UMA ANÁLISE DOS ERROS NA MEDIÇÃO DE VAZÃO ......pedidos de outorgas de uso da água, é...

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1 UMA ANÁLISE DOS ERROS NA MEDIÇÃO DE VAZÃO COM MOLINETE FLUVIOMÉTRICO Davyd Henrique de Faria Vidal 1 & Roberaldo Carvalho de Souza 2 RESUMO --- No processo de determinação da vazão para conhecimento da disponibilidade hídrica de um manancial é necessário fazer a validação dos registros obtidos em campo, analisando dessa forma os erros e incertezas envolvidas durante a obtenção dos dados necessários para o cálculo das vazões. Esse trabalho tem como objetivo final quantificar o erro aleatório que ocorre nas medições de velocidade através do uso do molinete fluviométrico, nos rios Jacarecica, Niquin e Saúde, através da aplicação da teoria dos erros para que se possam avaliar as incertezas envolvidas durante a obtenção dos dados de campo e sua influência no cálculo da vazão disponível. Comparações entre os dados coletados com o molinete fluviométrico tradicional e os dados adquiridos com o uso do molinete confeccionado no Laboratório de Hidráulica da UFAL são realizados. Esse molinete foi fabricado com o financiamento da Chamada Pública MCT/FINEP/FNDCT AT.PROMOVE Laboratórios de Inovação 02/2006 – FUNDEPES UFAL-LAPLENCI. ABSTRACT --- In the process of water flow rate evaluation is necessary to validate the records obtained in the field, and this is done by analyzing the errors and uncertainties involved in obtaining the necessary data to calculate the water discharge. In the past decade several water discharge measurements were done at Jacarecica, Ninquin and Saude rivers, situated in the neighbourhood of Maceió city. For this, velocity measurements were taken using a hydrometric propeller at points in several sections of these rivers in order to determined the flow rate. The aim of this work is to discuss the procedures to compute the standard random error of a discharge measurement. Comparison of the error calculated from the data obtained with the universal propeller current meter and that evaluated from the data obtained by a current meter developed in the UFAL Hydraulic Laboratory is done. Palavras-chave: Vazão; Erros e Incertezas na medição de vazão; Teoria dos Erros. ______________________ 1) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas. Bolsista PET/Engenharia Civil/CTEC/UFAL – UFAL. e-mail: [email protected]. 2) Professor da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Tutor PET/Engenharia Civil/CTEC/UFAL . e-mail: [email protected].

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  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

    UMA ANÁLISE DOS ERROS NA MEDIÇÃO DE VAZÃO COM MOLINETE

    FLUVIOMÉTRICO

    Davyd Henrique de Faria Vidal1 & Roberaldo Carvalho de Souza2

    RESUMO --- No processo de determinação da vazão para conhecimento da disponibilidade hídrica de um manancial é necessário fazer a validação dos registros obtidos em campo, analisando dessa forma os erros e incertezas envolvidas durante a obtenção dos dados necessários para o cálculo das vazões. Esse trabalho tem como objetivo final quantificar o erro aleatório que ocorre nas medições de velocidade através do uso do molinete fluviométrico, nos rios Jacarecica, Niquin e Saúde, através da aplicação da teoria dos erros para que se possam avaliar as incertezas envolvidas durante a obtenção dos dados de campo e sua influência no cálculo da vazão disponível. Comparações entre os dados coletados com o molinete fluviométrico tradicional e os dados adquiridos com o uso do molinete confeccionado no Laboratório de Hidráulica da UFAL são realizados. Esse molinete foi fabricado com o financiamento da Chamada Pública MCT/FINEP/FNDCT AT.PROMOVE Laboratórios de Inovação 02/2006 – FUNDEPES UFAL-LAPLENCI.

    ABSTRACT --- In the process of water flow rate evaluation is necessary to validate the records obtained in the field, and this is done by analyzing the errors and uncertainties involved in obtaining the necessary data to calculate the water discharge. In the past decade several water discharge measurements were done at Jacarecica, Ninquin and Saude rivers, situated in the neighbourhood of Maceió city. For this, velocity measurements were taken using a hydrometric propeller at points in several sections of these rivers in order to determined the flow rate. The aim of this work is to discuss the procedures to compute the standard random error of a discharge measurement. Comparison of the error calculated from the data obtained with the universal propeller current meter and that evaluated from the data obtained by a current meter developed in the UFAL Hydraulic Laboratory is done.

    Palavras-chave: Vazão; Erros e Incertezas na medição de vazão; Teoria dos Erros. ______________________ 1) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas. Bolsista PET/Engenharia Civil/CTEC/UFAL – UFAL. e-mail:

    [email protected]. 2) Professor da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Tutor PET/Engenharia Civil/CTEC/UFAL . e-mail: [email protected].

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

    1 – INTRODUÇÃO

    A água é um bem natural, finito, dotado de valor econômico e indispensável para o

    desenvolvimento sustentável de qualquer região do mundo. A sua disponibilidade tanto em

    quantidade quanto em qualidade são essenciais para a sobrevivência de todos os seres vivos e por

    isso seu uso deve ser feito de forma parcimoniosa a fim de garantir o desenvolvimento das diversas

    atividades as que necessitam da sua utilização a exemplo da geração de energia, abastecimento

    doméstico e industrial, irrigação de culturas agrícolas, navegação, recreação, aqüicultura,

    piscicultura, etc. Diante do exposto é fundamental que se pratique o seu planejamento e

    gerenciamento com responsabilidade, seguindo a Política Nacional de Recursos Hídricos.

