Um suicidio no trabalho é uma mensagem brutal

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Edio 08/2010

Um suicdio no trabalho uma mensagem brutal Indstria mutilante: adoecimentos ocupacionais que mancham o Brasil Marco Antonio de Mattos: Qualidade de vida Romantismo do setor de tecnologia esconde empregos precrios Segurana no trabalho: guia do EPI d dicas para diminuir acidentes de trabalho no Pas Unidade de Referncia em Sade do Trabalhador de Santa Cruz do Sul negocia melhorias Vtima de assaltos frequentes receber indenizao Intervalo no substituvel por benefcio extra CRA realiza audincia pblica sobre projeto que altera legislao do trabalho rural CIPA faz oficina de mapa de risco no Hospital de Aquidauana Vigilncia Ambiental alerta para cuidados aps enchentes

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Essa uma publicao do Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador - DSAST. A reproduo total ou parcial do contedo permitida, desde que citada a fonte original da notcia.

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01/02/2010Entrevista a Christophe de DejoursAna Gerschenfeld

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Nos ltimos anos, trs ferramentas de gesto estiveram na base de uma transformao radical da maneira como trabalhamos: a avaliao individual do desempenho, a exigncia de qualidade total e o outsourcing. O fenmeno gerou doenas mentais ligadas ao trabalho. Christophe Dejours, especialista na matria, desmonta a espiral de solido e de desespero que pode levar ao suicdio. Psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Mtiers, em Paris, Christophe Dejours dirige ali o Laboratrio de Psicologia do Trabalho e da Aco uma das raras equipas no mundo que estuda a relao entre trabalho e doena mental. Esteve h dias em Lisboa, onde, de gravata amarela, cabeleira Beethoven e olhos risonhos a espreitar por detrs de pequenos culos de massa redondos, falou do sofrimento no trabalho. No apenas do sofrimento enquanto gerador de patologias mentais ou de esgotamentos, mas sobretudo enquanto base para a realizao pessoal. No h trabalho vivo sem sofrimento, sem afecto, sem envolvimento pessoal, explicou. o sofrimento que mobiliza a inteligncia e guia a intuio no trabalho, que permite chegar soluo que se procura.

Christophe Dejours (Foto de Enric Vives-Rubio)

Claro que no outro extremo da escala, nas condies de injustia ou de assdio que hoje em dia se vivem por vezes nas empresas, h um tipo de sofrimento no trabalho que conduz ao isolamento, ao desespero, depresso. No seu ltimo livro, publicado h uns meses em Frana e intitulado Suicide et Travail: Que Faire? , Dejours aborda especificamente a questo do suicdio no trabalho, que se tornou muito meditica com a vaga de suicdios que se verificou recentemente na France Tlcom. Depois da conferncia, o mdico e cientista falou com o P2 sobre as causas laborais desses gestos extremos, trgicos e irreversveis. Mais geralmente, explicou-nos como a destruio pelos gestores dos elos sociais no trabalho nos fragiliza a todos perante a doena mental. O SUICDIO LIGADO AO TRABALHO UM FENMENO NOVO? O que muito novo a emergncia de suicdios e de tentativas de suicdio no prprio local de trabalho. Apareceu em Frana h apenas 12, 13 anos. E no s em Frana as primeiras investigaes foram feitas na Blgica, nas linhas de montagem de automveis alemes. um fenmeno que atinge todos os pases ocidentais. O facto de as pessoas irem suicidar-se no local de trabalho tem obviamente um significado. uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar mas no uma chantagem, porque essas pessoas no ganham nada com o seu suicdio. dirigida comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, empresa. Toda a questo reside em descodificar essa mensagem. AFECTA CERTAS CATEGORIAS DE TRABALHADORES MAIS DO QUE OUTRAS? Na minha experincia, h suicdios em todas as categorias nas linhas de montagem, entre os quadros superiores das telecomunicaes, entre os bancrios, nos trabalhadores dos servios, nas actividades industriais, na agricultura. No passado, no havia suicdios ligados ao trabalho na indstria. Eram os agricultores que se suicidavam por causa do trabalho os assalariados agrcolas e os pequenos proprietrios cuja actividade tinha sido destruda pela concorrncia das grandes exploraes. Ainda h suicdios no mundo agrcola. O QUE QUE MUDOU NAS EMPRESAS? A organizao do trabalho. Para ns, clnicos, o que mudou foram principalmente trs coisas: a introduo de novos mtodos de avaliao do trabalho, em particular a avaliao individual do desempenho; a introduo de tcnicas ligadas chamada qualidade total; e o outsourcing, que tornou o trabalho mais precrio. A avaliao individual uma tcnica extremamente poderosa que modificou totalmente o mundo do trabalho, porque ps em concorrncia os servios, as empresas, as sucursais e tambm os indivduos. E se estiver associada quer a prmios ou promoes, quer a ameaas em relao manuteno do emprego, isso gera o medo. E como as pessoas esto agora a competir entre elas, o xito dos colegas constitui uma ameaa, altera profundamente as relaes no trabalho: O que quero que os outros no consigam fazer bem o seu trabalho. Muito rapidamente, as pessoas aprendem a sonegar informao, a fazer circular boatos e, aos poucos, todos os elos que existiam at a a ateno aos outros, a considerao, a ajuda mtua acabam por ser destrudos. As pessoas j no se falam, j no olham umas para as outras. E quando uma delas vtima de uma injustia, quando escolhida como alvo de um assdio, ningum se mexe URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalMAS O ASSDIO NO TRABALHO NOVO? No, mas a diferena que, antes, as pessoas no adoeciam. O que mudou no foi o assdio, o que mudou que as solidariedades desapareceram. Quando algum era assediado, beneficiava do olhar dos outros, da ajuda dos outros, ou simplesmente do testemunho dos outros. Agora esto ss perante o assediador isso que particularmente difcil de suportar. O mais difcil em tudo isto no o facto de ser assediado, mas o facto de viver uma traio a traio dos outros. Descobrimos de repente que as pessoas com quem trabalhamos h anos so cobardes, que se recusam a testemunhar, que nos evitam, que no querem falar connosco. A que se torna difcil sair do poo, sobretudo para os que gostam do seu trabalho, para os mais envolvidos profissionalmente. Muitas vezes, a empresa pediu-lhes sacrifcios importantes, em termos de sobrecarga de trabalho, de ritmo de trabalho, de objectivos a atingir. E at lhes pode ter pedido (o que algo de relativamente novo) para fazerem coisas que vo contra a sua tica de trabalho, que moralmente desaprovam. QUAL O PERFIL DAS PESSOAS QUE SO ALVO DE ASSDIO? So justamente pessoas que acreditam no seu trabalho, que esto envolvidas e que, quando comeam a ser censuradas de forma injusta, so muito vulnerveis. Por outro lado, so frequentemente pessoas muito honestas e algo ingnuas. Portanto, quando lhes pedem coisas que vo contra as regras da profisso, contra a lei e os regulamentos, contra o cdigo do trabalho, recusam-se a faz-las. Por exemplo, recusam-se a assinar um balano contabilista manipulado. E em vez de ficarem caladas, dizem-no bem alto. Os colegas no dizem nada, j perceberam h muito tempo como as coisas funcionam na empresa, j h muito que desviaram o olhar. Toda a gente cmplice. Mas o tipo empenhado, honesto e algo ingnuo continua a falar. No devia ter insistido. E como falou frente de todos, torna-se um alvo. O chefe vai mostrar a todos quo impensvel dizer abertamente coisas que no devem aparecer nos relatrios de actividade. Um nico caso de assdio tem um efeito extremamente potente sobre toda a comunidade de uma empresa. Uma mulher est a ser assediada e vai ser destruda, uma situao de uma total injustia; ningum se mexe, mas todos ficam ainda com mais medo do que antes. O medo instala-se. Com um nico assdio, consegue-se dominar o colectivo de trabalho todo. Por isso, importante, ao contrrio do que se diz, que o assdio seja bem visvel para todos. H tcnicas que so ensinadas, que fazem parte da formao em matria de assdio, com psiclogos a fazer essa formao. UMA FORMAO PARA O ASSDIO? Exactamente. H estgios para aprenderem essas tcnicas. Posso contar, por exemplo, o caso de um estgio de formao em Frana em que, no incio, cada um dos 15 participantes, todos eles quadros superiores, recebeu um gatinho. O estgio durou uma semana e, durante essa semana, cada participante tinha de tomar conta do seu gatinho. Como bvio, as pessoas afeioaram-se ao seu gato, cada um falava do seu gato durante as reunies, etc.. E, no fim do estgio, o director do estgio deu a todos a ordem de matar o seu gato. EST A DESCREVER UM CENRIO TOTALMENTE NAZI... S que aqui ningum estava a apontar uma espingarda cabea de ningum para o obrigar a matar o gato. Seja como for, um dos participantes, uma mulher, adoeceu. Teve uma descompensao aguda e eu tive de tratla foi assim que soube do caso. Mas os outros 14 mataram os seus gatos. O estgio era para aprender a ser impiedoso, uma aprendizagem do assdio. Penso que h bastantes empresas que recorrem a este tipo de formao muitas empresas cujos quadros, responsveis de recursos humanos, etc., so ensinados a comportar-se dessa maneira. VOLTANDO AO PERFIL DO ASSEDIADO, PERIGOSO ACREDITAR REALMENTE NO SEU TRABALHO? . O que vemos que, hoje em dia, envolver-se demasiado no seu trabalho representa um verdadeiro perigo. Mas, ao mesmo tempo, no pode haver inteligncia no trabalho sem envolvimento pessoal sem um envolvimento total. Isso gera, alis, um dilema terrvel, nomeadamente em relao aos nossos filhos. As pessoas suicidam-se no trabalho, portanto no podemos dizer aos nossos filhos, como os nossos pais nos disseram a ns, que graas ao trabalho que nos podemos emancipar e realizar-nos pessoalmente. Hoje, vemo-nos obrigados a dizer aos nossos filhos que preciso trabalhar, mas no muito. uma mensagem totalmente contraditria. E OS SINDICATOS? Penso que os sindicatos foram em parte destrudos pela evoluo da organizao do trabalho. No se opuseram introduo dos novos mtodos de avaliao. Mesmo os trabalhadores sindicalizados viram-se presos numa dinmica em que aceitaram compromissos com a direco. Em Frana, a sindicalizao diminuiu imenso as pessoas j no acreditam nos sindicatos porque conhecem as suas prticas desleais.

