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43 METODOLOGIA CIENTÍFICA Unidade III 5 10 15 20 16 PROJETO DE PESQUISA Segundo Booth (2000, p.19), Pesquisar é reunir informações necessárias para encontrar uma resposta a uma pergunta e assim chegar à solução de um problema”. Para elaborarmos um projeto de pesquisa, precisamos escolher um assunto, ler o que outras pessoas escreveram sobre ele, coletar dados e, a partir daí, formular uma pergunta (problematização). Toda pesquisa tem como objetivo dar a resposta a essa pergunta – seja pela refutação ou pelo reforço das hipóteses. Com base no roteiro elaborado pelo professor José J. Queiroz, 1 apresentaremos alguns passos para a construção de um projeto de pesquisa: 1º passo: o tema Primeiramente, o tema deve nascer de um interesse do aluno. Algum assunto no qual ele gostaria de trabalhar por dois anos discutindo e estudando. A empatia pelo objeto de estudo é fundamental. A melhor maneira de descobri-lo é olhar para dentro de si mesmo e entender a natureza dos seus interesses. Quais aulas mais despertam sua curiosidade e simpatia? Qual tema acadêmico o faz sentir motivado e livre para defendê-lo? Uma boa forma de escolher o tema é delimitá-lo e fazer uma pesquisa ampla sobre o assunto, como já salientamos. 1 Disponível em <http://www4.uninove.br/mkt//downloads/decalogo_ da_pesquisa.pdf>. Acesso em: 20 maio 2009.

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16 PROJETO DE PESQUISA

Segundo Booth (2000, p.19), “Pesquisar é reunir informações necessárias para encontrar uma resposta a uma pergunta e assim chegar à solução de um problema”.

Para elaborarmos um projeto de pesquisa, precisamos escolher um assunto, ler o que outras pessoas escreveram sobre ele, coletar dados e, a partir daí, formular uma pergunta (problematização). Toda pesquisa tem como objetivo dar a resposta a essa pergunta – seja pela refutação ou pelo reforço das hipóteses.

Com base no roteiro elaborado pelo professor José J. Queiroz,1 apresentaremos alguns passos para a construção de um projeto de pesquisa:

1º passo: o tema

Primeiramente, o tema deve nascer de um interesse do aluno. Algum assunto no qual ele gostaria de trabalhar por dois anos discutindo e estudando. A empatia pelo objeto de estudo é fundamental.

A melhor maneira de descobri-lo é olhar para dentro de si mesmo e entender a natureza dos seus interesses. Quais aulas mais despertam sua curiosidade e simpatia? Qual tema acadêmico o faz sentir motivado e livre para defendê-lo?

Uma boa forma de escolher o tema é delimitá-lo e fazer uma pesquisa ampla sobre o assunto, como já salientamos.

1Disponível em <http://www4.uninove.br/mkt//downloads/decalogo_da_pesquisa.pdf>. Acesso em: 20 maio 2009.

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É também interessante pesquisar sites de pós-graduação e conferir as linhas de pesquisas de cada professor, especialmente os que defendem o tema de seu interesse. Investigue as linhas de pesquisa existentes nas instituições. Você necessitará de um orientador. Tomadas essas medidas, o seu processo seletivo estará facilitado.

Outro cuidado importante é observar a relevância do tema na atualidade. Você precisará justifi car a funcionalidade e a importância do tema escolhido. Qual é a relevância do assunto e como ele pode contribuir para a sociedade? Quais os problemas que poderá resolver? Qual a sua signifi cância? Por que ele é importante para a coletividade?

O projeto nasce de uma paixão individual, mas ele deve atender o coletivo e responder às demandas da sociedade.

Quando você iniciar a pesquisa geral, perceberá se o tema escolhido pode ou não ser estudado, se há dados e referências a serem analisadas e se o tempo de dois anos é sufi ciente para a pesquisa. Por isso é necessário delimitar o tema. Evitar temas panorâmicos.

O título do trabalho/tema muda conforme o projeto, mas é bom desde o início “dar nome aos bois”. Para organizar sugerimos dividir o enunciado:

Título geral: deve ser amplo e chamativo.

