Uma Abordagem Cristológica de Hb 4.14-5.10 -...

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  • WAGNER RICARDO JANN

    Uma Abordagem Cristolgica de Hb 4.14-5.10

    Seminrio em Teologia Bblica

    Professor Gerson Luis Linden

    CANOAS, MAIO DE 2004

  • 2

    SUMRIO

    SUMRIO................................................................................................ 2 INTRODUO..........................................................................................3 1 CONTEXTO E LEITURA DA PERCOPE ............................................ 4

    1.1 Contexto ................................................................................... 4 1.2 Leitura da Percope .................................................................. 6

    2 ANTIGO TESTAMENTO, JESUS E APSTOLOS............................ 13 2.1 Como o AT se relaciona com a percope ............................... 13 2.2 Como o NT se relaciona com a percope ............................... 14

    3 TEMA CRISTOLGICO DA PERCOPE ........................................... 15 3.1 Jesus, o Sumo Sacerdote....................................................... 15 3.2 Relao: Cristo-Melquisedeque.............................................. 16 3.2 Relao: Cristo-Aro .............................................................. 17

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................... 18

  • 3

    INTRODUO

    A Epstola aos Hebreus extremamente cristolgica. Seu objetivo anunciar a

    superioridade de Jesus Cristo em todos os sentidos. A pessoa e obra de Jesus so superiores

    contrastadas com as obras de homens e mesmo de anjos. A Concordia Self-Study Bible afirma

    que o tema de Hebreus a absoluta supremacia e suficincia de Jesus Cristo como revelador e

    mediador da graa de Deus. 1

    No presente trabalho a proposta apresentar uma investigao dos temas cristolgicos que

    aparecem na percope de Hebreus 4.14-5.10. ntido que a nfase recai sobre o principal ttulo

    de Jesus no livro: Jesus, o Sumo Sacerdote. Este um dos ttulos cristolgicos referentes obra

    terrena de Jesus. O escritor bblico interpreta o sofrimento de Cristo e sua obra como servio-

    sacerdotal perfeito.

    No primeiro captulo, vamos falar um pouco sobre o contexto do livro e da percope. E

    ainda faremos uma breve explanao dos versculos, destacando alguns termos importantes e

    dificuldades que se apresentarem.

    J no segundo captulo, relacionaremos a percope, ou os assuntos e idias que ela trata,

    com outras passagens da Escritura, tanto no Antigo como no Novo Testamento, e com alguma

    citao que a relacione com o que Jesus falou ou fez.

    O terceiro captulo conclui destacando teologicamente o aspecto cristolgico da percope.

    1 Traduo livre, p.1874.

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    1 CONTEXTO E LEITURA DA PERCOPE

    1.1 Contexto

    A autoria do livro amplamente discutida e no me cabe arriscar palpites. Prefiro ficar

    com a clebre frase de Orgenes: S Deus sabe quem realmente escreveu a Epstola; muito

    embora haja uma forte tendncia a aceitar Paulo como seu escritor. Porm, com certeza o autor

    era um judeu helenista que havia se tornado cristo; Um cristo da segunda gerao; profundo

    conhecedor da LXX, que tinha recebido uma boa educao se observarmos o vocabulrio e o

    estilo literrio do livro. 2

    A data em que foi escrito tambm de difcil definio. Teorias variam entre os anos 60

    100 d C., embora os argumentos mais fortes favoream uma data anterior ao ano 70 d.C.

    Quanto aos destinatrios podemos afirmar que os leitores deste livro eram cristos

    judeus que viviam em Roma, e eram em sua maioria gentios convertidos ao cristianismo,

    provavelmente por Paulo (At 28.17-24), e que planejavam voltar a sua antiga religio com

    medo de represlias por parte do Imprio.3 Dentro do contexto poltico da poca lgico

    concluir que havia um grande risco deles apostatarem se sua f crist e voltarem para o

    judasmo, devido ao culto ao imperador, exigido de todos os cidados, e s perseguies dos

    cristos feitas pelo estado romano na poca de Hebreus. Nota-se um choque entre a religio

    pag oficial do imprio e a mensagem crist.

    O propsito do escrito advertir esses cristos a permanecer na f em Cristo, que lhes

    foi pregada, demonstrando que ela a plenitude e o cumprimento da esperana do povo de

    Israel.4 O telogo O. Michel ressalta que a carta, tendo em vista que se destina a comunidade de

    2 Cf. D. A. Carson, Introduo ao Novo Testamento, p.440. 3 Cf. Martinho Lutero Hoffmann in Igreja Luterana 55, p.245-246. 4 Idem. p.246.

