdiscusses,outrasquestes levantadasporautorescomoWillis
(1995),Holoviak&Seitter(1997),Marcuschi(2001)eStapleton(2003)dizemrespeito
qualidadedo material disponvel e aostatus da publicaoeletrnica emoposio
impressa.Willis(idem)observaque,apesardemuitosperidicospublicadosemCDROM
enaInternetdesempenharemumpapelimportanteemsuasreas,algunsmembrosda
comunidadeacadmicacontinuamavloscomosendomenosimportantesedemenor
statusdoqueosimpressos.
Assim como profissionais das diferentes reas, bibliotecas de universidades
assinamperidicos,emparte,porquesabemqueosartigospublicadosforamavaliadose
julgadosporoutros,sendo,portanto,eleitoscomoaquelesquepodemserlidos.Assim,
emumperododetransiocomoeste,asrealidadessociais,polticaseeconmicasiro
provavelmente ditar que alguns peridicos permanecero apenas no meio impresso,
outros,apenasnomeioeletrnico,eoutros,emambososformatos(Willis,1995).
Emrelaoaesseaspecto,Stapleton(2003)questionaseosaprendizesdelngua
estrangeira mais especificamente de ingls esto realmenteatentos s possveis
diferenasdequalidadeentreapesquisaimpressaeaeletrnica.Oautorressaltaquea
Internettemsetornadoumafontelegtimadepesquisa(epublicao)acadmica,mas
diferentementedas fontes de pesquisa impressa (comobibliotecas, cuja variedadede
mdia impressa, como livros e peridicos internacionais, vinha, at recentemente,
controlandooprocessodedisseminaoda informaoou, aomenos, tentandoatuar
comoumaespciedefiltrodequalidade).AntesdaexistnciadaInternet,osautores
precisavamdaseditoraspararealmenteterumachancedealcanargrandesaudincias
outeremseutrabalhoseriamenteconsiderado(idem:229).
StapletonobservaqueaInternetpassouaservistacomoumcontextodeconsulta
epublicaolegtimo,nosltimosanos,devidoapelomenosquatrofatores:1)acriao
de browsers (navegadorescomoInternetExplorer ou Netscape,porexemplo)amigveis
ao usurio; 2) a criao de mecanismos de busca altamente sofisticados; 3) o
desenvolvimento de softwares (programasde computador) para a criaode pginas
-
eletrnicasmaisamigveisaousurio;e4)ocrescentebarateamentodoscomputadores
edoacessoredemundial(idem:ibidem).
Essencialmente,essesdesenvolvimentosalteraramoperfil daInternet,conforme
observadonaltimadcadademdiaaltamentecomplexaeexclusiva,requerendoum
conhecimento especializado de hipertexto, para uma ferramenta disponvel e mais
facilmenteutilizvelemanipuladaporgrandesmassas(ibidem:230).Essafacilidadede
uso,noentanto,aliadaausnciadeumfiltrodecontroledequalidade,resultouemum
grande aumento na variabilidade da qualidade da informao disponvel. Uma busca
aleatria a partir de umadada palavrachave pode gerar milhares de resultados que
variamdepginaspessoais(personalhomepages)aperidicosrevisadoseavaliados(e
journals).
Considerando esse aspecto, seguindo Slaouti (2002), penso que papel do
professordeLnguasparaFinsAcadmicosoudeRedaoAcadmicadiscutircomo
alunoasnuancesdaInternetcomofontedeinformaonapesquisaacadmica.Segundo
aautora(idem),paraosalunosdeInglsparaFinsAcadmicos,umdoselementosmais
difceisdatransioparaavidaacadmicaaexpectativa,porpartedacomunidade
disciplinar,dequeoaprendizdemonstrehabilidadescrticaseanalticas.Aoadotaruma
abordagem que explore a Internet no contexto de ensino de Lnguas para Fins
Acadmicos,oqueencorajaumaconstanteavaliao,oprofessordelnguaspoderestar
fornecendoaoalunoumapropostadedesenvolvimentodapercepocrticanecessria
noensinosuperior(ibidem).
Nesse sentido, aps apresentar algumas questes ligadas ao processo de
publicaoacadmicanareadeLAesobreogneroAAE,discuto,naprximaseo,
algunsaspectossobreaconfiguraodaseodemetodologiadessegnero,focoda
anlise realizadaneste estudo, e comoalgumaspesquisas tmtratadoa questoda
metodologiadepesquisaemnossarea,especialmenteemrelaoadoisparadigmas
centrais: qualitativo e quantitativo. Essa discusso ir auxiliar a anlise dos dados
coletadosnestapesquisa,vistoquemuitosdosartigosselecionadosparaanlisereferem
seaessasabordagensemsuaseodemetodologia,conformediscutoaseguir.
-
2.4AseodemetodologiaemAAEs
Nestaseo,tratodaorganizaoretricaetextualdaseodemetodologiado
AAE,combasenadescrioesquemticapropostaporOliveira(2003),comoobjetivode
conhecerumpoucomaisessegneroecompreendermelhorsuaorganizaotextuale
retrica.
Seconsiderarmosumapesquisacomoumconjuntodeaesdeterminadasparao
propsitodeseinvestigar,analisare[criticamente]avaliarumadeterminadaquestoou
problemaemumadadareadoconhecimento(MottaRoth,2001b:67),veremosque,ao
relatladeformaescritaemumAA,aseoquedeverreceberumcertodestaque
a seodemetodologia. Issoporque nessaseoqueo pesquisador ir expor os
materiaisemtodosutilizadosnapesquisadeformaachegaraosresultados.
Dessaforma,aoenfatizaraseodemetodologiadoAA,refiromesuafuno
retrica,quepodeserdefinidacomosendoadedescreveromtododecoletaeanlise
dosdadoseosmateriaiseprocedimentosutilizadosparachegaraosresultados,com
maioroumenordetalhamento,dependendodoobjetodeestudo(idem:70).
Apesardeautores(Weissberg,1984;Hopkins&DudleyEvans,1988;Bloor,1993)
indicaremque, emreas comoEngenharia, Biologia, Fsica, Medicina e Zoologia, os
pesquisadoresutilizamestratgiasrelativamentesimilaresemrelaoredaodaseo
demtodos,Swales(1990:167)observaqueissonoocorreemtodasasreas.
Nessesentido,aoconstatarvariaesnaseodemetodologiamedidaque
varia o contexto disciplinar, conforme evidenciado na literatura, importante que o
professor de Lnguas para Fins Acadmicos oriente seus alunos no sentido de
reconheceremereconstruremoestilo apropriadoaosseuscamposdeestudo(Bloor,
1999:99).
