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Ficha de Identificação - Produção Didático -Pedagógica Professora PDE/2012

Título Trabalho Operário no Brasil: Era Vargas e Atualidade.

Autor Rosimari Donassolo Correa dos Santos

Disciplina História

Escola de Implementação Colégio Estadual Monteiro Lobato – Ensino Fundamental e Médio

Município da Escola Dois Vizinhos

Núcleo Regional de Educação Dois Vizinhos

Professor a Orientador a Selma Martins Duarte

Instituição de Ensino Superior

UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon

Relação Interdisciplinar Sociologia

Resumo Analisar as relações de trabalho no mundo contemporâneo implica necessariamente em falar sobre os direitos trabalhistas e na relação patrão e empregado. Para este trabalho retomamos o estudo dos governos de Getúlio Vargas, no Brasil, com objetivo de compreendermos o processo de luta e conquistas da classe trabalhadora naquele período, significativas até os dias atuais, para o operariado urbano. Nesse sentido, essa unidade didática traz sugestões de como trabalhar o assunto partindo da realidade local, enfocando questões que estão muito próximas do aluno e que fazem parte da sua realidade. Do mesmo modo, esse trabalho reflete acerca da importância das fontes históricas para o desenvolvimento do pensamento histórico do aluno, dando ênfase às fontes orais com a aplicação de questionários aos trabalhadores das indústrias do município de Dois Vizinhos. Também serão utilizadas como fontes históricas, músicas, cartas dos trabalhadores enviadas à Vargas, discursos de Vargas, e o documentário “Carne e Osso”, que trata da exploração do trabalho nos frigoríficos brasileiros. Ainda será feita pesquisa na internet sobre a flexibilização da CLT e oficina sobre exploração do trabalho.

Palavras -chave Era Vargas; Relações de Trabalho; Fontes Históricas; Indústrias de Dois Vizinhos.

Formato do material didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 3º Ano – E M

1- APRESENTAÇÃO

Como produção didática do Programa de Desenvolvimento Educacional

(PDE) 2012, optou-se por desenvolver uma Unidade Didática, que será aplicada no

Colégio Estadual Monteiro Lobato – Ensino Fundamental e Médio, município de Dois

Vizinhos – PR, com alunos do terceiro ano do Ensino Médio.

O presente material tem por objetivo analisar as condições de vida e trabalho

dos operários urbanos durante o governo de Getúlio Vargas, a partir de diferentes

fontes históricas, contrapondo-as com as relações de trabalho no mundo

contemporâneo, dando ênfase à realidade local dos alunos.

Nessa perspectiva, a abordagem parte da história imediata, ou seja, daquilo

que ocorre no mundo do trabalho, no momento presente, para então compreender os

acontecimentos do passado. Pretende-se partir para o estudo, através da análise dos

relatos dos trabalhadores das indústrias do município de Dois Vizinhos. Estudar a

realidade em que vive pode auxiliar os educandos na construção do pensamento

histórico, bem como, possibilitá-los estabelecer uma relação entre o

presente/passado, no que diz respeito às condições de trabalho dos operários.

Ambos os períodos abordados neste trabalho situam-se no mesmo sistema

econômico, o capitalista, que tem basicamente os mesmos princípios de produção e

exploração dos trabalhadores. Neste sentido, buscamos compreender o processo

histórico em que ocorreram as principais conquistas da classe trabalhadora desde, a

CLT de 1943, até os dias atuais.

Para fazer esta análise optou-se por desenvolver um trabalho que privilegia o

estudo e a problematização das fontes históricas. Desse modo, ressaltamos aqui a

importância das fontes para estabelecer as relações presente-passado-presente. A

análise de fontes possibilitará aos estudantes compreenderem que todos os sujeitos

sociais fazem história, e que suas vivências, e formas de relacionar-se e organizar-se

podem ser estudadas a partir delas. Uma pesquisa que coloca os alunos em contato

com os documentos históricos, pode também facilitar a compreensão dos alunos em

relação às diferentes versões produzidas sobre um mesmo evento histórico.

Contradições muitas vezes evidenciadas no contato com as fontes.

Nesse sentido, destacamos também a importância das fontes orais para

construção da memória, tanto individual, quanto coletiva dos sujeitos históricos.

Essas memórias servem para analisar experiências sociais, contribuindo assim, para

a compreensão do passado recente. Assim, através da história oral é possível

conhecer a visão daqueles que estão diretamente vinculados ao processo de

produção das indústrias, no comércio, na prestação de serviços, no trabalho no

campo. Frequentemente, predomina a memória de alguns grupos em detrimento da

maioria que permanece silenciada.

Portanto, no desenvolvimento desse trabalho faremos uma reflexão, com os

alunos, sobre a importância dos documentos históricos da era Vargas, bem como,

uma reflexão sobre as relações de trabalho naquele período; posteriormente faremos

um trabalho com músicas, tanto da época dos governos de Vargas, quanto da

atualidade observando como elas abordam a questão do trabalho e do trabalhador.

Também serão desenvolvidos trabalhos de análise dos discursos de Vargas nas

comemorações do dia 1º de Maio (dia do trabalhador) e dos fragmentos de cartas

que os trabalhadores enviavam à Vargas na época. Para que o aluno compreenda

melhor a questão da exploração do trabalho na atualidade será realizada uma oficina

simulando o trabalho na linha de produção e a questão da mais valia. Outra atividade

a ser desenvolvida será a análise do documentário “Carne e Osso” que trata do duro

cotidiano dos trabalhadores nos frigoríficos brasileiros. Finalmente serão realizadas

entrevistas com trabalhadores das indústrias do município de Dois Vizinhos ou com

os próprios estudantes que já ingressaram no mercado de trabalho.