  • 5

    Roma ou outra da Itlia, tem a finalidade de: (...) fortalec-la na f e na perseverana diante da

    perseguio que se aproxima. Sua luta se dirige contra certo relaxamento e cansao que ocorreu

    no perodo posterior atuao apostlica, usando para tanto as teses da tradio do cristianismo

    primitivo. 5

    O tema fundamental deste livro do Novo Testamento a mensagem cristocntrica de

    Jesus como Sumo Sacerdote, como nos lembra Russell Champlin: O Sacerdcio seu tema dominante. Apesar de ser esse um tema do Antigo Testamento, neste livro assume importncia especial, pois agora todas as sombras so olvidadas, havendo uma grande fruio de todas as idias sobre o sacerdcio de Cristo. O sacerdcio, como parte da cristologia, embora conhecido noutros lugares do Novo Testamento, melhor e mais amplamente explanado neste livro aos Hebreus. Essa a maior contribuio desse livro ao Novo Testamento, em seu pensamento e teologia. 6

    Segundo Donald Guthrie7 os temas discutidos no trecho de Hb 4.14-9.14, no qual

    encontra-se nossa percope so:

    A Lei de Moiss estabeleceu que o sumo sacerdote faria a mediao entre Deus e o homem; Porm, o sacerdcio de Aro possua vrias fraquezas; O sumo-sacerdcio de Cristo de um tipo superior de sacerdcio; H um interldio sobre: Advertncias acerca das conseqncias do desvio da f crist; A ordem de Melquisedeque superior Ordem sacerdotal de Jesus; A Nova aliana em Cristo superior a antiga aliana com Abrao.

    Dentro do contexto litrgico de nossos dias, a percope faz parte, na Trienal B, das

    leituras da Sexta-feira Santa, juntamente com: Sl 22.1-24; Is 52.13-53.12 (servo sofredor) e Jo

    19.17-30 (relato clssico da crucificao e morte de Cristo) ou Jo 18.1-19.42 (trecho mais

    amplo que narra a trajetria de Cristo at a cruz, desde sua priso no Getsmani).

    5 O. Michel apud Augusto E. Kunert in Proclamar Libertao XI, p.192. 6 Russell N. Champlin. O N.T. interpretado vers. por vers., Vol. 5, p.473. 7 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.113.

  • 6

    O livro apresenta uma das chaves hermenuticas bblicas: 8 a unidade orgnica e

    fundamental da Escritura. Essa unidade cristolgica. O Antigo e o Novo Testamentos

    testemunham de Jesus, o Cristo prometido e revelado, por intermdio de quem nos veio a graa,

    a verdade e a salvao. A melhor relao que podemos traar entre os dois mandamentos

    sintetizada numa frase latina que diz: o Novo Testamento est oculto no Antigo, o Velho

    Testamento est evidente no Novo. Um est para o outro num sentido de continuidade,

    complemento e unidade. No caso do livro de Hebreus, a vida e obra de Jesus ganham um

    sentido mais profundo quando estudadas luz do Antigo Testamento. Porm, o Antigo, tambm

    aplicado para o caso do ofcio sacerdotal, como uma sombra das coisas que Cristo realizaria

    plenamente.

    1.2 Leitura da Percope Vers.14. Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os cus, conservemos firmes a nossa confisso.

    Aqui iniciada a plena explicao do tema do sumo sacerdote por parte do escritor da

    carta. A primeira parte do versculo seria uma apresentao do Sumo Sacerdote onde so

    apontadas trs caractersticas de Jesus: 9

    1) Grande Isso o destaca como superior a outros sacerdotes inferiores. Esta grandeza

    estende-se no somente ao Seu carter como tambm Sua obra. 10

    2) Penetrou os cus No AT era comum usar o plural para o cu. A idia visa um contraste

    com a entrada limitada do sumo sacerdote arnico dentro do vu. Nosso Sumo Sacerdote

    penetra at a prpria presena de Deus. As palavras sugerem que nenhum impedimento

    8 Este trecho um resumo de algumas idias da Apostila preparada pelo Dr. Rudi Zimmer para o curso de Hermenutica Bblica do Instituto Concrdia de So Paulo. O Dr. Zimmer tambm utilizou o quadro como ilustrao. 9 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.113. 10 Idem. p.113.

