Uma Escolha de Futuro. Empreendedorismo e capacitação dos ...

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Ferramenta Transversal ao Programa Escolhas para Desenvolvimento de Competências Empreendedoras nos Jovens UMA ESCOLHA DE FUTURO MANUAL PARA OS TÉCNICOS EMPREENDEDORISMO E CAPACITAÇÃO DOS JOVENS

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Ferramenta Transversal ao Programa Escolhas para Desenvolvimento de Competências Empreendedoras nos Jovens

UMA ESCOLHADE FUTURO

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

EMPREENDEDORISMOE CAPACITAÇÃO DOS JOVENS

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UMA ESCOLHADE FUTURO

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

EMPREENDEDORISMOE CAPACITAÇÃO DOS JOVENS

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2 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

Ficha Técnica

EDIÇÃOPrograma Escolhas

COORDENAÇÃO DA EDIÇÃOPedro Calado, Tatiana Gomes

COORDENAÇÃO DE CONTEÚDOSDana T. Redford

AUTORESDana T. Redford, Paulo Osswald, Mariana Negrão, Lurdes Veríssimo

COLABORARAM NA REVISÃOÂngela Lopes, Filipa Matos, Joana Castro, Júlia Santos

DESIGN E PAGINAÇÃOwww.formasdopossivel.com

ISBN 978-989-97102-1-4

Desenvolvido para o Programa Escolhas por

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ROSÁRIO FARMHOUSEAlta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

e Coordenadora Nacional do Programa Escolhas

PREFÁCIO

O empreendedorismo, a inovação e a criatividade são instrumentos fundamentais na criação de riqueza, que deverão ser incentivados, principalmente nestes momentos difíceis, de profunda crise económica e social que o mundo de hoje atravessa.

A criação de riqueza colectiva tanto pela produção de bens e serviços como pela melhoria da sua qualidade são a condição chave para um combate sustentado à pobreza. A solidariedade social na distribuição da riqueza produzida é a forma de combater a exclusão social.

Uma atitude enérgica e criativa, aproveitando todas as oportunidades para a formação, capacita-ção e educação dos jovens, e assim valorizar os recursos humanos de que Portugal dispõe é, sem qualquer dúvida, a Escolha certa face à crise que atingiu fortemente a economia internacional e também o nosso país.

É neste combate que estamos envolvidos na 4ª geração do Programa Escolhas. É por isso que surge o Manual de Empreendedorismo. Um projecto levado a cabo em parceria com a Universi-dade Católica do Porto, através do Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada.

Esta ferramenta pedagógica que se constitui num manual de aprendizagem é simultaneamente dirigido a técnicos e jovens e visa o desenvolvimento de competências empreendedoras a ní-vel pessoal, social e profissional. O objectivo da construção desta ferramenta prende-se com a tentativa de incentivar os jovens a estruturar e implementar um projecto de vida, visando a sua autonomia e participação cívica. Tem assim, a dupla utilização, quer pelos técnicos como instru-mento formativo, quer pelos jovens, enquanto motor de desenvolvimento das suas competências empreendedoras.

É nos momentos de crise que a criatividade e a inovação podem crescer. Ter uma atitude empre-endedora, transformando as dificuldades em oportunidades é o que queremos proporcionar aos nossos jovens Escolhas, através das aprendizagens que este manual tem, com a ajuda preciosa dos técnicos e técnicas que os irão acompanhar.

Caberá a cada jovem e também a cada técnico, investir o seu esforço pessoal evitando qualquer desperdício das oportunidades criadas.

EMPREENDER PARA CHEGAR MAIS ALÉM

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NOTAS PRÉVIAS AOS TÉCNICOS E ANIMADORES

SOBRE O EMPREENDEDORISMO

1. O empreendedorismo recorre a características inerentes ao processo de capacitação pessoal e social que se revelam essenciais para o desenvolvimento pessoal e integração social, para além de potenciar a criatividade e inovação, a capacidade de intervenção e de adaptação à evolução e portanto a capacidade de fazer uso mais eficiente dos recursos, com consequências importantes a nível de cidadania, a nível social e económico. É por isso considerado pela Comissão da UE como competência chave para o crescimento, emprego e realização pessoal2 e uma caracterís-tica essencial a recuperar e fomentar na formação de jovens, conforme a agenda resultante da Conferência de Oslo.

2. Embora frequentemente associado essencialmente à inovação económica e empresarial, o empreendedorismo requer uma mentalidade comum e igualmente necessária à inovação social e cívica. O âmbito de aplicação desta ferramenta, destinada a jovens entre os 14 e os 24 anos, mantém esse espectro largo de aplicação.

3. Por vezes pensa-se que o empreendedorismo social pode ser menos rigoroso que o empre-endedorismo empresarial; como se tivesse mais a ver com as pessoas sentirem-se bem do que fazerem bem. No entanto, a necessidade de inovação é tão grande numa área como na outra e a escassez de meios requer que sejam bem empregues, tanto num caso como no outro3.

SOBRE OS PÚBLICOS

4. Esta ferramenta foi pensada, no âmbito do Programa Escolhas, como uma ferramenta trans-versal, para desenvolvimento de competências empreendedoras de jovens entre os 14 e os 24 anos. Os grupos de jovens existentes nas comunidades onde são promovidos os projectos, cons-tituídos por indivíduos com maturidades, competências e apetências diferentes, e as próprias co-munidades, com características próprias, potenciais e constrangimentos diferentes, são a razão de ser desta ferramenta.

5. Como tal, a ferramenta pretende servir para aplicação a públicos muito diferentes e foi es-truturada de modo flexível, para atender aos contextos e casos pessoais. Para os indivíduos e grupos mais estruturados e/ou mais motivados, a ferramenta deverá servir até à preparação de um projecto empresarial ou de auto-emprego ou ainda de empreendedorismo social. Para os indivíduos e grupos com menos motivação empreendedora, a ferramenta servirá, no mínimo, para desenvolver competências de integração social, comunicação, valorização pessoal e para desenvolvimento de redes sociais.

2 Comunicação de 13.2.2006 da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões “Aplicar o Programa Comunitário de Lisboa: Promover o espírito empreendedor através do ensino e da aprendizagem”

3 Importa aqui referir que empreendedorismo social é a introdução de princípios e ferramentas de gestão em organizações que têm fins sociais de forma a tornar as mesmas mais sustentáveis, reinvestindo os “lucros” na organização para prossecução da sua missão de forma a não confundir o conceito com actividades sociais ou só porque é realizado junto de contextos vulneráveis. O empreendedorismo social e colectivo, produz bens e serviços para a comunidade, tendo o seu foco na procura de soluções para os problemas sociais e visa resgatar pessoas da situação de risco social e promovê-las, tendo como medida de desempenho o impacto social. O empreendedorismo empresarial é individual e voltado à produção de bens e serviços para o mercado e visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio, tendo como medida de desempenho, o lucro.

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6. Não são requeridas competências formais específicas ao público-alvo, embora competências de comunicação, de escrita, de cálculo, de literacia informática possam ajudar bastante no seu desenvolvimento.

7. Sugere-se que os técnicos não limitem à partida o âmbito e espectro da aplicação da ferramen-ta em função de um julgamento de competências do seu público potencial: as competências em-preendedoras são essencialmente pessoais e podem surgir onde menos se espera e onde menos condições se julgava ter para isso. Recomenda-se que aproveitem a flexibilidade da ferramenta e a apliquem como um jogo aberto.

8. Será um factor chave do sucesso da formação a promoção de um ambiente acolhedor, em que os jovens se sintam integrados, aceites e respeitados.

9. Admite-se que a maior diferenciação nos resultados de aplicação da ferramenta possa advir da maturidade do grupo e dos seus elementos. Para os mais novos, a capacitação pessoal nas pri-meiras 4 unidades poderá constituir um objectivo em si, que preenche com sentido a sua partici-pação na actividade; outros, mais velhos, poderão esperar obter algo de mais concreto com vista à estruturação de um projecto com continuidade ou à criação de auto-emprego, com a unidade 5.

SOBRE ESTA FERRAMENTA

10. O objectivo geral desta ferramenta é a capacitação dos participantes para atitudes empreen-dedoras, através de três vectores complementares:

• na área de capacitação pessoal, através do desenvolvimento das competências de autonomia, de auto-confiança, responsabilidade e avaliação de risco, que permitam ao jovem o estabeleci-mento de objectivos e a construção de um plano de vida

• na área da capacitação social, através do desenvolvimento de competências de comunicação e de trabalho em equipa, que permitam maior interacção e integração do jovem na comunidade e colaboração e participação activa com os seus pares

• na área da construção e planeamento de projectos , através do desenvolvimento da análise de oportunidades, de estruturação de propostas, de avaliação, de decisão e de execução, que per-mitam um melhor desempenho profissional, quer no desempenho das funções laborais e/ou na criação de uma resposta profissional (auto-emprego).

11. As atitudes empreendedoras são úteis em todas as circunstâncias da vida e valorizam qual-quer jovem. Isso não quer dizer que se espere que a maior parte dos participantes neste projecto venham a desenvolver uma actividade por sua conta e risco. O êxito do projecto está na capaci-tação pessoal.

12. Com o objectivo de incentivar o empenhamento dos jovens no desenvolvimento dos seus pro-jectos, deve ser tornado claro, desde os primeiros contactos, que existe uma única oportunidade de fazer o projecto no Programa Escolhas. O técnico deve ainda considerar se pode dispor de outros meios eficazes para incentivar o compromisso dos alunos no prosseguimento dos seus projectos. A ferramenta perde a eficácia se for entendida como um passatempo ou um meio de adiar decisões.

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SOBRE OS FORMADORES:

13. A ferramenta pressupõe a aplicação a grupos de participantes, orientada por técnicos e animadores. Pressupõe-se que os próprios técnicos e animadores se sintam confortáveis com o tema do empreendedorismo e que desenvolvam as competências empreendedoras referidas no manual, de forma a se constituírem como modelo para os jovens.

14. O perfil do técnico é um aspecto essencial. O técnico deve ser sensível, auto-regulado, es-tabelecer relações pedagógicas securizantes, comunicar de forma clara e entusiasta. É funda-mental que possua competências de dinamização e motivação de grupos juvenis, bem como competências de motivação e gestão necessárias ao trabalho em equipa.

15. O técnico deve ter em conta as especificidades de cada formando e cada grupo. Deve ter cuidado com as relações previamente estabelecidas com os formandos, para que não surjam enviesamentos na atenção e valorização dada a cada participante.

16. O técnico é responsável pelo planeamento antecipado da sessão, de forma a seleccionar as actividades mais relevantes e produtivas, tendo em conta os objectivos e o grupo em questão. Essa preparação inclui também a identificação e preparação de contactos externos. É desejável que o técnico tenha formação prévia na aplicação desta ferramenta, nomeadamente experien-ciando ele próprio as tipologias de actividades propostas com que não estava familiarizado. Com a experiência pessoal de algumas actividades que implicam contactos poderá verificar que o tempo de programação é mais longo mas que os contactos são muito mais frutíferos do que poderia parecer.

17. Cada sessão proposta tem objectivos específicos e várias actividades que concorrem para o seu cumprimento. Para ajudar a compreender o fio condutor e intencionalidade das actividades e a integrar os objectivos da sessão, o técnico deve explicitar a relação das actividades com os objectivos dos temas. No final de cada sessão, deve fazer uma súmula dos aspectos mais impor-tantes trabalhados:

• As actividades que fizemos hoje foram….

• Essas actividades permitiram-nos compreender que…

• Isto é importante para o empreendedorismo porque…

Este aspecto é muito importante para a integração e deve ser reforçado por meios gráficos, no-meadamente, se possível, pela projecção de uma ficha em que cada ponto é introduzido sequen-cial e pausadamente.

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7UNIDADE 01 |

SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DESTA FERRAMENTA

18. Trabalho em grupo – Grande parte das propostas de actividades em sala e no exterior pres-supõem o trabalho em grupo e a formação de equipas estáveis. O técnico deve ter em atenção, ao longo de todas as sessões, o fomento do trabalho em equipa, a identificação de objectivos comuns, a co-responsabilidade e complementaridade.

19. Aplicação das sessões propostas – O processo empreendedor contém uma fase de criati-vidade, de estruturação de ideias e de teste de propostas, que tem características iterativas: são propostas hipóteses, que são testadas e que conduzem a novas hipóteses. Esta fase é tratada nas unidades 3 e 4. Uma vez validada a proposta, segue-se uma fase de estruturação do projecto e da sua execução, que é desenvolvida na unidade 5. Quer isto dizer que a unidade 5 só se torna ne-cessária depois de uma fase 4 com sucesso na validação da ideia. Na aplicação desta ferramenta os técnicos deverão avaliar, no final da unidade 4, se cada grupo identificou já uma proposta viável, que deva ser estruturada com vista à sua execução, e se o grupo demonstra capacidade e motivação para o fazer; caso considere que a proposta não é viável ou o grupo não mostre a mo-tivação necessária, deverá considerar se, para a formação e motivação dos elementos do grupo, é mais construtivo retomar o processo iterativo das unidades 3 e 4, ou prosseguir para a unidade 5 apenas como objectivo formativo. A estrutura da ferramenta e esta alternativa são ilustradas na figura da página seguinte.

20. Manuais – A ferramenta é explicitada neste Manual para os Técnicos e é complementada com o Manual para os Jovens. O Manual para os Jovens foi pensado para ser distribuído aos jovens na sessão de enquadramento e pretende ser simultaneamente um conjunto de fichas para facilitar o desenvolvimento de actividades e uma agenda de que os alunos se apropriem para registar as suas descobertas ao longo do processo. Poderá ser tomado como indicador do êxito do projecto o número de jovens que fazem de facto essa apropriação e que trazem o Manual con-sigo. Sempre que o técnico considerar mais adequado guardar os manuais dos alunos no local da reunião, deve ter em atenção a necessidade de uma alternativa de lembretes para as actividades a desenvolver entre sessões.

SOBRE AS ACTIVIDADES INTERMÉDIAS

21. Actividades intermédias – Este manual propõe um conjunto de actividades que desenvolvem atitudes básicas de empreendedorismo, que se propõe introduzir e desenvolver continuadamente ao longo das sessões, nomeadamente:

• (D)esenvolve competências - estabelece e alcança melhorias pessoais

• (I)nterliga - desenvolve e mantém uma rede de relacionamentos

• (C)ontrola a inovação - conhece, adopta e acrescenta à inovação

• (A)ctua e comunica eficazmente

Estas actividades devem ser desenvolvidas individualmente pelos participantes ao longo da se-mana. Para mais fácil rememoração são referidas pelo acrónimo DICA (desenvolve/interliga/controla/actua).

Para além das actividades DICA, de desenvolvimento individual, são também propostas activida-des para os participantes desenvolverem em grupo durante a semana.

Todas estas actividades são centrais para a motivação dos alunos e para a aquisição e consolidação de competências. Será fundamental que o técnico crie condições para que estas actividades se realizem, monitorizando e reforçando de forma individualizada. Ao aluno que con-siderar que não necessita de se envolver nestas actividades deve ser feito notar que está a perder a aprendizagem fundamental do programa e a comprometer o êxito do grupo.

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DICAACTIVIDADES

UNIDADE 01(2 sessões)

COMO É QUE TE ENCAIXAS?

UNIDADE 02(2 sessões)

CONHECE A TUA COMUNIDADE

UNIDADE 03(2 sessões)

IDEIAS & PROJECTOS

UNIDADE 04(2 sessões)

FAZ O TESTE À TUA IDEIA

UNIDADE 05(5 sessões)

VAMOS LÁ PASSAR À PRÁTICA

Sim

Não

VIABILIDADE DA IDEIA

desenvolve: estabelece e alcança melhorias pessoaisinterliga: desenvolve e mantém uma rede de relacionamentoscontrola e compreende a inovaçãoactua e comunica eficazmente

O diagrama seguinte mostra o desenvolvimento do processo:

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22. Seguimento das actividades intermédias – As actividades DICA, sendo desenvolvidas in-dividualmente, requerem um seguimento igualmente individual pelo técnico, especialmente nas primeiras sessões, relativamente ao entendimento dos seus objectivos, à adequação às necessi-dades de cada um e a um esforço de progressão. A actividade de desenvolvimento de competên-cias pessoais é recorrente e deve evoluir de sessão para sessão em termos de objectivos.

As actividades em grupo requerem o seguimento com o grupo, relativamente à coordenação e participação de todos os elementos do grupo, ao planeamento das acções, ao prosseguimento dos objectivos, à análise dos resultados e às decisões seguintes.

Note-se que não foi previsto na programação das sessões um espaço para este seguimento, que se pretende seja feito fora do horário das sessões.

23. Lembretes – É muito importante a aquisição de hábitos de autonomia na responsabilização pelas tarefas a desenvolver. Para o efeito as actividades DICA e as actividades em grupo para cada semana devem ser apontadas no caderno do aluno. Se o técnico considerar mais adequado manter os cadernos dos alunos no local das reuniões durante a semana, deverá propor uma folha adequada aos alunos no final de cada sessão para eles apontarem as tarefas a desenvolver e os compromissos assumidos com o grupo, ou um meio alternativo (p.ex. lembretes recorrentes no telemóvel).

24. Duração da formação – Esta ferramenta apresenta assim um conjunto de 13 sessões a desenvolver com os jovens, necessárias para apreensão e desenvolvimento de competências empreendedoras. As primeiras 8 sessões visam, conforme referido em cima, o estímulo e desen-volvimento de competências pessoais e sociais que possibilitam a estruturação de ideias e dos meios para a sua potencial concretização; as 5 sessões seguintes já pressupõem a criação de um projecto mais estruturado, sendo os jovens responsáveis pelo seu desenvolvimento e avaliação. Prevê-se que este processo de formação se realize em sessões semanais, com uma duração de cerca de três meses e meio. Cada sessão deverá ter uma duração de 90 a 120 minutos, ajustável em função do número de participantes.

25. Utilização de meios audiovisuais do projecto – Para a execução das actividades propostas, são necessárias competências de comunicação e de pesquisa. Assume-se que essas competên-cias são trabalhadas complementarmente pelos técnicos e que os meios para as por em pratica estão disponibilizados nos locais de implementação dos projectos. Nomeadamente para a sessão 10, mas já antes, é muito útil que o formando possa visionar as suas intervenções (quando apre-senta um projecto) para entender melhor o que corrigir na sua comunicação. Uma câmara de computador será uma boa solução.

26. Adaptação das actividades ao grupo – As actividades têm de ser adaptadas pelo técnico ao grupo especifico com que trabalha, em função das idades, das motivações e da capacidade de resposta. O manual deve ser entendido como ferramenta flexível e as actividades poderão sofrer alterações, adaptações ou inclusive ser desconsideradas ou substituídas por outras se o técnico responsável entender que isso vai de encontro a um melhor alcance dos objectivos por parte do grupo em questão. O manual pretende referenciar uma mentalidade e um conjunto de compe-tências que são fundamentais no empreendedorismo e apresenta propostas para apropriação das mesmas. Cabe ao técnico desenvolver as propostas para mais adequadamente comunicar as ideias e estimular a sua experimentação e adopção.

Observação . Os casos reais apontados no texto têm intuitos meramente exemplificativos, no contexto pedagógico da sessão em que são situados, e não implicam qualquer outra valorização ou a subscrição dos mesmos ou dos seus promotores, podendo ser substituídos por outros. É aliás útil em qualquer processo de aprendizagem, e neste caso para as competências empreen-dedoras dos participantes, que se distinga, na análise de qualquer caso, as razões do seu sucesso ou fracasso dos méritos e das simpatias que as ideias subjacentes possam suscitar.

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SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DESTA FERRAMENTA

27. Constituição dos Grupos – Pretende-se que a ideia empreendedora surgida no projecto seja desenvolvida em grupo, por razões anímicas, de integração social e de complementaridade de competências. Para o efeito deverão ser constituídos grupos de 3 a 4 elementos para todas as actividades, sempre que não se indique especificamente que a actividade é individual ou envolve todos.

28. Características dos grupos – É natural que nas primeiras sessões os grupos de trabalho dos alunos se constituam espontaneamente, em função de uma percepção de “zona de conforto” dos alunos relativamente aos outros elementos. O técnico terá em atenção a necessidade de ajustes nessa constituição, em função de eventuais desistências ou divergências de objectivos pessoais, e poderá incentivar a mudança de grupo em cada tarefa das primeiras sessões.

Pelas razões atrás apontadas, é desejável que a constituição do grupo evolua no sentido de os elementos do grupo serem escolhidos não tanto pelas afinidades pessoais mas mais pela com-plementaridade de competências que potencie o projecto empreendedor. Na sessão 2 propõe--se uma identificação dessas competências individuais e nas sessões seguintes o técnico deve aproveitar a rotação dos elementos pelos grupos para propor ajustamentos em função dessa complementaridade. Terá como objectivo ter equipas coesas quando se atingir a unidade 4. Os grupos devem entrar na unidade 5 com uma constituição definitiva.

SOBRE AS ACTIVIDADES DE INTEGRAÇÃO NA COMUNIDADE

29. Ligação à comunidade - Estão previstas uma série de actividades que envolvem interacção com a comunidade, desde entrevistas a pessoas, pedidos de informação e de colaboração a observação de trabalhos. Sendo desejável que os formandos desenvolvam a capacidade de iden-tificar as pessoas certas e estabelecer os contactos, deverá o formador antecipadamente ter pensado numa lista de pessoas de quem possa esperar colaboração e atitudes construtivas, sem paternalismos. A entidade que promove o projecto, enquanto ligação à comunidade, deve estar activamente envolvida nesta tarefa.

30. Acompanhamento familiar – É desejável que o ambiente familiar dos alunos valorize e apoie o esforço de participação neste projecto, em especial nas actividades DICA que são executadas fora do contexto e horário das reuniões.

Os familiares ou outros significativos devem ser postos ao corrente dos objectivos do projecto, da oportunidade que representa, das actividades que envolve e da valorização que se pretende. Essa comunicação poderá ser formalizada através de uma carta em que se pede a autorização para a participação dos menores nas actividades previstas para além das reuniões. Pode ainda ser formalizada através do convite dos significativos para assistirem à sessão 0.

