UNIOESTE CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO … A escola, espaço social de elaboração da produção do...

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UNIOESTE

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PARANÁ

MARLISE FIORI POLETTO

GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO – PARANÁ

BARRACÃO

2011

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PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR _____________________________________________________________________________________________________

Autora Marlise Fiori Poletto

Escola de Atuação Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas - EFM

Município da Escola Barracão

Núcleo Regional de Educação Francisco Beltrão

Orientador Professor Doutor Robson Laverdi

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE - Campus de Marechal Cândido Rondon

Disciplina/Área História

Produção Didático-Pedagógica

Esta Produção Didática é resultado do Projeto de Intervenção Pedagógica organizado como parte de produções a serem elaboradas pelos professores no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2010/2011. O GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR, caracterizado em forma de Caderno Temático, tem por objetivo auxiliar profissionais de História e outras disciplinas a utilizar a metodologia Educação Patrimonial local. Através de textos, poderão conhecer o que é Patrimônio, quais os tipos de Patrimônio e as leis de proteção das diferentes formas de expressão cultural que estão nas sociedades hoje e assim, conhecer o Patrimônio Cultural local. O objetivo de elaborar este material, por que na maioria das vezes não lhe é dado importância à memória social individual e ou coletiva que está registrada nas diferentes formas de expressões culturais locais.

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Relação Interdisciplinar Artes – Sociologia – Geografia.

Público Alvo Professores.

Localização Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas – EFM, localizado na Avenida Paraná, 247, Centro, Barracão/PR.

Palavras - chave Conhecimento, Identidade, Cultura, Patrimônio, Educação Patrimonial.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por me dar essa oportunidade e me guiar nos momentos mais difíceis.

A minha família pela compreensão e incentivo, para continuar meus estudos.

A SEED, por estar oportunizando o Programa de Desenvolvimento Educacional -PDE.

A UNIOESTE, em especial o colegiado de História.

Ao professor Doutor Robson Laverdi, pela dedicação e por me orientar.

As pessoas de A a Z , que de uma maneira ou outra colaboraram para que essa produção se concretiza-se.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................................................... 05

UNIDADE I: ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: DESAFIOS DA MULTIDISCIPLINARIDADE.................. 08

1. ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: DESAFIOS DA MULTIDISCIPLINARIDADE................................... 08

1.1 MULTIDISCIPLINARIDADE...................................................................................................................................................... 11

1.2 PARA UMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL................................................................................................................................. 13

UNIDADE II: MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL.......................................................................................... 19

2. O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?.................................................................................................................................... 19

2.1 PATRIMÔNIO............................................................................................................................................................................ 20

2.2 CULTURA É.............................................................................................................................................................................. 21

2.3 O QUE É IDENTIDADE CULTURAL?....................................................................................................................................... 23

2.3.1 O que é identidade cultural?............................................................................................................................................... 23

2.3.2 O que é diversidade cultural?............................................................................................................................................. 23

2.3.3 O que é multiculturalismo?................................................................................................................................................. 24

UNIDADE III: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE BARRACÃO/PR........................ 31

3 AFINAL, O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL?.................................................................................................... 31

3.1 MEMÓRIA É?........................................................................................................................................................................... 31

3.2 SABERES.................................................................................................................................................................................. 32

3.3 FORMAS DE EXPRESSÃO...................................................................................................................................................... 33

3.4 CELEBRAÇÕES........................................................................................................................................................................ 34

3.5 LUGARES.................................................................................................................................................................................. 34

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UNIDADE IV: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL DE BARRACÃO/PR............................. 38

4. AFINAL, O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL?................................................................................................... 38

4.1 PATRIMÔNIO EDIFICADO....................................................................................................................................................... 38

4.2 PATRIMÔNIO URBANÍSTICO.................................................................................................................................................. 39

4.3 PATRIMÔNIO DOCUMENTAL.................................................................................................................................................. 44

4.4 BENS MÓVEIS E INTEGRADOS.............................................................................................................................................. 44

4.5 PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO............................................................................................................................................. 46

UNIDADE V: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E PATRIMÔNIO CULTURAL NATURAL DE BARRACÃO/PR................................ 49

5. PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL................................................................................................................................... 49

UNIDADE VI: LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL........................................... 53

6.1 CONSTITUIÇÃO DE 1988......................................................................................................................................................... 56

6.2 A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL................................................................................................................................................ 57

6.3 LEI ORGÂNICA MUNICÍPIO..................................................................................................................................................... 57

6.4 TOMBAMENTO......................................................................................................................................................................... 58

RECOMENDAÇÃO.......................................................................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS............................................................................................................................................................................... 61

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APRESENTAÇÃO ________________________________________________________________________________________________________

Esta Produção Didática Pedagógica esta organizada na forma de Caderno Temático, com o tema GUIA BÁSICO DE

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR, no qual apresentamos os fundamentos teóricos metodológicos para os colegas

profissionais de História e demais disciplinas, para apoio na melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem. Também

completando o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE para produção do artigo científico a ser apresentado à SEED no

primeiro semestre do ano de 2012.

Este trabalho tem como finalidade perceber as formas como as sociedades produzem e se apropriam dos espaços, gerando

múltiplas experiências e temporalidades, do mesmo modo porque essas relações não são homogêneas.

Historicamente, diferentes formações sociais ocupam espaços territoriais em momentos diferentes. E, assim, o espaço é

expressão das formas como esses diferentes tempos se mesclam, por meio de organizações sociais, espaciais e paisagens

culturais que permanecem, outras que se transformam ou mesmo desaparecem.

Tais espaços constituídos em diferentes temporalidades, historicamente, formam sociedades cujas identificações individuais

ou coletivas geram formas de integração e tensão social nos mais diversos âmbitos.

As cidades são espaços que, historicamente se produzem da divisão do trabalho, da economia, das classes sociais, da

cultura entre outros.

O desenvolvimento desse caderno temático objetiva-se discutir os monumentos históricos que compõem o Patrimônio

Cultural de Barracão, utilizando – se diferentes metodologias. A metodologia discutida será a Educação Patrimonial, que se

constitui em lançar um novo olhar sobre a escolha dos livros didáticos e a lógica da busca do seu conteúdo para melhorar a

qualidade do ensino e transformar de outros modos, a dinâmica participativa na sociedade onde os educandos e educadores estão

inseridos.

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A escola, espaço social de elaboração da produção do conhecimento, será o fio condutor dessa produção histórica, pois é

preciso ao longo da reflexão sobre o município, mostrar elos entre o passado e o presente, para que ocorra uma prospecção

futura, contemplando cidadãos que vivem e trabalham neste local, para que as gerações futuras recordem dos muitos espaços

edificados e em suas memórias individuais e ou coletivas, as muitas histórias deste município, assim como seus silêncios e

esquecimentos.

O uso de diferentes linguagens e metodologias de trabalho em sala de aula contribui para construção do conhecimento e

reflexão sobre a realidade. Linguagens como documentos escritos (oficiais, literatura, jornais, revistas, livros, memórias, história

oral, etc.), documentos não escritos (museus, fotografia, cinema, música, etc.) possibilitam contato e discussão de diferentes fontes

históricas.

Dentro desta perspectiva são propostas interpretação de textos e documentos (escritos e visuais), visitação a lugares onde

ocorram manifestações sociais, discussão sobre a realidade, análise de eventos do passado ou contemporâneos, reflexão e

comparação entre tempos históricos distintos. É importante ressaltar que essas atividades permitem ao educando desenvolver a

capacidade de perceber que as questões relativas a história podem ser analisadas e interpretadas de diferentes formas, de acordo

com o olhar e as fontes utilizadas. Cabe ao professor orientar o acesso à novas linguagens na disciplina de história e em outras

também, cultivando na prática a tão almejada multidisciplinaridade.

Observa-se atualmente no Brasil uma crescente preocupação com conhecimento, reflexão, discussão, ações sobre

patrimônio cultural e a sua preservação. Neste sentido, é importante refletir quais as prioridades desses espaços e das formas de

expressão que fazem parte da comunidade local como elementos da identidade individual ou coletiva dessas populações.

Ao desenvolver este estudo, fazendo parte da política de formação continuada articulada à progressão na carreira dos

professores da escola pública do Estado do Paraná, busca- se uma constituição histórica à escola e à cidade.

Esta fundamentada pelas Diretrizes Curriculares de História que propõe um ensino pautado nas correntes historiográficas

que evidenciam a importância de valorizar ações e relações humanas, permitindo que a cultura e as diferentes manifestações

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sociais, enquanto modo de vida de uma população torne-se objeto de estudo, que está reconhecido em seus sujeitos, produtores

de História, nos espaços como museus, monumentos históricos, avenidas, lugares de memória, enfim, onde se vive.

É difícil encontrar trabalhos que discutam as muitas formas de expressão e lugares de seus viveres. Por isso constitui um

dos principais objetivos dessa produção. Dessa forma, serão levados a compreender historicamente que a disciplina é ampla e

como os sujeitos em seus cotidianos produzem história com sua geração e para as seguintes.

Será abordada a história das gentes, suas manifestações culturais e dos muitos espaços sociais edificados na forma de

monumentos históricos, que compõem o atual patrimônio cultural institucionalizado do município de barracão/PR. Com isso,

percebem-se como produtores e sujeitos da história.

Essa produção não tem apenas cunho informativo e subsídios, mas que ao conhecer a história do patrimônio cultural

através da educação patrimonial. Com leituras desse caderno temático, o professor apresenta aos educandos, e juntos possam

conhecer e refletir formas de expressão que são patrimônio cultural de uma sociedade, que também se apresenta nas chamadas

formas intangíveis, ou seja, nos valores, nos saberes, nas memórias.

Espera – se que este Caderno Temático GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR seja

instrumento para auxiliar os colegas profissionais de História e demais disciplinas na tarefa de conduzir os educandos na

construção de sua identidade histórica.

Para facilitar o conhecimento e ações entre educadores e educados, foi organizado em seis unidades, com linguagem

descontraída, despertando interesse por Patrimônio Cultural local.

Agora é com você colega professor.

Bom Trabalho!

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UNIDADE I: ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: DESAFIOS DA MULTIDISCIPLINARIDADE

________________________________________________________________________________________________________ 1. ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: DESAFIOS DA MULTIDISCIPLINARIDADE

Um grande desafio ser professor de História, pois é ser o mediador de quem aprende e de quem quer conduzir

conhecimentos e reflexões nas salas de aula de diferentes escolas neste Estado.

Esta Produção Didática Pedagógica em forma de GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR

busca tornar o ensino de História mais próximo da realidade dos educandos deste município e de outras tantos deste Estado,

proporcionando uma alternativa a mais para o conhecimento, compreensão, análise e interpretação de história local.

O processo educativo em qualquer área de ensino deve conduzi-los a utilizarem suas capacidades intelectuais para que

adquiram novos conceitos e desenvolvam a partir desses conceitos ações no convívio social, político, econômico e cultural,

representados nas casas, nas ruas, nas praças, enfim nos lugares de memória; locais onde estão sujeitos que vivem e produzem

história. Acredito que a escola deva contribuir para a valorização do patrimônio cultural, fortalecendo a identidade cultural e

preservando - a a memória e a história local.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB n 9.394/1996 enfatizamos: Art. 1. A educação abrange os

processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e

pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Seguindo nesta linha de pensamento e com base na Diretriz Curricular do Estado, a disciplina de História está

fundamentada com: A metodologia proposta está relacionada à História Temática. A organização do trabalho pedagógico por meio de temas históricos possibilita ao professor ampliar a percepção dos estudantes sobre um determinado contexto histórico, sua ação e relações de

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distinção entre passado e presente. Para trabalhar deve – se constituir uma problemática por meio da compreensão, na sala de História, das estruturas e das ações humanas que constituíram os processos históricos presentes, tais como fome, desigualdade e exclusão social, confrontos identitários (individual, social, étnica, sexual, de gênero, de idade, de propriedade, de direitos, regionais e nacionais). Assim, as imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos, fotografias, pinturas, gravuras, museus, filmes, músicas são documentos que podem ser transformados em materiais didáticos de grande valia na constituição do conhecimento histórico.1

É no Ensino Médio, mais uma etapa da Educação, que os jovens devem ser desafiados a problematizar, argumentar e

produzir relações de contextualização, pois depois de vários anos de ensino básico, esses educandos têm de produzir idéias e

buscar respostas às inquietações que estão a sua volta. O conhecimento crítico e a apropriação em seu entorno, através do elo

que a escola a comunidade deve conduzir para um processo de preservação sustentável, bem com o fortalecimento dos

sentimentos de identidade e cidadania durante o período que este esteja no espaço escolar.