    SOMBRA

    NTAT

    LUZ

    SOMBRA

    NTAT

    LUZ

    SOMBRA

    NTAT

    SOMBRASOMBRASOMBRASOMBRA

    NTAT

    LUZ

  • 7

    atrapalha Sua passagem. Temos acesso ao Santo dos Santos tendo em vista a obra do Sumo

    Sacerdote; Cf. Hb 10.19. 11

    3) Jesus, o Filho de Deus Este o nome do Sumo Sacerdote. Filho de Deus o ttulo (...)

    no usado at esta altura da discusso, e sem dvida, intencionalmente introduzido aqui

    para combinar a humanidade e divindade de Jesus como sendo as qualificaes perfeitas para

    um Sumo Sacerdote que teria de ser superior a todos os demais. 12

    Depois da apresentao do Sumo Sacerdote, na segunda parte do versculo,

    acrescentada uma exortao: conservemos firmes a nossa confisso. O verbo kratomen

    significa: apegar-se a, traduzido na RA por conservemos. A palavra confisso pode ser

    considerada uma idia-chave nesta Epstola (aparece ainda em 3.1 e 10.23).

    Vers.15. Porque no temos sumo sacerdote que no possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, nossa semelhana, mas sem pecado.

    Conjuno porque A razo para conservarmo-nos firmes na confisso a capacidade

    do Sumo Sacerdote de compadecer-se com os que so tentados. Nossa confiana est

    diretamente relacionada com a capacidade do Sumo Sacerdote.13

    Verbo simpatizar s aparece duas vezes no NT. A outra em Hb 10.34. Literalmente

    significa: sofrer juntamente com. Aqui diz respeito a simpatia de Cristo por seu povo, e em

    10.34 compaixo do cristo pelos encarcerados. A capacidade do cristo para a simpatia

    baseada na capacidade de Cristo simpatizar-se.14 Objeto da simpatia so as nossas fraquezas.

    Fraquezas (qualquer tipo de necessidades) ocorre em outros lugares da Epstola com

    ref. fraqueza da ordem sacerdotal de Aro (5.2; 7.28). Portanto h um contraste a ausncia de

    tal fraqueza em nosso grande Sumo Sacerdote.

    Ele foi tentado em todas as coisas, nossa semelhana um desenvolvimento de Hb

    2.18, onde a tentao de Jesus como garantia de que Ele pode ajudar aos outros nas suas

    tentaes. Isto um consolo, pois sua experincia quanto a tentaes se equipara nossa. E o

    que so as nossas tentaes comparadas com as tentaes, tenses e presses que Ele

    suportou?15

    Mas sem pecado comparar com 7.26-28; e com 2 Corntios 5.21. Jesus, embora fosse

    um homem, nunca pecou. A impecabilidade um aspecto integral do ensino do NT e

    especialmente importante para o tema sumo-sacerdotal do escritor da epstola.

    11 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.114. 12 Idem. p.114. 13 Idem. p.115. 14 Idem. p.115. 15 Cf. Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.116.

  • 8

    Questo dos termos no Como constatamos no grego, o escritor muda da forma

    positiva para a negativa a mesma idia de 2.18. A frase poderia ser dita assim: Pois temos sumo

    sacerdote que possa compadecer-se das nossas fraquezas.

    Vers.16. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graa, a fim de recebermos misericrdia e acharmos graa para socorro em ocasio oportuna.

    Outra exortao para nos aproximarmo-nos junto ao trono da graa, ou seja, junto a

    Deus. Aspectos a se considerar 16:

    Maneira de nos achegarmos: com confiana (parrsa), com ousadia, alegria17, com

    liberdade de expresso e ausncia de medo. Vemos essa liberdade expressa no Pai nosso.

    Trono da graa o trono representa a realeza, e certamente poderia inspirar temor se

    sua caracterstica principal no fosse a graa, i., o lugar onde o favor gratuito de Deus

    distribudo. 18 Jesus visto nos versculos 8.1 e 12.2 assentado direita do trono.

    Finalidade: para recebermos misericrdia e graa. Favores que recebemos a partir do

    trono.

    Vers.5.1. Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, constitudo nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifcios pelos pecados

    Guthrie ressalta que: Os quatro primeiros versculos do captulo 5 so histricos e

    dizem respeito ordem de Aro. 19 A comparao com a ordem arnica pode demonstrar que

    Jesus preenche todas as condies do sumo-sacerdcio e que Jesus muito superior linhagem

    de Aro.

    O versculo primeiro fala de caractersticas gerais do sumo sacerdote: 20

    Tomado dentre os homens algo que o identifica com os demais homens.

    constitudo (kathistatai) verbo passivo. Sua nomeao feita por Deus.

    Nomeado nas coisas concernentes a Deus Sua obra como Mediador uma funo

    essencial do ofcio.

    Propsito (clusula hina) oferecer tanto dons como sacrifcios pelos pecados dos

    homens. 21 Dons = ofertas de cereais; sacrifcios = ofertas de sangue.

