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UNIGRARIO CURSO DE MEDICINA O DIAGNÓSTICO DA DIABETES GESTACIONAL JULIANA SCALZO ROCHA NUNES DUQUE DE CAXIAS JULHO/2018

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UNIGRARIO

CURSO DE MEDICINA

O DIAGNÓSTICO DA DIABETES GESTACIONAL

JULIANA SCALZO ROCHA NUNES

DUQUE DE CAXIAS

JULHO/2018

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JULIANA SCALZO ROCHA NUNES

O DIAGNÓSTICO DA BIABETES GESTACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina da UNIGRANRIO, sob orientação do

Professor Dr./Ms Jader Coelho Dias e da Professora Dra./Ms. Alessandra Caputo Magalhães

DUQUE DE CAXIAS

JULHO/2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

JULIANA SCALZO ROCHA NUNES

JADER COELHO DIAS

ALESSANDRA CAPUTO MAGALHÃES

O DIAGNÓSTICO DA DIABETES GESTACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora

como requisito parcial para obtenção do Bacharelado em Medicina da

Unigranrio, defendido e aprovado em de de pela banca

examinadora constituída por:

________________________________________________________

Prof. Jader Coelho Dias

____________________________________________________________________________________

Prof.ª Alessandra Caputo Magalhães

________________________________________________________________________________

Prof.(ª). (Membro)

_______________________________________________________________

Prof.(ª) (Membro)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de cursar medicina,

agradeço a minha mãe, Olânova, que sempre me apoiou nas minhas escolhas

e que esteve ao meu lado por todo processo. A cada paciente por ter auxiliado

em meu aprendizado, ao Jader por ter aceitado me orientar e a Alessandra por

ter aceitado me orientar e por todo apoio e ajuda ao longo da pesquisa.

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RESUMO

O estudo visa apresentar uma revisão bibliográfica referente ao diagnóstico de

diabetes melitus gestacional (DMG). Uma vez que, a incidência de DMG está

aumentando em paralelo com o aumento do DM2. Isso porque cada vez mais a

mulher está postergando o momento da gestação. Assim, este trabalho mostra

a importância do diagnóstico e início do tratamento precoce adequado,

atenuando assim os desfechos ruins que podem ocorrer na gestação para o

binômio mãe-bebê.

PALAVRAS CHAVES: diabetes melitus gestacional, diagnóstico, hiperglicemia.

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SUMÁRIO

RESUMO ______________________________________________________

AGRADECIMENTOS____________________________________________

INTRODUÇÃO _________________________________________________

CAPÍTULO 1: O PRÉ- NATAL ___________________________________

CAPÍTULO 2: DIAGNÓSTICO___________________________________

2.1 EPIDEMIOLOGIA_____________________________________

2.2 FISIOPATOLOGIA_____________________________________

2.3 HISTÓRICO___________________________________________

2.4 RASTREAMENTO _____________________________________

CAPÍTULO 3: O TRATAMENTO E O MANEJO PÓS – PARTO_______

3.1 ATENÇÃO PERI E PÓS- PARTO_________________________

3.2 CUIDADOS E ORIENTAÇÕES EM LONGO PRAZO________

CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________________________________

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_______________________________

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INTRODUÇÃO

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) a diabetes

mellitus gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela

primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto. É o

problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e

25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério

diagnóstico utilizado.2

Sua fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios contra-

reguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a

fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais). O principal hormônio

relacionado com a resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio

lactogênico placentário, contudo, sabe-se hoje que outros hormônios

hiperglicemiantes como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também

estão envolvidos. Muitas vezes, a hiperglicemia pode representar o

aparecimento ou reconhecimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) durante a

gravidez6. A incidência de DMG está aumentando em paralelo com o aumento

do DM2. O que pode ser devido ao aumento dos fatores de risco, concomitantes

como obesidade e sedentarismo (tabela 1).2

Tabela 1: Fatores de risco para DMG

Idade de 35 anos ou mais

Sobrepeso

Obesidade ou ganho de peso excessivo na gestação atual

Deposição central excessiva de gordura corporal

História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau

Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na

gravidez atual

Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal

ou neonatal, macrossomia ou DMG

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Síndrome de ovários policísticos

Baixa estatura (menos de 1,5 m)

Esse quadro de DMG adequadamente controlado sem a medicação é

denominada DMG controlada pela dieta ou classe A1GDM. DMG que requer

medicação para atingir a euglicemia é denominada classe A2 GDM. Para tal é

necessário que o diagnóstico seja feito de modo adequado e o mais precoce

possível, pois ausência de diagnóstico pode trazer consequências graves para

o feto tais como macrosomia, hipoglicemia neonatal, hiperbilirrubinemia, distocia

do ombro, trauma ao nascimento e morte perinatal4.

Em 1973, um estudo propôs o rastreio de DMG através da avaliação de

glicemia de jejum e uma hora após a administração de 50 g de dextrosol. Este

teste tornou-se amplamente aceito, e 95% dos obstetras nos Estados Unidos

utilizam-o como ferramenta para triagem universal de mulheres grávidas. No

entanto, apresenta algumas falhas e, por esse motivo, nos anos subsequentes

surgiram outros estudos buscando sua avaliação5.

Em 2008, o estudo HAPO (Hyperglycemia and Adverse Pregnancy

Outcomes) demonstrou não existir um ponto de corte único acima do qual o risco

de desfechos adversos estaria mais elevado; eventos desfavoráveis ocorrem,

inclusive, com glicemias consideradas normais. Entretanto, demonstrou

claramente um aumento diretamente proporcional de risco de efeitos adversos

de acordo com o aumento dos níveis glicêmicos, seja em jejum, seja após a

sobrecarga de glicose. A partir dos resultados deste estudo, a rediscussão dos

critérios diagnósticos tem sido proposta, visando uniformizar a sobrecarga de

glicose e os valores glicêmicos para o diagnóstico do diabetes gestacional7.

Baseado neste estudo, a International Association of Diabetes and Pregnancy

Study Groups (IADPSG), que reúne pesquisadores de todo o mundo, sugeriu

novo critério diagnóstico, utilizando o teste oral de tolerância com 75 g de glicose

(TTOG 75 g), com dosagem da glicemia em jejum e após 1 e 2 horas após a

ingestão da referida dose de glicose (pelo menos um ponto alterado é

considerado como critério diagnóstico: jejum: 92 mg/dL; 1h: 180 mg/ dL; 2h: 153

mg/dL) (4). Essa proposta resultaria em aumento significativo da prevalência de

casos de diabetes gestacional, chegando a 17% das gestações. A American

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Diabetes Association (ADA) endossou esse critério diagnóstico em 20111,

embora a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) ainda recomende o emprego

do TTOG 75 g com coleta de três pontos, havendo necessidade de dois pontos

elevados para fazer o diagnóstico de diabetes gestacional (jejum: 95 mg/dL; 1h:

180 mg/dL; 2h: 155 mg/dL)3.