Os conteúdos devem ter relações com temas da história e com a vida local desses jovens adolescentes, assim a

contextualização dos vários conteúdos históricos e a relação presente passado deve ocorrer para que compreendam os

acontecimentos no presente.

Toda a temática exposta aos educandos deve ir além da compreensão visual, devem ser conduzidos para que aprendam

sim, a ler as entrelinhas, compreender as intenções e as circunstancias em que foi escrito um documento, uma obra edificada. Pois

cada objeto tem sua identidade pra época, é através da reflexão e discussão que se conhece a mensagem aparentemente do

objeto.

A utilização das diferentes linguagens para o ensino de História contribuiu para a dinamização do cotidiano da sala de aula,

diversificando a teoria e a prática do ensino da disciplina.

Pensa-se que a compreensão dos conteúdos históricos possa ser conhecida, refletido e discutido de diversas maneiras

utilizando-se documentos escritos, artefatos, objeto de uso doméstico, lugares como cachoeiras, nascentes de rios, enfim,

1 Secretaria de Estado do Paraná. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA/HISTÓRIA. PARANÁ: 2008.

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visitações, que na maioria do tradicional livro didático não está inserido, mas que ao ser apresentado aos educandos possa estar

contribuindo para o ensino e aprendizagem sobre cultura.

A metodologia sobre Patrimônio Cultural, podendo ser discutida na forma de Educação Patrimonial: É importante notar que cada objeto ou evidencia da cultura traz em si uma multiplicidade de aspectos e significados. Neste processo de percepção, análise e interpretação das expressões culturais é necessário definir e delimitar os objetivos e metas da atividade, de acordo com o que se quer alcançar, e com a natureza e complexidade do objeto estudado. Por exemplo, em um museu, definir o tema a ser abordado, em um monumento ou uma cidade, definir os aspectos a serem investigados (arquitetônico, urbanístico, social, econômico, histórico, etc.)2.

Como educadores, necessitamos provocar em nossos educandos um processo continuo pensar a educação patrimonial

como forma ativa de valorização e capacitação do passado para usufruir de nossa identidade cultural presente (FUNARI, P.P. et al,

2006, p.11).

Nas escolas, os currículos escolares estão comumente distribuídos em diversas disciplinas que competem entre si por

limitação do tempo em sala de aula e por normas oficiais estabelecidas por órgãos estaduais e federais. Ao estar discutindo

metodologias para a melhoria do ensino e da aprendizagem dos educandos através de objetos patrimoniais, de monumentos,

sítios e centros históricos, ou o patrimônio natural, com outras disciplinas, muitos profissionais não concordam pois não faz parte

da grande maioria dos currículos escolares. Assim, devemos enumerar alguns tópicos para a abordagem de temas do currículo

básico, que atravessam várias disciplinas que possibilitam um trabalho de integração entre educação ambiental, a cidadania, as

questões econômicas e o desenvolvimento tecnológico/ industrial e social.

Como podemos perceber nossos desafios enquanto educadores, historiadores de ensino de história voltados a questões

atuais, como intolerância a raça, cor, orientação sexual, credo religioso, as questões de patrimônio cultural e meio ambiente estão

aí na sociedade e precisam ser conduzidos na escola, pois é através dela que seus trabalhadores estarão na sociedade vivendo e

2 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.10.

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guardando as memórias e patrimônios. De modo geral tudo isso é imenso, instigante, é possível.

1.1 MULTIDISCIPLINARIDADE

É um desafio trabalhar história e memória local e propor outras disciplinas que discutam essa mesma temática.

É no conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer às relações que possam existir

entre elas, destinando – se a um sistema de um só móvel e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação. A multidisciplinaridade

corresponde à estrutura de currículo nas escolas, o qual encontra – se fragmentado em várias disciplinas. Continuando o

pensamento nesta mesma linha para conhecer a multidisciplinaridade: Os objetos patrimoniais, monumentos, sítios e centros históricos, ou o patrimônio imaterial e natural são um recurso educacional muito importante, pois permitem a ultrapassagem dos limites de cada área- disciplina e o aprendizado de habilidades e temas que serão importantes para a vida dos alunos.3

Recorre-se então a informação de várias matérias para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar

as disciplinas entre si, pondo-as em paralelo quais são coordenadas com vistas ao conhecimento global de uma determinada

temática. Ao propor estudar Patrimônio Cultural, cada disciplina contribui com informações próprias do seu campo de

conhecimento.

Propomos aqui uma produção multidisciplinar, podendo ser executado em qualquer período do ano letivo, fase de

escolarização, pois essa temática Educação Patrimonial e a História do município, nas séries iniciais do Ensino Fundamental até o

Ensino Médio, podem ser trabalhadas nas disciplinas de Arte, Sociologia Geografia, entre outras.

3HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.36.

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Para esta disciplina, a história dos monumentos e outras formas de expressões culturais locais têm muito a contribuir com

as demais disciplinas do currículo escolar, abrindo um leque de oportunidades para a realização de um trabalho multidisciplinar

que envolva outras áreas do conhecimento e o espaço escolar como um todo.

Podendo também ser organizado um museu no espaço escolar, entre outras atividades de expressão cultural como oficina

de dança, cantiga de roda, ditados populares, oficinas de arte, entre outras atividades que os educandos retratem a cultura viva,

presente no seu dia a dia, podendo ser o fechamento, com apresentações.

Algumas sugestões da multidisciplinaridade que poderão ser desenvolvidas por algumas disciplinas. Artes: as diferentes maneiras de representar um objeto, um edifício ou meio ambiente histórico ou natural podem dar margem ao domínio de técnicas e habilidades de expressão nos mais diversos meios, como o uso do som permitindo a criação de cenas, músicas, representações corporais, mímica, dança (...). Geografia: o estudo de um centro histórico, de um parque botânico ou de um meio ambiente natural pode ser ponto de partida para a abordagem dos temas desta disciplina (..) .Tecnologia (...) todos os objetos apresentados em sala de aula podem ser objetos tecnológicos e de discussão sobre mudanças do passado para o presente e projeções para o futuro (...)4.

A fotografia, o cinema, uma obra de arte, uma cantiga de roda, uma música e um instrumento musical, são ferramentas

indispensáveis que possuem uma linguagem muito utilizada da disciplina de Artes, pois não são apenas para coleta de dados do

patrimônio cultural selecionado, mas também para análise dos dados e conceitos conhecidos e aprendidos durante a realização

dessa atividade.

Para a disciplina de Sociologia, o contado dos educandos com estudos da cultura popular iniciando pela local, erudita e de

massa, conteúdos estes com outros pontos de vistas e indagações, enfoques diferenciados permitirá a compreensão de conceitos

indispensáveis para a análise dos objetos culturais e das percepções por eles compreendidas.

Para a disciplina de Geografia integrada a leitura do espaço urbano através do estudo do meio, para observarmos e

4HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.37.

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analisarmos as transformações no espaço vivido para que seja priorizado o entorno do educando, a paisagem, que possa oferecer

elementos que estimulem a memória e a capacidade de observação, pois a geografia precisa também do imaginário para criar e

manter a idéia de pertencimento.

1.2 PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

É inegável a necessidade de integrar diferentes linguagens nas aulas em todos os níveis de ensino.

O estudo de temáticas atuais é muito mais rico quando os educandos conseguem vivenciar os assuntos trabalhados em

sala de aula.

Privilegiando a história local, pretende- se aproximá-los de sua realidade histórica e, ao mesmo tempo, dar suporte para

valorizar as formas em que a cultura local se manifesta.

Esta temática é destinada a você colega professor, profissional de História e demais áreas da educação, que buscam tornar

o ensino mais próximo da realidade local.

São inúmeras alternativas para a análise, compreensão e interpretação da disciplina com novas perspectivas de trabalho

em sala de aula. Propõe-se a leitura, discussão, reflexão das formas em que o Patrimônio Cultural está registrado nas muitas

memórias nos lugares onde vivem os educandos e outros grupos sociais.

A necessidade de trabalhar Patrimônio Cultural nas escolas um dos inúmeros objetivos é fortalecer a relação dos

educandos com suas heranças culturais, estabelecendo conhecimento, reflexão, discussão com estes bens, que eles percebam

sua responsabilidade pela valorização e preservação do patrimônio, fortalecendo a identidade e a vivência no processo histórico

do dia a dia.

O desafio de propor o Patrimônio Cultural relacionado com a Educação Patrimonial volta a ser discutido, por estar inserido

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nos currículos escolares, mas muitas vezes com pouca ênfase na relação entre teoria e prática e por não estar vinculada a cultura

local.

Através da Educação Patrimonial os professores devem proporcionar aos educandos conhecimento e reflexão para que a

partir destes conhecimentos, apropriem – se das inúmeras edificações e memórias no espaço de convívio local onde estão

inseridos, criando ações de reconhecimento que garanta o direito à memória e a cidadania.

Assim, o professor de história percebe que: É no espaço da sala de aula que professores e alunos de história travam embate, em que o professor, novidadeiro do passado e da memória, sente – se com a possibilidade de guiar e dominar em nome do conhecimento. Mas, ao mesmo tempo, ele se sente como igual e completamente aberto aos problemas e projetos de seus alunos5.

É na sala de aula e em outros lugares proposto, que ao expor a temática Patrimônio Cultural em qualquer faixa etária deve-

se instigar a importância de conhecimento, reflexão, discussão e aprendizado sobre a formação cultural, formas de manifestações

de uma sociedade e a preservação dos valores das diferentes culturas tanto local como de qualquer lugar.

Educação Patrimonial é um instrumento de alfabetização cultural que possibilita ao individuo fazer leitura do mundo que o rodeia, levando – o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico – temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto – estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.6

Também, objetiva-se formar multiplicadores com pesquisa bibliográfica, visitação a locais onde estão registradas as

manifestações multiculturais, desde acervo de peças raras, documentos familiares e de governos, fotografias, papéis, brasões,

objetos, etc.

5 SCHMIDT, Maria A. A Formação do Professor de história e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe. (Org.) O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA. São Paulo: Contexto, 2009, p.54/56 6 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.6.

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Levar para os alunos qualquer objeto cultural, apresentar manifestações culturais na sala de aula ou levá-los em qualquer

lugar, provocando neles indagações sobre determinada manifestação, deve seguir alguns critérios como observação,

interpretação, conteúdo e expressão para que ampliem a capacidade de leitura visual e imaginária, reinterpretando e

compreendendo essa temática. Sensibiliza- los sobre a família e a comunidade, para a importância de sua memória representada

nas manifestações culturais, onde cada sujeito ou grupo social expõem sua cultura, simbolizando a memória individual ou de seu

grupo, pois cada sujeito social deve ser indagado para que conheça o patrimônio cultural local, conhecendo os bens para serem

preservados, conservados, protegidos e restaurados, todo tipo de Patrimônio Cultural local, como alerta Horta et al,

Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando – os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. A Educação Patrimonial consiste em provocar situações de aprendizado sobre o processo cultural e, a partir de suas manifestações, despertar no aluno o interesse em resolver questões significativas para sua vida pessoal e coletiva.O patrimônio histórico e o meio ambiente em que está inserido oferecem oportunidades de provocar nos alunos sentimentos de surpresa e curiosidade, levando – os a querer conhecer mais sobre eles. Nesse sentido podemos falar na “necessidade do passado”, para compreendermos melhor o “presente”e planejarmos o “futuro”. O estudo dos remanescentes do passado motivas – os a compreender e avaliar o modo de vida e os problemas enfrentados pelos que nos antecederam, as soluções que encontraram para enfrentar esses problemas e desafios, e a compará–las com as soluções que encontramos, para os mesmos problemas (...). Podemos facilmente comparar essas soluções, discutir as causas e origens dos problemas identificados e projetar as soluções ideais para o futuro, um exercício de consciência crítica e de cidadania7.