A valorização e apoio familiar pode ainda ser incentivada através do convite para assistirem à apresentação de trabalhos, ou outras ocasiões que o técnico considere adequadas.

31. Neste projecto parte-se do princípio que a inovação pode surgir através da intersecção de ideias, conceitos e culturas. Durante o projecto os participantes vão experimentar realizar en-trevistas informativas, e tomar contacto com noções de marketing pessoal. Vai-lhes ser pedido que entrevistem um empreendedor e comuniquem os resultados dessa entrevista. O projecto inclui o treino de competências e experiências empreendedoras básicas, independentemente de a sua aplicação ser empresarial ou não, e focará especialmente como um empreendedor constrói capital social.

32. O objectivo deste projecto é demonstrar que o empreendedorismo é uma opção de vida e capacitar os participantes de que podem vir a ser empreendedores e poderão até já sê-lo.

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ENSINÁ-LOS A PESCAR: Educação e Formação em Empreendedorismo para a Inclusão Social 1

O empreendedorismo constitui um importante motor de crescimento económico, de geração de riqueza e bem-estar social e portanto, de promoção da inclusão social. O empreendedorismo é uma predisposição, uma atitude mental, que pode desenvolver-se no seio de toda a socie-dade em geral, não devendo ser limitada a um contexto empresarial. O empreendedorismo combina assunção do risco, criatividade e inovação, com uma boa gestão, numa empresa “start-up” ou numa organização já existente. Isto pode ocorrer em qualquer sector e/ou tipo de negócio.

Na quarta geração do Programa Escolhas, os projectos podem, e devem, na minha opinião, in-corporar princípios de empreendedorismo no seu plano de trabalho global ou criar programas específicos abordando o empreendedorismo. Há-que ter presente o velho provérbio chinês, “dê um peixe a um homem, alimente-o por um dia; ensine o homem a pescar e ele ficará alimentado para uma vida”. Aqueles que estão interessados em mudar a cultura portuguesa, para a tornar mais empreendedora e criativa, devem compreender que a construção desse modelo societal tem de envolver toda a gente. O sistema de ensino, os meios de comunicação e os modelos positivos da comunidade são essenciais para promover atitudes positivas relativamente ao empreendedorismo.

Numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida, uma educação empreendedora deve envol-ver os jovens, no sistema de ensino, em todos os seus níveis. Isto inclui aqueles que frequentam o ensino primário, secundário e superior, bem como a formação profissional e a educação de adul-tos. O Ensino de empreendedorismo deve ter em consideração o nível etário e respectiva missão específica, visando desenvolver competências empreendedoras. Uma boa prática de ensino é o desenvolvimento de iniciativas que incluam a aprendizagem pela realização - “aprender, fazendo” - onde os jovens enfrentam o mundo real e experienciam actividades empreendedoras. Isto pode ser feito através de visitas, estágios ou participando em diferentes organizações, com o objectivo de expandir experiências pessoais e redes de contacto.

A Harvard Business School define empreendedorismo como, “a busca de oportunidades para além dos recursos que actualmente se controlam”. Alcançar e aperfeiçoar o espírito empreende-dor depende do desenvolvimento das seguintes competências:

- Intenção empreendedora;- Auto-eficácia empreendedora (A ideia de que se pode controlar o ambiente em redor);- Orientação empreendedora, que inclui:

- Inovação;- Autonomia;- Assunção do risco;- Pró-actividade;- Perseverança;- Auto-confiança.

1 artigo publicado na revista Escolhas nº 13

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O empreendedorismo é uma predisposição, uma atitude mental, que pode desenvolver-se no seio de toda a sociedade em geral, não devendo ser limitada a um contexto empresarial.

O desenvolvimento da capacidade para assumir riscos ou de uma atitude mais pró-activa pode ser um processo lento. Isto implica levar os jovens para fora do seu mundo e proporcionar-lhes a possibilidade de falar com pessoas diferentes, sobre as suas ideias. Estes jovens precisam de fazer um estudo de mercado, conhecer a forma como outras organizações já existentes na sua área geográfica e/ou sector de actividade actuam para, de seguida, definir o modo como a sua or-ganização se irá diferenciar positivamente, servindo melhor as necessidades da sua comunidade. Ter alunos a vender algo feito por eles ou no seio da comunidade em que residem, pode ajudar a desenvolver este tipo de competências.

Mobilizar os jovens para reflectirem sobre quem eles conhecem e sobre o que podem apren-der com essas pessoas constitui uma óptima forma de desenvolver redes empreendedoras. Al-guns precisam de apoio para conhecer ou seleccionar os modelos correctos ou simplesmente identificar a pessoa certa com a informação que procuram. Encorajá-los a explorar conceitos mais abrangentes relacionados com um determinado problema sob diferentes pontos de vista irá certamente ajudá-los a desenvolver soluções inovadoras para o mesmo. E desenvolver redes empreendedoras implica expandi-las para além da comunidade mais próxima. Com o recurso às novas tecnologias e com o apoio de programas governamentais, os jovens podem construir redes globais abrindo, dessa forma, as suas mentes para maiores possibilidades.

Finalmente, queremos também ensinar como se processa a tomada de decisão e a acção, a in-centivar os jovens a pensar e a usar as suas próprias capacidades para gerar novas informações. É necessário aconselhá-los relativamente à complexidade dos factos, adicionando-lhes subjec-tividade, nomeadamente os seus sentimentos e intuições. É essencial dar-lhes a oportunidade de aprender com o fracasso e ajudá-los a lidar com conflitos, tensão e incertezas. Isso significa premiar comportamentos vinculados às atitudes e competências que queremos desenvolver. É imperativo que nos certifiquemos de que estas recompensas estão relacionadas com compor-tamentos positivo, mérito e trabalho árduo, e não com algo institucional e impessoal. Na minha perspectiva, incentivar a motivação para a realização, através da formação de jovens assente em valores como a persistência, a diligência, o trabalho árduo e a responsabilidade é essencial para “ensiná-los a pescar”.

Dana T. Redford, Visiting Scholar, Universidade de Califórnia - Berkeley

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AcolhimentoSESSÃO 0

DE QUE TRATA

ESTE PROJECTO?

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

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Empreender está ao alcance de qualquer um e é fundamental para aproveitar novas oportuni-dades. Neste programa pretendemos despertar as tuas capacidades empreendedoras para cria-res as tuas próprias oportunidades. Requer criatividade e inovação, capacidade de trabalhar em grupo; requer que acredites em ti; requer que olhes à tua volta com curiosidade, entendas os problemas e penses em soluções.

A título de exemplo, Vinod Khosla4, um conhecido empreendedor, diz que se não houver proble-mas, também não são necessárias soluções e que nesse caso não haveria razão para empresas. Com isso quer dizer que a razão de ser de um empreendimento é solucionar uma necessidade dos seus clientes. Isto aplica-se tanto à criação de uma empresa como à de uma instituição que pretenda, p.ex., oferecer um plano de vacinação à população de uma região carenciada. Para ter sucesso, o empreendedor tem de compreender o problema, tem de inventar a solução que serve e agrada a essas pessoas e tem de ter capacidade de a executar.

Para ter sucesso como empreendedor é preciso satisfazer as necessidades dos outros, mais do que satisfazer uma ambição pessoal. É necessário que os outros vejam valor na solução que se lhes propõe. Através desse esforço, alguns (poucos) empreendedores de sucesso tornam-se ricos, outros tornam-se famosos, outros tornam-se pessoas reconhecidas pelos seus contributos e outros simplesmente satisfeitos por terem conseguido fazer aquilo que consideravam correcto. Mas todos desenvolveram capacidades pessoais para além daquilo que é vulgar, mudaram o esta-do das coisas à sua volta, criando novas oportunidades, e tornaram-se independentes em termos do seu emprego e subsistência, tendo grande satisfação pessoal nisso.

Seres empreendedor significa também que desenvolves as tuas próprias capacidades para inova-res, criares e tomares o teu destino nas mãos. Trabalhares para um objectivo e alcançares esse objectivo é muito motivador e dá-te vontade e confiança para ir mais longe. Para além disso é divertido. Por isso, uma boa medida para saberes se este projecto serve o teu futuro é verificares de vez em quando se te sentes realizado e se te estás a divertir com ele.

4 Vinod Khosla, de origem indiana, fundou em 1980, com 3 outros colegas, a Sun Microsystems (marcas Sun, Java, Adobe), que se tornou uma das maiores em-presas de software do mundo. Depois de vender a sua parte tem arriscado, com outros, fundar muitas novas empresas, algumas com grandes fracassos, outras com grandes sucessos.

Neste programa pretendemos despertar as tuas capacidades empreendedoras para criares as tuas próprias oportunidades. Requer criatividade e inovação, capacidade de trabalhar em grupo; requer que acredites em ti; requer que olhes à tua volta com curiosidade, entendas os problemas e penses em soluções.

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> Acolher os participantes, com algum formalismo e com a presença do res-ponsável máximo da instituição que promove o projecto (e eventualmente personalidades ligadas à vida política e social local) para os fazer compreender que se trata de um projecto em que se põe confiança nas capacidades dos jo-vens e se espera algo deles.

> Esta sessão procura também envolver no projecto as entidades locais pro-motoras da iniciativa, de modo a que apoiem os jovens na construção de uma rede social, intermediando o acesso às suas estruturas e aos empreendedores locais, no desenvolvimento das activi-dades propostas ao longo do manual.

ACOLHIMENTO

SESSÃO

00

OBJECTIVOSPROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 0

Esta sessão deve ocorrer imediatamente antes da Sessão 1 e deve durar menos de 30 minutos:

Breve saudação do responsável da instituição numa tónica de es-perança no trabalho dos jovens (5’)

Explicação dos objectivos do projecto pelo técnico (eventualmente já explicado na selecção dos jovens) e breve apontamento sobre o contexto de mudança e de inovação permanente (pode usar o apoio da internet, em grupos à volta dos computadores disponíveis, para verem as imagens dos exemplos referenciados no guião) (15’)

Distribuição dos manuais dos jovens

Segue-se intervalo de 15’ (em que pode ser servido um lanche e serem feitos contactos pessoais entre os responsáveis da instituição e os jo-vens); e o início da Sessão 1.

1h30 – Súmula da reunião

Vivemos numa mudança permanente (exemplos de mudanças ocorridas nos últimos 5 anos no contexto da comuni-dade, da zona e da vida dos jovens e das suas famílias)

Por vezes nem nos apercebemos delas, mas todas implicam aprendizagem (p.ex. como é que funciona o novo mo-delo de telemóvel) e abrem oportunidades (p.ex. como se pode obter com ele informação sobre qualquer tema útil no dia-a-dia)

Este projecto existe para que tirem partido das mudanças que vão continuar a surgir, que estejam preparados para novas oportunidades e possam construir, a partir daquela experiência, projectos que dêem novas saídas profissio-nais e tornem a comunidade/a zona melhor

A instituição acredita nas capacidades deles, dar-lhes-á todo o apoio que puder e souber e espera que eles aprovei-tem a iniciativa para gerarem eles próprios iniciativas.

Esta iniciativa tem custos e tem de ser facultada a outros candidatos nas próximas edições; por isso só se pode par-ticipar uma vez. A instituição espera que saibam aproveitar bem esta oportunidade única.

GUIÃO GUIÃO PARA A ALOCUÇÃO DO RESPONSÁVEL DA INSTITUIÇÃO PROMOTORAMÁX. 5 MINUTOS

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16 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

GUIÃO GUIÃO PARA A EXPLICAÇÃO DE CONTEXTO PELO TÉCNICOMÁX. 15 MINUTOS

Seguir tópicos da introdução do manual dos formandos, re-forçando o contexto de mudança e novidade envolvente e as oportunidades criadas

Tudo existe graças a inovação. Tudo o que existe à tua volta e que tu usas (edifícios, luz eléctrica, motores, carros, telemóveis, computadores, televisões, roupa, papel, esferográ-fica - o que quer que seja) deve-se à iniciativa das pessoas que aperfeiçoaram o produto e asseguram que ele se man-tém disponível. Algumas destas coisas são já muito antigas, outras muito recentes. Todas elas são melhoradas todos os dias. [Queres a prova? primeiros telemóveis em Portugal há 20 anos custavam cerca de 2500¤, eram tão grandes e pesados que tinham de ser transportados numa pasta (ex: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:DynaTAC8000X.jpg). Diferenças para os de hoje?]

Não só os produtos. Também o modo como usamos as coi-sas se deve a iniciativas.

Há muito tempo que se procura compreender como surgem as iniciativas e os empreendedores, qual a razão do seu su-cesso. Sabe-se que a competitividade de um país depende da capacidade de inovação, sabe-se que as sociedades mais coesas e mais justas são aquelas em que o empenhamento dos cidadãos e a iniciativa cívica estão mais desenvolvidos. E sabe-se que a criatividade e o empreendedorismo são ca-pazes de grandes impulsos de desenvolvimento.

A melhor maneira de entender a inovação, a iniciativa e o empreendedorismo é olhar para alguns exemplos concre-tos (preparar casos diversos adequados). Exemplos:

Há 25 anos, surgiu (ex: Quercus, www.quercus.pt), uma associação ambientalista, preocupada em defender o ambiente. Surgiu da iniciativa de um grupo de pessoas, preocupadas com a poluição e extinção de espécies. Hoje, muito do que defendiam naquela altura passou a ser as-sumido por grande parte da sociedade. Há 5 anos, por exemplo, surgiu (ex: PUMAP, http://pumap.blogspot.com/), uma associação de voluntários universitários, para ajudar no desenvolvimento de uma região pobre em Moçambique. Em 1998, há 12 anos apenas, dois estudantes criaram (ex: a Google http://www.google.pt/), hoje uma das maio-res empresas do mundo e um dos nomes mais conheci-dos, com uma ferramenta de procura na internet usada em todo o mundo e que facilita imenso a vida das pessoas. Pelo meio há muitas iniciativas que falham ou que se esgotam sem atingir os resultados esperados. A (ex: Segway http://pt.wikipedia.org/wiki/Segway) lançou em 2001 um veículo com que pensavam substituir veículos

tradicionais no trânsito urbano e vender milhões para todo o mundo. Passados 9 anos tinha vendido apenas 50.000 veículos e provavelmente causado um prejuízo considerável. Pode ser que ainda venha a ter êxito, se aprenderem com o que correu mal.

Falhar é parte do jogo: Toda a inovação se faz por tentativa e erro. Só não erra quem nunca tentou, mas só se tem ideias, serviços ou produtos inovadores depois de se ter tentado.

Desmontar preconceitos: Podes pensar que as pessoas que fizeram todas essas inovações eram especiais. E de facto eram: O que tinham de especial é que tentaram. Melhoraram alguma coisa, viram o sucesso das suas ideias e os resultados disso fi-caram para todos os que usam aquela ideia. Talvez algum deles tenha sido teu antepassado. E porque é que não hás-de ser tu também um inovador e um empreendedor? Podes pensar que as inovações só surgem através de grandes empresas, marcas famosas, pessoas que apare-cem nos telejornais. Sabes que uma parte substancial do desenvolvimento de processos é feito por pessoas anónimas, dia-a-dia? Que muitas empresas dão prémios aos colaboradores que apresentam ideias para tornar um processo de fabrico mais eficiente? Podes pensar que as pessoas que têm iniciativas são aquelas que já tinham os meios para isso. Mas a história mostra que não é assim: Os que têm iniciativas são aque-les que são capazes de convencer outros a disponibilizar os meios. E as boas iniciativas provam-se com poucos meios. Olha para ti, talvez tenhas em ti qualidades muito impor-tantes para inovar e empreender. Nós acreditamos em Ti.

Para que neste projecto aprendam coisas que terão valor para toda a vossa vida só é necessária uma coisa: que quei-ram participar, nada mais!

Vamos ter apenas x5 sessões para. Vamos falar de coisas do empreendedorismo nessas sessões. A única coisa que se pede é que durante a semana vão pensando naquilo que viram e ouviram. Com seriedade. E vão ver como as coisas vão surgir.

No final, não saem daqui com um diploma6. Mas, se tiverem participado mesmo, saem daqui com uma maneira de enca-rar as mudanças e descobrir nelas oportunidades de melho-ria, e essa maneira de estar vai ser um trunfo muito sério na vossa vida profissional e pessoal. Para além disso pode um grupo desenvolver um projecto que tenha pernas para andar e se torne mesmo realidade construída por esse grupo.

SESSÃO

00

5 O número de sessões previstas na ferramenta é de 8 + 5. Cabe ao técnico, juntamente com a equipa do projecto e/ou a entidade promotora, avaliar se as 5 sessões finais devem ser anunciadas à partida como parte do objectivo global, ou anunciadas mais tarde.

6 No entanto, o técnico, juntamente com a entidade promotora, pode no final distribuir um diploma de participação, se considerar que tem significado para os participantes e os incentiva a fixar as competências adquiridas.

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17

NOTAS&

IDEIAS

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18 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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Conhece-te a ti próprio!SESSÃO 1

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

COMO É QUE TE

ENCAIXAS?

Tu e os OutrosSESSÃO 2

unidade

01

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20 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

informação p/o técnico

> Ajudar cada jovem a descobrir as suas capacidades para pensar em termos de inovação

> Aumentar auto-confiança do jovem para tomar iniciativas inovadoras

> Tornar o jovem consciente de que são as iniciativas que asseguram tudo o que está à sua volta

> Motivar o jovem para melhorias pessoais através de objectivos pessoais concretos

CONHECE-TE A TI PRÓPRIO!

SESSÃO

01

OBJECTIVOS

Num mundo em mudança permanente, é necessária uma atitude pró-activa para tomar parte nas propos-tas, acompanhar a evolução e saber influenciá-la, tirar proveito de novas oportunidades…Os empreendedores com sucesso são aqueles que sabem reconhecer novas oportunidades para ofere-cer novos produtos ou serviços, ou novas maneiras de oferecer esses produtos ou serviços, e que conse-guem pôr em prática as suas ideias.O empreendedorismo pode ser entendido como “the pursuit of opportunity beyond the ressources you curren-tly control” segundo a definição adoptada pela Harvard Business School: ... a prossecução de oportunidades para além dos re-cursos actualmente controlados ... Isso implica uma atitude de permanente procura de no-vas combinações de recursos (tecnológicos, materiais, humanos, etc.) que possam satisfazer necessidades e resolver problemas.As competências básicas necessárias ao empreende-dorismo não são pois técnicas, mas humanas e pesso-ais; implicam uma mentalidade empreendedora e um conjunto de competências.Entre as competências pessoais começaremos pela auto-confiança e a assertividade. Um caminho para um objectivo muito importante e promissor pode começar por um jogo simples, desde que o entendamos como um passo para esse outro objectivo e sejamos capazes de nele afirmar, de modo assertivo, as nossas capaci-dades e o nosso empenhamento.

informação p/o técnico

ENQUADRAMENTO

> Iniciativa e pro-actividade

> Empenho e persistência

> Flexibilidade e abertura à mudança

> Assertividade

> Organização pessoal e de trabalho

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 1

0h00 – 0h15 Dinâmica de apresentações dos jovens: Qual o animal com que te identificas?

0h15 – 0h45 Actividade: Cabeça, Coração & Mãos

0h45 - 1h00 Dinâmica: Muda de lugar quem tem características de empreendedor

1h00 – 1h30 Actividade DICA: Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais!

1h30Súmula da Reunião

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21UNIDADE 01 |

Os formandos estão sentados em círculo. O formador introduz a necessidade de se conhecerem todos os elementos do grupo, uma vez que vão estar juntos du-rante todo o projecto, que vão trabalhar em conjunto…Posteriormente, o formador convida cada formando a pensar nos vários animais que conhece e a seleccio-nar aquele com o qual mais se identifica, por apre-sentarem uma característica comum. Depois de todos pensarem, cada formando deve dizer o seu nome, se-guido do animal com o qual se identifica e a apresen-tação da justificação.

NOTAS Podem ser dados exemplos (ter cuidado em não dar muitos exemplos para não inibir a criatividade dos formandos):

Cão – fielPássaro – gosta de voar Gato – carinhoso Leão – forte e líder Macaco – brincalhão Urso – pachorrento Formiga – trabalhadora…

O formador pode optar por variantes da dinâmica, em fun-ção da maturidade dos formandos.

DINÂMICA QUAL O ANIMAL COM QUE TE IDENTIFICAS?

ACTIVIDADE

01CABEÇA, CORAÇÃO E MÃOS!

O formador introduz a necessidade dos jovens se conhecerem a si próprios, de tomarem consciência das suas potencialidades e das suas limitações, para posteriormente tirarem mais partido de todo o projecto, de rentabilizarem as suas características positivas e “contornarem” as suas características menos positivas numa ideia empreendedora!

Os formandos começam por desenhar, numa folha de papel branca, a silhueta de um corpo: cabeça, tronco e membros. Devem ainda desenhar o coração.Posteriormente, os formandos são convidados a reflectir nas suas características positivas ou qua-lidades e nas suas características negativas ou defeitos, e devem escrever essas características junto à parte do corpo com que mais se relacionam:

> Cabeça (pensar)Por exemplo: Organizado (+); Preguiçoso (-)… > Coração (sentir) Por exemplo: Alegre (+); Irritável (-)… > Mãos (fazer) Por exemplo: Bom a fazer teatro (+); Não saber cozinhar (-)…

Os formandos deverão ser estimulados a escrever o máximo de características que encontrarem. Posteriormente, os formandos são convidados a partilhar:

> Como me senti nesta actividade? > Foi mais fácil identificar qualidades ou defeitos? > Que qualidades são mais importantes para mim?> Quais as qualidades mais relacionadas com o empreendedor? > O que posso fazer na prática para mudar nos defeitos?