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalCOMO DISTINGUIR UM SUICDIO LIGADO AO TRABALHO DE UM SUICDIO DEVIDO A OUTRAS CAUSAS? uma pergunta qual nem sempre possvel responder. Hoje em dia, no somos capazes de esclarecer todos os suicdios no trabalho. Mas h casos em que indiscutvel que o que est em causa o trabalho. Quando as pessoas se matam no local de trabalho, no h dvida de que o trabalho est em causa. Quando o suicdio acontece fora do local de trabalho e a pessoa deixa cartas, um dirio, onde explica por que se suicida, tambm no h dvidas so documentos aterradores. Mas quando as pessoas se suicidam fora do local do trabalho e no deixam uma nota, muito complicado fazer a distino. Porm, s vezes possvel. Um caso recente e uma das minhas vitrias pessoais foi julgado antes do Natal, em Paris. Foi um processo bastante longo contra a Renault por causa do suicdio de vrios engenheiros e cientistas altamente qualificados que trabalhavam na concepo dos veculos, num centro de pesquisas da empresa em Guyancourt, perto de Paris. QUANDO QUE ISSO ACONTECEU? Em 2006-2007. Houve cinco suicdios consecutivos; quatro atiraram-se do topo de umas escadas interiores, do quinto andar, frente dos colegas, num local com muita passagem hora do almoo. Mas um deles alis de origem portuguesa no se suicidou no local do trabalho. Era muitssimo utilizado pela Renault nas discusses e negociaes sobre novos modelos e produo de peas no Brasil. Foi utilizado, explorado de forma aterradora. Pediam-lhe constantemente para ir ao Brasil e o homem estava exausto por causa da diferena horria. Era uma pessoa totalmente dedicada, tinha mesmo feito coisas sem ningum lhe pedir, como traduzir documentos tcnicos para portugus, para tentar ganhar o mercado brasileiro para a empresa. A dada altura, teve uma depresso bastante grave e acabou por se suicidar. A viva processou a Renault, que em Dezembro acabou por ser condenada por falta imperdovel do empregador [conceito do direito da segurana social em Frana], por no ter tomado as devidas precaues. Foi um acontecimento importante porque, pela primeira vez, uma grande multinacional foi condenada em virtude das suas prticas inadmissveis. Os advogados do trabalho apoiaram-se muito nos resultados cientficos do meu laboratrio. O acrdo do tribunal tinha 25 pginas e as provas foram consideradas esmagadoras. Havia e-mails onde o engenheiro dizia que j no aguentava mais e que a empresa fez desaparecer limpando o disco rgido do seu computador. Mas ele tinha cpias dos documentos no seu computador de casa. A argumentao foi imparvel. MESMO ASSIM, AS EMPRESAS CONTINUAM A DIZER QUE OS SUICDIOS DOS SEUS FUNCIONRIOS TM A VER COM A VIDA PRIVADA E NO COM O TRABALHO. Toda a gente tem problemas pessoais. Portanto, quando algum diz que uma pessoa se suicidou por razes pessoais, no est totalmente errado. Se procurarmos bem, vamos acabar por encontrar, na maioria dos casos, sinais precursores, sinais de fragilidade. H quem j tenha estado doente, h quem tenha tido episdios depressivos no passado. preciso fazer uma investigao muito aprofundada. Mas se a empresa pretender provar que a crise depressiva de uma pessoa se deve a problemas pessoais, vai ter de explicar por que que, durante 10, 15, 20 anos, essa pessoa, apesar das suas fragilidades, funcionou bem no trabalho e no adoeceu. Mas como que o trabalho pode conduzir ao suicdio? S acontece a pessoas com determinada vulnerabilidade? S muito recentemente que percebi que uma pessoa podia ser levada ao suicdio sem que tivesse at ali apresentado qualquer sinal de vulnerabilidade psicopatolgica. Fiquei extremamente surpreendido com um caso em especial, do qual no posso falar muito aqui, porque ainda no foi julgado, de uma mulher que se suicidou na sequncia de um assdio no trabalho. A Polcia Judiciria [francesa] tinha interrogado os seus colegas de trabalho e, como a ordem vinha de um juiz, as pessoas falaram. Foram 40 depoimentos que descreviam a maneira como essa mulher tinha sido tratada pelo patro (apenas uma contradiz as restantes 39). E o que emerge que, devido ao assdio, ela caiu num estado psicopatolgico muito parecido com um acesso de melancolia. Ora, o que mais me espantou, quando procurei sinais precursores, que no encontrei absolutamente nada. E, pela primeira vez, comecei a pensar que, em certas situaes, quando uma pessoa que no melanclica escolhida como alvo de assdio, possvel fabricar, desencadear, uma verdadeira depresso em tudo igual melancolia. Quando essa pessoa se vai abaixo, tem uma depresso, autodesvaloriza-se, torna-se pessimista, pensa que no vale nada, que merece realmente morrer. Era uma mulher hiperbrilhante, muitssimo apreciada, muito envolvida, imaginativa, produtiva. Tinha duas crianas ptimas e um marido excepcional. Falei com os seus amigos, o marido, a me. No encontrei nenhum sinal precursor, nem sequer na sua infncia. URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalACONTECEU SEM PR-AVISO? Houve um perodo crtico que ter durado um ms. As pessoas sua volta deram por isso. Viram que ela estava muito mal, o mdico do trabalho foi avisado e obrigou-a a parar de trabalhar e pediu a algum que a levasse para casa. Mas ela no queria parar, insistia que queria fazer o que tinha a fazer. A famlia tambm percebeu que algo estava a acontecer, ela consultou um psiquiatra, mas impossvel travar este tipo de descompensao. Foi para casa da me, mas quando pensaram que estava a melhorar um pouco, relaxaram a vigilncia e ela atirou-se pela janela. Nos testemunhos recolhidos pela polcia, v-se claramente que ningum se atreveu a ajud-la; todos dizem que tinham medo. Tinham medo do patro, que era um tirano. Tambm assediava sexualmente as mulheres e esta mulher era muito bonita. No consegui saber se tinha havido assdio sexual, mas vrias pessoas evocam no seu depoimento que ela ter cado em desgraa porque se tinha recusado a fazer o que ele queria. O CASO DA FRANCE TLCOM FOI MUITO MEDITICO, COM 25 SUICDIOS. O SUICDIO MAIS FREQUENTE NAS GRANDES EMPRESAS? No. Nas grandes empresas pode ser mais visvel, mas h tambm muitas pequenas empresas onde as coisas correm muito mal, onde os critrios so incrivelmente arbitrrios e onde o assdio pode ser pior. Nas grandes empresas, subsiste por vezes uma presena sindical que faz com que os casos venham a pblico. Foi assim na France Tlcom. Mas no acredito que a destruio actual do mundo do trabalho esteja a acontecer apenas nalgumas grandes multinacionais. E importante salientar que tambm h multinacionais onde as coisas correm bem. QUANTAS PESSOAS SE SUICIDAM POR ANO, EM FRANA E NOUTROS PASES? No h estatsticas do suicdio no trabalho. Em Frana, foi constituda uma comisso ministerial onde pela primeira vez foi dito claramente que urgente aplicar ferramentas que permitam analisar a relao entre suicdio e trabalho. Mas, por enquanto, isso no existe. Nem na Blgica, nem no Canad, nem nos Estados Unidos, no existe em stio nenhum. Na Sucia, por exemplo, h provavelmente tantos suicdios no trabalho como em Frana. Mas no h debate. Em muitos pases no h debate, porque no existe esse espao clnico, essa nova medicina do trabalho que estamos a desenvolver em Frana. De facto, a Frana dos stios onde mais se fala do assunto. O debate francs interessa muita gente, mas tambm mete muito medo. Em Frana, foi feito um nico inqurito, h quatro anos, pela Inspeco Mdica do Trabalho, em trs departamentos [divises administrativas], passando pelos mdicos do trabalho, e chegaram a um total de 50 suicdios em cinco anos. provavelmente um valor subestimado, mas, extrapolando-o a todos os departamentos, d entre 300 e 400 suicdios no trabalho por ano. FALOU DE QUALIDADE TOTAL. O QUE EXACTAMENTE? uma segunda medida que foi introduzida na sequncia da avaliao individual. Acontece que, quando se faz a avaliao individual do desempenho, est-se a querer avaliar algo, o trabalho, que no possvel avaliar de forma quantitativa, objectiva, atravs de medies. Portanto, o que est a ser medido na