Esse trabalho busca a diversificação de análise de fontes para que os alunos

compreendam as relações de trabalho estabelecidas durante a era Vargas e na

atualidade, no município de Dois Vizinhos. O trabalho com fontes poderá mostrar as

diferentes versões apresentadas pela história, não se restringindo apenas às fontes

escritas oficiais, mas apresentando possibilidades para os alunos observarem as

contradições apresentadas por elas. Assim, nessa unidade didática os alunos

poderão ter contato com músicas, vídeos, narrativas e textos escritos.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O uso de fontes históricas na sala de aula se constitui em algo muito

recente, visto que a perspectiva de colocar o professor e o aluno como sujeitos da

história começa a ser debatida na década de 1980, no Brasil. Desse modo, as

concepções e metodologias de ensino de História começaram a ser pensadas de

maneira a priorizar o aluno como agente que produz a história e é capaz de

transformá-la.

A abordagem histórica sobre a disciplina de História, no Brasil, nos leva a

compreender melhor como ela foi sendo constituída e colocada em prática no

decorrer do tempo. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Paraná, essa disciplina passou a ser obrigatória a partir de 1837, com a criação do

Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e nesse mesmo ano ela passa a ser também

disciplina acadêmica. As produções realizadas a partir daí foram elaboradas sob a

influência do Positivismo (linearidade dos fatos, uso restrito de documentos oficiais

como fonte de verdade histórica e, pela valorização dos heróis, com enfoque na

história universal).

Conforme as DCE, a história do Brasil passou a ocupar os currículos

escolares na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. Nesse período

os conteúdos escolares contribuíam para a manutenção do projeto político de

Vargas, com um enfoque moral e cívico.

Em 1971, foi instituída a disciplina de Estudos Sociais (unificação das

disciplinas de História e de Geografia). Durante o regime militar, o ensino de História

manteve seu caráter político impondo um modelo de sociedade hierarquizada e

nacionalista, o Estado era o principal sujeito histórico, não havia espaço para críticas

ou interpretações de fatos.

A partir da Lei 5692/71, o Estado organizou o primeiro grau

profissionalizante (ensino voltado para a formação tecnicista e para o mercado de

trabalho). Nos anos 80 a disciplina de Estudos Sociais é contestada e novas

produções na área de história passam a ser elaboradas.

Nesse contexto, é possível perceber o caráter reprodutivista do ensino de

história onde prevaleceu, a visão conservadora e elitista da sociedade. Nesse

sentido, o livro didático, a principal fonte de pesquisa utilizada pelo professor e pelo

aluno, contribuiu para legitimar o pensamento positivista na sociedade brasileira.

Segundo Schmidt e Cainelli

Fundamentalmente, a condição reprodutivista do ensino da História nas escolas, bem como a problemática do livro didático foi e continua a ser, ainda hoje, o tema mais debatido por estudiosos cujo objetivo de pesquisa é o ensino dessa matéria. Também a problemática da história dos vencedores e as questões relativas ao desenvolvimento das concepções de tempo são

tema recorrente de pesquisas individuais ou de encontros coletivos de pesquisadores e professores de história. (2004, p.12)

Porém, nos últimos anos as coleções que estiveram presentes no PNLD

(Programa Nacional do Livro Didático) passaram a apresentar alguns elementos da

Nova História, da Nova História Cultural e da Nova Esquerda Inglesa. Assim, os

livros didáticos, trazem uma maior quantidade de fontes históricas; reflexões

passado-presente; as permanências e as mudanças; a cultura popular; e reforçam a

noção de que todos os sujeitos, incluindo o aluno, podem mudar o rumo da história.

Nesse sentido, o ensino da História passa a valorizar o uso do documento

histórico para compreender como se dá a construção do conhecimento histórico.

Conforme Le Goff

O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história da época, da sociedade que o produziu, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados desmistificando-lhe o seu significado aparente. (2003, p. 537- 538)

Essa concepção permite entender que o documento tem um significado

muito grande para a compreensão da história de um povo, de uma época. É através

dele que podemos analisar as sociedades do passado e nos aproximarmos daquilo

que em outros tempos foi produzido. Também nos faz refletir em que medida o

documento pode ser utilizado como instrumento de poder, com o intuito de

manipular ou simplesmente ocultar os acontecimentos. O documento quando

abordado dessa maneira pelo professor, em sala de aula, pode conduzir o aluno ao

diálogo com realidades passadas, indagando e problematizando os conteúdos

históricos.

De acordo com Karnal

Ensinar história é uma atividade submetida a duas transformações permanentes: do objeto em si e da ação pedagógica. O objeto em si (o “fazer histórico”) é transformado pelas mudanças sociais, pelas novas

descobertas arqueológicas, pelo debate metodológico, pelo surgimento de novas documentações e por muitos outros motivos. A ação pedagógica muda porque mudam seus agentes, mudam os professores, mudam os alunos, mudam as convenções de administração escolar e mudam os anseios dos pais. (2005, p.8-9)

Observa-se que com relação ao campo didático-metodológico da disciplina,

as concepções presentes hoje estão principalmente voltadas para o materialismo

histórico dialético de Marx e Engels, que coloca o sujeito na condição de alguém que

faz parte do processo histórico. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Paraná estão embasadas nessa teoria. Igualmente, a proposta de ensino-

aprendizagem da disciplina de história está articulada a ela, priorizando o sujeito

como construtor do conhecimento histórico.

Assim, se faz necessária uma abordagem sobre as relações de trabalho, as

relações de poder e as relações culturais que constituem o processo histórico e são

apresentadas nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná como os conteúdos

estruturantes da disciplina de história. Essas relações são intercambiantes, ou seja,

embora em determinado momento o professor dê mais ênfase em um tipo de ação e

relação humana, as demais estão presentes também.