Neste estudo, conforme apresentado no primeiro captulo, um dos objetivos
traados investigar a seo de metodologia em AAEs de LA com base nos
procedimentosmetodolgicosadotadosporpesquisadoresaoanalisaremdeterminados
-
tpicosouassuntosdarea.Noentanto,foinecessriorecorrerliteraturareferentes
abordagensqualitativaequantitativadepesquisaemLA,especialmenteporquealguns
artigosdocorpusanalisadofazemrefernciasexplcitasaelas,porexemplo,enfatizando
asperspectivasmica/tica(emic/etic)depesquisa.
Combase nesse aspecto, a leitura de textos (Chaudron, 1986; Henning, 1986;
WatsonGegeo,1988;MoitaLopes,1994;Davis,1995;Lazaratonetal.,1997;Ramanathan
& Atkinson, 1999), relacionados a essa discusso, foime bastante til na anlise e
interpretaodosdadoscoletadosnesteestudo.
ConformeMoitaLopes(1994:329)observa,adiscussosobrepesquisaemLA
contribuiparadefinila,nosentidodeestabeleclacomoreadeinvestigao,vistoque,
segundooautor,muitodaspesquisasqueseproduzem,noBrasil,sobortulodeLA,
ignoramastradiesdepesquisanasquaisseinserem.Nosetrata,conformeoautor
verifica,dedemarcarreasdeinvestigao(LingsticaversusLA),mas,sim,derefinar
modosde se realizar pesquisa nessecampo. Cabe aos que fazempesquisa emLA
discutir comosedaproduodeconhecimentonessarea,deformaadefinir suas
formasdeinvestigao(idem:329).necessrio,portanto,segundoostermosdoautor
(ibidem),queopesquisadordesenvolvaummetaconhecimentosobreseuprocedimento
de investigao, auxiliando, assim, no processo de desenvolvimento de sua rea de
investigao.
Nessesentido, diferentesautores emnvel nacional (Cavalcanti & Moita Lopes,
1991;MoitaLopes,1994;Telles,2002)einternacional(Chaudron,1986;Henning,1986;
WatsonGegeo,1988;Davis,1995;Lazaratonetal.,1997;Ramanathan&Atkinson,1999)
tmenfatizadocomosedaprticadepesquisaemLA,essencialmentevoltandosepara
osparadigmasqualitativoequantitativo.
A seguir, apresento algumas questes ligadas a essas duas tendncias,
constatandoaspectosqueasdiferenciam,relacionados visodanaturezadosobjetos
investigados, aopapel dopesquisador edospesquisadosna investigaoeaalguns
conceitos tericometodolgicos imbricados nessas tendncias. As informaes
apresentadasaseguirservirodesubsdioparaaanliserealizadanosartigosdocorpus,
-
auxiliandoa identificaodecaractersticasqualitativase/ouquantitativasnaseode
metodologia, atendendoao segundoobjetivo traadopara este estudo, investigar os
procedimentos metodolgicos adotados pelos autores ao investigarem determinados
tpicosdepesquisa.
2.4.1Pesquisaquantitativa
Apesquisaquantitativapodeservistacomoaquelaquecompreendeoclculo,a
manipulaoouoconjuntosistemticodequantidadesdedados,podendoenvolverouso
deestatsticadescritivacomomdias,porcentagens,desviopadroepropores,oupode
requerer o uso de estatstica inferencial como anlise da varincia e variedades de
estatsticacorrelacional(Henning,1986:702).
ReferindoseaautorescomoDavis(1995),Henning(1986)eMoitaLopes(1994),
Oliveira(2003:16)verificaque,porestarembasadaemumavisopositivistadecincia,a
pesquisaquantitativamarcadaessencialmentepelaobjetividade,nohavendoespao
para a interpretao e reflexo da realidade social por parte do pesquisador e/ou
pesquisados.Segundoaautora(idem:1617),
Arealidadereduzidaaumacausapossvelde ser observada, medida e padronizada;pesquisadorepesquisadosoconsideradosindependentes um do outro; o papel dopesquisador investigar a causa de umfenmenopormeiodesistemticosmtodosexperimentaiseestatsticos,sendoqueelemesmo discute e interpreta os resultadosobtidos, sem considerar a viso dospesquisados.
Nesses termos, as pesquisas quantitativas assumem o que Davis (1995: 433)
classificacomoumaperspectiva etic doprocessodecoleta,anliseeinterpretaodos
-
dados.Nessecaso,opesquisadorobservaumdadofenmenopeloladodefora,ou
seja, em busca de uma descrio rica (rich description) das aes realizadas pelos
participantes(Davis,1995:434),elesedistanciadoquepesquisadodeformaareduzir
sua interferncia aomximo (Cameronet al, 1992: 5). Nessesentido, idealmente, os
pesquisadores quantitativos produzem representaes objetivas da realidade, dado o
compromisso positivista inerente a tal abordagem em estudar a freqncia, a
distribuioeapadronizaodofenmenoobservado(idem:6).
Abordagens e mtodos quantitativos em pesquisas ligadas rea de LA vm
tambmsendodiscutidosporpesquisadores(Lazaratonetal.,1997:64)nosentidode
verificarseoconhecimentoemmtodosquantitativosrealmenterelevanteaoslingistas
ousdemaisCinciasHumanas.ConformeLazaratonet.al(idem)sugerem,apesardea
abordagemqualitativaparacoletaeanlisededadosserimportanteparaasdiferentes
questesemLA,arealizaodeestudosdirecionadosamtodosquantitativostambm
necessria, especialmenteporqueessasduasmodalidadespodemcoocorrer emuma
mesmainvestigao.Umestudoquantitativopodeutilizartcnicasqualitativas(apesarde
oopostonosertocomum),masdeformaindependente,ouseja,comoobjetivode
responderdiferentesquestes(Davis,1995:435).
Conforme a literatura (Chaudron, 1988; Moita Lopes, 1994; Davis, 1995;
Ramanathan & Atkinson, 1999) tem evidenciado, a pesquisa qualitativa tem recebido
crticasnosentidodenoserrigorosaeseusdadosnopoderemserreplicadoscomo
naspesquisas quantitativas. Avisodequeos resultados depesquisas quantitativas
podemsergeneralizadosaoutrosestudos,emoposiotendnciaqualitativa,conforme
Ramanathan&Atkinson(1999:55),aindaforte.
Em sentido tcnico, segundo Ramanathan & Atkinson (idem), o termo
generalizao (generalizability) parece indicar que existem fenmenos uniformes de
importnciaeducacionalque,umaveztratados,podemsermedidosemfreqnciaou
nvelemumaescalacomum:
-
Essas medidas, feitas umaou mais vezesentrevriassalasdeaulaoulaboratriose,freqentemente, por diferentespesquisadores, podem ser comparadasdiretamente,neutralizandoseuscontextosdeocorrncia.5
Umadasrazesparaacrticaquantoaorigordaabordagemqualitativaeaoseu
poderdegeneralizaopodeestarrelacionadaaofatodiscutidoporMoitaLopes(1994:
331), deque,provavelmentedevido crenadequeofazercientficodevapautarse
pelosmesmosprincpiosqueorientamasCinciasNaturais,possaserpossvelconstatar
umaprefernciapelaposiopositivista,considerada,muitasvezes,amaneiralegtima
deseproduzircincia(idem).