    Um dos meios de se monitorar a disponibilidade hídrica de um manancial é a medição de

    vazão em canais abertos da região, para isso existem várias técnicas e equipamentos que auxiliam

    nessa medição (Cruz, 2005). Porém para utilizar os dados medidos em campo nos projetos de

    engenharia hidráulica, seja para dimensionamento de dispositivos de drenagem ou para liberação de

    pedidos de outorgas de uso da água, é necessário que se faça a validação dos mesmos analisando

    erros e incertezas, dentro de um intervalo de confiança, que ocorrem na hora das medições, pois em

    cada medida quantificada existem sempre erros associados.

    Segundo Vidal e Souza (2008) devido à complexidade natural do processo envolvido na

    medição de vazão torna-se difícil desenvolver um modelo para quantificar as incertezas que

    envolvam todos os parâmetros, a exemplo da rugosidade do canal, flutuações turbulentas, vento,

    entre outras.

    O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma avaliação quantitativa do erro aleatório

    envolvido na medição de vazão com molinete fluviométrico, conforme trabalho de Herschy (1978),

    através da análise e aplicação da teoria dos erros. Essa avaliação foi realizada em seções dos rios

    alagoanos Jacarecica, Niquin e Saúde, levando em consideração as incertezas envolvidas na

    determinação do número de verticais em cada seção, no espaçamento entre cada vertical, na

    profundidade medida em cada vertical, no tempo de medição da velocidade em cada ponto, no

    número de pontos de velocidade medidos em cada vertical e, por fim, na velocidade média de cada

    subseção. Comparação entre o erro calculado na medição da vazão com o uso do molinete

    fluviométrico tradicional e o determinado com o molinete desenvolvido e fabricado no Laboratório

    de Hidráulica da UFAL foi também analisado.

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3

    2 – Metodologia

    A metodologia utilizada foi baseada no método da Medição e Integração da distribuição de

    velocidade, este método é universalmente utilizado para a determinação da vazão em cursos de

    águas naturais (Santos et al, 2001).

    O conhecimento das áreas das seções transversais dos rios em estudo foi possível através da

    realização do levantamento batimétrico das mesmas, o qual foi feito com a utilização de uma régua

    graduada em centímetro. Já sua quantificação foi feita através da aproximação por trapézios

    retangulares das diversas subseções as quais a área total foi dividida. A Equação 1 mostra a função

    para calcular a área das diversas subseções da seção.

    , , Equação 1

    Onde: = área da subseção; = altura à montante do centro da subseção;

    = altura à jusante do centro da subseção; = comprimento da subseção.

    As medições das velocidades nas seções em estudo dos rios foram feitas com dois molinetes

    fluviométrico de eixo horizontal, o tradicional que geralmente é utilizado pelos técnicos da UFAL

    desde o início das campanhas de medição de vazão e também um novo molinete que foi

    desenvolvido no Laboratório de Hidráulica da UFAL. O princípio básico de funcionamento desses

    molinetes consiste na contagem do número de giros que a hélice realiza num certo tempo, o qual é

    convertido em velocidade no sistema de unidades SI, em m/s, através da equação de calibração do

    molinete. A Equação 2 e Equação 3 mostram, resspectivamente, as relações usadas na obtenção das

    velocidades dos molinetes, supracitados, existentes no Laboratório de Hidráulica do Centro de

    Tecnologia da UFAL utilizado nas campanhas de campo onde foram obtidos os dados para

    elaboração deste trabalho.

    / 0,26993 0,0058 Equação 2

    / 0,26993 0,0058 Equação 3

    Onde: é o número de rotações da hélice divido pelo tempo.

    No presente trabalho o tempo considerado de medição em cada ponto da seção da velocidade

    foi de 30s.

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    O cálculo da vazão foi efetuado através do seguinte procedimento:

    1. Calculou-se a área da seção através da soma das áreas das subseções;

    2. Determinou-se a velocidade média em cada subseção;

    3. Adotou-se a média de duas verticais como sendo a velocidade média em cada

    subseção;

    4. Calcularam-se as parcelas de vazão ( ) pelo produto da área pela velocidade média

    nas diversas subseções;

    5. Determinou-se a vazão da seção através do somatório de todas as parcelas .

    A Equação 4 mostra um resumo do procedimento para o cálculo da vazão usada neste

    trabalho.

    ∑ ∑ Equação 4

    Onde: = vazão do rio; = vazão em cada subseção do rio; = área de cada subseção do rio; = vel. média em cada subseção do rio.

    2.1 – Quantificação do Erro Aleatório

    Na aquisição dos dados necessários para a determinação da vazão estão envolvidos diversos

    tipos de erros sejam eles do tipo grosseiro, sistemático ou aleatório. O grosseiro é aquele cometido

    pelo experimentador no manuseio do equipamento na hora de fazer a medição, o sistemático é o

    erro caracterizado por repetidas medições erradas da mesma quantidade, e pode ser sanado através

    da calibração do instrumento ou correção dos dados, enquanto o aleatório é diferente para cada

    leitura feita, devido a isso é o mais difícil de evitar, podendo estar relacionado com diferenças no

    clima do local da medição, através de modificações mecânicas mínimas ocorridas nas pequenas

    peças do aparelho, limitações do equipamento e a grande variabilidade dos parâmetros envolvidos

    (Vidal e Souza, 2008).