avaliao no o trabalho. No melhor dos casos, est-se a medir o resultado do trabalho. Mas isso no a mesma coisa. No existe uma relao de proporcionalidade entre o trabalho e o resultado do trabalho. como se em vez de olhar para o contedo dos artigos de um jornalista, apenas se contasse o nmero de artigos que esse jornalista escreveu. H quem escreva artigos todos os dias, mas enfim... para contar que houve um acidente de viao ou outra coisa qualquer. Uma nica entrevista, como esta por exemplo, demora muito mais tempo a escrever e, para fazer as coisas seriamente, vai implicar que o jornalista escreva entretanto menos artigos. Hoje em dia, julga-se os cientistas pelo nmero de artigos que publicam. Mas isso no reflecte o trabalho do cientista, que talvez esteja a fazer um trabalho difcil e no tenha publicado durante vrios anos porque no conseguiu obter resultados. Passados uns tempos, surgem queixas a dizer que a qualidade [da produo ou do servio] est a degradar-se. Ento, para alm das avaliaes, os gestores comeam a controlar a qualidade e declaram como objectivo a qualidade total. No conhecem os ofcios, mas vo definir pontos de controlo da qualidade. verdadeiramente alucinante. Para alm de que declarar a qualidade total catastrfico, justamente porque a qualidade total um ideal. importante ter o ideal da qualidade total, ter o ideal do zero-defeitos, do zero-acidentes, mas apenas como ideal. Em diabetologia, por exemplo, os gestores introduziram a obrigao de os mdicos fazerem, para cada um dos seus doentes, ao longo de trs meses, a mdia dos nveis de hemoglobina glicosilada A1c [ri-se], que um indicador da concentrao de acar no sangue. A seguir, comparam entre si os grupos de doentes de cada mdico assim que controlam a qualidade dos cuidados mdicos. [ri-se]. URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalS que, na realidade, quando tratamos um doente, s vezes o tratamento no funciona e temos de perceber porqu. E finalmente, o doente acaba por nos confessar que no consegue respeitar o regime alimentar que lhe prescrevemos, porque inclui legumes e no fculas e que os legumes so mais caros... Tem trs filhos e no tem dinheiro para legumes. E ento, vamos ter de encontrar um compromisso. Da mesma forma, se um doente diabtico engenheiro e tem de viajar frequentemente para outros fusos horrios, torna-se muito difcil controlar a sua glicemia com insulina. Mais uma vez, vai ser preciso encontrar um meio-termo. E isso difcil. Mesmo uma central nuclear nunca funciona como previsto. Nunca. Por isso que precisamos de trabalho vivo. A qualidade total um contra-senso porque a realidade se encarrega de fazer com que as coisas no funcionem de forma ideal. Mas o gestor no quer ouvir falar disso. Ora, quando o ideal se transforma na condio para obter uma certificao, o que acontece que se est a obrigar toda a gente a dissimular o que realmente se passa no trabalho. Deixa de ser possvel falar do que no funciona, das dificuldades encontradas. Quando h um incidente numa central nuclear, o melhor no dizer nada. ISSO EXTREMAMENTE GRAVE. . E em medicina passa-se a mesma coisa. Faz-se batota. Hoje, existem nos hospitais as chamadas conferncias de consenso acho que existem em toda a Europa onde so feitas recomendaes precisas para o tratamento de tal ou tal doena. E quando um mdico recebe um doente, tem de teclar no computador para ver o que foi estabelecido pela conferncia de consenso. O mdico, que tem o doente sua frente, pensa que essa no a boa abordagem porque sabe que o doente tem problemas com a mulher, com os filhos e no vai conseguir fazer o tratamento recomendado. Mas sabe tambm que se no fizer o que est l escrito, e se por acaso as coisas derem para o torto, poder haver um inqurito, a pedido da famlia ou de um gestor, e vo dizer que foi o mdico que no fez o que devia. O problema da qualidade total que obriga muitos de ns a viver essa experincia atroz que consiste em fazer o nosso trabalho de uma forma que nos envergonha. H MUITOS SUICDIOS ENTRE OS MDICOS? Cada vez mais. H especialidades com mais suicdios do que outras nomeadamente entre os mdicos reanimadores. Em Frana uma verdadeira hecatombe: sabido que a profisso de anestesista-reanimador das que tm maior taxa de suicdios. Nesta especialidade, os riscos de ser-se atacado em tribunal porque algum morreu so to elevados que os mdicos se protegem seguindo as instrues. Mesmo que tenham a ntima convico de que no era isso que deveriam fazer. Chegmos a esse ponto. uma situao insuportvel e h mdicos que no aguentam ver um doente morrer porque tiveram medo de que isso se virasse contra eles. Fiz o que estava escrito e o doente morreu. Matei o doente. H cada vez mais reanimadores que se confrontam com esta situao. Ainda por cima os cirurgies atiram sempre as dificuldades que encontram nas operaes para cima do reanimador. Sempre. Cada vez que acontece qualquer coisa, porque o anestesista no adormeceu bem o doente, ou no o acordou correctamente, ou no soube restabelecer a presso arterial. O cirurgio nunca admitir que falhou nas suturas e que por isso o doente se esvaiu em sangue. OS MDICOS SEMPRE FORAM CONSIDERADOS UMA CLASSE MUITO SOLIDRIA Foram. J no so. Eu trabalhei anos nos hospitais, e adorava trabalhar l, porque existia um esprito de equipa fantstico. ramos felizes no nosso trabalho. Hoje, as pessoas no querem trabalhar nos hospitais, no querem fazer bancos, tentam safar-se. So todos contra todos. Bastaram uns anos para destruir a solidariedade no hospital. O que aconteceu aterrador. O que importante perceber que a destruio dos elos sociais no trabalho pelos gestores nos fragiliza a todos perante a doena mental. E por isso que as pessoas se suicidam. No quer dizer que o sofrimento seja maior do que no passado; so as nossas defesas que deixaram de funcionar. Portanto, as ferramentas de gesto so na realidade ferramentas de represso, de dominao pelo medo. Sim, o termo exacto dominao; so tcnicas de dominao. ENTO, PRECISO ACABAR COM ESSAS PRTICAS? Eu no diria que preciso acabar com tudo. Acho que no devemos renunciar avaliao, incluindo a individual. Mas preciso renunciar a certas tcnicas. Em particular, tudo o que quantitativo e objectivo falso e preciso acabar com isso. Mas h avaliaes que no so quantitativas e objectivas a avaliao dos pares, da colectividade, a avaliao da beleza, da elegncia de um trabalho, do facto de ser conforme s regras profissionais. Trata-se de avaliaes assentes na qualidade e no desempenho do ofcio. Mesmo a entrevista de avaliao pode ser interessante e as pessoas no so contra. URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalMas sobretudo, a avaliao no deve ser apenas individual. extremamente importante comear a concentrar os esforos na avaliao do trabalho colectivo e nomeadamente da cooperao, do contributo de cada um. Mas como no sabemos analisar a cooperao, analisa-se somente o desempenho individual. O resultado desastroso. No verdade que a qualidade da produo melhorou. A General Motors foi obrigada a alertar o mundo da m qualidade dos seus pneus; a Toyota teve de trocar um milho de veculos por veculos novos ou reembolsar os clientes porque descobriu um defeito de fabrico. essa a qualidade total japonesa? Hoje, nos hospitais em Frana, a qualidade do trabalho no aumentou diminui. O desempenho supostamente melhorou, mas isso no verdade, porque no se toma em conta o que est a acontecer do lado do trabalho colectivo. Temos de aprender a pensar o trabalho colectivo, de desenvolver mtodos para o analisar, avaliar para o cultivar. A riqueza do trabalho est a, no trabalho colectivo como cooperao, como maneira de viver juntos. Se conseguirmos salvar isso no trabalho, ficamos com o melhor, aprendemos a respeitar os outros, a evitar a violncia, aprendemos a falar, a defender o nosso ponto de vista e a ouvir o dos outros. NO HAVER POR DETRS DESTA NOVA ORGANIZAO DO TRABALHO OBJECTIVOS DE CONTROLO DAS PESSOAS, DE REDUO DA LIBERDADE INDIVIDUAL, QUE EXTRAVASAM O MBITO EMPRESARIAL? uma