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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REITORIA Reitora Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pró-Reitora Profª. Drª. Leny Caselli Anzai INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Chefe Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa Coordenador Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Vice-Coordenador Prof. Dr. Ronaldo Pierosan

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

REITORIA

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Pró-Reitora

Profª. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Diretor

Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Vice-Coordenador

Prof. Dr. Ronaldo Pierosan

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N°47

A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de

Poxoréo, Mato Grosso.

Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva

Orientador

Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz

Co-Orientador

Prof. Dr. Gerson Souza Saes

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso como requisito parcial

para a Obtenção de Título de Mestre em

Geociências.

CUIABÁ

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A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de

Poxoréo, Mato Grosso.

Dissertação de mestrado aprovada em 18/03/2014.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Jackson Douglas da Silva Paz

Orientador (UFMT)

________________________________________

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Examinador Interno (UFMT)

________________________________________

Prof. Dr. Fábio Henrique Garcia Domingos

Examinador Externo (UFPA)

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Dedico este trabalho

à duas grandes mulheres.

Maria de Lourdes Queiroz e

Antônia Dias Evangelista

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Agradecimentos

Agradecimentos em primeiro lugar sempre, ao Mestre Jesus, que nos conduz ao

criador e ao sublime pelos exemplos, sendo o maior a ser seguido em vida, nos lembrando de

suportar os momentos difíceis e que os dias melhores vêm com trabalho. Agradecimentos ao

Projeto Transbrasiliano/Petrobrás e ao Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, pelo auxílio

financeiro nos campos realizados entre 2012 e 2013. Ao CNPq pelo Edital 32/2010, (Proc. nº

401809/2010-2) bem como a Profª. Dra. Silane Caminha pelo eventual auxílio financeiro.

Agradecimentos à CAPES pela bolsa de Pós-Graduação no período de 24 meses. Agradeço ainda ao

Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFMT, ao Coordenador do Programa Prof.

Dr. Amarildo Salina Ruiz e ao corpo docente do curso, tanto pelo apoio e suporte nos custos

de resumos publicados e participação, em eventos regionais e nacionais, como pela paciência

e compreensão no aguardo do término deste trabalho. Obrigado novamente ao Programa de

Pós-Graduação em Geociências, pela liberação a fim de buscar complementação com

disciplina fora do curso e à Coordenação do Curso de Geologia bem como ao Professor

Carlos Humnberto da Silva oportunidade do Estágio Docência, através do acompanhamento

do estágio do ESCHWEGE em Diamantina. Ao Programa de Pós-Graduação em Geociências

da UFRGS, pelo aceite como aluno para cursar disciplina relacionada à Estratigrafia de

Sequências. Aos membros da Banca pelo aceite na participação à examinação do presente

trabalho. Especiais agradecimentos ao Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz, que além de

um grande Professor, um grande colega e amigo, daqueles que te põem em pé de igualdade

em discussões geológicas, ou te jogam pra cima, por achar que você merece mais. Uma

pessoa que transmite tanta riqueza de sabedoria, perspectivas ou percepções a respeito das

várias complexidades da vida ao nosso redor, não poderia ser diferente do que é Jackson da

Paz: Aquele que todos querem por perto. Agradecimentos também ao co-Orientador, Prof. Dr.

Gerson Sousa Saes, que, diga-se de passagem, O Grande Geólogo “Alóctone” do Sul e que

tendo muito ajudado a construir o conhecimento da nossa geologia no Mato Grosso, este

trabalho não teria a mesma perspectiva sem sua orientação. Agradecimentos à Prof Drª Lena

Simoni Barata Souza, e ao Geólogo (agora Mestre) Renan Alex da Silva Grillaud, duas

grandes amizades que só fizeram crescer durante o período de 2010-2014, especialmente com

Jackson da Paz em longa viagem pelo Rio Madeira. Aos amigos colaboradores de trabalho de

campo e laboratório, Renan Grillaud, Jorge Queiroz, Kéttilin Menoncello, Gabriel Zaffari,

Willian Zan, Kamila Fernandes, Daniel Ramos, Paulo Moché, Lourenço Queiroz (O Cuia e

tio) e a outros eventuais colaboradores de laboratório. Aos colegas amigos de Pós-Graduação

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durante o período de convivência, especialmente aos colegas Caiubi Kuhn, Regiane Oliveira,

Vinicius Beal e colegas de turma “Quebra-Campo” Marcelo Galé, Yara Dias e Mariarosa

Fernandes. E fora do contexto geocientífico, agradecimentos aos amigos e familiares, que

ajudaram de alguma forma, ou pela solidariedade, em especial aos mais constantemente

presentes Marcus Amorim e Jorge Luiz duas admiráveis pessoas e grandes amigos. Por

último, o seio familiar, as bases que nos ensinam a andar firme, falar com coragem e agir com

caráter. Minha Mãe (Maria de Lourdes Queiroz) e a mãe da minha mãe (avó Antônia Dias

Evangelista). Duas pessoas, muito presentes em tudo que fiz até hoje e que merecem

reconhecimento e homenagens.

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Sumário

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................... 1

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................. 2

OBJETIVOS ................................................................................................................... 3

Objetivos Específicos ................................................................................................. 4

MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 4

CAPÍTULO 2...............................................................................................................................6

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................................... 6

A BACIA DO PARANÁ ........................................................................................................... 7

O FANEROZÓICO ................................................................................................................... 7

Formação Furmas .............................................................................................................. 8

Formação Ponta Grossa ..................................................................................................... 9

Formação Aquidauana ..................................................................................................... 10

Formação Palermo ........................................................................................................... 10

Formação Botucatu .......................................................................................................... 10

Formação Serra Geral ...................................................................................................... 11

GRUPO BAURU ..................................................................................................................... 11

Formação Marília............................................................................................................. 14

Formação Paredão Grande ............................................................................................... 14

Formação Quilombinho ................................................................................................... 15

Formação Cachoeira do Bom Jardim .............................................................................. 15

Formação Cambambe ...................................................................................................... 16

ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATFORMA DE ALTO GRAÇAS ....................... 16

TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO ....................................................................................... 19

CAPÍTULO 3.........................................................................................................................................21

Resumo............................................................................................................................................. 22

Abstract ............................................................................................................................................ 22

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 23

MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................ 25

CONTEXTO REGIONAL ............................................................................................................... 26

ESTRATIGRAFIA .......................................................................................................................... 28

Formação Furnas ..................................................................................................................... 30

Formação Ponta Grossa ............................................................................................................ 32

Formação Aquidauana .............................................................................................................. 34

Formação Palermo .................................................................................................................... 36

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GRUPO BAURU .................................................................................................................... 38

Formação Paredão Grande ............................................................................................. 39

Interpretação .................................................................................................................. 41

Formação Quilombinho e Foramação Cachoeira do Bom Jardim ................................ 35

Interpretação .................................................................................................................. 44

Formação Cambambe ................................................................................................... 46

GEOLOGIA ESTRUTURAL .......................................................................................................... 46

Estruturas Rúpteis ................................................................................................................... 48

Falha Jaciara Serra-Grande .................................................................................................... 49

Falha das Parnaíbas ou Região Falhada das Parnaíbas ............................................................ 50

Falha de Poxoréo .................................................................................................................... 51

Falha NW-SE ......................................................................................................................... 53

Falhas e Lineamentos Subordinados ...................................................................................... 54

Lineamentos N-S ............................................................................................................ 54

Lineamentos E-W ......................................................................................................... 56

Estrutura de Alto Coité ........................................................................................................... 56

A ORIGEM Da BACIA de POXORÉO .......................................................................................... 58

SEDIMENTAÇÃO DA BACIA DE POXORÉO ............................................................................ 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 64

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................67

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................70

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Lista de Figuras

Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distrito abrangidas, com acesso pelas

principais rodovias federais e estaduais....................................................................................................3

Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço

Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE

sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2)

Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São

Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani

(2004)........................................................................................................................................................6

Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de

Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995) (Oliveira, 2006); Weska (2006) e Milani et al

(2007) .......................................................................................................................................................9

Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis

e bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991) 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto

Xingu; 3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7-

Arco Bom Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru.........................................13

Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato

Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda

Filho et al. (2004)..................................................................................................................................17

Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall

e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).....................................................................................20

Figura 1. Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas

principais rodovias federais e estaduais..................................................................................................25

Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato

Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda

Filho (2004)............................................................................................................................................27

Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas .................29

Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça, 9km à sul da

cidade de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com

estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço

de cor cinza claro....................................................................................................................................30

Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal...........................................................31

Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1)

Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano

paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito...........................................................................31

Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de

pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara..................32

Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a

presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas........33

Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2)

Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito,

6) Siltito, 7) Argilito...............................................................................................................................33

Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas

avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior

o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos

subordinados...........................................................................................................................................34

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Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo...................................35

Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1)

Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4)

Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9)

Argilito....................................................................................................................................................36

Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos acamadados e

algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste ponto é muito

silicificado com pouca estratificação preservada....................................................................................37

Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1)

Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7) Ritmito, 8)

Argilito....................................................................................................................................................38

Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da Lajinha, sobrepostos

à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente diferenciados entre porção inferior e superior.