Conformeapontadonaliteratura(Cameronet.al,1992;Davis,1995;MoitaLopes,
1994;WatsonGegeo,1988),noentanto,oestudodousodalinguagempeloserhumano
tornaria inadequado o uso dos mesmos procedimentos empregados nas Cincias
Naturais,vistoqueoobjetodeinvestigao,nasCinciasSociais,incluialinguagem.Em
umarelaodialtica,alinguagempossibilitaaconstruodomundosocialecondio
paraqueeleexista(MoitaLopes,1994:331).
2.4.2Pesquisaqualitativa
SegundoCameronet.al(1992:5),asubjetividadedopesquisadornodeveser
vista como um dano, mas como um elemento nas interaes humanas que
compreendemoobjetodeestudonareadeLA.Contrariamentedescriorica(rich
description)dasaesdosparticipantes,presentenapesquisaquantitativa,cujofocoa
descrio das aes desempenhadas pelos participantes, sem o envolvimento do
pesquisadoresemavisodossujeitos,oobjetivocentraldatendnciaqualitativaobter5Suchmeasurements,takenonceormoreacrossvariousclassroomsorlaboratoriesandoftenbydifferentreearchers,canthenbedirectlycompared,theirspecificcontextsofoccurrencehavingbeenneutralizedorrenderedbasicallyirrelevant.
-
umadescriodensa(thickdescription)docontextoinvestigado,deformaacapturarparte
da singularidade que caracteriza cada fenmeno cultural, sob a perspectiva dos
participantesenvolvidosnessesfenmenos(Ramanathan&Atkinson,1999:56).
Telles(2002:102)observaque,nareaeducacional,atualmente,osestudostm
privilegiadoabordagensqualitativasdepesquisa,vistoquepesquisadoreseeducadores
tmseinteressadopelanaturezadosfenmenoseducacionaisemdetrimentodenmeros
que,muitasvezes,escondemadimensohumana,apluralidadeeainterdependncia
dosfenmenoseducacionaisnaescola.
Referida como a pesquisa que adota procedimentos noquantitativos, como
entrevistas,estudosdedirioseanlisedodiscursoemsaladeaula(Davis,1995:432),a
pesquisa de cunho qualitativo temsido tratada comosendo sinnimode etnogrfica,
naturalstica e interpretativista (WatsonGegeo, 1988: 576). No entanto, ao enfatizar a
naturezaemoposioaoclculo,apesquisaqualitativaumtermoguardachuvapara
vrias abordagens de pesquisa incluindo etnografia, estudos de caso, dentre outros
(idem).
Umadasgrandesdivergnciasentreapesquisaquantitativaequalitativaquea
ltimaconsideraarealidadecomosendosocialmenteconstrudaeopapeldopesquisador
sendoodeexplicitaressarealidadeaolongodoprocessodeinvestigaodeseuobjeto
deestudo(Oliveira,2003:1718).
Alm de considerar o contexto sciocultural, outra divergncia apontada na
literatura(Davis,1995:433434)entreapesquisaquantitativaeaqualitativaquealtima
adotaumaperspectiva emic (oumica)depesquisa,isto,opesquisadorcontacoma
viso dos participantes do contexto estudado, considerando o ponto de vista desses
participantesnaconduoeinterpretaodeseusresultados,emoposioperspectiva
eticadotadanapesquisaquantitativa,naqualopesquisadorobservaocontextodefora
dele.
Uma terceira divergncia tambmapontadapor Davis (idem: 439444) trata da
naturezacclicadosestudosqualitativos,isto,daquestodeaanliseeainterpretao
dosdadosseconstiturememumprocessoccliconapesquisaqualitativa.Segundoa
-
autora, a teoria no apenas guia a pesquisa como tambm usada para auxiliar a
interpretaodosdados,constituindooqueaautorachamadegroundedtheory,outeoria
desenvolvida a partir dos dados, caracterizando o princpio de induo. Na pesquisa
quantitativa, por outro lado, os dados so analisados a partir de uma hiptese
estabelecidapela teoria, caracterizando o princpio da deduo (ver tambmOliveira,
2003:19).
Abordagensqualitativas,conformediscutidoporTelles(2002:114),podemfornecer
instrumentosparaoprofessorrefletirsobresuaprticaeconstruirsignificadosrelevantesa
ela.Taisabordagenspartilhamumaconcepodeverdadecomoalgococonstrudopelos
agentesdapesquisa(opostaaumavisopositivista,emqueaverdadeestlforaecabe
aopesquisadorencontrla),ebuscamdescrevereexplicarosfenmenoseducacionais
dopontodevistadosparticipantes.
Vistoquealinguagemsproduzidaouinterpretadaemumdadocontextosocial,
pareceumtanto inapropriado,seguindoCameronet. al (1992:12), utilizar unicamente
mtodospositivistasobjetivosemumestudoda linguagem.Sobaticaqualitativade
pesquisa,portanto,nosepodeignorarosconceitos,descrieseinterpretaesqueos
participantesouatoressociaistmsobrearealidadesendoinvestigada.
Almdisso,conformerecmapresentado,apesquisaqualitativaumtermoamplo
queenglobavriasabordagensdepesquisa,incluindoapesquisaetnogrfica,conforme
alguns artigos analisados no corpus evidenciam. Umapesquisa etnogrfica pode ser
entendidacomooestudodocomportamentodaspessoasemcontextosnaturais,com
foco na interpretao cultural desse comportamento (WatsonGegeo, 1988: 576)6.
WatsonGegeo(idem)apresentaseisprincpiossubjacentesaoestudoetnogrfico,que
representam pontos de partida na discusso acerca desse mtodo e da pesquisa
qualitativademodomaisamplo:
6Ethnographyisthestudyofpeoplesbehaviorinnaturallyoccurring,ongoingsettings,withafocusontheculturalinterpretationofbehavior.
-
Foco no comportamento de grupos, isto , apesar de no excluir as
diferenas individuais para o estabelecimento da variao no
comportamento,apesquisaetnogrfica,segundoaautora(ibidem:577),
ocupasecomocomportamentocultural,compartilhado.
Naturezaholstica,emquequalqueraspectoculturaloudocomportamento
deveserdescritoeexplicadoemrelaoaosistemadoqualfazparte.
Ateoriaguiaainvestigaomasnoacontrola,vistoquecadapesquisa
deve ser entendida emseus prprios termos, embusca deuma teoria
surgidaapartirdosdadosinvestigados(groundedtheory).
Perspectivas emic/etic: quanto a este aspecto, Ramanathan & Atkinson
(1999:48)observamqueh umconsensodequeoobjetivocentral da
pesquisaetnogrficateracessoperspectivacultural(mica)domembro
ouparticipantedocontextoinvestigado.Noentanto,WatsonGegeo(1988:
581)sugereque,umavezobtida,talperspectivapodeserestendidapor
meiodaperspectivaetic,deformaasefazercomparaesentrediferentes
contextos.
