Um Profeta de Paz - igrejavilamatilde.com.br · aprendido de Jesus. Sua sinceridade pode não ser...

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Lição 06 Sábado, 09 de Agosto de 2014 Um Profeta de Paz “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.” 2 Reis 2:9 “Quando o Senhor, em Sua providência, acha conveniente retirar de Sua obra aqueles a quem deu sabedoria, Ele auxilia e fortalece os sucessores, se estes olham a Ele em busca de auxílio e andam em Seus caminhos.” — Conflict and Courage, p. 223 Estudo Adicional: Profetas e Reis, pp. 235-264 (Um profeta de paz;Naamã; O fim do ministério de Eliseu). Um profeta de paz A obra de Eliseu como profeta foi de algum modo muito diferente da de Elias. A Elias haviam sido confiadas mensagens de condenação e juízo; sua voz era de destemida reprovação, chamando rei e povo a voltarem de seus maus caminhos. A missão de Eliseu era mais pacífica; devia desenvolver e fortalecer a obra que Elias havia iniciado; ensinar ao povo o caminho do Senhor. A inspiração pinta-o como entrando em contato pessoal com o povo; rodeado pelos filhos dos profetas; produzindo cura e júbilo por intermédio de seus milagres e seu ministério. Ao som de suas zombeteiras palavras o profeta voltou-se, e sob a inspiração do Todo-poderoso pronunciou uma maldição sobre eles. O terrível juízo que se seguiu foi de Deus. "Então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles pequenos." II Reis 2:23 e 24. Tivesse Eliseu permitido que a zombaria passasse despercebida, e teria continuado a ser ridicularizado e insultado pela turba, e sua missão para instruir

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Lição 06 Sábado, 09 de Agosto de 2014 Sábado 23 de Novembro

Um Profeta de Paz

“Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.” 2 Reis 2:9

“Quando o Senhor, em Sua providência, acha conveniente retirar de Sua obra aqueles

a quem deu sabedoria, Ele auxilia e fortalece os sucessores, se estes olham a Ele em

busca de auxílio e andam em Seus caminhos.” — Conflict and Courage, p. 223

Estudo Adicional: Profetas e Reis, pp. 235-264 (“Um profeta de paz;” “Naamã”; “O

fim do ministério de Eliseu”).

Um profeta de paz

A obra de Eliseu como profeta foi de algum modo muito diferente da de Elias. A Elias haviam sido confiadas mensagens de condenação e juízo; sua voz era de destemida reprovação, chamando rei e povo a voltarem de seus maus caminhos. A missão de Eliseu era mais pacífica; devia desenvolver e fortalecer a obra que Elias havia iniciado; ensinar ao povo o caminho do Senhor. A inspiração pinta-o como entrando em contato pessoal com o povo; rodeado pelos filhos dos profetas; produzindo cura e júbilo por intermédio de seus milagres e seu ministério.

Ao som de suas zombeteiras palavras o profeta voltou-se, e sob a inspiração do Todo-poderoso pronunciou uma maldição sobre eles. O terrível juízo que se seguiu foi de Deus. "Então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles pequenos." II Reis 2:23 e 24.

Tivesse Eliseu permitido que a zombaria passasse despercebida, e teria continuado a ser ridicularizado e insultado pela turba, e sua missão para instruir

e salvar em um tempo de grave perigo nacional poderia ter sido derrotada. Este único exemplo de terrível severidade foi suficiente para exigir respeito pelo resto de sua vida. Durante cinqüenta anos ele entrou e saiu pelas portas de Betel, e andou de um para outro lado em sua terra, de cidade em cidade, passando pelo meio de multidões indolentes, rudes e dissolutas de jovens; mas nenhum o injuriou ou fez caso omisso de suas qualificações como profeta do Altíssimo.

Até mesmo a bondade deve ter seus limites. A autoridade deve ser mantida mediante firme severidade, ou será recebida por muitos com zombaria e desdém. A assim chamada tolerância, lisonja, e indulgência, usadas para com a juventude por pais e responsáveis, é um dos piores males que lhes pode sobrevir. Em toda família, firmeza, decisão, exigências positivas, são essenciais.

A reverência, que faltava aos jovens que zombaram de Eliseu, é uma graça que deve ser cuidadosamente acariciada. Cada criança deve ser ensinada a mostrar verdadeira reverência para com Deus. Jamais deve o Seu nome ser pronunciado leviana ou irrefletidamente. Anjos, ao pronunciarem aquele nome, velam o rosto. Com que reverência não devemos nós, que somos caídos e pecadores, tomá-lo em nossos lábios!

Eliseu era um homem de espírito brando e bondoso; mas que podia também ser severo é mostrado pela maldição que lançou quando, a caminho de Betel, foi escarnecido por rapazes ímpios que haviam saído da cidade. Esses rapazes tinham ouvido da ascensão de Elias, e fizeram deste solene acontecimento o assunto de seus motejos, dizendo a Eliseu: "Sobe, calvo; sobe, calvo."