Em 2014, os Serviços Preventivos dos EUA Task Force fizeram uma

recomendação para visualizar todas as gravidezes mulheres para DMG em ou

além de 24 semanas de gestação. Todas as mulheres grávidas devem ser

selecionadas para DMG com um teste de seleção de laboratório com uso níveis

de glicose no sangue. O rastreio para DMG geralmente é realizado em 24-28

semanas de gestação. Triagem precoce da gravidez para diabetes tipo 2 não

diagnosticada, de preferência no iniciação do pré-natal, é sugerido em excesso

de peso e mulheres obesas com risco diabético adicional fatores, incluindo

aqueles com antecedentes de DMG1. Avaliando esses estudos acima citados,

este trabalho tem por função mostrar a importância do diagnóstico precoce e do

início do tratamento da DMG.

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Capitúlo 1: O pré-natal

Para abordar o diagnóstico de DMG é importante falar sobre o período em

que tal diagnóstico é feito: o pré-natal. A assistência pré-natal tem papel decisivo

no resultado da gestação, visando à promoção da saúde da gestante e do feto,

identificando as situações de risco para ambos e permitindo intervenções

oportunas. Estudos observacionais apontam a associação entre a inadequação

do pré-natal a altas taxas de mortalidade fetal, neonatal e infantil, maiores taxas

de prematuridade, baixo peso ao nascer e morte materna 10 -11.

No entanto, a história mostra que, por várias décadas, a vivência da gestação e

do parto foi de domínio exclusivo das mulheres. A parturição como um fenômeno

feminino tinha como auxiliares somente as parteiras, comadres, religiosas ou

mulheres experientes da família 12.

A partir dos anos 80, o governo brasileiro pressionado pelos profissionais de

saúde, movimentos de mulheres e outras instituições da sociedade civil

organizada, iniciaram-se mudanças relacionadas à forma de atendimento à

mulher, que valorizavam a maior participação, informação e consciência dos

seus direitos, favorecendo o empoderamento e cidadania 13.

Assim, o sistema de saúde do Brasil sofreu constantes mudanças ao longo do

século XX, a Atenção Básica à Saúde passou por vários ciclos, mas apenas em

1960 houve a implantação de ações prioritárias para assistência à mulher, com

ênfase às demandas relativas à gravidez, ao parto, e à criança. Com a

publicação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) em

1983, marca-se uma ruptura conceitual com os princípios até então norteadores

da política de saúde das mulheres e as prioridades nessa área, na medida em

que propõe ações voltadas a sua integridade, equidade e abordagem global em

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todas as fases do seu ciclo vital, destacando a atenção pré-natal pelo seu

impacto e transcendência no resultado perinatal 8. Em reconhecimento à

relevância e ao impacto do processo de nascimento, o Ministério da Saúde (MS)

vem, nos últimos anos, assumindo, como um de seus compromissos, a

promoção da maternidade segura. Nesse sentido, tem adotado estratégias como

o aumento da remuneração ao parto normal, a limitação do pagamento de

cesarianas pelo SUS e a promoção da maternidade segura, além da expansão

da atenção pré-natal com vistas à humanização do cuidado em saúde14-15. Sob

essa lógica, destaca-se a implementação da Estratégia de Saúde da Família

(ESF), que prioriza ações de promoção da saúde das famílias, com ênfase na

atenção básica, na responsabilidade sanitária e na co-responsabilização pela

promoção do cuidado integral. Assim, a reestruturação do modelo assistencial

no país e o fortalecimento da atenção básica, via ESF, priorizam, entre outras,

ações promocionais específicas ao período gravídico puerperal. Conforme foi

sendo organizada a atenção à saúde da mulher, houve a elaboração de políticas

públicas prioritárias e de manuais para a padronização de condutas dos

profissionais de saúde. Em 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de

Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN)8; até então, não havia um

modelo que normatizasse a assistência às gestantes no Brasil. Esse programa

estabeleceu não apenas o número de consultas e a idade gestacional de

ingresso, mas elencou, também, exames laboratoriais e ações de educação em

saúde, e trouxe a discussão das práticas em saúde e suas bases conceituais,

em conformidade com os modelos empregados em todo o mundo.

Sendo assim, de acordo com esse programa, o MS instituiu que na primeira

consulta de pré-natal deve ser realizada anamnese, abordando aspectos

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epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e

obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo,

constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e

inspeção de pele e mucosas, seguido por exame ginecológico e obstétrico. Nas

consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta, abordando aspectos do

bem-estar materno e fetal. Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e

ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e

urinário, movimentação fetal e interrogatório sobre a presença de corrimentos ou

outras perdas vaginais9.

Além disso, ainda na primeira consulta, é fundamental que sejam solicitados os

seguintes exames complementares:

– dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);

– grupo sangüíneo e fator Rh;

– sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo à 30ª semana;

– glicemia em jejum: repetir próximo à 30ª semana;

– exame sumário de urina (Tipo I): repetir próxima à 30ª semana;

– sorologia anti-HIV, com o consentimento da mulher após o “aconselhamento

pré-teste”;

– sorologia para hepatite B (HBsAg, de preferência próximo à 30ª semana de

gestação);

– sorologia para toxoplasmose (IgM para todas as gestantes e IgG, quando

houver disponibilidade para realização).

Outros exames podem ser acrescidos a esta rotina mínima em algumas

situações especiais, como o protoparasitológico: solicitado na primeira consulta,

sobretudo para mulheres de baixa renda; colpocitologia oncótica (papanicolau),

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se a mulher não a tiver realizado nos últimos três anos ou se houver indicação;

bacterioscopia da secreção vaginal: em torno da 30ª semana de gestação,

particularmente nas mulheres com antecedente de prematuridade; sorologia

para rubéola; urocultura para o diagnóstico de bacteriúria assintomática, em que

exista disponibilidade para esse exame; ultra-sonografia obstétrica realizada

precocemente durante a gestação nas unidades já estruturadas para isso, com

o exame disponível9.

Para as consultas subsequentes é importante fazer a revisão da ficha pré-natal,

anamnese atual sucinta e a verificação do calendário de vacinação. Fazer

sempre o cálculo e anotação da idade gestacional; determinação do peso para

avaliação do índice de massa corporal (IMC). Anotar no gráfico e observar o

sentido da curva para avaliação do estado nutricional; medida da pressão arterial

palpação obstétrica e medida da altura uterina. Anotar no gráfico e observar o

sentido da curva para avaliação do crescimento fetal; pesquisa de edema;

verificação dos resultados dos testes para sífilis (VDRL e confirmatório, sempre

que possível) e, no caso de resultado positivo, o esquema terapêutico utilizado

(na gestante e em seu parceiro), além do resultado dos exames (VDRL)

realizados mensalmente para o controle de cura; avaliação dos outros resultados

de exames laboratoriais. Já os controles fetais se baseiam em auscultar dos

batimentos cardíacos e na avaliação dos movimentos percebidos pela mulher

e/ou detectados no exame obstétrico.