Apesquisa etnogrfica, por natureza, comparativa. Dadas as crticas
acercadanogeneralizaodaspesquisasqualitativas,aautora(idem)
sugerequeaidiadecomparaoabstrata,aopassoquenopossvel
compararduasculturasespecficasdetalheadetalhe;porm,emumnvel
mais amplo, similaridades aparecem. A teoria que emerge dos dados
(groundedtheory),potencialmente,permitetransferir(oucomparar)teorias
constatadasemumestudo,aoutro(Davis,1995:440).Onus,segundo
Davis(idem),estnoleitor,queirdeterminarseecomoateoriadescrita
emumestudoaplicaseaoutrasituao.Essadeterminaofeitacomo
acmulodeevidnciaempricaacercadasimilaridadecontextualentreas
duassituaes.
Concepo social da linguagem, que perpassa os cinco princpios
anteriores: os indivduos so socializados em discursos especficos ou
-
formadecrerecomportarsequeincluemnoapenassuasexperinciasde
infncia,mastambmaquelasdeseuscamposdeinteresse,emoposio
Aquisioda linguagem,queprev linguagemcomosendo internaao
indivduo.
Aoobservaressesseisprincpiosrelacionadostendnciaqualitativa/etnogrfica
depesquisa,Ramanathan&Atkinson(1999:49)sugeremqueapesquisaqualitativade
baseetnogrficasejaentendidacomoumaformadepesquisaquepretendedescreveras
prticassociaisdosindivduossobumaperspectivamica.Dessaforma,pretendetrazer
diferentestiposdedadosparasustentartaldescrio,soboprincpiodequeperspectivas
mltiplaspossibilitamumadescriomaisvlidadascomplexasrealidadessociaisdoque
dadosnicospoderiamporsis(idem:50).
Ao tentar esclarecer quais soecomosecaracterizamosdois paradigmasde
pesquisaatualmentediscutidosemLA,eemcontextoseducacionaisdemodogeral,
importante ressaltar que eles no esto necessariamente em uma posio de
competionodiscursoacadmico;aocontrrio,diferentesparadigmassousadoscom
diferentes propsitos (Davis, 1995: 448). Conforme Chaudron (1986: 710) verifica, as
pesquisasemesobresaladeauladesegundalnguaoulnguaestrangeirailustrama
interdependnciaeumavirtualinseparabilidadedaspesquisasqualitativasequantitativas.
Essadiscusso,almdeauxiliar aanlisee interpretaodosdadoscoletados
nesteestudo,quantoaosprocedimentosmetodolgicosadotadosemAAEsdeLA,parece
ilustrar uma virtual necessidade de o profissional engajado no processo de
ensino/aprendizagemdelnguasinformarsearespeitodemetodologiadepesquisa.
ConformeTelles(2002:95)constata,aparentemente,aindahoje,crsenomitode
quepesquisasrealizadanauniversidadeequeaescoladevesermeroreceptculo
dosresultados:auniversidadeproduzoconhecimentoeaescolaoutiliza.Segundoo
autor,umarelaodepoderedependnciaentreaquelequesabeeaquelequenosabe
instaurada no sentido de que, mesmo em situaes em que a escola procura a
universidade,asituaodeumatentativaderesoluodeproblemas.Emambosos
-
casos,auniversidadeassumiriaaposioderetentoradosaberetentarpassloaos
professoreseescola.
Esse contexto, conforme apontado pelo autor (ibidem), parece indicar uma
imprescindvel necessidade de que os professores, bem como demais profissionais
envolvidoscomaprticapedaggicanasescolas,tenhamumaperspectivageraldelinhas
de pesquisa que propiciem seu prprio desenvolvimento profissional e tambm o
desenvolvimentodaescola(idem:96).Conformeoautoraponta,
Hvriasmodalidadesdepesquisaquenosauxiliamamelhorentenderaprticadeumprofessor, de sua sala de aula e de suaescola. Tais modalidades podem levarpesquisadoreseprofessoresproduodeconhecimentos relevantes tanto para ocontextoacadmicocomoparaocontextodaprtica. O mtodo de pesquisa a serescolhidodependerdoobjetoouquestoaser estudada. Por exemplo, se o professordesejar saber a freqncia de visitas dospaisescoladentrodosvriosperodosdoano letivo, provavelmente ter que utilizarmtodos quantitativos, tais como anliseestatsticaefatorial,decovariao,etc.Seeledesejarentenderarelaodoalunocoma leitura, ser mais apropriado utilizarmtodosqualitativosdeinvestigao(ibidem:101).
Com base nas palavras de Telles (2002), a abordagem ou metodologia a ser
adotadapelopesquisadorserresultantedoobjetivooufocodapesquisa,bemcomode
consideraestericofilosficasqueestetemadotadoconscienteouinconscientemente.
Agrande tendncia dapesquisaemsala de aula de lnguasnos temposmais
recentes, talvez, esteja relacionada questo do professorpesquisador, em que o
professor deixa seu papel de cliente ou consumidor de pesquisa, realizada por
pesquisadoresexternos,eassumeopapeldepesquisadorenvolvidoefetivamentecoma
-
investigaocrticadesuaprpriaprtica(MoitaLopes,1996:89).SegundoMoitaLopes
(idem),
Acreditoquesevercadavezmaispesquisarealizada por professores de lnguasapresentada em seus prprios foros dediscusso e em congressos, contribuindoinclusiveparagerarteoriassobreoprocessode ensino/aprendizagem de lnguas (idem:ibidem).
Conformeevidenciadonostermosdoautor,humatendnciaouumincentivo
divulgaodepesquisasrealizadaspeloprofessor, ouseja, um incentivoparaqueos
professores investiguem questes imediatas sua prtica docente e publiquem ou
apresentemsuas descobertas a seus pares, o que contribuir para o enriquecimento
tericodapesquisaemLA.
Dessaforma,adiscussorealizadanessaseofoimebastantetil,noapenas
como uma maneira de informar teoricamente a anlise realizada neste estudo, mas,
especialmente,por termeauxiliadoarefletir acercada importnciadeoprofessorde
lnguas,demodogeral,seguindoseusobjetivosespecficos,terumamaiorfamiliaridade
compesquisa,principalmente,devido complexanaturezadenossareadeatuao.
Nesse sentido, penso que, ao conhecermos um pouco mais sobre metodologia de
pesquisa, poderemos ter nossa prpria prtica como foco de reflexo e pesquisa
(Cavalcanti&MoitaLopes,1991:142).
Apsdiscutir algunsaspectostericossobreaseodemetodologiaemAAEs,
enfatizandotambmduasdastendnciasatualmentediscutidasquantometodologiade
pesquisaemLA,evidenciadasnosartigosanalisados,apresento,aseguir,aorganizao
retrica da seo de metodologia em AAEs, seguindo a representao proposta por
Oliveira(2003).