Inferior: estrutura laminada, venulado e coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração

esverdeada...............................................................................................................................................40

Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à empresa

Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2) Estatificação maciça, 3) Camada

silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura argilo-arenosa, 6) Conglomerado

Polímitico................................................................................................................................................41

Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a Poxoréo..........42

Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das

Parnaíbas.................................................................................................................................................42

Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando calcretes, e arenitos

calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no topo por conglomerado

monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226). 1) Discordância erosiva, 2) Esturura

acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça, 5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8)

Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11) Camada calcífera..........................................43

Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado por

calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados.................................44

Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à beira da

MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação Aquidauana por

discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado, constituído por seixos e

clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b) Arenito siltoso muito fino com

estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a siltito arenoso com laminação plano

paralela de cor vermelha a laranja..........................................................................................................44

Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth.........47

Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados.............................47

Figura 23. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de

acamamento (s0) e flancos de dobra.......................................................................................................48

Figura 24. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de

falhas e rosetas de fraturas......................................................................................................................49

Figura 25. Perfil geológico: A-B) na região da Serra das Parnaíbas; C-D) entre a Serra das Parnaíbas e

os Alcantilados; E-F e G-H) região do Morro Santo Antônio e Córrego são Domingos......................51

Figura 26. Afloramento de contato entre as Formações Aquidauana e Palermo, com rejeito de falha

normal e estruturas associadas ao movimento gravitacional. I) veio de sílica, II) Plano de falha, III)

Planos de fratura e estrias verticais, Ss-Estrias; S0- acamamento, Sfr-fraturas e veios.........................52

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Figura 27a. Perfil Geológico na rodovia MT-130, Falha de Poxoréo com falhas antitéticas e fraturas

ortogonais, unidades permocarboníferas e cretáceas. A Figura 27b. Corte de estrada demonstrando a

ordem de deposição das camadas neocretáceas na MT-130. I) Camada de conglomerado acamadado,

constituído em sua maior parte por seixos e clastos de Formação Palermo. I) Camada de arenito

maciço e lentes acamadadas de arenito siltoso. III) Intercalações de arenito e siltito argiloso com

estratificação cruzada e cruzadas de baixo ângulo depositadas no Hanging Wall de uma falha

antitética..................................................................................................................................................53

Figura 28a. Plano de falha de transferência em afloramento de arenito da Formação Aquidauana, com

movimento destral; Figura 28b. Mesoplano de falha com indicação de slicken-sides...........................54

Figura 29. Perfil e mapa geológico de detalhe da Falha de Coronel Ponce próximo à cidade de Dom

Aquino....................................................................................................................................................55

Figura 30. Perfil geológico em mapa geológico de detalhe da Estrutura de Alto Coité junto à Falha de

Poxoréo. 1) Falha normal (planta), 2) Fratura ou falha não determinada, 3) Falha normal (perfil

geológico), 4) Formação Ponta Grossa, 5) Formação Aquidauana, 6) Formação Palermo, 7) Grupo

Bauru.......................................................................................................................................................57

Figura 31. Uma síntese dos movimentos de falhas representados por blocos diagrama, em cada

local.........................................................................................................................................................60

Figura 32. Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de

Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).

Figura 33. Modelo de evolução do Período Permiano ao Cretáceo: a) Ápice de sequência Permo-

carbonífera; mares epicontinentais levam a deposição do Grupo Passa Dois; b) Juro-cretáceo;

continentalização da bacia e deposição da Formação Botucatu e magmatismo Formação Serra Geral;

c) Neo-cretáceo; vulcanismo alcalino da Formação Paredão Grande, ruptura e instalação de hemi-

grabén com sistemas aluviais, fluviais; d) Predomínio de sistema fluvial entrelaçado e formação de

playa-lakes e ponds, além de dunas eólicas; e) Novo vulcanismo, movimentação das falhas

gravitacionais e nova progradação dos detritos de leques aluviais.........................................................62

Anexo I: Coordenadas de pontos visitados................................................................................................

Anexo II: Mapa de localização de pontos..................................................................................................

Anexo III: Mapa geológico........................................................................................................................

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xiii

Resumo

A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido sobre sua evolução

tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região de Dom Aquino e Poxoréo o

presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita entre a sedimentação neocretácea do

Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma influência tectônica. Os dados obtidos na

região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e

Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de Formação. A sedimentação se desenvolveu em

estruturas hemi-grabén, sendo possível estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais

(Formação Quilombinho) junto às falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados,

ponds e playa lakes (Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em

muitas regiões áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da

Formação Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande

e Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem da

bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto devem ser

consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se desenvolveu a sedimentação

do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a influência da tectônica. A ativação do

Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neo-cretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do

Paraná tem sido considerada como hipótese da principal influencia. Os perfis geológicos e dados de

campo mostram que houve uma tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com

falhas gravitacionais, mas também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers),

sugeridas por análise de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu

interior também.

Abstract

Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed its tectonic

evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom Aquino and Poxoréo

this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of Upper Cretaceous Bauru

Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence. The data obtained allow the region

to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do Bom Jardim and Cambambe Facies, and

nowadays elevated to the status of Formation. Sedimentation developed in half-graben structures,

being possible set the location of the debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along

the fault in most cases, with braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim

Formation) farther. Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into

inland the basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the

interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts and

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pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent years as an

intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also interesting about how it

developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato Grosso, including under the

tectonic influence. The activation of the Lineament Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in

north-northwest portion of the Paraná Basin has been considered assumption as the main influence.

The geological cross-section and field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional

tectonics, not only with gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers),

suggested by analysis of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben

and also inside.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O contexto tectônico durante o Palezóico do supercontinente Gondwana tem como

característica os períodos de subsidência por compressão e por descompressão tectônica associada a

evento de soerguimento crustal (Milani & Ramos, 1998). Bacias intracratônicas, que são protegidas de

uma ação deformacional direta, registram atividade crustal através de superfícies de reativação (Zalán

et al. 1990). Ou seja, o embasamento marca de maneira contundente a evolução tectônica da bacia por

meio da transferência de esforço para dentro da plataforma e reativação de trends tectônicos. A

exemplo tem-se o Lineamento Transbrasiliano, Arco Ponta Grossa, Sinclinal de Torres entre outros

(Zalán et al. 1990). A atuação desta reativação ainda é campo aberto ao estudo das características que

marcam e a denunciam em uma sucessão de rochas sedimentares. Neste sentido, as bacias

intracratônicas do Brasil têm apelo especial por se situarem em um contexto favorável ao registro de

deformações oriundas da interação da movimentação destes trends tectônicos com a sedimentação da

bacia. No estado de Mato Grosso, destaca-se a Bacia do Paraná por causa da sua grande extensão

areal, recobrindo cerca de um 1/6 do estado. Aí, bons afloramentos podem ter continuidade lateral que

chega a centenas de metros localmente; e uma composta exposição vertical que permite empilhamento

de camadas que podem perfazer até 100 m de espessura, com boa preservação das características

primárias da rocha como estruturas sedimentares e mineralogia.

A Bacia do Paraná é uma compartimentação geotectônica de 1,5 milhão de km² (Milani et al.

2007), abrange além de parte do território brasileiro, partes da Argentina, Paraguai, e Uruguai. Ela

alcança profundidades máximas de 7.000 m em seu depocentro e 2.700 m na sua porção norte

conhecida por Plataforma de Alto Garças no estado de Mato Grosso (Gonçalves & Schneider, 1970).

Além disso, a bacia nesta porção norte encontra o Lineamento Transbrasiliano, uma megaestrutura que

atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul

(Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991). O aspecto mais crucial para o entendimento desta

dissertação de mestrado é a compartimentação que constitui a Plataforma de Alto Garças e que

Coimbra (1991) trata como bacias sedimentares à parte da Bacia do Paraná, mas que se superimpõem

a esta por serem mais novas e ocuparem o mesmo espaço geográfico. São estas as bacias de

Cambambe, Poxoréo e Itiquira, que, ao lado de outras estruturas em Gráben, estão encaixadas sobre a

Plataforma de Alto Garças e são os grábens de Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das

Garças (Lacerda Filho et al. 2004). O Graben ou Bacia de Poxoréo contém a área que é o objeto de

estudo deste trabalho e se caracteriza como uma estrutura alongada com eixo leste-oeste, falhas e

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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fraturas predominantes de direção NE-SW e cujos limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao

norte por um conjunto de lineamentos E-W.

A partir da década de 1970, são poucos os trabalhos a tratar desde a origem e sedimentação até

a evolução tectônica da bacias cretáceas encaixadas na Plataforma de Alto Garças (Schneider et al.

1974; Zalán et al. 1990; Marques et al. 1993; Milani et al. 2007). Os modelos deposicionais propostos,

levantamentos paleontológicos e os estudos sobre as grandes estruturas dentro destas bacias e da Bacia

do Paraná remontam bem a evolução com relação à paleogeografia e à tectônica. Contudo, há

contrastes a serem considerados com cuidado quando se trata da sedimentação das bacias cretáceas da

Plataforma de Alto Garças. As diferenças de preservação das unidades geológicas, as mudanças

abruptas de espessuras e as relações de contato estruturais merecem abordagens mais detalhadas por

meio de perfis geológicos de detalhe. Estas permitem a compreensão dos trends de lineamentos e as

grandes estruturas que atravessam a bacia.

A região de Dom Aquino e adjacências tem um relevo bem destacado por escarpas, morros,

colinas e vales observáveis em imagens de satélite e que oferecem informações com qualidade para a

interpretação por sensores remotos para geologia. Ademais, esta região também oferece bons

afloramentos com continuidade lateral de até centenas de metros. Dada diferença de cotas

topográficas, uma ou outra exposição vertical permite observar a estratigrafia por meio de sucessões

sedimentares de até 80 m de espessura. Além disso, também o acesso é facilitado por diversas

estradas. A infraestrutura de acomodação e serviços é boa com alguns percalços nos municípios

vizinhos como Poxoréo, por exemplo. Outro aspecto a ser levado em conta no estudo da região de

Dom Aquino é a avaliação que pode ser alcançada da influência do Lineamento Transbrasiliano ali.

Esta feição tectônica-estrutural intraplaca possui direção NE-SW e pode se caracterizar como uma

superfície de reativação, com importante papel no controle da sedimentação durante a evolução Bacia

Poxoréo conforme pensamentos anteriores como de Coimbra (1991). Dom Aquino oferece a

possibilidade de testar esta influência por meio de mapeamento geológico.

LOCALIZAÇÃO

A área de estudo na região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom

Aquino e Poxoréo, abrange ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (figura 1.1). Oferece a

oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se relacionam com o

entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada, também é possível

observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de arrasto associadas com eventos

mesozoicos ou até mais recentes nestes estratos. As diversas vias de acesso na área de estudo entre

rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase toda a área de estudo.

Uma delas a rodovia estadual MT-130 passa atualmente modificações, promovidos por concessão da

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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via. Estas modificações resultando em alargamento da pista removendo cobertura de solo e rocha

alterada expondo um novo corte de rocha mais preservado.

Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas

principais rodovias federais e estaduais.

Uma vez que isso ocorra em toda a via, se terá um novo corte de afloramento entre as cidades

de Rondonópolis e Primavera do Leste. Outras vias tem sido anunciadas previstas sob concessão (BR-

364/163) e possíveis pavimentações (MT-260). Algumas porções mais íngremes e com densa

vegetação necessitam uma abordagem com maior tempo disponível e não foram alvo deste trabalho

pelo difícil acesso.

OBJETIVOS

Este trabalho é parte do requisito à obtenção do grau de mestre em Geociências do Programa

de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso. Ele versou sobre a

sedimentação neocretácea na região entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo, centro-sul de

Mato Grosso, com atenção à interação desta sedimentação com a reativação de estruturas mais antigas.