O grande desafio da educação contemporânea e especialmente da disciplina de História é oferecer instrumentos, através do

processo educacional para que os nossos educandos aprendam a transformar conscientemente a sua vida e o seu “eu” pessoal.

Para se chegar as grandes transformações sociais desde este município até esta nação, tornam-se necessário formar um

7 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.6.

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educando que conheça a si mesmo e que possa posicionar-se nas múltiplas relações sociais, profissionais e intelectuais.

Para chegar-se a formação de um indivíduo crítico, precisa estimular um modelo educacional que priorize o pensamento

intelectual, que seja capaz de questionar os valores fundamentados no senso comum e possam exercer a sua cidadania de uma

forma democrática.

As Diretrizes Curriculares do Ensino de História estabelece um modelo que visa à superação da História tradicional e cria

um novo paradigma, através do qual os alunos sejam ativos, questionadores e consigam compreender as relações de cultura e

poder, diversidades culturais, etc. na qual eles estão inseridos.

Assim, partindo desses pressupostos, pretende – se com o estudo dos inúmeros patrimônios locais, desenvolvam a

capacidade de conhecimento, análise e reflexão, e ofereça aos colegas profissionais uma nova perspectiva para trabalhar a

temática de uma forma crítica e abrangente.

O novo olhar está sendo lançado sobre patrimônio cultural local, com nova perspectiva, visando tornar o ensino de História

mais agradável e produtivo para os educadores e educandos, esperando assim atingir resultados mais satisfatórios para o sistema

educacional vigente.

A seguir estão relacionados alguns materiais para auxiliar a prática pedagógica.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

PREGNALOTTO, Felipe P. A cultura material na didática da História. http://www.teses.usp.br e http://diaadiaeducadores/dissertacao/ Comentário: No texto o autor descreve um estudo que realizou nos livros do PNLD de 2003, sobre a abordagem e metodologias desse material sobre Cultura Material. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. RIBEIRO, Regina M. O. A “máquina do tempo”: representações do passado, história e memória na sala de aula. http://www.teses.usp.br e http://diaadiaeducadores/dissertacao/ Comentário: No texto a autora expõe a partir de estudos e pesquisas com crianças sobre patrimônio cultural local, tendo como referência a memória histórica da

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PARA VOCÊ LER

escola e do bairro, para que compreendam os processos de construção individual e coletiva do conhecimento das representações sociais. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. NETO, Antonio S. de Almeida. Dimensão utópica nas representações sobre o ensino de História: memória de professores. Comentário: O autor faz um apanhado sobre a formação de professores, as metodologias utilizadas a partir de 1970, a dimensão da disciplina de história, as metodologias utilizadas em sala de aula a partir de estudos de Henri Lefebvre e o debate sobre memória e história oral. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Ralações Culturais. Revista de História da Biblioteca Nacional Comentário: Este material oferece sugestões de trabalho em sala de aula, incentivando a criatividade e a curiosidade, na formação das identidades na busca aos bens culturais e sociais. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. MANIQUE, A.P; PROENÇA, M.C. Didáctica da História. Patrimônio e história local. Lisboa: Texto Editora, 1994. Comentário: Os autores orientam para a fundamentação teórica – metodológico sobre fontes locais, memória oral e estudo do meio, que permite uma reflexão sobre a natureza e a importância da temática, para que o professor realize a proposta em sala de aula. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder Culturais.

PARA VOCÊ ASSISTIR

Título: O contador de Histórias. Direção: Luiz Villaça Duração: 1 hs 50 min Ano: 2009 Local: Brasil Comentário: Retrata a história de uma família nos anos 1970, mostra a família e a busca por superação dos valores apresentados na sociedade. Também a Escola sendo intermediária entre conhecimento a realidade social. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

Titulo: Escritores da Liberdade: a coragem de ensinar

Direção: Richard LaGravenese Duração: 123 min

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Ano: 2005 Comentário: O filme conta a história dos desafios que o professor enfrenta

com os alunos, pelo sistema educacional e a passividade da sociedade. Também retrata historias de vida entre educadores e educandos. É a realidade atual.

Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

PARA VOCÊ NAVEGAR

Neste site você encontra materiais que auxiliarão na sala de aula com diferentes da disciplina de História, disponível em: http://revistaaventurasnadehistoria.com.br;

Neste link você encontra material que auxiliarão na disciplina de História como filmes, textos, etc. disponível em:,http://diaadiaeducacao.pr.gov.br/historia/;

Neste espaço de reflexão sobre a história, a memória e documentos e de desenvolvimento de atividades no dia a dia di historiador, disponível em: http://historiaunirio.com.br/detetivesdopassado/br/numem/index.php.;

O portal mostra os bastidores, a criatividade dos profissionais da

área e seus projetos inovadores, divulgando a cultura no Brasil eno mundo: http://revistamuseu.com.br/emfoco/reportagem

Este link é um projeto com proposta voltada aos profissionais de Educação

Básica e Ensino Médio por meio da informática como ferramenta pedagógica, disponível em: http://pr.gov.br/luzdasletras

21

UNIDADE II: MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL ________________________________________________________________________________________________________

A evolução das sociedades, na segunda metade do século XX, elucida a importância do papel que a memória coletiva desempenha. ... A história como ciência e como culto público, ao mesmo tempo a montante, enquanto reservatório da história, rico em arquivos e em documentos/ monumentos, e aval, eco sonoro (e vivo) do trabalho histórico, a memória coletiva faz parte das grandes questões das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas, lutando, todas, pelo poder ou pela vida, pela sobrevivência e pela promoção.8

A partir dessa citação, iniciamos nossa reflexão mostrando a importância da memória coletiva das sociedades atuais.

Como nós educadores podemos conduzir as discussões sobre memória e patrimônio para as salas de aula, tanto nas aulas

de história quanto nas outras disciplinas? Como devemos instigar nossas crianças, adolescentes e jovens a respeito das

memórias e patrimônios local, regional, nacional e internacional? Como despertar nesse grupo de sujeitos conhecimento de suas

identidades e pertencimentos das memórias e patrimônios no lugar onde estão inseridos? Como conscientiza – los da importância

de valorizar as inúmeras formas de manifestações culturais locais? Como aproximar os saberes dos educandos e dos saberes

das escolas?

Eis alguns de nossos desafios enquanto educadores e mediadores no processo de aprendizagem nas salas de aulas

deste Estado.

2. O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL

Para iniciarmos nossa profunda leitura e reflexão sobre Patrimônio Cultural, vamos procurar conhecer alguns conceitos que

orientaram nosso aprendizado.

8 LE GOFF, Jaques, 1924. História e Memória. Trad. Bernardo Leitão et al. 5ª Ed. Campinhas, SP: Editora da UNICAMP, 2003.p.469.

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O significado de patrimônio são bens pertencentes a uma determinada pessoa, família, ou certa comunidade.

Também é sinônimo de riqueza, desde que entendida como expressão de uma tradição, de uma identidade cultural, crenças

e valores cultivados coletivamente. Também são bens imateriais ou materiais que uma pessoa ou uma família acumula, fazendo

parte àquilo que lhe é precioso, tendo um significado e ou que faz lembrar-se do seu passado ou de seus descendentes.

O vocábulo patrimônio refere – se à herança paterna, ou seja, bens materiais transmitidos de pai para filho; também usa –

se o termo herança familiar.

Hoje, quando falamos de patrimônio, duas idéias diferentes, mas relacionadas vêm à nossa mente. Pensamos nos bens transmitidos aos nossos herdeiros e que podem ser materiais, muitas vezes de bem pouco valor comercial, mas de grande significado emocional. Tudo isso pode ser mencionado em testamento e constituído patrimônio de um indivíduo. Também devemos entender o patrimônio coletivo9.

2.1 PATRIMÔNIO

O Patrimônio Cultural Brasileiro, não se resume aos objetos históricos e artísticos, aos monumentos representativos da memória nacional ou aos centros históricos já consagrados e protegidos pelas instituições e agentes governamentais. Existe o patrimônio vivo da sociedade brasileira: artesanato, maneira de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir as moradias, a culinária, as danças e músicas, os modos de vestir e falar, rituais e festas religiosas e populares, relações sociais e familiares, a cultura viva e presente de uma comunidade10.

Não importa as formas do patrimônio, por que todos são manifestações materiais e imateriais que identificam uma

comunidade local, regional, estadual, nacional ou da humanidade. São elementos comuns que pertencem a todos.

9 FUNARI, Pedro P. PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.p.8/9. 10 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.7.

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Com o desenvolvimento deste Guia Básico de Educação Patrimonial de Barracão/PR será apresentado alguns caminhos

para que o professor de história e outras disciplinas em suas salas de aula provoquem novos olhares e indagações a respeito do

Patrimônio Cultural local, na área de fronteira, ou em qualquer outra parte do estado, do país ou mundo.

Propor esta temática é instigar os alunos para que observem, analise, contextualizem e valorizem o patrimônio cultural local,

que a maioria das sociedades vive sem perceberem-se sujeitos históricos.

Em algumas sociedades locais a população não é convidada ou não se interessa para conhecer de atividades culturais,

distanciando – se de sua própria origem e de outras manifestações de integração cultural.

O patrimônio cultural que está presente em diferentes formas de expressão cultural está dividido em natural, material e

imaterial.

A partir da organização de alguns conceitos, será melhor compreender Patrimônio Cultural.

A ampliação do conceito de patrimônio não poderia deixar de abranger uma imensa área de bens, que se tornou muito ampla em nossa época: o mundo digital. Nas últimas décadas, os meios digitais e eletrônicos passaram a representar um imenso manancial de criação humana. A correspondência eletrônica (e - mail ), a arte no meio digital, os processos administrativos e de armazenamento de informações concentram – se, cada vez mais, em meio informáticos. Nunca se produziu tanto como agora, quando dispomos dos meios digitais. No entanto, a preservação desse patrimônio constitui um desafio proporcionalmente grande. Os meios de preservação digital ainda são frágeis, e os procedimentos técnicos de migração de informação de um meio tecnológico para outro, mais moderno, não deixaram de apresentar problemas. Em todo o mundo, surgem organizações voltadas para o estudo de como preservar esse importante patrimônio para as gerações futuras. Nesse contexto, foi aprovada da Unesco, em 2005m uma nova concepção sobre a diversidade cultural. ...Ela tornou – se ainda maior com a inclusão dos meios digitais, submetidos às leis de mercado. ... A situação tornou – se ainda mais dramática com o patrimônio digital. Como ter acesso e, portanto, preservar patrimônios digitais por copyright? Como garantir que o patrimônio, custodiado por uma empresa que o armazena em forma digital, seja preservado se a firma falir e desaparecer e com ela, todo o seu suporte digital? Esses são alguns dos desafios que enfrentamos para preservar o patrimônio em nossa época, e outros muitos se multiplicam a cada dia11.

11 FUNARI, P. P. A.; PELEGRINI, S. C. A.; Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 27/28.

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2.2 CULTURA É:

Ao se propor conhecer e discutir cultura, deve se levar em consideração o lugar onde se está inserido, para compreender o

termo.