questo difcil. Acho que qualquer mtodo de organizao do trabalho ao mesmo tempo um mtodo de dominao. No possvel dissociar as duas coisas. H 40 anos que os socilogos trabalham nisto. Todos os mtodos de organizao do trabalho visam uma diviso das tarefas, por razes tcnicas, de racionalidade, de gesto. Mas no h nenhuma diviso tcnica do trabalho que no venha acompanhada de um sistema de controlo, em virtude do qual as pessoas vo cumprir as ordens. H tecnologias da dominao. O sistema de Taylor, ou taylorismo, essencialmente um mtodo de dominao e no um mtodo de trabalho. O mtodo de Ford um mtodo de trabalho. Contudo, no penso que a inteno do patronato (francs, em particular), nem dos homens de Estado seja instaurar o totalitarismo. Mas indubitvel que introduzem mtodos de dominao, atravs da organizao do trabalho que, de facto, destroem o mundo social. QUAL A DIFERENA ENTRE TAYLORISMO E FORDISMO? Taylor inventou a diviso das tarefas entre as pessoas e a interposio, entre cada tarefa, de uma interveno da direco, atravs de um capataz. H constantemente algum a vigiar e a exigir obedincia ao trabalhador. A palavra-chave obedincia. Quando eu disser para parar de trabalhar e ir comer qualquer coisa, voc vai obedecer. Se concordar, ser pago mais 50 cntimos pela sua obedincia. A nica coisa que importa a obedincia. O objectivo acabar com o cio, os tempos mortos. S muito mais tarde que Ford introduziu uma nova tcnica, a linha de montagem, que uma aplicao do taylorismo. Na realidade, no o progresso tecnolgico que determina a transformao das relaes sociais, mas a transformao das relaes de dominao que abre o caminho a novas tecnologias. O toyotismo [ou Sistema Toyota de Produo] utiliza um outro mtodo de dominao, o ohnismo [inventado por Taiichi Ohno (1912-1990)], diferente do taylorismo. um mtodo particular que extrai a inteligncia das pessoas de uma forma muito mais subtil que o taylorismo, que apenas estipula que h pessoas que tm de obedecer e outras que mandam. No ohnismo, trata-se de fazer com que pessoas beneficiem a empresa oferecendo a sua inteligncia e os conhecimentos adquiridos atravs da experincia. Para o fazer, nos anos 1980, introduziu-se algo de totalmente novo: os chamados crculos de qualidade. O sistema japons foi realmente uma novidade em relao ao taylorismo, porque ensinou as pessoas a colaborar sem as obrigar a obedecer dando-lhes prmios, pelo contrrio. Quando uma sugesto de uma pessoa d lucro, a empresa faz o clculo do dinheiro que a empresa ganhou com a ideia e reverte para o trabalhador uma parte desse lucro. Trata-se de prmios substanciais. Mas h uma batota: os crculos de qualidade podiam durar horas, todos os dias, reunindo as pessoas a seguir ao trabalho para alimentar a caixinha das ideias. Todos se envolviam porque, por um lado, uma ideia que permitisse melhorar a produo valialhes chorudos prmios, mas tambm porque quem participava neles tinha um emprego vitalcio garantido na empresa. O sistema foi exportado para a Europa, os EUA, etc. porque durante uns tempos, a qualidade melhorou de facto. Mas a dada altura, as pessoas no Japo trabalhavam tanto que comeou a haver mortes por karshi [literalmente morte por excesso de trabalho]. URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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Um suicdio no trabalho uma mensagem brutalO QUE O KARSHI? uma morte sbita, geralmente por hemorragia cerebral (AVC), de pessoas novas que no apresentam qualquer factor de risco cardiovascular. No so obesos, no sofrem de hipertenso, no tm nveis de colesterol elevados, no so diabticos, no fumam, no so alcolicos, no tem uma histria familiar de AVC. Nada. A nico factor que possvel detectar o excesso de trabalho. Estas pessoas trabalham mais de 70 horas por semana, sem contar as horas passadas nos crculos de qualidade. Ou seja, so pessoas que esto literalmente sempre a trabalhar. Mal param de trabalhar, vo dormir. As descries de colegas que foram fazer inquritos no Japo so aterrorizadoras. O mundo do trabalho no Japo alucinante. H raparigas que entram nas fbricas de electrnica, por exemplo, e que so utilizadas entre os 18 e os 21 anos porque aos 21 anos, j no conseguem aguentar as cadncias de trabalho. As famlias confiam-nas s empresas por esses trs anos, durante os quais elas se entregam de corpo e alma ao trabalho. E nalguns casos, a empresa compromete-se a casar a rapariga no fim dos trs anos. mesmo um sistema totalitrio. E mais: essas jovens trabalham 12 a 14 horas por dia e depois vo para uns dormitrios onde h uma srie de gavetes cada um com cama e um colcho , deitam-se na cama e fecha-se o gaveto. Dormem assim, empilhadas em gavetes. Trs anos em gavetes preciso ver para crer. MAS UMA COISA DESTAS NO APLICVEL NA EUROPA No, pelo menos em Frana nunca funcionaria. Ainda no chegmos l, disso tenho a certeza. MAS ACHA QUE PODERIA ACONTECER? Sim, acho que poderamos l chegar. Tudo possvel. Mas ao contrrio do que se diz, no h uma fatalidade, no a mundializao que determina as coisas, no a guerra econmica. perfeitamente possvel, no contexto actual, trabalhar de outra maneira, e h empresas que o fazem, com uma verdadeira preocupao de preservar o viver juntos, para tentar encontrar alternativas abordagem puramente de gesto. O que no impede que a tendncia seja para a desestruturao um pouco por todo o lado. difcil resistir-lhe. UMA EMPRESA QUE DEFENDESSE OS PRINCPIOS DA LIBERDADE, DA IGUALDADE E DA FRATERNIDADE CONSEGUIRIA SOBREVIVER NO ACTUAL CONTEXTO DE MERCADO? Hoje, estou em condies de responder pela afirmativa, porque tenho trabalhado com algumas empresas assim. Ao contrrio do que se pensa, certas empresas e alguns patres no participam do cinismo geral e pensam que a empresa no s uma mquina de produzir e de ganhar dinheiro, mas tambm que h qualquer coisa de nobre na produo, que no pode ser posta de lado. Um exemplo fcil de perceber so os servios pblicos, cuja tica permitir que os pobres sejam to bem servidos como os ricos que tenham aquecimento, telefone, electricidade. possvel, portanto, trabalhar no sentido da igualdade. H tambm muita gente que acha que produz coisas boas os avies, por exemplo, so coisas belas, so um sucesso tecnolgico, podem progredir no sentido da proteco do ambiente. O lucro no a nica preocupao destas pessoas. E, entre os empresrios, h pessoas assim no muitas, mas h. Pessoas muito instrudas que respeitam esse aspecto nobre. E, na sequncia das histrias de suicdios, alguns desses empresrios vieram ter comigo porque queriam repensar a avaliao do desempenho. Comecei a trabalhar com eles e est a dar resultados positivos. O QUE FIZERAM? Abandonaram a avaliao individual alis, esses patres estavam totalmente fartos dela. Durante um encontro que tive com o presidente de uma das empresas, ele confessou-me, aps um longo momento de reflexo, que o que mais odiava no seu trabalho era ter de fazer a avaliao dos seus subordinados e que essa era a altura mais infernal do ano. Surpreendente, no? E a razo que me deu foi que a avaliao individual no ajuda a resolver os problemas da empresa. Pelo contrrio, agrava as coisas. Neste caso, trata-se de uma pequena empresa privada que se preocupa com a qualidade da sua produo e no apenas por razes monetrias, mas por questes de bem-estar e convivialidade do consumidor final. O resultado que pensar em termos de convivialidade faz melhorar a qualidade da produo e far com que a empresa seja escolhida pelos clientes face a outras do mesmo ramo. Para o conseguir, foi preciso que existisse cooperao dentro da empresa, sinergias entre as pessoas e que os pontos de vista contraditrios pudessem ser discutidos. E isso s possvel num ambiente de confiana mtua, de lealdade, onde ningum tem medo de arriscar falar alto. Se conseguirmos mostrar cientificamente, numa ou duas empresas com grande visibilidade, que este tipo de organizao do trabalho funciona, teremos dado um grande passo em frente. URL: http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

