Uma análise da pratica do turismo no estado de Mato Grosso · Uma análise da pratica do turismo...
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Uma análise da pratica do turismo no estado de Mato Grosso
Julyanne Adalgiza de Almeida e Silva
Graduada em Geografia/ Departamento de Geografia/ UFMT.
Jefferson Cristiano Saraiva Barbosa
Graduando em Ciências Sociais/ Departamento de Ciências Sociais/ UFMT
Introdução
Compreende-se que turismo é o movimento de indivíduos nos territórios em busca
de experiências agradáveis e diferentes de seu cotidiano, o fluxo desse movimento é
determinado pelo interesse dos indivíduos e pela facilidade de acesso aos espaços. O
interesse surge através das informações que hoje estão facilmente disponíveis, isso
acontece devido as grandes inovações da tecnologia que globaliza cada vez mais as
informações do mundo para o mundo, hoje em dia podemos ter informações de lugares
que estão muito distantes em alguns em minutos através da internet por exemplo.
O turismo é uma atividade que influencia diretamente na economia do local em
que está inserido, pois o produto comercializado é o espaço através de suas as paisagens,
sua a cultura, da infraestrutura e dos serviços. Desde modo entende-se que o turismo é
uma atividade econômica que como todas as outras gera impactos ao meio em que está
inserida, compreende-se que esses impactos podem ser tanto negativos, como positivos.
A partir desta perspectiva deve-se pensar em um planejamento turístico visando o
desenvolvimento atrelado a sustentabilidade, essa sustentabilidade precisa ser
economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa, com o objetivo de
influenciar na geração de renda da localidade em que a atividade está sendo praticada
pensando o melhor para as pessoas que vivem neste local.
É neste momento que se encontra a aplicabilidade da geografia no turismo, pois
somente através de suas áreas de conhecimento como a climatologia, a geomorfologia, a
biogeografia, a cartografia entre outras áreas é possível criar um planejamento turístico
que promova a valorização do meio, é através desses conhecimentos que se pode
identificar pontos importante para a estruturação do planejamento por exemplo o clima é
fator que cria uma sazonalidade na pratica do turismo, o relevo influência em que tipo de
segmento do turismo será realizado no local.
O turismo vem ocupando nas últimas décadas uma posição de destaque em meio
as atividades econômicas em todo mundo, isso ocorre devido às inovações tecnológicas
principalmente nas áreas das comunicações e de transporte e é considerado uma atividade
econômica em expansão.
Atualmente o Brasil é o principal destino turístico na América do sul e ocupa o
segundo lugar na América Latina. Considerado a indústria sem chaminés o turismo é
visto como uma esperança para o desenvolvimento econômico do país.
Políticas públicas de incentivo ao turismo tiveram início no Brasil em 1966
durante o governo do então presidente Castelo Branco com a criação da Empresa
Brasileira de Turismo (EMBRATUR) que era uma empresa estatal e o Conselho Nacional
de Turismo tinham o objetivo de promover, normatizar e regulamentar a atividade
turística no Brasil. Em 2003 com a criação do Ministério do Turismo a Embratur passa a
ser o Instituto Brasileiro de Turismo uma autarquia do ministério do turismo. A partir
deste momento a Embratur começa a trabalhar exclusivamente com a promoção e
comercialização dos produtos turísticos do Brasil no exterior.
O Ministério do Turismo através do Programa de Regionalização do Turismo
criado em 2004, define macrorregiões regiões turísticas com o objetivo de gerar um
desenvolvimento turístico de forma regional e descentralizada.
Acerenza (2002), observa que turismo o está estreitamente relacionado com o
transporte e a acomodação de pessoas em certos espaços físicos do território nacional,
razão pela qual exige o desenvolvimento de vias de acesso às zonas de atração turística e
de facilidades que permitam a permanência do visitante no lugar.
A construção de infraestrutura e de facilidades para o atendimento ao turista leva
à transformação do espaço, alterando os aspectos físicos do lugar, e, se essas facilidades
não forem bem elaboradas e planejadas, pode vim a afetar a qualidade do ambiente, tanto
natural quanto cultural de modo a produzir um produto turístico de péssima qualidade.
O turismo possui consigo uma capacidade avassaladora de transformação dos
lugares (natureza e cultura), mas, a priori, isso não se apresenta como bom ou ruim.