Deve-se mostrar reverência pelos representantes de Deus - os pastores, os professores e os pais, que são chamados a falar e agir em Seu lugar. No respeito que a eles se mostre Deus é honrado.

A cortesia, também, é uma das graças do Espírito, e deve ser cultivada por todos. Ela tem poder para abrandar as naturezas que sem ela se desenvolveriam desgraciosas e rudes. Os que professam ser seguidores de Cristo, e são ao mesmo tempo ríspidos, desamáveis e descorteses, não têm aprendido de Jesus. Sua sinceridade pode não ser passível de dúvida, sua retidão pode ser indiscutível; mas sinceridade e retidão não se harmonizam com falta de bondade e de cortesia.

O espírito de bondade que habilitou Eliseu a exercer uma poderosa influência sobre a vida de muitos em Israel, é revelado na história de sua fraternal relação com a família de Suném. Em seu jornadear para um e outro lado através do reino, "sucedeu também um dia que, indo Eliseu a Suném, havia ali uma mulher rica, a qual o reteve a comer pão; e sucedeu que todas as vezes que passava, ali se dirigia a comer pão". A senhora da casa percebeu que Eliseu era "um santo homem de Deus", e disse a seu marido: "Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, e

uma mesa, e uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, vindo ele a nós, para ali se retirará". II Reis 4:8-10. Para este retiro Eliseu muitas vezes se dirigiu, agradecido por sua quietude e paz. E Deus não Se esqueceu da bondade da mulher. Aquele tinha sido um lar sem filhos; e agora o Senhor recompensou-lhe a hospitalidade dando-lhe um filho.

Passaram-se os anos. A criança alcançou idade suficiente para sair aos campos com os segadores. Um dia ela foi vitimada pelo calor, "e disse a seu pai: Ai, a minha cabeça ai, a minha cabeça" O pai mandou que um moço levasse a criança a sua mãe; "e ele o tomou, e o levou a sua mãe; e esteve sobre os seus joelhos até ao meio-dia, e morreu. E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus, e fechou sobre ele a porta, e saiu". II Reis 4:19-21.

Em sua aflição, a sunamita se dispôs a ir em busca do auxílio de Eliseu. O profeta estava então no Monte Carmelo; e a mulher, acompanhada por um servo, partiu imediatamente. "E sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita. Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho?" O servo fez como lhe fora ordenado, mas só depois de ter-se encontrado com Eliseu, é que a mãe amargurada revelou a causa de sua tristeza. Ouvindo de sua perda, Eliseu ordenou a Geazi: "Cinge os teus lombos, e toma o meu bordão na tua mão, e vai. Se encontrares alguém, não o saúdes, e se alguém te saudar, não lhe respondas; e põe o meu bordão sobre o rosto do menino."

Mas a mãe não se satisfez enquanto Eliseu em pessoa não fosse com ela. "Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar", declarou ela. "Então ele se levantou, e a seguiu. E Geazi passou adiante deles, e pôs o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia nele voz nem sentido. E voltou a encontrar-se com ele, e lhe trouxe aviso, dizendo: Não despertou o menino."

Quando eles alcançaram a casa, Eliseu entrou no aposento onde a criança jazia morta, "e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao Senhor. E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Depois voltou, e passeou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele; então o menino espirrou sete vezes, e o menino abriu os olhos".

Chamando Geazi, Eliseu lhe ordenou que chamasse a mãe do menino. "E veio a ele. E disse: Toma o teu filho. E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho, e saiu". II Reis 4:25-37.

Assim foi recompensada a fé desta mulher. Cristo, o grande Doador da vida, restaurou-lhe o filho. De igual maneira os Seus fiéis serão recompensados quando, em Sua vinda, a morte perder o seu aguilhão, e a sepultura for roubada a vitória que tem pretendido. Então Ele restaurará a Seus servos os filhos que a morte lhes tomou. "Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em

Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque já não existem. Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas dos teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos". Jer. 31:15-17.

Jesus conforta nossa tristeza pelos mortos com uma mensagem de infinita esperança: "Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição?" Osé. 13:14. "Eu sou... o que vivo e fui morto, mas eis aqui, estou vivo para todo o sempre... e tenho as chaves da morte e do inferno." Apoc. 1:17 e 18. "Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor." I Tess. 4:16 e 17.

Como o Salvador da humanidade, de quem foi um tipo, Eliseu em seu ministério entre os homens, combinou o trabalho de curar com o de ensinar. Fielmente, incansavelmente, através de seu longo e eficaz labor, Eliseu esforçou-se por nutrir e fazer avançar a importante obra educacional conduzida pelas escolas dos profetas. Na providência de Deus, suas palavras de instrução aos fervorosos grupos de jovens reunidos eram confirmadas por profundas manifestações do Espírito Santo, e às vezes por outras inconfundíveis evidências de sua autoridade como servo de Jeová.

