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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
UMA DECISÃO EM TRANSPORTE
Débora Duarte de Campos Cruz
Orientador: Celso Sanchez
Abril 2005
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
UMA DECISÃO EM TRANSPORTE
Objetivos:
Levantar informações que possam auxiliar os
profissionais na decisão pela opção mais
vantajosa entre a utilização de frota própria ou a
terceirização de serviço de transporte logístico.
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores do Curso de Pós-graduação em
Logística (Projeto “A Vez do Mestre”) da UNICAM
e especialmente, ao professor César Lima que
através de suas aulas mostrou a importância da
gestão de transportes para as empresas,
despertando assim para a escolha do tema
pesquisado.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família e de forma
especial, ao meu marido Andremar, que sempre
me incentivaram ao aprimoramento profissional,
através do desenvolvimento constante do
conhecimento.
5
RESUMO
Diante da observação do crescimento de empresas prestadoras de
serviços de transporte e do impacto dessas atividades nos custos logísticos
e no nível de serviço houve o interesse em pesquisar sobre o assunto.
Dentre todas as decisões envolvidas na gestão de transporte, o estudo
concentrou-se naquela que talvez seja a primeira e mais importante a ser
tomada: utilizar frota própria ou contratar serviços de transporte de terceiros.
Após a pesquisa bibliográfica, constatou-se que vários são os fatores
de influência para que a empresa opte por uma das duas alternativas. No
entanto, o trabalho aborda aqueles parâmetros considerados como
indispensáveis a decisão: custo, tempo de espera e segurança. Foram
feitas também, algumas considerações sobre a administração do transporte
próprio e do serviço contratado de terceiros.
6
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, a
autores com amplo conhecimento na área de logística e que abordaram em
suas obras o tema em estudo.
A proposta do trabalho é apresentar parâmetros, considerados na
bibliografia estudada, que auxiliem os profissionais no processo de escolha
pela propriedade da frota ou uso de serviços terceirizados. Visa-se
principalmente, estimular o leitor a baseado na realidade de sua empresa,
avaliar as duas alternativas de forma criteriosa.
Como há diferenças entre os aspectos definidos como parâmetros
para essa decisão entre os autores pesquisados, o trabalho concentrou-se
nos três avaliados como indispensáveis para a escolha.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
CAPÍTULO I: ............................................................................................................ 9
UMA VISÃO GERAL SOBRE TRANSPORTE................................................... 9
CAPÍTULO II: ......................................................................................................... 17
UTILIZAÇÃO DE FROTA PRÓPRIA ................................................................. 17
CAPÍTULO III: ........................................................................................................ 30
CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS.................................................................... 30
CONCLUSÃO......................................................................................................... 39
ANEXO:...................................................................................................................41
ATIVIDADES CULTURAIS ..................................................................................41
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................... 42
ÍNDICE.....................................................................................................................43
FOLHA DE AVALIAÇÃO.....................................................................................45
8
INTRODUÇÃO
Hoje, já entende-se a logística como um grupo de atividades que deve
garantir o atendimento ao cliente com o produto certo, no lugar certo e no
momento certo, fazendo-se necessário incluir também o custo a esses
aspectos. O serviço de transporte tem boa parte da responsabilidade sob
essas quatro considerações e, baseando-se nesse argumento, o estudo
realizado e apresentado neste trabalho tem o objetivo de levantar
informações que possam auxiliar os profissionais em uma das principais
decisões em relação a transporte: utilizar frota própria ou a terceirização de
serviço de transporte logístico? Qual das opções é a mais vantajosa?
É possível observar um crescimento das empresas que oferecem
serviços de transporte logístico, mas para optar pela utilização de serviços
de terceiros é necessário que haja uma avaliação estruturada baseada em
parâmetros pré-definidos, considerados nos capítulos dois e três como:
custo, segurança e tempo de entrega. Essa decisão tem grande impacto
para as atividades da organização e por isso, deve ser tomada no nível
estratégico.
A escolha entre as duas alternativas se dará apenas para o transporte
rodoviário, que representa o maior percentual entre os modais de transporte,
segundo mostra Bertaglia, em seu livro Logística e Gerenciamento da
Cadeia de Abastecimento, 2003.
Os capítulos tratam, primeiramente, da visão geral sobre transporte
com as modificações sofridas no tempo, depois, apresentam
respectivamente, o transporte realizado com frota própria e serviços
terceirizados e por último, têm-se as considerações finais sobre as duas
formas de executar o transporte, visando determinar a melhor opção.
9
CAPÍTULO I:
1. UMA VISÃO GERAL SOBRE TRANSPORTE
Antes de decidir-se entre a utilização de frota própria ou de serviços
terceirizados é preciso entender em que contexto as atividades de transporte
estão inseridas.
Muitas mudanças ocorreram no mercado e o transporte também foi
afetado por essas mudanças. Seu principal objetivo não mudou. De acordo
com Bowersox 2001, este é movimentar produtos de um local de origem até
um determinado destino minimizando ao mesmo tempo os custos
financeiros, temporais e ambientais. Além disse, o autor complementa que
as despesas de perdas e danos também devem ser minimizadas.
Após essa preocupação em minimizar custos, que aparece como
questão fundamental para as empresas, outro fator muito importante é
avaliado, o nível de serviço, e hoje muitas organizações dão maior
importância a este fato. O nível de serviço como veremos em definição
adiante, refere-se a atender às expectativas de clientes em relação ao
desempenho de entregas, à disponibilidade de informações relativas às
cargas transportadas etc.
Conforme proposto por Bertaglia 2003, vamos abordar os fatores que
afetam os transportes considerando:
- As mudanças nos modelos das organizações.
- A demanda e serviço ao cliente.
- A globalização.
Por estes itens pode-se concluir que a gestão de transporte tornou-se
mais complexa exigindo que profissionais de logística estejam a frente das
10
atividades desta área e que decisão entre a utilização de frota própria e os
serviços de terceiros é estratégica, influindo fortemente nos resultados do
negócio.
1.1. Fatores que afetam os transportes
a) Mudanças nos modelos das organizações
A mudança no contexto industrial, passando de um modelo que
enfocava a produtividade para um modelo de competitividade, exige que as
organizações adotem formas diferentes de administração empresarial, com o
foco voltado para o serviço ao cliente. Essa mudança de paradigma afeta
também as empresas de transporte e o relacionamento delas com os seus
clientes.