Somente as análises poderão mostrar como, quando e onde o turismo gerou impacto
positivo ou negativamente no patrimônio natural ou cultural de um determinado lugar. E,
devemos prestar atenção, pois quando se tratar de impactos socioambientais e culturais,
é preciso ter a ciência de que todo julgamento será permeado por diversas ideologias e
que, assim sendo, aquilo que for considerado ruim para um determinado autor ou grupo
de pessoas poderá ser visto como bom por outro ou outros.
O turismo desenvolvido de forma planejada gera enormes benefícios, tanto para o
espaço territorial, quanto para os habitantes residentes nesse espaço. A infraestrutura da
região possui muita importância, pois é somente por meio dela que se pode oferecer um
produto turístico dotado de qualidade, no qual tem como composição dessa infraestrutura,
hotéis, pousadas, alojamentos, restaurantes, postos de gasolina, sistemas bancários,
souvenir etc. Essa infraestrutura gera um grande desenvolvimento social, espacial,
territorial e econômico.
Essas modificações geraram facilidades de acesso ao atrativo turístico, que
proporcionam o surgimento de um público mais exigente, público este que está em busca
de novos produtos turísticos carregados de infraestrutura adequada para os vários tipos
de demandas existentes. É nesse contexto que surge diversos segmentos turísticos dotados
de infraestrutura e organizados para melhor atender as diversas exigências. Segmentos
turístico de acordo com o Ministério do Turismo (MTur) “Os segmentos turísticos podem
ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das
características e variáveis da demanda.” (MTur 2005, p. 2).
A segmentação do turismo é uma forma de organizar a atividade para fins de
gestão, mercado e planejamento. A segmentação do turismo é realizada através da análise
da oferta que é o conjunto de produtos, serviços e infraestrutura de determinado destino
que estão designados para uso do turista e pela demanda que vem a ser o conjunto de
consumidores ou possíveis consumidores dos produtos e serviços dispostos pelo local. A
partir da oferta determina-se os tipos de turismo como ecoturismo, turismo de aventura,
turismo cultural etc. E por meio demanda identifica-se os grupos de consumidores
definidos através de suas preferencias e motivações, desse modo os produtos e roteiros
turísticos são estabelecidos com base na oferta em relação a demanda caracterizando os
segmentos do turismo.
Objetivo e Metodologia
Este trabalho tem como objetivo analisar a atual situação do turismo dentro do
estado de Mato Grosso, através de pesquisa bibliográfica com levantamento de dados
secundários foi possível identificar quais os principais destinos divulgados pelo governo
do estado e quais os roteiros são promovidos e comercializado pelas agências de viagens
e turismo da região, podendo assim compreender o fluxo de turistas que visitam Mato
Grosso e entender porque nem todos os atrativos são comercializados como produtos
turísticos.
Resultados
O estado de Mato Grosso apresenta um desenvolvimento econômico relevante no
país nos últimos anos devido ao agronegócio, se destaca no senário internacional pela
produção de grão como soja, milho e no que diz respeito ao turismo o estado apresenta
diversos atrativos naturais conhecidos internacionalmente pelo fato ser composto por
quatro regiões turísticas a Amazônia, o Araguaia, o Cerrado e o Pantanal que são
compostos por belas regiões propicias para a pratica do turismo pois é repleto de atrativos
naturais como rios, cachoeiras, praias e também possuem e um vasto acervo de recursos
turísticos culturais (materiais e imateriais), como igrejas, museus, centros históricos,
arquiteturas, festivais, danças, artesanato dentre outros.
A secretaria do estado de desenvolvimento do turismo (SEDTUR), divide o estado
em quatro regiões turísticas, A Amazônia que é composta pelos municípios de alta
Floresta e Sinop, o Araguaia que é composto pelos municípios de Barra do Graças e São
Felix do Araguaia, o Cerrado que abrange os municípios de Campo Novo do Parecis,
Campo Verde, Chapada dos Guimaraes, Cuiabá, Jaciara, Nobres, Poxoréo, Primavera do
Leste, Rondonópolis e Tangara da Serra e o Pantanal que estão os municípios de Barão
de Melgaço, Cáceres, Santo Antônio, Várzea Grande e Vila Bela da Santíssima Trindade.
No entanto nem todos esses municípios possuem infraestruturas para acolher a pratica do
turismo.
Através da pesquisa que está sendo realizada pode-se perceber apenas que um
pouco destes destinos são realmente promovidos e vendidos pelas agências de turismo da
região contudo mesmo sendo os municípios mais visitados do estado, estes não possuem
grande infraestrutura receber para a pratica da atividade turística mais corretamente.
