Uma refeição para não ser esquecida e um gesto para ser repetido

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  • 7/26/2019 Uma refeio para no ser esquecida e um gesto para ser repetido

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    Uma refeio para no ser esquecida e um gesto para ser repetido

    Sentar-se mesa com algum para comer muito mais que a

    satisfao de nossas necessidades biolgicas. Signica partilhar a

    intimidade com os comensais, em ltimo caso, a prpria !ida. " raro que

    nos sentemos mesa com estranhos, pois a refeio pertence ao #mbitofamiliar, da intimidade de cora$es que se querem % horr&!el a

    sensao de partilhar uma refeio com algum que sequer nos dirige

    alguma pala!ra'(, onde a informalidade e a condencialidade ganham

    !o)es e ou!idos.

    *esus escolheu cuidadosamente esse ato humano de comer para

    sacramentali)+-lo, ou sea, escolheu o po e !inho para permanecer

    conosco. uis cear com os seus amigos de caminhada, aqueles que o

    seguiram desde alileia. /scolheu a 0frao do po1, e2presso utili)adapelos primeiros cristos, para signicar sua entrega a todos os homens e

    mulheres. 3um mundo em que uns 0de!oram1 os outros, *esus se fa)

    comida e bebida, gestos sub!ersi!os de um 4eus que no se cansa de

    amar-nos. 5 gesto de p6r sobre a mesa, frente a uma pessoa faminta,

    um pedao de po e um c+lice de !inho um con!ite para que se sente,

    coma e beba, no que simplesmente olhe e contemple. 7omungar do

    seu po e do seu !inho sup$e assumir sua !ida, unir-se a *esus e aceitar

    ser, como /le, alimento para os demais.5s disc&pulos s entenderiam os gestos e pala!ras daquela 7eia

    depois da 8+scoa. 9as aquela refeio tinha mais surpresas. Suas

    esperanas de glria seriam sepultadas nos gestos que !iriam a seguir:

    *esus la!aria os ps dos seus disc&pulos. ;mposs&!el imaginar um 4eus

    assim, mas este o 4eus-ser!o, o nico !erdadeiro, que se prostra

    diante da humanidade para la!ar os seus ps cansados do caminho,

    inclusi!e os ps da humanidade pecadora, que lhe reeita, que lhe nega,

    que lhe trai. 3o importa, ser!e a todos por igual.

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    re!er=ncias e honras nos separam, *esus in!erte as rela$es e se fa)

    ser!idor.

    < reao de 8edro ao tentar impedir *esus de la!ar os seus ps se

    assemelha mais a ns. " uma reao humana. / *esus no pede que

    8edro la!e os ps dos irmos, mas que permita que *esus la!e os seusps. 5 que *esus pede que 8edro no impea que 4eus re!ele sua

    identidade de Ser!o da humanidade.

    omar

    consci=ncia dessa realidade muito mais que repetir alguns gestos do

    passado, signica atuali)ar em nossa !ida, em nossas rela$es o que

    *esus nos ensina com sua prpria e2ist=ncia. / para concluir esse bela

    orao que nos auda a entrar nesse mistrio do >r&duo 8ascal:

    Minhas mos, essas mos, Tuas mos

    fazemos este Gesto, partilhada

    a mesa e o destino, como irmos.

    As vidas em Tua morte e em Tua vida.

    Unidos no po os muitos gros,

    iremos aprendendo a ser a unida

    Cidade de Deus, Cidade

    dos humanos.

    Comendo-te, saberemos ser comida.

    O vinho de suas veias nos provoca.

    O po que eles no tem nos

    convoca

    a ser Contigo o po de cada dia.

    Chamados pela luz de tua memria,

    marchamos ao Reino fazendo

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    Histria.

    Fraterna e subversiva Eucaristia.

    (D. Pedro Casaldliga CMF)