A cadeia de abastecimento desempenha um papel fundamental a fim
de proporcionar às empresas a vantagem competitiva por meio de
velocidade nos processos e redução de custos, por estar diretamente ligada
ao transporte.
O tão comentado processo de terceirização exige mais das empresas
cujo enfoque estava nos transportes. O processo logístico, hoje muito mais
evidente, traz oportunidades importantes para aquelas companhias capazes
não só de movimentar cargas, mas de armazenar, consolidar e distribuir no
momento em que se exige. Os fabricantes preferem concentrar seus
esforços nas atividades que sabem fazer bem, como catalisar o mercado,
produzir bons produtos e conquistar clientes. Procedimentos de “just-in-time”
e de abastecimento contínuo obrigam as empresas a serem mais
profissionais e terem funcionários com perfil diferenciado. O motorista do
caminhão não é apenas alguém que movimenta um veículo, mas seu
relacionamento se estende ao fornecedor do material e ao recebedor desse
material. Ele pode ser também o elemento que conecta o estoque a ser
consumido com o produtor do material. A visão de distribuição é mais ampla,
mais estratégica, com a diversidade de serviços a serem oferecidos.
11
b) Demanda e Serviço ao cliente
A variação e a diversificação na demanda têm sofrido grandes
modificações, obrigando as organizações a fornecerem uma variedade maior
de produtos. Os clientes, um dos principais elementos da cadeia, estão
exigindo maior freqüência de entrega, com quantidades reduzidas e maior
variedade de produtos. Para satisfazer essa demanda, as organizações
precisam ser mais velozes e apresentar um alto grau de qualidade nos seus
produtos para evitar devoluções. Nesse contexto, a área de transportes é
fortemente afetada e necessidades adicionais lhe são impostas.
Os clientes não só exigem qualidade e velocidade de serviço, como
também preços competitivos, uma vez que existem compromissos com
metas de desempenho estabelecidas na relação cliente e fornecedor.
Com o processo de terceirização cada vez mais em evidência, essas
empresas esperam que as transportadoras sejam vistas como uma extensão
de si próprias. Naturalmente, essa extensão passa a ter características cada
vez mais importantes: o motorista deixa de ser um mero condutor de veículo
para ser alguém que representa a empresa fornecedora de mercadoria e,
para isso, deve agir de acordo com as regras preestabelecidas.
A relação transportadora e contratante passa a ter um vínculo mais
sólido. Contratar transporte já não é mais um processo de efetuar cotações
de fretes, mas uma aliança na qual as partes estabelecem as suas
responsabilidades para alcançar um relacionamento duradouro de prestação
de serviços.
12
c) Globalização
A globalização da economia traz grandes oportunidades para vários
setores, incluindo o de transportes. No entanto, as práticas gerenciais variam
nas diferentes partes do mundo, e o entendimento das necessidades dos
clientes e do ambiente é uma condição fundamental para que se possa obter
sucesso.
A criação dos blocos econômicos e a globalização exigem
movimentação em larga escala de mercadorias. O transporte vem tendo um
papel relevante no processo uma vez que possibilita o movimento da carga
no espaço geográfico e na velocidade desejada.
Com a globalização, as exigências tornam-se maiores, pois a
competição é acirrada e o atendimento ao cliente é a meta principal. O setor
de transporte deve obedecer a certas exigências impostas pelo modelo:
§ Velocidade
Com as empresas buscando a redução nos seus níveis de estoque,
aumentam as exigências para que as entregas sejam mais freqüentes e com
uma velocidade maior, sem perder de vista a manutenção da qualidade do
produto a ser entregue.
§ Confiabilidade
O serviço precisa ser confiável para atender à demanda e à
necessidade de entregar o produto no momento certo, na quantidade certa e
no local certo.
§ Flexibilidade
O transportador deve adequar-se às exigências do cliente, adaptando
o veículo se necessário, mas, mais que isso, adaptando-se ao conceito
logístico do modelo atual de negócio em que a atividade de transporte é
mais que somente movimentar cargas de um ponto a outro.
13
1.2. Fatores que afetam a economia de transporte
Transporte utiliza recursos financeiros, porque são necessários
gastos internos para manter uma frota própria ou gastos externos para
contratação de terceiros.
Os custos que afetam a economia de transporte são relacionados a
sete fatores conforme relaciona Bowersox, 2001:
1. Distância
É um dos principais fatores no custo de transporte, porque afeta
diretamente os custos variáveis:
- Combustível
- Manutenção
- Mão-de-obra (algumas vezes)
As viagens intermunicipais (mais longas) são menos dispendiosas,
pois cobrem distâncias maiores com as mesmas despesas de combustível e
de mão-de-obra, como resultado de velocidades mais altas, e não têm
paradas intermediárias freqüentes, as quais aumentam os custos de carga e
descarga, típicos de serviços urbanos.
2. Volume
O custo de transporte por unidade de peso diminui à medida que o
volume de carga aumenta. Isso acontece porque os custos fixos de coleta e
de entrega, bem como os custos administrativos, são diluídos num volume
de carga maior.
A relação é limitada ao espaço máximo do veículo, como, por
exemplo, uma carreta. Uma vez lotado o veículo, a relação repete-se para
um segundo veículo.
Um pormenor importante para um bom gerenciamento é o cuidado de
consolidar pequenas cargas em cargas maiores, a fim de se obter vantagem
da economia de escala.
14
3. Densidade (relação entre peso e espaço)
É importante porque o custo de transporte é normalmente cotado por
unidade porque o custo de peso, por tonelada, ou pó quilograma.
No tocante a peso e espaço, geralmente um veículo tem mais
limitações de espaço do que de peso.
Uma vez lotado o veículo, não é possível aumentar a quantidade a
ser transportada, ainda que a carga seja leve.
Como as despesas de mão-de-obra e de combustível do veículo não
são substancialmente afetadas pelo peso, cargas de maior densidade
permitem que custos relativamente fixos de transporte sejam diluídos por
pesos maiores. Como resultado, essas cargas incorrem em custos mais
baixos de transporte por unidade de peso.
4. Acondicionamento
A facilidade de acondicionamento depende das dimensões das
unidades da carga e da forma como elas afetam a utilização de espaço no
veículo.