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14/02/2010

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Indstria mutilante: adoecimentos ocupacionais que mancham o BrasilLuiz Salvador Ainda h esperanas. Um outro mundo melhor e de incluso social possvel. A construo coletiva desse iderio pela dignidade humana e planetria est em expanso, anunciando novos patamares civilizatrios humanidade. Enquanto isso, a busca da efetividade dos direitos legislados equilibradores das relaes capital-trabalho motivo de preocupao e concretizao pelos diversos atores sociais, em especial por parte dos operadores do direito, advogados, procuradores, magistrados, professores. Assunto que tem despertado a ateno no mundo do trabalho a questo relacionada aos acidentes do trabalho e dos adoecimentos ocupacionais que mancha a trajetria do Brasil, dentre os pases civilizados, passando, em razo do reiterado descumprimento das normas de sade e segurana do trabalho a ser considerado como Campeo Mundial em Acidentes do Trabalho. Todos sabemos que nossa legislao infortunstica uma das melhores do mundo. Pena que em seu quotidiano, descumprida, quer por conivncia dos rgos pblicos encarregados da fiscalizao, quer pela prevalncia do interesse patrimonialstico ao arrepio da legislao social vigente no pas que obriga o empregador a assegurar meio ambiente laboral sem riscos de acidentes e ou de desenvolvimento de adoecimento ocupacional. Sabedora a magistrada do trabalho de Joaaba-SC do quadro de tragdia que a empresa vem ocasionando por seu mtodo de trabalho e produo, gerando uma legio de lesionados, tudo com comprovao nos autos atravs das relaes de benefcios previdencirios e visando a concretizao da entrega jurisdicional pela efetividade da lei de proteo Sade do Trabalhador, de se destacar as concluses e princpios fundantes aplicados na sentena indita j proferida pela juza do Trabalho, Dra. Lisiane Vieira, da Vara do Trabalho de Joaaba-SC. Acolhendo o pedido, a sentena d procedncia ACP intentada e aps instrudo e provado os fatos alegados, determina Brasil Foods (BRF ( empresa formada a partir da unio entre Perdigo e Sadia) que regularize a situao trabalhista e o ambiente de sua fbrica de Capinzal (SC), que emprega cerca de 7.000 pessoas, observando rigorosamente a as normas de sade e segurana do trabalho e emita a CAT Comunicao de Acidente de Trabalho de todos os casos de acidentes de trabalho e ou de adoecimentos ocupacionais que se verificar na fbrica, sob pena de pagamento de multa diria de R$ 10.000,00, por caso no identificado. O exemplo dessa escorreita Ao Civil Pblica intentada em Santa Catarina pelo Ministrio Pblico do Trabalho e subscrita pelo renomado Procurador do Trabalho de Santa Catarina, Sandro Sarda, ACP 1327.2009.012.12.00.0, bem demonstra o relevantssimo papel social que vem desenvolvendo a instituio no sentido de que a lei foi feita para ser cumprida e observada, cobrando-se do capital sua responsabilidade social por assegurar ao trabalhador trabalho digno e de qualidade em meio ambiente laboral, livre de riscos de acidentes e ou de desenvolvimento de adoecimento ocupacional. A indstria alimentcia da carne, em especial a do frango/suno, apesar da altssima produtividade e lucratividade decorrente de sua atuao quer no mercado interno de consumo, quer no internacional, tem sido reconhecida como uma indstria mutilante que ceifa a vida digna de grande parte de seus empregados, porque implanta maquinrios produo e industrializao que atendem to somente ao objetivo do lucro a qualquer custo, alta produtividade, mas no atendendo, na outra ponta, ADEQUAO DA MQUINA/DA PRODUO AO HOMEM adequao domobilirio ao homem que trabalha; adequao do ritmo da produo ao homem que trabalha; adequao do tempo de trabalho ao homem que trabalha; implementao de pausas durante o trabalho de acordo com o tipo de trabalho e com as necessidades do homem que trabalha, como reconhece a sentena. Instrumentalizando o processo e procedncia do pedido, relevante ainda observar as concluses acertadas do Procurador do Trabalho Guilherme Kirtsching da Procuradoria do Trabalho em Joaaba que esclarece: As atuais condies de trabalho so absolutamente incompatveis com a sade fsica e psquica dos trabalhadores. Cerca de 20% dos trabalhadores da empresa r vem sendo acometidos de doenas ocupacionais, em razo da inadequao do meio ambiente de trabalho. H um enorme contingente de jovens empregados acometidos de doenas ocupacionais, com agravos sade incompatveis com esta faixa etria. Existem casos de jovens com 19 anos j acometidos de doenas ocupacionais. Estamos, portanto, a consumir produtos fruto de sofrimento humano, em grave e direta afronta aos princpios constitucionais que asseguram dignidade humana, sade e a vida. A adoo de pausas de recuperao de fadiga, nos termos da NR 17, a reduo do tempo de exposio e a adequao do ritmo de trabalho tambm so medidas indispensveis e que tambm so objeto da ao civil pblica. De se destacar, ainda, o relevantssimo papel de agente da transformao social que vem sendo desempenhado pelo Ministrio Pblico do Trabalho e pelos Procuradores do Ministrio do Trabalho e Emprego, que, preocupados com as j conhecidas condies desajustadas de trabalho dos empregados em frigorficos, tm atuado em URL: http://www.conjur.com.br/2010-fev-14/adoecimentos-ocupacionais-mancham-trajetoria-brasil

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14/02/2010

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Indstria mutilante: adoecimentos ocupacionais que mancham o Brasilconjunto e ou mesmo individualmente, no sentido da concretizao e efetividade da legislao infortunstica, exigindo-se do empregador que cumpra com sua obrigao e responsabilidade social, investindo em preveno, eliminando os riscos do seu meio de produo, deixando de praticar as repudiadas subnotificaes acidentrias, bem como as exigncias de jornadas exaustivas, repetitivas, estressantes, causa principal dos adoecimentos ocupacionais e preocupantes que envolve o setor. No mesmo sentido, conclui o Procurador do Trabalho de Santa Catarina Gean Carlo serem as Ler-Dorts (Leses por esforo repetivivos), bem como as doenas da coluna, as principais causas de tantas mutilaes que ocorrem com os trabalhadores nos frigorficos: As leses por esforo repetitivo e doenas da coluna esto entre as principais doenas ocupacionais que acometem os empregados desse setor. H vrios casos reconhecidos pelo INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social] de doenas do trabalho, principalmente nos pulsos, mos, ombros, que esto diretamente relacionados ao esforo repetitivo e ao frio. A baixa temperatura diminui o aporte de sangue s extremidades do corpo. Se o trabalho exige esforo das mos, por exemplo, a tendncia ele sofrer rapidamente leses nessa parte do corpo. Igualmente, Siderlei Oliveira, Presidente da Contac, Confederao dos Trabalhadores nas Indstrias de Alimentao, Agroindstrias, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais, conhecedor profundo do setor e de seus problemas relativos sade do trabalhador, reafirma os motivos que levam a tantas mutilaes de trabalhadores e infortnios laborais pelo trabalho estressante, repetivivo e sem pausas na vida do trabalhador em frigorficos: As empresas elevaram suas metas de produo sem ampliar o nmero de trabalhadores. Os trabalhadores esto num ritmo insuportvel. A mquina dita o ritmo de trabalho no setor agrcola. O trabalhador faz esforo fsico repetitivo, durante 8 horas e em ambiente de baixa temperatura. A combinao disso uma serie de leses graves, nos tendes, nos ombros, nos membros superiores. CONCLUSO Louvamos esse importantssimo trabalho de cunho social em busca da efetividade da legislao infortunstica em nosso pas que vem sendo desenvolvido pelo Ministrio Pblico do Trabalho de modo geral e em especial o que vem sendo executado em Santa Catarina, bem como cumprimentamos o Poder Judicirio Trabalhista pela entrega da justa e equilibrada prestao jurisdicional de mrito, dando procedncia Ao Civil Pblica. Processo nmero 1327-2009-012-12-00-0