Conforme as Diretrizes da Educação Básica

Articulados aos demais conteúdos estruturantes, reconhecer as contradições de cada época, os impasses sociais na atualidade e dispor-se a analisá-los, a partir de suas causas, permite entender como as relações de trabalho foram construídas no processo histórico e como determinam a condição de vida do conjunto da população. (2008, p.65)

Estudar as relações de poder remete-nos a compreender que estas são

exercidas nas diversas instâncias sócio-históricas (Estados Nacionais, igrejas,

prisões, hospitais, escolas, comunidades, famílias, organizações econômicas, etc.).

Assim, se o aluno perceber que tais relações estão presentes em seu cotidiano ele

poderá “identificar os espaços decisórios, porque determinada decisão foi tomada,

de que forma foi executada ou implementada, e como, quando e onde reagir a ela”

(PARANÁ, 2008, p. 66-67).

Do mesmo modo, as relações culturais são fundamentais para compreender

o conjunto das relações humanas. “Entende-se como cultura aquela que permite

conhecer os conjuntos de significados que os homens conferiram á sua realidade

para explicar o mundo” (PARANÁ, 2008, p.67).

Nesse contexto, no desenvolvimento desse trabalho, iremos abordar as

relações de trabalho, sem, no entanto, deixar de lado as relações de poder e as

relações culturais. O objeto de pesquisa será as relações de trabalho no período de

Getúlio Vargas. Também faremos um estudo, em fontes históricas, sobre as

relações de trabalho nas indústrias do município de Dois Vizinhos. A ênfase na

história local se faz necessária em vista da realidade dos alunos do Colégio Estadual

Monteiro Lobato, que são filhos de trabalhadores e alguns também trabalham nas

indústrias do município.

Desse modo, através da história oral é possível conhecer a visão daqueles

que estão diretamente vinculados ao processo de produção. Frequentemente o que

ocorre é que as fontes escritas, tradicionalmente produzidas pelo poder público, pela

imprensa, ou por encomenda de determinados grupos, dedicam-se a uma narrativa

que tende tratar dos interesses dos grupos dominantes, e não dos trabalhadores.

Dessa forma, ouvir os sujeitos que fazem parte das minorias sociais, possibilitará

outra versão da história e das relações de trabalho em Dois Vizinhos.

Conforme afirma Pollak

Ao privilegiar a análise dos excluídos, dos marginalizados e das minorias, a história oral ressaltou a importância de memórias subterrâneas que, como parte integrante das culturas minoritárias e dominadas, se opõem à memória oficial. (1989, p. 4)

A análise das falas dos trabalhadores das indústrias do município de Dois

Vizinhos constitui-se como o ponto de partida para o estudo do período Vargas no

Brasil, especificamente as questões trabalhistas daquele período que permanecem

no presente. É importante lembrar que boa parte dos direitos trabalhistas dos dias

atuais estão fundamentados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943,

aprovada por Getúlio Vargas. Porém, é fundamental ter discernimento que a

aprovação da CLT não foi resultado da vontade política de Vargas, mas sim de uma

luta histórica da classe trabalhadora.

De acordo com Negro e Silva

Em 1943, Getúlio Vargas dirigiu-se aos trabalhadores do Brasil e brindou-os com a Consolidação das Leis do trabalho (CLT). Alardeada como “a mais avançada legislação social do mundo”, a CLT regulava as relações trabalhistas em detalhes e prometia justiça social, colocando-se nas mãos da classe operária como escudo contra arbitrariedades patronais. (2003, p.51)

Nesse sentido, Vargas usou todo o poder da mídia de que dispunha na

época, para divulgar a ideia de que ele é que estaria presenteando os trabalhadores

com a garantia de alguns direitos e com isso fortalecer o slogan de pai dos pobres.

Essa imagem que buscou mostrar perante o operariado urbano foi uma das

principais características de seu governo. Sempre iniciava seus discursos com a

frase “trabalhadores do Brasil”, dando a entender que tinha grande consideração por

essa classe social. Não fossem as organizações sindicais e os movimentos

organizados pela classe trabalhadora, e que sofreram duras perseguições durante

toda a era Vargas, não seria possível os avanços alcançados, enquanto direito da

classe trabalhadora.

Após quase setenta anos da aprovação do primeiro texto da CLT, ainda

vivemos numa sociedade que não respeita os direitos dos trabalhadores. A

precarização das leis e a informalidade do trabalho são exemplos desse desrespeito.

Assim como, o caso de trabalhadores rurais de algumas regiões do país que

raramente tem carteira de trabalho assinada, bem como não desfrutam de férias,

nem tampouco recebem décimo terceiro salário.

Como afirma Varussa

No que se refere à legislação trabalhista, um importante fator agregou-se a partir da promulgação da Constituição do Brasil de 1988. A Lei Maior estabeleceu a isonomia entre trabalhadores urbanos e rurais, o que estendia a estes últimos, entre outros, os direitos de férias, décimo terceiro salário, descanso semanal remunerado, jornada de trabalho de 44 horas semanais e o pagamento de horas extras. (2009, p.448)

Contudo, é importante salientar que na maioria das regiões do Brasil ainda

existem trabalhadores em condições de escravidão ou semiescravidão. Relatos da

Auditoria Fiscal do Trabalho mostram situações de total desrespeito em relação a

legislação trabalhista, onde trabalhadores refugiados de diversos países

muçulmanos que vem trabalhar nos frigoríficos de abate de aves no Distrito Federal

e no Paraná, são submetidos a horas excessivas de trabalho, não recebem horas

extras e são privados de benefícios dados aos outros trabalhadores, como a

participação nos lucros e o plano de saúde. O mesmo ocorre com trabalhadores

rurais que trabalham na plantação e no corte do pinus em Santa Catarina. Além de

alojamentos precários, foram constatadas muitas outras irregularidades como: falta

de equipamentos de proteção, falta de banheiros, falta de água, dieta alimentar

pobre, falta de registro com carteira assinada, dentre tantos outros problemas

levantados.