2.4.3AorganizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs
-
Conforme referido anteriormente, um dos trabalhos diretamente relacionado
anlisepropostanesteestudo,odeOliveira(2003).Aautora,aoanalisar39AAEsda
rea de LA 7, prope uma representao esquemtica da estrutura da seo de
metodologiadestegnero,conformeapresentonaFigura2.1.
_____________________________________________________________
MOVIMENTO1Descriodocorpusouparticipantesdapesquisa
PASSO1Especificaodotamanhodaamostra(tamanhodocorpusounmerodeparticipantes)
PASSO2AEspecificaodoperfildosparticipantes(sexoeidade)
PASSO2BEspecificaodonveldeescolaridade(estudantes,professores,etc...)
PASSO2CEspecificaodasubreaaqueosparticipantespertencem
PASSO2DEspecificaodonveldeconhecimentodosparticipantes
nalnguaoutpicoqueestsendoinvestigadopelapesquisa
OU
PASSO3Especificaodocorpusselecionado
MOVIMENTO2Descriodosmateriaisouinstrumentosutilizadosnacoletadosdados
MOVIMENTO3Descriodosprocedimentos
MOVIMENTO4Descriodaanlisedosdados
FIGURA 2.1 Representao esquemtica da estrutura da seo de Metodologia(Oliveira,2003:86)
O primeiro movimento, Descrio do corpus ou participantes da pesquisa,
geralmenteaprimeirainformaoaaparecernaseo;estrelacionadoaomomentoem
que o autor apresenta o tamanho do corpus investigado ou o nmero de pessoas
envolvidas na pesquisa (usando expresses como X subjects were selected, X
participantstookpart,thesample/populationconsistedofX).Emseguida,freqentemente,
oautor doartigoapresentaoperfil dosparticipantes(sexo, faixaetria), seunvelde
escolaridade(estudantes,professores)easubreaounvelaquepertencem(Inglspara7Coletadosemcincoejournals:1)LanguageLearningandTechnology(LLT);2)ReadingOnline(ROL);3)TeachingEnglishasaSecondorForeignLanguageEJournal (TESLEJ); 4) ReadingMatrix(RM); e 5)JournalofAsybchronousLearningNetworks(JALN).
-
Fins Acadmicos (EAP), Ingls comoLnguaEstrangeira (EFL)). O autor pode ainda
descrever o nvel de conhecimento do participante, isto , por meio de testes de
proficinciaouquestionriosemgeral,emquemedidaoparticipanteconhecealngua
alvoouotpicoaserinvestigado.
O segundo movimento, Descrio dos materiais ou instrumentos utilizados na
coletadosdados,conformeinvestigadopelaautora(ibidem:88),tratadadescriodos
materiais ou instrumentos utilizados para realizar a pesquisa como, por exemplo,
programas de computador j existentes no mercado ou criados pelos autores,
questionrios,gravaesemudioe/ouvdeo,prtestesepstestes.
Oliveira(2003:88)ressaltaque,apesardeessesinstrumentosseremobservados
nas pesquisas qualitativas e quantitativas do corpus analisado por ela, os estudos
qualitativosapresentamumanfaseeminstrumentoscomonotasdecampo,entrevistas,
documentos,observaes,dentreoutros,reiterandodeclaraesdeoutrosautorescomo
Davis (1995) e Telles (2002) sobre esse aspecto, conforme anteriormente explicitado.
Esses instrumentosseriamempregadosdeformaaanalisarocontextodeformamais
detalhada, buscando opinies dos participantes sobre esse contexto, relacionandose,
portanto,aumaperspectivamica(Davis,1995).
O terceiro movimento, Descrio dos procedimentos, da mesma forma que o
Movimento2,tendeasermarcadopelousodavozpassiva(Oliveira,2003:90),atravsde
itens lxicogramaticais como were asked/required/foi/foram solicitado(s), was/were
told/foi/foram dito(s)), was/were given/foi/foram dado(s). Esse movimento, no corpus
investigadoporOliveira(idem),pareceseromaisenfatizadonosestudosdetendncia
qualitativa,sugerindoatendnciadosautoresadeptosdomtodoqualitativoembuscar
complementara realizaodapesquisapormeiodadescriodocontextonoqual a
pesquisaseinsere(ibidem).Paratanto,essesautoresutilizammateriaisouinstrumentos
que visem no apenas testar, categorizar ou comprovar os resultados, mas tambm
coletarinformaessobreosignificadodoqueestsendoinvestigado(MoitaLopes,1994:
334).
-
Oquarto eltimomovimento identificadoporOliveira (idem:86), Descrioda
anlisedosdados,geralmenteofereceindciospormeiodasescolhaslxicogramaticais
da tendncia da pesquisa (qualitativa ou quantitativa) a ser adotada na anlise e
interpretaodosdados.Aautora(ibidem:91)verificaque,emmaisde60%dostextos
analisadosporela(cercade24artigosdentreos39estudados),taisindcioscostumam
ser apresentados em uma subseo intitulada Data analysis ou, de forma menos
freqente,soverificadosnopargrafodeaberturadaseodosresultados.
No entanto, apesar de a macroestrutura dos AAEs em LA apontar, conforme
Oliveira (2003), para a utilizao desses quatro movimentos retricos, em ambas as
tendncias investigadas pela autora qualitativa e quantitativa , parece haver uma
nfase,porpartedoautordoartigo,emumdadomovimento,dependendodatendncia
utilizada.
Na pesquisa quantitativa, parece haver uma nfase, por parte do autor, na
descriodosmateriaisouinstrumentoscomoformadedemonstrarsuacapacidadeem
desenvolvereutilizarinstrumentoseficazes,gerandoresultadosestatsticoscomumalto
ndice de confiabilidade e poder de generalizao. Na pesquisa qualitativa, a nfase
parecesecentrarnadescriodetalhadadosprocedimentoscomoformadefornecera
descriodocontextonoqualainvestigaoseinsere.
Quantoanliserealizadanesteestudo,adiscussotericarealizadairauxiliar,
conforme j mencionado nesta seo, na identificao e interpretao de tendncias
metodolgicas(qualitativae/ouquantitativa)adotadasnosAAEs,vistoqueosautoresde
algunsdessesartigosfazemrefernciasexplcitasataisabordagens.
Dessa forma, aps revisar trabalhos relacionados linha terica em que este
estudoest inserido,discutindoquestessobregnerostextuais,gnerosacadmicos,
publicaoacadmicaequantoaogneroinvestigadonestapesquisaoAAEesua
seo de metodologia, apresento, na seo 2.4.3, questes sobre o componente
interpessoaldessegnero,aspectotambmenfatizadonesteestudo.