Embora densidade e facilidade de acondicionamento tenham o
mesmo efeito, há cargas da mesma densidade que se acomodam de
maneira diferente.
A facilidade de acondicionamento também é influenciada pela
quantidade de unidades da carga. Às vezes podem ser acondicionadas mais
satisfatoriamente grandes quantidades de uma carga do que quantidades
menores dela.
15
5. Manuseio
Para carregar e descarregar caminhões, carretas ou navios, pode ser
necessário equipamento especial de manuseio.
A maneira pela qual as mercadorias são agrupadas fisicamente
(amarradas, encaixotadas, paletizadas) para transporte e armazenagem
também afeta o custo de manuseio.
6. Responsabilidade
O grau de responsabilidade inclui algumas características,
relacionadas com a carga, que afetam principalmente o risco de danos e a
incidência de reclamações.
Essas características são:
- Suscetibilidade de dano
- Dano ocasionado pelo veículo
- Possibilidade de deterioração
- Suscetibilidade de roubo
- Suscetibilidade de combustão espontânea ou de explosão
- Valor por unidade de peso
As transportadoras necessitam contratar seguro para se proteger
contra possíveis reclamações, ou assumir a responsabilidade por qualquer
dano.
Os embarcadores podem reduzir o risco e até o custo de transporte
por meio de melhor embalagem, proteção adicional ou pela redução de
suscetibilidade de perda ou dano.
16
7. Mercado
Os fatores de mercado como intensidade e facilidade de tráfego,
afetam o custo de transporte.
Uma rota de transporte é um itinerário entre os pontos de origem e de
destino.
Como os veículos e seus motoristas têm de retornar à origem, é
necessário conseguir uma carga de retorno, para evitar que o veículo volte
vazio.
Quando ocorrem viagens de retorno, os custos de mão-de-obra,
combustível e manutenção devem ser apropriados à viagem inicial.
Portanto, a situação ideal é a de viagens balanceadas, nas quais
volumes são iguais em ambas as direções. Isso, porém, raramente
acontece, em virtude dos desequilíbrios locais entre produção e a demanda.
O direcionamento e a sazonalidade da demanda afetam as taxas de
frete. Projetos de sistemas logísticos devem levar em conta fatores como
estes e incluir esforços de contratação de viagens de retorno, sempre que
possível.
17
CAPÍTULO II:
2. UTILIZAÇÃO DE FROTA PRÓPRIA
Uma das opções para a empresa distribuir seus produtos é a através
da propriedade da frota. Para utilizar esse tipo de serviço a empresa precisa
utilizar parâmetros que indiquem que essa escolha irá garantir a eficiência
dos serviços de transporte.
Atualmente, manter transporte próprio é muito mais do que investir
em caminhões. As atividades envolvidas em operar o transporte vão desde a
compra do caminhão e sua manutenção, passam pela seleção do motorista,
de tecnologias que possam auxiliar no processo, no monitoramento da carga
etc.
Empresas possuidoras de frotas de veículos destinadas à utilização
interna necessitam seguir importantes práticas de negócio para se manterem
competitivas no mercado.
A gestão de frotas é um componente importante no processo de
administração dos transportes, já que a movimentação de carga tem peso
significativo na formação dos custos logísticos e na qualidade do serviço,
uma vez que é atividade final da cadeia de abastecimento.
No decorrer dos anos, muitas organizações que começaram com
poucos veículos crescerem e, depois, passaram a ter frotas maiores
compostas de cavalos mecânicos e carretas. No entanto, aumentar o
tamanho da frota não significa que a operação esteja sendo realizada de
maneira mais eficiente, pode ser que a empresa esteja incorrendo em custos
excessivos e desnecessários ou apresentando baixa qualidade de serviço.
18
Normalmente, o entendimento da situação global da organização
envolve uma série de passos importantes na definição dos processos e das
estratégias da empresa, como considera Bertaglia, 2003.
Alguns deles são:
§ analisar a atual situação da organização, com a finalidade de
identificar potencial redução de custos e eventuais oportunidades
de melhoria na prestação de serviços;
§ identificar custos muitas vezes não visíveis, denominados “custos
escondidos”;
§ controlar efetivamente os custos de manutenção;
§ ter indicadores que meçam a eficiência da frota;
§ utilizar aplicações em computadores para auxiliar nas diversas
tarefas da área de transporte;
§ determinar a “frota ótima” dentro da conjuntura de trabalho e
serviço prestado.
Mesmo diante da complexidade de operar uma frota e todo o serviço
de transporte, algumas empresas preferem manter essas atividades sob a
sua total responsabilidade. Ballou, 1993, justifica dizendo que uma das
principais razões para possuir ou alugar (leasing) uma frota de veículos é
obter menores custos e melhor desempenho na entrega do que seria
possível através do uso de transportadoras convencionais.
Pela justificativa acima, para decidir sobre a utilização de frota própria
pode-se levar em consideração, principalmente, o custo, o tempo de entrega
e a segurança, que também interfere no desempenho da entrega. Esses são
os três parâmetros adotados por Ballou 1993, e considerados no estudo
como indispensáveis para a decisão em questão, como veremos a seguir.
19
2.1. Custo do serviço
“No caso de transporte próprio, o custo será a soma de todos
os custos relevantes ao carregamento em questão. Os custos
relevantes incluem itens como combustível, mão-de-obra,
manutenção, depreciação do equipamento e custos
administrativos.” (Ballou, 1993, p.121)
De acordo com uma pesquisa realizada em 248 frotas privadas de
caminhão, como relata Ballou 2001, a as razões para possuir frota eram:
1. Confiabilidade do serviço
2. Ciclo de tempo de pedido mais curto
3. Capacidade de reação à emergência
4. Contato melhorado com o cliente
Obter um custo mais baixo do que transporte contratado não foi um
fator motivador, embora isso possa ser obtido se houver uma utilização
suficientemente elevada do equipamento de transporte.
Mas, as organizações que preferem manter veículos internos para
efetuar suas movimentações necessitam reduzir custos logísticos uma vez
que eles influenciam diretamente o preço final dos produtos.