O formador deve concluir, enfatizando que: > Todos somos diferentes > Devemos (re)conhecer-nos e aceitarmo-nos… ao longo do tempo > Todos podemos mudar e “crescer” > Deveremos “render” e usufruir das nossas características positivas > O bom empreendedor, mais do que dominar competências técnicas, é uma pessoa com uma grande maturidade pessoal, um elevado nível de auto-conhecimento

U1 (pág.6)

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22 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

Os participantes sentam-se em círculo, existindo uma cadeira a menos que o número total dos elementos do grupo. No inicio o formador está no centro do círculo, assumindo a função de dar uma ordem para a mudança (ex: “Muda de lugar quem… bebeu leite ao pequeno almoço! … gosta de praticar futebol! ... é um bom comunicador! … é persistente! …”). Quem cumpre os requisitos da ordem que o dinamizador deu deve levantar-se imediatamente e mudar de lugar o mais rápido possível para não ficar de pé. O dinamizador procura sentar-se também. Quem perde o lugar ocu-pa o lugar do centro e dá nova ordem aos restantes participantes, tentando ocupar o lugar de um deles.

NOTAS O formador pode lançar características do empreendedor, conforme enumeradas na sessão 4.

DINÂMICA MUDA DE LUGAR QUEM …

SESSÃO

01

NOTA: As dinâmicas das primeiras sessões são essencialmente dinâmicas de grupo, de reconhecimento e aceitação das diferenças, de so-ciabilização e interacção; poderão ser dispensadas se esta ferramenta for utilizada em sobreposição com outra que assegure já esse objectivo básico.

ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

NO QUE CONSISTE?A pro-actividade necessária ao empreendedorismo treina-se num “ciclo virtuoso”, em que os próprios resultados obtidos estimulam a procurar e alcançar novos resultados. É um exercício que se pretende continuado ao longo do programa e que os forman-dos levem para a sua vida.

Para se iniciar um ciclo destes deve-se começar por um objectivo simples (isto é, com uma ligação causa-efeito óbvia), acessível (isto é, ao alcance do esforço do formando) e com resultados rapidamente mensuráveis. Um exem-plo típico é um exercício físico (ex: elevações matinais, em que o formando pode em poucos dias aperceber-se que consegue fazer um número mais elevado).

Ao longo do programa esta actividade é proposta várias vezes, com objectivos progressivamente mais indirectos, mais exigentes e com resultados menos mensuráveis. Pretende-se que o formando tome consciência da sua ca-pacidade de influenciar os resultados, que desenvolva persistência e a capacidade de escolher e de se orientar por objectivos não apenas imediatos. A actividade visa a melhoria das atitudes pessoais do formando, mas constitui também, em si mesma, um exercício de planeamento, necessário ao longo do projecto e de qualquer activi-dade empreendedora.

EmpreendedorismoDefinição

de Objectivos (Pessoais)

EscolhasEsforço Pessoal

DICAACTIVIDADE

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23UNIDADE 01 |

QUANDO SE DEVE REALIZAR?Tipicamente a actividade é proposta no final da sessão, para ser desenvolvida individualmente (em casa) durante a semana. É importante que o técnico verifique, na semana seguinte, com cada um dos formandos, os resultados obtidos (desde que os formandos tenham partilhado os objectivos) para verificar os progressos neste exercício. No caso de o progresso não ter sido alcançado, o técnico deve sugerir para a sessão seguinte um objectivo alternativo. O primeiro exemplo da actividade é descrito em pormenor. Nas restantes sessões em que ela é de novo pro-posta apenas se indica um exemplo de complexidade de objectivo, devendo retomar-se os detalhes em seguida propostos.

COMO CONSTRUIR OBJECTIVOS/METASO quadro proposto pretende guiar através dos seguintes passos também para objectivos mais complexos (po-dendo parecer por isso demasiado detalhado para um exercício de elevações matinais):

1. Pára, pensa e identifica um objectivo pessoalExplicar a importância de um objectivo bem identificado. Quem não tiver o objectivo à vista deriva. Atenção: não dizer de imediato que um objectivo é irrealista, que não pode ser atingido ou que é tolo.

2. Escreve o objectivo pessoal que definisteEscrever obriga a pensar e a assumir melhor. Através deste exercício o formando vai verificar por si próprio se o objectivo é irrealista e se é realmente importante para ele. Este passo é essencial!

3. Descreve o que esperas conseguir quando atingires o objectivoO formando tem de compreender, de modo tangível, qual a vantagem que vai retirar deste esforço. É ela que o vai incentivar durante a semana.

4. Escreve os passos necessários para atingir o teu objectivoSubdivisão do objectivo em etapas: Cada passo tem de ser repartido por tarefas simples, de duração limitada e fácil verificação.

5. Identifica quais os meios necessários e os obstáculos prováveisPara cada tarefa o formando deve verificar se dispõe dos meios necessários e quais os obstáculos à execução da tarefa. Eventualmente o formando vai verificar que precisa de intercalar uma tarefa adicional no passo an-terior (p.ex. arranjar dinheiro para comprar um livro ou arranjar uma rotina para vencer a preguiça matinal que lhe dê tempo para prosseguir outro fim). Os principais obstáculos são o pessimismo próprio e dos outros, a pressão do grupo, a resistência à mudança; as coisas pequenas fazem a diferença e as pequenas cedências arruínam o projecto todo.

6. Estabelece duração e datasEstimar a duração de cada tarefa e definir uma data para atingir o objectivo final. É importante que se possam verificar os resultados em tempo útil e que o formando compreenda a eficácia do processo para progredir nos seus objectivos.

Por exemplo, a capacidade de compreender e comunicar pode ser exercitada através de leitura assídua de notícias de jornal e da comunicação do seu conteúdo a outros. Não é a notícia em si que lhe interessará, mas a capacidade de compreender e de se fazer compreender. Precisará de um jornal onde possa ler diariamente uma notícia, e precisará de alguém que tenha paciência e interesse em ouvir o relato que fizer da notícia e com quem ele possa verificar se um e outro compreenderam com suficiente exactidão a ocorrência. Possivelmente um exercício deste tipo implicará pedir a colaboração de alguém de fora do círculo mais habitual do formando.Para explicar a vantagem da participação nesta actividade o técnico pode referir o seguinte:

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24 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

01

Muitas das características necessárias ao empreendedorismo são resultado de escolhas e esforço pessoal. Pas-sam por atitudes que podem ser praticadas no dia-a-dia, do mesmo modo como um atleta se mantém em forma através do treino diário e da dieta. Para teres êxito é necessário que os teus objectivos pessoais sejam práticos e que te identifiques com eles: têm de corresponder àquilo que queres ser e à maneira como queres estar na vida.Os objectivos pessoais devem abarcar todas as áreas do teu desenvolvimento:

DE AUTO-CONHECIMENTO:Pretendem que definas melhor que tu queres ser e como queres que os outros

de vejam.

> Exemplo: Reservar 5 minutos para pensar no que fizeste

ObjectivosPessoais

FÍSICOS:Servem para que tenhas um corpo e hábitos saudáveis.

> Exemplo: Comer uma peça de fruta por dia

INTELECTUAIS:Servem para que exercites e estimules a mente, preparando-te para saberes tratar situações novas com êxito.

> Exemplo: Ler 30 minutos por dia

EMOCIONAIS:Pretendem que conheças e controles as tuas emoções, de modo a que controles os

teus comportamentos.

> Exemplo: Não fazer troça ou rebaixar os outros

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25UNIDADE 01 |

Constrói um objectivo em 6 passos!

Pára, pensa e identifica um objectivo pessoal!

Escreve o objectivo pessoalque definiste!

Descreve quais os resultados que conseguirás quando atingires o objectivo!

Escreve os passos necessários para atingir o teu objectivo

Identifica quais os meios necessários e os obstáculos prováveis…

Estabelece duração e datas!

Pensar…

Objectivo!

Resultados?

Passos intermédios?

Meios? Obstáculos?

Duração e datas!

PASSOS: O QUE É PARA FAZER AGORA EU!

Começa por um objectivo!

Agora concretiza-o!

E depois avalia-o!

Muitas vezes estes objectivos são potenciados por tarefas de grupo ou com sentido comunitário: podes assu-mir por exemplo fazer a separação de lixo em tua casa e, enquanto fazes isso, rever os teus outros objectivos; podes assumir com outros fazer uma acção de limpeza ambiental na tua comunidade (e deixar que os outros se perguntem “que raio andam vocês a fazer”)

ATENÇÃO:

A execução dos objectivos é essencial (sem ela não vale a pena estabelecê-los). O técnico deve propor algum tipo de “lembretes” criativos, p.ex. autocolantes no espelho da casa de banho ou na porta do quarto, num sítio para onde os formandos olhem todos os dias.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: http://www.psychologytoday.com/blog/ulterior-motives/201005/how-do-you-talk-yourself-somethinghttp://www.anje.pt/academia/default.asp?id=43&ACT=5&content=401&mnu=43

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26 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

informação p/o técnico

> Percepcionar o eu relacional > Aumentar a percepção de que os outros me vêem de maneira diferente do que eu me vejo; que o que é “normal”

para mim pode ser “diferente” para os outros;

> Promover a reflexão sobre: Onde fazes a diferença? O que é que tu tens de “único”? - Uma diferença que os

outros valorizem ou em que os possas complementar para juntos serem mais eficazes?

> Valorizar a equipa e o trabalho em equipa

TU E OS OUTROS

SESSÃO

02

OBJECTIVOS

> Tudo à nossa volta se desenvolveu graças a inovações permanentes; apenas porque muitos tomaram a iniciati-va de pôr na prática as ideias que tiveram.

> Podes pensar que as inovações se devem todas a gé-nios e inventores. Mas a maior parte das inovações surge de trabalho em equipa. As boas equipas são aquelas em que as pessoas se complementam e em que todos estão sintonizados num mesmo objectivo. Não há ninguém que tenha as qualidades todas para poder fazer tudo sozinho, mas a equipa pode reunir essas qualidades. É que todos temos qualidades diferentes, e todas elas são necessá-rias no processo de inovação. Por exemplo:

Algumas pessoas têm muitas ideias; mas ter ideias só não basta, é preciso distinguir as boas das más, e é preciso pô-las em prática. Assim, uma boa equipa tem de ter alguém que tenha ideias, alguém que pese as ideias e verifique que parte é que é aproveitável e alguém que seja capaz de as pôr em prática. Muitas vezes as pessoas que têm espírito prático para resolver situações são as que sentem menos atracção por ideias. Algumas pessoas são muito competitivas, gostam de ganhar sempre, chegar sempre à frente dos outros; outros preocupam-se mais com os que ficam para trás; uns são persistentes e não desistem, outros só alinham enquanto as coisas correm bem. Uma boa equipa tem de querer vencer (as dificuldades) mas tem de ser co-esa e resistir aos contratempos. Precisa de pessoas perseverantes que não desistem à primeira dificuldade.Uns têm jeito para mandar, mas não quer dizer que saibam sempre o que é melhor; outros não se sabem

fazer ouvir mas têm bom senso. Uma boa equipa tem de saber reflectir e, depois de tomar decisões, tem de executar as ideias de forma bem coordenada. Precisa de alguém que mande, mas que mande bem, e para isso saiba ouvir os outros.

> É importante conheceres as tuas qualidades, não ape-nas pelo que elas valem, mas sobretudo para conhece-res a melhor maneira de trabalhar com outros em equi-pa. As boas equipas não são aquelas em que todos têm o mesmo feitio e pensam todos da mesma maneira; as boas equipas são aquelas em que todos se completam e se equilibram uns aos outros.

> Para isso tens de ouvir também o que os outros dizem de ti, para descobrires em que aspectos é que lhes fa-cilitas a vida e onde lhes complicas a vida.

> Descobre quais são os teus talentos e como podes ser útil numa equipa; e como os outros, que são dife-rentes de ti, são muito importantes para que a equipa funcione. Para descobrires talentos e as competências em que se podem tornar, ajuda observar modelos (role models). Um modelo pode ser qualquer pessoa que me-reça a tua consideração por aquilo que conseguiu fazer. Um modelo pode tornar-se uma fonte de inspiração e de conselho. Todos nós temos modelos que gostamos de imitar, mas por vezes escolhemos ídolos (no fute-bol, na música) que têm talentos que nós simplesmente não temos. Procura agora modelos que mereçam o teu respeito e te podem inspirar, porque fizeram feito algo numa área em que tu também podes fazer.

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

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27UNIDADE 01 |

> Pensamento sistémico

> Relacionamento interpessoal

> Trabalho em equipa

> Assertividade

> Persistência (plano de melhorias pessoais)

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 2

0h00 – 0h10 Warm-up: Dinâmica Puzzle do Grupo

0h10 – 0h20 Partilha (voluntária): Quem atingiu os objectivos pessoais da actividade DICA da sessão anterior? Os resultados notam-se? Custou?

0h20 – 0h30 Visionamento de role models a partir do site Escolhas (escolher previamente modelos adequados; exemplos:http://www.youtube.com/user/formacaoescolhas#p/u/8/Z-yQJzF702Y apontar que Colman passou dos graffiti (uma expressão artística mas que se centrava essencialmente no gozo que lhe dava) para fazer aerografias em carros e motos (usando os mesmos talentos mas agora para satisfazer as necessidades de personalização de outras pessoas – que presumivelmente lhe pagam o serviço e lhe garantem um modo de vida autónomo)

http://www.youtube.com/user/formacaoescolhas#p/u/9/-SkJ0UlXeD4 apontar que Hélder Delgado faz uso dos talentos de relacionamento e dos conhecimentos adquiridos para ajudar os mais novos da sua comunidade a controlarem melhor a sua própria vida)

0h30 – 0h45 Dinâmica Os 12 Trabalhos de Hércules

0h45 – 1h20Actividade de Identificação do perfil pessoal e do papel no grupo

1h20 – 1h30Revisão do plano de melhorias pessoais: assumir e desenvolver as competências do seu perfil pessoal (durante a semana treinar diante do espelho a comunicação aos outros de qual é o seu perfil e qual o seu contributo para o grupo; assumir atitudes de acordo com o seu perfil)

1h30Súmula da Reunião

O formador imprime uma foto do grupo de forman-dos numa folha A4. Se não existir nenhuma foto pode usar uma imagem simbólica para o grupo ou uma imagem metafórica do empreendedorismo ou de alguma competência associada.Posteriormente, pede que cada elemento do grupo assine essa folha. Depois, à vista dos formandos, rasga a folha no mesmo número de pedaços que o número de elementos do grupo, e entrega um peda-ço a cada elemento do grupo.Solicita então que os formandos refaçam a folha. Neste sentido, cada formando contribui com a “sua peça”. E o puzzle só está completo com todas as peças, com todos os elementos do grupo. Por fim, volta a pedir que cada formando guarde a sua peça e promove a partilha:

> Qual acham que é o objectivo desta dinâmica?

> O que significa?

> Qual é o vosso contributo único para esta equipa?

O Formador sintetiza, reforçando que:

> Todos são importantes, únicos e insubstituíveis.

> Cada pessoa tem de conhecer o seu perfil pessoal e perceber qual o seu papel no grupo.

> Perceber que enquanto equipa cada pessoa tem um contributo válido i indispensável para o sucesso.

> Reconhecer as qualidades pessoais e a sua utilida-de para a equipa.

> Reconhecer a importância do outro

DINÂMICA PUZZLE DO GRUPO

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28 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

02

O formador solicita que 4 formandos se voluntariem para fazer a dinâmica. Posteriormente, entrega-lhes uma folha com o seguinte texto:

“Têm 3 minutos para realizar as seguintes tarefas:1. Encontrar uma pessoa nascida no 1º trimestre do ano2. Trazer um copo com água3. Fazer 10 flexões4. Descansar um minuto5. Cantar os “Parabéns a você!”6. Arranjar uma maçã7. Mudar 10 cadeiras de lugar8. Encontrar uma pessoa com calças de ganga9. Escrever os números até 10 numa folha10. Pedir a 2 pessoas que troquem uma peça de roupa11. Ter uma caneta azul, vermelha e preta12. Contar uma anedota a alguém”

O Formador deverá contar o tempo, e quando este findar, termina a dinâmica. Posteriormente, o formador deverá verificar quais as tarefas que foram e não foram cumpridas e com que qualidade. Finalmente, é promovida a discussão:

> O que correu bem e o que correu mal?> Porque cumpriram ou não cumpriram as tarefas?> Quais as competências essenciais para trabalhar bem em equipa?> Quais as vantagens do trabalho em equipa?

O Formador sintetiza, reforçando que:

> O trabalho em equipa permite-nos atingir objectivos que sozinhos não conseguiríamos atingir;> O trabalho em equipa exige articulação, coordenação, divisão de tarefas, responsabilidade de cada um;> Importa desenvolver a capacidade de distribuir tarefas em conjunto com o grupo;> O trabalho em equipa exige que haja confiança no outro;> …

DINÂMICA OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES

ACTIVIDADE

02IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DE COMPETÊNCIAS PESSOAIS E DO PAPEL NO GRUPO

O formador faz uma apresentação de vários tipos de perfis pessoais (ver abaixo), levando os jovens a re-flectir com qual dos perfis se identificam mais.

Deve ressalvar logo de início:> que se trata de identificar competências de cada um, a explorar;> que a diversidade é boa, que nenhum perfil é melhor que outro e que todos são necessários;> que a tipologia não é absoluta nem estanque, ou seja, que qualquer pessoa tem características que podem ir de encontro aos diferentes perfis, mas que no entanto, todos temos também características mais predo-minantes, expressivas e que é a essas que o Perfil Pessoal de cada um diz respeito;

U1 (8)

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29UNIDADE 01 |

> eventualmente desmontar que não há competências “femininas” e “masculinas”;> que é importante que cada um conheça as suas competências específicas para as poder valorizar mais.

Para facilitar a identificação, o formador pode acompanhar a descrição de cada perfil com a afixação de um símbolo alusivo no quadro.

Após a apresentação das diferentes tipologias, a actividade deve desenrolar-se com a auto-identificação de um perfil pessoal ou a hetero-identificação do mesmo (caso o grupo tenha um razoável grau de conheci-mento inter-pessoal).

A exploração e integração da actividade por parte do formador deve ir no sentido de valorizar as diferenças individuais (como marca distintiva do funcionamento de cada um, como mais-valias pessoais de que cada um pode tirar proveito) e simultaneamente no sentido da articulação e interdependência e complementari-dade entre os vários perfis, logo, entre os vários elementos do grupo.

No final do exercício cada um deve descrever qual é o seu tipo e qual é o seu contributo único para um grupo de trabalho. (Exercitar esse contributo deve ser o objectivo individual de uma próxima actividade DICA “desenvolve e alcança objectivos de melhoria pessoais”.)

TIPOS DE PERFIS

1. O OrganizadorO Organizador é muito metódico: é capaz de organizar, planear, estrutu-rar. Tem uma grande capacidade de estabelecer objectivos e consegue um planeamento do quer atingir tanto a curto como a médio e longo pra-zo. Além disso, tem a motivação e persistência suficientes para prosse-guir esses objectivos. Por isso é um elemento muito produtivo e eficaz.

2. O CuidadorÉ capaz de estabelecer relações interpessoais profundas e de grande qualidade. Tem a capacidade de formar relações com pessoas de todas as idades e mentalidades, e em diferentes níveis de intimidade, mas sempre sendo agradável e conseguindo “chamar” os outros para perto de si. O Cuidador é capaz de perceber os sentimentos dos outros, de os fazer sentir compreendidos e acolhidos. É uma figura que transmite tranquilidade mesmo nos momentos difíceis.

3. O CompetitivoO competitivo é aquele que gosta de competir, de medir forças com os outros, que se sente desafiado a supera-los, que aprecia a adrenalina de ter um adversário e fazer melhor que ele.O competitivo tem uma tremenda energia e determinação, é aquele que quer ser sucedido e que não se satisfaz com um segundo lugar.

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30 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

02

4. O OptimistaO Optimista tem um elevado grau de auto-confiança: acredita em si próprio, nos seus projectos, e por isso consegue projecta-los no futuro e ter esperança no seu sucesso. Além disso, consegue ter a persistência para lutar contra os obstáculos e acreditar que os vai ultrapassar.

5. O ConfiávelAquele em quem se pode confiar, porque é correcto, honesto, ver-dadeiro, cumpre a sua palavra, não deixa o grupo ficar mal e assume fazer alguma coisa de que os outros se esqueceram, e transmite a ideia da sua responsabilidade e competência.

6. O CuriosoO Curioso gosta de descobrir, de investigar, de perceber como as coisas funcionam e porquê. Tem sempre uma pergunta na ponta da língua. É atento e observador do mundo à sua volta.

7. O FuturistaO futurista tem uma grande capacidade de imaginar o futuro, o que lhe confere uma grande criatividade e capacidade de resolução dos problemas. O seu espírito imaginativo contagia e inspira os outros de esperança e optimismo.

8. O ComunicadorNão se importa de estar no centro das atenções. É um bom comu-nicador e prende a atenção dos outros quando está a contar alguma história.

NOTA: Não se referiu deliberadamente a liderança como uma competência importante para o grupo, embora seja muito importante para a sua eficácia. As actividades propostas ao longo do projecto oferecem muitas oportunidades para que se revele esta competência e o grupo aceite uma liderança naturalmente.

ATENÇÃO: Cada formando escreve no seu manual o seu perfil e as palavras-chave em termos de competências associadas a esse perfil. Se não tiver a certeza do seu perfil pode inscrever um segundo perfil e as respectivas competências. A actividade termina com apresentação pessoal de cada formando ao grupo completo: chamo-me …, o meu perfil é sobretudo … e a principal competência que posso trazer ao grupo é a …

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31UNIDADE 01 |

NOTAS&

IDEIAS

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32 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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33

Identifica as actividades, descobre as iniciativas…SESSÃO 3

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

CONHECE A TUA

COMUNIDADE

Quem é empreendedor?SESSÃO 4

unidade

02

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34 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

IDENTIFICA AS ACTIVIDADES,DESCOBRE AS INICIATIVAS…

SESSÃO

03

informação p/o técnico

> Tomar consciência das mudanças permanentes (agora centradas na comunidade do jovem), e do facto de se

deverem a iniciativas de alguém: algumas bem e outras mal conseguidas;

> Conhecer e valorizar as actividades e procurar descobrir as iniciativas que as realizaram;

> Desenvolver a curiosidade pela inovação e a capacidade de observação;

> Desenvolver capacidade de relacionamento, de perguntar e de ouvir;

> Identificar aspectos essenciais para o sucesso de uma iniciativa.