Foi por ocasião de uma dessas visitas à escola estabelecida em Gilgal, que ele sarou a panela envenenada. "Havia fome naquela terra; e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença. E disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela a sua capa cheia de coloquíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo, porque as não conheciam. Assim tiraram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei, pois, farinha. E deitou-a na panela, e disse: Tirai de comer para o povo. Então não havia mal nenhum na panela". II Reis 4:38-41.

Em Gilgal, ainda, enquanto perdurava a penúria na terra, Eliseu alimentou cem homens com o presente a ele levado por "um homem de Baal-Salisa", presente que constava de "pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha". Havia com ele os que estavam em cruel necessidade de alimento. Quando chegou essa oferta, ele disse a seu servo: "Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de eu pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá ao povo para que coma; porque assim diz o Senhor: Comer-se-á, e sobejará. Então lhes pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor". II Reis 4:42-44.

Que condescendência da parte de Cristo, operar através de Seu mensageiro esse milagre a fim de saciar a fome Uma e outra vez a partir de então, embora nem sempre de maneira tão marcante e notável, tem o Senhor Jesus operado para suprir a necessidade humana. Se tivéssemos mais claro discernimento espiritual, reconheceríamos mais prontamente do que o temos feito o trato compassivo de Deus com os filhos dos homens.

É a graça de Deus sobre a pequena porção que a torna toda-suficiente. A mão de Deus pode multiplicá-la ao cêntuplo. De Seus recursos Ele pode estender uma mesa no deserto. Pelo toque de Sua mão Ele pode fazer avultar a minguada provisão, tornando-a suficiente para todos. Foi Seu poder que multiplicou os pães e as espigas nas mãos dos filhos dos profetas.

Nos dias do ministério terrestre de Cristo, quando Ele realizou um milagre semelhante na alimentação de multidões, a mesma incredulidade foi manifestada como a dos que estavam associados ao profeta do passado. "Como hei de pôr isto diante de cem homens?" disse o servo de Eliseu. E quando Jesus ordenou a Seus discípulos que dessem de comer à multidão, eles objetaram: "Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós próprios formos comprar comida para todo este povo". Luc. 9:13. Que é isto para tantos?

A lição é para os filhos de Deus em todas as eras. Quando o Senhor dá um trabalho para ser feito, não se detenham os homens a inquirir da plausibilidade da ordem ou o provável resultado de seus esforços antes de obedecer. O suprimento em suas mãos pode parecer muito aquém das necessidades a serem supridas; mas nas mãos do Senhor ele se provará mais que suficiente. O servo "lhes pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor". II Reis 4:44.

Mais elevado senso das relações de Deus para com aqueles a quem Ele comprou com a dádiva de Seu Filho, maior fé no progresso de Sua causa na Terra - eis a grande necessidade da igreja hoje. Que ninguém gaste tempo em deplorar a escassez de seus recursos visíveis. As aparências podem não ser prometedoras; mas energia e confiança em Deus desenvolverão recursos. Ele multiplicará por Sua bênção a dádiva que Lhe é levada com gratidão e oração, como multiplicou o alimento dado aos filhos dos profetas e à multidão cansada.

Naamã

"E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito, porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios; e era este varão homem valoroso, porém leproso".

Ben-Hadade, rei da Síria, havia derrotado os exércitos de Israel na batalha em que resultou a morte de Acabe. Desde esse tempo os sírios tinham mantido contra Israel uma constante guerrilha; e numa de suas incursões, levaram prisioneira uma menina que, na terra do seu cativeiro, "ficou ao serviço da mulher de Naamã". Uma escrava distante do lar, esta pequena jovem era não

obstante uma das testemunhas de Deus, cumprindo inconscientemente o propósito pelo qual Deus havia escolhido Israel como Seu povo. Enquanto servia nesse lar pagão, suas simpatias foram despertadas em favor de seu amo; e, lembrando os maravilhosos milagres de cura operados por Eliseu, ela disse a sua senhora: "Oxalá que o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra". Ela sabia que o poder do Céu estava com Eliseu, e cria que por este poder Naamã seria curado.

A conduta da menina cativa, a maneira como se comportou neste lar pagão, é um forte testemunho do poder dos primeiros ensinamentos do lar. Não há mais alto encargo do que o confiado aos pais e mães no cuidado e educação de seus filhos. Os pais têm que tratar com os próprios fundamentos de hábito e caráter. Por seu exemplo e ensino é o futuro de seus filhos em grande medida decidido.