As condutas para as consultas subsequentes deve ser baseadas nos

seguintes critérios:

– interpretação dos dados de anamnese, do exame obstétrico e dos exames

laboratoriais com solicitação de outros, se necessários;

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– tratamento de alterações encontradas, ou encaminhamento, se necessário;

– prescrição de suplementação de sulfato ferroso (60mg de ferro elementar/ dia)

e ácido fólico (5mg/dia) quando indicado;

– orientação alimentar;

– acompanhamento das condutas adotada sem serviços clínicos especializados

(a mulher referenciada ao serviço especializado deverá continuar sendo

acompanhada pela equipe da atenção básica);

– realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos (os grupos

educativos para adolescentes devem ser exclusivos dessa faixa etária,

abordando temas de interesse do grupo.

– agendamento de consultas subsequentes.

O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos

períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. Deve ser

iniciado precocemente (primeiro trimestre) e deve ser regular e completo

(garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e

preenchendo-se o cartão da gestante e a ficha de pré-natal). O PHPN estabelece

que o número mínimo de consultas de pré-natal deverá ser de seis consultas,

preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três

no último trimestre 9.

Sendo assim, o pré-natal de baixo risco tem por função ter condutas

acolhedoras; o desenvolvimento de ações educativas e preventivas, sem

intervenções desnecessárias; a detecção precoce de patologias e de situações

de risco gestacional; estabelecimento de vínculo entre o pré-natal e o local do

parto; o fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, desde o atendimento

ambulatorial básico ao atendimento hospitalar de alto risco 16.

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A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, sua evolução

se dá na maior parte dos casos sem intercorrências. Apesar desse fato, há uma

parcela pequena de gestantes que, por serem portadoras de alguma doença,

sofrerem algum agravo ou desenvolverem problemas, apresentam maiores

probabilidades de evolução desfavorável, tanto para o feto como para a mãe.

Desse modo, quando pensamos em pré-natal de alto risco aborda-se

basicamente três condições: as mulheres com doenças crônicas prévias à

gestação; aquelas que tiveram uma gestação anterior de alto risco e aquelas que

identificam, no curso da gravidez, uma condição ou doença que vai oferecer risco

para ela e a para o bebê.

É importante salientar que uma gestação que está transcorrendo bem

pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou

durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a

cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa e

precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte

materna ou perinatal17.

Todos os profissionais que prestam assistência a gestantes devem estar atentos

a existência dos fatores de riscos (tabela 2) e devem ser capazes de avalia-los

dinamicamente, de maneira a determinar o momento em que a gestante

necessitara de assistência especializada ou de interconsultas com outros

profissionais.

Tabela 2

História reprodutiva anterior:

Condições clinicas preexistentes:

-Abortamento habitual; -Morte perinatal explicada e inexplicada;

- Hipertensão arterial; - Cardiopatias; - Pneumopatias; - Nefropatias;

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- História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado; - Parto pré-termo anterior; - Esterilidade/infertilidade; - Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos; - Nuliparidade e grande multiparidade; - Síndrome hemorrágica ou hipertensiva; - Diabetes gestacional - Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).

- Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias); - Hemopatias; - Epilepsia; - Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local); - Doenças autoimunes; - Ginecopatias; - Neoplasias.

No entanto, ainda existem outros grupos de fatores de risco que referem-

se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação

transformando-a em uma gestação de alto risco, que são a exposição indevida

ou acidental a fatores teratogênicos. A doença obstétrica na gravidez atual,

refere-se tanto ao desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e

volume de líquido amniótico; trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;

ganho ponderal inadequado; pré-eclâmpsia e eclâmpsia; diabetes gestacional;

amniorrexe prematura; hemorragias da gestação; insuficiência istmo-cervical;

aloimunização e o óbito fetal.

Além dessas situações, ainda podem ocorrer as intercorrências clínicas. Elas

são caracterizadas por doenças infectocontagiosas vividas durante a presente

gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose entre

outras) e doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação

(cardiopatias, endocrinopatias)17.

Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço

especializado em pré-natal de alto risco e importante que a gestante seja

orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da

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Família que iniciou o acompanhamento. Por sua vez esta equipe deve ser

mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos

administrados a gestante por meio de contrarreferência e de busca ativa das

gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar 17.

Sendo assim, a assistência pré-natal de alto risco tem por intuito interferir se

necessário no curso de uma gestação que possui maior chance de ter um

resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão expostos a

gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. A equipe

de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer fatores que possam

afetar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de cunho

socioeconômico ou emocional. Para tanto, a gestante deverá ser sempre

informada do andamento de sua gestação e instruída quanto aos

comportamentos e atitudes que deve tomar para melhorar sua saúde, assim

como sua família, companheiro(a) e pessoas de convivência próxima, que

devem ser preparados para prover um suporte adequado a esta gestante 17.

Ainda nesse contexto, a decisão da determinação da via de parto e o momento

ideal para este evento nas gestações de alto risco deve ser tomada de acordo

com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, com

informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível

culturalmente, quanto as opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo

que deve ser garantida a sua participação no processo decisório. O momento do

parto em uma gestação de alto risco representa até hoje um dos maiores dilemas

vivido pelo obstetra. Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não e

sinônimo de cesariana. Em muitas situações e possível a indução do parto

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visando o seu termino por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início

espontâneo.

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Capítulo 2: O Diagnóstico

EPIDEMIOLOGIA

Sabe-se que, para mulheres, o principal fator de risco para o

desenvolvimento de diabetes do tipo 2 e de síndrome metabólica é o

antecedente obstétrico de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Nesse contexto,

a hiperglicemia durante o ciclo gravídico-puerperal constitui um relevante

problema da atualidade, não só pelo risco de piores desfechos perinatais e de

desenvolvimento de doenças futuras, como também pelo aumento de sua

prevalência, em decorrência da epidemia de obesidade que tem sido observada

em vários países 18.

A hiperglicemia durante a gestação também afeta a prole dessas mulheres

aumentando os riscos dessas crianças desenvolverem obesidade, síndrome

metabólica e diabetes na vida futura 23. Assim, com o objetivo de diminuir a

prevalência desses distúrbios metabólicos, o diagnóstico do DMG deve ser

considerado uma prioridade mundial de saúde. Nas duas últimas décadas houve

aumento progressivo do número de mulheres com diagnóstico de diabetes em

idade fértil e durante o ciclo gravídico-puerperal, como reflexo do crescimento

populacional, do aumento da idade materna, da falta de atividade física e,

principalmente, do aumento da prevalência de obesidade. A prevalência de

hiperglicemia durante a gravidez pode variar dependendo dos critérios

diagnósticos utilizados e da população estudada. Segundo estudos

populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência de DMG varia de 1

a 37,7%, com uma média mundial de 16,2% 24-26. Na atualidade, estima-se que

um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de

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hiperglicemia durante a gestação, sendo que 84% desses casos seriam

decorrentes do DMG 24.