Outra situação muito comum em que a CLT não é aplicada, é a condição das

empregadas domésticas que trabalham de maneira informal. Esse quadro além de

desrespeitar o trabalhador e a trabalhadora durante sua fase produtiva ainda

inviabiliza o direito à aposentadoria quando estes envelhecem.

Uma característica comum que envolve os trabalhadores informais é o

desrespeito com a jornada de trabalho que muitas vezes chega a ser o dobro do que

prevê a lei. Um dos principais fatores que leva à informalidade é o desemprego que

faz com que muitas pessoas busquem algum meio de sobrevivência. A ruptura do

vínculo empregatício formal representa, na prática, a perda de direitos e benefícios

sociais.

3 MATERIAL DIDÁTICO

ATIVIDADE 1: A música como fonte histórica

Música 1: Música Popular Brasileira

Eu Despedi O Meu Patrão

Composição:Zeca Baleiro/Capinan

Intérprete: Zeca Baleiro

Ano: 2002

Site consultado: http://letras.mus.br/zeca-baleiro/96732/ acesso: 28/10/2012

Atividades:

1- Na letra da música está implícita a ideia de vadiagem? Justifique.

2- Você acha possível o empregado despedir o patrão? De que modo?

3- Quando um trabalhador “despede” o patrão, qual a alternativa de vida para ele?

4- Você considera que o patrão pode ser um “ladrão” conforme a letra da música sugere? Por quê?

Vamos ouvir a música “Eu Despedi o meu Patrão” de Z eca Baleiro e Capinan.

Após ouvir a música responda as atividades abaixo.

Eu despedi o meu patrão Desde o meu primeiro emprego

Trabalho eu não quero não Eu pago pelo meu sossego... (2x)

5- Explique sua compreensão sobre as frases: “ele roubara o que eu mais valia”, “e eu não gosto de ladrão”.

Música 2: Samba

Primeira versão:

O Bonde de São Januário

Compositor: Ataulfo Alves e Wilson Batista

Intérprete: Ataulfo Alves

Ano: 1941

Site consultado: http://www.drzem.com.br/2009/12/o-bonde-sao-januario-o-bonde-que-leva.html. Acesso em: 28/10/2012

Segunda versão:

O Bonde de São Januário

Compositor: Ataulfo Alves e Wilson Batista

Intérprete: Ataulfo Alves

Ano: 1941

Agora vamos ouvir a música “O bonde de São Januário ” de Ataulfo Alves e Wilson Batista. Vamos comparar a primeira versão com a segunda. Posteriormente responda o roteiro de análise abaixo .

O Bonde de São Januário Leva mais um sócio otário Só eu não vou trabalhar

Site consultado: http://letras.mus.br/wilson-batista/259906/. Acesso em 28/10/2012

Roteiro de análise:

1- Analise e faça uma comparação entre a versão original e a versão modificada na letra do samba. O que mudou nas versões?

2- Segundo sua compreensão, o que teria motivado a mudança na letra da música?

3- O que o compositor da letra quis dizer com a frase: “a boemia não dá camisa a ninguém”? No Brasil ainda há censura? Justifique.

ATIVIDADE 2: Entrevista com os trabalhadores das in dústrias de Dois Vizinhos

Roteiro de Questões:

1- Nome:

2- Idade:

3- Onde trabalha?

4- Tempo de serviço nesta atividade:

Aluno, agora é sua vez! O questionário abaixo deverá ser entregue para trabalhadores de nosso município e você será o mediador escrevendo as respostas dadas. Você pode utilizar celular ou gravador para preservar melhor a fala do entrevistado

O Bonde de São Januário Leva mais um operário

Sou eu que vou trabalhar

5- Renda/salário atual:

6- Você considera importantes as leis trabalhistas que temos hoje? (Carteira

assinada, salário mínimo, décimo terceiro salário). Por quê?

7- Você sabe o que é trabalho formal e trabalho informal? Qual a diferença entre

eles?

8- Qual é a importância do trabalho em sua vida?

9- O trabalho pode ser algo agradável e prazeroso ou somente um fardo pesado

para o trabalhador carregar?

10- O salário que ganha é suficiente para viver com dignidade?

11- Você considera que é explorado em seu trabalho? Explique.

12- Qual é a melhor forma de resolver os problemas enfrentados em seu local de

trabalho?

13- O que você pensa em relação a greve?

Agora que você já realizou as entrevistas, vamos para o laboratório de informática sistematizar as respostas que posteriormente serão apresentadas para os colegas da turma. Para concluir essa atividade, faremos o arquivamento dos questionários na biblioteca para que possam ser consultados por outros alunos.

ATIVIDADE 3: Análise dos Discursos de Vargas

Sites consultados:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=7409 (acessado em 10/10/2012)

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=7410 (acessado em 10/10/2012)

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/genre.php?genreid =27&letter=&start=320 (acessado em 10/10/2012)

ATIVIDADE 4: Oficina sobre Exploração do trabalho

Caro aluno! Você já ouviu falar que em seus discursos Getúlio Vargas sempre se dirigia à classe trabalhadora. Pois bem, agora vamos ouvir trechos dos discursos de Vargas e, posteriormente, organizar duplas para analisar estes discursos. Após o trabalho em duplas faremos um debate observando as principais ideias defendidas por Getúlio Vargas em seus discursos.

Vamos simular o trabalho na linha de produção!