Cuiabá é um dos municípios mais visitados de Mato Grosso por ser a capital de
estado é local de passagem dos turistas que tem o objetivo de conhecer os atrativos nas
cidades vizinhas onde estão concentrados os atrativos mais conhecidos, Cuiabá possui
inúmeros atrativos culturais materiais como a Casa Barão de Melgaço, Sesc Arsenal
dentre vários outros e imateriais como a Festa de São Benedito o que proporciona a pratica
do turismo cultural, é possível fazer roteiros pelo Centro Histórico conhecendo os
casarões antigos da capital que atualmente abrigam museus e manifestações artísticas que
incluem a oportunidade de experimentar a culinária regional.
Chapada dos Guimarães está localizada há aproximadamente 60km da capital do
estado o que gera facilidade de visitação de seus atrativos, O município abriga parte de
uma unidade de conservação brasileira, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.
Composto por vários atrativos naturais conhecidos internacionalmente como a Cachoeira
Véu de Noiva (figura 01).
Figura 01 – Cachoeira Véu de Noiva
Fonte: Jefferson Saraiva, 2015.
Dentro do Parque Nacional é possível realizar vários passeios diferentes onde o
turista pode conhecer a trilha das Sete Cachoeiras, a cidade de Pedras ou o Morro de São
Gerônimo a entrada é gratuita mas é necessário estar acompanhado de um guia de turismo
capacitado para realizar as trilhas. Fora dos limites do parque o município conta com
vários outros atrativos como o Mirante de Chapada dos Guimarães (figura 02) e a Caverna
Aroe Jari o que impulsiona a pratica do eco turismo e turismo de aventura pois existem
roteiros compostos por trilhas, raffting, rapel proporcionado ao turista interação com a
natureza.
Figura 02 – Mirante de Chapada dos Guimaraes
Fonte: Jefferson Saraiva, 2013.
Outro destino bastante visitado é o distrito de Bom Jardim que está localizado no
município de Nobres que é contemplado por diversos atrativos naturais como grutas,
cachoeiras e rios que possuem aguas cristalinas facilitam a contemplação. Os roteiros
neste município são composto por trilhas, visitação de cavernas e grutas, banho,
contemplação e flutuação nos rios de aguas cristalinas
O pantanal é um bioma conhecido internacionalmente pois é considerado pela
UNESCO como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, estimado como a
maior planície alagável do planeta, tem aproximadamente 250 mil Km² de extensão, isso
o torna um dos destinos mais visitados do estado. Em Mato Grosso o pantanal está
presente nos municípios de Barão de Melgaço, Cáceres, Santo Antônio do Leverger,
Poconé, Várzea Grande e Vila Bela da Santíssima Trindade. No entanto apenas os
municípios de Poconé, Cáceres e Barão do Melgaço apresenta um pouco de infraestrutura
para que se possa praticar o turismo.
Poconé é conhecido como “Porta de entrada para o Pantanal” pois é neste
município que se inicia a Transpantaneira eco rodovia de 145 km, possui 125 pontes de
madeira sendo a estrada com maior número de pontes do mundo, foi projetada na década
de 60 para atravessar o pantanal é considerada o um enorme zoológico aberto. Em Poconé
é possível fazer vários passeios por parte do Parque Nacional do Pantanal Mato
Grossense, as pousadas existente ao longo da transpantaneira oferecem ao turista várias
possibilidades, como passeios de barco, de cavalo, caminhadas, trilhas, observação da
natureza onde é possível encontrar como uma onça pintada, um jacaré e outros animais
que vivem neste bioma.
Em Barão de Melgaço encontram se várias pousadas no entorno das baias de
Chacororé e Sia Mariana que oferecem conforto para os turistas que desejam conhecer o
lugar.
Cáceres é um municípios internacionalmente conhecido pois sedia o Festival
Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres que atrai público médio de 250 mil pessoas
por edição, conhecida como a princesinha do pantanal a cidade conta com vários atrativos
turísticos tanto naturais como a dolina da agua milagrosa e materiais como o Marco do
Jauru (figura 03), a Fazenda Jacobina, praias de água doce as margens do rio Paraguai
dentre vários outros.
Figura 03 – Marco do Jauru
Fonte: Jefferson Saraiva, 2014.
Considerações
Com base na pesquisa que está sendo feita considera se que Mato Grosso é um
estado que possui um grande potencial turístico, pois existem inúmeros atrativos tanto
naturais quanto culturais (materiais e imateriais), no entanto uma minoria destes atrativos
possuem uma infraestrutura básica para poder realizar a pratica do turismo, devido a isso
apenas uma pequena parte das destinos do estado são divulgados, promovidos e
comercializados pelas agências de viagens e turismo da região.
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