Assim, é os costumes, a tradição de um lugar. Também sinônimo de produção de alguém ou de um grupo social, podendo

ser compreendida como tradição passada de geração em geração.

Também é de origem latina e em seu significado original está ligada às atividades agrícola. Vem do verbo latino colere, que quer dizer cultivar. Pensadores romanos antigos ampliaram esse significado e a usaram para se referir ao pessoal sofisticado, a palavra é usada ainda até hoje para comentar sobre uma pessoa que possua uma educação bem elaborada, ou ainda a cultura do dominante ou a alta cultura.12

São os lugares onde estão as inúmeras experiências de vida dos sujeitos em diferentes lugares, onde deixam construídos,

registrados com significados para sua família ou também para seu grupo social.

Toda a cultura passa por transformações, pois faz parte de um processo histórico dinâmico, transmitido por gerações e se

recria no cotidiano do tempo presente com os sujeitos na sociedade local ou em outras sociedades distantes.

A criação ou recriação da manifestação cultural de um sujeito ou de um grupo social sendo socializada estará mostrando a

identidade cultural desse sujeito ou desse grupo. Está a identidade cultural se manifestando.

Assim, as ações que uma geração transmitem para outra geração adquiriram formas e expressão diferente, isso é cultura.

Todas as expressões dos grupos são formas específicas que identifica e integrar seus membros no contexto social

partilhando uma história comum.

12 SANTOS, J. L. do. O que é cultura? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983. p.8.

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O conjunto de significados, expectativas e comportamentos compartilhados por um determinado grupo social, que facilitam e ordenam, limitam e potencializam, os intercâmbios sociais, as produções simbólicas e materiais e as realizações individuais e coletivas dentro de um marco espacial e temporal determinado.13

Assim, todas as diversidades culturais desde local até nacional contribuem para formação da identidade do povo brasileiro.

2.3 IDENTIDADE É:

É referência de alguém ou de alguma coisa que está inserido na sociedade. É também a identificação de um sujeito e ou de

um grupo social.

Temos nossa identidade valorizada quando a partir da necessidade de pertencimento a determinado grupo social,

identificando – nos com eles, nas mais diferentes situações na vida político-social e culturalmente.

2.3.1 O que é identidade Cultural?

São os aspectos de uma sociedade, como língua, religiões e suas manifestações como a organização educacional, familiar,

os rituais, festas religiosas e populares, as relações familiares e de amizades, os modos de vestir e de falar, artesanato, maneiras

de pesar, caçar, plantar, colher, culinária, utilização de plantas para medicação e alimentos, danças e músicas, etc. Revelando os

diferentes aspectos de uma cultura viva e presente local.

13 GOMEZ, A. P. A cultura Escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001, p.32.

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2.3.2 O que diversidade cultural?

Quando nos referimos à diversidade cultural, estamos falando das diferentes formas de cultura que um grupo social se

manifesta em sociedade, pois através da expressão é que estão apresentando sua identidade social, econômica, cultural.

Assim, quando um grupo realiza uma festividade,quando acontece uma exposição em museus, quando uma pessoa expõe

uma cantiga de roda, um prato típico de sua infância, uma brincadeira de páteo, uma lenda antiga, está ai o registro da diversidade

cultural que estão representados nas diferentes formas de expressão de um local, de uma região.

2.3.3 O que é multiculturalismo?

Em se tratando de país multicultural estamos nos referindo a este país que possui desde o Chuí até o Iapoque, pontos

extremos do Brasil e sua população rica de expressões culturais, como a culinária regional, uma celebração coletiva, cantiga de

roda, utilização de peças na utilização da agricultura ou pecuária

Também nossa identidade cultural se identifica com o lugar onde mantemos relações pessoais, político-social, religioso,

cultural, etc. Assim, as expressões organizadas por grupos sociais quando em suas manifestações estarão expondo seu modo de

ser, suas tradições, suas crenças, sua organização social, as manifestações artísticas no processo histórico nas atividades

científicas e tecnológicas. Ao estarem representando estas ações, estarão produzindo e reproduzindo sua cultura.

O patrimônio cultural tem como característica a sua importância como marcos da memória, da história coletiva, da

identidade e da cultura de seu povo.

Reconhecendo que todos os sujeitos vivem e produzem cultura, este Guia Básico de Educação Patrimonial de Barracão/PR,

mostrará algumas expressões culturais desse município.

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Por estar compreendendo o multiculturalismo desse país, propomos a partir, conhecimento e fotografias sobre formação

patrimonial de Barracão/PR.

Para compreender o objetivo de nossa Produção Didática Pedagógica, é preciso conhecer a história do município, ou seja,

conhecendo a história, compreenderão o rico patrimônio cultural local em que estão inseridos.

Para que os sujeitos que estarão envolvidos adquiram mais conhecimento, reflexão a partir daí criem ações voltadas à

consciência histórica e de preservação de todo patrimônio cultural no seu local de convívio.

Existem inúmeros bens patrimoniais no município, mas a partir dessas leituras acima proporcionadas pelo professor aos

alunos, estes deverão elencar por todo lugar que de seu convívio um objeto para estudo e assim estar expondo na sala de aula

para compreenderem o objeto de estudo.

Estaremos assim apresentando algumas manifestações culturais deste município.

Procurou-se apresentar vários aspectos do município, como a ocupação histórica que ocorre 14 de dezembro de 1952, data

de sua emancipação. Hoje, contando com uma população estimada em 10 mil habitantes, composta por descendentes de

italianos, de alemães e de caboclos.

Localiza-se no Sudoeste do Estado do Paraná, com limites entre Bom Jesus do Sul/PR, Flor da Serra do Sul/PR, Dionísio

Cerqueira/SC e a fronteira seca com Bernardo de Irigoyen, Província de Misiones/Argentina. A cidade recebeu esse nome em

quatro de julho de 1903, entre as cabeceiras dos rios Capanema e Peperiguaçu, pelas mãos do General Dionísio Cerqueira, que

chefiou a comissão de demarcação desses limites entre Brasil e Argentina.

Segundo historiadores brasileiros, nome deriva-se do acampamento entrincheirado, construído em 1936 pelas bandeiras paulistas. Já os historiadores platinos afirmam que o nome originou de um acampamento fortificado, construído por uma redução jesuítica, a qual teria a missão de repelir as bandeiras portuguesas em terras missioneiras. Este nome ficou tão enraizado, que por quase três séculos (...), toda a região da tríplice fronteira (Barracão/PR., Dionísio Cerqueira/SC. e Bernardo de Irigoyen/Argentina era chamada

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de Barracão.14

Vista aérea de Barracão/PR e Dionísio Cerqueira/SC/Brasil e Bernardo de Irygoien/Misiones/Argentina

Acervo da Prefeitura Municipal de Dionísio Cerqueira/SC

Por fazer parte da Tri–Fronteira com Dionísio Cerqueira/SC e Bernardo de Irigoyen/Misiones/Argentina, sua economia

encontra-se movida pelo comércio local, agricultura e pecuária, também pela Aduana Internacional de Importação e Exportação. E,

por estar localizada no Sudoeste do Estado do Paraná, constituí- se rota para o Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa

Catarina e também do MERCOSUL.

Pelo fato de Barracão ser composto por um diversificado conjunto patrimonial tomado como atrativo turístico, que está

destacado alguns dos monumentos.

É exatamente esse significativo Patrimônio edificado que propomos a investigar com os educandos, as várias memórias

silenciadas e submersas por estes lugares pela sociedade local no processo e formação dessa área de fronteira.

14 Jornal da Fronteira, Barracão, 1998 , p.1

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Ao propor conhecer e refletir parte da produção patrimonial edificada na fronteira, justamente de Barracão, é primordial que

percebam que foram construídos em diferentes tempos, os períodos de 1903 até 2003, demarcando diferentes olhares, como

distintos sujeitos procuraram demarcar seus espaços de pertenças.

Sobre esses diferentes períodos, observamos que a região sofreu constante processo de migração de trabalhadores,

oriundos de diferentes regiões do país, pois a região onde Barracão está localizado, que é região de fronteira seca com Dionísio

Cerqueira no Estado de Santa Catarina e com Bernardo de Irigoyen-Província de Misiones na Argentina é propícia para

comercialização, turismo, etc.

Marco Internacional da Fronteira do Barracão/PR/Brasil e Bernardo de Irigoyen/Misiones/Argentina,

edificado em 1903. Acervo da autora (2011).

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Marco da nascente do Rio Peperiguaçu, localizado em Barracão/PR na Fronteira com Bernardo de Irigoyen/Misiones/Argentina, quando foi edificado pelo Marechal Rondon em 1903. Também está edificado uma placa de bronze com a inscrição: Marco de Barracão.15

Marco Histórico Estadual de Barracão/PR e Dionísio Cerqueira/SC, edificado em 1926. Acervo da autora (2011).

15 FERRARI, Maristela. Conflitos e povoamento na fronteira Brasil/ Argentina: Dionísio Cerqueira (SC.), Barracão (PR.) e Bernardo do Irigoyen (Misiones), Florianópolis: Ed.UFSC, 2010, p.299.

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Este marco data de outubro de 1926, data da assinatura do acordo entre os Estados de Santa Catarina e Paraná para a solução da questão de limites proposto pelo presidente da República Dr. Wenceslau Braz. Foi inaugurado no governo do Brasil quando o Dr. Epitácio Pessoa. (...) O governo do Paraná Dr. Bento Munhoz da Rocha e governo de Santa Catarina Dr. Hercilio Luz, em 1920 (...). Linha Wenceslau Braz, 1920, assinala o Extremo Oeste de Santa Catarina, linha divisória do Paraná e Santa Catarina sobre a Fronteira Brasil – Argentina (...)16 .

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

PARA VOCÊ LER

Revista de História da Biblioteca Nacional Comentário: Este material oferece sugestões de trabalho em sala de aula, incentivando a criatividade e a curiosidade, na formação das identidades na busca aos bens culturais e sociais. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. ANTUNES, Aracy R; MENANDRO, Heloisa F.; PAGANELLI, Tomoko I. Estudos Sociais: teoria e prática. Rio de Janeiro: ACESS Editora, 1993. Comentário: É apresentado como Estudos Sociais, mas o livro está em capítulos sobre conhecimentos históricos, também com sugestões de atividades para que os educandos conheçam conceitos de História e Geografia. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. BITTENCOURT, Circe M.F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção docência em formação. Série Ensino Fundamental) Comentário: É um livro composto por História Escolar; Métodos e Conteúdos Escolares; Materiais Didáticos; Também orientando metodologias para o uso do livro didático, documentos familiares, imagens, fotografias, cinema, música e estudos do meio. Temática: Relações de Trabalho; Relações de Poder e Relações Culturais. HORTA, Maria L.P; GRUMBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional, Museu Imperial, 1999.

16 SALVADORI, Carlos Francisco. Os rios Santo Antonio e Peperi – Guaçu na Questão de Palmas e o Centenário da Demarcação Brasil e Argentina. Santo Antonio do Sudoeste: Editora Salvadori & Salvadori S/C Ltda, 2003, p.57

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Comentário: Os autores destacam que em sala de aula os professores devem conduzir os educandos para conhecimento prévio da visitação na cidade ou bairro, reflexão a cerca das instituições que guarda memória e patrimônio como Educação Patrimonial. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais

PARA VOCÊ ASSISTIR

BESOURO Drama, Brasil, 2002, 105 min. Comentário: Descreve a tradição do povo nordestino no Brasil dos anos de 1920; O preconceito da idade, do gênero e da cor presente neste filme; O trabalho e a posse da terra também estão presentes como panos de fundo deste filme. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. Marcha para a vida Documentário; EUA/Brasil; 2010 ; 81 min Comentário: Mostra a experiência vivida por jovens de diversas partes do mundo ao conhecerem campos de concentração mantidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Temática: Relações de Trabalho,Relações de Poder e Relações Culturais

PARA VOCÊ NAVEGAR

Neste link, você encontra filmes de ação, aventura, guerra, animação, comédia romântica, romance, policial, drama, suspense, documentação, ficção, faroeste, musical e terror, disponível em: http://filmesdecinema.com.br Você ao estar utilizando este link, encontrará materiais desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, também para Educadores e pais. Com o uso de tecnologias inovadoras, possibilita a aprendizagem e informações atuais.http://www.educacional.com.br Ao acessar este link que é um organismo federal de proteção, preservação e gestão do patrimônio histórico e artístico nacional que oferta projetos, concursos, banco de dados, estando disponível em: http://iphan.gov.br

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UNIDADE III: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE BARRACÃO/PR ________________________________________________________________________________________________________

3. AFINAL, O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL?

O termo patrimônio imaterial está sendo analisada recentemente.