Felizes são os pais cuja vida é um verdadeiro reflexo da divindade, de maneira que as promessas e ordens de Deus despertem na criança gratidão e reverência; os pais cuja ternura e justiça e longanimidade interpretam para a criança o amor e a justiça e a longanimidade de Deus; que ensinam a criança a amá-los e obedecer-lhes, estão ensinando-as a amar ao Pai do Céu, a obedecer-Lhe e nEle confiar. Os pais que repartem com o filho tal dom o estão dotando com um tesouro mais precioso que as riquezas de todos os séculos - um tesouro tão perdurável como a eternidade.

Nós não sabemos em que setor nossos filhos poderão ser chamados a servir. Eles podem despender sua vida no círculo do lar; podem empenhar-se nas ocupações comuns da vida, ou ir a terras pagãs como ensinadores do evangelho; mas todos são igualmente chamados como missionários para Deus, ministros de misericórdia para o mundo. Devem obter uma educação que os ajude a permanecer ao lado de Cristo em abnegado serviço.

Os pais da menina hebréia, ao ensinar-lhe a respeito de Deus, não sabiam o destino que lhe tocaria. Mas foram fiéis em seu mister; e no lar do capitão do exército sírio, sua filha testemunhou do Deus a quem tinha aprendido a honrar.

Naamã ouvira a respeito das palavras que a menina dissera a sua senhora; e obtendo permissão do rei, saiu em busca da cura, tomando consigo "dez talentos de prata, e seis mil siclos de ouro e dez mudas de vestidos". Levou também uma carta do rei da Síria ao rei de Israel, na qual estava escrita a mensagem: "Eu te enviei Naamã, meu servo, para que o restaures da sua lepra". Quando o rei de Israel leu a carta, "rasgou os seus vestidos, e disse: Sou eu Deus, para matar e para vivificar, para que este envie a mim, para eu restaurar a um homem da sua lepra? Pelo que deveras notai, peço-vos, e vede que busca ocasião contra mim".

Notícias do acontecimento chegaram até Eliseu, e ele mandou uma mensagem ao rei, dizendo: "Por que rasgaste os teus vestidos? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel".

"Veio, pois, Naamã com os seus cavalos, e com o seu carro, e parou à porta da casa de Eliseu". Por intermédio de um mensageiro o profeta ordenou-lhe: "Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado". II Reis 5:1-10.

Naamã havia esperado ver alguma maravilhosa manifestação do poder do Céu. "Eis que eu dizia comigo", confessou ele, "certamente ele sairá, e pôr-se-á em pé, e invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso". Quando se lhe ordenou que se lavasse no Jordão, seu orgulho foi ferido, e em mortificação e desapontamento exclamou: "Não são porventura, Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar nelas, e ficar purificado? E voltou-se, e se foi com indignação".

O orgulhoso espírito de Naamã rebelou-se contra o seguir o caminho indicado por Eliseu. Os rios mencionados pelo capitão sírio eram embelezados por circundantes bosques, e muitos acorriam às margens dessas deleitáveis correntes para adorar seus ídolos. A Naamã não custaria grande humilhação de alma descer a uma dessas águas. Mas era unicamente seguindo as específicas indicações do profeta, que ele poderia alcançar a cura. Somente voluntária obediência traria o resultado desejado.

Os servos de Naamã insistiram com ele para que pusesse em prática as indicações de Eliseu. "Se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura não o farias?" apelaram eles. "Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te, e ficarás purificado". A fé de Naamã estava sendo provada, enquanto o orgulho lutava por predominar. Mas a fé triunfou, e o arrogante sírio submeteu o orgulhoso coração, e curvou-se em submissão à vontade revelada de Jeová. Sete vezes ele mergulhou no Jordão, "conforme a palavra do homem de Deus". E sua fé foi honrada; "e a sua carne tornou como a carne dum menino, e ficou purificado".

Profundamente grato, "voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva", com o reconhecimento: "Eis que tenho conhecido que em toda a Terra não há Deus senão em Israel". II Reis 5:11-15.

Conforme o costume da época, Naamã pedia agora a Eliseu que aceitasse um custoso presente. Mas o profeta recusou. Não devia ele receber pagamento pela bênção que graciosamente Deus havia outorgado. "Vive o Senhor", disse, "em cuja presença estou, que a não tomarei". O sírio insistiu com ele, "mas ele recusou".

"E disse Naamã: Seja assim; contudo dê-se a este teu servo uma carga de terra dum jugo de mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor. Nisto perdoe o Senhor a teu servo: Quando meu senhor entra na casa de Rimom para ali adorar, e ele se encosta na minha mão, e eu também me tenha de encurvar na casa de Rimom, nisto perdoe o Senhor a teu servo". "E ele lhe disse: Vai em paz. E foi-se dele a uma pequena distância". II Reis 4:16-18.