    Quando técnicos vão ao campo eles sabem da importância de obter dados experimentais

    confiáveis e que dessa forma é preciso executar um procedimento bem definido com o objetivo de

    eliminar os erros grosseiros e sistemáticos, ou seja, a incerteza fracionária. Dessa maneira a

    metodologia utilizada para calcular a incerteza total avalia o erro aleatório o qual está relacionado à

    precisão dos equipamentos utilizados e a quantidade de repetições feitas para obtenção dos dados

    no campo e determinação dos parâmetros (Vidal e Souza, 2008).

    A quantificação do erro aleatório associado ao cálculo da vazão nos rios Jacarecica, Niquim e

    Saúde será avaliado através da aplicação da teoria dos erros. A metodologia proposta por Herschy

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5

    (1978) para determinação do erro aleatório na medição de vazão com molinete fornece um intervalo

    de confiança para a medição analisada com um nível significância de 95%, tendo como valor

    máximo admitido para o erro aleatório na medição de vazão 7%. O método é bastante simples e se

    baseia em um somatório, ponderado pelos quadrados das vazões, dos quadrados dos erros

    atribuídos a cada uma das variáveis que estão envolvidas no cálculo da vazão.

    A metodologia leva em consideração um bom número de variáveis que influenciam na

    medição da vazão, seis no total. Essas variáveis associam a quantidade de verticais em que a seção

    foi dividida, o espaçamento entre as verticais, a profundidade de cada vertical captada na batimetria,

    o tempo de medição de rotações do molinete em cada ponto da seção, a quantidade de pontos

    medidos em cada vertical e a velocidade média de cada subseção em qual o rio foi dividido. A

    Equação 5 mostra a equação global adotada nesta metodologia.

    ∑ Equação 5

    Onde: = erro aleatório na medição de vazão; = erro devido ao número de verticais; = erro devido à medição do espaçamento entre as verticais; = erro devido à medição da profundidade na batimetria; = erro devido ao tempo de medição em cada ponto; = erro devido ao número de pontos de medição por vertical; = erro devido à velocidade média em cada subseção;

    = área de cada subseção; = vel. média em cada subseção.

    As Tabelas 9, 10, 11, 12, 13 e 14 apresentadas no anexo foram utilizadas na elaboração

    deste trabalho para determinar os seis parâmetros envolvidos no método ( , , , , , )

    de Herschy (1978), a fim de quantificar o erro aleatório total, , na medição de vazão com o

    molinete. Vale ressaltar que se usou interpolação linear para obter o valor dos parâmetros que não

    existem nas tabelas supracitadas. Outra observação importante que vale destacar é que o parâmetro

    ( ) utilizado na expressão global do método está atrelado a medição da velocidade com o molinete

    em cada ponto da seção ao passo que ( ) é vinculado com a velocidade média em cada subseção

    considerada para o cálculo da vazão. Desta forma a fim de não saturar o presente trabalho com

    tantas informações não foi disponibilizado o quadro de velocidades pontuais na seção, mas fica o

    relato de que esses dados foram utilizados na obtenção do erro aleatório e não apenas as

    velocidades médias nas diversas subseções apresentadas nos resultados. As velocidades pontuais

    em cada vertical foram apresentadas juntamente com a batimetria de cada rio estudado.

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    3 – Resultados e Discussão

    Conforme os objetivos proposto neste trabalho os resultados apresentados a seguir dizem

    respeito a quantificar o erro aleatório inerente na medição de vazão com o molinete fluviométrico.

    As Figuras 1, 2, 3 e 4 mostram as batimetrias nas seções de medições dos rios Niquim,

    Jacarecica e Saúde, respectivamente, assim como os pontos de medição de velocidades em cada

    vertical escolhida nas seções.

    Figura 1 – Batimetria do rio Niquim, 30/09/2004 e pontos de medição de velocidade.

    0.72

    0.76

    0.88

    0.79

    0.61

    0.95

    1.02

    1.08

    0.98

    0.93

    1.12

    1.13

    1.16

    1.09

    0.85

    1.10

    1.12

    1.12

    1.09

    0.90

    1.04

    1.13

    1.16

    1.01

    0.76

    1.04

    1.04

    1.13

    0.10

    0.91

    0.92

    0.93

    0.96

    0.89

    0.67

    0.81

    0.90

    0.97

    0.91

    0.67

    0.76

    0.85

    0.93

    0.93

    0.66

    0.73

    0.75

    0.85

    0.82

    0.56

    0.63

    0.68

    0.81

    0.76

    0.63

    0.54

    0.62

    0.77

    0.86

    0.66

    0.30

    0.46

    0.73

    0.73

    0.34

    0.24

    0.27

    0.57

    0.68

    0.30

    0.15

    0.43

    0.39

    0.00

    0.00

    0.00

    0.00

    0.00

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340

    Profun

    dida

    de (cm)

    Distância (cm)

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

    Figura 2 – Batimetria do rio Jacarecica, 02/09/2004 e pontos de medição de velocidade.

    i Figura 3 – Batimetria do rio Saúde, 06/06/2009 e pontos de medição de velocidade com molinete

    tradicional.