Subtítulo (específi co ou técnico): a delimitação do objeto de estudo. O subtítulo deve enunciar com clareza o objeto e seus limites (passo 3).

2º passo: apresentação do tema

É a ideia inicial. Ela deve ter um texto claro e sucinto explicando a importância do tema e a motivação do autor. É

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recomendado observar qual modelo de projeto será pedido na instituição escolhida. Por vezes, alguns desses passos não constam no projeto.

3º passo: delimitação do tema e do objeto

Ressaltamos que objeto é diferente de objetivo. Objeto é aquilo que você irá estudar. É seu objeto de estudo. Objetivo é o que você pretende com a análise daquele objeto.

Ele deve ser enunciado com clareza, e seus limites devem ser estabelecidos com precisão.

Como delimitar um tema?

Existem alguns critérios que facilitam a delimitação. São eles:

Onde? Quando? Quem e como?

Onde. Espacialidade: local onde o objeto está localizado. Por exemplo: a cidade, bairro, instituição ou marca que será analisada. Ou, no caso de uma análise audiovisual, onde o produto foi fi lmado.

Quando. Temporalização: período ou época em que o objeto será estudado. Período ou época no qual a obra analisada foi feita (contextualização).

Quem. Pessoas ou segmentos sociais que serão analisados (público-alvo).

Como. Ponto de vista: prisma ou enfoque da abordagem. Como observamos anteriormente, existem inúmeras vertentes cientifi cas e métodos — é necessário defi ni-los. Para defi nirmos esse item, é necessário também defi nir os autores que sustentarão nossas proposições científi cas.

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Outra sugestão interessante é responder às seguintes perguntas:

Passo A — Especifi cação do tópico:

Estou aprendendo sobre/ trabalhando em/ estudando ____________________________________________________.

Passo B — Sugira uma pergunta:

Estou estudando X porque quero descobrir quem/ onde/ quando/ se/ por que/ como___________________________________________________________________________.

A partir dessa pergunta, podemos partir para o problema.

4º passo: problematização

A problematização é o conjunto de dúvidas ou questões que se quer resolver ou descobrir dentro de um tema. Ela surge a partir do contato com a bibliografi a existente ou dados coletados sobre o tema. As dúvidas expressas no problema da pesquisa comandam todo o trabalho de investigação: da busca de teorias e conceitos relevantes à observação da realidade (coleta de dados), ao tratamento desses dados e às conclusões e conhecimento desenvolvido a partir do problema que nos moveu a investigar.

Problema de pesquisa

O que será que...? Como tal coisa se caracteriza? Que sentido tem? Por que tal processo acontece? Que diferenças existem entre...? Quais as formas diversifi cadas e variações de tal processo comunicacional?

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O que não é problema de pesquisa

a. Aqueles que, para serem supridos, basta uma ida à biblioteca. Essas dúvidas não levam à pesquisa, mas ao estudo. Na pesquisa, essas dúvidas também aparecem, mas serão logo supridas na biblioteca ou consultando especialistas. Elas não são o “eixo” da sua pesquisa.

b. Questões que decorrem de falta de prática. Se você não sabe como redigir uma peça publicitária, você resolve essa curiosidade, praticando, e não pesquisando para aprofundar o conhecimento das regras. “Como obter uma solução para organizar a melhor comunicação em nosso ambiente de trabalho?” é um problema prático, concreto, empírico, e não teórico.

É relevante para a comunicação conhecer quais cores atingem melhor determinas pessoas? Ou os efeitos sociais da violência fi ccional televisiva? Porém, não é possível coletar dados tão complexos com validade em tão poucos anos. Isso pode gerar um ensaio com boas “sacações”, mas não uma pesquisa.

Problemas de conhecimento

Problemas práticos pedem uma solução geralmente desenvolvida por meio de interferência no ambiente. Até mesmo os tipicamente profi ssionais (O que fazer para que...? Como obter mais qualidade em tal processo? Como evitar equívocos de tal tipo? Como resolver com mais efi ciência tal processo?).