Sete alunos realizarão o trabalho na linha de produção cortando calças desenhadas em folhas sulfite. Outros alunos representarão outras funções na fábrica, como o dono e o gerente. Haverá também o banqueiro e o fornecedor de matéria-prima. O restante da turma será o “exército de mão de obra de reserva”. O dono da fábrica fará um empréstimo com o banqueiro, dará o dinheiro para o gerente comprar matéria-prima e depois organizará a produção para que o máximo seja produzido em um mínimo de tempo e com qualidade. Visando isso, o funcionário que mais produzir, com qualidade, será o “operário padrão” e irá ganhar um prêmio (bombom). Depois de passar o tempo pré-estabelecido, o gerente recolhe as calças e as entrega para o dono da fábrica. O dono da fábrica devolve uma para cada funcionário – representando o salário – e duas para o gerente. Aproximadamente 20% das calças produzidas ficarão com o banqueiro e o restante com o dono da fábrica – representando a exploração da mais valia.

Agora vamos discutir alguns aspectos importantes do trabalho fabril, tais como: horas trabalhadas, tempo para descanso e para ir ao banheiro, insalubridade, mais-valia.

Despesas mensais:

Supermercado: Outras despesas mensais:

_____ Kg de arroz:R$_________ Aluguel: R$_________

_____ Kg de feijão: R$_________ Roupas e calçados: R$_________

_____ Kg de batata = R$_________ Transporte: R$_________

_____ Kg de pão R$_________ Água: R$________

_____ Kg de farinha R$_________ Luz: R$________

_____ Kg de macarrão R$_________ Telefone: R$________

_____ Kg de carne R$_________ Outras necessidades: R$________

_____ Kg de açúcar R$_________

_____ Kg de café R$_________

_____ Litros de leite R$_________

Verduras e legumes R$_________

Outros itens - R$_________

Total de despesas por mês (em média): R$___________

ATIVIDADE 5: Análise do Documentário “Carne e Osso”

Diretor: Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros

Ano de produção: 2001

Assistiremos o documentário “Carne e Osso” que trata do duro cotidiano de trabalho nos frigoríficos brasileiros de abate de frangos, gado e suínos. Após assistir o documentário, responda as questões abaixo:

Pesquise junto aos seus familiares as despesas mensais que sua família tem com relação aos itens básicos destacados abaixo. Traga a tabela preenchida, na próxima aula, para podermos discutir sobre a renda da família e o gasto mensal.

Roteiro de Questões sobre o documentário:

1- Qual a intenção do documentário?

2- Ele é uma ficção ou trata da realidade?

3- O que mais lhe chamou a atenção no documentário?

4- Como são as condições de trabalho apresentadas pelo documentário?

5 - Diante do que o documentário apresenta, seria possível evitar os acidentes, as doenças e até mortes nos frigoríficos?

6 - Que medidas deveriam ser adotadas para diminuir a incidência de problemas no ambiente de trabalho dos frigoríficos?

7 - Por que a maioria dos frigoríficos não toma estas medidas preventivas?

ATIVIDADE 6: Análise de fragmentos de Cartas dos tr abalhadores enviadas a

Vargas

Texto Utilizado:

WOLFE, Joel. “Pai dos pobres” ou “Mãe dos ricos”? Getúlio Vargas: industriários e construções de classe, sexo e populismo em São Paulo, 1930 – 1954. In Revista Brasileira de História . Vol. 14. n. 27. Ed. Marco Zero\Cnpq. 1994. P.45-52

Em duplas, confeccionem cartazes enfocando a temática do vídeo “Carne e Osso”. Podem utilizar gravuras ou desenhar situações degradantes de trabalho. Utilizem cartolinas, pincéis, lápis coloridos, gravuras de jornais ou revistas.

Leia abaixo os fragmentos das cartas que os trabalhadores enviavam a Vargas durante o governo do Estado Novo

[Digite uma citação do documento ou o resumo de uma questão interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Caixa de Texto para alterar a formatação da caixa de texto da citação.]

1º Fragmento

“A maioria da população de nosso bairro tem poucos recursos, senhor Presidente, mas somos trabalhadores persistentes com habilidade para ganhar o pão de cada dia [e] merecemos o conforto mínimo de uma rua calçada para irmos trabalhar. Em recompensa pela lealdade dos trabalhadores temos um governo que por dez anos defendeu e trabalhou por eles. [E quando no centro da cidade, o desenvolvimento tem sido feito às expensas das áreas operárias...] não queremos de maneira alguma, criticar nosso Prefeito por isto! Simplesmente expomos nosso ponto de vista. Acreditamos em “dinamismo” e “resultados”, apenas gostaríamos, agora, de ver uma distribuição mais igualitária, por exemplo, também em nosso bairro... Desejamos que Sua Excelência reconheça a justiça de nossas solicitações...” (Moradores do Bairro Operário Bosque da Saúde)

2º Fragmento

“O Departamento de Trabalho do Estado de São Paulo continua somente como uma formalidade, e completamente fora do programa [de leis trabalhistas] para a qual foi criado, e assim segue o sistema tradicional da República Velha. Isto é, está completamente em desacordo com [...] os desejos do Dr. Getúlio Vargas em relação aos empregadores e empregados de São Paulo [...] O Departamento de Trabalho do Estado de São Paulo [faz pouco] na defesa de suas leis porque os capitalistas de São Paulo continuam a controlar tudo.” (Antônio de Carvalho)

ATIVIDADE 7: Pesquisa na Internet sobre a Flexibili zação da CLT

Roteiro de pesquisa:

1- O que é a flexibilização da CLT?

2- Qual é a intenção da proposta de flexibilização da CLT?

Agora que você já leu os fragmentos das Cartas, sente com seu colega para anotar os aspectos mais importantes para posteriormente apresentar aos demais colegas da turma.

Individualmente, escreva uma carta fazendo reivindicações pertinentes às condições de trabalho na atualidade, destinadas para a presidente Dilma. Após a conclusão das cartas as mesmas serão lidas para os colegas da turma e posteriormente serão arquivadas na biblioteca do colégio, podendo ser consultadas por outros alunos do Colégio.