URL: http://www.conjur.com.br/2010-fev-14/adoecimentos-ocupacionais-mancham-trajetoria-brasil

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16/02/2010 Marco Antonio de Mattos: Qualidade de vida

RJ

Rio de Janeiro

Nos ltimos anos, as organizaes transformaram radicalmente a forma de se relacionar com o seu quadro funcional. As empresas comearam a perceber os funcionrios como a sua locomotiva e surgiu a preocupao com sua satisfao e com ambiente de trabalho mais saudvel. Apesar dos numerosos benefcios que trouxe a reboque, a viso mais humanizada das organizaes ainda no tem se refletido em nmeros positivos na sade dos trabalhadores. O estresse continua sendo o grande vilo da atualidade, especialmente no meio empresarial. Pesquisas recentes revelam que 70% dos executivos convivem constantemente com altos nveis de estresse. A exposio permanente a doses exageradas dos hormnios adrenalina e cortisol pode causar o aumento da presso arterial, a taquicardia, a diminuio da imunidade, as lceras, a insnia e a queda do desejo sexual, entre outras alteraes. E um dos rgos que mais sofrem as conseqncias do estresse o corao, que desenvolve cada vez mais cedo diferentes doenas, como arritmias, insuficincia cardaca e infarto. As empresas precisam focar em sadas que combatam o estresse e sobrecarreguem menos o corao. Um programa global de reeducao e conscientizao, que ensine o indivduo a se conhecer e a viver melhor, pode ser uma sugesto adequada. Alm disso, mesmo que no seja uma tarefa fcil, importante saber identificar e reconhecer o estresse. A falta de tempo muitas vezes leva o trabalhador a no fazer exames durante anos, no descobrindo fatores de risco ainda na fase inicial. A boa notcia que existem muitos programas de check-ups corporativos, que incentivam funcionrios a realizarem consultas e exames peridicos. O ideal adotar uma conduta de preveno, o que exige muita disciplina, mas traz consequncias positivas em curto e longo prazo. * Marco Antonio de Mattos Diretor do Instituto Nacional de Cardiologia

URL: http://odia.terra.com.br/portal/conexaoleitor/html/2010/2/marco_antonio_de_mattos_qualidade_de_vida_64439.html

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17/02/2010

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Romantismo do setor de tecnologia esconde empregos precriosFbio de Castro - Agncia Fapesp INFOPROLETRIOS O setor de tecnologia da informao - que inclui amplos segmentos caracterizados pelo uso intensivo de novas tecnologias, como as telecomunicaes e a informtica - considerado um dos mais dinmicos e arrojados da economia contempornea. No entanto, as condies de trabalho encontradas nessas reas podem ser to precrias como as dos operrios do sculo 19. Essa a concluso do livro Infoproletrios - Degradao real do trabalho virtual, que traz ensaios de 11 autores brasileiros e estrangeiros, com base em pesquisas cientficas sobre aspectos diversos do trabalho no setor informacional que compe a nova morfologia do trabalho no Brasil. PROLETRIOS DA TECNOLOGIA A obra foi organizada por Ricardo Antunes, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e por Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de So Paulo (USP). O livro uma coletnea que procura recolher o que encontramos de mais qualificado na pesquisa cientfica feita hoje no Brasil sobre o que chamamos de proletariado do setor informacional. Alm disso, traz duas contribuies de autores internacionais, diz Antunes.Em Infoproletrios - Degradao real do trabalho virtual, pesquisadores revelam precariedade das condies de trabalho no setor informacional, apesar da proximidade com as mais novas tecnologias. (Imagem: Divulgao)

Alm de pesquisadores de vrias instituies brasileiras, o livro traz as contribuies de Ursula Huws, da Universidade de Londres (Inglaterra), e Juan Jos Castillo, da Universidade Complutense de Madri (Espanha). O socilogo britnico Michael Burawoy o autor da nota de apresentao da obra.

MELHORES EMPREGOS DO MUNDO Segundo Antunes, o objetivo do livro contribuir para a compreenso da realidade dos trabalhadores que atuam em relao estreita com as tecnologias da informao, designados como infoproletariado, ou ciberproletariado. H um mito de que os melhores empregos do mundo esto nessas reas, que, por terem alta demanda, ofereceriam grandes oportunidades e autonomia. Mas, quando fazemos uma anlise cientfica, vemos que as condies concretas mostram um quadro muito diferente, marcado por uma profunda alienao do trabalho, disse. SETOR INFORMACIONAL Antunes afirma que o infoproletariado convive com uma dualidade: os trabalhadores lidam com uma tecnologia avanada, mas vivenciam muitas vezes condies de trabalho precrias, tpicas das primeiras fases do capitalismo, com jornadas extenuantes e ausncia de direitos elementares. Nos critrios utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o setor informacional se divide em atividades como telecomunicaes, informtica, edio de programas, processamento de dados, atividades de bancos de dados, produo, distribuio e projeo de filmes, rdio e televiso e atividades de agncias de notcias. DA PROGRAMAO AO TELEMARKETING Antunes explica que o setor se caracteriza por uma polarizao. Em um dos extremos esto os trabalhadores que atuam no desenvolvimento de softwares. No polo oposto, esto os operadores de telemarketing. Os programadores de software so vistos como uma elite do cibertrabalho, desfrutando de alguns privilgios, como uma suposta autonomia. Ainda assim, nesse segmento as condies de trabalho so muito intensificadas e o profissional sobrecarregado por uma pesada cobrana. A individualizao sufocante e a responsabilizao desse trabalhador tm sido responsveis por suicdios em vrios pases do mundo, apontou. URL: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=romantismo-setor-tecnologia-esconde-empregos-precarios&id=5011

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17/02/2010

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Romantismo do setor de tecnologia esconde empregos precriosNo caso do telemarketing, que se encontra na base da hierarquia do cibertrabalho, as condies de trabalho so ainda mais exasperantes, segundo Antunes. H um controle muito rgido do fluxo de trabalho, imposto pela regulao rigorosa do tempo mdio de atendimento. A individualizao reforada pela segregao espacial em baias, que restringem o contato com os colegas. E o tempo destinado para alimentao e uso do banheiro limitadssimo, disse. DO SONHO AO PESADELO Segundo Antunes, os estudos mostram que o segmento do telemarketing tem forte contingente de mulheres cerca de 70% do total - e jovens. O setor, que no para de crescer, j tem quase 1 milho de trabalhadores. Nossas pesquisas constataram, de forma abundante, que muitos jovens encontram nos call centers seu primeiro emprego, com a iluso de que encontraro ali condies de trabalho adequadas. Mas, depois de alguns meses, o maior sonho desses trabalhadores abandonar o telemarketing, afirmou. INDIVIDUALIZAO DO TRABALHO No setor informacional, de forma geral os trabalhadores sofrem intensivamente com o enxugamento dos postos de trabalho, com demisses frequentemente decorrentes de processos de privatizao, segundo Antunes. Outro fator que gera sofrimento intenso a responsabilizao de competncias. Frequentemente, o trabalhador elogiado quando realiza o trabalho padro e ridicularizado quando sua faixa de produtividade fica abaixo da mdia. Nos postos de gesto mais altos nas hierarquias, os trabalhadores so culpabilizados quando os projetos fracassam. Muitos no suportam esse fracasso coletivamente publicizado, disse. A individualizao e o isolamento do infoproletrio tambm se combinariam precarizao das condies de trabalho. Houve uma quebra da noo de trabalho coletivo, rompendo uma srie de laos sociais. Muitos trabalhadores j no tm postos de trabalho fixos dentro da empresa e outros - especialmente na rea de tecnologia da informao - trabalham em seu espao domstico, afirmou. Trabalhar em casa, segundo Antunes, pode ter aspectos positivos, como uma relativa liberdade. Mas a autonomia para gerenciar a jornada de trabalho pode se transformar em uma intensidade de trabalho maior. Esse trabalhador isolado do resto do mundo. Alm disso, um adoecimento nesse tipo de trabalho frequentemente desprovido da segurana previdenciria e de sade que a empresa obrigada a assumir se o empregado estiver trabalhando in loco, destacou. TRABALHADOR PESSOA JURDICA Os setores informacionais, no entanto, so heterogneos, segundo Antunes. H empresas que disponibilizam os direitos sociais garantidos para o conjunto dos trabalhadores. Mas h tambm o trabalhador conhecido como pessoa jurdica, que o empresrio explorador de si mesmo. Desprovido de direitos, pode ser demitido por meio de um simples encerramento de contrato. Essa modalidade de trabalho muito frequente nos setores de mdia e comunicao, disse.