    Vers.2. e capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois tambm ele mesmo est rodeado de fraquezas.

    Agora surgem algumas caractersticas pessoais do sumo sacerdote:

    16 Cf. Donald Guthrie, Hebreus Introduo e comentrio, p.117. 17 Cf. F. Wilbur Gingrich, Lxico do NT Grego-Portugus, p.160. 18 Donald Guthrie, Hebreus Introduo e comentrio, p.117. 19 Idem. p.117. 20 Cf. Donald Guthrie, Hebreus Introduo e comentrio, p.118. 21 Idem. p.118.

  • 9

    Capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram O sumo sacerdote no era

    apenas o representante da melhores sees da sociedade, era tambm das piores.

    O escritor faz uma distino entre os tipos de pessoas com as quais o sumo sacerdote

    lida, como nos alerta Guthrie: Os pecados da ignorncia eram cuidadosamente distinguidos dos pecados deliberados, para os quais a lei no fazia proviso. Os que erram so aqueles que se desviaram do caminho de Deus, mas querem voltar. No so os rebeldes endurecidos. O sumo sacerdote tinha um ministrio especial de mansido para com aqueles que tinham conscincia da sua necessidade. com estes que podia identificar-se nas suas fraquezas. 22

    Suas fraquezas O sacerdcio judaico contrastado com a fora do sacerdcio de

    Cristo.

    Vers.3. E, por esta razo, deve oferecer sacrifcios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo. Dando continuidade s caractersticas pessoais do sumo sacerdote, h uma ligao

    estreita entre as fraquezas e os pecados. No caso do homem, a fraqueza tem como resultado o

    pecado. Esta inclinao para o pecado a divergncia mais evidente entre o sacerdcio de

    Cristo e o de Aro.23 Guthrie faz aqui uma meno do Antigo Testamento que explica a

    passagem: Uma parte importante dos procedimentos do Dia da Expiao era que o sumo

    sacerdote devia primeiramente, oferecer um sacrifcio como expiao pelos seus prprios

    pecados (cf. Lv 16.11ss). 24

    Vers.4. Ningum, pois, toma esta honra para si mesmo, seno quando chamado por Deus, como aconteceu com Aro.

    A importncia da origem do ofcio sacerdotal: uma nomeao divina. Comparao

    com Jesus que tambm foi nomeado para seu ofcio, como reconhece em Jo 17.4.

    Vers.5. Assim, tambm Cristo a si mesmo no se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu s meu Filho, eu hoje te gerei;

    Os seis versculos seguintes fazem dois destaques: explicam o relacionamento entre

    Cristo e a ordem de Aro; e introduzem a nova ordem sacerdotal de Melquisedeque.

    Numa comparao imediata com vers. 4, Cristo tambm foi nomeado para o ofcio

    sacerdotal por Deus.

    O ttulo Cristo usado aqui ao invs do nome Jesus (4.14). Isto sugere que o escritor

    est profundamente impressionado pelo pensamento de que o ungido, o Messias, no Seu ofcio

    no se glorificou como bem poderia ter feito. 25 O Messias visto no NT sempre como algum

    cuja misso servir, no algum que procurasse uma posio de honra.

    22 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.119. 23 Cf. Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.119. 24 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.119. 25 Idem. p.120.

  • 10

    Duas citaes de Salmos so usadas para ressaltar a filiao e vocao divinas do sacerdote.

    A primeira : Tu s meu Filho, eu hoje te gerei A frase tambm usada em outros

    lugares da Bblia e tambm no incio de Hebreus no vers.1.5 para traar o contraste de Jesus

    com os anjos. Ela uma citao do Sl 2.7, usado na coroao de um rei israelita sucessor de

    Davi. No NT, em At 13.33, aplica-se ao Messias. 26 Quanto ao aspecto da filiao divina vemos

    que no dia da sua entronizao, o rei era constitudo filho de Deus por adoo,de acordo com

    a promessa de 2 Sm 7.14: Eu lhe serei por pai, e ele me ser por filho (cf. Sl 89.26-27). 27 O

    escritor de Hebreus quer que a idia de sumo-sacerdote seja estreitamente vinculada com seu

    conceito sublime de Cristo como Filho de Deus.

    Vers.6. como em outro lugar tambm diz: Tu s sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Esta a segunda citao que o escritor faz. Trata-se do Salmo 110.4, utilizado para

    apoiar a nomeao divina do ofcio.

    Duas novas diferenas entre o sacerdcio de Cristo e o de Aro:

    - Ele para sempre pois perfeito e eterno.