Geazi, servo de Eliseu, tivera oportunidade, durante anos, para desenvolver o espírito de abnegação que caracterizava a vida de labores de seu mestre. Fora seu privilégio tornar-se um nobre porta-bandeira no exército do Senhor. Os melhores dons do Céu por muito tempo haviam estado ao seu alcance; contudo, voltando-lhes as costas, ao contrário cobiçara o brilho falso das riquezas mundanas. E agora os ocultos anseios do seu espírito avaro levaram-no a render-se a uma dominante tentação. "Eis", raciocinou consigo, "que meu senhor impediu a este sírio Naamã que da sua mão se desse alguma coisa do que trazia; porém... hei de correr atrás dele, e tomar dele alguma coisa". E assim em segredo "foi Geazi em alcance de Naamã".

"E Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo, e disse-lhe: Vai tudo bem? E ele disse: Tudo vai bem". Então Geazi proferiu uma deliberada mentira. "Meu senhor", disse ele, "me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois mancebos dos filhos dos profetas da montanha de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de vestidos". Naamã alegremente concordou com esta solicitação, empenhando-se com Geazi para que levasse dois talentos de prata em vez de um, "com duas mudas de vestidos", e ordenou a seus servos para que levassem o tesouro.

Ao aproximar-se Geazi da casa de Eliseu, despediu os servos, e escondeu a prata e os vestidos. Isto feito, "entrou, e pôs-se diante de seu senhor"; e, para abrigar-se de censura, proferiu segunda mentira. Em resposta à indagação do profeta: "Donde vens, Geazi?" ele respondeu: "Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte".

Então veio a severa denúncia, mostrando que Eliseu sabia de tudo. "Porventura não foi contigo o meu coração", disse ele, "quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isto ocasião para tomares prata, e para tomares vestidos, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois e servos e servas? Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então saiu de diante dele leproso, branco como neve". II Reis 5:20-27.

Solenes são as lições ensinadas por esta experiência de uma pessoa a quem tinham sido dados altos e santos privilégios. A conduta de Geazi fora de molde a colocar uma pedra de tropeço no caminho de Naamã, sobre cuja mente havia incidido maravilhosa luz, e que estava favoravelmente disposto para a adoração do Deus vivo. Para o engano praticado por Geazi não podia haver qualquer desculpa. Até o dia de sua morte ele permaneceu leproso, amaldiçoado por Deus e evitado por seus semelhantes.

"A falsa testemunha não ficará inocente, e o que profere mentiras não escapará". Prov. 19:5. Os homens podem pensar esconder suas más práticas aos olhos humanos; mas não podem enganar a Deus. "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com quem temos de tratar." Heb. 4:13. Geazi pensava enganar Eliseu, mas Deus revelou a Seu profeta as palavras que Geazi havia dito a Naamã, bem como todo o pormenor da cena que tivera lugar entre os dois homens.

A verdade é de Deus; o engano em suas variadas formas é de Satanás; e quem quer que de qualquer forma se afaste da linha reta da verdade, está-se entregando a si mesmo ao poder de Satanás. Os que têm aprendido de Cristo não se comunicarão "com as obras infrutuosas das trevas". Efés. 5:11. No falar, como no viver, serão simples, retos e verdadeiros; pois estão-se preparando para o companheirismo com os santos em cuja boca não se achou engano. Apoc. 14:5.

Séculos depois de haver Naamã retornado a sua pátria, curado no corpo e no espírito, sua maravilhosa fé foi referida e louvada pelo Salvador como uma lição objetiva para todo aquele que professa servir a Deus. "Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu", o Salvador declarou, "e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio". Luc. 4:27. Deus passou por alto a muitos leprosos em Israel, porque sua incredulidade lhes fechou a porta do benefício. Um nobre pagão que havia sido fiel a suas convicções do direito, e que sentira necessidade de auxílio, foi à vista de Deus mais digno de Sua bênção do que os afligidos em Israel, que haviam subestimado e menosprezado os privilégios que lhes haviam sido dados por Deus. Deus opera em benefício dos que apreciam Seus favores e respondem à luz que lhes é dada do Céu.

Há hoje em cada terra os que são honestos de coração, e sobre esses a luz do Céu está brilhando. Se eles continuarem fiéis em seguir o que entendem ser o dever, ser-lhes-á dada luz adicional, até que, como Naamã no passado, sejam constrangidos a reconhecer que "em toda a Terra não há Deus", senão o Deus vivo, o Criador.

A toda alma sincera "quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma", é feito o convite: "Confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus". Isa. 50:10. "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de Ti, que trabalhe para aquele que nEle espera. Saíste ao encontro daquele que se alegrava e praticava justiça, daqueles que se lembram de Ti nos Teus caminhos." Isa. 64:4 e 5.