    0.32

    0.21

    0.40

    0.31

    0.39

    0.21

    0.39

    0.20

    0.42

    0.25

    0.39

    0.33

    0.66

    0.45

    0.52

    0.33

    0.38

    0.71

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

    Profun

    dida

    de (cm)

    Distância (cm)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480

    Profun

    dida

    de (cm)

    Distância (cm)

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8

    Figura 4 – Batimetria do rio Saúde, 06/06/2009 e pontos de medição de velocidade com molinete

    desenvolvido na UFAL.

    As Tabelas 1, 2, 3 e 4 mostram os dados parciais necessários para a determinação da vazão

    nos rios Jacarecica, Niquin e Saúde, assim como os valores das vazões nesses rios. Esses dados

    foram coletados com projetos financiados pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de

    Alagoas (FAPEAL). Nessas tabelas os símbolos ME e MD correspondem à margem esquerda e

    direita do rio, respectivamente, e cada subseção estava a 20 cm uma da outra.

    Tabela 1 – Cálculo da vazão no rio Jacarecica. RIO JACARECICA 

    Subseção  Vel. méd. (m/s) Área (m²) Vazão (m³/s) ME e 1  0.1318 0.0530 0.00701 e 2  0.3105 0.1130 0.03512 e 3  0.3286 0.1290 0.04243 e 4  0.2952 0.1390 0.04104 e 5  0.3129 0.1450 0.04545 e 6  0.3463 0.1530 0.05306 e 7  0.4567 0.1600 0.07317 e 8  0.4906 0.1640 0.08058 e 9  0.3491 0.1540 0.05389 e MD  0.1366 0.0720 0.0098

    Área da seção transversal (m²) 1.2820Velocidade média na seção (m/s) 0.3158

    Vazão (m³/s) 0.4410

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480

    Profun

    dida

    de (cm)

    Distância (cm)

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9

    Tabela 2 – Cálculo da vazão no rio Niquim. RIO NIQUIM 

    Subseção  Vel. méd. (m/s) Área (m²) Vazão (m³/s) ME e 1  0.3755 0.1070 0.04021 e 2  0.8710 0.2100 0.18292 e 3  1.0299 0.2110 0.21733 e 4  1.0705 0.2180 0.23344 e 5  1.0461 0.2300 0.24065 e 6  1.0209 0.2400 0.24506 e 7  0.9478 0.2380 0.22567 e 8  0.8629 0.2370 0.20458 e 9  0.8376 0.2390 0.20029 e 10  0.7817 0.2380 0.186010 e 11  0.7212 0.2310 0.166611 e 12  0.6959 0.2250 0.156612 e 13  0.6002 0.2270 0.136313 e 14  0.4613 0.2130 0.098314 e 15  0.3686 0.1800 0.066415 e 16  0.1628 0.1550 0.025216 e MD  0.0000 0.0730 0.0000

    Área da seção transversal (m²) 3.4720Velocidade média na seção (m/s) 0.6973

    Vazão (m³/s) 2.6250

    Tabela 3 – Cálculo da vazão no rio Saúde,com molinete tradicional. RIO SAÚDE 

    Subseção  Vel. méd. (m/s) 

    Área (m²) 

    Vazão (m³/s)

    SubseçãoVel. méd. (m/s)

    Área (m²) 

    Vazão (m³/s)

    ME e 1  0.1516  0.0560  0.0085 12 e 13 0.5340 0.2590  0.13831 e 2  0.3378  0.1840  0.0622 13 e 14 0.5466 0.2570  0.14052 e 3  0.4098  0.2590  0.1061 14 e 15 0.5394 0.2540  0.13703 e 4  0.4404  0.2620  0.1154 15 e 16 0.5358 0.2490  0.13344 e 5  0.4485  0.2610  0.1171 16 e 17 0.5403 0.2430  0.13135 e 6  0.4701  0.2620  0.1232 17 e 18 0.5439 0.2390  0.13006 e 7  0.4809  0.2630  0.1265 18 e 19 0.5214 0.2370  0.12367 e 8  0.4899  0.2620  0.1283 19 e 20 0.4800 0.2270  0.10908 e 9  0.5007  0.2610  0.1307 20 e 21 0.4233 0.2110  0.08939 e 10  0.4980  0.2590  0.1290 21 e 22 0.2847 0.1910  0.054410 e 11  0.5061  0.2590  0.1311 22 e 23 0.1147 0.1700  0.019511 e 12  0.5223  0.2600  0.1358 23 e MD 0.0211 0.0810  0.0017

    Área da seção transversal (m²) 5.4660Velocidade média na seção (m/s) 0.4309

    Vazão (m³/s) 2.5216

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10

    Tabela 4 – Cálculo da vazão no rio Saúde, com molinete desenvolvido na UFAL. RIO SAÚDE 

    Subseção  Vel. méd. (m/s) 

    Área (m²) 

    Vazão (m³/s)

    SubseçãoVel. méd. (m/s)

    Área (m²) 

    Vazão (m³/s)