Estrutura de custos
Considere uma frota própria de caminhão. Os custos são agrupados
tipicamente em três categorias amplas, conforme indicações de Bowersox,
2001:
P Custos fixos:
São aqueles que não variam com a distância que o veículo viaja
durante um período de tempo. Incluem:
Seguro do veículo
Despesas de juros sobre capital investido no veículo
Despesas de licenças
20
Amortização de equipamento
Despesas associadas com o abrigo dos veículos
P Custos variáveis:
- Custo do operador:
Resultam da remuneração do condutor. As despesas comuns são:
Salários
Contribuições aos planos de saúde e de pensão
Despesas quando na estrada (refeições, hotel etc)
Contribuição à seguridade social
Contribuição ao seguro desemprego
Despesas variadas (telefone etc)
- Custos operacionais:
São aqueles incorridos em manter o veículo na estrada. As despesas
típicas são:
Combustível
Pneus
Manutenção etc
Segundo Ballou 2001, todos esses custos são divididos, então, pela
milhagem total da frota e pelo número de veículos na frota para dar o custo
médio por milha por veículo. Por causa dos vários custos fixos, o custo por
milha é sensível à roteirização e à programação que afetam as milhas totais.
Estes custos por milha multiplicados pelas distâncias entre os pontos de
origem e destino podem então, ser comparados com as taxas oferecidas
pelos transportadores ou contratados. Em geral, os caminhões de
propriedade privada precisam alcançar cerca de 80% das milhas com carga
completa para serem menos dispendiosos dos que os transportadores
contratados.
21
2.2. Tempo para a entrega
Não existem muitas estatísticas sobre o desempenho de
transportadoras.
O tempo gasto para as entregas pode ser obtido a partir dos
seguintes dados:
® quilometragem entre os pontos
® quilometragem/hora do veículo
® Tempo de parada
® Tempo gasto para carregar/descarregar
Além desses dados facilmente levantados é preciso estabelecer uma
margem de segurança para eventuais fatores como variações climáticas e
congestionamento de tráfego, que não são possíveis prever
antecipadamente, mas que caso ocorram podem comprometer a entrega
junto ao cliente. Outro fator que deve ser considerado é as condições das
estradas.
Apesar de todos essas situações que podem interferir no transporte
da carga da origem para o destino, o transporte rodoviário é apontado como
o mais confiável.
2.3. Segurança (perdas e danos)
Quando a empresa mantém frota própria ela sofre todas as
conseqüências de qualquer perda ou dano que ocorra com sua mercadoria.
Entretanto, ela tem um controle muito maior sobre os funcionários que
movimentam a carga e o veículo utilizado. Além disso, por estar mais
envolvida no transporte preocupa-se com meios para prevenir possíveis
acidentes com a carga, dando maior atenção as embalagens e ao
treinamento de seus funcionários que irão conduzir os veículos e cuidar da
carga/descarga do caminhão.
22
Nesse caso a empresa não tem outro jeito se não assumir todas as
perdas ou danos, não há com quem dividir o prejuízo, nem com quem dividir
a culpa perante o cliente, a não ser que se trate de algo que fuja ao controle
de qualquer empresa.
Hoje, é muito comum também a perda, por roubo de carga. Para
minimizar esse problema as empresas têm investido em sistemas de
segurança como: caminhões em comboios; carros de escolta com
segurança, vigilância via satélite entre outros. Tudo isso, torna os custos
com transporte ainda maiores.
2.4. Administração do transporte próprio
Alguns aspectos relevantes do gerenciamento da frota, abordados por
Ballou 1993 e Bertaglia 2003, são apresentados a seguir. Esses reforçam a
complexidade da gestão de transporte e apresentam alguns assuntos
importantes na administração da frota própria.
a) Rota ou plano de viagem
A montagem da rota ou plano de viagem é o problema encontrado
para direcionar veículos através de uma rede de vias, no caso do transporte
rodoviário. O movimento pode ser feito pela mínima distância, mínimo tempo
ou por combinação destes. Embora possam-se testar manualmente várias
combinações de trechos vários, caso o problema envolva muitas rotas
viáveis ou deva ser resolvido freqüentemente, técnicas matemáticas
programáveis em computadores podem ser bastante atrativas. Um método
bem conhecido é o caminho mais curto, de acordo com Hiller e Lieberman,
que pode ser calculado tanto manualmente com por meio de computadores.
Um problema de rota também pode envolver múltiplas origens e
destinos. Deve ser resolvido considerando-se as restrições das capacidades
de suprimento nos pontos de origem (fontes) e das necessidades de
23
produtos nos pontos de destino (demanda), assim como os custos
associados aos diversos caminhos possíveis. É um problema comum, que
ocorre ao roteirizar bens:
- de fornecedores às fábricas,
- de fábricas aos depósitos e
- de depósitos aos clientes,
sendo um subproblema da maioria dos problemas de localização industrial.
Ele é freqüentemente resolvido mediante procedimentos matemáticos
populares, como programação linear. Esses procedimentos estão facilmente
disponíveis em muitos softwares comerciais.
b) Roteirização e programação de veículos
Quando uma firma possui frota própria, ela freqüentemente encontra o
problema de despachar um veículo a partir de uma base central para uma
série de paradas intermediárias, devendo o veículo retornar então à base
central. O problema de programação pode ser resolvido pela utilização de
métodos matemáticos, como é o caso do “Método de Clarke e Wright”.
Atualmente, programas de computadores auxiliam a determinação
dos roteiros, principalmente aqueles com múltiplas entregas. Os problemas
de roteirização são bastante complexos, uma vez que apresentam uma
quantidade grande de variáveis, como:
- tempo de entrega,
- quantidade a ser entregue,
- número de clientes,
- diferentes produtos e embalagens,
- diferentes pesos,
- restrições de entrega,
- restrições físicas no roteiro para determinados veículos,
- necessidade de equipamentos especiais,
- diferentes formas de recebimento, com elevadores ou
plataformas.