-
2.4.4OpapeldoautornaseodemetodologiaemAAEs
OAA,apesardeservisto,geralmente,comoimpessoal,caracterizadopelousoda
voz passiva, vem sendo estudado (Martinez, 2001) quanto ao seu componente
interpessoal, especialmente no que diz respeito forma como o autor explicita sua
pessoalidade.
GilbertandMulkay(apudSwales,1990:123)discutemofatodeque,emalguns
relatosevidenciadosnosAAs,osdadostendemaserapresentadoscronologicamente,
semrefernciaaoenvolvimentodoautorcomapesquisarealizada.Segundoosautores
(idem),emboraocontedodoAAdependadasaesejulgamentosdosautores,alguns
textossoescritosemumestiloimpessoal,commnimasrefernciasexplcitassaese
julgamentos dos autores. Nesse sentido, ao adotar tais mecanismos lingsticos, os
autoresdessesAAsconstroemtextosemqueomundofsicoparecefalareagirporsi
mesmo.
AestruturaodoAAemsees(IMRD),conformeaponteinaseo2.2,sugere
que,naDiscussodosdados,osautoresorientemsuapesquisanosentidoespecfico
geral,ouseja,relacionemdescobertaseresultadosdainvestigaocomocontextomais
amplodepesquisa,revelandoumaaparentenecessidadedeopesquisadorintegrarsua
pesquisadisciplina.Martnez(2001)aponta,que,enquantoautor,opesquisadordeve
apresentarasignificaoecontribuiodesuapesquisadisciplina,porumlado,e,por
outro,apelarmodestamenteaeditoreseleitoresseusparesdepesquisaembuscade
aprovaoeaceitao.EssanaturezaparadoxaldoAA,conformeaautora(idem)sugere,
relacionada no apenas motivao de polidez e proteo da autoimagem (face
saving),mastambmaocomplexopapeldasrelaesentreopesquisadorcomoautor,
seusparescomoleitoreseacomunidadeacadmica.
Essesextremostornamotexto,emalgunsmomentos,altamenteimpessoale,em
outros, altamente pessoal, conforme apontado por Martnez (2001). A autora (idem)
observaqueatenso,noAA,pareceaumentarconformeodesenvolvimentodotexto:de
formaspessoaisnaIntroduoparaconstruespassivasesemagentenaMetodologia
-
apesardeosagentes(osautores/pesquisadores)serempercebidosdevidoaousode
processos materiais que possuem um agente obrigatrio e construes relacionais
altamenteimpessoais,naseodeResultadoseDiscusso.
Nessestermos,Kuo(1998)apontaque,lingisticamente,osobjetivoscomunicativos
doautorpesquisadorsorealizadosoumaterializadospormeiodeestratgiasdepolidez,
estruturaodainformaoeutilizaodeestruturaslxicogramaticaiscomopronomes
pessoais.Conformeoautor(idem),autilizaodepronomespessoaisdefineourevela
relaesinterpessoaisentreosindivduosenvolvidosnainterao(autorxleitor;leitorx
texto).Oautor(idem)sugerequeaescritaacadmicadepende,defato,deelementos
interacionaisquesuplementamainformaodotextoealertamoleitorquantoopinio
do autor a respeito de si prprio, sua relao comos leitores e coma comunidade
disciplinaraquepertence.
Fortanet (2003), que tambm investiga essa questo, observa que, de fato, a
utilizaodepronomespessoais,especialmenteprimeira(I/We)esegundapessoa(You),
soindicadoresimportantesdecomoaaudinciaconceitualizadapeloautor/falanteno
discurso acadmico. No entanto, conforme a autora (idem) verifica, nem sempre a
refernciasemnticadesseselementosclara,principalmentequantoaosignificadodo
pronome ns (we), que pode ser inclusivo (incluindo leitor e autor) ou exclusivo
(considerandoapenasoautor).Essavaguido,portanto,nostermosdaautora,levanos
aentenderquecabeaoleitorinferirarefernciasemnticadessepronome,considerando
ocontextoemqueempregado,vistoque,dependendodocontexto,almdareferncia,
podevariartambmonveldeproximidadedoautorcomotextoecomoleitor.
Noentanto,almdautilizaodepronomespessoaisemprimeirapessoa,opapel
doautor,emumAA,podeserpercebidoeanalisadotambmdeacordocomosprocessos
empregadosnotexto(funoideacional).SegundoHalliday(1985:101),umapropriedade
fundamentaldalinguagempossibilitaraconstruodeumaimagemmentaldarealidade
deformaadarsentidoaoqueaconteceexternaeinternamenteaohomem.Conformeo
autor(idem:121),afunoideacionaldalinguagem,afimdedarsentidoaoqueacontece
internaeexternamenteaohomem,responsvelpelarepresentaodomundoatravs
-
da linguagem manifestandose no apenas nela mas tambm em categorias como
transitividadeerelaeslgicas(ver,tambm,Cabral,2002).Nessesentido,transitividade
podeser entendidacomoo sistemagramatical queo falante/escritor lanamopara
construir a experincia humana nos eventos comunicativos. Ela constri o fluxo da
experinciaemsentidosepalavraserepresentadanaconfiguraodeprocessosque
envolvamparticipantese,eventualmente,circunstncias(Halliday,1985:101).
Nesse sentido, aspectos ideacionais (por meio da utilizao de processos) e
interpessoais(combasenousodepronomespessoaisde1e2pessoa)podemser
associadoscomorealizonesteestudo,aoanalisaraseodemetodologiadeAAEs,
natentativadeentendermosemquemedidaosautoresdeAAEsexplicitamseupapelao
relatarosprocedimentosmetodolgicosutilizadosemsuainvestigao.
Osconceitosdeprocesso,participanteecircunstnciasocategoriassemnticas
queexplicam,de formageral, comoos fenmenosdomundo real sorepresentados
como estruturas lingsticas. Os processos referemse aos grupos verbais, os
participantesaosnominais,eascircunstncias,aosadverbiais.Seguindoaclassificao
propostaporHalliday(1985:101),osprocessospodemserdivididosem:1)materiais;2)
mentais;e3)relacionais.Almdestes,trsoutrosintermediriostambmsoutilizados:
4)verbais;5)comportamentais;e6)existenciais.Emgramticafuncional,cadaprocesso
envolveumtipodeparticipanteespecfico.
Martinez (2001: 227), ao constatar aspectos ligados transitividade em AAs,
constatou uma aparente tenso por parte dos autores entre a necessidade de
apresentarasdescobertasobjetivamenteeanecessidadedepersuadirosleitoresquanto
validade dessas descobertas. Segundo a autora (idem), os pesquisadores utilizam
diferentesformasdeapagamentodosujeito/agente,eissomanifestaatensoentrea
necessidadedoautordedistanciarseouaproximarsedotexto.
Esseaspectoreiteraalgunsdosfatosqueconstateinesteestudo,comoautilizao
deconstruespassivas,associadasaousodeprocessosmateriais,indicandoque,na
seodemtodos,emcertosmomentos,osautoresevitamrealizaravaliaesexplcitase
-
pessoais,apresentandoosdadoseasaesrealizadasomaisobjetivamentepossvel
(conformediscutonocaptulo4,destinadoaosResultadosdestapesquisa).