Na área de estudo, esta interação poderia ter levado a instalação de grábens e hemigrábens como os da

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Bacia de Poxoréo por hora em estudo. Tentativamente, busca-se relacionar a influência da reativação

tectônica do Lineamento Transbrasiliano sobre a sedimentação na Bacia de Poxoréo.

Objetivos específicos 3

Identificação das unidades estratigráficas

Identificação e caracterização das estruturas tectônicas

Confecção de mapa geológico na escala 1:150.000

Confecção de artigo científico em língua nacional

MATERIAIS E MÉTODOS

Para realização deste trabalho, foram selecionados materiais como referências bibliográficas,

mapas da área de estudo e arredores, informações toponímicas da área, imagens LANDSAT, SRTM e

Google Earth para tratamento prévio ao campo. As imagens LANDSAT são disponibilizadas na

internet pela NASA e possibilitam a interpretação grosso modo da geologia e geomorfologia da área

selecionada. Estas imagens têm como limite a sua resolução de trabalho, em geral, na ordem de 30 a

90 metros de resolução. O banco de dados oriundo do cruzamento das informações de mapas e

imagens foi manipulado por softwares livres como Google Earth a fim de obter interpretações prévias

sobre detalhes geológicos e geomorfológicos da área de estudo.

As imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), base de dados para modelos digitais

de elevação, podem ser obtidas a partir do Projeto TOPODATA, banco de dados geomorfométricos do

Brasil, no site Inpe (http://www.dsr.inpe.br/topodata/index.php). Estes dados de elevação resumem-se

como conjuntos de dados da superfície do solo, com posições projetadas regularmente espaçadas.

Estas derivações geomorfométricas locais têm os dados interpolados e refinados durante o

processamento. Os modelos digitais de elevação resultado do processamento destes dados SRTM,

geram produtos como planos de informação de variáveis primárias e secundárias tais como: elevação,

forma do terreno, delineamento de micro bacias e iluminação solar (Valeriano & Albuquerque, 2010).

Para reconhecimento prévio da área de estudo, utilizou-se mapas anteriores como do projeto

de exploração petrolífera na Bacia do Paraná em território brasileiro (Gonçalves & Schneider, 1970;

Schneider et al. 1974) e o Projeto Carta Geológica ao Milionésimo (Oliva et al. 1979; Schobbenhaus

Filho et al. 1975), além de informações toponímicas e geográficas encontradas no site do IBGE.

Para realização de mapeamento na escala de 1:150.000 foi feito mapa de interpretação de

sensores remotos da área, com as imagens LANDSAT, SRTM e auxiliares do Google Earth. A partir

das imagens SRTM, extraiu-se contornos de curva de, em intervalo de 30 metros nível por meio de

calibração com dados de campo, em diferentes intervalos e bacias de drenagem.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Com as análises de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth distinguiram-se as diferentes

texturas de morfologia, terreno, rocha e solo a fim de identificar diferentes zonas homólogas tanto em

relevo como em padrões de drenagem. Daí, os diferentes padrões de condensação de isolinhas

topográficas associadas aos outros produtos ajudaram a identificar o limite entre as zonas homologas

ou a amplitude dela. Como menciona Barros et al. (1982), existe a dificuldade em diferenciar uma

zona homóloga de outra, pela semelhança entre as texturas na imagem. A condensação ou

espaçamento destas isolinhas ajuda nesta diferenciação, porque o padrão de ajustamento destas

isolinhas revela justamente os diferentes patamares geológicos e o limite entre as unidades. Por fim, as

bacias de drenagem ajudaram a caracterizar unidades litoestratigráficas de acordo com a densidade de

canais em maior ou menor número.

As bacias de drenagem extraídas automaticamente a partir de imagem SRTM permitiram

delinear as estruturas e trends de lineamentos que controlam a região por meio dos padrões de

drenagem, formas e arranjos o que ajudou a definir os lineamentos, a estrutural da área e identificar a

compartimentação tectônica da área. Além disso, a partir análise das imagens SRTM, associadas às

imagens LANDSAT e Google Earth, identificou-se as quebras e feições de relevo com características

lineares contínuas e/ou descontínuas e por fim a caracterização das prováveis estruturas.

Tendo confrontado as interpretações e definido as zonas homólogas estabeleceram-se alvos

para a etapa de campo, ou seja, área de geologia duvidosa. Os alvos prioritários foram os prováveis ou

possíveis contatos, possibilidades de estruturas tectônicas, locais de exposição de rocha e fácil acesso

como lajedos, cortes de estradas, escarpas e rios, em cuja a estratigrafia e evolução tectônica ainda

cabe maior elucidação.

A etapa de campo totalizada em 16 dias desta atividade e distribuída entre os anos de 2012 e

2013 consistiu no levantamento de checagem desses alvos, observando a sistemática: I) Visitação e

descrição de 288 pontos entre os municípios de Jaciara, Dom Aquino e Poxoréo; II) Confecção de 10

seções verticais onde foram notadas principalmente características litológicas, granulometria, estrutura

deposicionais, estruturas pós-deposicionais, cor original e de alteração, paleocorrentes e acamamento

(S0); III) Medidas estruturais do acamamento, paleocorrente, falhas, fraturas e lineações; e IV) Coleta

de amostras para coleção de pesquisa e possíveis trabalhos posteriores.

A etapa pós-campo consistiu na confirmação e correção dos dados plotados em campo com

verificação das zonas homólogas e confirmação das hipóteses de trabalho pela interpretação geológica.

A confecção e edição dos mapas em etapa prévia e posterior ao campo se deram pelo uso de software

livre com georreferenciamento e sistematização dos dados coletados em campo. Na parte conclusiva

de edição de mapas, perfis geológicos e figuras ilustrativas em geral, utilizou-se de software livre de

edição gráfica e de manipulação do banco de dados georreferenciados.

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Grosso.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão a seguir trata de aspectos geológicos pertinentes ao entendimento da evolução da

Plataforma de Alto Garças (Figura 2.1) no tempo geológico. Como citado anteriormente, a Plataforma

de Alto Garças é parte mais setentrional da Bacia do Paraná e se caracteriza como uma estrutura

deprimida mais rasa e condicionada por altos estruturais como a Antéclise de Rondonópolis.

Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço

Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE

sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2)

Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São

Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani

(2004).

A estratigrafia da Plataforma de Alto Garças possui como diferença maior o tipo de

sedimentação que ocupou esta porção do paleocontinente Gondwana no Carbonífero. Sedimentos

terrígenos arenosos a rudáceos oriundos da glaciação carbonífera ao invés dos sedimentos pelíticos e

carbonáticos que ocuparam a porção mais ao sul da Bacia do Paraná e são incluídos no Grupo Itararé.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Outra diferença marcante é a presença de discordâncias. Na Plataforma de Alto Garças e, na área de

estudo em particular, destacam-se cinco sequências de primeira ordem no sentido de Milani et al.

(2007): a Sequência Paraná (formações Furnas e Ponta Grossa), a Sequência Gondwana 1 (formações

Aquidauana, Palermo, Irati e Estrada Nova) e a Seqüência Bauru (Grupo Bauru) que constitui a

sedimentação principal da Bacia de Poxoréo. Estruturalmente, a Plataforma de Alto Garças é

atravessada em sua porção sul-sudoeste pelo Lineamento Transbrasiliano, a megaestrutura que

atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul

(Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991).

A BACIA DO PARANÁ

O embasamento da Bacia do Paraná apresenta blocos cratônicos, contornados por faixas

móveis (Zalán et al. 1990). Gonçalves & Schneider (1968, 1970) em mapeamento pela Petrobrás na

Plataforma de Alto Garças reconheceram e descreveram a estratigrafia regional da bacia. Após a

Petrobrás realizar buscas por reservas petrolíferas na bacia, Schneider et al. (1974) apresentaram a

revisão da estratigrafia da Bacia do Paraná, com descrição de seções-tipo e distribuição das unidades

mapeadas levando em conta os trabalhos na Plataforma de Alto Garças.

Zalán et al. (1990) mostrou características estruturais, potencialidades estratigráficas e

possibilidades sobre a sua origem e evolução da Bacia do Paraná. Sobre a origem considerou o Ciclo

Brasiliano e o seu ápice como um dos principais precursores para a subsidência, com o arrefecimento

dos esforços tectônicos e resfriamento crustal.

De acordo com Milani & Ramos (1998), a bacia conectada com o paleo-oceano Phantalassa

esteve submetida a fases de compressão tectônica em sua porção ocidental durante o Paleozóico. Mais

tarde, Milani et al.. (2007) considerou o preenchimento da Bacia do Paraná em seis supersequências,

inclusive sob influencia de eventos distensivos e magmáticos durante o Jurássico e Cretáceo por toda a

bacia.

Coimbra (1991) considerou o preenchimento das bacias neocretáceas no Mato Grosso sob

influência da Antéclise de Rondonópolis, com posterior soerguimento, erosão e uma possível

separação entre as bacias (Cambambe, Poxoréo e Itiquira) anteriormente ligadas.

O FANEROZÓICO

Em mapeamento no Mato Grosso, Gonçalves & Schneider (1968, 1970) identificaram a

presença das formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Irati, Estrada Nova (sinônimo de

Formação Teresina e de Formação Corumbataí), Botucatu, Serra Geral, Bauru (hoje Grupo Bauru) e

Cachoeirinha. Posteriormente, reconheceu-se ainda a presença de unidades estratigráficas ainda mais

antigas e ampliou-se o conhecimento estendendo o domínio das unidades ordovício-silurianas para a

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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margem norte da Bacia do Paraná, em que foram identificadas as formações Alto Garças, Vila Maria e

Iapó que se assentavam diretamente sobre o embasamento pré-cambriano (Zalán et al. 1987; Assine et

al. (1994); Milani et al. (1995); Moreira & Borghi (1999)). A porção cretácea foi estudadas em detalhe

por trabalhos posteriores dado seu forte atrativo econômico representado pelos diamantes observados

nos depósitos desta idade. Destaca-se Weska et al. (1987) e Weska (1996) por causa da proposta de

uma nova nomenclatura para os depósitos do Grupo Bauru que, na Plataforma de Alto Garças, são

conhecidos pela subdivisão litoestratigráfica em formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira

do Bom Jardim e Cambambe (Figura 2.2).