Vive-se o patrimônio imaterial, mas grande parcela da população local e ou da região não tem valoriza socialmente. Pois

depende de cada sujeito e do lugar onde está inserido o patrimônio cultural.

3.1 MEMÓRIA É:

É a capacidade que tem uma pessoa ou um grupo de lembrar ou esquecer-se de um acontecimento.

Todas as manifestações contadas de pessoa a pessoa, geração a geração estão nas memórias das pessoas ou de grupos.

Quando voltam à tona, manifestam-se com sentimentos emotivos, raivas, tensões, pois são momentos vividos e ou presenciados,

de fazeres e saberes de tempos imemoriais.

Assim, o patrimônio imaterial deve ser valorizado, pois cada momento lembrado revitaliza os acontecimentos com novos

olhares e novos sentimentos.

A memória permite a relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no processo “atual”das representações. Pela memória, o passado não só vem à tona das águas presentes, misturando – se com as percepções imediatas, como também empurra, “desloca” estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. A memória aparece como força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta w invasora17.

17 BOSI, Eclea. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.46/47.

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Ao revitalizar as pessoas a descrever de suas memórias momentos vividos ou presenciados pode-se ser emocionante,

estarão trazendo emoções, tensões, tristezas e comparações no presente sobre seu passado.

Ora, é a memória dos habitantes que faz com que eles percebam na fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas experiências sociais e lutas cotidianas. A memória é, pois, imprescindível na medida em que esclarece sobre o vinculo entre a sucessão de gerações e o tempo histórico que as acompanha. Sem isso, a população urbana não tem condição de compreender a história de sua cidade, como seu espaço urbano foi produzido pelos homens através dos tempos, nem a origem do processo que a caracterizou. Enfim, sem a memória não se pode situar na própria cidade, pois perde –se o elo afetivo que propicia a relação habitante – cidade, impossibilitando ao morador de se reconhecer enquanto cidadão de direitos e deveres e sujeito da história.18

3.2 SABERES:

São conhecimentos, usos e costumes diferenciados, modos de fazer típicos de uma comunidade. Como receitas de

culinárias, medicina popular, cantigas de roda, técnicas, brincadeiras, costumes de contar histórias, modos de ser e de viver, jogos

páteos, costumes de rezar, ditado popular, artesanato, etc.

Ao proporcionar crianças, jovens, adolescentes, adultos e até idosos as brincadeiras de rodas, todos estarão desenvolvendo

a expressão oral, a audição e o ritmo. Enquanto rodam no páteo, cantando canções, dançando, estão se exercitando, desde o

equilíbrio até coordenação motora. As danças, os ritmos, as cantigas, entre outros são expressões de cultura de um determinado

tempo e espaço de grupos humanos que viveram isso é cultura. Levar os alunos para as escolas, avós, pais, mães, para que em depoimentos orais contem suas experiências. Assim,, os alunos perceberão que cada um de seus familiares amigos ou vizinhos possuem memória e estas são importantes para sua história individual e da comunidade em que vivem. Ao levar uma pessoa para a sala de aula ela poderá contar para os alunos como era viver na comunidade em outro tempo, como esta foi construída, qual sua participação, como percebeu determinado acontecimento de caráter nacional. Se puder, você deverá gravar ou filmar este depoimento para que noutro momento também possa utilizá – lo

18 ORIÁ, Ricardo. Memória e Ensino de História. In. BITTENCOURT, Circe. (Org.) O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA. São Paulo: Ed. Contexto, 2009, p.139.

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com outras turmas. Para esse tipo de atividade é necessário envolver os alunos na preparação da entrevista, você poderá explicar a atividade e solicitar que os alunos elaboram as perguntas a serem feitas ao visitante; solicitar que anotem o que for falado ou que posteriormente ajudem a transcrever as falas. Num momento posterior, é preciso problematizar o que foi narrado, transformando em textos escritos, desenhos, cartazes na relação com outras memórias e documentos.19

3.3 FORMAS DE EXPRESSÃO E CELEBRAÇÕES

Manifestações culturais como festivais de música e estilo, literatura, artes plásticas, teatro e dança. Rituais e festas que

marcam uma comunidade. Podem estar ligados ao trabalho, à religiosidade, ao entretenimento e a outros aspectos da vida social.

Estão inseridas celebrações de casamento, festas religiosidade, rituais fúnebres, etc.

Gruta Internacional Nossa Senhora Aparecida Gruta Internacional Nossa Senhora de Lojan Barracão/Paraná/Brasil Bernardo de Irigoyen/Misiones/ Argentina Acervo da autora (2011) Acervo da autora (2011)

19 PAIM, Elison A. Lembrando, eu existo. In. HISTÓRIA: Ensino Fundamental. Coordenação OLIVEIRA, Margarida M. D. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010; Coleção Explorando o Ensino; V.21, p.83.

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3.4 LUGARES:

São espaços onde ocorrem práticas culturais coletivas: praças, mercados, feiras, santuários, etc.

São os valores pessoais ou de grupos sociais passados de pessoa a pessoa, de geração à geração, que estão muitas

vezes apenas nas memórias das pessoa, a partir de diálogos em essas pessoas elas estarão revivendo momentos imemoriais que

não se tem valor monetário, mas valor sentimental. Também são patrimônio imaterial, as inúmeras conversas, ou seja, os

depoimentos e as imagens de histórias de pessoas ou de grupos que estão sendo contadas a outras pessoas e a outros grupos

atualmente. Tudo isso são manifestações que estão enraizadas no cotidiano de um sujeito ou de um grupo ou mesmo de uma

sociedade que passa despercebida, ou não se reconhece como patrimônio imaterial.

Cavalgada da Romaria de Santa Emilia de Rodat

no Distrito de Siqueira Bello – Barracão/PR. Acervo da autora (2011).

População presente na Romaria de Santa Emilia

de Rodat no Distrito de Siqueira Bello – Barracão/PR Acervo da autora (2011).

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População na Romaria de Santa Emilia de Rodat no Distrito de Siqueira Bello – Barracão/PR.

População na Romaria de Santa Emilia de Rodat no Distrito de Siqueira Bello – Barracão/PR Acervo da autora (2011).

Há mais de meio século que a comunidade de Siqueira Bello (também conhecida como desde antigamente como Águas de Santa Emilia) recebe visita de inúmeras pessoas que vem até a gruta tomar a água que escorre pela estalactite – “pedra que cresce”- edindo e agradecendo graças a Deus por intercessão de Santa Emilia de Rodat. A primeira romaria ocorreu no dia 22 de Janeiro de 1998, que reuniu mais de mil romeiros.20

SUGESTOES DE MATERIAIS

THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.

Companhia das Letras, 2007. Comentário: Mostra a teia de costumes, cultura e tradições populares no século XVIII

inglês. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

20 ANDRADE, Nilva Becker de. Conhecendo Barracão. Barracão: Ed. Berzon, 2002, p.58.

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PARA VOCÊ LER

MONTEIRO, Vanessa S. V. Canudos: guerras de memória. Comentário: A autora explica Canudos com visão diferente sobre a memória como

instrumento de dominação social. Que parte da sociedade atual desconhece a história social dessa guerra.

Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. Revista de História da Biblioteca Nacional Comentário: Este material oferece sugestões de trabalho em sala de aula, incentivando a

criatividade e a curiosidade, na formação das identidades na busca aos bens culturais e sociais.

Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

PARA VOCÊ ASSISTIR

UMA CIDADE SEM PASSADO. Alemanha; Drama; 1990; 92 min. Comentário: Na Alemanha de 1970, uma jovem resolve inscrever – se num concurso de

monografia sobre a cidade onde vive e o terceiro Reich. Vai um busca de material nos arquivos da cidade, mas percebe que ninguém quer mexer no passado. Ela luta pelo acesso às verdades dos que viveram na década de 70, durante o regime nazista. Baseado em história real.

Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. APRENDENDO E ENSINANDO COM AS FESTAS POPULARES

DVD: Salto para o Futuro – Direção: Programas de 60’ Realização: TV escola, Brasil, 2007.

Festas de santos reis; Festas carnavalescas; Festas Juninas/ Comentário: Ao propor essa temática, acredita – se que muitos dos educandos não conheçam essas formas de expressões culturais, como é o caso da festa de reis. Por isso, esse DVD é importante tanto para a disciplina de História como para outras também. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Pode e Relações Culturais

FANDANGO – FACES E OLHARES Documentário; TV Paulo Freire – 11’59s - Comentário: Revela as faces que compõem a identidade cultural do Paraná; Identifica as relações entre cultura regional e nacional. Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e relações Culturais.

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PARA VOCÊ NAVEGAR

É uma rede social, voltada para estudantes, professores, pesquisadores ou apaixonados por história. Neste espaço é encontrado noticias de história, textos, vídeos, informações, trocar idéias e temas educacionais, acessando: http://cafecomhistoria.com.br

Neste portal você encontra material sobre museus do Paraná, do Brasil e do mundo. Também encontra projetos sobre essa temática; http://diaadiaeducacao.pr.gov.br/historia/museus

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UNIDADE IV: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL DE BARRACÃO/PR ________________________________________________________________________________________________________ 4. O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL?

Os lugares que compõem o patrimônio cultural material representam a memória do lugar.

Um monumento é uma edificação ou sitio histórico, por seu significado na trajetória de vida de uma sociedade/comunidade e por características peculiares de forma, estilo e função. Existem monumentos construídos para celebrar ou relembrar algum episódio, momento ou personagem da história, criados por arquitetos, escultores, artistas , etc. Em suas estruturas, formas e uso, revelam um momento determinado do passado, são testemunhas de modos de vida, das relações sociais, das tecnologias, das crenças e valores dos grupos sociais que construíram, modificaram e utilizaram. Alguns monumentos continuam servindo à função original, outros servem como repartições públicas, alguns permanecem vazios constituindo um pólo de atração turística.21

Sem que se perceba, cada edificação representa determinada fase da história local, onde o poder público

registrou seu poder e sua intenção ao criar locais de memória social. Também em muitas destas edificações grupos de indivíduos

sentem – se atraídos por este local onde tem algum significado.

4.1 PATRIMÔNIO EDIFICADO

Em áreas urbanas ou rurais estão este tipo de monumento. Essas áreas são conhecidas como cidades históricas, locais de

peregrinação com igrejas e capelas, casarões, bibliotecas, fortes, ruínas de sociedades já desaparecida.

São bens móveis representativos da evolução histórica ou exemplares de determinado período ou manifestação cultural.

21 HORTA, Maria L.P; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN/Museu Nacional, 1999, p.16.

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Um monumento histórico é uma edificação que marca características sociais, políticas e culturais de uma determinada

ideologia quando de sua edificação. Revelam determinado momento da história, manifestando valores, crenças, modo de vida.

Atualmente alguns monumentos foram restaurados e servem de museus, departamentos públicos, lojas ou acabam

desaparecendo, poucos são os monumentos que estão conservados.