As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação no

Brasil são conflitantes, porém estima-se que a prevalência de DMG no Sistema

Único de Saúde (SUS) seja de aproximadamente 18%, utilizando-se os critérios

diagnósticos atualmente propostos na literatura 27-28.

Considerando o período gravídico-puerperal, é possível a ocorrência de

hiperglicemia tanto em mulheres já sabidamente diagnosticadas como

portadoras de DM previamente à gestação quanto em gestantes sem esse

diagnóstico prévio. As recentes diretrizes da Organização Mundial da Saúde

(OMS) e dos principais protocolos de manejo de DM recomendam que a

hiperglicemia inicialmente detectada em qualquer momento da gravidez deve ser

categorizada e diferenciada em DM diagnosticado na gestação (do inglês Overt

Diabetes) ou em DMG.24-25 (Figura 1).

HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO

Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus Gestacional

Figura 1

DIABETES MELITUS

ANTES DA

GESTAÇÃO:

DM1; DM2

DIABETES MELITUS

DURANTE A GESTAÇÃO

→Glicemia de jejum >= 126

mg/dL

→2 horas após o TTOG 75g >=

200 mg/dL

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Pode-se, portanto, definir:

• Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): mulher com hiperglicemia detectada pela

primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não

atingem os critérios diagnósticos para DM.

• Diabetes Mellitus: diagnosticado na gestação (Overt Diabetes): mulher sem

diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis

glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para a DM na ausência

de gestação 18.

FISIOPATOLOGIA

A gestação se caracteriza um estado resistência à insulina. Essa

condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia,

em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para

ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG31.

Alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela gestação,

tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina, podem promover redução

da atuação da insulina em seus receptores e, consequentemente, um aumento

da produção de insulina nas gestantes saudáveis. Esse mecanismo, entretanto,

pode não ser observado em gestantes que já estejam com sua capacidade de

produção de insulina no limite. Essas mulheres têm insuficiente aumento de

produção de insulina e, assim, podem desenvolver diabetes durante a gestação

29,30.

HISTÓRICO

Em 1964, foi estabelecido o critério laboratorial para o diagnóstico de DMG, por

John B. O’Sullivan e Claire Mahan. Com o objetivo de predizer o futuro

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surgimento de diabetes do tipo 2, esses pesquisadores realizaram o Teste Oral

de Tolerância à Glicose com sobrecarga de 100g (TOTG 100g) de glicose, com

duração de três horas em uma coorte de aproximadamente 700 gestantes e

determinaram médias e desvios-padrão (1DP, 2DP e 3 DP) dos quatro valores

(jejum, 1, 2 e 3 horas após a sobrecarga de 100g de glicose) 32. O diagnóstico

de DMG foi estabelecido quando a gestante apresentou dois valores de glicemia

acima de dois desvios-padrão da média (1,9% da coorte). Destas, 22%

desenvolveram DM do tipo 2 dentro de oito anos. Os valores propostos para

diagnóstico de DMG foram jejum de 90 mg/dL; 1ª hora de 165 mg/dL; 2ª hora de

143 mg/dL; 3ª hora de 127mg/dL. Para facilitar a utilização dos valores de corte,

na prática clínica, os autores arredondaram os valores da 2ª e da 3ª hora e

propuseram que gestantes com dois ou mais valores maiores ou iguais aos

seguintes deveriam receber o diagnóstico de DMG: 90mg/dL, 165 mg/dL,

145mg/dL e 125mg/dL (jejum, 1h, 2h e 3h, respectivamente). Em 1964 a OMS

definiu DMG com o diagnóstico de hiperglicemia em níveis semelhantes àqueles

utilizados para diagnóstico de diabetes fora da gestação 33. Em 1979, os critérios

de O’Sullivan e Mahan foram aprovados pelo National Diabetes Data Group

(NDDG). Nessa ocasião houve necessidade de conversão dos valores (aumento

de aproximadamente 14%), pois o método de análise de sangue total (usado na

época de O’Sullivan e Mahan) foi substituído pela análise da glicose

plasmática34. Assim, para diagnóstico de DMG seriam necessários dois valores

iguais ou superiores a 105mg/dL no jejum; 190 mg/dL na 1ª hora; 165mg/dL na

2ª hora e 145mg/dL na 3ª hora. Em 1980, o First International

Workshop/Conference on Gestational Diabetes Mellitus (GDM) e a American

Diabetes Association (ADA) endossaram os critérios preconizados pelo NDDG

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no ano anterior. Em 1986, o American College of Obstetrics and Gynecology

(ACOG) também passa a adotar os critérios propostos no NDDG em 1979 (18).

Em 1982, Carpenter e Coustan observaram que devido a mudanças nos

métodos laboratoriais usados para avaliar a glicemia, seria necessário fazer uma

segunda correção em relação aos valores propostos em 1979 (35). Assim,

passam a ser utilizados para diagnóstico dois valores iguais ou superiores a

95mg/dL no jejum; 180 mg/dL na 1ª hora; 155 mg/dL na 2ª hora e 140 mg/dL na

3ª hora. Em 1994, o ACOG recomenda que tanto os valores preconizados pelo

NDDG em 1979 como aqueles propostos por Carpenter e Coustan em 1982

poderiam ser usados para o diagnóstico de DMG. Na Third International

Workshop/Conference on GDM (1990) e na Fourth International

Workshop/Conference on GDM na (1998), a necessidade de que se procure um

consenso internacional sobre o diagnóstico de DMG, que seja focado nos

resultados da gestação ficou clara 36,37. Em 1999, a OMS passa a adotar para o

diagnóstico de DMG valores de glicemia plasmática de jejum iguais ou maiores

que 126 mg/dL e/ou glicemia de 2 horas após a sobrecarga de 75 gramas de

glicose iguais ou superiores a 140mg/dL, critérios esses mantidos até o ano de

2013 38.