OBJECTIVOS

Toma consciência da evolução à tua volta...Pergunta aos mais velhos como é que era a tua comu-nidade há 10 anos atrás:

> O que é que existe agora que não havia naquela altura? > O que é que deixou de existir? Porquê?> Se a Google foi criada em 1998 (há 12 anos apenas!), como é que se procuravam antes disso coisas de inte-resse na internet? Havia acesso à internet? Pergunta aos mais velhos se aproveitaram alguma coisa da inter-net. Já agora: qual é o proveito que tu tiras da internet?> Qual era o tipo de música que se ouvia há 10 anos? E agora? Quantos grupos novos surgiram entretanto?

Identifica um caso de inovação…Tenta identificar no mundo à tua volta um produto/ser-viço (??...) inovador, que tenha marcado a diferença. A partir daqui vamos tentar perceber porque é que ele foi inovador e qual a sua história…

Questiona! (depois de identificado um caso de inovação)As mudanças não aconteceram por acaso. Se conse-guires perceber quem teve as iniciativas, como é que o fez, porque é que o fez assim, começas a descobrir a essência do empreendedorismo. Ao pensar nas mudan-ças, tenta perceber:

> Em que consistiu a mudança? O que é que fez a diferença?> Quais as mudanças de que as pessoas gostam mais? Ou as que dão mais jeito?> Se essa novidade ainda cá está é porque teve suces-so. A que é que se deve esse sucesso? Qual é o inte-resse que as pessoas vêem naquilo? É melhor? É mais barato? É diferente? Faz as pessoas sentirem-se bem? Facilita-lhes a vida? Porquê?> Como é que surgiu? Quem é que teve a iniciativa? Alguém ajudou essa pessoa? > Como é que a pessoa que fez a inovação se aper-cebeu disso? Se calhar nem pensou nisso e só se foi adaptando ao que as pessoas queriam? Aconteceu por acaso ou houve uma procura de corresponder ao que as pessoas precisavam? > Que dificuldades e que dúvidas é que teve para seguir em frente?

Não sabes?! Então que tal ires perguntar essas coisas? Não imagines as respostas; pergunta e ouve com atenção….

Escuta!Saber ouvir é muito importante. As boas ideias vêm de saberes dos outros.

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

U2 (2,3)

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35UNIDADE 02 |

Ouvir com atenção quer dizer ter a certeza que compre-endeste bem o que o outro queria dizer. Às vezes, em conversa, dizemos apenas uma parte, pensando que os outros já sabem o resto.

Uma boa entrevista não acontece por acaso, prepara-se. Há vários ingredientes que deves ter em conta:> esperar pela ocasião apropriada para a pessoa a quem queremos entrevistar, para que esteja disponível; > ser bem-educado; > procurar conhecer previamente o assunto e levar já algumas questões preparadas;> explorar outras questões levantadas em conversa; > apontar as respostas; > juntar-se em grupo, discutir o que se ouviu, identificar a informação importante para o iniciativa e para o em-preendedorismo

> escrever (ou registar em vídeo) os pontos mais im-portantes

As boas ideias não valem por si. Valem pela utilidade às outras pessoas. Uma ideia é tanto melhor quanto mais pessoas ela servir e quanto mais diferença fizer para essas pessoas.

Um bom ouvinte pode juntar muitas boas ideias de coi-sas que as pessoas gostariam de ter. No grupo é impor-tante ter bons ouvintes, e depois entender as necessida-des que eles identificaram, as oportunidades que estão à mão de quem souber dar uma boa solução.

Ficarás espantado com a quantidade de coisas que um grupo com curiosidade consegue descobrir…

> pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso)

> relacionamento interpessoal

> trabalho em equipa

> perseverança

> curiosidade

> estruturação do pensamento

> comunicação

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 3

0h00 – 0h15Warm-up: Dinâmica do Desafio

0h15 – 0h45Actividade Perfil do empreendedor (em grupos de 2 ou 3)

Expor ideias do enquadramento; constituição dos grupos; brainstorming para identificação de empreendedores da comunidade; preenchimento de ficha com identificação de pessoas conhecidas com determinados perfis empreen-dedores; escolher um caso a estudar por cada grupo.

0h45 – 1h00 Visionamento de testemunhos de empreendedores (va-riedade de idades, actividades, nível de proximidade ao sujeito)

Introduzir aqui que os heróis não têm todas as compe-tências, desmontar a ideia que um modelo seja brilhante em tudo.

1h00 – 1h15Construção de um guião de entrevista aos empreen-dedores.

1h15 – 1h30Actividade: Atenção à comunicação! Role Play (entrevistador/entrevistado)

1h30Súmula da Reunião

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36 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

03

ACTIVIDADE

03WARM UP DINÂMICA DO DESAFIO

MaterialCaixa de sapatos com chocolates lá dentro e um papel contendo a ordem para comer um chocolate

ProcedimentoColocar os participantes num circulo, de costas voltadas uns para os ou-tros e colocar uma música animada. Explicar aos participantes que dentro da caixa está uma ordem a ser feita, e que a caixa deve seguir de uns para os outros ao ritmo da música, até que, quando a música parar, quem ficar com a caixa na mão deve abri-la e executar a ordem.O dinamizador vai criando algum suspense, assustando o grupo, fazendo-os crer que a tarefa é repulsiva. Podem fazer-se perguntas como: estás pre-parado? Vais ter que obedecer à ordem… seja lá ela qual for! Pode inclusive parar a música questionando o jovem: queres abrir? Ou vamos continuar? Caso este decida não abrir, inicia-se a música novamente e passa-se nova-mente a caixa.

Quando a música parar definitivamente o felizardo terá a surpresa e en-contrará um chocolate e a ordem ‘coma o chocolate’.

A integração da dinâmica deve ser feita no sentido de percebermos o quanto temos medo de desafios, pois observamos como as pessoas têm pressa de passar a caixa para o outro, mas que devemos ter coragem e enfrentar os desafios da vida, pois por mais difícil que seja o desafio, no final podemos ter uma feliz surpresa/vitória.

ACTIVIDADE

04 PERFIL DO EMPREENDEDOR

Para facilitar a actividade pode ser distribuída uma ficha com a seguinte estrutura:

Identificar (nomes): > 3 pessoas com quem gostaríamos de fazer um projecto; > 3 pessoas mais influentes na comunidade; > 3 pessoas com mais sucesso na comunidade; > 3 mudanças com mais impacto na comunidade nos últimos 3 anos; > 3 pessoas que tenham mais iniciativas

Entre estes nomes o grupo escolhe um empreendedor, a quem entrevistar durante a semana, para ficar a conhecer melhor o perfil de um empreendedor.

U2 (pág.5)

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37UNIDADE 02 |

ENTREVISTAS A EMPREENDEDORESa fazer em grupos de 2 ou 3, segundo guião estabelecido, durante a semana

1. Durante a semana o grupo tem de tentar entrevistar o empreendedor, fazer-lhe as perguntas, recolher também informação dos clientes ou utilizadores (o que é que eles pensam sobre o caso, usam, não usam, porquê).

2. A seguir à entrevista reúnem para discutir o caso: o que é que cada um percebeu da história, o que é que im-pressionou mais a cada um (3 a 5 aspectos). Se tiverem dúvidas ou verificarem que esqueceram alguma questão importante, devem passar por lá de novo a pedir um esclarecimento.

3. Finalmente, na sessão seguinte, o grupo tem de registar e comunicar o que aprendeu: por escrito, apresentação no computador ou num vídeo, de preferência com fotografias.

ATENÇÃO:

Contar o caso é como contar uma história que as pessoas gostem de ouvir, com princípio, meio e fim; como se o empreendedor tivesse feito uma viagem e vocês contassem onde começou, por onde seguiu, que obstáculos encon-trou, que ajudas teve, quando é que se sentiu em baixo e quando é que se sentiu satisfeito, até onde chegou e onde quer ainda chegar; porque é que os clientes ou utilizadores vão lá, o que faz para os manter.

4. Os melhores trabalhos (os que encontraram casos mais interessantes ou os que fizeram um trabalho mais com-pleto) serão publicados na revista Escolhas, com uma fotografia do grupo!

ACTIVIDADE

05CONSTRUÇÃO DE UM GUIÃO DE ENTREVISTA

Em grande grupo o formador deve solicitar que os jovens façam um brainstorming de questões que gosta-riam de colocar ao empreendedor que vão entrevistar. Pode ser útil ajudar a organizar o pensamento dos jovens fornecendo categorias acerca das quais estas perguntas devem surgir, por exemplo:

> Como é que se lembrou de arriscar num projecto próprio? Antes de pensar naquele projecto já tinha pensado em trabalhar por conta própria? Alguém na família (ou amigos) já tinha começado um projecto, por conta própria? Já tinha experiência de trabalho prévia na área do projecto?

> O que é que o fez pensar que iria ter êxito? Conhecia clientes, tinha falado antes com as pessoas para saber o que elas precisavam?

> Começou sozinho ou com mais alguém? Pediu apoios a alguém? Teve alguém que o ajudasse, que lhe desse informações importantes? Teve medo de não ter sucesso?

> Quais as questões mais difíceis de resolver no início?

> Qual a maior gratificação depois de tudo isto?

> Se tivesse de dar um conselho a alguém que quisesse começar um projecto por conta própria agora, que conselho daria?

DICAACTIVIDADE

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38 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

03

ACTIVIDADE

06ATENÇÃO À COMUNICAÇÃO! ROLE PLAY

Pretende-se que o técnico faça de entrevistado e caricature possíveis reacções do entrevistado às atitudes do grupo (Exemplos de situações: Ser menos bem recebido; pedir que se despachem com a entrevista porque o entrevistado tem a vida muito ocupada; receber uma “resposta torta” a uma questão).

Para o papel de entrevistadores devem convidar-se os formandos com mais dificuldades nas competências comunicacionais.

Aspectos importantes a evidenciar:> Atenção à postura e aos aspectos básicos da comunicação: vão assaltar o empreendedor ou vão entrevistá-lo?

> Ter a consciência de que vão ocupar o tempo do empreendedor, de que ele está a fazer um favor e por isso merece ser tratado com respeito e boa educação: Explicar que estão a fazer um trabalho para o Escolhas e que gostavam de aprender com a experiência dele. A maior parte das pessoas tem prazer em ser útil e colaborar.

> Perguntar qual a melhor altura para fazer as perguntas.

> À hora marcada e com paciência, levar as perguntas pensadas, mas saber ouvir e perguntar mais coisas. Se querem informação interessante têm de ter curiosidade e flexibilidade na entre-vista, além de saber ser bem-educados.

> Registar as respostas, ou eventualmente pedir para gravar a entrevista, senão depois não se lembram; o que escreve melhor que aponte as respostas, é muito importante.

> Na próxima sessão cada grupo vai relatar o caso do seu entrevistado. Têm de preparar a his-tória que vão contar. Podem usar imagens, uma apresentação de computador, podem intervir vários (controlo do tempo).

ATENÇÃO:Entre as duas sessões o técnico deverá fazer o seguimento do trabalho: facilitar/agendar as entrevistas se necessário, e convocar os grupos isoladamente para verificar se fizeram a apresentação adequadamente aproveitando para treinar competências de comunicação.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/ideias/comunica/entrevista.htm

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39UNIDADE 02 |

informação p/o técnico

> identificar características do empreendedor;

> adquirir modelos de referência (“se ele conseguiu, eu também consigo”)

> ser capaz de assimilar e comunicar um caso de empreendedorismo

QUEM É EMPREENDEDOR?

SESSÃO

04

OBJECTIVOS

Identificamos e conversamos com pessoas que são empreendedoras, que tiveram iniciativa, criaram algo de novo. Que é que eles têm de especial?

Há muito que se observam as pessoas empreendedoras e se procura entender porque é que são assim, o que é que leva uns ao sucesso de criar novas associações, empresas, criarem coisas úteis, criarem postos de trabalho…

Há quem tenha feito uma lista enorme de características do empreendedor, tais como:

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

> persistente

> impaciente por saber respostas às questões que coloca

> inquisitivo

> com grande vontade de atingir objectivos

> cheio de energia

> orientado por objectivos

> independente

> exigente

> auto-confiante

> capaz de optar

> capaz de assumir riscos calculados

> criativo

> adaptável

> inovador

> visionário

> comprometido

> capaz de resolver problemas

> tolerante perante a ambiguidade (capaz de trabalhar mesmo sem ter a informação toda)

> com forte integridade

> muito resiliente (não “quebra” facilmente)

> capaz de iniciativa

> capaz de coordenar meios, de organização e gestão

> competitivo

> agente de mudança

> trabalhador

> e até… pessoa com sorte!

> Comunicador

> Capaz de liderar

Claro que tudo isto ajuda para que uma pessoa empreenda com sucesso. Mas ninguém tem todas estas qualida-des. Os empreendedores não são super-homens. Então o que é que faz um empreendedor?

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40 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

04Há 3 tipos de qualidade que são importantes (e que englobam as acima listadas):

> Combatividade e vontade de fazer

> Criatividade e adaptação

> Capacidade de organizar e de trabalhar com outros

Por vezes não é uma pessoa só que consegue tudo isto, mas um grupo em que cada um é bom numa ou mais coisas (exemplificar adequadamente):

> É preciso um que acredite e que seja capaz de lutar e não desistir perante os obstáculos. É preciso um que seja capaz de pensar de novo: “ok, assim não deu, vamos ver as coisas de outro modo, mas havemos de conseguir!”. É preciso um que seja capaz de organizar as coisas: “como é que as coisas vão acontecer, quem é que faz o quê, de que é que precisamos?”. É preciso um que seja capaz de manter uma equipa a trabalhar, apesar de se saber que um dia não apetece a um e outro dia há outro que não pode.

> Já viste (na sessão 2) onde é que te encaixavas melhor. Qual é o papel que fazes melhor?

Dos vídeos que viste, dos casos de que falamos, achas que ser empreendedor é uma coisa do outro mundo ou que está ao teu alcance?

Por vezes, ao pensar nisto, reparamos que nos fazem falta algumas coisas. Era bom se soubéssemos mais, sobre as pessoas, sobre como funcionam as coisas, sobre os sistemas… Óptimo! Parabéns! É precisamente isso que sente um empreendedor; que lhe falta ainda informação. E também percebe que nunca vai conseguir saber tudo, mas que há-de obter algumas respostas à medida que as for procurando. E que as coisas se vão fazendo à medida que se avança.

Lembra-te: um inovador está a abrir caminhos novos, não está a andar nas estradas que os outros já percorreram. Não se limita a imitar, mas a inovar, com um toque pessoal, que faça a diferença para as outras pessoas.

Por isso mesmo é que tem a possibilidade de chegar a sítios onde ainda nenhum outro tinha chegado. Um empreen-dedor terá sempre um monte de perguntas “em carteira”, mas contenta-se em ir obtendo as respostas uma a uma, à medida que vai abrindo caminho.

> pensamento sistémico

> trabalho em equipa

> perseverança

> aquisição de role models viáveis

> comunicação

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

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41UNIDADE 02 |

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 4

0h00 – 0h15 warm-up: De quem sou igual ou diferente

0h15 – 0h30vídeos Escolhas (Cova de Moura; quanto mais diversificados melhor)

0h30 – 1h00actividade: apresentação dos casos estudados pelos grupos; os formandos podem utilizar todos os meios disponíveis; atenção para cumprirem um tempo máximo por grupo, introduzido como necessário para que todos tenham igual oportunidade no tempo disponível

1h00 – 1h20actividade: perfil do empreendedor, transpondo atitudes a cultivar por cada um, de acordo com o seu perfil de competências

1h20 – 1h30actividade DICA: Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (na sua área de competências e na comunicação oral: durante a semana cada formando treinará diante do espelho (e depois diante de outras pessoas se tiver uma audiência da sua confiança para o efeito) uma explicação de qual o seu “valor acrescentado” para o grupo; a nível de melhorias pessoais procurará desenvolver atitudes de acordo com a sua principal competência

Se houver tempo, o formador pode anunciar que na sessão seguinte se vai pensar em ideias para empreender algo de novo: os formandos podem ir pensando em várias…

1h30Súmula da Reunião

ACTIVIDADE

07WARM UP DE QUEM SOU IGUAL E DIFERENTE

> Pedimos aos participantes para se moverem pelo espaço e que, a um sinal, se coloquem junto à pessoa que a se consideram mais igual. Quando estiverem juntos, dizemos que têm um minuto para explicar um ao outro as razões porque se escolheram.

> Pedimos novamente que se desloquem pelo espaço e, a outro sinal, pedimos que se coloquem junto à pessoa que consideram mais diferente. Voltamos a dar um minuto para explicarem o motivo da escolha.

> Em grande grupo instiga-se a partilha da experiência, fazendo a integração da actividade no sentido de valorizar a importância de identificarmos os que são parecidos connosco (porque isso nos faz sentir seguros dentro do grupo, nos faz sentir a pertença a alguém…) mas também no sentido de valorizar a importância de identificar os que são diferentes de nós (a mais-valia que é estar num grupo em que outros têm outras características e outras competências que nos podem complementar).

Competências trabalhadas nesta actividade: relação de confiança; complementaridade…

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42 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

ACTIVIDADE

08 PERFIL DO EMPREENDEDOR

O formador expõe o enquadramento. Pode afixar os 3 tipos de qualidades dos empreende-dores, visualizando-os com imagens adequadas (os exemplos abaixo poderão ser imagens da internet):

SESSÃO

04

Combatividade e vontade de fazer ir à luta

Criatividade e adaptação fazer o novo com o que parecia banal

Capacidade de organizar e de trabalhar com outros locomotiva que puxa a composição

Ainda no mesmo grupo que fez a entrevista e o relatório, os formandos tentam identificar quais as características que mais notaram no seu entrevistado; podem descer ao pormenor do quadro do enquadramento que enumera as diferentes qualidades apontadas aos em-preendedores (o formador pode facultar uma fotocópia a cada grupo sem ter descrito em pormenor cada uma).

Cada formando, individualmente, procura identificar de entre essas qualidades todas, aquela para que pensa ter mais capacidade e aquela para que pensa ter menos capacidade.

Cada formando partilha no grupo completo a sua reflexão. O formador pode construtivamen-te acentuar mais uma ou outra.

Cada formando escreve no seu manual a qualidade empreendedora para que pensa ter mais capacidade; sugere-se que o formador tenha disponíveis as 3 imagens acima referidas para distribuir a cada um a que corresponde à qualidade identificada, para colar no manual.

U2 (5)

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43UNIDADE 02 |

NOTAS&

IDEIAS

ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

Durante a semana treina em frente ao espelho a explicação que vais dar às outras pessoas sobre o valor que podes trazer ao grupo.

DICAACTIVIDADE

U2 (pág. 8)

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: http://www.professorcezar.adm.br/Textos/O%20perfil%20do%20empreendedor.pdf http://aeiou.expressoemprego.pt/Carreiras.aspx?Id=97

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44 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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45

Ideias para inovarSESSÃO 5

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

IDEIAS&

PROJECTOS

Desenvolve a ideiaSESSÃO 6

unidade

03

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46 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

IDEIAS PARA INOVARSESSÃO

05

informação p/o técnico

> Gerar ideias em grupo

> Escutar os outros

> Estar aberto à inovação

> Reconhecer preconceitos próprios

> Aceitar o fracasso

> Validar as ideias pela utilidade para os outros

OBJECTIVOS

Muitas pessoas pensam que os empreendedores são uma espécie de génios; na realidade, o que os torna empreendedores de sucesso foi terem posto em prá-tica novas maneiras de responder a necessidades das pessoas. Fizeram-no:

a. Abrindo novos “mercados” (ou servindo melhor mercados mal servidos; “mercado” aqui quer dizer as necessidades de uma certa população)b. Propondo novos produtos ou serviços, ouc. Propondo melhor tecnologia ou tecnologia de maior qualidade

Olhando em detalhe para cada uma das hipóteses:

a. Muitas pessoas pensam que só as grandes empresas que já dominam o mercado têm capacidade de inovar com êxito; um especialista7 afirma que, sempre que as inovações foram disruptivas, as novas empresas tive-ram mais sucesso que as antigas. Isso sucede quando:

> há muitas pessoas mal servidas ou que não es-tão sequer servidas – por exemplo se as pessoas da comunidade, para conseguirem arranjar a bicicleta, têm de ir longe e perder muito tempo.

> as pessoas ficariam mais bem servidas com um produto mais conveniente, ou mais simples e mais barato – por exemplo se as pessoas procuram um serviço de lavagem de roupa e não se importam de ter que a ir buscar e entregar, desde que fosse mais barato?

> não há outros que já estejam a tentar resolver o mesmo problema pela mesma via ou à mesma escala – já há outros a tentar fazê-lo na comunidade?

b. Também quem começa com um novo serviço ou pro-duto tem boas hipóteses de ter sucesso, desde que o produto ou serviço não possa ser copiado facilmente (p.ex. quando se trata do talento individual de um pintor ou de um músico, ou de uma característica local).

c. A introdução de melhor tecnologia ou maior qualida-de da mesma tecnologia (desenvolvimento de produto) é a única destas vias de inovação onde, de facto, os que já estão no mercado têm sempre mais hipóteses de sucesso (ou seja, é difícil bater um grande fabricante de telemóveis ou computadores…)

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

7 Clayton Christensen, Harvard Business School, The Innovator’s Dilemma

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47UNIDADE 03 |

NOTA:

Se necessário para ajudar os grupos a trabalhar o técnico pode dar alguns exemplos de vias de inovação e introdu-zir mais detalhadamente as técnicas de brainstorming e analogia:

A nível individual pode-se inovar com êxito:

> Fornecendo produtos ou serviços criativos (por exemplo pintura ou música; artesanato), mas também> Fornecendo uma série de serviços que podem ir desde cuidados pessoais (massagista, cabeleireira, acompanha-mento de doentes) a serviços especializados (tratar de animais, tratar de jardins, etc.);> Desde que haja inovação e diferenciação: porque se vai aonde os outros não foram, ou em horários diferentes, porque se tem maior simpatia, porque se é de confiança e não falha, por um sem número de razões que nos distin-guem da concorrência…

Portanto, o que é importante é pensar em termos de valor para as pessoas a quem se destina a ideia.