    ME e 1  0.1737  0.0560  0.0097 12 e 13 0.5141 0.2590  0.13321 e 2  0.3806  0.1840  0.0700 13 e 14 0.5190 0.2570  0.13342 e 3  0.4338  0.2590  0.1124 14 e 15 0.5267 0.2540  0.13383 e 4  0.4629  0.2620  0.1213 15 e 16 0.5148 0.2490  0.12824 e 5  0.4949  0.2610  0.1292 16 e 17 0.5105 0.2430  0.12415 e 6  0.5011  0.2620  0.1313 17 e 18 0.5160 0.2390  0.12336 e 7  0.4910  0.2630  0.1291 18 e 19 0.5136 0.2370  0.12177 e 8  0.4805  0.2620  0.1259 19 e 20 0.4888 0.2270  0.11108 e 9  0.4798  0.2610  0.1252 20 e 21 0.4512 0.2110  0.09529 e 10  0.4901  0.2590  0.1269 21 e 22 0.3364 0.1910  0.064310 e 11  0.5108  0.2590  0.1323 22 e 23 0.1761 0.1700  0.029911 e 12  0.5290  0.2600  0.1375 23 e MD 0.0569 0.0810  0.0046

    Área da seção transversal (m²) 5.4660Velocidade média na seção (m/s) 0.4397

    Vazão (m³/s) 2.5535

    As Tabelas 5, 6, 7 e 8 mostram os valores adotados, conforme as Tabelas 10 a 14 do anexo,

    para cada uma das variáveis da metodologia proposta no presente trabalho. Os parâmetros nessas

    tabelas podem ser descritos como:

    Vert. = denota o número da vertical ao longo da seção.

    Dist. = denota a distância entre cada vertical.

    Prof. = denota a distância entre a superfície da água e o fundo do rio naquela vertical.

    … = denotam os erros calculados, conforme as tabelas do anexo, e equação global do

    método descrita na Equação 5.

    Tabela 5 – Parâmetros para cálculo do erro aleatório no rio Jacarecica. RIO JACARECICA 

    Vert.  Dist. (cm)  Prof. (cm) X’b X’dX’e (% da profundidade) 

    X’p  X’c 20 80 Média

    ME  0 0  0.2 0 0 0 0 0  0 1  20 53  0.2 1 9.58 16.52 13.05 7  3.46 2  40 60  0.2 1 8.00 9.76 8.88 7  0.89 3  60 69  0.2 1 8.12 16.52 12.32 7  0.87 4  80 70  0.2 1 8.30 17.24 12.77 7  0.91 5  100 75  0.2 1 8.00 13.00 10.50 7  0.89 6  120 78  0.2 1 8.30 9.40 8.85 7  0.85 7  140 82  0.2 1 7.00 8.00 7.50 7  0.70 8  160 82  0.2 1 7.00 9.40 8.20 7  0.66 9  180 72  0.2 1 8.50 19.48 13.99 7  0.84 MD  200 0  0.2 0 0 0 0 0  0 

    (*) vert. = vertical; dist. = distância entre verticais; prof.: profundidade da vertical e sup = superfície.

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11

    Tabela 6 – Parâmetros para cálculo do erro aleatório no rio Niquim. RIO NIQUIM 

    Vert.  Dist. (cm)  Prof. (cm)  X’b  X’dX’e (% da profundidade)

    X’p  X’c sup. 20 40 60 80  média 

    ME  0  0 0  0  0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.001  20  107  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.812  40  103  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.173  60  108  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.004  80  110  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.005  100  120  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.006  120  120  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.007  140  118  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.078  160  119  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.189  180  120  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.2110  200  118  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.2811  220  113  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.3612  240  112  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.3913  260  115  0.2  2  9.94 8.00 7.00 7.00 9.22  8.23  5 0.5214  280  98 0.2  1  12.36 11.32 7.00 7.00 9.84  9.50  5 0.7015  300  82 0.2  1  18.76 VNM 8.00 8.12 VNM  8.72  6.33 0.8216  320  73 0.2  1  50.00 50.00 50.00 50.00 50.00  50.00  5 2.29MD  340  0 0  0  0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.00

    (*) vert. = vertical; dist. = distância entre verticais; prof.: profundidade da vertical; sup = superfície e VNM = Velocidade não medida.

    Tabela 7 – Parâmetros para cálculo do erro aleatório no rio Saúde, com molinete tradicional. RIO SAÚDE 

    Vert.  Dist. (cm)  Prof. (cm)  X’b  X’dX’e (% da profundidade) 

    X’p X’c sup. 20 40 60 80  média 

    ME  0  0 0  0 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.001  20  56 0.2  1 9.04 9.40 11.32 12.04 10.24  10.41  5 2.502  40  128  0.2  2 8.32 8.00 8.00 9.04 8.86  8.44  5 0.863  60  131  0.2  2 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00  8.00  5 0.774  80  131  0.2  2 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00  8.00  5 0.735  100  130  0.2  2 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00  8.00  5 0.726  120  132  0.2  2 8.00 8.00 8.00 8.00 7.00  7.80  5 0.697  140  131  0.2  2 8.00 8.00 8.00 7.00 8.00  7.80  5 0.678  160  131  0.2  2 8.00 8.00 7.00 7.00 8.00  7.60  5 0.669  180  130  0.2  2 8.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.20  5 0.6510  200  129  0.2  2 8.00 7.00 7.00 7.00 8.00  7.40  5 0.6511  220  130  0.2  2 8.00 7.00 7.00 7.00 8.00  7.40  5 0.6412  240  130  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6213  260  129  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6014  280  128  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.5915  300  126  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6016  320  123  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6017  340  120  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 8.00  7.20  5 0.60