O que é preciso saber sobre tal situação? O que devermos descobrir sobre ela para que nosso conhecimento da realidade em foco seja ampliada? Um problema de pesquisa pode ser derivado de um problema prático. Se o problema prático é sufi cientemente complexo, torna-se necessário o aprofundamento do conhecimento sobre a situação, antes mesmo de buscarmos as soluções práticas.

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A pesquisa acadêmica é o trabalho que prioriza o conhecimento em suas bases mais profundas. O mestrado é uma delas, e tem como instrumento a dissertação.

Expressando um problema de pesquisa

a. Não há regras. Inicia-se com aquele documento preparatório respondido anteriormente.

b. Comece a escrever perguntas, tudo o que você consiga perguntar (brainstorming). O prêmio aqui não é para as boas perguntas, mas para a maior diversidade possível.

c. Crítica às perguntas. Distinga as perguntas que expressam apenas falta de informação e de maiores estudos (é aquele conhecimento que você desconfi a que já existe em algum lugar, mas que precisará dele mais tarde).

d. Descarte as perguntas práticas que pedem soluções concretas, ações, propostas diretas sobre “o que fazer para”... Verifi que se não é possível derivar delas problemas de conhecimento.

e. Separe as questões amplas demais ou muito genéricas. Exemplo: “Como a comunicação modifica os processos de aprendizagem tradicionalmente ancorados no livro?”. Pode ser feito um ensaio sobre eles em dois meses de trabalho... Mas uma pesquisa, nem mesmo em dez anos.

f. Perguntas que requerem respostas binárias (sim/não). Procure derivar delas perguntas mais sutis ou complexas, do tipo “Como?” “Quais?”. Exemplo: “Há diferenças internas na situação dada como monolítica?” (sim ou não). Mudando: “Que diferenças podem ser percebidas (em alguma coisa que parece em geral monolítica)?” ou “Que semelhanças podemos encontrar (em coisas que

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parecem diferentes ou isoladas entre si)?”. Essas perguntas estão abertas à descoberta!

Tente uma segunda rodada de geração de perguntas.

Sistematizando as perguntas

O melhor é que sejam poucas perguntas na construção de um problema no projeto de pesquisa. O importante é a consistência do conjunto, sua relevância e sua possibilidade de demarcar um território sobre o assunto.

Organize as perguntas mais relevantes e as secundárias. Mais amplas e mais específi cas. Independentes entre si ou relacionadas; relacionadas em paralelo ou por subordinação. Mais teóricas ou mais voltadas à busca de dados... etc.

O objetivo é buscar um conjunto integrado, internamente relacionado de perguntas. Não fi que satisfeito cedo demais. Brinque com as possibilidades como se fosse um jogo de armar. Durante esse processo, é comum reformular perguntas, criar outras, substituir...

5º passo: hipóteses

As possíveis soluções do problema. É uma opção do autor frente ao(s) problema(s) levantado(s). Constitui a ideia central do trabalho e será objeto de demonstração.

Uma pesquisa é um trabalho de investigação para confi rmar ou informar uma hipótese. Mas...

a. Hipóteses relevantes aparecem em estágios avançados de refl exão.

b. As hipóteses avançadas derivam de problemas de pesquisa longamente elaborados.

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O que não é hipótese

Proposições, premissas = ideias, impressões, propostas que temos simplesmente por nos envolvermos continuadamente com um tema, por experiência prática ou leituras. Hipóteses de solução de um problema, não são hipóteses de pesquisa. Por exemplo, propor táticas de comunicação comunitária para produzir uma TV educativa. A proposta não é “hipótese de pesquisa” (ponto fi nal pretendido da pesquisa), e sim uma ação prática (ou ponto de partida, ou meta posterior à pesquisa) para só então gerar conhecimento.

“Sacação”, lampejo: trabalhamos com um assunto qualquer, observamos o que as pessoas fazem e dizem, lemos a respeito, de repente percebemos perspectivas que aparentemente ninguém parece ter — é a nossa “intuição”.