Para explorar ideias novas podem usar o brainstorming (tempestade de ideias) ou a analogia: para resolver um problema identificado, pode-se inovar copiando soluções que tiveram êxito noutras aplicações (há sectores em Por-tugal que são reconhecidos como muito desenvolvidos e que podem ser observados por qualquer pessoa; sistemas e organizações como a Via Verde, o multibanco, os hipermercados introduziram uma série de inovações que podem ser replicados noutras áreas…). Mais uma vez pode ser usado o brainstorming para propor analogias. Embora a analogia estruturada use um nível de abstracção elevado, pode acontecer também intuitivamente…

> Escolhe-se um tema (p.ex. que novidade é que falta à comunidade) > Durante 5 minutos, todos à vez lançam ideias, com total liberdade, sem preocupação de serem boas ou más; ninguém critica > Simultaneamente alguém aponta todas as ideias num quadro ou papel;> Todos ajudam a agrupar as ideias, juntando as que forem semelhantes ou tratarem da mesma coisa> Todos pensam quais são os grupos de ideias que propõem maior inovação e que são realizáveis, p.ex. sublinhando-os> Ordena-se (1,2,3…) por prioridade para seguimento

SISTEMATIZAÇÃO PARA BRAINSTORMING SISTEMATIZAÇÃO PARA ANALOGIA

> Pensa em outras situações que têm o mesmo tipo de clientes (ou de fornecedores, ou qualquer outra restrição semelhante à que te parece ser mais importante no teu projecto)> Vê como é que eles resolveram o assunto> Vê se podes aplicar a mesma solução ao teu caso

Questões para desenvolver a sessão:

Olha para a tua comunidade:

> De tudo aquilo de que as pessoas se queixam, o que é que poderias resolver? > De todas as coisas de que as pessoas gostam, o que é que poderias ajudar a que acontecesse mais vezes?> Quais são as lojas/serviços mais apreciados? > Onde é que as pessoas perdem mais tempo? Porque gostam ou porque são obrigados?> Todas as zonas têm algo de diferente. Porque é que essa diferença não há-de ser tornada em algo positivo? Consultar o exemplo da Cova da Moura com

o projecto Sabura: http://moinhodajuventude.blogspot.com/ ; http://www.covadamoura.pt/index.php/historia/culturamenu/259-culturacategory/120-sabura)

A criatividade surge a maior parte das vezes de fazer associações inesperadas, de questionar a prática cor-rente, observar a realidade circundante, experimentar e relacionar-se com pessoas diferentes8. ‘Porquê?’, ‘Por que não?’ e ‘E se?’ são as três questões fundamentais para inovar, sobretudo se combinadas com a observação, a experiência e uma boa rede de relações.

8 Hal Gregersen, INSEAD (colocar fonte)

U3 (3)

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48 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

05

É necessário levar os jovens a pensar de modo diferen-te sobre falhar e estimular a coragem de perseverar. Há dois benefícios que se retiram do falhar. Primeiro, fica-se a saber o que não funciona; segundo, tem-se a oportunidade de tentar de modo diferente. Entender a falha e conseguir guiar-se a si próprio e a outros através do “falhanço” é parte da mentalidade e competências do empreendedor.

Um exemplo conhecido é o do inventor Edison. Falhou milhares de vezes até conseguir obter uma lâmpada eléctrica funcional. Qualquer outro teria visto em cada insucesso um fracasso, mas ele via um sucesso, porque de cada vez eliminava uma possibilidade, redesenhava a peça, fazia ajustamentos e isso o aproximava mais do

objectivo. Se tivesse considerado o empreendimento um fracasso, teria desistido e poderíamos hoje estar todos ainda a ler à noite com lâmpadas de azeite.

Este exemplo não trata apenas de ter uma atitude positiva, mas sim de aprender com os erros. Se considerarmos o fracasso como uma experiência de aprendizagem, dei-xará de ter poder sobre nós e se aprendermos com ela, conduz-nos para o sucesso.

Na realidade, os empreendedores aprendem mais com fracassos do que com sucessos. Frequentemente só aprendemos o que funciona quando verificamos o que não funciona. Um velho provérbio chinês diz que “fracas-sar não é cair mas recusar levantar-se de novo”.

PARA AJUDAR A VENCER O MEDO DE FALHAR: SE NUNCA FALHASTE É PORQUE NUNCA VIVESTE

> Criatividade

> Relacionamento interpessoal

> Resistir a preconceitos acerca do que as outras pessoas pensam ou gostam

> Articular e apresentar uma ideia

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 5

0h00 – 0h15Actividades: “Isso, e também…” (baseado em produto de catálogo de Do-It-Yourself

ou “História em uma palavra…”)

0h15 – 0h30Actividade: aceitar o fracasso (DR)

0h30 – 1h00Brainstorming: ideias novas (a partir do enquadramento da sessão)

1h00 – 1h30Sistematização: Selecção da(s) ideia(s) e dos grupos que as vão prosseguir

1h30Súmula da Reunião

ATENÇÃO:a. Constituição dos grupos - os grupos de 3 ou 4 elementos devem ser for-mados neste momento, (um por cada ideia que vai ser prosseguida) e a partir de uma proposta do técnico baseada numa equilibrada distribuição dos jovens, em função das suas competências e apetências individuais. Para o efeito os formandos devem reapresentar (agora já como resultado do seu treino durante a semana) as suas competências e o seu contributo para um grupo. O formador procurará que haja poucas competências duplicadas e grupos em que falte um dos 3 tipos de competências. Pode utilizar para o efeito novamente as 3 imagens distribuídas.Após a constituição dos grupos faz-se a distribuição de ideias através da negociação e/ou leilão, em que cada grupo “licita” uma ideia em função do interesse que as várias ideias suscitam, tendo que justificar o porquê do seu interesse/licitação.

b. Gestão da frustração e promoção da assertividade, porque nem todas as ideias serão escolhidas/terão potencial para avançar; essas ideias devem manter-se em stand-by; sintetizar para o grupo a razão de uma ideia ter sido escolhida em relação a outras

Actividade DICA: Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (continuar a desenvolver as competências pessoais, reunindo em grupo para articular qual a proposta inovadora que vão trazer às pessoas; na sessão seguinte vão apresentá-la)

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49UNIDADE 03 |

ACTIVIDADE

09 “ISSO, E TAMBÉM…”

A actividade pode realizar-se no grande grupo ou dividir em grupos de 3 a 4 elementos. O grupo utiliza um folheto de promoção de uma cadeia de lojas de artigos de “faça você mes-mo” e escolhe a promoção central. Tenta perceber qual a utilidade daquele produto: o que é que as pessoas vêem nele, para que é que o iriam comprar, como é que o iriam utilizar.

Depois informa-se os elementos do grupo de que eles constituem uma equipa publicitária e que o seu objectivo é procurar criar a partir daquele produto um melhor, que corresponda a tudo o que as pessoas poderiam desejar:

Os elementos do grupo devem construir as suas ideias a partir das anteriormente veiculadas pelos colegas que os antecederam, começando a sua frase por “Isso, e também…”. Nenhuma ideia é rejeitada ou criticada, pelo contrário, a improvisação deve ser valorizada.

EXEMPLO:

Elemento 1 Esta nova máquina de furar é extraordinária porque serve para furar madeira, ferro e reboco.

Elemento 2 “Isso, e também … porque vem numa caixa em que as brocas para madeira estão identificadas com uma cor diferente das de metal e não se perde tempo a procurar a broca certa.

Elemento3 “Isso, e também … é fantástica porque vem com um cabo eléctrico extensível e chega a qualquer lado sem ser necessário andar a mudar sempre de tomada eléctrica”;

Elemento 4 “Isso, e também porque tem um aspirador na ponta para o pó do reboco não cair ao chão…”

Elemento 5 “Isso, e também porque tem uma pega almofadada para não transmitir as vibrações ao utilizador…”

NOTA: Para o exercício ser realmente construtivo, devem ser feitas propostas de acréscimos que resolvam alguma necessidade ou problema dos utilizadores habituais, sem recorrer a “tec-nologias mágicas” que fazem tudo melhor que os outros (por exemplo: vir com uma pilha recarregável é uma possibilidade real; não consumir energia seria “mágico”).

No final do exercício o formador deve integrar esta actividade apelando à necessidade de sermos auto-confiantes e ousados na proposta de novas ideias, de, numa primeira fase, valorizar a geração de ideias sem crítica sobre elas, bem como a necessidade de sermos criativos para a resolução de problemas.

(in McKnight & Scruggs, 2008)

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50 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

ACTIVIDADE

10 HISTÓRIA DE UMA PALAVRA

O formador deve dispor o grupo em roda e escolher um tema para a criação de uma história. Após a comunicação desse tema ao grupo um dos elementos começa a contar a história, que os outros devem continuar, um a um, seguindo a ordem do círculo. A particularidade no relato da história é que cada ele-mento apenas pode dizer uma palavra. O formador deve instigar o grupo a manter um ritmo rápido.

SESSÃO

05

O formador começa por treinar com o grupo, numa roda, a dar saltos, gritando com toda a energia: “sim, falhei!”. Quanto mais alto e com mais entusiasmo se fizer isso, mais o grupo participa e mais sucesso tem o exercício. O objectivo é que os participantes cele-brem o fracasso e possam no futuro pensar de outro modo nestas situações.A dinâmica é construída sobre o embaraço de falar em público e pode ser integrada na dinâmica ante-rior. Os participantes contam uma história, com uma palavra de cada vez. Todas as histórias começam por “era uma vez…” (as palavras que os 3 primeiros têm de dizer) e depois cada um continua como entender.

O final da história será “e a moral da história é…”.Inevitavelmente alguém não vai conseguir pensar suficientemente depressa para continuar com nexo o que os anteriores sugeriram e há-de surgir um “hmm, ahhnn…”. É nesse momento que deve saltar e gritar: “sim, falhei!”Havendo tempo, o exercício pode ser continuado em pares, passando a deixa um ao outro.Finalmente, o formador junta de novo o grupo todo e procura com eles analisar o que sentiram ao falhar, porque é que o sentiram, como é que é visto o fra-casso na sociedade, que significado é que teve e o que é que aprenderam.

DINÂMICA SIM, FALHEI!

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: Making it better (Marketing Mgt-Product_Service Creation-Making it Better-ENMvIII.1)Ent Processes-Actualization-Gazing into the Future-ENMvII. Ent%20Processes-Concept%20Development-It’s%20All%20About%20Dreams-ENMvIII.2http://www.psychologytoday.com/blog/ulterior-motives/200907/tools-innovation-ii-analogy-is-the-essence-innovation (exemplo de inovação de halteres transportáveis)

U3 (2)

REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

Continua a desenvolver as tuas competências pessoais, reunindo em grupo para decidir qual a proposta inovadora que vão trazer às pessoas; na sessão seguinte vão apresentá-la.

DICAACTIVIDADE

U3 (pág. 3)

EXEMPLO:

Elemento 1: “Era”Elemento 2: “uma”

Elemento 3: “vez”Elemento 4: “uma”

O formador deve integrar esta experiência realçando a importância de se trabalhar em conjunto para um objectivo comum, de estar aberto à novidade e conseguir abstrair-se de eventuais ideias que se tinha construído no início sobre a história e de usar a criatividade para construir sobre uma evolução inesperada. (in Bedore, 2004)

Elemento 5: “pessoa”Elemento 6: “que”

Elemento 7: “necessitava”…

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51UNIDADE 03 |

DESENVOLVE A IDEIA

SESSÃO

06

informação p/o técnico

Exercitar a capacidade de comunicação acerca do seu projecto, dos benefícios que ele oferece e da diferenciação que o caracteriza, face a outros similares.

OBJECTIVOS

O grupo teve uma ideia - propõe-se que descubra ago-ra como consegue inovar, diferenciando essa ideia de outras soluções que já existam para objectivos seme-lhantes.

Começa a estudar o que é que é necessário para a tua ideia funcionar:

Vê em detalhe como é que funcionam outros que fazem o mesmo. Por exemplo, se queres fazer um ginásio: vai à internet ou vai a outros ginásios, como se fosses um cliente qualquer, e procura saber condições, o que é que eles oferecem, o que é que as pessoas procuram e o que é que gostavam de ter.

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

> criatividade

> relacionamento interpessoal

> resistir a preconceitos acerca do que as outras pes-

soas pensam ou gostam

> articular e apresentar uma ideia

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 6

0h00 – 0h15actividade: faz sanduíches inovadoras

0h15 – 0h30actividade: expõe a tua ideia aos outros (enquanto comes as sanduíches)

0h30 – 0h45Pesquisa na internet: o que é que outros já fazem, o que é possível acrescentar, por analogia com outros produtos

0h45 – 1h15Brainstorming: como é que podes fazer melhor?

1h15 – 1h30Actividade DICA: revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais: treinar a apresentação e explicação do projecto a outras pessoas para a entrevista (transmitir com entusiasmo e clareza os objectivos, em pouco tempo, e passar a ouvir).

1h30Súmula da Reunião

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52 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

ACTIVIDADE

11 FAZ SANDUÍCHES INOVADORAS

Para celebrar o final da unidade 3 o grupo pode fazer um lanche com sanduíches inovadoras: a partir de ingredientes iguais (pão de forma, tomate, alface, pasta de atum, queijo) em grupos de 2 elementos (um pode tratar das ideias e outro da execução – usando luvas descartáveis por causa da ASAE!!; não são necessariamente elementos do mesmo grupo de projecto de-finidos na sessão anterior). Os participantes fazem uma sanduíche o mais original possível com atenção aos ingredientes, ao aspecto, ao nome, à finalidade (pode ser comida de pé ou precisa de faca e garfo?). Pode haver votação para a sanduíche mais apetecível e a sanduíche menos apetecível (se estiverem ultrapassadas as susceptibilidades)

SESSÃO

06

ACTIVIDADE

12 EXPÕE A TUA IDEIA AOS OUTROS (enquanto comes as sanduíches)

Cada sub-grupo deve apresentar aos restantes elementos o seu projecto/ideia.Para isso sugere-se um formato próprio:

1. Começa por dizer quem são as pessoas que têm o problema (p.ex. pessoas da comunidade que chegam cansados a casa, já tarde); 2. Qual o problema (e que não têm tempo nem dinheiro para irem a um ginásio noutro lado, mas querem fazer exercício, porque estão com peso a mais);

3. Qual a solução (o grupo propõe-se explorar um ginásio que oferece isto e aquilo, fica aqui ao lado e só custa x por mês)

A vantagem de seguir esta estrutura é que ajuda a clarificar o problema e te vai ajudar a listar o que ainda não sabes e precisas de saber para perceber se a ideia é de facto boa. O formador pode dar algum tempo e uma ficha com os 3 pontos acima, para que possam alinhar as ideias e tomar notas. Cada elemento do grupo deve copiar para o seu manual (ou colar) a ficha.

U3 (4)

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53UNIDADE 03 |

ACTIVIDADE

13 BRAINSTORMING: COMO É QUE PODES FAZER MELHOR?

Acabar com uma ficha de diferenciação: Quais são as soluções que estas pessoas têm? O que é que os outros oferecem a quem tem este problema? Em que é que a nossa solução vai ser melhor?

Faz uma ficha ou um desenho para explicar as diferenças. Acrescenta à listagem da actividade anterior um ponto

4. Em que é que a nossa solução é diferente e melhor?

Nesta reunião de grupo devem ficar definidas e começar a ser praticadas funções em cada grupo, de acordo com as competências pessoais: pelo menos um tem de ser responsável por registar e distribuir aos outros as observações e as tarefas; outro tem de lembrar as tarefas e manter os contactos; outro pode fazer pesquisas…

DICAACTIVIDADE ENTREVISTA PESSOAS INFLUENTES

para desenvolver durante a semana

Retoma também a lista de pessoas influentes na comunidade (sessão 1) e junta-lhe as 3 pessoas com mais experiência em trabalhar a atender outras pessoas. Vê de entre essas pessoas a quem podes perguntar coisas sobre a tua ideia.

Repara que as pessoas desta lista te podem responder a muitas questões sobre muitas outras ideias; e podem-te indicar nomes de outras pessoas que te podem responder a mais questões. Lembra-te disso: uma rede de conhecimento de pessoas que te possam responder a questões (ou que saibam quem pode) tem um valor enorme; muitas oportunidades perdem-se por falta de informação; essas pessoas podem lembrar-se de ti para um trabalho, podem-te indicar o teu nome a alguém que precise de ti. Marca um encontro com elas, explica-lhes que estás a fazer este trabalho no Escolhas e pergunta-lhes a opinião sobre a ideia que o teu grupo teve.

Não precisas de contar tudo se tens medo que copiem a ideia!

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: Making it better (Marketing Mgt-Product_Service Creation-Making it Better-ENMvIII.1)Ent Processes-Actualization-Gazing into the Future-ENMvII. Ent%20Processes-Concept%20Development-It’s%20All%20About%20Dreams-ENMvIII.2

U3 (pág. 6)

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54 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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55

Experiência de mãos à obraSESSÃO 7

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

FAZ O TESTE

À TUA IDEIA!

É esta a ideia que vai revolucionar a comunidade?!SESSÃO 8

unidade

04

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56 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

EXPERIÊNCIA DE MÃOS À OBRASESSÃO

07

informação p/o técnico

> Identificar processos-chave da concretização de uma ideia

> Ganhar experiência prática por observação e realização

OBJECTIVOS

De boas ideias está o mundo cheio! Só se sabe se são boas ou más ideias aquelas que se procura pôr na prática… Algumas ideias nem são realizáveis!Vamos ver se a tua/vossa ideia pode ser posta na prática ou não…Para isso precisamos de analisar qual a activi-dade central no projecto:

EXEMPLO 1:

Um grupo teve a ideia de enviar roupas e livros para uma população carenciada numa região pobre.

Aparentemente, o problema maior do projecto é recolher os livros e as roupas e conseguir um transporte para essa região. Mas o problema mais difícil é o que acontece depois: Para que o projecto tenha os resultados que se pretendia, é preciso que os livros sejam distribuídos a quem os queira ler, as roupas a quem elas possam servir. Quem é que conhece as pessoas lá, quem é que consegue saber que tipos de livros e que tamanhos de roupas enviar?

EXEMPLO 2:

Um grupo teve a ideia de abrir um ginásio na comunidade, para os moradores poderem comodamente desfrutar de um serviço que só existia fora da zona e demasiado caro.

Aparentemente, o problema maior do projecto é conseguir um espaço com a área adequada e arranjar forma de pagar o preço dos equipamentos. Mas só aparentemente! Parece o mais difícil porque é aquilo que requer… dinheiro. Mas na realidade esse não é um problema, porque se resolve facilmente se houver dinheiro. O problema é o que vem depois, e que o dinheiro não pode resolver: os clientes. Se os utilizadores não vierem, foi dinheiro deitado fora, tempo e energia gastos a fazer uma coisa que não serviu!A questão mais sensível é portanto como é que se arranjam e mantêm os clientes, como é que a equipa do ginásio se relaciona com os seus clientes: é saber que tipo de equipamento eles querem utilizar, em que horários, em que condições, com que tipo de contratualização (mensal? com pacotes de senhas? …)

Isto levanta muitas questões. Por exemplo:

> Onde deve ficar localizado o ginásio?

> Que máquinas deve ter?

> Que outros serviços deve proporcionar?

> O que é que se fornece mais às pessoas? Balneários? Toalhas? Vestiários?

> Em que horários deve funcionar? Se tiver que ficar aberto à noite, quem é que fica lá a atender os clientes?

> Quais os preços que as pessoas estão dispostas a pagar? Adiantado ou no final do mês? Leva-se dinheiro por cada coisa a mais?

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

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57UNIDADE 04 |

> Utiliza-se senhas ou cartão de sócio? Como é que se regista o cartão de sócio? Como é que se tratam as pessoas que perderam o cartão e insistem que tu sabes muito bem que são sócios e têm a mensalidade em dia?

> E os fornecedores? Quem faz a manutenção das máquinas? Quem limpa, quantas vezes ao dia?

COMO OBTER AS RESPOSTAS A ESTAS PERGUNTAS?

1. Perguntar aos futuros utilizadores o que é que eles gostariam de ter!Bem, se o problema é saber o que as pessoas querem, o remédio é ir perguntar-lhes pessoalmente. Onde, como e quando querem o ginásio. Mas é preciso fazer perguntas bem pensadas e ouvir tudo - e não apenas o que queremos ouvir (falaremos sobre isso para a próxima sessão).

2. Observar o que outros fazem (para fazer ainda melhor)!Ajudava muito que tivesses trabalhado noutro ginásio, para saberes o tipo de problemas que surgem. Dizem os espe-cialistas que os empreendedores que tiveram já experiência pessoal na mesma actividade têm maior probabilidade de sucesso.

A melhor maneira é ver como outras lojas com serviços semelhantes tratam os clientes. Se não conheces um ginásio, talvez haja outra loja da zona onde as mesmas pessoas vão e onde há o mesmo tipo de problemas…mesmo num restau-rante ou uma mercearia, podes observar os problemas que as pessoas põem…O ideal era que o dono desse restaurante ou mercearia te desse licença para estares lá durante uma manhã a aprender como ele trata os clientes. E também podias ajudar em alguma coisa, só para o dono não se importar de estares lá….Se num grupo um de vós ganhar uma manhã de experiência no restaurante, outro na lavandaria, outro na mercearia, podem crer que nessa mesma manhã juntaram um monte de informação nova sobre o que as pessoas querem quando lá vão, que tipo se situações surgem, como é que são bem resolvidas e como é que são mal resolvidas…

CONCLUINDO…

IDEIA!É uma boa ou má ideia?

PERGUNTA!(aos futuros utilizadores o que é que eles precisam)

OUVE!(tudo)

OBSERVA…(o que os outros fazem)

…PARA VER SE CONSEGUES PÔR A IDEIA EM PRÁTICA E FAZER MELHOR!