O Fim do Ministério de Eliseu

Chamado ao ofício de profeta enquanto Acabe ainda reinava, Eliseu vivera o suficiente para ver muitas mudanças tomarem lugar no reino de Israel. Juízo sobre juízo, haviam alcançado os israelitas durante o reinado de Hazael, o sírio, que fora ungido para ser o aguilhão da nação apostatada. As severas medidas de reforma instituídas por Jeú tinham resultado no extermínio de toda a casa de Acabe. Em contínuas guerras com os sírios, Jeoacaz, sucessor de Jeú, tinha perdido algumas das cidades a leste do Jordão. Por algum tempo isto pareceu como se os sírios fossem tomar inteiro controle do reino. Mas a reforma começada por Elias e prosseguida por Eliseu tinha levado muitos a buscarem a Deus. Os altares de Baal estavam sendo abandonados, e lenta mas seguramente os propósitos de Deus iam-se cumprindo na vida dos que haviam escolhido servi-Lo de todo o coração.

Foi por causa de Seu amor pelo extraviado Israel que Deus permitiu aos sírios afligi-los. Foi por Sua compaixão para com aqueles cujo poder moral estava debilitado, que ele despertou Jeú para exterminar a ímpia Jezabel e toda a casa de Acabe. Uma vez mais, através de misericordiosa providência, os sacerdotes de Baal e Astarote foram postos de lado, e seus altares pagãos subvertidos. Deus em Sua sabedoria previu que se a tentação fosse removida, alguns abandonariam o paganismo, e voltariam a face para o Céu; e foi por isto que Ele permitiu que calamidade após calamidade caísse sobre eles. Seus juízos foram temperados com misericórdia; e quando Seu propósito foi cumprido, Ele fez refluir a maré em favor dos que haviam aprendido a buscá-Lo.

Enquanto influências para o bem e para o mal estavam disputando a supremacia, e Satanás procurando fazer tudo em seu poder para completar a ruína produzida durante o reinado de Acabe e Jezabel, Eliseu continuava a dar seu testemunho. Teve que enfrentar a oposição, mas nada pôde impugnar-lhe as palavras. Foi honrado e venerado através do reino. Muitos vieram a ele em busca de conselho. Enquanto Jezabel vivia ainda, Jorão, o rei de Israel, buscou seu conselho; e uma vez, estando em Damasco, ele foi visitado por mensageiros de Ben-Hadade, rei da Síria, que desejava saber se a enfermidade que então o possuía resultaria em morte. A todos o profeta deu fiel testemunho, num tempo quando, de todos os lados, a verdade estava sendo pervertida, e a grande maioria do povo estava em aberta rebelião contra o Céu.

E Deus jamais abandonou Seu mensageiro escolhido. Uma ocasião, durante a invasão síria, o rei da Síria procurou destruir Eliseu, em vista de sua atividade em alertar o rei de Israel quanto aos planos do inimigo. O rei da Síria havia-se aconselhado com seus servos, dizendo: "Em tal e em tal lugar estará o meu acampamento". Este plano foi revelado pelo Senhor a Eliseu, que "enviou ao rei de Israel, dizendo: Guarda-te de passares por tal lugar, porque os sírios desceram ali. Pelo que o rei de Israel enviou àquele lugar, de que o homem de Deus lhe falara, e de que o tinham avisado, e se guardou ali, não uma nem duas vezes.

"Então se turbou com este incidente o coração do rei da Síria, e chamou os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel? E disse um dos seus servos: Não, ó rei meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir".

Disposto a se desembaraçar do profeta, o rei da Síria ordenou: "Vai, e vê onde ele está, para que envie, e mande trazê-lo". O profeta estava em Dotã; e, ouvindo isto, o rei "enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais vieram de noite, e cercaram a cidade. E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo, e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros".

Aterrado, o servo de Eliseu procurou-o com a notícia: "Ai, meu senhor, que faremos?" disse ele.

"Não temas"; foi a resposta do profeta, "porque mais são os que estão conosco, do que os que estão com eles". E então, para que o servo pudesse conhecer isto por si mesmo, "orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-Te que lhe abras os olhos, para que veja". "E o Senhor abriu os olhos do moço, viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu". Entre o servo de Deus e a multidão dos inimigos armados estava um grupo circundante de anjos celestiais. Eles tinham vindo com grande poder, não para destruir, não para reclamar homenagem, mas para acampar em torno e ministrar aos desajudados e fracos servos do Senhor.

Quando o povo de Deus é posto em condições de apertura, e aparentemente não há escape para eles, somente o Senhor deve ser sua dependência.

Avançando a companhia de soldados sírios ousadamente, ignorante da presença dos invisíveis anjos do Céu, "Eliseu orou ao Senhor, e disse: Fere, peço-Te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu. Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samaria". II Reis 6:8-19.