URL: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=romantismo-setor-tecnologia-esconde-empregos-precarios&id=5011

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18/02/2010

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Segurana no trabalho: guia do EPI d dicas para diminuir acidentes de trabalho no PasEstima-se que no Brasil, segundo estatsticas da Previdncia Social, mais de 700 mil acidentes do trabalho acontecem por ano. Para ajudar a diminuir esse nmero, noi lanado o Guia do EPI (Equipamento de Proteo Individual). Com distribuio gratuita e dicas teis, empresrios e trabalhares podem se beneficiar do manual, obtendo informaes sobre os equipamentos de proteo individuais ou coletivos mais adequados e at mesmo dados de como se proteger de uma eventual fatalidade no local de trabalho. Aps a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), todas as empresas so obrigadas a fornecerem gratuitamente aos colaboradores os equipamentos de proteo individual de acordo com o risco de cada funo, alm de ser obrigatrio o certificado de aprovao do Ministrio do Trabalho. Com isso, esperado evitar eventuais acidentes. O objetivo do guia justamente o de incorporar as boas prticas da gesto de sade e segurana no trabalho, contribuindo para a proteo, preveno e reduo de acidentes e doenas no trabalho, resultando maior qualidade de vida aos trabalhadores e diminuindo consideralmente os custos da empresa. Segundo Bianca Alves, diretora de marketing do Guia do EPI, profissionais e empresrios devem seguir alguns mandamentos bsicos para proteger a sade do trabalhador a possveis erros. Estar atento ao uso do EPI , fiscalizar os equipamentos para utilizao para que estejam em perfeito estado de funcionamento e promover palestras e seminrios sobre segurana e sade no trabalho so pontos importantes, complementa. O Guia do EPI tem distribuio gratuita e, para adquiri-lo o interessado deve se cadastrar no portal www.guiadoepi.com.br. O solicitante receber o manual no endereo citado. Quem preferir pode solicitar pelo telefone (11) 3868-4837. ESTO ENTRE AS PRINCIPAIS DICAS FORNECIDAS PELO GUIA DO EPI: Faa com que o seu local de trabalho seja confortvel, propiciando assim mais estmulo e um maior cuidado com as atividades mais perigosas; Procure organizar o local de trabalho, ou seja, deixe os objetos nos seus devidos lugares e bem guardados. Isso impede as improvisaes, diminuindo os acidentes; Esteja sempre informado quanto aos riscos e cuidados que envolvem as atividades e as formas de proteo disponveis para diminuir esses riscos; Participe de atividades e cursos de preveno de acidentes sempre que a empresa os promover; Procure aplicar as medidas e dispositivos de preveno de acidentes de trabalho; Sugira empresa palestras e cursos sobre preveno de acidentes; Se trabalhar muitas horas sentado, mantenha uma postura adequada; No seu local de trabalho use sempre a proteco individual recomendada. Se acha que incmoda ou desajustada, informe-se com os responsveis da segurana da empresa.

URL: http://www.callcenter.inf.br/rh/default.asp?pag=matintegra&matID=38575

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19/02/2010 Unidade de Referncia negocia melhoriasAs ms condies de trabalho podem ser denunciadas em Santa Cruz do Sul. Um dos locais que recebe as reclamaes a Unidade Municipal de Referncia em Sade do Trabalhador. Conforme a enfermeira Marione Kretschmer, em 2009 foram cerca de 20 denncias. O rgo, juntamente com a Vigilncia Sanitria do municpio, visita o local, orienta os responsveis sobre as mudanas que devem ser feitas e estabelece um prazo para que a situao seja resolvida. Mesmo que a unidade no tenha poder punitivo, Marione disse que, com as visitas, os problemas tm sido solucionados. As denncias podem ser feitas via sindicato ou pessoalmente pelo trabalhador. O nome do reclamante preservado.

RS

Santa Cruz do Sul

Marione: apoio da Vigilncia Sanitria para orientar os empregadores (Foto: Janana Zilio/Ag. Assmann)

URL: http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=127937&intIdEdicao=2017

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19/02/2010

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Sorocaba

Vtima de assaltos frequentes receber indenizaoVender e entregar cigarros no Estado de Santa Catarina era a tarefa de um empregado da Souza Cruz S/A. Exercendo sua funo, ele sofreu diversos assaltos, com ameaa de revlver, e foi acometido de quadro de pnico, sem ter recebido ajuda da empresa quando necessitou de assistncia mdica e psicolgica e terapia medicamentosa. Por essa negligncia, a fabricante de cigarros vem sendo condenada a pagar uma indenizao de 80 salrios mnimos ao trabalhador, deciso mantida inalterada aps a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho ter negado provimento ao agravo de instrumento da empresa. Segundo a anlise do Tribunal Regional do Trabalho da 12 Regio (SC), os sucessivos assaltos desencadearam um quadro de pnico no trabalhador, caracterizado por uma sensao desproporcional de medo, em que a pessoa tem pavor de ficar sozinha ou frequentar qualquer lugar que lhe lembre a experincia traumtica. Ao julgar o caso, o TRT concluiu que a indenizao por danos morais devida porque inegvel que a pessoa acometida de pnico sofre constrangimento, diante da dificuldade para conviver normalmente na sociedade e para atividades de trabalho. O PROCESSO Desde a primeira instncia, a Souza Cruz foi condenada ao pagamento de indenizao por danos morais. No entanto, inicialmente, a sentena se baseou no aspecto de que a fabricante era obrigada a reparar o dano, independentemente de culpa, porque sua atividade implicaria riscos a direitos de outros. A empresa recorreu e o TRT/SC manteve a sentena, mas sobre outra fundamentao o de negligncia e omisso, contribuindo para o evento do dano. Apesar de a venda e entrega de cigarros no ser considerada atividade de risco, o trabalhador foi vtima de cinco assaltos, em que os criminosos visavam a carga de cigarros, e no o dinheiro resultante das vendas efetuadas pelo funcionrio. A empresa, em sua defesa, alegou que tomou medidas de segurana, como treinamento e orientao de empregados na hiptese de assaltos, contratao de empresas de escolta e rastreamento de seus veculos por satlite, alm da instalao de cofres com sistema boca de lobo, que s podem ser abertos em local seguro. Nada disso, porm, objetivava a proteo dos trabalhadores, de acordo com a deciso do Tribunal Regional, que negou provimento ao recurso da empregadora, por considerar que esses procedimentos adotados pela Souza Cruz demonstram preocupao com o patrimnio da empresa e no com seus empregados. Provas testemunhais confirmaram que os assaltos eram frequentes os dois depoentes tambm haviam sido vtimas da mesma situao e que a empresa no tomara providncias para amenizar o sofrimento dos empregados, expostos a ameaas constantes por arma de fogo. Uma das testemunhas afirmou que a empresa no concedia folga nem prestava assistncia psicolgica s vtimas. A empresa, segundo registro do TRT, encarava as ocorrncias como fatos banais e no permitia que o empregado se recuperasse da situao psicologicamente desgastante, pois, logo a seguir aos eventos, o trabalhador era requisitado para nova tarefa. Destacou, ainda, a falta de cobertura dos planos de sade para assistncia psicolgica, sendo um tratamento dispendioso e longo para paciente sem recursos financeiros. Assim, o Tribunal Regional entendeu que a Souza Cruz foi negligente e omissa na adoo de medidas que assegurassem a integridade fsica e o amparo psicolgico do empregado, mantendo a condenao para pagamento de indenizao, o que provocou recurso de revista da empresa. O recurso de revista no chegou ao TST pois foi negado seguimento no TRT/SC. Por essa razo, a Souza Cruz interps agravo de instrumento para que seu recurso fosse analisado. O ministro Renato de Lacerda Paiva, relator do agravo, ao apreciar o pedido, entendeu que a alegao de divergncia de jurisprudncia no poderia ser aplicada, pois as decises judiciais apresentadas para confronto pela empresa no abordam as mesmas premissas do caso em questo. A Segunda Turma, diante das observaes do relator, negou provimento ao agravo de instrumento. Fonte: TST - Tribunal Superior do Trabalho

URL: http://www.direitonet.com.br/noticias/exibir/12068/Vitima-de-assaltos-frequentes-recebera-indenizacao