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12

    RIO SAÚDE 

    Vert.  Dist. (cm)  Prof. (cm)  X’b  X’dX’e (% da profundidade) 

    X’p X’c sup. 20 40 60 80  média 

    18  360  119  0.2  2 7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.5919  380  118  0.2  2 8.00 7.00 7.00 7.00 8.68  7.54  5 0.62

    20  400  109  0.2  2  8.00  7.00  7.00  8.00  8.14  7.63  5  0.67

    21  420  102  0.2  2 8.32 7.00 8.68 8.50 12.36  8.97  5 0.7522  440  89 0.2  1 10.60 13.24 16.84 16.84 31.80  17.86  5 0.9323  460  81 0.2  1 50.00 50.00 50.00 49.32 50.00  49.86  5 4.28MD  480  0 0  0 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.00

    (*) vert. = vertical; dist. = distância entre verticais; prof.: profundidade da vertical; sup = superfície e VNM = Velocidade não medida.

    Tabela 8 – Parâmetros para cálculo do erro aleatório no rio Saúde, com relação ao molinete desenvolvido na UFAL.

    RIO SAÚDE 

    Vert.  Dist. (cm)  Prof. (cm)  X’b  X’dX’e (% da profundidade)

    X’p  X’c sup. 20 40 60 80  média 

    ME  0  0 0  0  0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.001  20  56 0.2  1  8.88 VNM 8.84 9.78 VNM  9.17  6.33 2.072  40  128  0.2  2  8.00 8.00 8.30 8.00 8.00  8.06  5 0.803  60  131  0.2  2  8.00 8.00 8.00 8.00 8.00  8.00  5 0.734  80  131  0.2  2  8.00 8.00 8.00 7.00 8.00  7.80  5 0.705  100  130  0.2  2  8.00 8.00 7.00 7.00 7.00  7.40  5 0.666  120  132  0.2  2  8.00 8.00 8.00 7.00 7.00  7.60  5 0.657  140  131  0.2  2  8.00 8.00 8.00 7.00 7.00  7.60  5 0.668  160  131  0.2  2  8.00 8.00 8.00 8.00 8.00  8.00  5 0.679  180  130  0.2  2  7.00 8.00 8.00 8.00 8.00  7.80  5 0.6710  200  129  0.2  2  8.00 8.00 8.00 7.00 7.00  7.60  5 0.6611  220  130  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6312  240  130  0.2  2  7.00 8.00 7.00 7.00 7.00  7.20  5 0.6113  260  129  0.2  2  7.00 8.00 8.00 8.00 7.00  7.60  5 0.6314  280  128  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.00  5 0.6315  300  126  0.2  2  7.00 8.00 7.00 7.00 7.00  7.20  5 0.6116  320  123  0.2  2  8.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.20  5 0.6317  340  120  0.2  2  8.00 8.00 7.00 7.00 8.00  7.60  5 0.6318  360  119  0.2  2  8.00 7.00 7.00 7.00 7.00  7.20  5 0.6319  380  118  0.2  2  7.00 7.00 7.00 7.00 8.00  7.20  5 0.6320  400  109  0.2  2  8.00 8.00 8.00 7.00 8.00  7.80  5 0.6621  420  102  0.2  2  8.00 7.00 8.00 8.14 9.92  8.21  5 0.7122  440  89 0.2  1  9.92 9.52 11.08 15.40 27.24  14.63  5 0.8623  460  81 0.2  1  19.00 28.92 26.60 28.44 32.52  27.10  5 2.03MD  480  0 0  0  0.00 0.00 0.00 0.00 0.00  0.00  0 0.00

    (*) vert. = vertical; dist. = distância entre verticais; prof.: profundidade da vertical; sup = superfície e VNM = Velocidade não medida.

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 13

    A análise das incertezas envolvidas no processo de medição de vazão é necessária para que os

    dados sejam validados, pois a vazão de projeto para obras hidráulicas deve levar em consideração

    as incertezas envolvidas durante todo o processo de obtenção da vazão, já que por menores que

    sejam eles podem interferir na disponibilidade hídrica da região. Outro aspecto que merece

    destaque quando diz respeito às vazões disponíveis nos mananciais é das concessões de outorga de

    direito de uso da água (e.g. consumo de água em mineração, irrigação, abastecimento humano,

    lançamento de efluentes) não seja subestimados e dessa forma prejudique tanto as atividades

    desenvolvidas quanto a qualidade dos recursos disponíveis.

    Conforme descrito na metodologia proposta por Herschey (1978) e adotada neste trabalho,

    para o cálculo do erro aleatório total foram adotados os valores de iguais a 9.4, 5.8 e 5.0 para os

    rios Jacarecica, Niquim e Saúde respectivamente.

    O primeiro rio a ser avaliado foi o Jacarecica e apresentou um erro total = 9.65% para a

    vazão calculada. Como esse erro ultrapassa o limite de confiança imposto pelo método, que é de

    7%, a vazão calculada precisaria ser descartada a depender de qual obra hídrica fosse dimensionada

    com o uso desses dados, assim deve-se realizar uma nova medição para este rio.