24
A composição do roteiro deve considerar, além dos aspectos já
mencionados:
- o Tempo de serviço do condutor,
- a coleta de produtos em vários pontos,
- a combinação de outros produtos diferentes etc
A utilização de um sistema de computador traz vantagens ao
processo, pois permite simulações de quantidade de entregas e diferentes
capacidades de veículos.
c) Despacho de veículos
Despachar caminhões para apanhar ou entregar mercadorias poderia
ser considerado como um problema semelhante ao da roteirização de
veículos. A principal diferença com a roteirização é que, nesta última,
assume-se que os de carga e as paradas são conhecidas antes de
determinar a programação. Na prática, isto não ocorre sempre. A demanda
por transporte pode acontecer enquanto os veículos percorrem suas rotas. A
chave para este tipo de problema é a capacidade de direcionar os veículos à
medida que a demanda ocorre, de forma à utilizá-los eficientemente. Uma
maneira da fazê-lo é dirigir os veículos à parada mais próxima adequada às
suas capacidades. Caso o responsável pelo despacho conheça
antecipadamente os volumes e as paradas, o método para solução do
problema de roteirização pode ser utilizado.
d) Seqüenciação de roteiros
Por vezes o gerente de transporte pode estar menos interessado no
projeto dos roteiros e mais na minimização da quantidade de caminhões
necessários para atender uma dada programação. Isto exige a
seqüenciação dos roteiros de maneira a minimizar o tempo ocioso no
programa e, portanto, a quantidade de caminhões necessária.
25
e) Balanceamento de viagens com e sem carga
Uma preocupação comum no gerenciamento de uma frota é o
balanceamento das perdas de ida e de retorno. Um caminhão pode partir do
seu depósito totalmente carregado para realizar uma entrega e, após
executá-la retornar completamente vazio. Para melhor utilizar seu
equipamento, os gerentes de tráfego conscientizaram-se do uso da viagem
de retorno para transportar mercadorias para o depósito, geralmente a partir
dos fornecedores da própria companhia. Portanto, a programação de
veículos tornou-se também um problema de integrar fretes de retorno com a
distribuição de produtos.
f) Administração dos ativos
A fim de medir a produtividade dos ativos é necessário controlar não
só os gastos de manutenção, mas também as movimentações da cargas
efetuadas, considerando-se peso e valor. Um ativo subtilizado tem seus
custos fixos elevados. O melhor uso dos ativos ocorre quando são utilizados
na ida e na volta, o aproveitamento é superior, e a frota torna-se eficiente.
g) Mão-de-obra
A qualidade da mão-de-obra diretamente empregada é fundamental
para se obter os principais objetivos operacionais e estratégicos da empresa.
O condutor de um veículo deve ser rigorosamente selecionado, devido às
seguintes razões:
§ compromisso ambiental e social, uma vez que sua
responsabilidade e seu comportamento podem colocar em
evidência a imagem da empresa;
§ nível de serviço de seu desempenho nas viagens a realizar;
§ manuseio de um ativo extremamente valoroso visando evitar
acidentes e infrações;
§ os mecânicos, por sua vez, têm a responsabilidade de manter
os ativos em bom estado, para que o nível e a qualidade dos
serviços comprometidos possam ser alcançados;
26
§ na área administrativa, responsáveis por tráfego e
programação de veículos devem ser competentes para atender
às necessidades básicas, objetivando a relação ótima entre
custo e qualidade de serviço.
A produtividade dos condutores pode ser superior quando existem
políticas que incentivam a eficiência e produtividade.
h) Consumo de combustível
O combustível, como componente importante na estrutura de custos,
deve ser rigorosamente monitorado. Todos os abastecimentos devem ser
registrados considerando: data, número de litros e quilometragem do
veículo. Acordos com os postos de combustível em caso de transporte
rodoviário é uma prática importante de negócio. Dessa forma, é possível
medir a produtividade da frota considerando cada veículo. Em caso de
existência de posto de abastecimento interno, os recebimentos e saídas
devem ser controlados.
i) Manutenção
As despesas com manutenção representam uma fração importante
dos custos operacionais. A contratação de mecânicos ou a utilização de
terceiros na manutenção é uma decisão importante no processo de redução
dos custos de manutenção da frota. A utilização de aplicativos para
computadores existentes no mercado contribui na administração dos gastos
operacionais, de mão-de-obra utilizada para reparar os defeitos ou efetuar a
manutenção e também nos custos dos materiais.
Outras sugestões importantes são:
§ dimensionar o quadro de mecânicos em termos de quantidade
e qualidade;
§ determinar quais os conhecimentos necessários para manter a
frota e o perfil ideal dos mecânicos;
§ medir o desempenho dos mecânicos;
27
§ investir em treinamento, a fim de reciclar o conhecimento e
entendimento;
§ possuir um local adequado para efetuar os reparos de
manutenção, com oficinas e equipamentos específicos;
§ manter peças de reposição em estoque que comumente são
consumidas e eliminar aquelas que são demasiadamente
caras;
§ definir quais reparos deveriam ser efetuados internamente;
§ considerar a terceirização da manutenção ou das peças de
reposição, avaliando quando pode fazer sentido essa prática;
§ controlar atividades de suporte à manutenção, como, veículos
para buscar peças, ferramentas e administrativos;
§ Manter controle de gastos por veículo com seu histórico de
manutenção e não apenas os gastos globais.
j) Estoque de peças de reposição
Apenas os itens que sejam extremamente necessários e cujo
consumo seja muito grande devem ser mantidos em estoque. As peças que
apresentam alto valor não devem ser mantidas em estoque.
Mesmo os componentes de uso constante podem ser negociados
com fornecedores, e a compra pode ser efetuada em consignação, ou seja,
somente será paga no momento em que o material for efetivamente
consumido. A diferença é que o estoque estaria disponível para uso dentro
da organização.
A utilização de um sistema para controlar o estoque dos itens
existentes na empresa, considerando quantidade e valor, é fundamental.
Muitas empresas não dão o devido valor a esse controle e no momento que
mais necessitam do componente podem não encontrá-lo ou dar margens
para que as ações desonestas ocorram.
28
Um local apropriado com boa proteção e ventilação e com acesso
restrito, é fundamental para armazenar as peças de reposição. O acesso
deve ser restrito a poucas pessoas e não é necessária a existência de um
almoxarife para permanecer no recinto, a menos que a organização
demande uma quantidade muito grande de peças. Nesse caso, o almoxarife
seria também o controlador dos estoques e comprador dos materiais.
k) Planejamento de atividades administrativas
Muitas são as atividades que necessitam ser planejadas para o bom
gerenciamento da frota. Entre elas temos as seguintes:
§ serviços de transporte;
§ serviços de manutenção preventiva;
§ trocas de óleo dos veículos;
§ renovação de seguros;
§ renovação de contrato com fornecedores de peças;
§ renovação de contratos de prestação de serviços;
§ renovação da documentação dos veículos.
l) Tecnologias
§ Leitores de código de barras
A utilização desse equipamento permite a eliminação substancial de
erros de entrega e agiliza o processo de descarga.