Em 2008, com a falta de estudos que avaliassem a relação entre os valores de

referência para diagnóstico de DMG e os resultados perinatais, e também a

ausência de consenso em relação ao diagnóstico de DMG entre os centros

motivaram a realização de um grande estudo sobre o tema. O estudo

Hiperglicemia e Resultados Adversos na Gravidez (Hyperglycemia and Adverse

Pregnancy Outcomes – HAPO) foi um estudo observacional prospectivo, que

incluiu aproximadamente 25.000 gestantes, em diversos países, que realizaram

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o TOTG com 75g de glicose com duração de 2 horas (jejum, 1ª e 2ª hora). O

objetivo do estudo foi avaliar a relação entre os valores de glicemia materna e

diversos desfechos adversos na gestação. Concluiu-se que há correlação

positiva e linear entre os valores de glicemia materna e a frequência de diversos

desfechos maternos e neonatais adversos (como pré-eclâmpsia, cesariana,

macrossomia, hipoglicemia neonatal, e elevação na concentração de peptídeo

C no sangue do cordão umbilical). Além disso, as análises apontaram que cada

um dos valores de glicemia do teste era preditor independentemente da

ocorrência de resultados neonatais adversos 25. Tal estudo, corrobora com a

premissa de que quanto mais rápido for feito o diagnóstico de DMG e mais

precocemente for iniciado o tratamento melhor será o prognóstico materno e

fetal. Uma vez que, as complicações são muitas para ambos. (Tabela 3)

Tabela 3: Complicações materno- fetais22

Complicações maternas Complicações fetais

Hipertensão arterial sistêmica Abortamentos, mortes fetais tardias

Lesões vasculares: retinopatia e nefropatia

diabética

Malformações: SNC, sistema digestivo, sistema

urinário, aparelho musculoesquelético e cardíacas

(mais incidentes)

Aumento da incidência de pré eclampsia Macrossomias

Aumento na incidência de ITU Distócia de espáduas

Aumento da incidência de candidíase vaginal Polidraminia

CIUR

Prematuridade

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Hipoglicemia neonatal

Sd. da angústia respiratória

Policitemia

Hipocalemia

Hiperbilirrubinemia

Risco de diabetes na vida futura

A partir de 2009, a ADA passou a aceitar o TOTG 75g como teste alternativo,

mas recomenda que sejam avaliadas três amostras (jejum, 1 e 2 horas), com os

mesmos pontos de corte (limites) e critérios diagnósticos estabelecidos para o

TOTG 100g de 3 horas, respectivamente, 95, 180 e 155 mg/dl, para as dosagens

de jejum, 1 e 2 horas. Dois valores iguais ou superiores a estes limites confirmam

o diagnóstico de DMG39. No consenso de 2010, a Sociedade Brasileira de

Diabetes (SBD) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e

Obstetrícia (FEBRASGO) adotaram o protocolo da ADA, orientando o TOTG

75g, com três amostras e dois valores alterados, para a confirmação do DMG40.

Em 2010, o Ministério da Saúde do Brasil, no seu Manual Técnico de Gestação

de Alto Risco, recomendou a realização de glicemia de jejum na primeira

consulta de pré-natal, bem como a avaliação da presença de fatores de risco

para DMG. Se o rastreamento for positivo, ou seja, presença de fator de risco

e/ou glicemia de jejum ≥ 85mg/dl e < 126mg/dl, a gestante deverá ser submetida

imediatamente ao TOTG 75g, após jejum de 8 a 14h e sem restrição alimentar

prévia. Se o teste de sobrecarga for negativo, deverá ser repetido entre 24 e 28

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semanas, considerando para o diagnóstico de DMG, dois ou mais valores iguais

ou superiores a 95, 180 e 155 mg/dl, respectivamente, para jejum, 1 e 2 horas19.

Em janeiro de 2011, a ADA associada ao International Association of the

Diabetes and Pregnancy Groups (IADPSG)41 divulgaram novas modificações no

protocolo diagnóstico do DMG, visando dois pontos principais: o diagnóstico do

overt diabetes e a possibilidade de confirmação de maior número de mulheres

que se beneficiariam com o controle da hiperglicemia na gestação. Assim, novos

métodos de rastreamento e novos limites para o TOTG 75g foram estabelecidos

para o diagnóstico do DMG 42. Esse protocolo recomenda a investigação do

diabete pré-existente, e não diagnosticado (overt diabetes), no início do pré-

natal, pelos seguintes métodos: (i) hemoglobina glicada (HBA1c) ≥ 6,5% ou (ii)

glicemia de jejum (≥ 126mg/dL) ou (iii) TOTG 75g com glicemia de 2h ≥ 200 mg/dl

ou (iv) glicemia ocasional, na presença de sintomas de hiperglicemia (≥

200mg/dl). Descartado o overt diabetes, todas as gestantes deverão realizar

TOTG 75g, entre 24 e 28 semanas, para o diagnóstico do DMG. Novos pontos

de corte foram recomendados: 92, 180 e 153 mg/dl, respectivamente, para as

glicemias plasmáticas de jejum, 1 e 2 horas, após a sobrecarga de glicose. O

diagnóstico de DMG será confirmado por apenas um valor igual ou superior aos

limites pré-definidos. De acordo com a ADA42, estas gestantes deverão ser

incluídas no protocolo de tratamento, para prevenir os desfechos maternos e

perinatais adversos, decorrentes da hiperglicemia não controlada. Estas

mudanças se justificariam pelo aumento alarmante da obesidade mundial e, em

decorrência, o potencial incremento na ocorrência do DM2, nem sempre

diagnosticado antes do período gestacional. A intenção é identificar as gestantes

que se beneficiariam do controle da hiperglicemia, melhorando o prognóstico

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destas gestações e prevenindo complicações futuras para as mães e seus

filhos.19

RASTREAMENTO

Recomenda-se o rastreamento do Diabetes Gestacional para todas as

gestantes, independente da presença ou ausência de fatores de risco. Por

questões de simplicidade, baixo custo e validade, sugere-se a glicemia de jejum

como o teste de primeira escolha no rastreamento45. A Figura 2 apresenta os

passos sugeridos para o rastreamento do Diabetes Gestacional com a glicemia

de jejum, pelo Ministério da Saúde do Brasil. Embora o rastreamento inicie a

partir da vigésima semana da gravidez, recomenda-se solicitar uma glicemia de

jejum na primeira consulta de pré-natal. Caso a consulta vá acontecer antes da

20ª semana de gravidez, a medida da glicemia de jejum visa detectar os casos

de Diabetes Pré-gestacional; aqueles com diagnóstico confirmado deverão ser

imediatamente encaminhados ao especialista; as mulheres com teste de

rastreamento negativo (a grande maioria) devem ter a glicemia de jejum repetida

após a vigésima semana de gestação44.

Glicemia em jejum

(primeira consulta)

Glicemia de jejum após

20 semanas

Rastreamento

Positivo

>85mg/dL

<85mg/dL

<85mg/dL

>=85mg/dL

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Figura 2 45

O ponto de corte da glicemia de jejum para o rastreamento positivo,

independente do momento da gravidez, pode ser estabelecido em 85 ou

90mg/dL, dependendo das prioridades locais de cada serviço de saúde e dos

recursos disponíveis para a detecção e tratamento do Diabetes Gestacional. Um

resultado inferior a 85mg/dL é considerado como rastreamento negativo. Na

presença de vários fatores de risco deve repetir o teste de rastreamento45. Um

resultado maior ou igual a 85mg/dL é considera- do como rastreamento positivo,

indicando a necessidade de um teste diagnóstico. A escolha do teste diagnóstico

depende do grau da hiperglicemia de jejum45. Outro protocolo diagnóstico

(Figura 2) adotado e preconizado pela Organização Mundial da Saúde e pela

Associação Americana de Diabetes é a realização universal do Teste de

Tolerância com sobrecarga oral de 75g de Glicose (TTG).