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58 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

> Pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso, analogia)

> Relacionamento interpessoal

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 7

0h00 – 0h15Feedback e integração da entrevista a pessoas influentes sobre as ideias geradas

0h15 – 0h45Actividade: Brainstorming sobre actividades semelhantes

0h45 – 1h00Dinâmica do Emaranhado

1h00 – 1h15Actividade: Brainstorming sobre actividades semelhantes – 2ª parte

1h15 – 1h30revisão da actividade DICA Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (se houver tempo)

1h30Súmula da Reunião

SESSÃO

07

ACTIVIDADE

14FEEDBACK E INTEGRAÇÃO DA ENTREVISTA A PESSOAS INFLUENTES SOBRE AS IDEIAS GERADAS

Podem ser dadas algumas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback. Por exemplo:

> Como te sentiste enquanto entrevistador?> O que te surpreendeu mais?> Alguma coisa te desiludiu?> Ficaste convencido com as razões que te deram para achar boa ou má a ideia?> O que te arrependes de não ter perguntado?…

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59UNIDADE 04 |

ACTIVIDADE

15 BRAINSTORMING SOBRE ACTIVIDADES SEMELHANTES

Os formandos serão orientados a….

> Pensar na sua ideia

> Tentar perceber o que é realmente o maior problema da ideia do grupo, conforme os exemplos acima: quem é que conhece as populações carenciadas (exemplo 1) ou o que é que os clientes de um ginásio procuram realmente (exemplo 2)

> Escrever quais são, por ordem de dificuldade, os problemas maiores para pôr em prática a ideia do grupo

> Descobrir situações (preferencialmente da sua zona) em que haja problemas semelhantes: seguindo ainda os exemplos acima, poderiam perguntar-se quem é que conhece as pessoas carenciadas na sua zona (exemplo 1) ou onde é que há uma loja que tenha clientes como os de um ginásio (exemplo 2)

> Identificar as instituições/estabelecimentos onde existem problemas/experiências semelhantes

o formador pode ter já feito uma listagem de instituições/estabelecimentos na zona em que considere ser possível fazer a experiência de observação do trabalho

> Avaliar se podem ir lá falar com as pessoas que lidam com esse tipo de problemas e observar como é que fazem

A partir das actividades listadas, os formandos deverão:

> Identificar a pessoa a quem se devem dirigir na instituição que querem observar (se não conhecem ninguém pedem ajuda ao técnico e tentam identificar alguém que conheça lá alguém)

> Escolhem entre si quem vai pedir autorização para ficar uma manhã/tarde nesse sítio (se preciso o técnico vai também explicar o objectivo do trabalho)

> Listar quais os aspectos a observar

> Escrever quais as questões a perguntar ao dono ou encarregado dessa actividade, se no período de observação houver pouco movimento

> Preparar uma ficha para registar as observações; quem regista?Combinar uma reunião com o técnico para partilhar observações

U4 (3)

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60 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

> Faz-se um círculo de mãos dadas com todos os participantes.

> O formador pede que cada formando memorize a pessoa a quem deu a mão direita e a mão esquerda.

> Em seguida pede que todos larguem as mãos e caminhem aleato-riamente, passando uns pelos outros olhando nos olhos (para que se despreocupem com a posição original em que se encontravam).

> Ao sinal, o formador pede que todos se juntem no centro do cír-culo, “bem apertadinhos”, e que se mantenham nesta posição como estátuas.

> Em seguida, pede que dêem as mãos às respectivas pessoas que estavam de mãos dadas anteriormente (sem sair do lugar).

> Posteriormente, o formador pede para que todos, juntos, tentem abrir a roda. Podem pular, passar por baixo, girar…

> O efeito é que todos, juntos, vão tentar fazer o melhor para que esta roda fique totalmente aberta.

DINÂMICA EMARANHADO

SESSÃO

07

NOTAS:No final, pode ser que alguém fique de costas (o que não tem problema).

Esta dinâmica procura desenvolver a capacidade de improviso, dinamismo, paciência e liderança dos integrantes do grupo.

EXPERIÊNCIA DE MÃOS À OBRA

Em inglês chama-se a isto job shadowing, literalmente fazer sombra do trabalho: ou seja, acompanhas como uma sombra o que faz a pessoa que estás a observar… procuras entender com que situações é que se depara, porque é que ela faz as coisas… tomas nota como faz… o que diz…

Lembra-te: ninguém gosta de se sentir observado. Tens de explicar que não estás ali para julgar ou enganar aquela pessoa (muito menos para lhe tirar alguma coisa!). Estás ali apenas para aprender com ela. Pede-lhe explicações se e quando ela tiver paciência para tas dar; e se puderes ser prestável, ajuda.

Não tenhas medo de ajudar e meter mãos à obra: não há nada como boa vontade da tua parte para gerar boa vontade da pessoa com quem estás a aprender. Não há nada como fazeres uma tarefa para perceberes se é difícil ou fácil, se demora muito ou pouco tempo, se a consegues fazer ou até melhorar! Se não houver riscos pessoais ou de danificar alguma coisa, pede autorização para executares uma tarefa de cada tipo, sob supervisão de quem as executa normalmente. Pede que te corrijam se não tiveres feito bem. É a melhor maneira de aprenderes!

DICAACTIVIDADE

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61UNIDADE 04 |

É ESTA A IDEIA QUE VAI REVOLUCIONAR A COMUNIDADE?!

SESSÃO

08

informação p/o técnico

> Rever o valor da ideia em função da experiência de observação

> Avaliar a exequibilidade e capacidade de execução

> Estimular a capacidade de análise do risco

OBJECTIVOS

Agora tens uma ideia, propões-te fazer a diferença num aspecto que achas importante, e já sabes o que precisas para a pôr em prática!Então chegou a altura de ires perguntar às pessoas se de facto o que pretendes oferecer tem valor para elas! Não custa nada, e podes crer que é a informação mais valiosa para um empreendedor.

Mas é muito importante que prepares esse momento!

1. Lembra-te: queres uma informação que te ajude a validar a ideia; não basta uma opinião qualquer!

O que pretendes não é que te digam se gostam da tua ideia ou não, mas sim se a vão utilizar e quantas vezes. Por isso, tens de colocar as questões a pessoas que estejam em situação de poder utilizar o que propões, que possam realmente beneficiar do que tu propões.

Tens de perguntar também a quem vai tomar a decisão de usar ou não o que tu propões (exemplo: se fores propor uma actividade para crianças pequenas, tens de perguntar também as opiniões dos pais).

Começa por fazer uma lista das pessoas que poderiam estar interessadas em utilizar o que propões. Pensa em nomes… depois pensa porque razão é que essas pessoas poderiam utilizar o que propões… e hás-de lembrar-te de muitas mais pessoas na mesma situação!

Conclusão: Se um grupo tiver 3 elementos e cada elemento do grupo interrogar durante a semana 10 pessoas diferentes, ao fim da semana têm 30 respostas, o que é muito bom!

2. Escolhe um bom momento! Aproveita o momento!

Se queres que as pessoas te dêem 2 ou 3 minutos do seu tempo para responder a questões que para ti são muito importantes, tens de:

> Ser bem-educado

> Aproveitar uma ocasião em que estejam disponíveis (e não quando vão a correr para apanhar o autocarro).

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

Page 63: Uma Escolha de Futuro. Empreendedorismo e capacitação dos ...

62 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

08E não lhes tomar muito tempo!

> Explicar para que é que queres fazer aquelas perguntas (podes explicar que estás a fazer um projecto no Escolhas)

> Ser persistente! Como em tudo no empreendedorismo, é preciso persistência. Pode ser que te digam que naquela altura não têm tempo. Explica que é muito importante saber a opinião delas e pergunta se podes vir noutra altura.

3. Tens de levar as questões preparadas!

Quando estiveres com um potencial cliente (utilizador):

a. Numa frase ou duas explica do que trata a ideia.

ATENÇÃO:

Não vais falar com eles para “vender” a tua ideia. Se fores demasiado persuasivo, insistente, as pessoas podem dizer que sim só para se verem livres de ti, ou porque lhes estás a prometer demasiado. O que tu queres é uma informação real da utilidade que os teus potenciais clientes vêem na tua ideia: tens de a apresentar claramente, dizer o que faz e o que não faz, e tentar perceber em que condições é que as pessoas utilizariam a tua ideia.

b. A seguir, coloca 3 ou 4 questões que te permitam chegar ao que te importa mesmo saber. Escreve as questões de modo a que as pessoas possam responder quase só com sim ou não, ou com um número (por exemplo: quantas vezes por semana é que iria ao ginásio, a que horas, fazer que tipo de exercícios).

c. Aponta as respostas, sempre.No final do dia já não te vais lembrar do que as pessoas disseram; já só terás uma impressão. Por isso, escreve mesmo tudo. E se não perceberes bem a resposta, pergunta o que é que as pessoas querem dizer.A melhor maneira é levar a folha das questões preparada com quadradinhos diante de cada pergunta, para apon-tares ali os sim, os não, os números ou ainda alguma resposta mais complexa mas que te pareceu importante.

EXEMPLO…

Se as pessoas te responderem com interesse, tenta saber mais, por exemplo:

> O que é que elas fazem actualmente para satisfazer as mesmas necessidades?

> O que é que não as satisfaz (não é só o dinheiro que custa; o tempo e o incómodo também!)?

> A que diferença é que elas dariam mais valor?

NOTA:

Procura registar se as pessoas perceberam o que é que lhes propunhas, se a resposta foi quente, morna ou fria ou se não conseguiste sequer expor a ideia. Se depois de 2 ou 3 entrevistas achas que as pessoas não estão a entender a ideia, junta-te com o grupo de novo e pensa se é necessário explicar a ideia de outro modo.

QUANTAS VEZES POR SEMANA É QUE IRIA AO NOSSO GINÁSIO?

NUNCA 1 2 3 OUTRARESPOSTA

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63UNIDADE 04 |

4. Agradece e abre caminhos!

No fim agradece e não te esqueças de perguntar duas coisas:

> 1. Se gostariam que lhes desses mais informação se o projecto sempre for para a frente;

> 2. Se conhecem mais alguém que pudesse estar interessado no que propões, e se te dão o contacto para lhes ires colocar as mesmas questões. Caso não se sintam confortáveis em dar o contacto agradece na mesma.

> Pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso)> Relacionamento interpessoal

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 8

0h00 – 0h30Feedback e integração do Job Shadowing

0h30 – 0h45descreve o tipo de pessoas que poderiam ser “clientes” da ideia do grupo (cada um escreve alguns nomes, em grupo tentam lembrar-se de mais pessoas)

0h45 – 1h00Actividade de “descontracção”

1h00 – 1h20Escreve as questões e prepara a folha!

1h20 – 1h30revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (se houver tempo)

1h30Súmula da Reunião

ACTIVIDADE

16 FEEDBACK E INTEGRAÇÃO DO JOB SHADOWING

Mais uma vez, devem ser dadas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback.Por exemplo:

> Conseguiste ser sombra?> O que te surpreendeu mais?> O que te desiludiu mais?> O que foi mais difícil?> Imaginas-te a realizar aquele tipo de trabalho? Porquê?> Colaboraste activamente em alguma actividade?> Como te sentiste a lidar com clientes?> O que aprendeste?> …

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64 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

08

ACTIVIDADE

17 DESCONTRACÇÃO

Pede-se a três voluntários que saiam da sala.

Chama-se um voluntário, dá-se-lhe um marcador e pede-se-lhe para que comece a desenhar qualquer coisa numa cartolina, indicando-lhe uma parte: em baixo, em cima, ao meio. Quando este acabar tapa-se o desenho com papel de jornal deixando apenas descobertas algumas linhas. Entra a segunda pessoa que continua a partir dali o seu desenho, seguindo-se a terceira que repete o procedimento anterior. Descobre-se o desenho resultante dos três.

A discussão parte de não ter existido qualquer comunicação para realizar o desenho co-lectivo, reconhecendo a importância de trabalhar em conjunto tendo um acordo prévio para alcançar objectivos comuns.

Com esta actividade o jovem irá compreender a importância de comunicar com os elementos da sua equipa e traçar objectivos comuns a cumprir de forma a garantir a mesma orientação das acções de todos os elementos.

ESTABELECE E CULTIVA CONTACTOS COM POTENCIAIS CLIENTES

Durante a semana, ao fazer as entrevistas conforme o questionário desenvolvido, os formandos devem lembrar-se que estão a conhecer pessoas que alargam a sua “rede social” de conhecimentos. Para além de estarem atentos às respostas, devem procurar conhecer outras necessidades das pessoas que entrevistam (talvez retirem ideias para outros projectos!) e tomar atenção às redes sociais dessas pessoas: uma pode conhecer alguém que trabalha em determinado sector, outra pode conhecer alguém que estivesse interes-sado em alguma coisa parecida, outra ainda pode estar interessada em participar num projecto desse tipo e pode trazer experiência ou alguma competência importante.

Devem ter em atenção os passos ensaiados na actividade da semana anterior: cortesia, explicação clara do objectivo do contacto, disponibilidade para voltar a falar em altura oportuna, capacidade de ouvir e não de “impingir” a ideia.

DICAACTIVIDADE

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65UNIDADE 04 |

NOTAS&

IDEIAS

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66 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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67

Faz um mapa de viagem para o teu projectoSESSÃO 9

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

VAMOS LÁ PASSAR

À PRÁTICA

Comunica o teu projectoSESSÃO 10

Equipa, Parcerias & NegociaçãoSESSÃO 11

Financiamento & coisas legaisSESSÃO 12

CredibilidadeSESSÃO 13

unidade

05

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68 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

FAZ UM MAPA DE VIAGEM PARA O TEU PROJECTO

SESSÃO

09

informação p/o técnico

> Desenvolver capacidade de planeamento, de previsão e prevenção de problemas

> Identificação do que são riscos e do que é apenas falta de informação disponível

> Detectar necessidades de informação e de competências complementares.

NOTA AO TÉCNICO: Pressupõe-se que a unidade 5 só é iniciada se houver algumas ideias exequíveis e grupos com motivação para as executar (mesmo que mais à frente verifiquem que não é possível). O técnico deverá ter verificado previamente se os grupos fizeram a actividade DICA

de recolha de informação dos potenciais clientes com resultados encorajadores.

OBJECTIVOS

Já se disse que inovar é como descobrir um novo caminho, por exemplo como fazer uma escalada para atingir o cimo de um monte.

À primeira vista pode-te parecer que, para chegar ao cimo, basta ir a direito (seta a cheio). Mas se amplia-res um pouco a imagem, começas a perceber que há obstáculos impraticáveis. E, se tiveres experiência ou tiveres mostrado a imagem a outro que tenha experiência de alpinismo, de certeza que reconhece os obstáculos e te dá dicas sobre como proceder (percurso tracejado).

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

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69UNIDADE 05 |

Podes pensar: oh, assim é muito complicado, demora muito mais. Claro! Ser empreendedor não é para qualquer um. Se fosse fácil, qualquer um era. Mas tu já tens muita informação: durante este projecto escolheste o objectivo e já identificaste e pediste a opinião de gente experiente. Agora vamos preparar ao detalhe a subida, para que tenha êxito, para teres a certeza que levas tudo o que precisas para chegar lá a cima.

> Primeiro faz uma listagem do que precisas para pôr a ideia a funcionar (instalações, equipamento, pessoas, etc.);

por exemplo, se o teu projecto é oferecer um serviço de tomar conta de cães, poderás até não necessitar de instalações, mas há com certeza outras necessidades:> equipamentos (trelas ou açaimes? se chover, como é que fazes?)> outros serviços complementares (será que as pessoas querem que dês banho aos animais? tens lugar para isso? e se quiserem que tu leves os cães à vacina? conheces algum veterinário? onde levas os boletins de vacinas, de modo a que não se estraguem nem se percam?)> …> quem é que se vai ocupar disto?

> Noutra folha lista o que é necessário para comunicares a tua ideia/serviço às outras pessoas (vais falar numa reunião, vais falar porta a porta, vais ter de falar por telefone, vais ter de enfiar um folheto pela caixa do correio?);

Retomando o exemplo do serviço de tomar conta de animais domésticos, como é que informas as pessoas que ofereces esse serviço?> cartões de visita nas caixas de correio? conversa porta a porta? conversa com as pessoas que estão a passear os cães?> …> tudo isso é simples, mas vai-te ocupar tempo; quem é que se vai ocupar disto?

> Noutra folha lista o que vais consumir de cada vez que fazes um serviço/entregas um produto (quanto é que custa o que tu entregas); (aproveita o desenho do produto/serviço que fizeste na sessão 6, pensa em embalagem e instruções:

> onde compras os champôs? quanto tens de levar por um banho? quanto custam as vacinas e quanto é que podes cobrar pelo serviço? e as pessoas pagam adiantado ou quando lhes entregas os boletins carimbados?> se tiveres de fazer um transporte ou uma chamada, quanto é que isso custa?> …> já agora, acrescenta quanto tempo é que leva o serviço e quantas pessoas ocupa…> és capaz de fazer uma tabela com os custos dos diferentes serviços? quem é que se vai ocupar disto?

Em cada uma das 3 folhas, acrescenta para cada ponto quem te pode fornecer as informações necessá-rias sobre onde e como arranjar tudo o que precisas (catálogos, internet, lojas, pessoas).

Tenta perceber quanto custa cada uma das coisas que precisas. Os custos são importantes. Quanto é que custa a tua ideia? Quanto é que alguém tem de pagar para que possas fornecer esse serviço/produto? E para o melhorar? E para tornares isso a tua profissão e tirares um ordenado?

Tenta perceber quanto tempo é necessário até que esteja tudo disponível e a funcionar (imagina que ti-nhas começado a escalada e depois tinhas de passar uma noite encavalitado nuns penedos ao frio, porque te faltava uma corda que só chegava no dia seguinte…)

U5 (3)

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70 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

09

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 9

0h00 – 0h30Integração entrevistas aos clientes (em conjunto)

0h30 – 0h45Dinâmica da ilha deserta

0h45 – 0h55Metáfora da escalada; imagens da montanha e dos materiais

0h55 – 1h20Actividade: listagens, pesquisa na internet

1h20 – 1h30Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (se houver tempo)

1h30Súmula da Reunião

ACTIVIDADE

18

Podem ser dadas algumas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback. Por exemplo:

> Como te sentiste enquanto entrevistador?> O que te surpreendeu mais?> Alguma coisa te desiludiu?> O que ficaste a perceber sobre o que os clientes querem/valorizam num produto como o teu?> O que ficaste a perceber relativamente às principais dificuldades/obstáculos com que o teu produto se vai confrontar?> O que te arrependes de não ter perguntado?> …

INTEGRAÇÃO DAS ENTREVISTAS AOS CLIENTES

> criatividade > relacionamento interpessoal > controlo do riscos> articular e apresentar uma ideia

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

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71UNIDADE 05 |

O formador distribui uma folha de papel e um lápis a cada participante, e dá a seguinte instrução:

“Cada um de vocês foi escolhido para um programa de exploração espacial. Como primeiro teste do programa, deverão ficar numa ILHA DESERTA, e poderão levar APENAS 5 coisas. Enumera-as por ordem de importância. Tens só 3 minutos para escolheres o que levar.”

Após 3 minutos solicita-se ao grupo que se organize em subgrupos no mínimo 3 pessoas, e o formador dá a seguinte instrução:

“Agora deverão preparar-se para uma nova viagem. Ficarão 6 meses aproximadamente, numa outra ilha também deserta. Cada grupo só pode levar 5 coisas. Procurem trabalhar em consenso para escolher essas coisas e enumerem-nas em ordem de importância para o grupo. Terão 5 minutos para isso”.

Após 5 minutos será feito novamente um grupo único e agora TODOS deverão chegar a um consenso escolhendo os 5 objectos a serem levados, baseando-se ou não nas duas listas anteriores. O formador dará 5 minutos para a realização dessa etapa.

O formador deve promover a integração desta actividade reflectindo com os jovens:

> A necessidade de fazer escolhas> A dificuldade em fazer escolhas – porque cada escolha implica abdicar de uma alternativa> A importância de fazer escolhas que correspondam a um projecto de vida> A dificuldade em fazer cedências às ideias dos outros e o enriquecimento/melhoria po-tencial que essas cedências também podem representar para um projecto comum> As pontes com os projectos de empreendedorismo: a necessidade de fazermos esco-lhas das ideias a perseguir, a necessidade de abdicar de outras coisas para termos tempo para estas, dar prioridade a levarmos connosco o que realmente é importante para que tenhamos êxito, e não aquilo a que estamos habituados…

Um par de sapatos e uma corda podem ser mais importantes na escalada do que uns óculos de sol e um MP3; estes são agradáveis, mas se não houver lugar/tempo para tudo, como é que optamos…

DINÂMICA ILHA DESERTA

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72 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

COMUNICA O TEU PROJECTOSESSÃO

10

informação p/o técnico

> Desenvolver a capacidade de comunicação de uma ideia

> Apresentar propostas com entusiasmo e persuasão

> Valorizar as redes sociais

NOTA PRÉVIA: Nesta sessão, depois de preparada e comentada a comunicação do projecto (elevator pitch), o formador anuncia que os grupos farão essa apresentação às pessoas influentes da comunidade (instituições, Junta de Freguesia, etc.). Deve ser entendido como uma oportunidade única. Para o efeito o formador deverá ter previamente procurado verificar essa disponibilidade e agendar as apresentações.

OBJECTIVOS

Os grupos tiveram uma ideia, validaram junto de po-tenciais utilizadores que a ideia era útil e planearam o que era necessário fazer para pôr a ideia em prática. Provavelmente não disporão de tudo o que é necessá-rio para isso: faltam-lhes materiais, dinheiro, compe-tências e, sobretudo, informação.

Com isso estão exactamente na mesma situação que qualquer outro empreendedor. Têm de começar a pen-sar em quem é que pode ajudá-los a obter o que lhes falta, em quê que os pode ajudar e porque razão é que os há-de ajudar.