    - Ele segundo a ordem de Melquisedeque no tem sucesso como tinha a ordem de Aro.

    Aconteceu de uma vez por todas, porm constantemente aplicvel. Neste sentido para todos

    os tempos. 28

    Melquisedeque O escritor introduz o nome deste personagem misterioso. S sabemos

    algo sobre ele em Gn 14.18-20. um personagem histrico cujo sacerdcio foi aceito por

    Abrao, que lhe ofereceu dzimos. Vemos uma explicao em Hb 7.1-3 de quem ele .

    Vers.7. Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lgrimas, oraes e splicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade

    Guthrie chama nossa ateno para o fato de que na seo de 7-10, primeira vista, o

    escritor parece apresentar um novo tema. O escritor introduz o que pode ser chamado de

    reminiscncia histrica da vida de Jesus. 29 Ou seja, uma lembrana, uma recordao histrica.

    Nos dias da sua carne A repetio da citao do Salmo 2 (ver. Hb 1.5) parece ter

    relembrado o escritor de sua seqncia de pensamento, quando falava da Filiao divina de

    Jesus (cap.1) e na sua humanidade (cap.2.14,17). Assim demonstra querer evitar qualquer

    comparao de Jesus com alguma figura mstica no-histrica. O trecho final trata-se, portanto

    de um registro histrico da vida de Cristo; uma referncia realidade de sua vida humana.

    26 Cf. Bblia de Estudo Almeida,p.328 do NT, nota i. 27 Idem. p.583 do AT, nota g. 28 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.121. 29 Idem. p.121.

  • 11

    curioso notar que no texto grego o sujeito no aparece. A referncia a Jesus est no

    versculo 5.

    Oraes e splicas No grego h uma distino entre as palavras. A palavra splica

    (hiketria) derivada da antiga prtica de estender um ramo de oliveira como sinal de apelo.

    Forte clamor e lgrimas Nosso Sumo Sacerdote no estava to alto acima de ns que

    as lgrimas estivessem distantes dEle nas ocasies em que Sua mente estava cruelmente

    aflita.30 Afirma a humanidade de Cristo, com a qual desenvolver o sacerdcio proposto pelo

    Pai. Humanidade no sentido fsico (corpo, carne) e tambm no sentido psicolgico (lgrimas,

    clamor, angstia). 31

    H aqui uma grande diferena entre Cristo e o sacerdcio judaico: Esse no oferece a si

    mesmo, mas bodes, ovelhas, etc... Cristo entrega-se a si mesmo morte. Tal ao no pode ser

    simples, ou tranqila. Pelo contrrio! Verifica-se a toda uma luta, um vaivm de intenes

    marcado por gritos e lgrimas de oraes e splicas para retardar ou evitar aquele destino que o

    prenderia na face da cruz com a cola da morte. 32

    Por causa da sua piedade temor reverente, que, na qualidade de Filho e de Homem,

    ele tinha para com o Pai. 33

    Vers.8. embora sendo Filho, aprendeu a obedincia pelas coisas que sofreu Apesar de Jesus estar num relacionamento diferenciado daquele que o cristo tem em

    relao a Deus, isso no o isentou da obedincia. Pelo contrrio, aprendeu a exerce-la atravs

    do caminho mais difcil: as coisas que sofreu. 34

    Eis um paralelo com a situao dos cristos hebreus de Roma. Esses tambm estavam

    prestes a passar por grande sofrimento. se o Filho de Deus havia passado pelo sofrimento e

    disso tirado um grande proveito, eles no deveriam temer as possveis angstias, mas, pela f,

    tirar delas todas as lies positivas que Deus lhes estaria a transmitir. 35 Quanto a essas lies

    positivas ver Hb 12.4-13.

    Aprendeu a obedincia O que significa isso? Eis aqui um mistrio da natureza de

    Cristo. Quando Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria (2.52), quer dizer que por um

    processo progressivo demonstrou pela Sua obedincia vontade do Pai um processo contnuo

    de tornar a vontade de Deus Sua prpria, chegando ao clmax na Sua maneira de abordar a

    30 Donald Guthrie, Hebreus Introduo e comentrio, p.122. 31 Cf. Martinho Lutero Hoffmann in Igreja Luterana 55, p.246. 32 Martinho Lutero Hoffmann in Igreja Luterana 55, p.246. 33 Idem. p.246. 34 Idem. p.246. 35 Idem. p.247.

  • 12

    morte. A exclamao de aceitao no jardim de Getsmane foi a evidncia conclusiva da

    obedincia do Filho ao Pai. 36

    No tema da obedincia de Cristo podemos traar paralelos com Fp 2.5-11. Este trecho

    que sedes doutrinae do Estado de humilhao de Cristo.