Rastreamento

Negativo

Rastreamento

Positivo

Repetir glicemia

de jejum

novamente

<110 mg/ dL >=110 mg/dL

Rastreamento

Positivo

TTOG 75 g

24 a 28 semanas

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Figura 3 47.

Para minimizar a variabilidade do teste, ele deve ser aplicado de forma

padronizada (Quadro 1), de acordo com a normatização da Organização Mundial

da Saúde, em geral entre 24 e 28 semanas de gestação. Se o rastreamento for

positivo no primeiro trimestre, ou a gestante apresentar vários fatores de risco, o

teste diagnóstico pode ser realizado mais precocemente 46. Para o diagnóstico

do Diabetes Gestacional, a OMS preconiza o uso das glicemias de jejum e de 2

horas, empregando-se os mesmos pontos de corte utilizados fora da gravidez:

glicemia de jejum de 126mg/dL; e glicemia de duas horas de 140mg/dL46. O

Grupo de Estudo em Diabetes e Gravidez recomenda, para o diagnóstico do

Diabetes Gestacional, os pontos de corte de 110mg/dL para a glicemia de jejum

e de 140mg/dl para o valor de 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose43.

Um teste diagnóstico que apresente os valores de glicemia abaixo dos pontos

de corte acima citados descarta o diagnóstico de Diabetes Gestacional.

Quadro 1. Padronização do TOTG com 75 g de glicose.

•Alimentação com ao menos 150g de carboidratos nos três dias que

antecedem o teste. Atividade física habitual

Jejum >= 110

mg/dL ou 2h >=140

mg /dL

Jejum < 110 mg/dL

ou 2h <140 mg /dL

Teste

Negativo

DMG

DMG

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•No dia do teste, observar jejum de 8 horas (ingestão de água é permitida;

enfatizar que cafezinho com açúcar prejudica o teste)

•Não fumar ou caminhar durante o teste

•Medicações e intercorrências que podem alterar o teste devem ser

cuidadosamente anotadas

•Ingerir 75g de glicose anidra dissolvidos em 250-300ml de água em, no

máximo, cinco minutos

•O sangue coletado deve ser centrifugado imediatamente, para separação do

plasma e medida da glicemia. Caso não seja possível, coletar o sangue em

tubos fluoretados e mantê-los resfriados (4ºC) até a centrifugação, que deve

ser feita rapidamente.

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Capítulo 3: O Tratamento e o Manejo do Pós-Parto

A gravidez é um período associado a insulinorresistência, como resultado da alta

concentração de hormônios com ação diabetogênica como a progesterona,

estrogênios, prolactina e cortisol. Concomitantemente, verifica-se uma

diminuição da sensibilidade à insulina dos receptores nos tecidos-alvo. As

referidas alterações ocorrem com o objetivo de proporcionar um desvio

preferencial da glicose para o feto. Contudo, em 3 a 9% das gravidezes existe

um grau de insulinorresistência que supera a capacidade de compensação do

pâncreas, conduzindo a um estado temporário de intolerância à glicose.47

A DMG continua representando um desafio para endocrinologistas e obstetras.

Ainda não existe consenso sobre a forma ideal de rastreio e, a despeito dos

avanços na vigilância e terapêutica, permanece uma associação com desfechos

gestacionais adversos.47

No que concerne à abordagem terapêutica, a otimização do controle metabólico

inicia-se, habitualmente, com a instituição de um plano alimentar e exercício

físico. Se os objetivos terapêuticos não forem atingidos num período de uma a

duas semanas após o início das modificações no estilo de vida, deve iniciar-se

tratamento farmacológico, preferencialmente com insulina. Em alguns casos, a

avaliação do crescimento fetal durante o 3º trimestre pode determinar o início

e/ou intensificação da terapêutica. Em relação aos desfechos obstétricos da

DMG, estudos demonstram uma relação inversa entre o controle glicêmico e o

ganho ponderal, incidência de pré-eclâmpsia, parto distócico e desenvolvimento

posterior de DM tipo 2. Do ponto de vista fetal e recém-nascido, salienta-se a

relação entre o mau controle metabólico e o risco de macrossomia,

prematuridade, distócia de ombros, com fratura da clavícula e lesão do plexo

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braquial, e admissão do recém-nascido em Unidades de Cuidados Intensivos

Neonatais (UCIN), por hipoglicemia, hiperbilirrubinémia, síndrome de dificuldade

respiratória, entre outros.47

Toda gestante necessita de um controle nutricional, para que tenha um ganho

de peso adequado durante a gestação de acordo com seu estado nutricional. A

gestante portadora de DMG tem conduta semelhante, necessitando, entretanto

controle glicêmico mais rigoroso, evitando assim, o ganho de peso. São metas

para o tratamento:

A- Glicose plasmática em jejum < 105 mg/dl.

ou Glicose de jejum em sangue total < 95 mg/dl.

B- Glicose plasmática 1h pós-prandial < 155mg/dl.

ou Glicose 1h pós-prandial em sangue total < 140mg/dl.

O primeiro plano de tratamento é o alimentar, não sendo recomendados dietas

abaixo de 1200 Kcal/dia ou com restrição de mais de 50% do metabolismo basal

não são recomendadas, pois estão relacionadas com desenvolvimento de

cetose.

A grávida portadora de DMG deve fazer aproximadamente seis refeições por dia,

sendo três principais e três lanches. O lanche noturno é importante para evitar a

cetose durante o sono.

Grávidas obesas devem ser submetidas a leve restrição calórica, com total de

25 Kcal/kg de peso atual por dia. Grávidas com peso normal devem ser

orientadas a ingerir um total calórico diário em torno de 30 Kcal/kg de peso e

grávidas de baixo peso 35 Kcal/kg. Nos 2º e 3º trimestres de gestação, deve-se

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adicionar 300 Kcal por dia. O valor calórico total deve ser bem distribuído durante

o dia, com 15% no café da manhã, 10% na colação, 30% no almoço, 10% no

lanche da tarde, 25% no jantar e 10% na ceia.

A distribuição sugerida dos nutrientes é de 40% a 50% de carboidratos, 25% a

30% de proteínas e 25% a 30% de gorduras. O plano dietético deve ser

associado a atividades físicas leve a moderada. (50) A prática de exercícios na

gestação tem como benefício a redução da glicemia, a redução do ganho

excessivo de peso materno e a diminuição da incidência de macrossomia fetal.