Porém, tudo isso nem sempre são hipóteses de pesquisa, mas um ponto de partida. Jamais provaríamos aquelas “hipóteses” como não verdadeiras porque estaríamos dirigidos a provar o que pensamos ser verdadeiro, gerando uma cegueira involuntária. Mas normalmente uma ideia gerada por forte envolvimento com a coisa é mesmo “verdadeira” (válida para o espaço e contexto em que foi proposta) e se sustenta pela constatação ao vivo, sem precisar de pesquisa para demonstrá-lo.

Não é necessário jogar fora a ideia brilhante. Elas serão usadas mais tarde.

O que é relevante: evite achar que ideias ou premissas são hipóteses de pesquisa. Considere-a como um “pressuposto”.2

Mas isso não é uma “hipótese de pesquisa” que vá gerar investigação para confi rmar ou infi rmar a afi rmação. Isso é uma hipótese de trabalho, usada como base para organizar a observação: se essa hipótese é verdadeira, o que poderia descobrir sobre esses processos, já que possuo essas afi rmações?

2Hipo-tese = menos que tese (uma afi rmação sobre a qual não estamos muito convictos).

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Não vamos estudar as hipóteses, mas tomá-las como verdadeira e usá-las como modo ou instrumento para direcionar as observações.

As hipóteses de pesquisa não são as ideias dos passos iniciais com os quais damos encaminhamento à investigação, mas a prefi guração do ponto de chegada. Portanto, é melhor pensar na formulação do problema primeiro.

6º passo: objetivos do trabalho

Importante: objeto é diferente de objetivo!!!

Objeto: é o núcleo central do trabalho, seu alvo exatamente demarcado.

Objetivos: são os resultados que o autor pretende alcançar com o projeto.

Vamos inserir mais uma pergunta a ser respondida aqui.

Motive sua pergunta: a fi m de entender como, por que ou se.

Estou estudando _________________ porque estou tentando descobrir (como/ porque/se/onde __________________________________________________ a fi m de entender_________________________________________.

Seu objetivo fi nal é explicar:

• o que você está escrevendo — seu tópico;

• o que você não sabe sobre ele — sua pergunta;

• por que você quer saber sobre ele — seu fundamento lógico.

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Objetivo geral

É o objetivo maior e o mais amplo de sua pesquisa. Inclui as variáveis a serem pesquisadas. Começa com um verbo de ação: identifi car, analisar, descrever, etc.

Objetivos específi cos

Defi nem ou descrevem as etapas a serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Começam com um verbo (ação).

Cada objetivo, além de ser claro, expressa apenas uma ideia ou ação.

Verbos de ação

Conhecer

• Apontar

• Enumerar

• Identifi car

• Relacionar

• Descrever

• Defi nir

• Ordenar

• Classifi car

• Distinguir

• Demonstrar

• Revisar

Analisar

• Analisar

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• Comparar

• Calcular

• Relacionar

• Distinguir

Aplicar

• Propor

• Esquematizar

• Construir

• Selecionar

• Empregar

• Organizar

• Interpretar

• Traçar

• Estruturar

• Criar

• Desenvolver

7º passo: referencial teórico

Constrói um conjunto de princípios sistemáticos, lógicos e coerentes. O referencial teórico não é citação de obras; é extremamente importante que o aluno comece a separar esse material desde a primeira pesquisa bibliográfi ca. Como fazer? Devemos anotar aqueles autores que consideramos importantes para nos dar a base da teoria. A escolha desses autores determina todo o caminho teórico que o pesquisador irá traçar.

Concluímos que os referenciais teóricos são categorias de análise pelas quais o autor opta. Tem o objetivo de clarear os

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conceitos fundamentais, fundamentar e desenvolver hipóteses, iluminar o objeto e sustentar o trabalho.

Esse quadro teórico não deve ser sincrético; a mistura de diversos dados empíricos e teorias podem confundir o objeto. Isso não quer dizer que sincretismo seja proibido, apenas devemos ter muito cuidado para não sermos contraditórios.

Podemos desenvolver um capítulo inteiro falando apenas da teoria ou podemos diluí-la ao longo das análises (principalmente no capítulo reservado às hipóteses).

É interessante que a escolha do estudante a respeito dos autores que compõem o quadro teórico do projeto seja semelhante aos autores adotados pelo orientador. Por isso a importância de conhecermos as linhas de pesquisa e trabalhos desenvolvidos pelos professores da pós-graduação que escolhermos. Assim será mais fácil encontrar um orientador que “fale a mesma língua do estudante”.