Questescomointromissoeidentidadeacadmicapodemestarrelacionadasa
este aspecto, visto que um ponto central interao entre autor x leitor envolve
negociaesinterpessoaisemqueosautoresprocurambalanceardeclaraessobrea
significao, originalidade e verdade de seu trabalho contra as convices de seus
leitores(Hyland,2001:550).
Autilizaode1pessoa(we),conformeHyland(idem),emumrelatodepesquisa,
podeservistacomoumaquestodeconstruodeidentidadeacadmicado(a)autor(a).
Poroutrolado,podeserentendidacomoumaintromissodo(a)autor(a)emseutexto,
aoexpressaratitudesafetivas,tambm,pormeiodecomentriosavaliativos,marcadores
metadiscursivosinterpessoais,etc.
AoinvestigararazoporqueosautoresdeAAsincluemosleitoresemseudiscurso
pormeio dautilizaodens inclusivo, Hyland(idem:554)observadois objetivos
retricos:1)deformaaatenderasexpectativasdeinclusodoleitor,esteincludocomo
umparticipanteemumdadoargumento,pormeiodepronomesinclusivoseinterjeies,
com efeito de solidariedade interpessoal e parceria disciplinar; e 2) quanto ao
posicionamentoretricodaaudinciaoautorreconheceopapeldoleitorcomocrticoe
potencialnegadordasdeclaraesapresentadasnotexto:oautoraproximaoleitordo
discursoempontoscrticosdeformaaorientarsuasinterpretaesatravsdeperguntas
ouapeloaosensocomum(Hyland,2001:555).
Combasenessasconstataes,parecepossvelinferirque,sobaticadeHyland
(idem), o fato de o autor apelar ao leitor, atravs de diferentes mecanismos lxico
gramaticais,engajandooemseudiscurso,no isentodeintenoretrica,vistoque
o(a)autor(a),nostermosdeHyland(idem),precisarecrutarsuasaudinciasdeacordo
com seus objetivos e posies, e parte disso envolve estabelecer uma identidade
(persona) aceitveleumaatitudeapropriada,especialmenteparaseus leitores.Dessa
forma,aescritaacadmicapressupeumpapelativoporpartedoleitor.Talengajamento
importantenoapenascomoelementoconstitutivodoargumentodo(a)autor(a),mas
-
tambmdeseucontextodisciplinar(Hyland,idem:571),principalmenteporque,dadoo
carter social da escrita, o(a) autor(a) deve desempenhar habilidades de engajarse
apropriadamentecomseuleitor.
Esta seo tratou, portanto, da reviso terica que considero relevante a este
estudo. Discuti questes ligadas a gneros textuais, linha emque este trabalho est
inserido,aoAAEe publicaoeletrnica,almdequestesespecficas seode
metodologia do AAE. Conforme apontei, a seo de mtodos desse gnero textual
apresentaespecificidadestericometodolgicas,dependendodatendnciaqualitativa
ou quantitativa de pesquisa adotada pelo autor, aspecto discutido no captulo 4,
destinadoaosResultados.
Dessamaneira,apsapresentartrabalhostericosrelacionadossquestesque
considero importantes na anlise dos dados, apresento, a seguir, no captulo 3, a
Metodologia adotada neste estudo, ressaltando o contexto de anlise, o corpus
selecionadoparaoestudoeoscritriosadotadosnoprocessodecoletaeanlisedos
dados.
-
CAPTULO3METODOLOGIA
Nestecaptulo,apresento,emprimeirolugar,adescriodocontextodosAAEsque
compemocorpus(seo3.1)destapesquisa,tendoemvistaainvestigaodecomose
configuraomeiodepublicaoecomosoconfiguradososejournalsselecionados.Em
segundolugar,apresentooscritriosadotadosnaseleodocorpus(seo3.2).
3.1ContextodosAAEs
ConformeantecipadonocaptulodeRevisodeLiteratura(seo2.1),oscritrios
de anlise contextual adotados neste estudo esto calcados no valor cultural de um
determinadogneroparaacomunidadequeoproduzeconsome(Swales, 1990: 35).
Nesse sentido, a anlise contextual, aqui, se d em dois momentos. Inicialmente,
apresento(seo3.1.1)adescriodocontextoemqueogneroAAEestinseridoo
peridicoacadmicoeletrnicoou ejournal combasenasinformaesapresentadas
em sua pgina eletrnica (homepage). Em segundo lugar (seo 3.1.2), realizo uma
sondagemdessecontextopormeiodeentrevistasviaemailcomosautoresdosartigos
do corpus por serem membros da comunidade disciplinar especfica em questo e,
portanto, profissionais efetivamente vinculados s prticas discursivas de consumo,
produoepublicaodognero.
3.1.1Descriodosejournals8
8OsdoisejournalsestudadosforamselecionadosapartirdoestudodeHendges(2001).
-
ParadescreverosdoisejournalsestudadosLanguageLearningandTechnologye
ReadingOnline,focalizo,essencialmente:a)osassuntospublicados;b)opblicoalvo;e
c)operfildosautorescujosartigoscompemocorpus.
Quanto aos assuntos publicados, o Language Learning and Technology (LLT)
divulga, emsua homepage (http://llt.msu.edu/intro.html), queseuobjetivo disseminar
pesquisassobretecnologiaeensinodelnguasaprofissionaisdelnguaestrangeiraou
segunda lnguaemtodosospasesdoglobo 9. Combasenessasinformaes,o LLT
parece estar voltado a um pblicoalvo que engloba professores, alunos e demais
profissionaisligadospesquisaemlnguaestrangeiraesegundalnguacomoauxlioda
tecnologia.
Ao analisar o perfil dos autores, considerei sua afiliao acadmica e biodata
apresentadasnafinalizaodotextodosartigos.Combasenessecritrio,observeique,
dentreos20textoscoletadosdoLLT,houveumtotalde33autores(ecoautores).Destes,
12apresentamrefernciasuatitulao,sendo6doutores,2alunosdedoutoradoe4
candidatos a tal curso, computando aproximadamente 36% do total de autores
identificados.Osdemais21autoressodescritosemsuabiodatacomoprofessoresdas
instituiesa que sovinculados, comnfasenaspublicaes realizadas e emseus
interessesdepesquisa,noapresentandoumarefernciasuatitulao.
Aparentemente,aanlisecontextualevidenciadanabiodatadosautoresdoLLT
demonstraqueosautoresdeAAEsdeLAso,emsuamaioria,membrosexperientesde
umacomunidadedisciplinar por estaremapresentadoscomoprofessoresvinculadosa
determinadas instituies, alguns destes possuindo publicaes de livros ou demais
trabalhosemsuasreas,emoposioapublicaesdealunos,porexemplo.