Dessa forma, deve ser recomendada para todas as gestantes diabéticas, na

ausência de contraindicações (Tabela 5). As pacientes que realizavam

exercícios previamente à gestação podem continuar ativas. Nos casos de

diabetes gestacional, recomenda-se realizar 15 a 30 minutos de atividade diária,

em cicloergômetro, ou caminhadas em 50% da capacidade aeróbica da

paciente. Deve ser realizada a monitorização da atividade fetal e, idealmente, da

glicemia capilar antes e após a atividade. Exercícios não devem ser realizados

se a movimentação fetal for menor que dez vezes em 24 h e se a glicemia capilar

estiver abaixo de 60 mg/dL ou acima de 250 mg/dL.(51)

Tabela 5: Contraindicações à prática de exercício físico durante a gestação(51)

Relativas Absolutas

Ruptura membranas Aborto espontâneo prévio

Trabalho parto pré-termo Parto pré-termo prévio

Doença hipertensiva gestação Doença cardiovascular leve-moderada

Incompetência istmocérvica Anemia (Hb < 10 g/dL)

Crescimento fetal restrito Doença respiratória leve-moderada

Gestação múltipla (≥ trigemelar) Desnutrição ou distúrbio alimentar

Placenta prévia > 28ª semana Gestação gemelar > 28ª semana

Sangramento persistente 2º ou 3º trim.

Neuropatia diabética autonômica grave

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Diabetes tipo 1, doença tireoidiana, cardiovascular, respiratória ou sistêmica descompensadas

Outras condições médicas relevantes

Retinopatia proliferativa

Neuropatia diabética autonômica grave

Hipoglicemias graves assintomáticas

Algumas modalidades de exercícios (Mergulho com descompressão, exigência de equilíbrio, risco de queda ou trauma abdominal.)

Caso só a mudança do estilo de vida não seja eficaz para manejo do tratamento

da DMG é necessário iniciar terapia farmacológica. Na figura 4, está apresentado

o algoritmo para o tratamento medicamentoso. Quando um ou mais valores de

glicemia capilar estiverem além dos alvos terapêuticos (jejum < 95 mg/dL, 1h <

140 mg/dL e 2 h < 120 mg/dL) após duas semanas com medidas de mudança

de estilo de vida, ou quando a avaliação ecográfica mostrar sinais de

crescimento fetal excessivo, macrossomia ou polidrâminio, mesmo na vigência

de parâmetros laboratoriais adequados50, indica-se o tratamento farmacológico.

Uma glicemia de jejum > 140 mg/dL e/ou uma glicemia de 2h > 200 mg/dL no

diagnóstico do diabetes gestacional indica alteração mais grave da tolerância à

glicose e o tratamento com medidas não farmacológicas isolado é aplicado por

uma semana, com reavaliação mais precoce dos alvos glicêmicos. Existe uma

divergência entre as diretrizes nacionais e internacionais quanto ao uso de

hipoglicemiantes orais no manejo do tratamento da DMG. A Sociedade Brasileira

de Diabetes (SBD) indica como tratamento padrão o uso de insulina, enquanto

que National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) recomenda o uso

de metformina e a International Diabetes Federation (IDF) aponta a metformina

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e a glibenclamida como opções de tratamento, principalmente em situações em

que o uso de insulina é difícil.51

Figura 4: algoritmo do tratamento de diabetes gestacional.51

Os esquemas de aplicação de insulina são sempre intensificados. Se a paciente

não encontrava-se em uso de insulina, a dose de 0,5 unidades por quilo de peso

pode inicialmente ser prescrita. A Associação Americana de Diabetes sugere

0,7 unidades/kg no primeiro trimestre, 0,8 u/kg no segundo e 0,9 u/kg no terceiro

trimestre. Para esquemas de múltiplas doses, dois terços da dose total podem

Diabetes Gestacional

Dieta: peso ideal x 30 kcal/dia (+340/450 kcal/ dia).

Exercícios:15 a 30 minutos de atividade leve a moderada

Monitorização:

Glicemia capilar

Eco obstétrica 28 a 32 sem.

1 a 2 semanas

Bom controle e

crescimento fetal < p 90

Glicemia de

jejum < 140 e 2h

< 200mg/dL

Manter dieta e

monitorizar a glicemia

capilar

<42% carboidratos

Mínimo de 175 g/dia

Mínimo de 1500kcal/dia

Controle inadequado

crescimento fetal >= p 90

Glicemia de jejum

> 140 e 2h >

200mg/dL

Metformina Metformina e/ou

insulina

METAS

Glicemia capilar:

Jejum < 95 mg/dL

1h < 140 mg/dL

2h < 120 mg/dL

Circunferência abdominal

fetal < p 90

Falha: ajuste da insulina

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ser administrados antes do desjejum (dois terços insulina NPH e um terço

insulina regular ou lispro/aspart) e um terço da dose total à noite (metade insulina

regular ou lispro/aspart antes do jantar e metade insulina NPH antes de dormir).

A insulina regular ou lispro/aspart pode ser administrada antes de cada refeição

e suplementada com insulina NPH antes do desjejum e antes de dormir. Os

análogos de ação ultra-rápida, como a insulina lispro e aspart, com um início de

ação em 10 a 15 minutos e pico entre 1 e 2 horas, têm sido usados com

vantagens práticas em relação à insulina regular para controlar a tendência à

hiperglicemia pós-prandial que ocorre durante a gestação. Estudos com a

insulina lispro mostram melhor controle metabólico com menos hipoglicemias

quando comparada com insulina regular. Idealmente, as doses de insulinas de

ação rápida deveriam ser calculadas segundo o conteúdo de carboidratos da

refeição e a medida de glicemia pré-prandial. No início da gestação, 1 unidade

de insulina para cada 15 gramas de carboidratos pode ser suficiente. Com a

piora na resistência à insulina durante a gravidez, a razão carboidrato/insulina

pode diminuir para 10:1 ou menos, sendo necessárias doses maiores de insulina.

Para compensar a hiperglicemia pré-prandial, 1 a 2 unidades de insulina

ultrarrápida pode ser usada para cada 25 a 50 mg/dL acima de 120 mg/dL.52

Na tabela 6 estão dispostas as medicações de uso na gestação.