8º passo: procedimentos metodológicos

Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 83):

(...) o método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos e verdadeiros —, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Ele é o processo geral do raciocínio. Seu objetivo é enunciar os caminhos probatórios, as ferramentas de coleta do material para trabalhar o objeto e provar as hipóteses.

Concluímos que o método científi co é a teoria da investigação. E necessitamos cumprir as seguintes etapas:

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a. descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos. Se o problema não estiver enunciado com clareza, passa-se à etapa seguinte; se o estiver, passa-se à subsequente;

b. colocação precisa do problema, ou ainda recolocação de um velho problema, à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos, substantivos ou metodológicos);

c. procura de conhecimentos instrumentos relevantes ao problema (por exemplo, dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnicas de calculo ou de mediação). Ou seja, exame do conhecimento para tentar resolver o problema;

d. tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identifi cados. Se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte; em caso contrário, à subsequente;

e. invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção de novos dados empíricos que prometam resolver o problema;

f. obtenção de uma solução (exata ou aproximada) do problema com auxílio do instrumental conceitual ou empírico disponível;

g. investigação das consequências da solução obtida. Em se tratando de uma teoria, é a busca de prognósticos que possam ser feitos com seu auxílio. Em se tratando de novos dados, é o exame das consequências que possam ter as teorias relevantes;

h. prova (comprovação) da solução: confronto da solução com a totalidade das teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do contrario, passa-se para a etapa seguinte;

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i. correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta. Esse é, naturalmente, o começo de um novo ciclo de investigação.3

Resumindo...

O método científi co, segundo Bunge, é cíclico e recursivo. Divide-se em:

• descobrimento do problema;

• colocação precisa do problema;

• procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema;

• tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identifi cados;

• invenção de novas ideias (hipóteses) ou produção de novos dados empíricos que resolvam o problema; obtenção de uma solução;

• investigação das consequências da solução obtida;

• prova (comprovação) da solução;

• correção das hipóteses (feedback) = início de novo ciclo.

Na Unidade I, falamos da existência de diversos métodos; vamos nos aprofundar em alguns deles:

Método indutivo: “(...) é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, sufi cientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal”.4

3Bunge, 1980, p. 25.4Lakatos; Marconi, 2008, p. 86.

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Exemplo:

O corvo 1 é negro.

O corvo 2 é negro.

O corvo 3 é negro.

Então todo corvo é negro.

Esse método “(...) vai do especial ao mais geral, dos indivíduos as espécies, das espécies aos gêneros, dos fatos às leis ou das leis especiais as leis mais gerais”.5

Fases do processo indutivo:

a. observação dos fenômenos;

b. descoberta da relação entre eles;

c. generalização da relação.

Método dedutivo

Iremos exemplifi car o método dedutivo, comparando-o com o indutivo.

Dedutivo:

Todo mamífero tem um coração.

Ora, todos os cães são mamíferos.

Logo, todos os cães têm coração.

Indutivo:

Todos os cães que foram observados tinham um coração.

5Ibid., p. 86.

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Logo, todos os cães têm um coração.

Segundo Salmon (1978),6 existem duas características básicas que distinguem os argumentos indutivos e dedutivos:7

Indutivo

I - Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira.

II – A conclusão encerra informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas.

Dedutivo

I – Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira.

II – Toda a informação ou conteúdo fatual da conclusão já estava pelo menos implicitamente, nas premissas.

Método hipotético dedutivo

Cria-se uma solução provisória, uma tentativa de teoria, a qual passa a ser criticada, pelo próprio autor, com vistas a eliminar o erro.

Expectativa ou conhecimento

prévio

Problema Conjeturas(solução provisória) Falseamento

Nova teoria

Defi nição desses momentos no processo investigatório, segundo Poper (1975, p. 95):

I. Problema: surge, em geral, de confl itos ante expectativas e teorias existentes.

6Salmon, 1978, p. 30.7Lakatos; Marconi, 2008, p. 92.