Formação Furnas

Conforme Schneider et al. (1974), constituem esta formação arenitos médios a grossos, em

geral, esbranquiçados, caulínicos, moderadamente selecionados angulosos a subangulosos. A

estratificação ocorre como plano-paralela, cruzadas planares e cruzadas acanaladas sendo esta última a

mais notável (Schneider et al. 1974). Exibe contato erosivo ou discordante com o embasamento

cristalino abaixo e a sequência permocarbonífera acima. Contato concordante acima com a Formação

Ponta Grossa. A distribuição da Formação Furnas na Plataforma de Alto Garças ocorre em faixas

estreitas E-W na região de Chapada dos Guimarães e outra faixa com eixo N-S entre as cidades de

Campo Verde, Jaciara e Rondonópolis. Nesta cidade, na sua porção oeste, a Formação Furnas exibe

feição escarpada pela quebra negativa de relevo (Barros et al. 1982). Ao extremo leste, a Formação

Furnas ocorre também entre Barra do Garças e Nova Xavantina. A espessura em subsuperfície no

poço 2-TL-1-MT (Três Lagoas, MS) conserva espessura máxima de 343 m (Schneider et al. 1974).

Para a maioria dos autores, o paleoambiente é interpretado como fluvial transicional (deltas e rios

entrelaçados) com leques costeiros e deltas. Em sua porção superior a Formação Furnas mostra rochas

que evidenciam melhor um ambiente marinho raso entre o nível da ação das ondas normais e a zona de

tempestade (Assine, 1998).

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de

Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995); Oliveira (2006); Weska (2006) e Milani et al.

(2007). [*] Unidades Litoesratigráficas que não ocorrem na região.

Formação Ponta Grossa

De acordo Schneider et al. (1974), a Formação Ponta Grossa apresenta folhelhos e folhelhos

sílticos e siltitos cinza escuros a pretos, localmente carbonosos, fossíliferos ou micáceos, e arenitos

finos a muito finos, micáceos, intercalados àquelas camadas de sedimentos mais finos. Na Plataforma

de Alto Garças, são mapeados folhelhos e siltitos na porção inferior, com intercalações de arenitos

finos a muito finos na porção superior (Barros et al. 1982). Embora esta formação seja divida em três

membros: uma pelítica inferior (Membro Jaguaraíva), uma arenosa intermediária (Membro Tibagi) e

outra pelítica superior (Membro São Domingos), estas subdivisões não são observadas na região da

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Plataforma de Alto Garças. Aqui, a Formação Ponta Grossa faz contato concordante na base com a

Formação Furnas. O contato superior se dá por discordância erosiva (paraconformidade) com as

Formações Aquidauana (Grupo Itararé), Botucatu, Grupo Bauru e Formação Cachoeirinha. Foi

registrado por Schneider et al. (1974) espessuras máximas de até 467 m e 653 m nos poços 2-AG-1-

MT (Alto Garças, MT) e 2-AP-1-PR (Apucarana, PR), respectivamente. Neste último, observa-se o

registro mais completo da seção. Assine et al. (1998) assinala grandes espessuras separadas de forma

discrepante entre parte meridional e setentrional por um alto estrutural, no centro da Bacia do Paraná.

A espessura da Formação Ponta Grossa na região de Dom Aquino não excede 70 m (Barros et al.

1982). O ambiente marinho de águas rasas com fluxo de alta energia materializa o afogamento da

Formação Furnas por meio de um evento transgressivo e instala definitivamente o ambiente marinho

na maior parte da Bacia do Paraná (Assine et al. 1998).

Formação Aquidauana

Proposta por Lisboa (1909), esta formação constitui-se por sedimentos terrígenos arenosos

vermelhos. Schneider et al. (1974) propõem três sequências sedimentares com intensa variação

faciológica, predominantemente arenosa e de coloração vermelho-arroxeada. O nível inferior

constitui-se por arenitos avermelhados com lentes de diamictitos, intercalações de argilitos e arenitos

grossos, arcóseos e conglomerado basal. O nível intermediário é caracterizado por arenitos finos a

muito finos, com estratificação plano-paralela e intercalações de siltito, folhelhos, arenitos arcoseanos

e diamictitos subordinados. Encerra a unidade, arenitos com estratificação cruzada e siltitos vermelho-

tijolo finamente estratificados e localmente conglomeráticos (França & Potter, 1992).

Formação Palermo

É constituída em sua maior parte por siltitos, róseo-avermelhados, róseos ou esbranquiçados e

até cinza-amarelados. Localmente ainda, podem ser vermelhos. São notadas estratificações ondulares e

intercalações laminares de argilitos. São característicos os bancos de sílex, ou camadas e concreções

de sílex, esbranquiçados oolíticos e/ou pisolíticos maciços, com estratificação ondulada aparecendo

comumente interestratificadas ao pacote. É comum nesta unidade, o registro e descrições de sílica de

forma generalizada. Também são notados arenitos médios a finos, de cor cinza-arroxeada.

Conglomerados podem ocorrer na base desta unidade permiana (Barros et al. 1982).

Formação Botucatu

Schneider et al. (1970) descrevem esta unidade como arenitos avermelhados, róseos ou

arroxeados finos a médios e grossos na base, friáveis, grãos esféricos, arredondados e foscos. Barros et

al. (1982) caracteriza ainda esta formação como pouco argilosa, caulínica, feldspática, com grãos mal

selecionados no conjunto e bem selecionados nas extensas lâminas dos planos de estratificação

cruzada no Estado de Mato Grosso. A estratificação alternada entre cruzada tangencial, plano paralela

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Grosso.

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e cruzada acanalada. Muitas destas são de grande porte. A espessura verificada por Gonçalves &

Schneider (1970), no poço 2-TQ-1-MT para esta unidade é de 436 m, dificilmente ultrapassando 100

m em superfície, mas tendo sido medida 150 m na região de Chapada dos Guimarães (Barros et al.

1982). Faz contato discordante e erosivo abaixo com as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana

e Estrada Nova. Sobre a Formação Botucatu, desenvolve-se um característico relevo escarpado

chamado ruiniforme. O ambiente de deposição destes arenitos é amplamente interpretado por

diferentes autores como um grande deserto, composto por depósitos de dunas residuais. Constituem

ainda sistemas eólicos de clima árido pela ausência de elementos que caracterizam depósitos úmidos.

Em porção basal os arenitos grosseiros e ou argilosos mostram a influência fluvial e ou lacustre

(Barros et al. 1982). Por fim, representa o paleodeserto que abrange a maior parte da Bacia do Paraná

e uma vasta porção do Gondwana no juro-cretáceo.

Formação Serra Geral

São descritos principalmente como lavas basálticas toleíticas de textura afanítica, coloração

cinza a preta com textura amigdaloidal no topo e cortado por juntas verticais e horizontais (Schneider

et al. 1974). Na Plataforma de Alto Garças, Gonçalves & Schneider (1970) acrescentam que este

basalto mostra fraturas irregulares a subconchoidais intercaladas a lentes de arenitos. A unidade é

reconhecida quase majoritariamente com idade entre 135 Ma e 125 Ma (Milani et al. 2007).

Gonçalves & Schneider (1970) verificaram nas regiões de Guiratinga e Tesouro, a espessura 30 m e 10

m respectivamente. A espessura no centro da bacia chega a 1500 m no poço 2-PE-1-SP (Presidente

Epitácio), enquanto no poço 2-TQ-1-MT a espessura máxima destas rochas básicas é de 68 m

(Schneider et al. 1974). A origem das lavas basálticas do Serra Geral é entendida como vulcanismo

tipicamente básico e fissural (Gonçalves & Schneider, 1970), o que caracteriza a tentativa de quebra

do continente.

GRUPO BAURU

O Grupo Bauru inclui arenitos róseos, finos a médios e grossos, localmente silificados, por

vezes calcíferos, mal selecionados, com grânulos e seixos esparsos, conglomerados e

paraconglomerados de matriz argilosa, silexitos e conglomerado basal com seixos de basalto. De

maneira geral, são depósitos areno-conglomeráticos com seixos, blocos e matacões litoclásticos

diversos (Gonçalves & Schneider, 1968; 1970; Soares et al. 1980; Sousa Jr. et al.1983; Weska et al.

1987; Weska, 1996; Milani et al. 2007). Porções do Grupo Bauru são mapeados desde a região sul no

norte do estado do Paraná e se estende pelos estados vizinhos de São Paulo e Mato Grosso do Sul até

Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Por causa desta extensão, o Grupo Bauru é uma das unidades

estratigráficas em que se faz uma profusão de subdivisões litoestratigráficas. Assim, as unidades

cretáceas mapeadas nas regiões sudeste e centro-oeste foram várias vezes revisadas por diversos

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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autores, entre os mais importantes para este trabalho estão Soares et al. (1980), Sousa Jr. et al. (1983)

e Barros et al. (1982) que reuniram as informações disponíveis então sobre a unidade Bauru. Para

estes autores, os depósitos cretáceos da Plataforma Alto Garças formavam uma única unidade

litológica incluída na Formação Marília. Esta ideia não encontra ressonância em trabalhos pioneiros na

região, como aqueles de Gonçalves & Schneider (1968, 1970). Estes autores, em mapeamento

regional, dividiram o Grupo Bauru em pelo duas unidades: a porção inferior não recebeu denominação

formal mas figurou distinta da unidade superior chamada Membro Borolo da então Formação Bauru.

Mais tarde, Sousa Jr et al. (1983) relacionam lateralmente o Membro Serra da Galga e Membro Borolo

como sendo os mesmos depósitos e que estes depósitos se estenderiam até a região de Itiquira.

Uma contribuição significativa é o trabalho de Coimbra (1991). Neste, o autor faz referência

superposição de bacias sedimentares e mostra que os depósitos cretáceos da Plataforma de Alto Garças

possui estilo tectônico, preenchimento e origem distintos da Bacia do Paraná. Por isso, conclui que

estes sedimentos revelam bacias cretáceas que se formaram em função da quebra continental do

Gondwana. Três delas são denominadas como Cambambe, Poxoréo e Itiquira. Resgata-se aqui esta

visão de Coimbra (1991) e, por isso, posicionam-se os depósitos cretáceos da área de estudo na Bacia

de Poxoréo. Por fim, aquele autor denomina os sedimentos do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo de

Formação Boiadeiro. Nesta formação, seria possível ainda distinguir porções de rocha que formariam

fácies locais denominadas por aquele autor de Cachoeira do Bom Jardim e Quilombinho que seriam

variações litológicas do mesmo sistema deposicional. Contudo, é a proposta de divisão

litoestratigráfica de Weska et al. (1987) e Weska (1996) em trabalhos nas regiões de Chapada dos

Guimarães, Poxoréo e General Carneiro (MT) que se torna mais usual no estado de Mato Grosso e

adotada em trabalhos geologia regional (Lacerda Filho et al. 2004). Nesta proposta, o Grupo Bauru é

subdividido nas formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe.