    Vers.9. tendo sido aperfeioado, tornou-se o Autor da salvao eterna para todos os que lhe obedecem Tendo sido aperfeioado h uma estreita ligao entre sofrimento e perfeio.

    atravs de um caminho de sofrimento que a perfeio conseguida. No presente caso, a

    obedincia que est especialmente ligada com a perfeio, lembrando-nos da seqncia de Fp

    2.8-9. 37

    Guthrie nos faz uma sria advertncia, que me parece sensata para no cairmos na

    tentao de julgar alguma falha em Cristo: Esta expresso no deve ser entendida no sentido de sugerir que houve tempo em que Ele no era perfeito. No curso da Sua vida, a perfeio que Jesus possua foi submetida ao teste. Essa perfeio permaneceu imaculada atravs de tudo quanto ele sofreu. Conforme observa Hughes: Seus sofrimentos tanto testaram quanto, vitoriosamente suportados, atestaram Sua perfeio, livre de fracasso e de derrota A nfase recai aqui sobre a perfeio que uma realidade sempre presente. 38

    Hoffmann nos d mais alguns detalhes quanto a expresso. O verbo pode ser traduzido

    por tendo sido completado. Reflete o telogo, que segundo sua natureza humana, no estado de

    humilhao, Cristo poderia ser aperfeioado ou completado. O aperfeioar-se, no caso, no

    significaria um desenvolvimento moral mas um completar-se (ficar pronto) em funo da tarefa

    a que se havia proposto: sacrificar-se uma vez por todas pela humanidade pecadora. 39

    Vers.10. a concluso de toda argumentao do escritor. Destaque para a expresso Ordem de Melquisedeque ordem anterior e superior do sacerdcio de Aro. O sacerdcio de Aro

    exercia apenas o papel secundrio, embora de grande importncia, de preparar a plenitude do

    sacerdcio eterno. 40

    36 Donald Guthrie. Hebreus Introduo e comentrio, p.123. 37 Idem. p.124. 38 Idem. p.124. 39 Martinho Lutero Hoffmann in Igreja Luterana 55, p.247. 40 Cf. Martinho L. Hoffmann in Igreja Luterana 55, p.247.

  • 13

    2 ANTIGO TESTAMENTO, JESUS E APSTOLOS

    2.1 Como o Antigo Testamento se relaciona com a percope

    A percope como um todo quase que uma referncia direta ao AT. como se fosse um

    comentrio teolgico do sistema sacerdotal do antigo Israel. So vrias partes que poderamos

    ligar diretamente com passagens do AT. Algumas j citadas acima como os Salmos usados pelo

    escritor.

    O primeiro passo o esclarecimento do termo Sumo Sacerdote. O Dicionrio Teolgico,

    p.267, nos d uma definio: Sumo Sacerdote [do Hebraico: Cohen gadol; do latim summus pontifex] O principal entre os sacerdotes. No sistema levtico, era o responsvel pelo culto, adorao e sacrifcio na congregao dos filhos de Israel. Sua maior funo era representar os israelitas diante de Deus, e por eles fazer expiao. A intercesso era a base deste ministrio exclusivo da Antiga Aliana.

    O homem pecador. No AT, o pecado tratado mediante a oferta de um sacrifcio.

    Oferecer sacrifcio seria a expresso de um corao arrependido e confiante. S assim o

    ofertante poderia achar a expiao de seus pecados. A tampa (da arca da aliana) chamava-se

    propiciatrio (...), e nela o sumo sacerdote aspergia o sangue do sacrifcio pelos pecados no

    Dia da Expiao (Lv 16), tipificando assim a expiao operada por Cristo (Hb 9.12) na prpria

    presena de Deus. 41 Com o sistemtico Edward W. A. Koehler acrescentamos: Os sacrifcios

    do Antigo Testamento foram sombras simblicas de Cristo. Eles no tinham valor e poder em si

    mesmos (Hb 10.4), ou seja, no podiam expiar pecados. Mas ofereciam perdo por

    prefigurarem o grande sacrifcio de Cristo na cruz do Calvrio. 42

    Os Levitas foram escolhidos entre o povo de Israel para servir ao Senhor como

    sacerdotes. Os sacerdotes se originaram de uma famlia, a de Aro e de seus quatro filhos:

    Nadabe, Abi, Eleazar e Itamar (Ex 28.1). Mas devido morte de Nadabe e Abi, a sucesso

    sacerdotal passou para Eleazar e Itamar, de cuja linhagem vieram os sacerdotes em Israel.