§ Comunicação
Tecnologias como telefones celulares, rádios, comunicações via
satélite facilitam as operações por meio da troca de informações.
§ Controle de veículos por satélite
Indica a posição de deslocamento do veículo.
§ Controle de rotas
Sistemas altamente flexíveis permitem traçar rotas econômicas para
diferentes veículos, considerando capacidades, áreas geográficas e
características do produto a ser transportado.
§ Checagem de carga
29
A contagem pode ser efetuada por leitura ótica, alimentando
diretamente um sistema de estoques.
m) Indicadores de desempenho e produtividade
Os custos de viagens e as análises de lucratividade são os principais
indicadores de desempenho. Os custos devem ser considerados de duas
formas:
- por ativo, incluindo o histórico acumulado mês a mês e ano a ano;
- por área, incluindo manutenção, pneus,combustível e outros.
A elaboração de gráficos é fundamental para visualizar o
desempenho dos ativos e as suas possíveis variações de custos. Um veículo
com o aumento de custos de manutenção é facilmente identificado pela
visualização gráfica.
30
CAPÍTULO III:
3. CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS
Freqüentemente, encontramos caminhões de empresas de Logística
pelas ruas, veículos exclusivos com pinturas e o nome das organizações
produtoras ou fornecedores de produtos são cada vez mais escassos. Essa
observação aliada às exigências cada vez maiores do mercado leva-nos a
acreditar que o serviço de transporte terceirizado passou a ser adotado
pelas grandes empresas.
Mas nenhuma conclusão pode ser tirada por mera observação. Como
veremos a seguir, Ballou, 1993, propõe alguns parâmetros, que talvez sejam
os mais importantes para a avaliação sobre a utilização de transporte de
terceiros. Esses são: custo, tempo de entrega e segurança.
Apesar de algumas empresas optarem por manter seus próprios
veículos e serviço de transporte, como vimos no capítulo anterior, hoje elas
já contam com melhores preços e principalmente, serviços eficientes
realizados por terceiros. Diante da concorrência, da tecnologia entre outros
fatores, as terceirizadas já conseguem trabalhar com menores preços. E em
relação ao nível de serviço, por serem especializadas, têm como negócio
principal realizar as atividades de transporte logístico, e precisam realizar
esse trabalho com qualidade ou perderão mercado.
3.1. Custo do serviço
“No caso do serviço contratado de terceiros, o frete para
transportar a carga mais quaisquer outras taxas adicionais, tais
como recolher cargas na origem, entrega no destino final,
seguros ou preparação e acondicionamento das mercadorias
para transporte, compõem o custo total do serviço realizado”
(Ballou, 1993, p.121).
31
Estrutura de custos
Os custos de transporte são classificados em várias categorias,
conforme Bowersox, 2001:.
P Custos fixos
São aqueles que não se alteram a curto prazo e são incorridos ainda
que a empresa deixe de operar.
Essa categoria inclui custos de transportadora não afetados
diretamente pela quantidade de carga movimentada.
No caso das transportadoras, os custos fixos incluem:
- Custos de terminais
- Direitos de acesso
- Sistemas de informação
- Depreciação de veículos
A curto prazo, os custos decorrentes do uso do ativo imobilizado
devem ser cobertos pela margem de contribuição após dedução dos custos
variáveis, por cada transportadora.
A longo prazo, o ônus dos custos fixos pode ser um pouco reduzido
com a venda do ativo imobilizado, direitos de acesso e tecnologia.
São elementos cuja venda é geralmente difícil.
P Custos variáveis
São custos que alteram de maneira direta e previsível em relação a
determinado nível de atividade, em dado período.
Os custos variáveis só podem ser evitados não operando o veículo.
32
A não ser em situações excepcionais, as taxas de frete devem cobrir,
pelo menos, os custos variáveis.
A categoria variável inclui custos diretos da transportadora inerentes
ao transporte de carga. Essas despesas são geralmente referidas como
custo por quilômetro ou por unidade de peso.
Os componentes normais de custo dessa categoria incluem:
- Combustível
- Manutenção e
- Mão-de-obra (algumas vezes)
P Custos conjuntos
Custos derivados são custos inevitalvelmente criados por decisões de
prestar serviço especial.
Exemplo:
Se uma transportadora levar uma carga do ponto A ao B, ele deve
assumir um custo de retorno, da volta do ponto B ao A.
Nesse caso, o custo de retorno deve ser coberto pelo embarcador
original de A para B, ou deve ser encontrada uma carga para retorno.
Custos derivados têm impacto significativo no preço do transporte,
porque os fretes das transportadoras precisam incluir, total ou parcialmente,
custos de retorno implícitos baseados na expectativa de uma adequada
carga de volta.
P Custos comuns
Essa categoria inclui custos da transportadora incorridos para
atendimento de todos os clientes ou de um segmento de clientes. Custos
normais, como custos de terminais e de administração são conhecidos como
“overhead”. São freqüentemente apropriados ao preço cobrado de cada
embarcador proporcionalmente ao nível de atividade ou à quantidade de
33
embarques. No entanto, a apropriação de “overhead” dessa forma pode ser
incorreta.
Estes são os principais componentes de custo que as transportadoras
devem considerar ao calcular suas cotações e clientes.
Embora as transportadoras necessitem estabelecer e negociar taxas
de frete com seus clientes, estas devem ser examinadas periodicamente, a
fim de continuarem precisas e lucrativas.
3.2. Tempo para a entrega
No caso de empresas terceirizadas, há a possibilidade de em uma
única viagem serem atendidos vários clientes, o que torna, por vezes, as
distâncias maiores.
3.3. Segurança (perdas e danos)
Empresas terceirizadas variam em sua capacidade em proteger a
carga de perdas e danos. Por isso, perdas e danos devem ser fatores que
influenciam na seleção de um transportador.