Leia o texto do jornalista Caê Batista “CUT apresenta anteprojeto de lei para flexibilizar direitos trabalhistas”. Após fazer a leitura, vamos até o laboratório de informática pesquisar, em duplas, outros sites que tratem sobre o assunto para ter mais subsídios para responder o roteiro de pesquisa abaixo.

3º Fragmento

“Esta é a razão pela qual estou lhe escrevendo estas linhas. Certamente, eu não me desapontarei, não é Senhor Getúlio? Eu quero ser uma professora e penso que, sim, terei sua ajuda em meus estudos... [e] o senhor não somente me ajudará como também a todo o Brasil, desta maneira. O senhor se beneficiará pois terá mais uma assistente na luta contra o analfabetismo. Papai e mamãe, e também eu, seremos muito gratos e desse modo o seu governo terá mais apoio”. (Maria Yolanda Pugliese)

3- Cite alguns itens da CLT que poderão ser alterados.

4- Quais são os argumentos de quem é a favor e de que é contra a

flexibilização?

5- Você é a favor ou contra as propostas de flexibilização da CLT? Justifique.

Site Consultado:

http://cspconlutas.org.br/2012/10/cut-apresenta-anteprojeto-de-lei-para-

flexibilizar-direitos-trabalhistas-por-cae-batista/ acessado em 23/10/2012

4 - ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

SUGESTÃO 1

A música como fonte histórica

OBJETIVO: Refletir junto aos alunos sobre a intencionalidade da música em

determinado período e contexto histórico. Analisar os sentimentos que ela desperta

e o ritmo escolhido para a letra. Será feita análise das músicas de Zeca Baleiro “Eu

Despedi meu Patrão” e de Wilson Batista e Ataulfo Alves “O Bonde de São

Januário”, observando todos os aspectos mencionados anteriormente, contrapondo

as músicas que são de períodos distintos, mas que abordam problemas que são

vivenciados pelos trabalhadores. Também discutir sobre a relação patrão e

empregado, o lucro do patrão em detrimento da exploração do trabalhador.

METODOLOGIA: Iniciar com um levantamento prévio junto aos alunos sobre o

conceito de trabalho que eles têm. Posteriormente, ouvir a música de Zeca Baleiro

(2002) “Despedi o Meu Patrão” e a música de Wilson Batista e Ataulfo Alves (1940)

Agora que você já pesquisou e respondeu o roteiro de pesquisa, elabore um texto de opinião sobre a flexibilização da CLT.

“O Bonde São Januário”. Entregar para os alunos as letras das músicas na íntegra e

ouvir com eles, problematizando e discutindo qual a ideia que as músicas

transmitem a respeito do trabalho.

Na primeira música o compositor faz referências aos conceitos de “alienação”

e “mais–valia” de Karl Marx. O trabalho nessa música pode ser entendido como uma

fonte de exploração tanto econômica quanto humana.

A segunda música está inserida num contexto histórico da repressão

varguista. Durante o governo de Vargas havia uma estratégia de dominação muito

forte que era a propaganda. Inspirado nas técnicas de propagandas nazifascistas,

em 1939, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão

subordinado diretamente ao presidente da República.

O DIP era o órgão responsável por produzir textos, programas de rádio,

documentários cinematográficos e cartazes em que o presidente aparecia de forma

paternalista. Além desse controle, o DIP exercia de forma severa a censura sobre os

jornais, as revistas, o teatro, o cinema, a literatura, o rádio e as demais

manifestações culturais. O rádio foi, sem dúvida, um dos órgãos mais fiscalizados,

pois era o meio de comunicação que atingia as mais diversas classes.

É importante lembrar que no Estado Novo de Vargas os meios de

comunicação de massa, especialmente o rádio, o disco e o cinema consolidavam-se

no país e constituíam-se em mercado de trabalho para muitos artistas pobres que

viram neles uma possibilidade de ascensão social. A produção cultural do período é

vista como reflexo das políticas públicas, deixando de levar em consideração as

formas criativas encontradas pela população para lidar com o regime ditatorial.

O samba O Bonde de São Januário, de autoria de Wilson Batista e Ataulfo

Alves, foi censurado. A letra original dizia: O Bonde de são Januário/ leva mais um

sócio otário/ só eu não vou trabalhar. O DIP determinou que a letra fosse

modificada, pois fazia apologia à malandragem, e a vadiagem, elementos que o

governo queria combater.

SUGESTÃO 2

Entrevista com os trabalhadores das indústrias de D ois Vizinhos

OBJETIVO: Compreender as principais dificuldades encontradas pelos

trabalhadores das indústrias no município de Dois Vizinhos, suas percepções quanto

a exploração do trabalho - característica do capitalismo, a importância dos direitos

trabalhistas, como: carteira de trabalho, o salário como condição para a

sobrevivência, a greve como instrumento para a melhoria das condições de trabalho

e de salário.

METODOLOGIA: Apresentar para os alunos o roteiro de perguntas que serão feitas

através de um questionário escrito. Cada aluno irá entregar o questionário para três

trabalhadores (a turma será dividida para entrevistar uma parcela de trabalhadores

formais e outra parcela de trabalhadores informais) e ele será o mediador da

entrevista, visto que irá escrever as respostas dadas pelo entrevistado. Para melhor

preservar a fala do entrevistado ele poderá recorrer ao uso de gravador ou celular.

Os alunos que são trabalhadores também poderão responder o questionário ou

entrevistar alguém da família que trabalhe nas indústrias do município. Após serem

respondidos os questionários estes serão recolhidos. Posteriormente os alunos irão

fazer a sistematização dos mesmos, através de um quadro comparativo que será

feito no laboratório de informática e posteriormente será apresentado e discutido

com os colegas.

Essa reflexão visa discutir com os alunos, em sala de aula, as experiências

dos sujeitos trabalhadores das indústrias no município de Dois Vizinhos, bem como,

refletir como a exploração imposta pelo modo de produção capitalista está presente

no cotidiano desses trabalhadores.