    41 Gleason L. Archer Jr, Merece confiana o Antigo Testamento?, p.155. 42 Edward Koehler, Sumrio da Doutrina Crist, p.88-89.

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    Todo o livro de Levtico nos ajuda a entender a obra de um sumo sacerdote. Porm, os

    eventos do Dia da Expiao (cap.16) ilustram mais vividamente esta funo. Neste dia, o

    dcimo dia do stimo ms de cada ano, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos do

    tabernculo para fazer expiao pelos seus prprios pecados e pelos do povo (Lv 9.7).

    O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em seu trono, isto , Jesus seria

    tanto sacerdote quanto rei ao mesmo tempo (Zacarias 6:12-13).

    2.2 Como o Novo Testamento se relaciona com a percope

    Relacionaremos aqui assuntos e idias que a percope trata com algumas passagens da

    Escritura que apontam para o que Jesus falou ou fez.

    O versculo 7 nos lembra a orao feita por Jesus no Getsmani nos momentos que

    antecederam sua priso e, portanto o incio de seu martrio. Onde lemos em Mt 26.39a: Meu

    Pai: Se possvel, passe de mim esse clice!. Podemos complementar a idia vendo os outros

    evangelhos alm de Mateus. Mc 14.34, Jesus disse: Minha alma est profundamente triste at

    morte ...; Em Lc 22.44, lemos: estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu

    que seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.

    Jesus ratifica a idia que no procurou glria, mas que foi glorificado pelo Pai, proposta

    no versculo de Hebreus 5.5, no Evangelho segundo Joo, cap.8, vers.54: Se eu me glorifico a

    mim mesmo, a minha glria no nada; quem me glorifica meu Pai, o qual vs dizeis que

    vosso Deus.

    Paulo apresenta em suas cartas vrias expresses que ligam Jesus sua obra sacerdotal.

    Por exemplo em 1 Tm 2.5 ele diz que h um s Mediador entre Deus e os homens. Em 2 Co

    5.21, ele reafirma que Jesus no conheceu pecado, como est em 4.15. Em Ef 3.12, reafirma

    que podemos nos aproximar com confiana diante de Deus por meio de Cristo (4.16).

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    3 TEMA CRISTOLGICO DA PERCOPE

    3.1 Jesus, o Sumo Sacerdote

    Os sacerdotes de Israel eram apenas sombras do Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor

    Jesus Cristo. Sua obra sumo-sacerdotal implica na reconciliao do homem pecador com seu

    Deus. Mas como o homem pecaminoso pode vir a se reconciliar com um Deus santo? Para

    promover isso Jesus teve que pagar um resgate suficiente e aceitvel a Deus. Duas coisas

    seriam necessrias: satisfazer as exigncias da santidade de Deus (Obedincia Ativa), e

    satisfazer a justia de Deus (Obedincia Passiva). S o prprio Deus poderia satisfazer tais

    exigncias e reconciliar o mundo consigo. Jesus cumpriu perfeitamente a lei de Deus em nosso

    lugar, sendo santo. Jesus satisfez as exigncias da justia divina com respeito punio que o

    homem devia sofrer por seus pecados. Os pecados, para serem perdoados, precisam ser

    expiados; Jesus entregando sua vida santa, como perfeito sacrifcio, fez tal expiao. 43

    Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da linhagem da tribo de Jud.

    Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo

    sob a Lei de Moiss, poderia ser rei porque era da tribo real (Jud) e ainda mais da de Davi (cf.

    2 Samuel 7.12-16; Atos 2.29-31). Mas Jesus no poderia ser um sacerdote segundo a Lei de

    Moiss porque no era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo

    sacerdote segundo uma ordem diferente, no segundo a ordem de Aro (ou da tribo de Levi),

    mas segundo a ordem de Melquisedeque (5.6,10; 6.20). Ele explica: Se, portanto, a perfeio houvera sido mediante o sacerdcio levtico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que no fosse contado segundo a ordem de Aro? (...) Porque aquele de quem so ditas estas cousas pertence a outra tribo, da qual ningum prestou servio ao altar; pois evidente que nosso Senhor procedeu de Jud, tribo qual Moiss nunca atribuiu sacerdotes. (Hebreus 7.11, 13-14).

    Jesus , ao mesmo tempo, quem sacrifica e o prprio sacrifcio. o Cordeiro de Deus,

    sem defeitos, oferecido com nico sacrifcio, suficiente para expiar todos os pecados. Tambm

    43 Edward Koehler, Sumrio da Doutrina Crist, p.89-90.

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    o Grande Sumo Sacerdote que, segundo a ordem sacerdotal de Melquisedeque superior ao

    sacerdcio arnico/ levtico.