Nos Estados Unidos, transportadores regulamentados estão sujeitos
a penalidades legais caso não trabalhem com certa regularidade e com certo
cuidado para proteger a carga de danos. Eles são isentos de
responsabilidade caso a perda ou o dano forem resultado de graça divina,
de ação ou descuido do contratante ou outras causas que não estão sob seu
controle. Mesmo que a empresa contratada reponha a perda direta, após a
devida apresentação dos fatos pelo contratante, este último também deve
levar em conta certos custos indiretos para realizar a escolha da firma
34
contratada. A perda potencialmente mais séria está associada ao nível de
serviço3 oferecido. Os bens transportados podem estar indo para ressuprir
os estoques de um cliente ou para seu consumo direto. Entregas atrasadas
ou mercadorias em más condições resultam em inconvenientes para o
cliente, ou mesmo em maiores custos de estoques, devido a maior
quantidade de faltas ou pedidos extras, que ocorrem quando reposições
programadas antecipadamente não são recebidas como planejado.
Entretanto nem sempre o responsável pela quebra é a empresa contratada.
Às vezes, o próprio varejista utiliza mercadorias danificadas como esquema
de vendas.
O procedimento de reposição de perdas ou danos demanda tempo
para coletar fatos pertinentes para corroborá-lo, exige trabalho do usuário
para preencher o formulário apropriado, imobiliza capital durante o
processamento de reclamação e pode envolver gastos consideráveis, se a
reclamação tiver que ser resolvida na justiça. Obviamente, quanto menor o
número de queixas contra um transportador, tanto mais vantajoso o serviço
parecerá ao contratante. Uma reação contra grande probabilidade de dano é
providenciar embalamento protetor. Esta despesa deve ser coberta pela
empresa que contratar os serviços da empresa de transporte logístico
A segurança contra roubo é garantida cobrando-se uma taxa de
seguro. Hoje, um bom sistema de segurança pode ser um diferencial na hora
da empresa contratar uma prestadora de serviços logísticos de transporte.
3nível de serviço – refere-se à cadeia de atividades que atendem as vendas, geralmente se
iniciando na recepção de pedidos e terminando na entrega do produto ao cliente e, em
alguns casos, continuando com serviços ou manutenção do equipamento ou outros tipos de
apoio técnico. (BALLOU, Logítica empresarial: transportes, administração de materiais e
distribuição física, São Paulo: Atlas, 1993.)
35
3.4. Abordagem da formação de preço de transporte
a) Estrutura de taxas de frete
Ao definir taxas de frete a serem cotadas a clientes, a transportadora
pode adotar uma de duas estratégias:
1. Estratégia de custo do serviço (incorrido pela transportadora)
Essa estratégia representa um preço mínimo de transporte. É uma
forma de cálculo para cargas de baixo valor ou para situações de mercado
de alta concorrência.
2. Estratégia de valor do serviço (para o cliente)
Forma o preço com base no valor estimado que o serviço tem para o
cliente. Tendem a ser utilizados nos casos de cargas de alto valor, ou
quando existe pouca concorrência.
3. Estratégia combinada
Preço de transporte num nível intermediário entre mínimo (custo do
serviço) e o máximo (valor do serviço).
Na prática, a maioria das empresas de transporte usa esse valor
intermediário.
b) Formação de preço pela taxa líquida
Simplificar as tabelas de preço, projetando-as para circunstâncias e
as necessidades individuais dos clientes.
As empresas transportadoras podem substituir as tabelas de
descontos individuais e classificar as tarifas numa única tabela, tornando os
cálculos mais simples para os clientes.
Taxa de frete = custo do prestador do serviço + uma margem de lucro
36
A taxa líquida representa o preço final.
c) Determinação de taxa de frete
Com base nessas estratégias, as transportadoras usam os seguintes
mecanismos para formação de preço.
§ Classe de taxa de frete:
A determinação das classes de taxa de frete pelas transportadoras é
um processo de dois estágios:
1o) É feita a classificação, isto é, o agrupamento do produto que vai
ser transportado.
2o) É feita a determinação precisa da taxa de frete, ou seja, do preço,
com base na classificação do produto e nos pontos de origem e de
destino do transporte.
3.5. Administração do transporte contratado de terceiros
Para gerenciamento dos serviços contratados são assuntos
relevantes, de acordo com Ballou, 1993:
a) Negociação de fretes
Negociar fretes favoráveis com os transportadores é atividade que
costuma consumir boa parte do tempo do gerente de tráfego. Fretes
publicados por transportadores nunca devem ser considerados como fixos.
Muitos deles são valores médios derivados de condições médias. Portanto,
se o gerente de transporte considera que existe uma condição que favorece
as circunstâncias operacionais, este é o caso de solicitar redução nos fretes.
37
Existem pelo menos quatro ocasiões típicas onde fretes menores
podem ser negociados com as transportadoras.
§ Competição
§ Produtos semelhantes merecem ter o mesmo frete
§ Fretes menores podem resultar em maior volume de carga
§ Grandes volumes
b) Auditoria da cobrança de fretes
Transportadores contratados têm a responsabilidade de não cobrar a
mais ou a menos por serviços prestados a seus usuários. O gerente de
transportes deve ficar particularmente atento para que sua empresa não seja
cobrada acima do combinado. Erros nos cálculos de fretes podem ocorrer
devido:
§ ao uso de tabelas incorretas
§ de descrições ou pesos errados de produtos
§ de roteiros equivocados
Departamentos de transportes devem conferir suas faturas de fretes.
As companhias são auxiliadas pelo uso de elaborados programas de
computador para roteirização e cálculo de fretes. Mas a empresa pode
contratar uma agência externa para auditar as faturas de transporte.
Além dos fretes cobrados em excesso, a auditoria inclui a verificação
de pagamento duplicada para os transportadores. Isto pode ocorrer quando
o transportador cobra tanto o remetente como o destinatário da mercadoria,
na origem e no destino da entrega.
c) Monitoração
Às vezes, o gerente de tráfego precisa saber onde está uma carga
que se encontra em trânsito. Isto acontece quando existe atraso na entrega
de uma carga, prometida para uma data determinada e cujo cliente está
ansioso pela sua pronta recepção. A monitoração de cargas normalmente
faz parte do serviço oferecido por transportadores.