Esta proposta tem a vantagem de poderem ser notados cada um dos litotipos que definem estas

unidades que serão discutidos adiante. Por outro lado, o mapeamento geológico e a relação

estratigráfica entre elas não foi explorada pelos trabalhos do autor. A ideia de Coimbra (1991) de que

as unidades Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim formam um único conjunto de rochas marcado

por variações laterais de litologia não só parece sensato como se mostrou muito útil no trabalho de

campo. Na monografia que aqui se apresenta, as formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim

são entendidas como interdigitadas e, portanto, penecontemporâneas entre si.

Em nível regional, apesar de o registro do Grupo Bauru a norte ter sido delimitado pela

Antéclise de Rondonópolis (Coimbra, 1991; Coimbra & Fernandes, 1992) e demais autores (Gibson et

al. 1997; Weska, 2006) tratarem as unidades neocretáceas como distintas no Mato Grosso, observa-se

claramente a relação espacial entre as regiões do Bauru trabalhadas por Soares et al, (1979) e Sousa Jr

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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et al. (1983) com as regiões trabalhadas por Weska et al. (1987) Weska (2006), em Chapada dos

Guimarães, Dom Aquino e Poxoréo (Figura 2.3).

Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis e

bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991). 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto Xingu;

3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7-Arco Bom

Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru.

Em nível global, o Grupo Bauru se caracteriza como uma Supersequência chamada Bauru

(seqüência de idade neocretácea) e esta inclui além dos depósitos Bauru na Plataforma de Alto Garças,

os sedimentos do Grupo Caiuá nas demais porções da Bacia do Paraná (Milani et al. 2007). Assim, de

acordo com este pensamento, a supersequência Bauru deve também ter sido controlada por

mecanismos tectônicos.

Formação Marília

Proposta por Almeida e Barbosa (1953) apud Barros et al. (1983), a Formação Marília foi

inicialmente reconhecida na cidade homônima. Estratigraficamente se sobrepõe às Formações Serra

Geral, Adamantina e Uberaba e é composta pelos membros Ponte Alta e Serra da Galga e Echaporã

(Sousa Jr et al. 1983; Sousa Jr, 1984). De acordo com Milani et al. (2007), o Membro Echaporã é

observado tanto no Triângulo mineiro quanto no estado de São Paulo e se constitui principalmente de

arenitos finos a médios de cor bege a rosa pálido, geometrias tabulares e a estruturação é maciça. O

topo pode ter nódulos e crostas carbonáticas e discretas concreções de clastos na base. Ocorrem ainda

litofácies conglomeráticas centimétricas composta por intraclastos carbonáticos e lamíticos além de

delgadas intercalações de lamitos arenosos de cor marrom.

O membro Ponte Alta é um conjunto de arenitos muito calcíferos com lentes e nódulos de

calcário conglomerático ou brechóide, camadas calcárias de até 10 metros e níveis irregulares de

arenitos e argilitos (Sousa Jr et al. 1983). O membro Serra da Galga se constitui por arenitos grossos,

imaturos, feldspáticos, argilosos, conglomeráticos, vermelho róseo, com grânulos carbonáticos (Sousa

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Jr et al. (1983). Conglomerados com seixos e matacões polimíticos de diferentes composições e

arenitos em geral de estratificação cruzada acanalada e cruzada tangencial na base completam este

membro (Milani et al. 2007).

Lacerda Filho et al. (2004) atribui esta unidade aos sedimentos terrígenos arenosos na região

de Itiquira. São arenitos grossos a finos, coloração amarelada e avermelhada, imaturos, mal

selecionados; além de conglomerados com clastos de quartzo, quartzito, calcedônia e calcário fino,

cimentados por sílica amorfa; e, por fim, arenito fino a médio, imaturo, com fração areia grossa a

grânulos, lentes de calcário fino e estratos de siltito e argilito subordinados.

O ambiente em geral é interpretado como leques aluviais medianos a distais, fluviais e

lacustres eventualmente com dunas eólicas (Milani et al. 2007).

Formação Paredão Grande

Foi proposta por Weska (1996) para se referir às intrusões magmáticas de diques, soleiras e os

derrames envolvendo contexto sin-deposicional aos sedimentos do Grupo Bauru. A toponímia é uma

referência à localidade homônima de ocorrência do enxame de diques. Para a região da área de estudo

em Dom Aquino e Chapada dos Guimarães, Weska (1996) e Costa et al. (2003) descrevem várias

ocorrências de corpos máficos, tais como derrames, diques. Macroscopicamente, são basaltos e

diabásios de cor preta a cinza escura, afaníticos a porfiríticos, com estruturas de vesículas, amígdalas e

disjunções poliedrais (Weska 2006). Estão encaixados principalmente nas unidades: Grupo Cuiabá,

Formações Aquidauana, Botucatu, Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e guardam xenólitos das

Formações Aquidauana e Botucatu. Segundo Weska (1996) apresenta-se cortando a Formação

Quilombinho na região da Lajinha. Datações Ar40

/Ar39

por Gibson et al. (1997) apresentaram idades

de 83,9+4 Ma nos diques porifiríticos da região chamada Raizinha (coordenadas 15º55’0,6”S e

54º37’0,0”W). Através de análise geoquímica determinaram para estes basaltos e diques composição

traquiandesíticas e certa contaminação por SiO2.

Formação Quilombinho

Barros et al. (1982) descrevem como espessos os conglomerados basais no Grupo Bauru.

Apesar de considerarem estes litologias basais muitas vezes imperceptíveis, eles descrevem os

seguintes litotipos: conglomerados com blocos e matacões arredondados, interestratificado em todo o

perfil, com predomínio de clastos de basalto, quartzo e raros arenitos silicificados. Níveis de sílex

esbranquiçados intercalados a arenitos róseos, quartzosos, arenitos calcíferos e arenitos avermelhados

a róseos, médios mal selecionados, feldspáticos imaturos, tendo constantes pontos carbonáticos com

grânulos e seixos esparsos, silicificados. Estruturas em geral plano paralelas, cruzadas, maciças e ou

acamamentos gradacionais.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Weska (2006) nota os conglomerados basais da Formação Quilombinho em Poxoréo e

Chapada dos Guimarães e, assim como, Barros et al. (1983) e Gonçalves & Schneider (1970), denota a

sua relação com a Falha de Poxoréo, classificando como evento de borda de rifte. Os principais

litotipos listados pelo autor são conglomerados, cíclicos, interdigitados a argilitos, arenitos

conglomeráticos, silto-argilitos e arenitos, com estruturas em geral plano paralelas, cruzadas

acanaladas. Os grãos de seixos até matacões são muitas vezes polimíticos e quando de origem

vulcânica em geral já estão muito alterados. Tufos também compõem em menor parte os clastos

(Weska et a 1987). Segundo Weska (2006), em Poxoréo e Chapada dos Guimarães, esta formação

pode alcançar espessura de 5 a 40 metros. Estratigraficamente, a Formação Quilombinho está

assentada sobre as Formações Aquidauana, Palermo, Botucatu e Serra Geral por meio de contatos

discordantes e erosivos (Barros et al. 1983). Em seu topo, pode ser recoberta pela Formação Cachoeira

do Bom jardim e Cachoeirinha (Weska 2006) ou interdigitar-se com a primeira (Coimbra, 1991).

O ambiente deposicional em geral é tido como de leques aluviais (Weska, 2006; Kuhn, 2012).

Formação Cachoeira do Bom Jardim

Barros et al. (1983) a descrevem na porção sudoeste de Poxoréo e incluem em sua litologia

arenitos róseos calcíferos finos a médios, maciços a estratificados (estratificação plano-paralela) com

grãos subarredondados, grânulos esparsos, matriz argilosa, cimento calcífero e representariam a

porção inferior do Grupo Bauru na Plataforma de Alto Garças.

Coimbra (1991) apoiado em Oliveira e Mulhmann (1965) chama a atenção para a estratigrafia

dos depósitos que formam esta unidade na área de estudo por entender que se trata de intercalação da

fácies Cachoeira do Bom Jardim (p.e., calcários róseos a esbranquiçados, arenitos calcíferos, calcretes

e silcretes) a fácies Quilombinho (conglomerados e arenitos conglomeráticos, lamitos conglomeráticos

e arenitos argilosos). Desta forma, aquele autor definiu como Formação Boiadeiro esta intercalação,

em referencia à localidade em Dom Aquino. Weska et al. (1987) aponta composição petromítica dos

clastos à matacões bem a muito bem arredondados nesta unidade, arcabouço dos conglomerados

podendo ser aberto ou fechado e muita presença de calcita como cimento. A geometria das camadas

varia entre lenticular a tabular, e a estrutura entre plano paralelas à maciças. Nota-se ainda

paleocorrente para NE. Da Rosa et al. (1997) descrevem sucessão faciológica de calcários próximo à

Poxoréo, em que argilitos e margas calcárias são sobrepostos por calcretes e conglomerados

intraformacionais granodecrescentes. Estratigraficamente, a Formação Cachoeira do Bom Jardim está

sobre ou interdigitada à Formação Quilombinho e é recoberta pela Formação Cachoeirinha por contato

discordante erosivo angular e concordante com a Formação Cambambe. Weska (2006) menciona

espessura de até 50 metros para esta unidade. Os preciptados de margas forçam em geral a conclusão

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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dos autores por ambiente lacustre evaporítico. No entanto Da Rosa et al, (1997) apontam para o

ambiente salino sendo assoreado por sedimentação fluvial.

Formação Cambambe

Descrito por Weska et al (1987), a Formação Cambambe apresenta variação litológica de

arenitos finos a médios, bem selecionados, até grossos e imaturos, cimentados por sílica, silcretes,

conglomerados petromíticos e brechas intraformacionais de estrutura plana e/ou cruzada. Os

conglomerados, em geral, têm arcabouço fechado, são cíclicos, lenticulares e a constituição na maior

parte petromítica. Eles chegam a apresentar raros clastos de riolito, tufos ácidos ou rochas básicas.

Estratigraficamente, está assentada sobre as unidades mais antigas do Grupo Bauru por discordância

erosiva e recoberto pela Formação Cachoeirinha por discordância também erosiva (Weska, 2006).

Gonçalves & Schneider (1970) mencionam 100 m de espessura para esta unidade superior do Grupo

Bauru e Weska (2006) infere 90 a 120 m na região de Dom Aquino e Poxoréo e 300 m para Chapada

dos Guimarães. Weska (2006) interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em

clima árido sob condições evaporíticas.

ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATAFORMA ALTO GARÇAS

De acordo com Zalán et al. (1990), a Bacia do Paraná, no sudeste do estado de Mato Grosso,

configura um planalto bordejado em seus limites norte nordeste e noroeste pelas Faixas Paraguai e

Brasília (Figura 2.4). Esta mesma região recebe a denominação estrutural de Plataforma Alto Garças

(Marques et al. 1993). Nela está presente a impressão do Lineamento Transbrasiliano que se estende

em direção NE para o estado do Ceará. Associadas em parte a esta enorme estrutura estão falhas

paralelas, de grande extensão que cortam a Plataforma de Alto Garças. No entanto há também outras

falhas relacionadas a outros eventos, como o Arco de São Vicente (Barros et al. 1993) e o Domo de

Araguainha produto do astroblema ao final do Permiano (Crósta, 2002) cujo distinção torna-se um

problema a ser discutido em trabalhos futuros. Os lineamentos impressos na Plataforma de Alto

Garças como fraturas e falhas, identificadas por imagens de radar (Barros et al. 1982), apresentam

diferentes direções. De acordo com Zalán et al. (1990) estes lineamentos exibem em toda a bacia forte

trend tectônico com predominância para NE-SW e NW-SE, ocorrendo subordinadamente os

lineamentos E-W. Adicionalmente no estado de Mato Grosso ocorrem também trends com direção N-

S, como será descrito nesta monografia. Gonçalves & Schneider (1970) em mapeamento no estado de

Mato Grosso, reconheceram impressos sobre a Plataforma de Alto Garças diversas falhas associadas a

movimentos distensivos e à pré-deposição e sin-deposição cretácea do Grupo Bauru, especialmente os

com direção NE-SW. Barros et al. (1982) sobre estas estruturas mencionam as de sentido NE-SW

como as principais nessa parte da bacia, no estado relacionando-as como produto de reativação do

Megalineamento Transbrasiliano.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato

Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda

Filho et al. (2004).

Identificada por Oliveira & Muhlmann (1967 apud Barros et al. 1982), a estrutura do Arco de

São Vicente abrange uma ampla área à sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães como uma feição

arqueada, tendo amplitude e localização descrita por Barros et al.(1982) entre o sudoeste Folha SD21-

Z-D e extremidades da SD21-Z-C. E de maneira quase inexpressiva se estendendo aos limites com a

Folha SE-21-X-B (Folha Corumbá). A estrutura preferencialmente com eixo NE-SW se apresenta

cortado bruscamente pelas rochas do Granito do São Vicente na extremidade da folha SD-21-Z-C,

enquanto à nordeste torna-se indistinto devido à coberturas detrito-lateríticas. Próximo à cidade de

Chapada dos Guimarães é reconhecível pelos altos mergulhos para N e NNE nas formações Furnas e

Ponta Grossa (Barros et al. 1982). Gonçalves & Schneider (1970), admitiram a origem desta estrutura,

estar relacionada a evento de reativação durante o Paleozóico com término no início de deposição da

Formação Botucatu. Ainda de acordo com estes autores o Arco de São Vicente trata-se de uma enorme

feição tectônica com grande influência na porção noroeste da Bacia do Paraná.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato

Grosso.

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A Falha de Jaciara–Serra Grande é uma estrutura distensiva que se estende da cidade de

Jaciara à região de Serra Grande onde é encoberta pela cobertura detrito-laterítica. De direção NE com

inflexão para E-NE esta estrutura geológica se assemelha muito a Falha de Poxoréo pelo extenso

paralelismo. Sua extensão de acordo com Barros et al. (1982) é de 90 km afetando tectonicamente as

formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Serra Geral e Grupo Bauru, tendo em

paralelo, falhas de menor amplitude. Barros et al.(1982) ainda mencionam a possível origem ao

Megalineamento Transbrasiliano, estabelecido no Precambriano, tendo sido reativado ao final da

sedimentação eólica Formação Botucatu e perdurado até o final do Cretáceo.

À cerca de 25 km em paralelo a Falha de Jaciara–Serra Grande, está a Falha de Poxoréo com

cerca de 95 km de extensão. Seu rejeito pode chegar a 500 m e ela estabelece contato tectônico entre

várias unidades (Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu e Bauru), além de colocar os depósitos

cretáceos do Grupo Bauru encaixados em blocos rebaixados ao ponto de ficarem topograficamente

abaixo da Formação Ponta Grossa. É registrada também intensa silicificação ao longo da estrutura,

além de brechas de falha e camadas contorcidas e fraturadas (Barros et al.1982). Gonçalves &

Schneider (1970), propuseram esta estrutura com maior prolongamento, cerca de 170 km e de mesma

leve inflexão para E-NE coincidindo com a Falha de Toricuieje, na região de mesmo nome. Tais

autores sugeriram origem pós-deposição Botucatu, atividade pré-Serra Geral e reativação durante a

deposição do Grupo Bauru.

Paralelas às falhas da região de Poxoréo e Dom Aquino está a Estrutura de Alto Coité. Uma

série de falhamentos normais com direção NE-SW conjugados a outras de direção NW-SE, que

propiciam estruturas de rompimento em blocos e forma de domo. Partilha do mesmo contexto e

registro litológico e sua origem está relacionada à reativação da Falha de Poxoréo durante o cretáceo

(Barros et al. 1982). À leste próximo ao limite dos estados de Mato Grosso e Goiás, ocorrem

lineamentos, falhas e fraturas de direção NE-SW e NW-SE perpendiculares ou paralelas, de forma

conjugadas e/ou confluentes. Estas estruturas afetam especialmente as formações Furnas, Ponta

Grossa, Aquidauana, Botucatu e Grupo Bauru. Nesta porção da bacia associados à estes falhamentos,

aparecem também estruturas de gráben em que se depositaram as unidades cretáceas do Grupo Bauru

e que preservam em seu assoalho unidades permianas e jurássicas. A exemplo têm-se os grabéns: Rio

das Garças, Diamantino, Campinápolis e Rio Passa Vinte (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Lima et al.

2008).

Ainda nos limites do estado, com feição dômica está o Domo de Araguainha de estruturação

concêntrica, resultado de impacto de um corpo celeste. Crósta (2002) descreve o domo como

constituído por anéis concêntricos formado por cristas e colinas em sua borda externa, que

representam grábens semi-circulares erodidos, formados por falhas anelares de colapso. Este grande

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Grosso.

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evento ocorrido no final do Permiano, deformou os grupos Paraná, Itararé (Aquidauana) e Passa Dois,

além do embasamento granítico pré-cambriano.

Associada aos falhamentos normais e gravitacionais na Bacia do Paraná, sudeste de Mato

Grosso, são notadas conjunto de fraturas e falhas normais de menor extensão como: Região Falhada

das Parnaíbas e Região Falhada de Barra do Garças. Apresentam camadas basculadas e mergulhos

acima dos valores regionais (Barros et al. 1982).

TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO

Com o fim do Magmatismo Pós-Paleozóico da Formação Serra Geral, a sobrecarga do espesso

volume basáltico no depocentro e a subsidência termal levaram a bacia intracratônica do Paraná a

ceder espaço para instalação de bacias cretáceas como a Bacia Bauru na região ao sul da Bacia do

Paraná, fora do domínio da Plataforma Alto Garças (Almeida, 1986; Riccomini, 1997). De acordo com

Riccomini (1997) a Bacia Bauru tem a atividade tectônica intensificada no Maastrichtiano evidenciada

pelo aumento sedimentos rudáceos. Além disso, a Bacia Bauru experimentou naquela região dois

regimes transcorrentes de direção E-W ao longo de sua evolução.

Coimbra (1991) considerou que as bacias formadas no sudeste de Mato Grosso durante o

cretáceo superior, estiveram sob regimes de falhas transcorrentes sinistrais de direção NE-SW e

dextrais de direção NW-SW. O primeiro durante o cretáceo superior resultante de esforços

compressivos impostos a placa sul-americana a oeste e à abertura da cadeia mesoatlântica a leste. O

segundo regime entre o cretáceo superior e o terciário, ligado a abertura total da cadeia mesoatlântica.

Küchle et al. (2005) em análise estratigráfica de padrões de empilhamento sobre uma bacia

rifte, determinaram fatores controladores para a sedimentação. O principal mecanismo tectônico usado

para explicar o preenchimento, é a intrínseca à relação entre espaço de acomodação em um

Hangingwall e soerguimento e erosão do Footwall simultâneos com eixo de rotação de um mesmo

bloco (figura 2.5). Neste caso o preenchimento de bacia se relaciona com evento de pulso tectônico

(Küchle et al. 2005).

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Grosso.

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Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall

e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).

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Grosso.

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CAPÍTULO 3

ARTIGO SUBMETIDO

A SEDIMENTAÇÃO NEOCRETÁCEA E A INFLUÊNCIA TECTÔNICA NA BACIA DE

POXORÉO, MATO GROSSO.

THE NEOCRETACEOUS SEDIMENTATION AND THE TECTONIC INFLUENCE ON

THE POXORÉO BASIN, MATO GROSSO.

Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva1, Jackson Douglas Silva da Paz

2, Gerson Sousa

Saes1,2

.

1. Programa de Pós-graduação em Geociências, Departamento de Recursos Minerais,

Instituto de Ciências Exatas e da Terra – Universidade Federal de Mato Grosso. Av.

Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. 78060-900 Cuiabá – MT,

Brasil. E-mail: [email protected]

2. Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra –

Universidade Federal do Mato Grosso. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 -

Bairro Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá – MT, Brasil. E-mail:

[email protected], [email protected].

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Grosso.

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Resumo: A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido

sobre sua evolução tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região

de Dom Aquino e Poxoréo o presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita

entre a sedimentação neocretácea do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma

influência tectônica. Os dados obtidos na região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies

Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de

Formação. A sedimentação se desenvolveu em estruturas hemi-grabén, sendo possível

estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais (Formação Quilombinho) junto às

falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados, ponds e playa lakes

(Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em muitas regiões

áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da Formação

Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande e

Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem

da bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto

devem ser consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se

desenvolveu a sedimentação do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a

influência da tectônica. A ativação do Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neo-

cretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do Paraná tem sido considerada como hipótese da

principal influencia. Os perfis geológicos e dados de campo mostram que houve uma

tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com falhas gravitacionais, mas

também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers), sugeridas por análise

de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu interior

também.

Abstract: Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed

its tectonic evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom

Aquino and Poxoréo this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of

Upper Cretaceous Bauru Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence.

The data obtained allow the region to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do

Bom Jardim and Cambambe Facies, and nowadays elevated to the status of Formation.

Sedimentation developed in half-graben structures, being possible set the location of the

debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along the fault in most cases, with

braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim Formation) farther.

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Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into inland the

basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the

interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts

and pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent

years as an intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also

interesting about how it developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato

Grosso, including under the tectonic influence. The activation of the Lineament

Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in north-northwest portion of the Paraná

Basin has been considered assumption as the main influence. The geological cross-section and

field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional tectonics, not only with

gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers), suggested by analysis

of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben and also

inside.

Palavras-chave: Tectônica neo-cretácea; Bacia de Poxoréo; hemi-graben.

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INTRODUÇÃO

A sedimentação em bacias intracratônicas está ligada a mecanismos de preenchimento

associados à tectônica, clima e suprimento sedimentar. A movimentação e ou reativação das

principais estruturas ao longo do Fanerozóico pode ter sido um fator preponderante na

formação das bacias fanerozóicas intracratônicas brasileiras. Neste cenário geológico, a

Plataforma de Alto Garças na porção norte da Bacia do Paraná, possui uma possante

deposição cretácea, objeto de estudo deste trabalho, cuja origem tem sido atribuída à

formação de uma bacia neste Período (Coimbra e Fernandes 1992, Riccomini, 1997),

provavelmente associada a reativações do embasamento incidentes sobre os arcos de

soerguimento e consequentes rupturas da bacia pré-existente (Zalán et al, 1990, Zalán, 2004).

Trabalhos prévios mostraram que estruturas tectônicas pré-existentes que controlaram tanto

de deposição quanto a deformação dos depósitos gerados (Gonçalves e Schneider, 1970;

Barros et al. 1982; Weska 1987). Coimbra (1991) propôs a existência da Antéclise de

Rondonópolis, controladora da sedimentação cretácea em bacias do tipo pull-apart e resultado

de esforços de compressivos na borda da placa Sul Americana reativando estruturas do

Terreno Brasiliano. O primeiro um predomínio da influencia de subducção da placa de Nazca.

E posteriormente um o domínio da grande abertura da cadeia meso-atlântica (Coimbra, 1991).

Para Weska (1996) e Gibson et al. (1997) o magmatismo está relacionado ao desenvolvimento

de um rifte intracontinental denominado Rift Rio das Mortes, posteriormente abortado.

Küchle et al. (2005) e Küchle et al. (2007) sobre a análise estratigráfica de bacias do tipo Rifte

apresentam padrões de empilhamento tratando dos fatores controladores da sedimentação e

tipo de sedimento. Apesar de um pouco erodidos os sedimentos neocretáceos na Bacia de

Poxoréo preservam características muito semelhantes às apresentadas por estes autores. Neste

sentido, a região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom Aquino e

Poxoréo, abrangendo ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (Figura 1) oferece a

oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se

relacionam com o entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada,

também é possível observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de

arrasto associadas com tectônica mesozoica ou mais recente. Diversas vias de acesso na área

de estudo entre rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase

toda a área de estudo. Apenas as porções mais íngremes e com densa vegetação necessitam

uma abordagem mais de detalhe e não foram alvo deste trabalho.

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Figura 1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas

principais rodovias federais e estaduais.

Este trabalho apresenta os resultados obtidos e as discussões a respeito da influência da

tectônica na sedimentação cretácea da área de estudo por meio de mapeamento das Formações

Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e de suas relações com as unidades paleozoicas da

bacia do Paraná.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho, foram levantados previamente imagens Landsat e SRTM

(Shuttle Radar Topography Mission) georreferenciadas e tratados nos Softwares Arcmap e

Global Mapper, além de levantamento bibliográfico. Com base nos métodos de

fotointerpretação de Soares & Fiori (1976) a análise de imagens de satélite e de SRTM

associadas a curvas de nível, destacaram-se feições geomorfológicas definidoras de zonas

homólogas e trends predominantes de lineamentos na área. Estruturalmente, a região tem

muitas quebras e alinhamentos de relevo que favorecem o destaque e o uso de feições

negativas e positivas para auxiliar na definição das zonas homólogas. Durante a etapa de

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campo optou-se pelo foco no mapeamento geológico, com visitação de 288 pontos, confecção

de 10 perfis e 10 colunas geológicas com medidas estruturais usando notação clar (rumo do

mergulho/ângulo do mergulho).

CONTEXTO REGIONAL

A Bacia do Paraná é uma das sinéclises paleozóicas do Brasil, cuja evolução levou à

formação de diversas outras bacias e sub-bacias cretáceas em sua porção norte (Coimbra,

1991; Lacerda Filho et al. 2004). A tectônica tem sido uma constante na sedimentação das

bacias da plataforma brasileira (Milani e Ramos, 1998; Milani et al. 2007). Em especial no

Mesozóico, estabeleceram-se à margem da Bacia do Paraná, regimes rúpteis como motor

gerador e estruturador de novo espaço de acomodação. Estas estruturas modificadoras

geralmente estão relacionadas às reativações do embasamento e à geologia particular de cada

região. A porção norte da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso tem sido ressaltada

como uma estrutura denominada Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993). Neste

trabalho, diversas estruturas subsidentes na forma de grabens cretáceos são encaixadas sobre a

plataforma de Alto Garças (figura 2), dentre os quais destacam-se como maiores, os Grabens

de Poxoréo, Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das Garças, Itiquira (Coimbra,

1991; Lacerda Filho et al. 2004). O Graben de Poxoréo está localizado dentro da área de

estudo e se caracteriza como uma estrutura alongada com uma direção WSW-ENE, com

falhas e fraturas associadas. O Gráben Poxoréo se caracteriza como uma estrutura alongada

com eixo leste-oeste, com falhas e fraturas predominantes de direção NE-SW (figura 2). Seus

limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao norte por um conjunto de lineamentos E-

W. A estruturação dessa bacia é controlada pelo arranjo de blocos que sugere uma

configuração do tipo horsts e grábens (figura 2) em que a Falha de Poxoréo se destaca como a

principal estrutura, falha mestra controlando uma parte da sedimentação. Outras estruturas

que configuram o Gráben de Poxoréo incluem a Falha de Jaciara-Serra Grande, Falha das

Parnaíbas, Falha de Dom Aquino e a Estrutura de Alto Coité. A configuração em forma de

splay (Allaby, 2008) que se observa destas estruturas em modelos digitais de terrenos e em

outros sensores remotos sugere uma possível afinidade em algum grau com o Lineamento

Transbrasiliano. Esta é uma feição tectônica-estrutural intraplaca que atravessa o território

brasileiro com direção NE-SW que pode ter atuado como superfície de reativação

(Schobbenhaus Filho et al. 1975). Muitas destas estruturas tiveram sua origem anterior ou

durante o ciclo Brasiliano (Zalán et al. 1990) e após relativo período de quiescência tectônica

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Grosso.

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no Paleozoico, tiveram influências do que Almeida (1969) chamou de reativação

Wealdeniana (Zalán, 2004).

Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso,

compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho

(2004).

Ao final do Paleozóico e durante Mesozóico em diferentes bacias no paleocontinente

Gondwana ocorreu magmatismo fissural (Misuzaki e Tomaz Filho, 2004) com instalação de

nova configuração tanto das bacias de margem continental quanto das bacias intracontinentais

(Marques et al. 1993, Milani 2007). A Bacia de Poxoréo é uma pequena bacia das muitas que

foram formadas durante os eventos de evolução crustal, magmatismo e sedimentação que

afetaram as rochas do Brasil e em especial do Mato Grosso. Na região sudeste de Mato

Grosso, o contexto tectônico da Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993) envolve as

estruturas deformadoras mais comuns e de grande extensão que são falhas profundas e de

natureza gravitacional, representadas pelas Falhas de Água Fria, Diamantino, Poxoréo-

Toricuieje e os Arcos de São Vicente e Bom Jardim de Goiás (ou de Torixoréu, segundo

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Schobbenhaus Filho et al. 1975) além da Antéclise de Rondonópolis e do Lineamento

Transbrasiliano (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Oliva et al. 1979; Barros et al. 1982;

Coimbra, 1991). Outra estrutura importante no contexto da Plataforma de Alto Garças é o

astroblema Domo de Araguainha. Todas as estruturas (à exceção do domo) tem um Trend

NE-SW e estão direta ou indiretamente relacionadas ao embasamento pré-cambriano (figura

2).

ESTRATIGRAFIA

Revisada por Schneider et al. (1974), a estratigrafia da Bacia do Paraná na Plataforma Alto

Garças não apresenta tanta diversidade litoestratigráfica quanto o interior da Bacia. Ocorrem

nesta porção ocidental as unidades: Grupo Rio Ivaí, Formações Furnas, Aquidauana e

Palermo; as Mesozoicas: Formações Botucatu e Marília, Grupo Bauru; e Cenozoicas:

Formação Cachoeirinha (figura 2). O Grupo Bauru recebe destaque na região e tem as

Formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe,

estabelecidas por Weska et al. (1987) e Weska (2006). O trabalho de campo priorizou locais

entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo que abrange aproximadamente 5400km² com

uma variação altimétrica de 250 a 720 metros o que permite o registro de todas as unidades

Paleozoicas (à exceção Rio Ivaí e Marília), as unidades Mesozoicas e parte do Terciário

(figura 3). A passagem entre as unidades paleozoicas é muitas vezes gradacional, ou definido

por um contato normal distinguido apenas por diferenças de cor ou granulometria.

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Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas.

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Formação Furnas

A unidade siluro-devoniana está restrita à extremidade oeste da área em uma faixa alongada

norte-sul. Abrange a morfologia local chamada Serra do Roncador das proximidades do

distrito de Celma para além da cidade de Jaciara. A Formação Furnas na área aflora na forma

de morros, morrotes e escarpas da ordem de até alguns metros e as vezes algumas dezenas de

metros.

Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça 9km à sul da cidade

de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com

estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço

de cor cinza claro.