Medi

cação/

categ

oria FDA

Mecanismo

de ação

Passa

gem placen

tária

Transporte

ativo feto- materno

Eficácia/

segurança na

gestaçã

o

Contraindi

cações

Efeitos

adversos

Dose

inicial/ dose

máxi

ma

Metfo

rmina

Diminui

produção hepática de

glicose

Sim P-gp Semelh

assem a insulina

TFG <30

mL/min, ICC,

Insuficiência

hepática,

DPOC

Náuseas,

diarreia e acidose

lática(raro)

500

mg 1x/

dia 2500

mg

em

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3x/

dia

Glibenclami

da

Secretagogo de

insulina

Insignificant

e

BRCP, MRP 1,2

e3

Semelhassem a

insulina

TFG <50 mL/min,

insuficiênc

ia hepática

Hipoglicemia

2,5 mg

1x/di

a ou 20

mg

em 2 a

3x/dia

Insuli

na(NPH,

Regular,

Lispro

, Aspar

te)

Suplement

ação exógena de

insulina

Ausen

te, excet

o em compl

exo

antígeno-

antico

rpo

Não

descrito

Hipoglicemi

a e ganho de peso

A metformina tem sido considerada uma medicação segura para uso durante

toda a gestação, inclusive no primeiro trimestre, a partir de estudos realizados

primordialmente em mulheres portadoras da síndrome de ovários policísticos.

No diabetes gestacional, o uso da metformina apresenta eficácia e segurança

semelhantes às da insulina nos desfechos da gestação. No controle glicêmico,

a suplementação com insulina pode ser necessária em praticamente metade das

gestantes e é mais comumente necessária em mulheres obesas e com

hiperglicemia de jejum55. A droga é bem tolerada na gestação e é pouco

frequente a necessidade de redução da dose ou a suspensão da medicação por

efeitos adversos. As gestantes candidatas ao uso dessa medicação são aquelas

na faixa etária de 18 a 45 anos, com idade gestacional entre 20 e 33 semanas e

glicemia de jejum < 140 mg/dL.51,55

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A glibenclamida é considerada a melhor opção entre as sulfonilureias para

utilização em gestantes, sendo considerada segura para emprego a partir do

segundo trimestre de gestação. No diabetes gestacional, o uso de glibenclamida

atingiu eficácia semelhante à da insulina para o controle glicêmico materno e

para os desfechos da gestação.56 O único estudo desenhado para comparar a

eficácia de glibenclamida em relação à metformina demonstrou controle

glicêmico semelhante, porém com menor falha de tratamento (16,2% com

glibenclamida e 34,7% com metformina) e menor taxa de cesariana não eletiva

(2 casos com glibenclamida e 11 casos com metformina) com a glibenclamida

(31). As candidatas ao uso de glibenclamida são aquelas com gestação única,

glicemia de jejum < 140 mg/dL e idade gestacional entre 11 e 33 semanas.56 A

falha em atingir os níveis glicêmicos adequados é maior nas mulheres com

hiperglicemia de jejum (> 110 mg/dL) ou com valores acima de 200 mg/dL em 2

horas no teste de rastreamento. Se os alvos glicêmicos não são atingidos em

duas semanas com a dose máxima de glibenclamida, recomenda-se trocar o

tratamento para insulina.51,56

Atenção peri e pós-parto

Não existem recomendações específicas para via de parto, sendo esta

determinada pelas condições obstétricas específicas da paciente. Por existir um

risco maior de desenvolvimento de macrossomia após a 38ª semana, é

recomendado que a gestação não se prolongue além deste período. No período

pré-parto, a meta do controle glicêmico deve estar entre 80 e 120 mg/dl. O

controle da hiperglicemia é de grande importância, pois a maioria das

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complicações fetais está relacionada à elevação da glicemia materna no pré e

peri-parto.50

Gestantes que não usaram insulina durante a gestação, geralmente, não

necessitam de cuidados especiais durante o parto. A partir do início do jejum,

deve-se iniciar infusão venosa de solução glicosada a 5% a 100 ml/h. A medida

da glicemia capilar deve ser realizada a cada hora para monitorização adequada.

Bolus de insulina regular podem ser usados caso ocorram elevações glicêmicas

significativas.50

Pacientes em uso de insulina poderão ser controladas com insulinoterapia

venosa contínua (indicada para pacientes com maior labilidade glicêmica), ou

sob regime de controle intermitente com insulina regular.

Para o dia do parto a recomendação é: 1/3 da dose total de insulina usada na

gestação; soro glicosado a 10%, via intravenosa, 40 gotas/minuto, glicemia

capilar de 4/4 horas e reposição com insulina regular, se necessário.53

Após o parto, com a retirada da placenta, as alterações metabólicas são

revertidas, e os níveis glicêmicos normalizados. O aleitamento materno deve ser

estimulado.54

Cuidados e orientações em longo prazo

Pacientes que desenvolvem DMG têm alto risco de recorrência em gestações

futuras. Estas pacientes apresentam também risco de 20% a 40% de

desenvolverem DM tipo 2, num período de 10 a 20 anos.54

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Considerações Finais:

Estudos sugerem que o rastreio e controle precoces da DMG, sobretudo antes

das 24 semanas, poderá levar a uma menor frequência de eventos adversos

como a pré-eclâmpsia, macrossomia fetal, prematuridade, fratura da clavícula e

lesão do plexo braquial no recém-nascido. De forma semelhante é descrito que

o tratamento da DMG resultou numa redução dos desfechos adversos,

verificando-se uma diminuição de 30% e 18% no risco de desenvolver pré-

eclâmpsia e hipertensão gestacional, respetivamente. Não obstante, o rastreio

precoce e tratamento de grávidas consideradas “borderline” pode condicionar

níveis elevados de ansiedade materna e até mesmo recém-nascidos com baixo

peso ao nascer.47

O teste ideal de rastreio da DMG mantém-se controverso, porém, os critérios de

diagnóstico atualmente recomendados baseiam-se nos resultados do estudo

HAPO que demonstrou a existência de uma relação linear entre os valores da

glicemia materna e a morbilidade materna, fetal e neonatal.48

Uma vez comprovado que nas mulheres com diabetes gestacional, a obesidade

e a hiperglicemia materna relacionam-se desfavoravelmente com o peso do

recém-nascido; as gestantes chegam tardiamente ao centro de tratamento, com

controle metabólico aquém do recomendado. Esses dados sugerem a

necessidade de implantação de programas de educação pré-concepção e

enfatizam a importância do tratamento da obesidade, principalmente na mulher

jovem, a partir da qual, por meio de um ambiente intrauterino desfavorável, pode-

se perpetuar a cadeia de eventos “obesidade materna - diabetes - macrossomia

fetal-obesidade na próxima geração”.20

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Espera-se que independente do protocolo que seja adotado nos centros de

atendimento às gestantes o diagnóstico da DMG seja feito o mais precocemente

possível. Só assim, as gestantes e também sua prole poderão ter um desfecho

mais satisfatório, visto que o tratamento, independente do escolhido seja iniciado

o mais breve possível.

Infelizmente, ainda não foi possível atingir a meta definida na declaração de St.

Vincent 1989 “Conseguir que o resultado da gravidez na mulher com diabetes

se aproxime do resultado da gravidez na mulher sem diabetes”.49

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