Sobreasinstituiesdos33autoresidentificadosnaanlise,observeique20so
norteamericanas (como, por exemplo, University of Pittsburgh, Northern Arizona
University, University of Texas, University of California, Washington State University,
IndianaUniversity,PennsylvaniaStateUniversity,dentreoutras);7soeuropias(Open
9Informaesacessadaspelaltimavezem21/12/02.
-
University of theUnited Kingdom, Verona University (Itlia), University of Extremadura
(Espanha),LondonUniversity,etc.),easdemais,australianas(UniversityofMelbourne)e
asiticas(UniversityofHongKong).Conformeosdadosdemonstram,nohinstituies
sulamericanasdentreos33autoresidentificados,oquepareceindicarqueapublicao
acadmica eletrnica, aomenosna rea investigada, est aliceradaempublicaes
norteamericanas(emmaior parte), europiaseaustralianas(ver, por exemplo, Motta
Roth,1995).
O Reading Online (ROL) divulga em sua homepage
(http://www.readingonline.org/about/about_index.asp)queseufocoaprticaepesquisa
no letramento em lngua materna e letramento eletrnico, com o objetivo de auxiliar
profissionaisnatarefadeintegrartecnologiasaladeaula.
Osautoresdesseperidico,conformeapontadonaanlisedosartigos,possuem
umperfil semelhante ao do LLT: dentre os 20 artigos, identifiquei 29 autores (e co
autores), dos quais trs possuemduas publicaes no corpus. A anlise da biodata
evidenciouque,dos29autores,cincosodoutores,umcandidatoadoutoradoedois
somestres.Osdemais21,comonoperidicoanterior,sodescritoscomoprofessores
vinculadosadeterminadasinstituies,corroborandooperfildescritonaquele ejournal,
dequeosautoresdessesAAEsso,emsuamaioria,profissionaisengajadosemsuas
comunidadesdisciplinares,nohavendopublicaesdeestudantesuniversitrios.
Quanto s instituies dos autores investigados no ROL, a grande maioria (23
autores)tambm vinculadaainstituiesnorteamericanas,damesmaformaqueos
autores do LLT (University of Arizona, University of Southern Mississippi, Ball State
University,SouthwesternOklahomaStateUniversity,UniversityofMemphis,Universityof
Kansas, Ohio State University, dentre outras). Os demais autores so vinculados a
instituies australianas (University of Queensland) e um autor vinculado a uma
universidadedeIsrael(BarIlanUniversity).
ApsdescreverabiodatadosautoresdosAAEsdocorpus,pudeverificarqueo
contextoemqueosartigosselecionadosestoinseridospossuipontosdesemelhanae
diferena. Quanto aos assuntos publicados, se pensarmos nos ttulos dos ejournals,
-
podemos verificar que o Language Learning and Technology apresenta um foco
diretamenterelacionadoaseuttulo,isto,visaapublicartextosligadosaoensinode
lnguascomoauxliodatecnologia.Poroutrolado,oReadingOnline,mesmosugerindo
umapublicaovoltadaleituranaInternet,apresentaumanfaseapesquisasligadasa
letramentoemlnguamaternaeletramentoeletrnico.
Nessesentido,podemosverificarque,quantoaosassuntospublicadosequantoao
pblicoalvo, os dois peridicos selecionados para o estudo, mesmo mantendo suas
especificidades,tratamdoensinodelnguascomoauxliodatecnologia,voltandosea
umpblicoconstitudoporprofessores,alunoseprofissionaisemgeralligadosreade
linguagemetecnologia,corroborandoocontextoeletrnicoemqueestosituados.
Pudeconstatartambmumasemelhananoqueserefereaoperfildosautores,j
que,dentreos62autoresidentificados,nohrefernciaaestudantesuniversitriosde
graduao,indicandoumaaparenteexperinciaacadmica.
Apsrealizaromapeamentodosdoisejournalsselecionadosquantoaosassuntos
publicados, pblicoalvo e perfil dos autores dos artigos selecionados, realizo uma
sondagemdessecontextoapartir de informaescoletadasnasentrevistasvia email
com os autores dos artigos do corpus, usurios efetivamente vinculados s prticas
discursivasdeconsumo,produoepublicaodoAAE.
3.1.2Entrevistascomosautores
Alm de analisar os peridicos em que os AAEs do corpus so publicados,
constatandoaspectoscomopblicoalvoe polticaeditorial, e deverificar operfil dos
autores desses artigos, outra etapa, quanto anlise do contexto, diz respeito s
entrevistasrealizadascomosautoresdosartigos.Essasentrevistas(Anexo01)foram
realizadasentreosmesesde julhode2003e janeirode2004,eas respostas foram
armazenadase analisadas embusca de informaes sobre o processo de produo
dessesartigos(conformeapresentonaseo4.5docaptulo4).
-
Combasenosdadosapresentadosnaseoanterior,sobreoperfildosautoresdos
doisejournalsanalisados,podeseverificarumtotalde33autoresnoLLTe29autoresno
ROL, o que totalizaria 62 autores e coautores a serem entrevistados, atravs de
questionriosenviadospor email. Noentanto,no foi possvel enviarmosmensagens
paratodososautores,poismuitosnodisponibilizamseuemailnosartigos.Dentreas29
mensagensenviadasaautoresquedisponibilizaramseu email nosartigosanalisados,
sendo este o critrio para a realizao das entrevistas, 17 aceitaram participar da
pesquisa.
No entanto, dentre esses autores, apenas cinco retornaram suas mensagens
durante a entrevista, conforme apresento no captulo 4. Ao apresentar excertos das
mensagensenviadaspelosautoresdosartigos(Anexo02),excluoseusnomes,sendo
que,paraefeitodeexemplificao,refiromeaelesporA1,A2,A3,etc.
Aseguir,descrevooscritriosadotadosnaseleodos40AAEsquecompemo
corpusdesteestudo.
3.2Critriosdeseleodocorpus
Paraestabelecerocorpusdapesquisa,observeiosseguintesaspectos:
1)osperidicossoacessadosgratuitamentenaInternetporsermuitocomum
encontrarmos ejournals emque,paraseteracessoaostextos, temsedeefetuarum
cadastro(login)epagamento;
2)osperidicossoexclusivamenteeletrnicos,ouseja,noapresentamverso
impressaporsercomumencontrarmosejournals(comoarevistaD.E.L.T.A.,noBrasil,
porexemplo)quesoumaversoemPDFdotextoimpresso;
3) os artigos abordam temas da rea de LA, a qual foi escolhida,
fundamentalmente,devidoadoisaspectos:1)interesseparticularemestudosnessarea,
porserminhareadeatuao;e2)a investigao daquestopropostanesteestudo
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poderservirdesubsdioparaminhaformaoenquantoprofessoradeInglsparaFins
Acadmicos.
4)osperidicospossuemcorpoeditorial,revisoporpares(peerreview),normas
de publicao e freqncia na publicao do