38
d) Consolidação de carga
O gerente de tráfego fica geralmente procurando alternativas que
possam reduzir o dispêndio total de transportes para a companhia. As
pequenas cargas representam uma oportunidade para isto. Elas têm fretes
que são proporcionalmente maiores que os fretes para carregamentos
maiores, isto é, têm fretes unitários maiores. Caso pequenos carregamentos
sejam consolidados em cargas maiores, podem-se conseguir substanciais
reduções de custos. Quanto menor o tamanho do carregamento, maior o
benefício da consolidação. Há entretanto, uma desvantagem típica em
consolidar cargas. Agregar maiores quantidades para entregá-la de uma
única vez significa que alguns pedidos deverão ser mantidos em espera. Isto
pode piorar o nível de serviço e causar alguma perda de receita para a
empresa. Encontrar o ponto de equilíbrio é justamente uma decisão do
gerente de transporte.
39
CONCLUSÃO
A decisão entre possuir frota própria ou contratar serviços de
terceiros, deve ser baseada em parâmetros estruturados como custos,
tempo de entrega e segurança da carga. Na prática, é comum a seleção e
contratação de transportes ser um processo pouco estruturado, baseado em
parâmetros frágeis, geralmente focado apenas no preço. O reflexo deste
modelo desestruturado de contratação de transportes pode trazer
conseqüências sérias para a empresa, como por exemplo prejuízos por
atraso de entregas e perdas de “market share”.
A alta competitividade faz com que as empresas concentrem maior
esforço em atender o cliente com excelência. Com a grande oferta de
produtos no mercado, as organizações precisam mostrar algum diferencial,
que faça com que o cliente opte por seus produtos. Por isso, as empresas
preferem concentrar a atenção no negócio principal, e utilizar os serviços de
terceiros para as demais funções da empresa. Com essa visão, a gestão de
transportes também foi contemplada pela terceirização.
Antes a regulamentação, só permitia que a transportadora privada
transportasse os produtos da empresa à qual pertencia. Atualmente, ela
pode transportar produtos para outras empresas a fim de reduzir a
capacidade ociosa. O transporte privado rodoviário aumentou bastante no
início da década de 80. Várias empresas aproveitaram as mudanças nas
regulamentações para aumentar o controle direto sobre suas operações e
reduzir custos de capacidade ociosa, por meio de transporte de cargas de
retorno. Para muitas empresas que trabalham com produtos e necessidades
muito específicas como equipamento especial geralmente indisponível;
manuseio especial da carga; um serviço que deve estar disponível assim
que necessário, são obrigadas a possuir transporte próprio.
Entretanto, as diferenças de custo de serviço entre frotas próprias e
transportadoras externas têm diminuído em virtude da desregulamentação.
40
Além disso, com o emprego da tecnologia e a otimização dos processos, as
empresas trabalham com custos muito semelhantes e o grande motivador
para a escolha entre uma das duas possibilidades está no serviço. Como
resultado, várias empresas reduziram suas operações de transporte próprio
para concentrar as habilidades gerenciais e os recursos nas operações de
seus negócios. O ambiente competitivo de vários setores estimulou as
empresas a buscar os serviços de transportadoras especializadas com
habilidades operacionais específicas, que se destacam no planejamento.
Diante da complexidade da gestão de transportes, trabalhar com
empresas especializadas parece ser a garantia para a excelência nos
serviços, com atendimento aos prazos e permanência da qualidade dos
produtos.
41
ANEXO:
ATIVIDADES CULTURAIS
42
BIBLIOGRAFIA
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de
materiais e distribuição física. 2a ed.São Paulo: Atlas, 1993.
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e
logística empresarial. 4a ed. Porto Alegre: Bookmark, 2001.
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de
Abastecimento. 4a ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística Empresarial. 4a ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
CEL – COPPEAD – UFRJ. FLEURY, Paulo Fernando. WANKE, Peter.
FIGUEIREDO, Kleber Fossati. Logística Empresarial: a perspectiva
brasileira. 4a ed. São Paulo: Atlas, 2000.
43
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
CAPÍTULO I: ............................................................................................................ 9
1. UMA VISÃO GERAL SOBRE TRANSPORTE.............................................. 9
1.1. FATORES QUE AFETAM OS TRANSPORTES .....................................................10 a) Mudanças nos modelos das organizações .......................................10 b) Demanda e Serviço ao cliente.............................................................11 c) Globalização ...........................................................................................12
1.2. FATORES QUE AFETAM A ECONOMIA DE TRANSPORTE ......................................13
CAPÍTULO II: ......................................................................................................... 17
2. UTILIZAÇÃO DE FROTA PRÓPRIA.............................................................17
2.1. CUSTO DO SERVIÇO ..........................................................................................19 2.2. TEMPO PARA A ENTREGA..................................................................................21 2.3. SEGURANÇA (PERDAS E DANOS) .......................................................................21 2.4. ADMINISTRAÇÃO DO TRANSPORTE PRÓPRIO .....................................................22
a) Rota ou plano de viagem......................................................................22 b) Roteirização e programação de veículos.........................................23 c) Despacho de veículos............................................................................24 d) Seqüenciação de roteiros .....................................................................24 e) Balanceamento de viagens com e sem carga..................................25 f) Administração dos ativos .....................................................................25 g) Mão-de-obra............................................................................................25 h) Consumo de combustível......................................................................26 i) Manutenção .............................................................................................26 j) Estoque de peças de reposição ...........................................................27 k) Planejamento de atividades administrativas...................................28 l) Tecnologias..............................................................................................28 m) Indicadores de desempenho e produtividade..............................29
CAPÍTULO III: ........................................................................................................ 30
3. CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS................................................................30
3.1. CUSTO DO SERVIÇO ..........................................................................................30 3.2. TEMPO PARA A ENTREGA..................................................................................33 3.3. SEGURANÇA (PERDAS E DANOS) .......................................................................33 3.4. ABORDAGEM DA FORMAÇÃO DE PREÇO DE TRANSPORTE..................................35
a) Estrutura de taxas de frete...................................................................35 b) Formação de preço pela taxa líquida...............................................35 c) Determinação de taxa de frete............................................................36
3.5. ADMINISTRAÇÃO DO TRANSPORTE CONTRATADO DE TERCEIROS......................36 a) Negociação de fretes .............................................................................36 b) Auditoria da cobrança de fretes.........................................................37
44
c) Monitoração ............................................................................................37 d) Consolidação de carga .........................................................................38
CONCLUSÃO......................................................................................................... 39
ANEXO:...................................................................................................................41
ATIVIDADES CULTURAIS ..................................................................................41
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................... 42
ÍNDICE.....................................................................................................................43
FOLHA DE AVALIAÇÃO.....................................................................................45
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO