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UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA TRAUMATISMOS DENTÁRIOS: RELATO DE CASO LAIS OLIVARTE DE ARAÚJO MARINGÁ PR 2019

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UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

TRAUMATISMOS DENTÁRIOS: RELATO DE CASO

LAIS OLIVARTE DE ARAÚJO

MARINGÁ – PR

2019

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LAIS OLIVARTE DE ARAÚJO

TRAUMATISMOS DENTÁRIOS: RELATO DE CASO

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em

Odontologia da UniCesumar – Centro

Universitário de Maringá como requisito

parcial para a obtenção do título de

Bacharel(a) em cirurgiã-dentista, sob a

orientação do Profª Drª. Sheila Regina Bernini

Polaquini.

MARINGÁ – PR

2019

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Lais Olivarte de Araújo

TRAUMATISMOS DENTÁRIOS: RELATO DE CASO

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em odontologia da UniCesumar – Centro

Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em

cirugiã-dentista, sob a orientação do Profª Drª. Sheila Regina Bernini Polaquini.

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição)

__________________________________________

Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)

__________________________________________

Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)

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TRAUMATISMOS DENTÁRIOS: RELATO DE CASO

Lais Olivarte de Araújo

Sheila Regina Bernini Polaquini

RESUMO

Traumatismos dentários podem ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer época da vida,

porém, quando falamos sobre crianças e adolescentes os índices de trauma crescem. Devido

ao fato de estarem em uma fase onde realizam mais atividades físicas, eles estão altamente

susceptíveis ao trauma. Esse trabalho tem o objetivo de apresentar o caso de um paciente que

sofreu traumatismo dentário na infância e teve, como consequência, fratura coronária dos

incisivos superiores envolvendo esmalte e dentina, com comprometimento endodôntico e

escurecimento da coroa. O protocolo escolhido para a resolução do caso envolveu

atendimento interdisciplinar, com o tratamento endodôntico dos dentes envolvidos,

clareamento interno e externo e posterior restauração em resina composta para reestabelecer

função dos dentes traumatizados e melhorar a estética do sorriso do paciente. O caso ressalta a

importância do acompanhamento de pacientes que sofreram traumatismo dentário.

Palavras-chave: Traumatismo dental. Necrose da polpa. Resina composta.

DENTAL TRAUMA: CASE REPORT

ABSTRACT

Dental traumatisms may happen with anyone, at any time of life, but, when we are talking

about children and teenagers, we see the statistics raise, due to the fact that they are in a phase

of life when they are engaged in many physical activities, and they are highly susceptible to

trauma. The aim of this paper is to present a case of a patient who suffered a dental trauma in

his childhood that resulted in coronal fracture of the upper incisors that involved enamel and

dentin, leading to endodontic involvement and darkening of the tooth. The chosen protocol to

solve the case involved a multidisciplinary assistance, working on the root channel treatment

and dental bleaching of the compromised teeth, to restore dental function and improve the

patient smile. This report highlights the relevance of monitoring the patients that undergo

dental trauma.

Keywords: Dental trauma. Pulp necrosis. Composite resin.

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1 INTRODUÇÃO

Qualquer injúria mecânica, química ou térmica pode ser caracterizada como

traumatismo dentário (1). De acordo com Antunes. et al. (2016) (2), o trauma dental tem alta

prevalência e forte impacto na vida dos indivíduos afetados. Devido ao fato de ser uma

condição que pode vir a causar problemas a longo prazo, o traumatismo deve ser considerado

uma questão de saúde pública, com uma maior quantidade de estudos sobre o assunto (3).

Podemos considerar as crianças e os adolescentes mais susceptíveis ao trauma do que

os adultos, pois estão na fase em que praticam mais exercícios e realizam diversos tipos de

atividades em que os riscos de queda ou de uma colisão são altos. Ainda há o grupo de

indivíduos que possuem algum tipo de condição bucal desfavorável, como um overjet

pronunciado ou um selamento labial inadequado (4).

De acordo com Oliveira. et.al, meninos em idades pré-escolar são os que apresentam

a maior incidência de traumatismos dentários e os dentes mais afetados são os incisivos (5). A

grande maioria desses traumas ocorrem em acidentes domésticos e brincadeiras, seguidos por

acidentes esportivos, de trabalho, no trânsito, algum tipo de violência e, por fim, acidentes não

especificados (6).

Para VAZ. et al. (2011), algumas vezes o traumatismo pode não apresentar

evidências clínicas ou radiográficas, porém, após algum tempo, podemos perceber alterações

nos elementos dentários afetados e tecidos de suporte, que são típicos de traumas dentários,

como calcificação da polpa dentária, reabsorções ósseas internas e externas. A causa para a

demora do aparecimento de sintomatologia está ligada à cicatrização e ao reparo que não

ocorrem logo depois do trauma, podendo aparecer muitos anos após o ocorrido dentário (7) .

São considerados traumatismos dentários desde uma lesão no esmalte até a perda do

dente (8). De modo geral, podemos classificar os traumatismos em: fratura incompleta de

esmalte, fratura coronária - não complicada, fratura coronária - complicada, fratura corono-

radicular - não complicada e complicada, fratura radicular, concussão, subluxação, luxação

lateral, luxação intrusiva, luxação extrusiva e avulsão (9).

Tendo em vista a temática de traumatismos dentários, esse artigo tem como objetivo

estudar um caso de avulsão e fratura dentária em dente permanente, que apresentou

evidências clínicas apenas após 10 anos do ocorrido, bem como versar protocolos de

tratamento e as maneiras de restaurar a estética para o paciente.

2 RELATO DE CASO

Paciente de 20 anos, gênero masculino, compareceu a clínica odontológica da

UniCesumar se queixando da estética dos dentes anteriores superiores. Na anamnese

descobriu-se que o paciente sofreu um trauma dentário há dez anos, quando ainda criança. Ele

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relatou que estava brincando e escorregou, sofrendo queda da própria altura, batendo os

dentes anteriores superiores, sendo que um dos dentes “entrou para dentro da gengiva” (sic) e

o outro saiu. Então foi levado a um dentista que reposicionou ambos os dentes, colocou uma

contenção e disse que ele deveria dar continuidade ao tratamento, de modo a preservá-los.

Porém, após algum tempo, ele acabou desistindo de continuar o acompanhamento com o

cirurgião dentista.

No exame clínico, constatou-se que os dentes afetados no trauma foram os incisivos

centrais superiores, sendo o incisivo central direito o dente avulsionado, e o incisivo lateral

esquerdo (Imagem 1). Observou-se ligeiro escurecimento da coroa do 11 e 21 e resposta

negativa aos testes de sensibilidade pulpar. No exame radiográfico, constatou-se imagem

sugestiva de lesão periapical dos elementos 11, 21 e 22, apresentando um diagnóstico

compatível de necrose pulpar (Imagem 2).

Imagem 2

O plano de tratamento envolveu o tratamento endodôntico dos dentes afetados,

clareamento interno e externo e restauração adesiva direta em resina composta. A princípio,

foram realizados os tratamentos endodônticos, iniciando pelo dente 11 (Imagem 3), seguido

do 21 (Imagem 4) e, no final, o dente 22 (Imagem 5), utilizando a técnica escalonada com

recuo programado.

Imagem 1

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Imagem 3

Imagem 4

Foi produzido o registro da cor inicial dos dentes. Dessa forma, observou-se que o

dente 11 apresentou coloração A3 (Imagem 6), na escala Vita, o dente 21, coloração D3

(Imagem 7) e o dente 22 coloração A2 (Imagem 8). A seguir, foi realizado o clareamento

interno do dente 22, logo após a conclusão do tratamento endodôntico. Foi empregada a a

técnica “walking bleach”, que é indicada para esse tipo de alteração de cor, na qual um bom

resultado é obtido em até no máximo três sessões (10), a realização de tampão cervical, com

Imagem 5

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cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável Vitro Fil LC® (DFL, Brasil), e curativo de

demora com o clareador Perborato® (FGM, Brasil) - perborato de sódio com peróxido de

hidrogênio a 20% e selamento provisório com IRM® (Dentsply Sirona, Brasil).

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

O clareador permaneceu apenas quatro dias na câmara pulpar e a técnica escolhida nos

possibilitou um menor risco de reabsorção radicular externa, pois realizamos o tampão

cervical a fim de vedar o canal radicular e evitar o extravasamento de material clareador para

os tecidos periapicais circundantes (11). Após esses dias, o curativo de demora do dente 22 foi

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removido e foi realizado um clareamento externo com base de peróxido de hidrogênio

Whitness HP® (FGM,,Brasil) 35%, sob isolamento absoluto, colocando na superfície

vestibular e dentro da câmara pulpar aberta e com a embocadura previamente selada com

Cimento de ionômero de vidro nos dentes 11, 21 e 22, foi utilizado o Vitro Fill LC® (DFL,

Brasil). Foram quatro aplicações de 15 minutos cada, na superfície vestibular e dentro da

câmara pulpar (Imagem 9).

Imagem 9

Posterior a essas aplicações, nos dentes 11 e 21 foram colocadas pasta de Perborato®

(FGM) perborato de sódio 20% com água destilada e deixado por uma semana, e o dente 22

foi preenchido com pasta de hidróxido de cálcio p.a. (Maquira, Brasil) para neutralizar o pH,

com intuito de ser um agente alcalinizante e neutralizar os agentes clareadores, visando

diminuir as chances de uma reabsorção (12).

Passados 7 dias, os dentes 11 e 21 atingiram a cor almejada, sendo retirado o clareador

interno dos mesmos e aplicado a pasta de hidróxido de cálcio p.a. (Maquira, Brasil) e selados

provisoriamente. Realizou-se um novo registro de cor, após as sessões de clareamento, em

que se constatou que o dente 11 passou da cor A3 para A1, o dente 21 da coloração D3 para

D2 e o dente 22 da cor A2 para a cor A1, todos segundo a escala Vita (Imagem 10).

Imagem 10

Foi realizada a moldagem e o enceramento do caso para prever o formato, altura e

tamanhos dos dentes. Posteriormente, esse enceramento foi moldado com silicone de adição e

obtivemos um guia de silicone. Essa técnica foi escolhida, haja vista que auxilia na inserção

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da primeira camada de resina palatina, oferecendo suporte e diminuindo o tempo de ajustes e

acabamentos na face palatina restaurada (13).

Para as restaurações com resina composta, inicialmente foi realizada a profilaxia com

pedra pomes (Maquira, Brasil) e água, seguido do preparo dos dentes, removendo a resina

antiga. Foi realizado o isolamento absoluto de pré-molar e verificou-se a adaptação da guia de

silicone (Imagem 11). Realizou-se o condicionamento ácido dos dentes, com ácido fosfórico

gel 37% (Maquira, Brasil) por 30 segundos, lavagem com água por 20 segundos e eles foram

secos com jatos de ar. A seguir, foi aplicado o sistema adesivo, Ambar® (FGM, Brasil) e

fotoativado por 20 segundos.

Imagem 11

Foram restaurados, inicialmente, os incisivos centrais, depois os laterais, e um

diastema pequeno entre caninos e incisivos laterais do lado direito e esquerdo (Imagem 12).

Para essas restaurações foram utilizadas as resinas compostas Llis® (FGM, Brasil). Sobre a

guia de silicone foi aplicada uma fina camada de resina incisal translúcida e levada em

posição - esse incremento de resina palatina foi fotopolimerizada por um minuto. Feito isso,

foi obtida uma parede de esmalte palatina e realizada a estratificação em camadas de resina de

dentina, incisal e esmalte na camada final e DA2 Llis® (FGM, Brasil), criando uma camada

de dentina, e por fim a camada de esmalte com EA1 Llis® (FGM, Brasil).

Imagem 12

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Para o diastema entre caninos e incisivos laterais, não foi utilizada a guia de silicone.

As resinas usadas foram da Llis® (FGM, Brasil) nas cores DA3 e EA1. A resina foi

incrementada apenas no ângulo mesio-incisal por vestibular, a mão livre, com ajuda da tira de

poliéster. Primeiro foi construída a camada de dentina com a DA3 e depois a camada de

esmalte.

O acabamento das restaurações foi feito com os discos de lixa Praxis® (TDV, Brasil),

as pontas diamantadas de granulação fina e extrafina da KG Diamond® (Sorensen, Brasil) e o

polimento foi realizado com pasta de polimento Poli I e Poli II® (Kota, Brasil) e discos de

feltro Diamond Flex® (FGM, Brasil) (Imagem 13).

Imagem 13

3 DISCUSSÃO

A anamnese do paciente revelou dados sugestivos de intrusão e avulsão dos incisivos

superiores. A luxação intrusiva é o deslocamento do apical do dente para o interior do seu

alvéolo, o que pode acarretar na sua fratura, resultando em um comprometimento do

ligamento periodontal, pois o comprime. (9)

Em achados radiográficos, podemos observar a ausência do espaço periodonto, em

parte ou em toda a porção radicular. Em dentes que sofreram esse tipo de trauma, devemos

esperar, sem intervir, por uma possível extrusão espontânea por aproximadamente 2-4

semanas. Precisamos nos atentar em proservar esses casos, uma vez que pode ocorrer uma

anquilose dentária, lesão periapical, reabsorção radicular inflamatória externa ou reabsorção

por substituição, por isso o acompanhamento é extremamente importante (14).

O paciente em questão provavelmente teve uma extrusão espontânea do dente intruído,

e não necessitou de correção cirúrgica ou ortodôntica, porém, ele apresentou evidências

clínicas de uma intrusão, como a lesão periapical e o espaço do ligamento periapical

parcialmente ausente.

A avulsão dentária é por definição um deslocamento do dente totalmente para fora do

seu alvéolo. Em casos como esse, de dentes permanentes, a conduta emergencial deve ter

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como objetivo reimplantar esse dente em seu alvéolo o mais rápido possível, a fim de manter

a integridade estética e funcional (9).

O ideal seria reimplantar imediatamente o dente avulsionado com as fibras do

ligamento periodontal vitais e dente úmido ainda. Se não for possível o reimplante

rapidamente, é importante manter esse dente em um meio aquoso, que auxiliará na vitalidade

das fibras do ligamento periodontal e evitará a desidratação, posto que após 15 minutos em

um ambiente seco, esse dente, se reimplantado, já sofre grande risco de sofrer anquilose (9).

Existem soluções adequadas para armazenar esses dentes e, consoante Percinoto et.al.

(2009) (9), os meios de transportes mais adequados em ordem de preferência são: Viaspan,

solução salina balanceada de Hank (meio de cultura tecidual), leite frio, saliva, solução salina

fisiológica ou água. Considerando que os dois primeiros meios não são de fácil acesso, o leite

frio fica como primeira opção de escolha, pois apresenta um pH balanceado e tem capacidade

de manter as fibras do periodonto com vitalidade por mais tempo. A saliva não é o mais

recomendado, em razão de conter muitas bactérias, possibilitar contaminação pulpar e resultar

em uma reabsorção radicular externa inflamatória. A água deve ser o último recurso, quando

nenhum outro estiver disponível. (15).

No caso deste paciente, antes da restauração foram necessários os tratamentos

endodônticos, que deveriam ter sido realizados entre 7-10 dias após a avulsão. Por se tratar de

um dente com rizogênese completa, a sua revascularização, após o reimplante, não é esperada,

pois o dente já apresenta ápice fechado, que é um dos requisitos para facilitar a

revascularização. Além disso, dentes mais jovens possuem amplo canal radicular e uma

menor espessura de dentina, o que facilita a comunicação entre os tecidos periodontais e o

interior do canal (16).

O ideal é realizar a extirpação pulpar após uma semana do trauma, preencher o canal

radicular com um curativo de demora (hidróxido de cálcio) e não realizar a obturação até que

a lâmina dura esteja íntegra e visível na radiografia. O prognóstico de sucesso para dentes

reimplantados depende do tempo que estes ficaram num ambiente extraoral, o meio de

armazenamento, o tipo de esplintagem e o tratamento endodôntico adequado para o caso (15).

Com o objetivo de diminuir o tom escurecido inicial dos dentes, optou-se pela

realização do clareamento dental, antes das restaurações. Por se tratar de dentes que sofreram

trauma, e o risco já conhecido de reabsorção cervical pelo uso da técnica “walking bleach” em

dentes desvitalizados, foi feita uma associação de técnicas para obter o resultado esperado e

minimizar o risco de danos posteriores, realizando o tampão cervical com cimento de

ionômero de vidro, de modo a vedar o canal radicular (12).

Para Baratieri (1995), essa reabsorção ocorre possivelmente pelo uso do peróxido de

hidrogênio que, quando ativado, apresenta grande permeabilidade dentinária, podendo

percorrer pelos túbulos e chegar aos tecidos periodontais, causando uma reação de necrose e

desencadeando uma reabsorção inflamatória por sua toxicidade aos tecidos (17).

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Em conformidade com Consolaro (2016), os dentes que sofreram traumatismos,

ultimamente, estão mais relacionados a reabsorção externa. Isto é, a relação entre o

clareamento interno e a reabsorção externa está cada vez menor e, em média 10% dos casos

de dentes que passaram por um clareamento interno, apresentam reabsorção. Isso dá por uma

mudança de protocolos, onde técnicas de clareamento que não ofereçam irritação a tecidos

adjacentes são as mais utilizadas (18).

Além da avulsão dentária, o paciente ainda apresentava fraturas em esmalte, resultados

do trauma, dentes anteriores com defeitos estéticos que geram desconforto nos pacientes. Isto

posto, a conduta clínica foi restauração direta com resina composta, por se tratar de um

procedimento de baixo custo, resultado mais previsível, taxa de sucesso clínico elevado e de

fácil execução.

5 CONCLUSÃO

A boa anamnese foi um fator determinante para o sucesso desse caso. Em virtude dela,

foi possível estabelecer um diagnóstico para a situação do paciente, planejar as condutas

clínicas que seriam tomadas e realizar o tratamento adequado, tendo como resultado um

reestabelecimento da função e estética desses dentes, resultando na plena satisfação do

paciente.

4 IMAGENS

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Imagem 13 ............................................................................................................................................. 10

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