Há várias razões porque alguém pode querer ajudar. A primeira é que as pessoas, de um modo geral, gostam de ajudar, desde que não estejam sob pressão para fa-zer outra coisa. A maior parte das pessoas gostaria de ajudar jovens empreendedores, que se apresen-tem bem-educados e que querem por de pé um projec-to construtivo, algo de útil. A maior parte das pessoas gosta de partilhar a sua experiência e sente-se com-pensada com um ouvinte interessado e um “obrigado”.

Outra razão importante é o potencial das “redes so-ciais”, a rede de conhecimentos das pessoas. Muitas vezes basta que possas dizer que vais da parte de uma pessoa conhecida para que atendam com muito mais disponibilidade e boa vontade. Durante este projecto fizeste já entrevistas a pessoas que têm experiências diversas. Ganhaste tu próprio uma rede de contactos, pessoas que tu conheces e que já te conhecem. Mesmo que elas não te possam fornecer as informações todas que precisas para este projecto, é natural que conhe-çam outras pessoas que tenham essas informações.

Como funciona a rede social?Tu pedes a essas pessoas que te indiquem outras que eles pensam que sabe alguma coisa acerca do assunto que te interessa; perguntas sempre se podes dizer que vais da parte delas. E as pessoas indicam-te sempre nomes, desde que saibam que és de confiança.

Também na instituição que promove o projecto te po-dem indicar alguém na Junta de Freguesia, nas Finan-ças, numa Associação, na ASAE ou ACT (Autoridade

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

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73UNIDADE 05 |

para as Condições de Trabalho). Quando chegares junto desses e disseres o nome de quem te enviou lá, mes-mo que seja apenas um conhecimento de ocasião e não uma grande amizade, as pessoas ficam mais disponíveis para te ouvir. Podes e deves referenciar o Escolhas.

As pessoas só não te atendem se lhes fizeres pen-sar que as estás a fazer perder tempo ou a enganar. Tu próprio terás experiência disso, quando te abordam com histórias muito complicadas, que não levam a lado nenhum. Portanto, a tua história tem de ser facilmente compreensível e as pessoas têm de compreender que a ajuda que estás a pedir não passa por “uma moedinha”.

O teu objectivo é pois saber contar a história do teu projecto com os detalhes necessários, com verdade e com entusiasmo.

DUAS NOTAS:Se a única coisa que não podes pedir é dinheiro, onde é que vais arranjá-lo? Veremos isso noutra sessão, porque há sítios adequados para isso. Também aí vais ter de contar a tua ideia de forma clara, para as pessoas compreenderem que faz sentido e que merece ser apoiada.Mais uma vez, não interessam palpites nem “conversa fiada”, mas informações válidas e que te façam progredir no teu projecto. O grupo tem de pensar primeiro em quem pode dar informações. Seguidamente tem de pensar que informações quer obter e não esperar que as pessoas façam o projecto pelo grupo. É em função disso que prepara a comunicação do projecto, de modo a dizer cla-ramente o que pretende e porque razão é que essa pessoa o há-de ajudar. Depois tem de arranjar uma ocasião adequada, ter preparado a entrevista e aproveitar a ocasião.

> criatividade > relacionamento interpessoal > assertividade> articulação e apresentação de uma ideia

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 10

0h00 – 0h30Introdução da importância da comunicação do projecto (enquadramento) e preparação do elevator pitch

0h30 – 0h45Apresentação: filmagem no computador; todos os elementos do grupo devem fazer esta experiência

0h45 – 1h15Visualização no computador e feedback a cada elevator pitch

1h15 – 1h20Marcação da apresentação dos projectos às forças locais

1h15 – 1h30Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (se houver tempo)

1h30Súmula da Reunião

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74 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

10

ACTIVIDADE

19

O elevator pitch é a comunicação eficaz de um projecto num tempo muito curto. Parte de princípio que os ouvintes, sendo influentes mas atarefados, têm frequentemente pouca disponibilidade, porque são abordados muitas vezes para coisas que não lhes interessam ou que não está ao seu alcance resolver. Procura captar a atenção desse ouvinte para que o consigas fazer interessar-se o suficiente para querer saber os detalhes do projecto ou referenciar alguém que possa dar as respostas pretendidas. Frequentemente o elevator pitch é a primeira aborda-gem a um potencial financiador.

O elevator pitch é:

> curto (dois a três minutos no máximo)

> apresentado por uma só pessoa

> começa por rapidamente identificar a pessoa, o objectivo e área de que trata o projecto(ex: sou fulano, estou/estamos a trabalhar num projecto de um ginásio comunitário e gostaria de pedir o seu parecer sobre a melhor maneira de financiar este projecto; ou: sou fulano, estou/estamos a trabalhar num projecto de prestação de cuidados de animais domésticos e gostava de saber se está interessado numa colaboração para vacinação e outros cuidados veterinários aos cães dos nossos clientes…)

> o que o projecto pretende fazer (porque razão é que é bom? resolve que grande problema? Aqui é que tem de levar o interlocutor a pensar que vale a pena ouvir este: “ah, isto foi bem pensado, de facto esse problema existe e a solução que eles dão faz sentido”; “é capaz de ter pernas para andar, esta gente é dinâmica”…); para esta apresentação recorre-se de novo aos 4 pontos já ensaiados na sessão 6:

> Quem são as pessoas que têm o problema > Qual o problema > Qual a solução > Em que é que a nossa solução é diferente e melhor?

Propõe-se que todos treinem o elevator pitch, para aprendizagem e entreajuda. Quando estiver pronto, e for apresentado às pessoas que de facto podem/devem ajudar o projecto, só um (pre-viamente designado) é que fala.

PREPARAR O ELEVATOR PITCH U5 (9)

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75UNIDADE 05 |

ACTIVIDADE

20

O formador deve comentar aspectos positivos e negativos da prestação de cada um dos jovens relativamente a:

> Eficácia na transmissão da sua mensagem (o projecto ficou claro para alguém que nunca tivesse ouvido falar dele? foi claro o que se pretendia do interlocutor? disse o essencial do projecto?)> Adequação da linguagem verbal utilizada> Adequação da linguagem não-verbal utilizada (tom de voz, postura)> Impacto imaginado no receptor da mensagem (entusiasmo pelo ideia, adesão ao que lhe foi pedido)

O feedback do formador deve ser antecedido pela apreciação crítica do próprio jovem em questão (aprofundando a capacidade de auto-consciência e auto-avaliação) e pode ainda ser complementado pelos comentários dos restantes elementos do grupo (no sentido do envolvimento activo de todos os jovens na hetero-avaliação e desenvolvimento dos elementos do grupo).

FEEDBACK AO ELEVATOR PITCH

Que é que eles querem de mim, afinal?

Ah, sabem que tenho experiência nesta área e querem que eu os ajude a falar com…

Mas que é que tenho a ver com isto?

O problema é sério?

Interessa a muita gente Só interessa a poucos

O problema é para durar?

Precisa mesmo de ser resolvido É pontual

O problema dói mesmo a quem o tem?

Está toda a gente ansiosa por uma solução As pessoas passam bem se continuar tudo na mesma

E a solução, é séria?

Resolve tudo Não resolve o essencial

E a solução, é única?

De facto, é uma ideia engraçada, é diferente Ora, já há imensa gente a fazer isto

E este grupo, é capaz de a por a funcionar?

Viram bem a coisa, têm informação interessante, estão entusiasmados e são dinâmicos

Fizeram isto só para se entreter, não trazem nada de novo, não sabem o que fazer

Se no final a balança pesar a nosso favor, é natural que o interlocutor esteja disposto a saber mais e a fazer mais.

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76 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

EQUIPA, PARCERIAS & NEGOCIAÇÃO

SESSÃO

11

informação p/o técnico

> Identificar competências, distribuição de funções

> Negociar o alinhamento de objectivos

> Desenvolver propostas de parcerias

> Desenvolver estratégias de partilha e ganhos mútuos

OBJECTIVOS

É frequente ouvir dizer que um aspecto fundamental num projecto é a qualidade da equipa que o vai pôr em prática. Nas sessões iniciais já se falou do contributo de cada um para a equipa. É importante que cada um assuma, cada vez mais, as funções necessárias para por o projecto em prática e verificar se a equipa tem as competências todas ou precisa de mais alguma.

Competências1. É muito frequente que a equipa não tenha as com-petências todas. Algumas dessas competências são comuns a qualquer projecto e podes subcontratá-las.

Por exemplo, é provável que no grupo ninguém saiba nada de contabilidade. Como isso é uma função que é comum a todas as instituições ou empresas, pode ser assegurada por um gabinete de contabilidade, ao qual se terá de pagar o serviço.

Todas as competências que não são diferenciadoras (que não contribuem para aquilo de novo e único que o projecto oferece) podem e devem ser subcontratadas.Pensa antes nas funções chave do teu projecto, aque-las que são essenciais ao projecto. Quais das funções é que o grupo pode assegurar e quais é que não pode?

Por exemplo, se queres abrir uma oficina de reparação de electrodomésticos, é essencial que alguém saiba se um aparelho tem conserto ou não. (Provavelmente também não tinhas tido essa ideia se já não tivesses conhecimentos de reparações, ou não conhecesses alguém que tem.)

Mas se esta competência é essencial ao teu projecto e é importante reforçá-la com alguém que saiba mais, o grupo tem duas hipóteses: ou convida essa pessoa para fazer parte do grupo (para ser “sócio” do projecto) ou procura fazer uma parceria com essa pessoa. Uma parceria é um acordo prévio, relativo a uma cola-boração, e que te permite melhorar o produto/serviço que ofereces aos teus clientes.

Por exemplo, no projecto de serviços de cuidados a animais domésticos foi referido um veterinário, como uma hipótese de acrescentar valor e diferenciação. Neste caso poderás recorrer simplesmente a um qualquer, mas arriscas-te a que naquele dia não possa atender e pagas os preços de tabela. Se for importante para a novidade e diferenciação que propões garantir que o veterinário te atende sempre e que tenhas bons preços, podes tentar fazer uma parceria com um veterinário que te garanta essas condições.

2. Ao verificares as competências que o projecto tem de ter e comparares com aquelas que o grupo assegu-ra, podes chegar à conclusão que no grupo há duplica-ção de competências; ou seja, faltam algumas e há a mais de outras (dois ou mais elementos só iriam fazer a mesma). Nestes casos o grupo tem de pensar muito bem se vai haver trabalho para todos (por exemplo tra-balhando por turnos, ou um numa cidade/zona e outro noutra) ou se o que vai acontecer é que uns vão acabar por fazer nada e os outros tudo, ou ainda se vão desen-

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

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77UNIDADE 05 |

tender-se porque começam dois a fazer a mesma coisa.Se o grupo verificar que há pessoas a mais a fazer o mesmo, deve pensar seriamente em seguir vias separa-das. Nada impede que um grupo de amigos se continue a encontrar, mas seria um mau serviço, uns aos outros, se insistissem em fazer uma coisa que vai gerar desen-tendimentos e inviabilizar o projecto.

NegociaçãoSempre que é necessário tomar opções que envolvem outras pessoas é importante saber negociar.Algumas pessoas pensam que a negociação é a arte de enganar o outro. Na realidade, a negociação é a arte de acordar uma solução que interesse às duas partes. Chama-se a isso uma solução win-win, ou de ganhos mútuos. Quando as duas partes têm a ganhar, vão as duas dar o seu melhor para que o acordo funcione.Para isso é necessário compreender os interesses das duas partes e discutir francamente, com assertividade e imaginação, todas as hipóteses que possam interessar, até encontrar a que melhor serve as duas partes.

Retomando o exemplo do veterinário:Podes explicar o teu projecto e o que é importante para ti (um veterinário certificado, preços abaixo da tabela, serviço garantido no horário) e o que lhe podes oferecer em troca (trazes-lhe x animais por mês, que de outro modo não seriam provavelmente clientes dele). Mas deixa que ele te diga o que é que ele te pode oferecer (pode ser que te dê mais ideias do que possa interessar aos teus clientes). Tenta perceber em que é que lhe podes ser útil e ele a ti.

Para negociar:

> Pensa primeiro nos objectivos da negociação: escreve o que é realmente importante para ti.

> Prepara-te, reunindo toda a informação que possas sobre o assunto, e deixando que o outro se prepare também.

> Põe-te primeiro na pele do outro e tenta perceber o que é importante para ele. Ouve com atenção como é que ele fun-ciona e em que é que lhe podes facilitar ou complicar a vida.

> Diz-lhe também claramente o que é que te facilita e complica a ti a vida.

> Explora outras possibilidades, e ouve as alternativas que a outra parte ponha (e se fizermos antes assim…)

> Confirma com a outra parte tudo o que vais entendendo.

> Ao longo de todo o processo procura não ter preconceitos (sobre o que o outro quer, sobre o que lhe interessa, sobre as intenções dele) respeitar a outra parte e manter um clima de cordialidade, mesmo quando estão a sublinhar diferenças que parecem insolúveis. Não se trata de satisfazer o teu ego, mas de encontrar uma boa solução.

> Só depois de exploradas as possibilidade é que se procura chegar a um acordo. Podes começar pelo “encontro a meio caminho”, sublinhando bem as vantagens que estás a ofere-cer.

> Não te esqueças de escrever os detalhes (como é que se põe na prática o acordo) e de os mostrar à outra parte, para ver se confirma.

AGRESSIVOO comunicador defende os seus direitos à custa dos direitos dos outros. Usualmente envolve exigências, culpabilização do outro e punição, através do uso de agressividade verbal, ameaças e até contacto físico.

Para diferenciar e explicar a vantagem de uma comunicação assertiva:

PASSIVOO comunicador evita expressar as suas opiniões, vontades e sentimentos, submetendo-se facilmente aos dos outros. Evita a luta e a discussão mantendo-se afastado.

MANIPULADORO comunicador utiliza a linguagem como disfarce, ao serviço dos seus próprios interesses e em detrimento dos interesses dos outros. Sem se fazer notar leva os outros a fazer o que deseja sem olhar aos direitos dos outros.

ASSERTIVOO comunicador afirma honestamente as suas opiniões, vontades e sentimentos e simultaneamente respeita e promove as opiniões, vontades e sentimentos dos interlocutores O comunicador é assertivo quando não tem medo de falar sobre o que pensa e o que sente, mas comunica de maneira a respeitar as fronteiras do outro. Aceita que as necessidades dos outros são tão importantes como as nossas, mas expressa os seus direitos e necessidades e tende a enfrentar os os problemas directamente e a focar-se nas soluções.

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78 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

11

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 11

0h00 – 0h40 Enquadramento das Competências e Actividade puzzle das competências

0h40 – 1h00 Enquadramento dos tipos de postura (manipulador, passivo, agressivo, assertivo) e Dinâmica de Aplicação da Técnica dos 5 Eu’s

1h00 – 1h15Dinâmica Negociação com o cliente

1h15 – 1h30Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (desenvolve um perfil no linkedIn ou outra rede social e atreve-te a por no ar o teu perfil)

1h30Súmula da Reunião

> capacidade de análise e planeamento> capacidade de negociação para ganhos mútuos

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

ACTIVIDADE

21

Numa folha de papel escreve todas as funções necessárias ao projecto e os nomes de quem as vai desempenhar.Por exemplo:

PUZZLE DAS COMPETÊNCIAS

Clientes (comunicar com novos clientes, certificar qual o serviço pretendido, verificar se ficaram satisfeitos, etc…)

Serviços (como é que se procede, quem é que executa)

Fornecedores (identificar os mais adequados, fazer compras, verificar stocks…)

Inovação (o que é que podemos trazer de novo que resolva problemas às pessoas…)

Dinheiro (quanto é que custa cada coisa, quanto é que gasta cada função, quem é que paga…)

FUNÇÕESPESSOAS

A B C

U5 (11)

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79UNIDADE 05 |

Depois de observares a grelha que preencheste, PENSA:

> Todas as funções importantes estão cobertas por alguém que as sabe desempenhar muito bem? (afinal queremos ser melhor do que os outros!)

> Se falta alguma, quem é que a pode desempenhar? Como é que asseguramos que essa pessoa a de-sempenha tão bem como gostaríamos? (o que é que lhe damos em troca?)

> E entre nós (do grupo) as funções estão distribuídas de modo equilibrado, de modo que todos têm de fazer? Ou alguns ficam com pouco ou nada que fazer?

> Vamo-nos entender?

> Precisamos de mais alguém que nos ajude a complementar a equipa?

> Precisamos de mais alguém que saiba o que nós não sabemos?

ACTIVIDADE

22

Esta técnica propõe 5 passos que têm como objectivo tornar a comunicação mais clara e assertiva.

1. Eu Vejo Descrevo a situação, sem dar opiniões, da maneira mais objectiva e neutra possível. Refiro o que os meus sentidos vêem, ouvem, ...

Ex.: “Vejo que chegaste 30 min. atrasada ao nosso almoço e que não telefonaste a avisar.”

2. Eu Penso/Suponho que/Imagino que/Creio queApresento a minha interpretação da situação. Para que o outro tome a afirmação como opinião e não como verdade absoluta e definitiva, devo utilizar o “Eu”. Posso também transformar o “Eu penso” em pergunta.

Ex.: “Imagino que tenha acontecido algum imprevisto para teres chegado só agora.” Ou “Aconteceu alguma coisa?”

3. Eu SintoExprimo o que realmente estou a sentir; de forma verdadeira comunico os sentimentos que a situação desperta em mim. Mais uma vez centro a mensagem em mim e não no interlocutor.

Ex.: “Porque o facto de não teres avisado do atraso feito faz-me sentir um bocadinho “esquecido” e durante esta meia hora de espera podia ter concluído uma tarefa que deixei pendente no trabalho, e isso faz-me sentir um pouco irritado.”

TÉCNICA DOS 5 EU’S 9

9 Adaptado a partir de: Azevedo, L. (1996). Comunicar com Assertividade. Lisboa: IEFP

U5 (13)

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80 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

11

4. Eu Quero/GostariaQuem fala quer sempre algo, no mínimo mostrar satisfação ou desagrado por algo que o afecta. Digo o que pretendo mudar, como gostaria que a situação se resolvesse…

Ex.: “Da próxima vez gostava que me avisasses, logo que possível, que te vais atrasar porque assim consigo gerir melhor os meus compromissos.”

5 - Eu PretendoExprimo a finalidade dos actos e dos sentimentos, o objectivo último da conversa.

Ex.: “Digo-te isto porque o que eu pretendo é que continuemos a conseguir marcar estes nossos almoços que são muito bons e que continuemos a ser bons amigos.”

Agora aplica a Técnica dos 5 EU’s!Imagina que já emprestaste dinheiro três vezes a um amigo e ele ainda não to devolveu. Hoje, ele voltou a pedir-te e diz que precisa desse dinheiro para ir ao cinema. Tu não queres emprestar porque sabes que tão cedo não terás esse dinheiro.

EU VEJO…EU PENSO/SUPONHO QUE/IMAGINO QUE/CREIO QUE…EU SINTO…EU QUERO/GOSTARIA…EU PRETENDO…

Um formando faz de cliente num café, outro faz de empregado. O cliente pediu uma coisa e o empregado trouxe-lhe outra. O cliente chama a atenção. Como é que se desenvolve a situação se adoptarem estilos agressivos, passivos, manipuladores ou assertivos?

Conforme o tempo disponível o formador sugerir a formandos diferentes, conforme o seu tempera-mento, que assumam os três primeiros estilos enquanto clientes (ou enquanto empregados) mantendo o outro papel um estilo assertivo; pode fazer de comentador para os restantes.

Finalmente repete a cena com negociadores assertivos nos dois papéis e deixa-os negociar uma saída win-win para os dois. Para que não se caia facilmente numa análise simplista, o formador pode intro-duzir que a razão não está só de um lado (ex: o cliente tinha pedido uma cerveja de uma marca, que o empregado trouxe outra mas que o cliente só reclamou depois de ter bebido a cerveja).

DINÂMICA NEGOCIAÇÃO COM O CLIENTE

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: Um exemplo conhecido de negociação win-win imaginativa é o de Richard Branson para a primeira loja Virgin (ver em http://johnshepler.com/articles/branson.html). Nos anos 70 Branson tinha descoberto que vender discos (vinil) com desconto era um bom negócio e queria abrir a primeira loja em Londres. Não tinha dinheiro para pagar rendas. Encontrou um espaço livre por cima de uma loja de sapatos numa rua central. Branson convenceu o dono da loja a deixá-lo ocupar o espaço de cima sem pagar renda, argumentando que a sua loja de discos iria trazer à loja de sapatos um enorme número de potenciais clientes.

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FINANCIAMENTO & COISAS LEGAISSESSÃO

12

informação p/o técnico

> Adquirir noções elementares sobre enquadramento legal de actividades

> Adquirir noções elementares sobre custos e proveitos

> Adquirir noções elementares sobre financiamento

> Adquirir noções elementares sobre entidades que podem prestar apoios nestas questões

OBJECTIVOS

Se o projecto tiver de funcionar autonomamente e de modo continuado tem de ter forma legal própria. Se for uma acção pontual, sem fins lucrativos, ou que possa ser enquadrada numa outra instituição, pode dispensar essa formalidade.

1. Enquadramento legal e social

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

Para poder fechar contratos (por exemplo um aluguer), uma empresa tem de ter uma forma legal adequada: sociedade unipessoal, por quotas ou anónima, coope-rativa, associação, etc. Em função do que é o projecto, quanto tempo vai durar, quantas pessoas vai envolver, é necessário escolher a forma da instituição e organizá-la. Conforme o tipo de instituição, os corpos gerentes podem ter designações diversas e responsabilidade diversas.Estas decisões têm de ser tomadas antes de consti-tuir a instituição. É ainda preciso ter um nome para a instituição que não permita confusões com outras. E é necessário ter estatutos que definem o que a instituição pretende fazer, como se vai organizar e quem vai ter que responsabilidades.

Para um projecto de empresa consulta o IAPMEI (Ins-tituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação), que é o principal instrumento para as micro, pequenas e médias empresas dos sectores industrial, comercial, de serviços e construção.

Poderás também contactar a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) para solicitares microcrédito - http://www.microcredito.com.pt/

Para uma instituição sem fins lucrativos consulta o Instituto da Segurança Social, que tutela as instituições sem fins lucrativos.