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II. Solução: proposta consistindo numa conjectura (nova teoria); dedução de consequências na forma de proposições passíveis de teste.

III. Falseamento: testes, tentativas de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação.

Para Bunge8 as etapas desse método são:

1. Colocação do problema: (a) reconhecimentos dos fatos; (b) descoberta do problema; (c) formulação do problema.

2. Construção de um modelo teórico: (a) seleção dos fatores pertinentes; (b) invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares.

3. Dedução de consequências particulares: (a) procura de suportes racionais; (b) procura de suportes empíricos.

4. Teste das hipóteses: (a) esboço de prova; (b) execução da prova; (c) elaboração de dados; (d) inferência da conclusão.

5. Adição ou introdução das conclusões na teoria: (a) comparação das conclusões com as predições e retrodições; (b) reajuste do modelo; (c) sugestões para trabalhos posteriores.

Método dialético

Segundo Lakatos e Marconi,9 existem quatro leis fundamentais da dialética; são elas:

1. “Tudo se relaciona”. Ação recíproca, unidade polar.

2. “Tudo se transforma”. Mudança dialética, negação da negação.

81974, p. 70.9Lakatos; Marconi, 2008, p. 100.

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3. Mudança qualitativa. Passagem da quantidade à qualidade.

4. Contradição. Interpelação dos contrários, ou luta dos contrários.

Tese Antítese Síntese

O método dialético é o desenvolvimento pela oposição dos contrários e contém três etapas:

• tese: uma afi rmação;

• antítese: uma oposição a tese. Desse confl ito, nasce a:

• síntese: que é uma nova tese.

E assim sucessivamente.

Existem outros métodos citados na Unidade I; são eles:

1. histórico;

2. comparativo;

3. monográfi co;

4. estatístico;

5. tipológico;

6. funcionalista;

7. estruturalista;

8. etnográfi co;

9. clínico.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

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Mas não é nosso interesse desenvolvê-los nesse momento.

Procedimentos técnicos

O procedimento técnico é constituído pelos instrumentos a serem utilizados para colher dados do campo empírico. São eles:

1. observação de campo;

2. pesquisa participante;

3. entrevistas (abertas, em profundidade ou fechadas);

4. questionários (quais, quantos e com quais questões;

5. coleta de documentos;

6. consulta de arquivos (quais, onde e como), etc.

9º passo: plano e cronograma

Plano provisório

É um roteiro preliminar do trabalho, um esqueleto, em que iremos dividir os capítulos e colunas do trabalho. Uma boa dica é selecionar as bases-mestras da dissertação, as palavras-chave e, a partir delas, construir capítulos. Dentro de cada capítulo devemos separar as etapas necessárias para a conclusão. É importante que cada capítulo tenha começo, meio e fi m. O enunciado de cada capítulo deve ter como maior preocupação responder às indagações do autor e provar as hipóteses.

Esse plano pode ser alterado no decorrer do trabalho.

Cronograma

É onde você vai programar o tempo de cada parte do seu estudo.

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Num programa stricto sensu (mestrado), normalmente os alunos cumprem os créditos relativos às disciplinas. Já o terceiro semestre é dedicado à qualifi cação do projeto, ou seja, o foco é escrever. No quarto semestre, precisamos terminar o projeto e fazer as devidas alterações, preparando a defesa.

Genericamente, os prazos gerais para a conclusão do mestrado ou doutorado, segundo a CAPES, são dois anos. Um tempo curto que deve estar bem organizado, para evitar problemas.

O cronograma também pode ser baseado nas tarefas que devemos cumprir para elaborar a dissertação. Por exemplo: três meses para leitura geral e procura das referências bibliográfi cas, três meses para transformar o pré-projeto num projeto alinhado ao do orientador, seis meses para fazer a pesquisa de campo e coleta defi nitiva do material teórico, nove meses para fazer a redação defi nitiva do texto e três meses para revisão. Total: 24 meses.

10º passo: bibliografi a

Aprender como citar toda a bibliografi a utilizada, seja ela de obras, artigos, documentos publicados ou inéditos, reportagens, fi lmes, vídeos, Internet, aulas, congressos, etc.

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