"E sucedeu que, chegando eles a Samaria, disse Eliseu: Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e eis que estavam no meio de Samaria. E, quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseu: Feri-los-ei, feri-los-ei, meu pai? Mas ele disse: Não os ferirás; feririas tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor. E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu e foram para seu senhor." II Reis 6:20-22.

Depois disto Israel ficou livre por algum tempo dos ataques dos sírios. Porém mais tarde, sob a enérgica administração de um determinado rei, Hazael (neto do Hazael que havia sido ungido como aguilhoador de Israel), os exércitos sírios cercaram Samaria, sitiando-a. Nunca Israel havia sido levado a situação de tão grande apertura como durante este cerco. Os pecados dos pais estavam sem dúvida sendo visitados sobre os filhos e os filhos dos filhos. Os horrores de prolongada fome estavam impelindo o rei de Israel a medidas de desespero, quando Eliseu predisse livramento para o dia seguinte.

Quando o dia estava para amanhecer, o Senhor "fizera ouvir no arraial dos sírios ruídos de carros e ruídos de cavalos, como o ruído dum grande exército"; e eles, possuídos de temor, "se levantaram, e fugiram no crepúsculo", deixando "as suas tendas, e os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava", com ricas reservas de alimentos. Eles "fugiram para salvarem a sua vida", não se detendo até que tivessem transposto o Jordão. II Reis 7:6 e 7.

Durante a noite da fuga, quatro leprosos junto à porta da cidade, desesperados pela fome, tomaram o propósito de ir ao acampamento dos sírios, entregando-se à misericórdia dos sitiantes, na esperança de aí despertar simpatia e conseguir alimento. Qual não foi seu espanto quando, penetrando

no acampamento, viram que "lá não havia ninguém". Sem nada que os molestasse ou impedisse, "entraram numa tenda, e comeram e beberam, e tomaram dali prata, e ouro, e vestidos, e foram e os esconderam; então voltaram, e entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa, e a esconderam. Então disseram uns aos outros. Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos". Voltaram eles então depressa à cidade com as alegres novas.

Foi grande o espólio; tão abundantes foram os suprimentos nesse dia que "havia uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo", como fora predito por Eliseu no dia anterior. Uma vez mais o nome de Deus fora exaltado perante os pagãos, "conforme a palavra do Senhor", por intermédio de Seu profeta em Israel. II Reis 7:5-16.

Assim o homem de Deus continuou a trabalhar de ano a ano, associando-se intimamente ao povo em fiel ministério, e em tempos de crise ficando junto aos reis como sábio conselheiro. Os longos anos de apostasia idólatra da parte de governantes e povo tinham produzido seus maus resultados; a negra sombra da apostasia era ainda visível em toda parte, embora houvesse aqui e ali os que se haviam firmemente recusado a dobrar os joelhos a Baal. À medida que Eliseu continuava sua obra de reforma, muitos eram recuperados do paganismo, e esses aprendiam a se alegrar no serviço do verdadeiro Deus. O profeta sentia-se animar com esses milagres da divina graça, e fora inspirado com um grande anseio de alcançar todos os que eram honestos de coração. Onde quer que estivesse, procurava ser um ensinador de justiça.

Do ponto de vista humano, a perspectiva para a regeneração espiritual da nação era tão destituída de esperança como o é hoje para os servos de Deus que estão trabalhando nos lugares escuros da Terra. Mas a igreja de Cristo é o instrumento de Deus para a proclamação da verdade; ela é por Ele dotada de poder para fazer um trabalho especial; e se for leal a Deus, obediente a Seus mandamentos, com ela habitará a excelência do divino poder. Se ela for fiel a seu dever de obediência, não há poder que possa permanecer contra ela. As forças do inimigo não serão mais capazes de suplantá-la que a palha para resistir ao remoinho.

Está diante da igreja a aurora de um dia glorioso e brilhante, se ela se revestir do manto da justiça de Cristo, recusando toda vassalagem ao mundo.

Deus conclama Seus fiéis, que nEle crêem, para que inspirem coragem aos que estão sem crença e sem esperança. Voltai para o Senhor, prisioneiros de esperança Buscai de Deus, do Deus vivo, força Mostrai fé humilde e não vacilante em Seu poder e disposição para salvar Quando em fé nós nos apoderarmos de Sua força, Ele mudará, maravilhosamente mudará, as perspectivas mais desesperadas e desanimadoras. Isto Ele fará para glória do Seu nome.

Por todo o tempo que lhe foi possível viajar de lugar em lugar através do reino de Israel, Eliseu continuou a manifestar ativo interesse na edificação de escolas de profetas. Onde quer que estivesse, Deus estava com ele, dando-lhe

palavras para falar, e poder para operar milagres. Uma ocasião "disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. Vamos, pois, até o Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali". II Reis 6:1 e 2. Eliseu foi com eles ao Jordão, encorajando-os por sua presença, dando-lhes instruções e mesmo realizando um milagre para ajudá-los em sua obra. "E sucedeu que, derribando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor porque era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro. E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou." II Reis 6:5-7.