    Portanto, apesar de terem sido seguidas as recomendações para a realização de campanhas de

    medição de vazão (SANTOS, 2003) referentes à quantidade de verticais na seção, assim como a

    quantidade de pontos nas mesmas, os resultados não foram satisfatórios. Diante do exposto

    acredita-se que ocorreram situações adversas em campo, problemas no equipamento ou mesmo

    inexperiência do operador.

    A seguir foi feita a análise do rio Niquim e foi encontrado um erro total de = 6.31% para a

    vazão calculada, logo uma estimativa para desenvolvimento de projetos que envolvam um alto

    índice de confiança na determinação da vazão para essa região deve se basear numa vazão

    disponível variando no seguinte intervalo 2.459 < < 2.971m3/s, visto que ele não ultrapassa o

    limite de confiança de 7% imposto pelo método.

    Por fim foi feita a análise dos resultados da medição de vazão do rio Saúde com os dois

    molinetes. Os resultados foram muito satisfatórios, pois houve, aproximadamente, uma variação de

    apenas 1.3% da vazão calculada com o molinete tradicional em relação ao novo molinete que foi

    desenvolvido no Laboratório de Hidráulica da UFAL. Ainda com objetivo de qualificar o novo

    molinete para que possa ser usado em novas campanhas de campo foi feita a quantificação dos erros

    aleatórios envolvidos na medição de vazão e as devidas comparações com o molinete tradicional.

    O erro aleatório associado à medição com o molinete tradicional foi de = 5.42% ao passo

    que com o novo molinete foi de = 5.41% esses que não ultrapassam o limite máximo de 7%

    imposto pelo método. Portanto projetos que pretendam recalcar água dessa região ou mesmo lançar

    efluentes nesse corpo hídrico de se basear, numa vazão de projeto respeitando, na verdade, o

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 14

    seguinte os seguintes intervalos 2.385 < < 2.658m3/s para a medição com o molinete tradicional e

    2.415 < < 2.692m3/s com o novo. Diante da pequena variação desses resultados fica evidente a

    precisão a qual o novo equipamento está calibrado e pronto para ser utilizado em novas campanhas

    de medição de vazão pelos técnicos da UFAL.

    É importante destacar que vários podem ser os motivos que influenciam na quantificação do

    erro aleatório na medição de vazão com molinete fluviométrico e por mais que procure seguir as

    recomendações descritas na literatura os limites de confiança imposto pelos métodos de avaliação

    de erros podem ser ultrapassados. Desse modo durante a realização de campanhas para coleta de

    dados para quaisquer que sejam a finalidade deve-se obter o maior número de medições possíveis

    levando em consideração as adversidades encontradas em campo, obtendo dessa forma uma maior

    proximidade com a realidade e diminuindo o valor total do erro. Diante do exposto fica comprovada

    a importância de realizar uma boa discretização no momento da obtenção dos dados que serão

    usados para o cálculo da vazão.

    Apesar de a metodologia envolver seis parâmetros para quantificar o erro, a sensibilidade de

    cada um deles é diferenciada. Pôde-se perceber durante a utilização da equação global e também

    através da avaliação das tabelas utilizadas no método que os dois parâmetros mais sensíveis são

    primeiramente a quantidade de verticais que a seção é dividida ( ), seguido pelo tempo de

    captação das rotações em cada vertical, pois quanto maior o tempo de aquisição de rotações em um

    determinado ponto menor será a incerteza relacionada com ele visto que existe uma série de

    flutuações na velocidade de escoamento dos rios. No presente trabalho a quantidade de verticais foi

    escolhido através da divisão da largura da seção do rio em partes menores (20 cm), já o tempo de

    captação das rotações, foi de 30s, este que atende o mínimo requerido pelo método e também

    minimizou o tempo gasto para conclusão da campanha num determinado rio, o que ajudava para a

    realização de novas medições em outras seções.

    5 – Considerações Finais

    Avaliando os resultados anteriormente apresentados é possível afirmar que o método de

    captação dos dados no campo para cálculo da vazão disponível nos rios da região vem sendo

    desenvolvido com bastante rigor, a fim de diminuir os erros envolvidos e evitando dessa forma que

    se faça necessário a captação de novos dados nas mesmas seções, o que acarretaria novos custos. A

    respeito do rio Jacarecica que não apresentou resultado satisfatório, apesar de terem sido seguidas

    as recomendações para coleta de dados, serão realizadas novas visitas de campo a fim de adquirir

    novos dados e realizando posteriormente novas análises a respeito das incertezas envolvidas.

    Procurar-se-á nas campanhas supracitadas discretizar melhor a medição das velocidades pontuais

    tentando manter o erro dentro do limite de confiança sugerido pelo método.

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15

    Comparando os limites de confiança obtidos através do método proposto e as respectivas

    incertezas totais, é razoável garantir que foram obtidos bons resultados nas medições realizadas nos

    rios Niquim e Saúde dessa forma é possível referenciar esses dados para o desenvolvimento de

    projetos hidráulicos da região. A disponibilidade de recursos financeiros para realização de medição

    de vazão na região de estudo é resumido, logo avaliação das incertezas envolvidas no método

    utilizado pelos técnicos da Universidade Federal de Alagoas é fundamental para validar os dados,

    descobrir e sanar as falhas (erros) ocorridas no campo, como por exemplo, o rio Jacarecica, visto

    que se os resultados não forem satisfatórios será necessário fazer novas medições na mesma seção

    de estudo e isso acarretará num custo razoavelmente elevado.