    Vemos que algumas teologias no entenderam a idia de que Cristo foi o ltimo

    sacrifcio a ser oferecido. Na teologia catlica houve o conceito da Santa Ceia, Missa como eles

    chamam, como sacrifcio. Paulo W. Buss comenta a respeito: A igreja romana medieval via os sacerdotes como uma casta intermediria entre Deus e os homens. Essa casta era distinta e mais elevada em relao aos leigos. Ela era necessria para a salvao, s ela era encarregada de certas funes, s ela era vocacionada. essa viso, Lutero contrape Cristo o grande sumo-sacerdote que j realizou definitivamente a obra sacerdotal da reconciliao com o Pai e que garante o acesso a todos os cristos ao Pai sem intermedirios humanos. 44

    3.2 Relao: Cristo-Melquisedeque 45 H uma relao entre Melquisedeque e Cristo. Melquisedeque um tipo de Cristo, ou

    seja, algum que o prefigurou e prenunciou; e Cristo o anttipo de Melquisedeque, ou seja,

    algum que realmente era o que foi prefigurado. Isto se d nas seguintes particularidades. Cada

    um deles sacerdote:

    1) no segundo a ordem levtica;

    2) tem superioridade sobre Abrao;

    3) no se conhecendo o seu princpio e o seu fim;

    4) no apenas sacerdote, mas tambm rei da paz e de justia.

    44 Paulo W. Buss, O ministrio pastoral e o sacerdcio universal dos cristos, in Lutero e o Ministrio Pastoral,

    p.37. 45 Cf. A. R. Buckland, Dicionrio Bblico Universal, p.284.

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    3.3 Relao: Cristo-Aro

    CRISTO ARO

    Grande Sumo Sacerdote (Superior) Sumo Sacerdote

    Fora Fraqueza (Hb 5.2b)

    O nico Mediador (1 Tm 2.5) Um mediador (Hb 5.1)

    para perdo dos pecados para perdo dos pecados

    Seu oferecimento perfeito e definitivo Sacrifcios constantes

    Sacerdcio perptuo, pois Cristo eterno Os sacerdotes morriam e seu ofcio era repassado

    No tem pecado (Hb 7.26-28) Oferecia sacrifcios pelos seus pecados

    Expiao eterna (Hb 9.12) Expiao temporria

    Feita com seu santo e precioso sangue Feita com sangue (inadequado) de bodes, ovelhas, etc... (Hb 10.4)

    Era profundamente misericordioso Era compassivo

    Hoje, temos acesso ao Santo dos Santos por causa de Cristo

    S ele entrava no Santo dos Santos, uma vez por ano

    Juntos o Dia de Morte na Cruz e o Dia de sua Ressurreio Yom Kippur Dia da Expiao

    Nova Aliana superior e eterna (Hb 9.15) Antiga Aliana antiquada

    Sacerdote e Rei Sacerdote

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1 ARCHER Jr., Gleason L. Merece confiana o Antigo Testamento? So Paulo: Vida Nova, 1986. 4ed.

    2 Bblia de Estudo Almeida. Edio Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bblica do

    Brasil, 1999. 2ed. 3 BUCKLAND, A. R. Dicionrio bblico universal. So Paulo: Editora Vida, 1999.

    4 BUSS, Paulo W. O ministrio pastoral e o sacerdcio universal dos cristos, in Lutero e o

    Ministrio Pastoral. So Paulo: Instituto Concrdia de So Paulo, 1998. 5 CARSON, D. A. et alii Introduo ao Novo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 1997.

    (p.433-448) 6 Concordia Self Study Bible New International Version. (editor) Robert G. Hoerber. Saint

    Louis: CPH, 1984. (p.1874) 7 ELWELL, Walter A. (editor) Enciclopdia Histrico-teolgica da Igreja Crist. So Paulo:

    Vida Nova, 1990. Vol 2. (p.137-145) 8 GUTHRIE, Donald. Hebreus Introduo e comentrio. So Paulo: Vida Nova, Mundo

    Cristo,1983. (p.113-125) 9 HOFFMANN, Martinho Lutero in Igreja Luterana 55. Nmero 2. (editor) Acir Raymann.

    So Leopoldo: Seminrio Concrdia, 1996. (p.245-248) 10 KOEHLER, Edward W.A. Sumrio da Doutrina Crist. Trad. Arnaldo Schler. Porto

    Alegre: Concrdia, 2002. 3ed. (p.88-93) 11 KUNERT, Augusto E. in Proclamar Libertao XI. (Coord.) Harald Malschitzky e Uwe

    Wegner, Sinodal, 1985, p.194. (p.192-204)