Tão eficiente havia sido o seu ministério e tão vasta a sua influência que, em seu leito de morte, até mesmo o jovem rei Jeoás, idólatra com apenas um mínimo respeito por Deus, reconheceu no profeta um pai em Israel, e admitiu que sua presença entre eles fora de mais valor em tempo de prova do que a posse de um exército de cavalos e carros. No relato está escrito: "E Eliseu estava doente da sua doença de que morreu; e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros." II Reis 13:14.

O profeta havia desempenhado em favor de muita alma turbada e necessitada de auxílio o papel de um pai sábio e compreensivo. No presente exemplo ele não voltou as costas ao jovem sem Deus que tinha diante de si, tão indigno da posição de confiança que estava ocupando, e contudo tão grandemente necessitado de conselho. Deus em Sua providência estava dando ao jovem rei uma oportunidade para redimir as faltas do passado, de molde a pôr o seu reino em terreno vantajoso. Os inimigos, os sírios, agora ocupando o território a leste do Jordão, deviam ser repelidos. Uma vez mais o poder de Deus devia ser manifestado em favor do extraviado Israel.

O moribundo profeta ordenou ao rei: "Toma um arco e flechas". Jeoás obedeceu. Então o profeta disse: "Põe a tua mão sobre o arco". Jeoás "pôs sobre ele a sua mão; e Eliseu pôs as suas mãos sobre as mãos do rei. E disse: Abre a janela para o oriente" - para as cidades dalém do Jordão que estavam na posse dos sírios. Havendo o rei aberto a janela de treliças, Eliseu ordenou-lhe que disparasse a flecha. Percorrendo o dardo o seu caminho, foi o profeta inspirado a dizer: "A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios em Afeque, até os consumir".

E agora o profeta provou a fé do rei. Ordenando que Jeoás tomasse as flechas, ele disse: "Fere a terra". Três vezes o rei feriu o chão, e então se deteve. "Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido", Eliseu exclamou consternado, "então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios". II Reis 13:15-19.

A lição é para todos os que ocupam posição de confiança. Quando Deus abre o caminho para a realização de certa obra, e dá garantias de sucesso, a instrumentalidade escolhida deve fazer tudo que estiver em seu poder para alcançar os resultados prometidos. Em proporção ao entusiasmo e

perseverança com que a obra é levada a termo será dado o sucesso. Deus pode operar milagres em favor de Seu povo unicamente quando este desempenha sua parte com incansável energia. Ele reclama para Sua obra homens de devoção, homens de coragem moral, com ardente amor pelas almas e zelo que nunca esmorece. Tais obreiros não acharão nenhuma tarefa demasiado árdua, nenhuma perspectiva demasiado sem esperança; eles trabalharão, indômitos, até que a aparente derrota seja tornada em gloriosa vitória. Nem mesmo as paredes das prisões, ou o martírio em perspectiva, levá-los-á a mudar de rumo em seus propósitos de trabalhar unidos com Deus para a edificação de Seu reino.

Com o conselho e o encorajamento dado a Jeoás, estava finda a tarefa de Eliseu. Aquele sobre quem havia descido em grande medida o espírito que repousava sobre Elias, provara-se fiel até o fim. Nunca vacilara. Nunca perdera sua confiança no poder da Onipotência. Sempre, quando o caminho diante de si parecia inteiramente fechado, ainda avançara pela fé, e Deus honrara sua confiança e abrira diante dele o caminho.

Não foi dado a Eliseu seguir seu mestre num carro de fogo. Sobre ele o Senhor permitiu que viesse uma prolongada enfermidade. Durante as longas horas de sofrimento e fraqueza humana, sua fé permaneceu posta nas promessas de Deus, e ele sentiu sempre em torno de si mensageiros celestiais de conforto e paz. Como nos altos de Dotã ele vira os exércitos circundantes do Céu, os carros de fogo de Israel e seus cavaleiros, estava ele agora cônscio da presença cheia de simpatia dos anjos; e foi sustentado. Através de sua vida havia exercido forte fé; e ao avançar no conhecimento das providências de Deus e de Sua graciosa bondade, a fé havia amadurecido em inamovível confiança em Deus; e quando a morte o chamou, ele estava pronto para repousar de seus labores.

"Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos." Sal. 116:15. "O justo até na sua morte tem esperança." Prov. 14:32. Como o salmista, Eliseu podia dizer com toda a confiança: "Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá." Sal. 49:15. E com alegria podia testificar. "Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim Se levantará sobre a Terra." Jó 19:25. "Quanto a mim, contemplarei a Tua face na justiça; satisfar-me-ei da Tua semelhança quando acordar." Sal. 17:15.

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