4.2 PATRIMÔNIO URBANÍSTICO

Estão inseridas nesta dimensão as cidades históricas ou não, cidades com diversidade de casas construídas na

contemporaneidade ou não, áreas rurais onde estão praças, ruas, bairros, cidades onde construídas no século passado e

internamente se preserva arquitetura do período do Brasil colonial; Também estão inseridos todos os tipos de objetos de casas, de

trabalhos, ferramentas de diferentes profissões.

A partir da discussão em sala de aula sobre Patrimônio Histórico Material, sugere – se um passeio pelas ruas da cidade ou

por um bairro que os educandos mais tenham interesse, e por fazer parte do processo de aprendizado sobre o tema proposto.

Assim, quando se propõem esse tipo de atividade extraclasse o professor orientador deve conduzir seus alunos para

algumas orientações específicas, para ver, fazer e registrar a visitação, pois isso provocará discussões sobre a visitação e sobre o

que se foi observado na área visitada.

Durante a caminhada é importante dar tempo para desenvolverem suas observações e interesses próprios, assim, como os

relatos e histórias sobre o lugar, que ao voltarem em sala de aula possuam subsídios para uma discussão e relato das

experiências de todos.

Sugestões de atividades anteriores a visitação:

Quais construções chamam mais a atenção e por quê?

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Quais as construções mais antigas? Quais as características comuns entre elas?

Identificar os edifícios e casas modernas com decoração imitando estilos mais antigos, portas, telhados, janelas,

grades, postes e luminárias, letreiros, etc.

Procurar mudanças feitas nos edifícios e casas que não combinam com os educandos, como telhados, portas,

janelas, etc.

Observar detalhes nas construções que oferecem indicações sobre seus moradores, tais como: são mais ricos? São

pobres? Jovens ou velhos? O que os letreiros e o nome do local podem revelar? E as denominações das ruas, o que revelam?

Quem são as pessoas denominadas? Os educandos conhecem? São moradores locais? Por que essas denominações? Quem as

escolheu?

Observar os materiais que foram construídos os edifícios e as casas. São produzidos no local ou vem de fora?

Observar nos edifícios e nas casas sinais de conservação ou indícios de sua necessidade

Observar nas ruas, praças, edifícios e casas se estão bem cuidadas, têm lixeiras? Tem jardins? Estão sendo bem

cuidados?

Exercitar a percepção sensorial através de identificação de sons, cheiros, texturas, sensações em relação aos

edifícios e casas, às ruas e aos espaços públicos. (HORTA,1999, p.28)

A partir das fotografias abaixo estaremos retratando um pouco dos monumentos históricos edificados na cidade de

Barracão/PR/Brasil, para conhecimento de todos e posterior visitação.

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Prefeitura Municipal de Barracão/PR/1970 População no dia da Bandeira em 1970 Acervo de Nilva Becker de Andrade (2011)

Prefeitura Municipal de Barracão/PR (2011 Acervo da Autora (2011)

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Vista da divisa Internacional de Barracão/PR/Brasil com Bernardo de Irygoien/Misiones/Argentina – Construída em 2003 no Centenário da Demarcação da Fronteira Brasil/Argentina. Acervo da autora (2011)

Vista da divisa Internacional de Barracão/PR/Brasil com Bernardo de Irigoyen / Misiones / Argentina. Edificada em 2003 no Centenário da Demarcação Brasil /Argentina. Acervo da autora (2011)

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Monumento Histórico dos Trabalhadores Brasil/ Argentina. Edificado no Centenário da Demarcação da Fronteira em 2003. Também o Monumento das Bandeiras Brasil e Argentina simboliza os países, estados e municípios. Ao utilizar o metal na construção deste monumento e sem cor, está representando a união entre os povos. Está localizada em Barracão/PR, na Avenida Internacional Brasil/ Argentina. Acervo da Autora (2011).

O Memorial do centenário da Demarcação do limite brasileiro – argentino (2003) o homem representa o Brasil e os pioneiros com frutas da terra. O milho representa as culturas agrícolas e a roda, os tempos modernos. A pequena casa representa a vila fundada em 1903 e as araucárias, as plantas nativas. As mãos em torno do homem simbolizam o abraço fraternal entre os povos . O Traçado que simboliza os limites entre os países, estados e municípios. As bandeiras nacionais sobre o memorial do centenário da demarcação do limite brasileiro – argentino foram erigidas em 2003. Em metal e sem cores, as bandeiras não representam apenas o nacional, mas também a união eterna entre os dois povos no local. 22

22 FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Fronteira Brasil – Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR), Bernardo de Irigoyen (Misiones). Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2010, p.284/286.

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4.3 PATRIMÔNIO CULTURAL

É também uma categoria de bens móveis. Estão inseridos nesta organização objetos escritos como documentos oficiais,

cartas, relatos de viagens, bandeiras, peças de vestuário, mapas, sonoros, eletrônicos, digital, fotografias, filmes, folders, obras de

arte, etc.

Esses lugares quando proposto aos alunos para visitação e apreciação para leitura visual, é necessário que seja realizado

prévias explicações para que a partir de orientações surjam novos olhares, novas indagações e motivação para que aconteça uma

aprendizagem significativa. Todos os povos usam diferentes expressões culturais para manifestar sua visão do ser humano, do sagrado e do mundo. A arte é uma delas. E, dentre as muitas manifestações culturais, a pintura é uma das mais antigas. Como manifestação cultural de diferentes contextos históricos, a pintura desempenha papel relevante para o professor de história, porque em todos os livros didáticos, temos a reprodução de uma grande quantidade de obras, nos mais variados suportes e nos mais diversos estilos. Cada obra pintada é um documento de diferente linguagem, mas com representação cultural importante.23

4.4. BENS MÓVEIS E INTEGRADOS

Nesta categoria conhecida também como bens móveis. São obras de arte como pinturas, esculturas, estátuas, cerâmica,

etc., todos inseridos em museus. Também inseridos neste grupo todos os elementos artísticos que ornamentam as edificações,

como cantareiras, colunas, arcos, púlpitos, retábulos, painéis, forros, etc.

23 SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A Formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. In. BITTENCOURT, Circe. (Org.) O SABER HISTÓRICO EM SALA DE AULA. São Paulo: Ed. Contexto, 2009, p. 54.

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Museu Internacional de Barracão/PR/Brasil e Bernardo de Iirygoien/Misiones/Argentina. O Museu Internacional foi construído em conjunto com outros municípios brasileiros de: Bom Jesus do Sul/PR; Dionísio Cerqueira/SC; Santo Antonio do Sudoeste/PR; Pranchita/PR; Planalto/PR; Pérola/PR; Capanema/PR, e do lado argentino de Andresito, Bernardo de Irygoien e San Antonio da Província de Misiones/ Argentina. Acervo da Autora (2011).

A visitação em museu é pessoal, é espetacular, é único. Cada pessoa incorpora experiência e conhecimento próprio,

incluindo interesse, motivação, preocupações, como se estivesse organizado uma agenda pessoal, isto é, uma série de

expectativas e resultados pré-estabelecidos.

Com a multiplicidade de museus e objetos que compõem o acervo, deve – se levar em consideração também a interação

que envolve quem visita este local. Alguns museus organizam visitações orientadas por próprios funcionários quando realizam

exposições ou ateliê.

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Ao propor visitação ao museu o professor deve propor aprendizagem conceitual, a estética, a preservação, intenção da

obra, habilidades de observação e conhecimento sobre o ambiente e variadas obras no acervo local.

Também deve-se expor aos alunos que é lugar de educação e cultura, é inclusão social participar de visitação, que cada

artista possui determinada linguagem para expressar - se, cada obra tem sua própria leitura, pois cada obra estará retratando no

tempo presente algum momento do passado.

4.5 PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

Estão inseridos artefatos, pinturas rupestres, fósseis de animais e vegetais nos sítios em que se encontram os

vestígios da ocupação dos primitivos habitantes de uma região. O objetivo desta atividade é iniciar o aluno na compreensão da evidência cultural e nos diferentes modos de analisá – la, levando – o a perceber o processo de reconstituição do passado, por meio dos fragmentos e vestígios observados no presente. A experiência pode ser usada como preparação para o estudo de qualquer evidência, de objetos de museus a monumentos em ruínas ou sítios arqueológicos.24

A visitação e o estudo de um sítio arqueológico podem ser organizados durante o ano letivo para os educandos

conheçam que: Os sítios arqueológicos missionários do Brasil: São Miguel Arcanjo, São Nicolau, São João Batista e São Lourenço Mártir, situados no Rio Grande do Sul, estão hoje sob proteção do Governo Federal, reconhecidos como Patrimônio Nacional. Em 1993, a Unesco declarou as Missões Jesuítico – Guarani de São Miguel Arcanjo como Patrimônio Cultural da Humanidade. O Iphan vem desenvolvendo trabalhos integrados de conservação, proteção e valorização desses sítios, as universidades, a iniciativa privada, associações de amigos e os governos municipais e estaduais.Histórico: Durante os séculos XVII e XVIII a Companhia de Jesus, a serviço da Coroa Espanhola fundou inúmeros povoados nos territórios hoje pertencentes ao Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Nesses povoados se estruturou uma forma de viver diferente, tanto nos padrões culturais dos indígenas guarani quanto dos europeus da época, gerando um modelo único de vida comunitária. Por 150 anos, 30 povoados chamados reduções, foram criados na região do Rio Grande do Sul, no atual Rio Grande do Sul, conhecidos como Sete Povos das Missões. Ainda hoje é possível

24 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.35.

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observar os remanescentes dessas comunidades pioneiras e de seu modelo único de organização social, ... Além dos vestígios arquitetônicos é possível ainda observar inúmeros exemplos de esculturas religiosas e investigar os achados provenientes das pesquisas arqueológicas nesses locais.25

Continuando o pensamento neste sentido, procuramos destacar o rico Patrimônio Arqueológico, que: Justificamos nossas intenções em reforçar a Educação Patrimonial nas escolas e com o envolvimento da comunidade, e neste caso centrada na arqueologia, pois existem muitos projetos de implantação de construções de Usinas Hidrelétricas em todas as bacias hidrográficas do Brasil, que detém um dos maiores potenciais hidráulicos e aqüíferos da Terra. As regiões atingidas pelas implantações destas Usinas Hidrelétricas tornam, imediatamente, necessário focar este olhar preocupante a um programa voltado para a valorização do patrimônio arqueológico regional, através de atividades dirigidas às escolas e às comunidades dos municípios de inserção destes empreendimentos.26

SUGESTÕES DE MATERIAIS

PARA VOCÊ LER

Revista de História da Biblioteca Nacional Comentário: Este material serve para oferecer sugestões de trabalho em sala de aula incentivando a criatividade e a curiosidade, na formação das identidades que busquem aos bens culturais e sociais. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder, Relações Culturais. BESSEGATO, Maurí Luiz. O Patrimônio em sala de aula: fragmentos de ações educativas. Santa Maria-RS: UFSM/LEPA, 2010. Comentário: O livro elaborado para auxiliar professores de História e demais disciplinas para apresentar aos alunos conhecimento em pesquisas arqueológicas. Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. MENESES, U. B. de Museus Históricos: da celebração à consciência histórica; Para que serve um museu histórico? O Salão Nobre do Museu Paulista e o Teatro da História. In: Como explorar um museu Histórico. São Paulo: Museu paulista/USP, 1992. Comentário: O texto nos auxilia a história do Museu Histórica Paulista; deve haver uma efetiva colaboração com visitações a museus como centros de memória histórica para que todos valorizem e que a escola deve particularmente colaborar nessa construção do saber pedagógico oferecido por este espaço social. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder, Relações Culturais.

25 HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.: MONTEIRO, A. Q. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999, p.40. 26 BESSEGATO, Maurí Luiz. O Patrimônio em sala de aula: fragmentos de ações educativas. Santa Maria-RS: UFSM/LEPA, 2003, p.31.