SUGESTÃO 3

Análise dos discursos de Vargas

OBJETIVO: Analisar o discurso de Vargas para compreender como as massas

trabalhadoras eram convencidas a apoia-lo em momentos diferentes do seu governo

(1939, 1940 e 1953).

METODOLOGIA: Ouvir com os alunos trechos do discurso de Vargas, transcrever

para que os alunos possam acompanhar melhor, pois o áudio não é de boa

qualidade. Posteriormente, eles irão se reunir em duplas para fazer alguns

apontamentos que mais chamaram a atenção nos discursos de Vargas. Após o

trabalho em duplas será feito um debate observando as principais ideias defendidas

por Getúlio Vargas em seus discursos. É importante observar segundo Eni Orlandi

que o historiador ao fazer análise do discurso deve considerar a noção de sujeito ao

analisar a linguagem e considerar que o “sujeito de linguagem é afetado pelo real da

língua e pelo real da história, não tendo o controle sobre o modo como elas o

afetam” (1999, p. 20). Através da linguagem são estabelecidas as relações entre os

sujeitos e o discurso constitui-se como um elo entre os sujeitos e a sociedade onde

vivem. Portanto, é preciso interpretar os discursos observando os sentidos que os

mesmos podem expressar.

SUGESTÃO 4

Oficina sobre Exploração do Trabalho

OBJETIVO: Estudar o conceito de mais valia a partir da simulação do trabalho na

linha de produção.

METODOLOGIA: Simular uma linha de produção com aproximadamente sete

alunos. Outros alunos representarão outras funções na fábrica, como o dono e o

gerente. Haverá também o banqueiro e o fornecedor de matéria-prima. O restante

da turma será o “exército de mão de obra de reserva”. O dono da fábrica fará um

empréstimo com o banqueiro, dará o dinheiro para o gerente comprar matéria-prima

(folhas sulfites com calças desenhadas) e depois organizará a produção para que o

máximo seja produzido em um mínimo de tempo e com qualidade. Visando isso,

prometerá um bombom para o funcionário que mais produzir e com qualidade.

Depois de passar o tempo pré-estabelecido, o gerente recolhe as calças e as

entrega para o dono da fábrica. O dono da fábrica devolve uma para cada

funcionário – representando o salário – e duas para o gerente. Aproximadamente

20% das calças produzidas ficarão com o banqueiro e o restante com o dono da

fábrica – representando a exploração da mais valia. Após a realização da atividade,

explicar que a mais-valia é o nome dado por Marx à diferença entre o valor

produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da

exploração no sistema capitalista. A partir da dinâmica desenvolvida, elencar

aspectos necessários para as condições de trabalho tais como, horas trabalhadas,

ambiente de trabalho, tempo para descanso e para ir ao banheiro, insalubridade.

Discutir também a questão dos salários pagos aos trabalhadores e o que é possível

comprar com o que um empregado ganha, comparando com aquilo que o patrão

consegue comprar com o excedente do que é produzido pelos seus empregados.

Pedir para os alunos pesquisarem junto aos familiares qual a renda da família, e

quanto gastam no mês com produtos básicos para a sobrevivência da família.

SUGESTÃO 5

Análise do documentário “Carne e Osso” (Duração: 65 minutos)

OBJETIVO: Analisar o duro cotidiano de trabalho nos frigoríficos brasileiros de abate

de aves, bovinos e suínos, bem como perceber nos depoimentos dos trabalhadores

as angústias geradas pela exposição constante a facas, serras e outros

instrumentos cortantes. Verificar também como a realização de movimentos

repetitivos podem gerar graves lesões e doenças; a pressão psicológica para dar

conta do alucinado ritmo de produção; as jornadas exaustivas até mesmo aos

sábados; ambiente asfixiante e, obviamente o frio enfrentado por eles.

METODOLOGIA: Assistir com os alunos todo o documentário. Após o término do

vídeo, fazer as seguintes indagações através de um roteiro digitado que será

entregue ao aluno para que ele individualmente responda. Qual a intenção do

documentário? Ele é uma ficção ou trata da realidade? O que mais lhe chamou a

atenção no documentário? Como são condições de trabalho apresentadas pelo

documentário? Diante do que o documentário apresenta, seria possível evitar os

acidentes, as doenças e até mortes nos frigoríficos? Que medidas deveriam ser

adotadas para diminuir a incidência de problemas no ambiente de trabalho dos

frigoríficos? Por que a maioria dos frigoríficos não toma estas medidas preventivas?

Após os alunos concluírem suas respostas será realizado um debate na turma

sobre as questões levantadas e outras que os alunos acharem pertinentes, sempre

enfocando a questão da exploração do trabalho em detrimento dos baixos salários

pagos a esses trabalhadores e o lucro dos patrões. Também é importante falar

sobre os processos que estão na justiça do trabalho, movidos pelos trabalhadores

de frigoríficos que sofreram algum tipo de acidente ou desenvolveram doenças

decorrentes do trabalho que realizavam. Verificar se os alunos conhecem pessoas

que movem processos judiciais contra empresas desse ramo ou de outro, em

decorrência de terem adquirido doenças ou sofrido acidentes de trabalho.

Posteriormente, os alunos irão sentar em duplas para a confecção de

cartazes enfocando a temática do vídeo “Carne e Osso”. Poderão utilizar gravuras

ou desenhar situações degradantes de trabalho. Será solicitado previamente que

tragam pincéis cartolinas, lápis coloridos.