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19/02/2010

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So Paulo

Intervalo no substituvel por benefcio extraConverter o perodo destinado ao intervalo no usufrudo de 30 minutos dirios em forma de bonificao-lanche no um ajuste coletivo que pode ser reconhecido pela Justia do Trabalho. Com esse entendimento, a Seo Especializada em Dissdios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho restabeleceu sentena que manda a empresa Executiva Transportes Urbanos a pagar, acrescido de 50%, o valor referente ao tempo de intervalo para descanso no usufrudo. Para a SDI-1, o acordo colocado em prtica representa uma ofensa proteo da sade e da segurana do trabalhador, considerados princpios irrenunciveis, conforme o novo entendimento expresso na Orientao Jurisprudencial 342. O ministro Aloysio Corra da Veiga, relator do recurso de embargos, esclarece que a atual orientao, revisada recentemente, em novembro de 2009, apenas possibilita dar validade a um intervalo menor para a categoria, mas no admitiu a supresso. A reclamao veio de um cobrador que conseguiu que a 2 Vara do Trabalho de Santos atendesse a seu pedido quanto ao intervalo. Aps recurso da empregadora, o Tribunal Regional do Trabalho da 2 Regio (SP) retirou o pagamento com acrscimo da condenao imposta empresa. Com recurso ao Tribunal Superior do Trabalho para reverter a situao, inicialmente a 3 Turma manteve o posicionamento do TRT por considerar vlida a clusula coletiva que prev, em jornada ininterrupta de sete horas e 33 minutos, a supresso do intervalo intrajornada convertido em remunerao, devido s peculiaridades das atividades desenvolvidas pela categoria. O trabalhador interps embargos SDI-1. Em sua anlise do recurso, o ministro Corra da Veiga, afirmou que a jurisprudncia do TST tem prestigiado os itens pactuados em norma coletiva, invocando o princpio da autonomia da vontade coletiva, mas as decises tambm tm traado limites interpretao a ser dada, com o fim de garantir o respeito a princpios inafastveis de proteo sade e segurana do trabalhador, como no caso do intervalo para descanso intrajornada. A Orientao Jurisprudencial pressupe que, diante da natureza do servio e em virtude das condies especiais de trabalho dos condutores e cobradores de transporte pblico coletivo urbano rodovirio, vlido acordo que estipule reduo do intervalo intrajornada, desde que garantida a reduo da jornada para, no mnimo, sete horas dirias ou quarenta e duas semanais, no prorrogada, e com intervalos para descanso menores e fracionados ao final de cada viagem, no descontados da jornada. Quanto ao cobrador da Executiva Transportes, o caso foi de supresso total do intervalo, e no de reduo. Diante disso, o relator concluiu no ter como reconhecer o ajuste, por representar ofensa a princpio irrenuncivel trabalhista e a SDI-1 restabeleceu a sentena. Com informaes da Assessoria de Imprensa do Tribunal Superior do Trabalho. RR - 67800-96.2003.5.02.0442

URL: http://www.conjur.com.br/2010-fev-19/intervalo-trabalho-nao-substituido-beneficio-extra

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Veculo:

Data da notcia:

Estado:

Cidade:

19/02/2010

DF

Braslia

CRA realiza audincia pblica sobre projeto que altera legislao do trabalho ruralLarcio Franzon A modernizao e adequao das normas que regem o trabalho no campo sero debatidas na tera-feira (23) em audincia pblica na Comisso de Agricultura e Reforma Agrria (CRA). Em reunio marcada para as 9h30, parlamentares e representantes do setor rural vo discutir o projeto de lei do Senado (PLS 458/09), de autoria do senador Gilberto Goellner (DEM-MT), que altera a Lei 5.889/73. O objetivo da proposta, explica o autor, solucionar os principais conflitos trabalhistas no meio rural. Atualmente, segundo salientou o senador, h uma indiscriminada extenso da legislao trabalhista urbana ao contrato rural, sem que se considerassem as peculiaridades e sazonalidades do trabalho no campo.

(Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

De acordo com a proposta, o empregador rural passa a ser considerado como pessoa jurdica, devidamente inscrito nos rgos competentes. Alm disso, o projeto estabelece jornada de oito horas para o trabalhador rural, e determina que ser de no mnimo uma hora e de no mximo quatro horas o intervalo para repouso e alimentao, observados os usos e costumes da regio e as condies climticas adversas que possam colocar em risco a sade do trabalhador. Pelo projeto, a durao da jornada de trabalho poder se estender alm do limite legal diante de motivo de fora maior ou causas acidentais, para atender realizao ou concluso de servios inadiveis ou cujo adiamento possa acarretar prejuzo. O projeto trata, ainda, de questes como o mximo de horas extras dirias e sua forma de pagamento; contratos de safra, com tempo determinado; e o isolamento do trabalhador rural de sua famlia, nos locais de trabalho distantes de centros urbanos, e sua forma de compensao, entre outras. Em sua justificao Gilberto Goellner afirma que o projeto atende aos anseios da agricultura nacional. Ele explica que o objetivo no flexibilizar, tornar precrios, desregulamentar ou reduzir direitos ou postos de trabalho, mas dar dinamismo ao setor primrio, para que mais empregos e oportunidades possam ser criados. Devem participar da audincia pblica o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Guilherme Caputo Bastos; representantes do Ministrio do Trabalho e Emprego; da Confederao Nacional de Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA); e da Confederao Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag). O relator da matria na CRA, Raimundo Colombo (DEM-SC), apresentou voto pela sua aprovao. Caso seja aprovado na CRA, o projeto segue para a Comisso de Assuntos Sociais, onde ser examinado em deciso terminativa.

URL: http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=99381&codAplicativo=2&codEditoria=3

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Veculo:

Data da notcia:

Estado:

Cidade:

20/02/2010

MS

Aquidauana

CIPA faz oficina de mapa de risco no Hospital de AquidauanaOs funcionrios do Hospital Regional Dr. Estcio Muniz de Aquidauana, componentes da CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes de Trabalho, num total de 15 integrantes, realizaram na sexta-feira, 12, uma oficina de mapa de risco nas dependncias do Hospital. A equipe foi coordenada pela Tcnica em Segurana do Trabalho Lisangela P. Gomes, que juntamente com os demais funcionrios, percorreram todas as dependncias do Hospital, levantando possveis reas de risco sade do trabalhador. A coordenadora explica que o trabalho dividido em: mapeamento, levantamento de risco, medidas preventivas e controle de preveno. Observa-se principalmente, riscos qumicos, fsicos, biolgico e acidentes. O objetivo atenuar e controlar riscos aos trabalhadores e pacientes do Hospital, proporcionando o bem-estar de todos que esto no ambiente hospitalar, explicou Lisangela Gomes. Todo o trabalho de mapeamento dever ser apresentado em no mximo 15 (quinze) dias pela equipe da CIPA. Assessoria de Imprensa do Hospital Regional Dr. Estcio Muniz

URL: http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=159567

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Veculo:

Data da notcia:

Estado:

Cidade:

20/02/2010

MT

Cuiab

Vigilncia Ambiental alerta para cuidados aps enchentesSissy Cambuim - Assessoria SMS Antes de retornar para suas residncias, as famlias que sofreram com as enchentes devem tomar alguns cuidados para diminuir o risco de doenas. Confira as dicas do bilogo da Vigilncia Ambiental da Secretaria de Sade de Cuiab (SMS), Vagner Csar Barros. -Se a residncia ainda estiver alagada, o ideal que o morador no retorne ao imvel at a gua baixar; -Antes de entrar no imvel, importante observar a presena de animais peonhentos, como cobras, aranhas e escorpies. Ao encontr-los, o morador pode acionar o Corpo de Bombeiros para sua retirada; -O morador deve tomar cuidado para no pisar na lama que fica aps a enchente, protegendo-se com botas, galochas, ou cobrindo seus calados com sacos plsticos; -O cho e as paredes afetadas, tanto nas reas externas como internas, devem ser limpos com o auxlio de gua sanitria para desinfetar e diminuir a ao de bactrias e vrus que possam causar doenas; -As roupas que estiverem muito respingadas com lama oriunda da enchente, no devem ser reutilizadas. Aquelas que foram atingidas e devem ser recuperadas, tambm precisam ser higienizadas com gua sanitria; -Como no h como saber se houve contaminao da rede, o ideal lavar a caixa dgua, mesmo quando o reservatrio fica no alto, trocando todo o seu contedo e higienizando com gua sanitria; -Ao perceber sintomas como dores no corpo, febre, vmito, diarria, deve-se procurar a unidade de sade mais prxima. Para a higienizao dos locais onde as famlias esto alojadas, a SMS distribui 13 caixas, contendo 24 frascos de hipoclorito de sdio. A cada litro de gua, devem ser diludas duas gotas do componente. Aqueles que realizarem o procedimento em casa, podem utilizar a gua sanitria comum, diluindo a proporo de um litro do produto para cada mil litros de gua. Na ltima quarta (17/02), tcnicos da SMS visitaram os alojamentos onde as famlias esto abrigadas para orient-las sobre estes procedimentos. A partir da prxima semana, a equipe da Vigilncia Ambiental inicia um calendrio de palestras nas escolas dos bairros que mais sofreram com as chuvas intensas para tirar as dvidas dos moradores quanto aos procedimentos de higiene aps as enchentes.

URL: http://www.circuitomt.com.br/home/materia/39013

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