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PARA VOCÊ ASSISTIR

NARRADORES DE JAVÉ Drama, Brasil, 2003. Disponível em DVD; Duração 100 min. Comentário: Javé, localidade fictícia no nordeste brasileiro, sua população resolve escrever a história local com objetivo de transformar em patrimônio histórico para preserva –lá. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais AGORA Épico, Espanha, 2003. Comentário: Fala sobre o Egito no século IV, onde ocorrem violentos confrontos sociais religiosos; A astrônoma tenta salvar documentos da sabedoria do Antigo Mundo Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais CONTERRÂNEOS VELHOS DE GUERRA Drama; Brasil; 1992; Documentário; 153 min. Comentário: A História retrata a construção de Brasília. Documentário com depoimento dos trabalhadores oriundos do nordeste para a construção da nova capital federal. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

PARA VOCÊ NAVEGAR

Aqui você encontra um vasto material documental do país, garantindo ao cidadão o acesso à informação, orientação, projetos, eventos, tudo de todos as temáticas. É só acessar: http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm

É o primeiro museu do Estado do Paraná; Você encontra um acervo histórico e artístico sobre diferentes temáticas, relacionados a museu, possuí também pesquisa, projetos, galeria de fotos, etc., acesse:http://www.museuparanense.pr.gov.br/

Este site está disponível para auxiliar quem aprende e quem ensina brincando através de ações educativas com temas atuais.Acesse: http://www.atividadeseducativas.com.br.

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UNIDADE V: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O PATRIMÔNIO CULTURAL NATURAL DE BARRACÃO/PR

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5. PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL

Estão inseridos neste patrimônio os relevos naturais, formações geomorfológicas, nascentes dos rios, as cachoeiras, os

parques, as reservas, as cavernas, as florestais, a flora e fauna, etc.

Estes locais podem ser contemplados o espetáculo de sua beleza natural, que deve ser valorizado pelo homem. Existe este

tipo de patrimônio em qualquer lugar, mas que muitas vezes passa despercebida por todos nós.

Assim, ao estar expondo esse tema deve induzir os alunos á lerem as evidências do passado no presente e a partir estejam

criando atitudes de conscientização e preservação do meio ambiente em que vivem.

A grande maioria da população não conhece estes locais onde mora, também não possui conhecimento sobre preservação

desses bens naturais.

Nos países capitalistas desenvolvidos, o pós – guerra foi caracterizado pelo crescente desenvolvimento de movimentos sociais, em prol dos direitos civis, da emancipação feminina, do reconhecimento da diversidade em vários níveis e aspectos. Esses movimentos demonstravam, a um só tempo, a existência de diversos grupos de interesses sociais e como essa variedade podia gerar conflitos sociais no interior desses países. A idéia de unidade nacional, uma só língua, cultura, origem e território, na base de concepção de patrimônio nacional, era minada no cotidiano das lutas sociais. Os movimentos em defesa do meio ambiente também foram importantes para a ampliação da noção de patrimônio, para que se incluísse não apenas a cultura, mas também a natureza. A explosão da definição ampliou horizontes sociais e legais. Já no fim da década de 1950, a legislação de proteção do patrimônio ampliava- se para o meio ambiente e para os grupos sociais legais, antes preteridos em beneficio da nacionalidade. (...) O meio ambiente e a cultura foram, muitas vezes, valorizados por seu caráter único e excepcional. Com o despertar para a importância da diversidade, já não se fazia sentido valorizar apenas, e de forma isolada, o mais belo, o mais precioso ou o mais raro. Ao contrário, a noção de preservação passava a incorporar um conjunto de bens que se repetem que são, em certo sentido, comuns, mas sem os quais não pode existir o excepcional. É nesse contexto que se desenvolveu a noção de imaterialidade do patrimônio. Uma paisagem não é apenas um conjunto de árvores, montanhas e riachos, mas sim uma apropriação humana dessa imaterialidade.

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Assim, compõem o patrimônio cultural não apenas fantasias de carnaval, como também as melodias, os ritmos e os modos de sambar, que são bens imateriais.27

Vista Panorâmica da Linha Alegria Alta/Barracão/PR.

Vista Cachoeira do Rio Pinhalito/Linha Alegria/Barracão/PR.

Acervo da autora (2011)

27 FUNARI, Pedro P. A.; PELEGRINI, Sandra de C. A. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p.22/23.

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Vista do Rio Capanema na Linha Três Passos/ Barracão/PR. Acervo da autora (2011)

Vista da Cachoeira do Rio Capanema/Linha Três Passos/Barracão/PR.

Acervo da Autora (2011).

Vista do Rio Capanema/ Linha Três Passos/Barracão/PR.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

PARA VOCÊ LER

LANGER, Protasio L; MARQUES, Sônia M. dos S.; MARSCHNER. (Org.) SUDOESTE DO PARANÁ: Diversidade e Ocupação Territorial e Diversidade Étnica. Dourados, MS: Editora da UFGD, 2010. Comentário: O autor descreve toda a ocupação com olhar voltado a pluralidade cultural do povo do sudoeste do Estado. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder, Relações Culturais.

PARA VOCÊ ASSISTIR

NARRADORES DE JAVÉ Drama, Brasil, 2003, 100 min. Diretora: Eliane Caffé Comentário: Javé é uma localidade fictícia, no sertão nordestino, que está prestes a ser

inundada pela construção de uma hidrelétrica. Os poucos moradores resolvem escrever a história da cidade, com o objetivo de transformá-la em patrimônio histórico e preservá-la.

Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. O DIRETOR SOU EU

Ficção; 11min, 56s; Direção Michelle Rimer. 2010 Comentário: O filme representa um mundo fictício, é filmado em um circo, o destino das pessoas é representado por objetos que são entregues dentro de malas. Muitas pessoas não aceitam o que seu destino representado em uma mala se apresenta, rompendo com o que lhe foi determinado, gerando um combate entre adeptos e contrários ao regime imposto pelo Estado.

Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

PARA VOCÊ NAVEGAR

Neste site você encontra tudo sobre ciência, tecnologia, cultura, curiosidades, tendências, vídeos, nawsgames, infográficos e muito mais, acesse: http://super.abril.com.br.

Ao acessar o maior catálogo de filmes na internet você encontra ação, ficção, romance, policial, documentário, faroeste, terror, musical, para apresentar uma metodologia diferenciada aos educandos melhorando o ensino e aprendizagem.

Acesse:http://filmesdecinema.com.br

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UNIDADE VI: LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE BARRACÃO/PR _______________________________________________________________________________________________________

Este GUIA BÁSICO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DE BARRACÃO/PR tem a preocupação da preservação do Patrimônio

Cultural local, onde estão registradas muitas memórias dos sujeitos que constroem a história local deste município.

Através desta Unidade, estará sendo abordadas formas de preservação das inúmeras manifestações culturais locais.

Torna-se necessário colocar em prática o exercício do olhar, percebendo que as cidades crescem, mudam, evoluem e nelas

existem lugares significativos, desde a história da família e objetos que expressão informações do passado, bem como lugares

edificados, que devem ser preservados, locais estes que fazem parte da memória da comunidade local e que podem e devem ser

preservados por gerações futuras.

Todos esses objetos culturais podem ser observados em sala de aula ou nos locais próprios onde são encontrados para

melhoria na qualidade entre teoria e prática e ensino e aprendizagem.

Assim, faz-se necessário que estes “lugares de memória” sejam protegidos não apenas pelos órgãos competentes, mas

também por todos aqueles que entendem que “os patrimônios memoriais e edificados podem ser resignificados servindo a

comunidade como expressão cultural.

Para um bem ser reconhecido como patrimônio local, estadual, nacional o da humanidade, ele precisa ser pesquisado com

alguns critérios a seguir: história, características técnicas, estado de conservação, transformações ao longo do tempo, imagens,

importância cultural, etc.

É através do IPHAN, órgão de nível federal, em todo o território nacional com superintendências regionais que ocorrem

ações de conhecimento, estudo e ações para que ocorra a preservação de qualquer forma de expressão da cultura local, estadual

e nacional.

Assim, desde a escola e toda sociedade deve proporcionar ações para conservação do patrimônio natural, material e

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imaterial.

Iniciando pelo significado da palavra preservação que vem da origem preservar, que quer dizer, preservar é a ação no

sentido de proteger, impedir a degradação do bem cultural de uma comunidade.

A legislação que organiza os bens que compõem o patrimônio material e imaterial e natural possui órgão que regulamenta e

ordena sua administração, conhecido como IPHAN. Considerar a preservação do patrimônio histórico como uma questão de cidadania implica reconhecer que, como cidadão tem o direito à memória, mas também o dever de contribuir para a manutenção desse rico e valioso acervo cultural de nosso país (...). Ademais, por admitirmos o papel fundamental da instituição escolar o exercício e formação da cidadania de nossas crianças, jovens e adolescentes, é que entendemos a necessidade de que a temática do patrimônio histórico seja apropriada como objeto de estudo no processo ensino – aprendizagem.28

Na década de 1930, durante o Estado Novo, priorizou-se o patrimônio edificado e arquitetônico conhecido como pedra e cal,

não havendo a preocupação com outros bens culturais significativos, por não pertencerem à classe dominante. Nesta perspectiva,

o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), com sua criação em 1937.

A ação de preservação oficial no Brasil teve seu início com a criação do Ministério de Educação e Cultura, no governo

Getúlio Vargas, em 1937, e do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O Decreto-Lei N.º 25 de 1937 é a instituição

legal da proteção pelo Governo Federal dos bens de interesse. As primeiras iniciativas de proteção do acervo cultural do Paraná

remontam 1938, com o tombamento nacional de inúmeros bens, entre eles edifícios e acervos museológicos.

Assim, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, hoje vinculado ao Ministério da Cultura, foi criado em 13 de

janeiro de 1937 pela Lei nº 378, no governo de Getúlio Vargas (1930/ 1945).

Já em 1936, o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, preocupado com a preservação do patrimônio

cultural brasileiro, pediu a Mário de Andrade que elaborasse um anteprojeto de Lei para salvaguarda desses bens e confiou a

28 ORIÁ, Ricardo. Patrimônio Histórico, Cidadania e Identidade Cultural: o direito à memória.. In: BITTENCOURT, Circe. (Org.) O Saber Histórico na Sala de Aula. São Paulo: Ed. Contexto, 2009, p.140.

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Rodrigo Melo Franco de Andrade a tarefa de implantação do Serviço do Patrimônio. Posteriormente, em 30 de novembro de 1937,

foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que organiza a "proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

Em sua luta pela proteção do patrimônio cultural, estendeu sua ação à proteção dos acidentes geográficos notáveis e das

paisagens agenciadas pelo homem. Há mais de 60 anos, o IPHAN, vem realizando um trabalho permanente e dedicado de

fiscalização, proteção, identificação, restauração, preservação e revitalização dos monumentos, sítios e bens móveis do país.

No âmbito nacional são realizados encontros e seminários temáticos sobre preservação do patrimônio cultural que resultam

na criação de uma série de determinações práticas na criação de programas e instituições para a proteção e valorização do acervo

cultural brasileiro, ressaltando que cabe aos Estados e Municípios tarefa complementar à atuação federal.

No âmbito estadual, as primeiras medidas ocorrem com a criação do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico, em 1948,

juntamente com a Divisão de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, através da Lei Estadual N.º 112 de outubro de

1948. O Conselho estadual do Patrimônio Histórico e Artístico constitui – se num órgão normativo e consultivo, auxiliar na

formação, acompanhamento e avaliação da política relativa ao patrimônio histórico, artístico e natural do Paraná, como unidade de

direção superior da Secretaria de estado da Cultura.

Em 16 de setembro de 1953 é sancionada a Lei N.º1.211, que dispõe sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do

Estado do Paraná. A unidade responsável pela proteção do Patrimônio Cultural denominava-se, então, Divisão do Patrimônio

Histórico e Artístico, ligada à Diretoria de Assuntos Culturais as Secretaria de Educação e Cultura.