SUGESTÃO 6

Análise de fragmentos de Cartas dos Trabalhadores e nviadas à Vargas

OBJETIVO: Compreender como os trabalhadores se manifestavam em relação às

péssimas condições de vida e trabalho da classe trabalhadora durante o governo de

Getúlio Vargas;

METODOLOGIA: Fazer a leitura das “Cartas” que estão no texto de Joel Wolf “Pai

dos pobres” ou “Mãe dos ricos”?: Getúlio Vargas, industriários e construções de

classe, sexo e populismo em São Paulo, 1930-1945. No texto o autor problematiza

como os trabalhadores, através das cartas, manifestavam-se em relação aos

discursos de Vargas, de sua popularidade, e sobre suas condições de trabalho. Elas

possibilitam analisar como os trabalhadores viam Vargas, ou seja, como o “pai dos

pobres”, e principalmente como a “mãe dos ricos”. Após entregar para os alunos os

fragmentos digitados das cartas, pedir para eles, reunirem-se em duplas para lerem.

No coletivo pedir para eles falarem sobre os aspectos que mais chamaram a

atenção nas Cartas. É importante frisar para os alunos observarem como os

trabalhadores se dirigiam à Vargas, seus anseios na esperança dele resolver seus

problemas pessoais, ou da classe trabalhadora de modo geral, sempre fazendo

paralelos com a atualidade. Posteriormente, serão distribuídas folhas em branco

para os alunos individualmente produzirem uma carta fazendo reivindicações

pertinentes às condições de trabalho na atualidade, destinadas para a presidente

Dilma. Após a conclusão das cartas eles irão ler para os colegas da turma e estas

serão arquivadas na biblioteca do colégio, podendo ser consultadas por outros

alunos do Colégio.

SUGESTÃO 7

Pesquisa na Internet sobre a Flexibilização da CLT

OBJETIVO: Estudar com os alunos o que significa a flexibilização da Legislação

Trabalhista, suas implicações para a classe trabalhadora, os argumentos utilizados

pelo setor patronal e, em certa medida pelo próprio Estado, para justificar essas

alterações nas Leis.

METODOLOGIA: Inicialmente, os alunos irão receber o texto: “CUT apresenta

anteprojeto de lei para flexibilizar direitos trabalhistas” do jornalista Caê Batista,

disponível em http://cspconlutas.org.br/2012/10/cut-apresenta-anteprojeto-de-lei-

para-flexibilizar-direitos-trabalhistas-por-cae-batista. Irão fazer a leitura e anotar as

principais dúvidas a respeito do texto. Em duplas os alunos irão para o laboratório de

informática pesquisar sobre a flexibilização dos direitos trabalhistas. Após a

pesquisa retornarão para a sala para apresentarem os materiais pesquisados e para

tirarem as dúvidas sobre o assunto. Ao final, irão elaborar um texto de opinião sobre

o assunto.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Ricardo. De Vargas a Lula: caminhos e descaminhos da legisla ção trabalhista no Brasil. Vol. 7, n. 2, Pegada, 2006.

BATALHA, Claudio H. M., A historiografia da classe operária no Brasil: trajetória e tendências. In: FREITAS, Marcos César (org.) Historiografia brasileira em perspectiva . 7ed. São Paulo: Contexto, 2012.

BOTTOMORE, T. (editado por), Dicionário do Pensamento Marxista , Rio de. Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1988.

CARNE e osso. Direção: Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros. Produção: Repórter Brasil. Documentário, 2001.

KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas.4ed. São Paulo: Contexto, 2005.

LE GOFF, Jacques. Documento monumento. In: História e memória . 5ª ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 2003.

MATTOS, Marcelo Badaró (org.). História: pensar e fazer. Rio de Janeiro: Laboratório Dimensões da História, 1998.

NEGRO, Antonio Luigi, SILVA, Fernando Teixeira. Trabalhadores, sindicatos e política. In: FERREIRA, Jorge, DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.) O tempo da experiência democrática: da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

ORLANDI, Eni. Análise de Discurso : princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1999.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: História. Curitiba: SEED, 2008.

POLLAK, Michael. Memórias, esquecimento e silêncio. In: Rev. Estudos Históricos , vol. 2, n. 3. Rio de Janeiro: Ed UFRJ, 1989.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene Rosa. Ensinar história . São Paulo: Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério).

VARUSSA, R. J. Disputas na justiça do trabalho: memórias e histórias a partir do oeste do Paraná (década de 1980 a 2000). Diálogos, v. 13, p. 441-460, 2009.

WOLFE, Joel. “Pai dos pobres” ou “Mãe dos ricos”? Getúlio Vargas : industriários e construções de classe, sexo e populismo em São Paulo, 1930 – 1954. In Revista Brasileira de História . Vol. 14. n. 27. Ed. Marco Zero\Cnpq. 1994.

6- SITES CONSULTADOS

ALVES, Ataulfo; BATISTA, Wilson. O Bonde de São Januário. Letra de Música, 1941. Disponível em: < http://letras.mus.br/wilson-batista/259906/> Acesso em 28/10/2012

BALEIRO, Zeca; CAPINAN, José Carlos. Eu despedi o meu padrão. Letra de Música, 2002. Disponível em: <http://letras.mus.br/zeca-baleiro/96732/> Acesso: 28/10/2012

BATISTA, Caê. CUT apresenta anteprojeto de lei para flexibilizar direitos trabalhistas. Disponível em: http://cspconlutas.org.br/2012/10/cut-apresenta-anteprojeto-de-lei-para-flexibilizar-direitos-trabalhistas-por-cae-batista/ acessado em 23/10/2012.

DISCURSOS de Vargas. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=7409 (acessado em 10/10/2012)

DISCURSOS de Vargas. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=7410 (acessado em 10/10/2012)

DISCURSOS de Vargas. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/genre.php?genreid =27&letter=&start=320 (acessado em 10/10/2012)

FLEXIBILIZAÇÃO das leis trabalhistas. Disponível em: http://cspconlutas.org.br/2012/10/cut-apresenta-anteprojeto-de-lei-para-flexibilizar-direitos-trabalhistas-por-cae-batista/ (acessado em 23/10/2012).