    Destaca-se também no presente trabalho os bons resultados obtidos na primeira medição de

    vazão realizada com o molinete fluviométrico desenvolvido no Laboratório de Hidráulica da UFAL,

    a proximidade dos seus resultados em comparação com o equipamento tradicional utilizado pelos

    técnicos e alunos da universidade e também o satisfatório resultado da análise dos seus erros que

    atenderam o limite de confiança imposto pelo método.

    Destaca-se também no presente trabalho os bons resultados obtidos na primeira medição de

    vazão realizada com o molinete fluviométrico confeccionado no Laboratório de Hidráulica da

    UFAL, desenvolvido pelo ex-aluno do curso de Engenharia Civil da UFAL, atualmente cursando o

    doutorado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Daniel Fontan Cruz, através da

    proposta de projeto aprovada pela FINEP/MCT-PROMOVE, “LABORATÓRIO APLICADO A

    ENGENHARIA CIVIL – LAPLENCI”. Portanto a avaliação das incertezas envolvidas na medição

    de vazão com o molinete fluviométrico através da teoria dos erros foi satisfatória e em futuros

    trabalhos serão efetuadas novas medições com o molinete recém desenvolvido assim como novas

    comparações de análise de erros.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem à participação na coleta de dados no campo dos alunos de graduação do

    curso de Engenharia Civil da UFAL Luiz Henrique da Silva (atualmente técnico em hidrologia-

    UFAL), Geiza Thâmirys Correia Gomes, Alberonaldo Lima Alves e José Carlos Guedes da Silva

    Júnior. Assim como a mestranda, em recursos hídricos do Programa de Pós-Graduação em

    Recursos Hídricos e Saneamento da UFAL, Irene Maria Chaves Pimentel pelo constante incentivo,

    colaboração e pelos dados disponibilizados. Este trabalho só foi possível graças ao financiamento

    das bolsas de iniciação cientifica por parte do PIBIC/CNPq/UFAL e PET/SESU/UFAL, além do

    apoio financeiro e logístico da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas – FAPEAL.

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 16

    BIBLIOGRAFIA

    CRUZ, D. F. M. (2005). Desenvolvimento de um equipamento eletrônico para medição de

    velocidade em canais abertos. Maceió, Monografia de Graduação Universidade Federal de

    Alagoas, 2005.

    HERSCHY, R. W. (1978). Hydrometry: Principles and Practices. Accuracy, Chapter 10, John

    Wiley, New York, USA, 1978.

    SANTOS, I., FILL, H. D., SUGAI, M.R.V.B, BUBA, H., KISHI, R.T., MARONE, E. e

    LAUTERT, L.F. (2001). Hidrometria Aplicada. Curitiba, LACTEC - Instituto de Tecnologia para o

    Desenvolvimento, 2001.

    VIDAL, D. H. F., e SOUZA, R. C., (2008) “Avaliação quantitativa das incertezas envolvidas na

    Medição de vazão com molinete” In Anais do IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste,

    Salvador: ABRH, 2008.

    ANEXO

    As Tabelas 9, 10, 11, 12, 13 e 14 fazem parte da metodologia proposta por Herschy (1978)

    para o cálculo do erro aleatório inerente na determinação da vazão.

    Tabela 9 – Erro devido a quantidade pontos em cada de verticais. Nº DE PONTOS X`p

    Velocidade distribuída 15 52 71 15

    Tabela 10 – Erro devido à medição do espaçamento entre as verticais. ESPAÇAMENTO   

    10 cm  0,1 20 cm  0,2 30 cm  0,3 40 cm  0,450 cm 0,5

  • XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 17

    Tabela 9 – Erro devido à medição do tempo na captação da velocidade em cada ponto, .

    VELOCIDADE (m/s) 

    POSIÇÃO DO PONTO MEDIDO NA VERTICAL (0, 20, 40 e 60% da H)  (80, 90 e 100% da H) 

    INTERVALO DE TEMPO DA MEDIÇÃO (MIN) 0,5  1  2  3  0,5  1  2  3 

    0,05  50  40  30 22 80 60  50  400,075  33  26  19 16 50 40  28  230,1  27  22  16 13 33 27  20  170,125  22  19  14 11 27 22  16  140,15  19  16  12 9 22 20  14  120,175  17  14  10 8 19 16  12  100,2  15  12  9 7 17 14  10  80,225  13  10  8 6 15 12  9  70,25  12  9  7 6 13 10  7  60,275  11  8  7 5 11 8  7  60,3  10  7  6 5 10 7  6  50,4  8  6  6 5 8 6  6  50,5  8  6  6 4 8 6  6  4

    0.5 ‐ 1.0  7  6  6 4 7 6  6  4v > 1.0  7  6  5 4 7 6  5  4

    Tabela 10 – Erro devido à velocidade média em cada subseção. Vmédia NAS SUBSEÇÕES (m/s)   

    0,031 200,1 50,152 2,50,229 1v > 1.0 0

    Tabela 11 – Erro devido ao número de verticais. NÚMERO DE VERTICAIS   

    5  20 10  10 15  7 20 525 530 335 340 345 3

    Tabela 12 – Erro devido à medição da profundidade na batimetria. PROFUNDIDADE   

    1 ‐ 100 cm 1101 ‐ 200 cm 2201 ‐ 300 cm 3