Para a constituição de uma associação poderão re-correr à Associação na Hora (http://www.associaca-onahora.mj.pt/)

Para a constituição de uma cooperativa - http://www.inscoop.pt/index.asp?lang=Ingles

O processo de constituição está muito simplificado. Hoje é fácil fazer uma empresa “na hora” e tratar estas questões (e outras, como Finanças e Segurança Social) no mesmo sítio. Para grande parte das situações ser-vem perfeitamente uma firma (o nome da empresa) e um pacto social (estatutos) pré-aprovados e disponíveis nos postos de atendimento ou on-line.

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Finanças e Segurança Social:Qualquer instituição tem de estar registada nas Finan-ças (número de identificação fiscal ou de contribuinte) e na Segurança Social (número de identificação da Segu-rança Social). Estes registos têm a ver com a obrigação de toda a gente e todas as instituições contribuírem:

> através do pagamento de impostos, para a despe-sa do Estado na organização do país (infra-estruturas como ruas e saneamentos, serviços como hospitais e tribunais, etc.)

> através dos descontos e contribuições para a Se-gurança Social, para a despesa que esta tem com a protecção social das pessoas (doença, desemprego, reforma, etc.).

Conforme o objectivo da instituição aplicam-se normas diferentes. Essencial é saber que de um modo geral (excepto casos especiais) as transacções estão sujei-tas ao IVA – o que quer dizer que em tudo o que se recebe ou paga, uma parte tem de ser posta de lado e entregue ao Estado (é importante pensar nisso ao de-finir um preço!).

É importante entender que, quando empreendemos, empreendemos por nós e pelas nossas ideias, conta-mos com apoios às nossas iniciativas mas contribuí-mos também para o bem-estar da comunidade.

SESSÃO

12

2. Custos e ProveitosÉ importante distinguir entre: > custos de investimento (que se faz uma vez para por as coisas a funcionar e que se gasta em coisas que duram bastante tempo, p.ex. uma máquina, computa-dor,…); e

> custos operacionais (que se tem todos os dias e de todas as vezes que se vende um produto – a renda de um espaço, um salário, os materiais que se gastam para fornecer o serviço ou o produto).

Como o investimento é feito para durar muito tempo, pode ser pago ao longo de muito tempo (tal como o empréstimo para uma casa: como a casa não se gasta, o banco pode esperar 20 anos para que seja paga); se investires numa máquina, enquanto ela fizer aquilo para que foi pensada, podes por de lado um bocadinho do que ela rende para a pagar: calcula-se quantas peças é que ela faz e divide-se o custo dela pelo número de peças

(ex: um computador custa 500¤ e vai-te servir durante 4 anos; deves por de lado 500¤ / 4 anos = 125¤ / ano para que possas comprar um novo quando este se estragar; chama-se a isso amortização)

Já os custos do dia-a-dia têm de ser pago no dia-a-dia, senão o projecto é interrompido e morre: deixas de po-der comprar o que gastas; tens de pagar no fim do mês às pessoas que colaboram no projecto (a não ser que sejam voluntárias), tens de pagar rendas e contas, etc.

Para se manterem, os projectos têm de gerar receitas e estas têm de ser superiores aos custos. Ao planear o projecto é preciso calcular custos e receitas para per-ceber se e como é que ele se vai manter.

Depois terás de contabilizar todos estes valores: o que devem os clientes, o que é preciso pagar aos colabora-dores, o que é preciso pagar aos fornecedores, o que é preciso pagar ao Estado e à segurança social, e o que sobra para a empresa ou instituição… Se a actividade for simples, a própria “entidade patronal” pode tratar directamente destas contas num regime simplificado. Quando os movimentos são muitos e envolvem várias entidades ou atingem valores elevados, a contabilidade tem de estar organizada e ser feita por um técnico ofi-cial de contas.

3. FinanciamentoPara iniciar o projecto, pagar as despesas de consti-tuição, arranjar materiais, espaços, fazer contratos, eventualmente comprar uma máquina, é necessário um financiamento inicial. A maior parte das vezes os promotores não têm todo o dinheiro necessário para isso e têm de recorrer a outros. Para isso têm de co-municar eficazmente o seu projecto e dar provas de que tem boas hipóteses de êxito e que os promotores se empenharão para que o tenha.

Podem ajudar a realizar este financiamento:> O Estado, porque acredita que o empreendedorismo é importante para o desenvolvimento e bem-estar da

comunidade, através do IAPMEI ou IEFP (para empre-sas) ou ainda da Segurança Social (para IPSS);

> Instituições financeiras, porque é essa a sua função, verificando se os projectos têm condições de pagar o financiamento e cobrando juros por isso;

> Uma instituição ou particular que acredite no pro-jecto e queira fazer parte dele como sócio, entrando com dinheiro no capital social;

> Os próprios empreendedores, por muito pouco que tenham, porque ao por o que têm no projecto dão um sinal importante a todos os outros que acreditam no projecto e que se vão esforçar por que dê certo.

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> pensamento sistémico> integração das regras de impostos e contribuições> cálculo simplificado de custos e proveitos

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 12

0h00 – 0h20 Dinâmica: Corte do euro (incluindo as noções referidas no enquadramento)

0h20 – 0h40Actividade: Pesquisa na internet sobre a forma mais adequada e os requisitos legais necessários para o projecto específico

0h40 – 0h50Dinâmica de descontracção

0h50 – 1h20Actividade Custos & Proveitos

1h20 – 1h30Actividade Dica: revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (controla o teu orçamento: faz primeiro um orçamento para a tua semana, depois aponta em cada dia tudo o que gastas e vai comparando os gastos com o orçamento; verifica se o que gastaste foi inesperado e se tinhas mesmo de o gastar)

1h30Súmula da Reunião

Para explicar as questões levantadas no enqua-dramento o formador aproveita a dinâmica do cor-te do euro. O objectivo é uma demonstração visual do efeito do pagamento de impostos e segurança social, bem como do pagamento dos custos direc-tos e indirectos, etc., tendo de sobrar alguma coi-sa. Antes e depois acrescentará as noções relati-vas à forma legal da empresa e ao financiamento.

A dinâmica pode ser feita em apresentação de computador, animada, ou com um modelo au-mentado de uma nota de 10¤, uma régua e uma tesoura. Mesmo que não haja qualquer projecto empresarial nos grupos, pode ser útil referir as questões aplicáveis a essas actividades, nomea-damente o IVA.

A nota representa um proveito (um pagamento acabado de receber de um cliente). A régua servi-rá para dar um aspecto mais rigoroso ao cálculo das contribuições e impostos (se a nota estiver ampliada para ter 121 cm de comprimento, os 21%

do IVA correspondem a 21 cm). Por cada questão que introduz, o formador corta e faz desaparecer um pedaço da nota.Depois de tratada a questão do IVA e da Segu-rança Social (esta necessariamente com uma “fatia” imaginária, uma vez que não se sabe que percentagem dos proveitos podem representar, o formador pode introduzir os custos de salários e materiais consumidos, e seguidamente outros pagamentos (rendas, contas de telefone, trans-portes, etc.), deixando que os elementos do grupo vão sugerindo os vários custos a partir de um dos seus casos.

Pode ser inicialmente generoso nos cortes e co-meçar depois a aparar cada vez menos, porque tem de chegar ao fim com alguma coisa. Explicará que aquilo é o que sobra para investir em novas ideias, acrescentar novos produtos ou serviços, melhorar o projecto. Se faltar no fim, o projecto ficou a dever a alguém…

DINÂMICA CORTE DO EURO

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84 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

SESSÃO

12

ACTIVIDADE

23

Os formandos deverão recolher informação para verificar:

> qual a forma legal (se necessária) mais adequada ao seu projecto (ver portais do IAPMEI, Associação na Hora e da Segurança Social);

> quais os passos necessários para a constituição dessa instituição ou empresa (ver portal da empresa e associação na hora);

> quais os custos e prazos associados;

> na Segurança Social poderão ainda ver quais as taxas aplicáveis ao seu projecto e fazer a si-mulação de um recibo de vencimento (Entidade Empregadora Contribuições Taxas Contributivas/Trabalhadores por conta de outrem)

O técnico deve ter feito uma análise prévia do enquadramento para os ajudar na pesquisa. É importante que estas questões não sejam decididas apenas com base numa análise pessoal de informação colhida na internet: a pesquisa serve sobretudo para identificar as questões e as entidades que podem ajudar. O técnico deve encaminhar os jovens para essas entidades (e se necessário intermediar), para que se aconselhem sobre as soluções adequadas.

PESQUISA NA INTERNET

Os participantes sentam-se em círculo e o mediador mantém-se de pé no centro.

Cada pessoa tem dois vizinhos: O da esquerda é seu abacaxi e o da direita a sua maçã. Quando o me-diador pergunta a alguém “Como se chama o seu abacaxi?”, a pessoa tem que responder o verdadeiro nome do seu vizinho da esquerda; e o nome do da direita, quando o mediador pergunta “Como se chama a sua maçã?”.

Se a pessoa se enganar no nome, troca de lugar com quem está em pé no centro do círculo e passa a desempenhar o papel de mediador. Quando o mediador se cansa de fazer as perguntas, por ninguém se enganar nos nomes, diz “limão”, e todos mudam de lugar. O mediador procura ocupar um lugar e quem ficar de pé será o novo mediador.

DINÂMICA DESCONTRACÇÃO

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85UNIDADE 05 |

ACTIVIDADE

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Faz as contas às receitas que esperas ter com o teu projecto.

Que fontes de receitas há?

Vendes produtos ou serviços?

Recebes um subsídio?

Se é uma actividade única, onde vais procurar financiamento?

Quanto é necessário?

Volta ao mapa de viagem da sessão 9 e vê, para cada um dos passos, se sabes quanto é que vai custar. Verifica se a listagem inclui todas as despesas que tens para por as coisas a funcionar. Inclui agora tam-bém as rendas e alugueres e as amortizações. Se o teu produto ou serviço consome materiais, faz bem as contas a quanto consome.

Agora verifica se as receitas cobrem os custos.

Se fizeres estes exercícios numa folha de cálculo, podes verificar facilmente quantos produtos ou servi-ços tens de vender para que as receitas cubram os custos.

CUSTOS & PROVEITOS

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES: Para escolher a forma jurídica de uma empresa consulta: http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=159&temaid=17)

Para a constituição de uma empresa consulta: http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=158&temaid=17 >> “INÍCIO Temas A-Z Criar 10 passos para criar a sua empresa”.

Para a constituição de uma IPSS consulta: http://www2.seg-social.pt/left.asp?01.03.01) >> IPSS/Iniciativas dos Particulares - O que é uma IPSS e como se constitui?

Para constituição de uma empresa consulta: http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicioou http://www.portaldaempresa.pt/CVE/pt/LojaEmpresa/

Para financiamento consulta: o programa Finicia Jovem em http://juventude.gov.pt/Emprego/FINICIAJOVEM/Paginas/FINICIAJO-VEM.aspx ou o IAPMEI em http://www.iapmei.pt/iapmei-not-02.php?noticia_id=681 >> INÍCIO Notícias Programa FINICIA - Finan-ciamento no arranque de empresas, ou ainda o IEFP em http://www.iefp.pt/apoios/candidatos/CriacaoEmpregoEmpresa/Paginas/Pr%C3%B3prioEmpregoEmpresa.aspx

podes ainda identificar em http://www.fnaba.org/ uma associação regional ou local de business angels (são pessoas que investem em negócios numa fase inicial) e saber se estão interessados em ouvir o teu projecto

para mais questões, podes consultar a Associação Nacional de Jovens Empresários em www.anje.pt e a Associação Nacional de Direito ao Crédito em http://www.microcredito.com.pt/

o INCOOP em http://www.inscoop.pt/indexajuda.html informa sobre todas as questões relacionadas com o cooperativismo

U5 (18)

REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

Controla o teu orçamento: faz primeiro um orçamento para a tua semana, depois aponta em cada dia tudo o que gastas e vai comparando os gastos com o orçamento; verifica se o que gastaste foi inesperado e se tinhas mesmo de o gastar.

DICAACTIVIDADE

U5 (pág. 20)

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CREDIBILIDADESESSÃO

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informação p/o técnico

> Tomar consciência de que a credibilidade é necessária para construir uma rede social

> Tomar consciência de que um projecto e os seus promotores têm de ter credibilidade

para merecer os apoios necessários

> Tomar consciência de que ter a credibilidade depende de cada um

OBJECTIVOS

No final de todo este percurso fomos descobrindo uma coisa: o que faz falta é quem tenha “boas” ideias e as ponha em prática. “Boas” ideias são aquelas que têm utilidade, que melhoram a vida das pessoas, lhes facili-tam a vida, melhoram a qualidade de vida.

Se conseguires demonstrar que as ideias são “boas” e que tens as condições para as por em prática, não faltarão os apoios. As motivações tornam-se aparen-tes rapidamente. Numa perspectiva de ganho mútuo, as motivações do grupo estão alinhadas com as dos “clientes” e todos têm a ganhar com o teu projecto.

Ganhos mútuos acontecem sempre que o produto ou serviço que fornecemos, para além de assegurar o sucesso do nosso projecto, representa um valor real

para quem o recebe. Se vieste de facto resolver um problema a alguém, essa pessoa só pode estar inte-ressada em que tenhas sucesso. Mas se o teu produto ou serviço não presta, se não tem qualidade, se não corresponde ao que as pessoas esperavam, sentem-se enganadas e não prestarão qualquer apoio.

Escreve um “código de conduta”. Tenta resumir numa folha aquilo que tu pretendes ser: o produto ou serviço que pretendes fornecer e o modo como te relacionas com todas as pessoas envolvidas. Se o puderes mos-trar a toda a gente e se o conseguires cumprir, o teu “código de conduta” torna-se um instrumento muito importante de motivação para todos os colaboradores e de credibilidade perante todas as outras pessoas com quem te relacionas.

sugestão de discurso para os jovens

ENQUADRAMENTO

> pensamento sistémico > assertividade > relacionamento interpessoal > integridade e ética

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

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PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO 13

0h00 – 0h10Dinâmica de Confiança 1

0h10 – 0h40Integração das experiências de comunicar o projecto a outras pessoas; o formador faz um ponto de situação das intenções de prosseguir o projecto e sintetiza a experiência da ferramenta com as questões da “nota final”, sublinhando as competências pessoais adquiridas

0h40 – 0h50 Dinâmica de Confiança 2

0h50 – 1h20Actividade de Análise de um Projecto

1h20 – 1h30Actividade DICA Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (auto-conhecimento: reserva um espaço diário, preferencialmente no início ou no final do dia, para repensar a razão de ser das atitudes que tiveste (as do dia anterior ou do próprio dia) e as consequências delas no teu relacionamento com as outras pessoas; regista num calendário uma pontuação que te atribuis conforme achas que as pessoas ganharam mais confiança em ti ou não)

1h30Súmula da Reunião

Os participantes colocam-se a uma certa distância, um atrás do outro, virados para o mesmo lado. O exer-cício é explicado com cuidado e pergunta-se à pessoa de trás se assegura que não deixa cair o da frente. Só se ele assegurar é que se inicia o exercício. A pessoa que estiver à frente deixa-se cair para trás e é agarrada pela que está atrás de si.

DINÂMICA CONFIANÇA 1

Um participante com os olhos vendados é convidado a circular vendado por um espaço físico com alguns obstáculos (cadeiras, mesas, degraus, etc). O exercício é explicado com cuidado e pergunta-se ao outro participante, que não está vendado, se assegura que não deixa o primeiro chocar contra um obstáculo. Para ajudar o primeiro, o segundo deverá ficar perto do que tem os olhos vendados e ir dando pistas (“desvia-te cerca de um metro para a direita, baixa a cabeça, cuidado: um degrau…).

NOTAS:

> Todos os participantes deverão encarar as dinâmicas com seriedade, mas estar relaxados

> Deve existir sempre troca de papéis: guiar e ser guiado; cair e amparar…

> Cada um deve relatar como se sentiu e qual a razão de ter confiado (muito ou pouco) no outro

> As dinâmicas estão a ser propostas neste momento, assumindo que já há um grau elevado de conheci-mento entre todos os elementos

Pretende-se que os participantes percebam que sem confiança não há cooperação, nem entrega nem investimento.

DINÂMICA CONFIANÇA 2

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88 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

ACTIVIDADE

25

Dois ou três “analistas” sentam-se com ar circunspecto e um voluntário entra em cena para fazer, o melhor que puder, o elevator pitch do seu projecto e pede financiamento para o mesmo. Seguidamente entra um voluntário de um segundo projecto e faz o seu elevator pitch e pede igualmente financiamento para o projecto.

O formador explica agora que já só há dinheiro para um projecto e pede ao painel de ana-listas que decida qual é que financia (ou se não financia nenhum). Os “analistas” deverão reflectir em voz alta e podem pedir o parecer de um painel de especialistas (os restantes membros do grupo). Podem voltar a por questões sobre os projectos aos dois empreen-dedores.

O formador explicará que não estão ali para beneficiar ou julgar a prestação de um colega, nem para premiar o projecto que tem um objectivo com que simpatizam mais. Não conhe-cem os promotores nem têm razão para ter mais confiança num ou noutro, a não ser pela história que contaram e os argumentos que usaram. Preocupa-os que o empréstimo seja pago para terem disponibilidades para futuros projectos.

Devem analisar qual o fundamento dos dois projectos e qual a credibilidade dos argumen-tos apresentados para o problema, a solução e a capacidade de fornecer essa solução. Para isso, pode perguntar com quem é que os promotores falaram para “medir” o proble-ma, como é que sabem que a solução deles tem algum valor para as pessoas que têm o problema e com quem é que contam para executar o projecto.

Depois cada um diz quais os aspectos que conferem credibilidade a cada um dos projectos e explica porquê. Não há classificação final dos projectos.

NOTA: se não houver projectos de negócio o painel é constituído por um júri que dá um prémio ao projecto que prove ser mais eficaz a resolver a questão social mais relevante; os dois projectos concorrentes precisam do prémio para serem postos em prática e também só há lugar para um prémio. A preocupação do júri é aplicar bem o dinheiro disponível. Não se trata, mais uma vez, de simpatias por causas ou pessoas, mas de credibilidade de uma solução eficaz.

O formador procura evidenciar que a credibilidade não é uma questão de familiaridade com os promotores, mas

> de integridade na maneira como abordaram as questões (se estavam apenas a seguir os seus caprichos ou interesses, ou se estavam de facto a procurar oferecer soluções para problemas das outras pessoas)

> de credibilidade das redes sociais que foram construindo e das referências que trazem para reforçar os seus argumentos

ANÁLISE DE UM PROJECTO

SESSÃO

13

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89UNIDADE 05 |

NOTAS&

IDEIAS

REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

Reserva um espaço diário, preferencialmente no início ou no final do dia, para repensar a razão de ser das atitudes que tiveste (as do dia anterior ou do próprio dia) e as consequências delas no teu relacionamento com as outras pessoas; regista num calendário uma pontuação que te atribuis conforme achas que as pessoas ganharam mais confiança em ti ou não.

DICAACTIVIDADE

U5 (pág. 23)

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90 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

NOTAS&

IDEIAS

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NOTA FINAL

Desenvolver atitudes empreendedoras é positivo para qualquer pessoa. Independentemente de qual for o teu futuro pessoal e profissional, terás vantagens por praticares essas atitudes, em qualquer idade e fase da vida.

Por isso não deixes que o treino que fizeste ao longo deste tempo acabe aqui. Continua a observar o que te rodeia, a procurar compreender o que move as pessoas e a estabelecer objectivos pessoais de melhoria.

Decidir ser empreendedor não é suficiente para ter sucesso. Não há garantias que todas as pessoas venham a ter sucesso como empreendedores. Muitas pessoas são mais felizes e realizadas a trabalhar e a criar por conta de outrem. Qualquer tentativa de empreendedo-rismo gasta do teu tempo e dos teus meios, por isso deves avaliar bem se a tua ideia tem potencial e se tens as condições para a fazer funcionar. Não te esqueças que lançar um projecto é um investimento do teu tempo, das tuas capacidades e do teu entusiasmo. Deves avaliar bem se as possibilidades de sucesso valem esse investimento.

A maior parte das iniciativas de empreendedorismo, mesmo nas economias mais avança-das, visa o auto-emprego através de um negócio próprio (mesmo que pretenda fornecer serviços ou produtos para todos o mundo, por exemplo pela internet). Apenas uma muito pequena parte das iniciativas visa negócios mais complexos, que necessitem de colabora-dores especializados, instalações e equipamentos.

A maior parte das iniciativas pode ser “testada” sem grandes meios. À medida que os tes-tes que fizeres derem resultados positivos, mais certezas tens de que a ideia tem potencial e melhor te apercebes do que te falta para a pôr em prática. Esses mesmos resultados convencerão outros a apostar contigo na tua ideia.

Uma grande parte dos empreendedores falha a primeira tentativa (ou não consegue resul-tados muito bons à primeira tentativa). Só não falham aqueles que nunca tentaram nada. Entre as características fundamentais do empreendedor estão o entusiasmo, a capacida-de de adaptação e a perseverança. Por isso, se não percebeste porque é que a ideia não resultou e se ainda acreditas nela, aconselha-te com outras pessoas: Pode ser que numa segunda tentativa, apenas com ligeiras modificações, se prove que afinal a ideia era boa.

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92 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos

ÍCONES

Organizador Cuidador Competitivo Optimista

Curioso Confiável Futurista Comunicador

Persistente CriativoCapacidade de organizar

e de trabalhar com os outros

Entreajuda Ter uma ideia Descobre e traça o teu percurso

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Recursos necessários Fala com um empreendedor Comunica a tua ideia!

Como te identificas!Conhece a tua comunidadeIdeias e projectos

Faz o teste à tua ideia! Concretiza as tuas ideias

Esta actividade consta no manual

dos formadores e do jovens

Actividade DicaDesenvolve

Actividade DicaInterliga-te

Actividade Dicaactua

Actividade Dicacontrola

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