Assim, em 1979 no Estado do Paraná, com a criação da Secretaria de Estado da Cultura e, com ela a criação da

Coordenadoria do Patrimônio Cultural, em substituição à então Diretoria de Assuntos Culturais e Divisão do Patrimônio Histórico e

Artístico, criou-se a Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico, unidade técnica da Coordenadoria do Patrimônio Cultural,

responsável pelo cumprimento da Lei N.º1.211, pelas propostas de preservação dos bens de interesse histórico e/ou artístico, bem

como pela assessoria técnica e fiscalização aos bens e áreas de interesse de preservação. Para a ação conjunta da administração

estadual com as municipais incentivou-se a criação de Associações de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural nos

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municípios. A resposta imediata veio de municípios como Antonina, Palmeira, Castro, São Mateus do Sul, Morretes e Jacarezinho.

Nesse contexto foi criado o IPAC-Londrina, abrindo-se com ele o estudo do patrimônio e a preservação na região norte do Paraná,

até então considerada nova e supostamente “sem passado, sem história”.

Em 1986, o grande ato de preservação do Estado do Paraná se deu com o tombamento da Serra do Mar: à diferença de um

edifício, a Serra, além de uma grande área, abriga, ainda, pessoas e atividades diferenciadas, e com o tombamento foi possível a

normatização de uso de toda aquela área. Na continuidade, a Secretaria de Estado da Cultura criou na Coordenadoria do

Patrimônio Cultural, em 1987, a Curadoria do Patrimônio Natural, voltada ao cadastramento, à pesquisa e à ação técnica de

arqueologia, a às áreas naturais como um todo. Com isso, a ação da Secretaria está sendo sistemática na preservação dos sítios

e paisagens naturais, estendendo-se por todo o Estado.

6.1 A CONSTITUIÇÃO DE 1988

No Artigo 215, estão contidas as seguintes disposições: O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. Protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro – brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de ata significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II – produção, promoção e difusão de bens culturais; III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV – democratização do acesso aos bens culturais; V – valorização da diversidade étnica e regional.29

Também consta no Artigo 216:

29 ORIÁ, Ricardo. Por uma nova política de patrimônio histórico no Brasil: a construção de uma memória plural. In: BITTENCOURT, Circe. (Org.) O saber histórico na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2009, p.136.

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O patrimônio cultural é formado por bens de natureza material e imaterial, tomadas individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico – culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.30

6.2 A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

No Estado, somente a partir de 1853 é possível perceber ações de preservação do patrimônio cultural assim: O primeiro presidente da Província, Zacarias de Góes e Vasconcelos, criando um arquivo pela lei n�33, de 7 de abril de 1855. Esta instituição foi denominada de arquivo público e tinha o encargo de coletar, classificar e guardar toda a memória, impressa e manuscrita, sobre a história e a geografia das mais nova província do Império.31

A partir de 1940, é criado o Conselho Estadual do Patrimônio Histórico. Mas somente em 1953 que foi criado a Lei de

Tombamento pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Neto.

O primeiro bem cultural tombado neste estado foi a Igreja de São Francisco das Chagas em Paranaguá, em 1962.

6.3 A LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO:

Ao pesquisar obre lei de tombamento neste município, encontra-se no Artigo 23 a seguintes expressões:

30 ORIÁ, Ricardo. O Patrimônio histórico revisitado. In: BITTENCOURT, Circe. (Org.) O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA. SÃO PAULO: Contexto, 2009, p.134. 31 ARANTES & CARVALHO. Temas e Questões para o Ensino de história do Paraná. Curitiba: SEEC/CPC, 2002, p. 149.

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Em articulação com o Executivo, cumpre à Câmara dos Vereadores propor medidas que complementem as leis federais e estaduais, especialmente n que diz respeito: II – A proteção dos documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os documentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos do município.III – A impedir evasão, destruição e descaracterização de obras de arte e outros bens de valor histórico, artístico e cultural do Município.IV – A abertura de meios de acesso à cultura, à educação e as ciências.32

6.4 TOMBAMENTO:

Tombar é inventariar (levantamento de dados relativos aos bens), registrar e classificar os bens culturais, reconhecendo-os como integrantes do patrimônio nacional, estadual ou municipal. O tombamento é um instrumento legal de preservação, um ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, realizado pelo poder público por meio de leis.Embora não prive o dono do bem, do direito à propriedade restringe a sua ação, pois ele não poderá realizar qualquer ato que possa degradar, desfigurar ou alterar a integridade ou autenticidade desse bem. Após o tombamento, o bem pode ser alugado ou mesmo vendido, porém o órgão municipal responsável deverá ser comunicado. O tombamento não impede que o bem passe por projetos de modernização, desde que sejam respeitados os motivos que justificaram o tombamento e resguardadas as suas características originais. A comunidade sempre será a principal guardiã do seu Patrimônio Cultural. As ações de proteção e valorização de bens culturais se relacionam aos interesses da própria comunidade. Quem conhece seus valores não permite que eles sejam destruídos. 33

32 BARRACÃO/PR. Lei Orgânica Municipal. Barracão: Grafibal, 1990, p.10. 33 Patrimônio Cultural – Que bicho é esse? Secretaria Municipal de Cultura. Uberlândia: Aline Editora e Artes Gráficas Ltda, 2010, p.15.

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Igreja São José - Linha São José – Barracão/PR. Lei de Tombamento da Capela São José – Linha São José – Barracão/PR. Acervo de Nilva Becker de Andrade (2011) Acervo da Prefeitura Municipal de Barracão/PR.(2011)

Enfim, ao elaborar e expor este Caderno temático pretendeu-se aferir que o conhecimento e a prática de preservação do

Patrimônio Cultural local podem começar na sala de aula, estendendo-se pela prática da cidadania.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

PARA VOCÊ LER

Revista Aventuras na História Comentário: Esta Revista apresenta reportagens que auxilia pessoas que buscam teoria e prática de temas atuais. Temática: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais. Revista de História da Biblioteca Nacional. Comentário: Apresenta variados temas e objetos de estudo das diferentes áreas sociais e humanas. Discute temas atuais, incentivando a criatividade e a curiosidade dos educandos. Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder, Relações Culturais.

Lei nº 009/92

SÚMULA: TOMBA AO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BARRACÃO A CAPELA SÃO JOSÉ, LOCALIZADA NA LINHA SÃO JOSÉ. Art. 1º - Fica tombada ao Patrimônio Histórico do Município de Barracão Estado do Paraná, a Capela São José, localizada na Linha São José, neste município; Art.2º A conservação da Capela, reformas e melhoramentos passará a ser de responsabilidade do Poder Público Municipal e também sob sua supervisão técnica;

Câmara Municipal de Barracão, aos 30 dias do mês de junho de 1992.

ITAMAR DE SOUZA

PRESIDENTE EM EXERCÍCIO.

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PARA VOCÊ ASSISTIR

Narradores de Javé: Drama, Brasil, 2003, 100 min. Diretora: Eliane Caffé Comentário: Javé é uma localidade fictícia, no sertão nordestino, que está prestes a ser inundada pela construção de uma hidrelétrica. Os poucos moradores resolvem escrever a história da cidade, com o objetivo de transformá-la em patrimônio histórico e preservá-la. Temática: Relações de trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.

PARA VOCÊ NAVEGAR

A Revista de História da Biblioteca Nacional, é uma publicação que oferece sugestões de trabalho na sala de aula, com atividades lúdicas e estimulo a criatividade e curiosidade.Acesse: http://www.revistadehistoria.com.br. Ao acessar você encontra tudo sobre o mundo, desde economia, sociedade, cultura, etc., jornais, escritores brasileiros, galerias de fotos, musica, também possui acervo on line. Está disponível em: http://almanaque.folha.oul.com.br

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RECOMENDAÇÃO ________________________________________________________________________________________________________

Espera- se que o Guia Básico de Educação Patrimonial de Barracão/PR, seja um instrumento que auxilie os colegas

profissionais da Educação da disciplina de História e demais disciplinas que almejam que seus educandos conheçam a história

local e se percebam sujeitos construtores da identidade históricos – socioculturais.

Ao levar ao espaço escolar esta proposta, se percebe a capacidade de uma educação transformadora, que através da sala

de aula se modifique a história local.

Procurou-se proporcionar uma linguagem descontraída, com a finalidade de despertar interesse pelo Patrimônio Cultural

local.

Agora é com você professor!

Bom trabalho!

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REFERÊNCIAS ________________________________________________________________________________________________________

ALEGRO, Regina C. et all. Temas e Questões para o Ensino de História do Paraná. Londrina: Ed. UEL, 2008. ARANTES & CARVALHO. Patrimônio cultural: uma identidade de uma sociedade. Curitiba: SEEC/ CPC, 2002. BARRACÃO/PR. Lei Orgânica Municipal. Barracão: Grafibal,1990 BESSEGATTO, Maurí L. e GARCIA, Clovis. O patrimônio em sala de aula: fragmentos de ações educativas. Santa Maria: UFSM/LEPA, 2003. BITTENCOURT, Circe. (Org.) O saber histórico na sala de aula. 11. ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2009. (Repensando o Ensino). BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. E. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em <http:// www.senado.gov.br/con198805.10.1988/CON1988.htm>. Acesso em 01/06/2011. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar e a valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade. Elaboração Ignes Pinto Navarroo... et all v.3 Brasília: MEC, SEB, 2004. BOURDIEU, Pierre. O poder Simbólico. Lisboa: Difel, 1989. BURKE, PETER. (Org.) A Escrita da História: Novas Perspectivas. Tradução Magda Lopes.São Paulo: Editora UNESP, 1992. CABRAL, Magaly. Museu e patrimônio universal. Parte 3. <http://www.revistamuseu.com.br/18demaio/artigos.asp?id=12824>. Acesso em: 29 de junho de 2011

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MONTEIRO, Vanessa S. V. Canudos: Guerras de memória. Rio de Janeiro – PUC – Programa de Pós – Graduação em História Social da Cultura, 2007. Publicado o original na Revista Mosaico e encontrado no site <http://cpdoc.fgv.br/mosaico>. Acesso dia 23 de junho de 2011. ORIÁ, Ricardo. Memória e Ensino de História. In BITTENCOURTT, Circe. (Org.) O Saber Histórico em Sala de Aula. São Paulo: Ed. Contexto, 8 ed.2003. PAIM, Elison Antonio. Lembrando, eu existo. Caderno Temático/ História: Ensino Fundamental/ Coordenação Margarida Maria Dias de Oliveira. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. Coleção Explorando o Ensino. Vol.21 Patrimônio Cultural. Que bicho é esse – Secretaria Municipal de Cultura. Uberlândia: Aline Editora e Artes Gráficas Ltda, 2010. PINSKY, Carla B. (Org.) Novos Temas nas aulas de história. São Paulo: Ed. Contexto, 2009. RODRIGUES, Adyr Balastreri. (Org.) Turismo e Desenvolvimento Local. São Paulo: Ed.HUCITEC, 1997. SANTOS. J. L. do. O que é cultura? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983. SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O Saber Histórico em Sala de Aula. 11. ed. 2ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2009. – (Repensando o Ensino). SOARES, André L. R. e KLAMT, Sergio C. Educação Patrimonial: Teoria e Prática. Santa Maria: Ed. UFSM, 2007. LINKS 1. <http://wwwpatrimoniocultural.pr.gov.br/modulos/conteudo/conteudo.php?conteudo=15> Acessado em: 26 de maio de 2011. 2. Revista da História da Biblioteca Nacional. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 01.06.2011 3. Fundação Museu da Imagem e Som Rio de Janeiro, disponível em: Erro! A referência de hiperlink não é válida.> Acesso em: 01 de Junho de 2011.

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