Apresenta arenitos médios a finos, grossos a muito grossos, de cor branca ou cinza claro,

alaranjada de estratificação cruzada tabular, plano paralela, laminada à maciça. Ocorrem

também intercalados à arenitos siltosos, siltitos e argilitos laminados à maciços. Os arenitos

apresentam-se também consideravelmente micáceos. O padrão das paleocorrentes desta

unidade devoniana apresentou-se como polimodal (figura 5) apesar da sua conhecida

tendência para SW e W.

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Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal.

Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1)

Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano

paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito.

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Formação Ponta Grossa

Esta formação aflora em vertentes de colinas e morros e ao longo de rodovias e estradas não

pavimentadas, como morros e colinas em cortes ou lajedos. Esta unidade ocorre de norte a sul

da área de estudo, restrita à porção oeste, se estendendo de Juscimeira para sul de Poxoréo.

Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de

pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara.

A Formação Ponta Grossa constitui-se de arenitos finos a muito finos, cor marrom escura ou

amarelada com estrutura plano paralela, cruzada de baixo ângulo e laminação cruzada

cavalgante, de gradação normal formando camadas em média de 15 cm com máximo de até

30 cm de espessura. Nesta unidade, agrupam-se intercalações de arenitos e pelitos de 1,5 m

com granocrescência das camadas e um padrão geral granodecrescente com adelgaçamento

ascendente do empilhamento. Em leitos de rios, a Formação Ponta Grossa apresenta-se

ferrificada e/ou laterizada. Argilitos e pelitos caracterizam secundariamente a Formação Ponta

Grossa pela cor cinza esbranquiçado a cinza escuro de estrutura maciça e às vezes com

fissilidade. As paleocorrentes coletadas da Formação Ponta Grossa apresentou também um

padrão polimodal nas medidas (figura 8)

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Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a

presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas.

Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2)

Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito,

6) Siltito, 7) Argilito.

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Formação Aquidauana

Esta unidade ocorre, em uma larga faixa de sentido NW-SE no centro da área mapeada e

verge a partir do sul-sudeste para SW-NE. Ocorrem como lajedos, matacões, colinas,

morrotes, morros e relevos escarpados até em centenas de metros de altura. Seu contato

inferior é com a Formação Ponta Grossa geralmente como encoberto, mas pode ser observado

próximo ao rio Parnaíba (também com acesso à direita pela MT-344, 15 km de Dom

Aquino,). A geometria tabular das camadas confere ao relevo amplas formas de colinas e/ou

relevos menos escarpados.

Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas

avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior

o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos

subordinados.

Ao centro da área o contato superior com a Formação Palermo é concordante e abrupto e

mostra-se mais evidente em relevos escarpados. Os depósitos carboníferos da Formação

Aquidauana caracterizam-se por arenitos finos a muito fino avermelhados, ou médios a finos

de cor amarelo a vermelho rubi, com intraclastos de siltitos preservados no foreset. Em geral

são micáceos e perdem esta característica quando mais amarelados ou muito intemperizados.

As estruturas mais comuns são plano paralela, laminada, maciça e cruzada de baixo ângulo.

Intercalado aos detritos arenosos estão argilitos e ou siltitos vermelhos a róseos,

variavelmente amarelos e/ou cinza esbranquiçados, de estrutura plano paralela, laminada ou

maciça. Quando presente a intercalação destes arenitos a argilitos e/ou siltitos formam

conjuntos granodecrescentes. Medidas de paleocorrente mostram trend de deposição das

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camadas para SE-E. As medidas de paleocorrentes desta unidade carbonífera ajudaram a

formar um padrão bem representativo do tipo bimodal oblíquo (figura 11), o que ajuda a

confirmar o que se observa no relevo da região, em especial em Dom Aquino.

Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo.

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Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1)

Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4)

Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9)

Argilito.

Formação Palermo

A Formação Palermo ocorre nas regiões mais altas e em platôs, sobreposta à Formação

Aquidauana. O relevo associado com esta formação é escarpado e marcado por morros e

cortes de estradas ao longo da rodovia MT-260, em geral na Serra dos Parnaíbas. Esta

unidade também aflora em drenagens associadas a lineamentos e ou planos de falha.

Observa-se que este depósito permiano está parcialmente encoberto pelas unidades

cretáceas nas regiões de platô. O contato com as rochas cretáceas na área de estudo se

dá por discordância angular e/ou erosiva. Esta unidade apresenta sempre empilhamento

de camadas com pouca espessura (~20m), capeando de forma relativamente abrangente

a Formação Aquidauana.

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Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos

acamadados e algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste

ponto é muito silicificado com pouca estratificação preservada.

A unidade permiana constitui-se principalmente por arenito fino, muito fino à areno-

argilosos, subordinadamente, média. A cor variegada alterna-se entre marrom, marrom

claro, cinza, e cinza esbranquiçado, enquanto amarelado e róseo são menos comuns.

Secundariamente, notam-se argilitos maciços vermelhos ou cinza claros, com até 2m de

espessura e argilitos laminados amarelos avermelhados pouco espessos. Ocorrem ainda

ritmitos de arenito marrom e argilito preto e silexitos, oolíticos, arenitos finos a médios

e brechas. Em alguns pontos, é possível observar arenitos friáveis finos a médios e/ou

argilitos interestratificados com nódulos e concreções de sílica horizontais, às vezes

verticais, tendo sido suas camadas também parcialmente silicificadas. Nos afloramentos,

observam-se estruturas plano paralelas, maciças, acamadado e Hummockys. Quando

friáveis são mais distinguíveis pela cor e granulometria. Medidas de acamamento S0 em

Dom Aquino estão em geral para.

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Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1)

Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7)

Ritmito, 8) Argilito.

Grupo Bauru

O Grupo Bauru na área de estudo com diversas nomenclaturas: Formação Bauru,

dividida em membros inferior e Borolo (Gonçalves e Schneider, 1968; 1970); Grupo

Bauru, Formação Marília (Sousa Jr et al. 1983); Grupo Bauru, formações Paredão

Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (Weska et al. 1987;

Weska, 2006). Datação obtida nas rochas magmáticas desta sucessão por meio de

métodos Ar-Ar apontam para idade em torno de 84 Ma (Gibson et al. 1997). Esta

sucessão corresponde, temporalmente, aos depósitos da Formação Marília nas regiões

de São Paulo e Minas Gerais, mais precisamente Uberaba ao Membro Serra da Galga e

talvez Membro Ponte Alta (cf. Sousa Jr et al. 1983).

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O Grupo Bauru aflora ainda em córregos e cortes de estrada às margens das rodovias

MT-260, MT-130 e estradas vicinais não pavimentadas. Além disso, o Grupo Bauru se

destaca pela litologia predominantemente terrígena com eventuais variações para

química e vulcânica. A espessura máxima estimada é de 300m. O contato inferior

registrado na área de estudo varia de discordância angular (ponto 88) a

paraconformidade com a Formação Palermo. Um contato entre a Formação Aquidauana

e Formação Quilombinho de discordância angular foi observado à beira do rio Pombas

(ponto 168), com acesso pela rodovia MT-472. O topo do Grupo Bauru é marcado pela

formação de perfis de laterização. Neste trabalho, adota-se a proposição de Weska et al.

(1987) pela qual o Grupo Bauru representa uma sucessão vulcanossedimentar originada

no final do Cretáceo na região centro-sul do estado de Mato Grosso dividida em quatro

unidades litoestratigráficas.

Formação Paredão Grande (Diques da Raizinha /Derrame da Lajinha)

A Formação Paredão Grande ocorre como diques e derrames, conhecidos na literatura

também por diques Raizinha e derrame da Lajinha (Oliveira et al. 1992). Estas rochas

básicas formam morros de até 6 km de extensão por poucas dezenas de metros com

composição alcalina (cf. Gibson et al. 1997) e direção preferencial N-S. Weska (2006)

menciona outro derrame na localidade do Córrego Preto (a 30 km NE de Dom Aquino),

ainda dentro da área de estudo. Na região do derrame da Lajinha (pontos 229 e 230), é

possível verificar contato sindeposicional entre as formações Paredão Grande e

Quilombinho (figura 15). Neste ponto observam-se duas fácies:

1. Basalto cinza escuro a esverdeado, afanítico, denso, acamadado (camadas

milimétricas a centimétricas) com contato entre as camadas marcado por

vesículas circulares a semicirculares. Também são notadas marcas de

sobrecarga e espessura estimada em 20 m.

2. “Lamito” cinza claro argiloso intensamente venulado com sobrecrescimento

de cristais de epidoto e também caulinizado. As vênulas cortam o lamito

horizontal e obliquamente, formando um padrão amendoado. Este lamito

ocorre imediatamente acima de camadas de arenito médio friável atribuído a

Formação Quilombinho e, lateralmente, é cortado por falha normal direção

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NW-SE e mergulho alto de pelo menos 40° para SW a partir de onde são

observados os conglomerados da Formação Quilombinho.

Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da

Lajinha, sobrepostos à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente

diferenciados entre porção inferior e superior. Inferior: estrutura laminada, venulado e

coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração esverdeada

Interpretação:

Estas fácies efusivas se originaram por extravasamento de magma basáltico cortando a

Formação Quilombinho, resultando em elevação de poucos metros hoje erodidos e ou

sobrepostos pela sucessão de camadas da Formação Quilombinho e ou Cachoeira do

Bom Jardim.

O basalto descrito na área de estudo é interpretado como derrame subaéreo o que deriva

das estruturas de acamamento, amígdalas nos planos de acamamento, estruturas de

sobrecarga e a associação inter-acamadada com os arenitos e conglomerados da

Formação Quilombinho. As principais lineações norte-sul da Formação Paredão Grande

na região da Raizinha podem ser interpretadas como diques.

Os lamitos são interpretados como fácies vulcanoclástica muito fina por causa da

intensa venulação restrita a esta fácies e minerais de epidoto e caulim. Este “lamito”

provavelmente representa um depósito vulcanoclástico ou depósito de fluxo

vulcanoclástico muito fino, talvez tufo ou ainda a porção lateral de um derrame de lava

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(cf. Tucker, 2003). Este último muito semelhante à disposição espacial observada entre

o derrame de basalto e o “lamito” na área de estudo. Esta estruturação se deve em

função da proximidade aos derrames basálticos. O truncamento de camadas podem ser

evidências de fluxos em preenchimento de vale. É possível que estes depósitos

vulcanoclásticos tenham se formado em condições subaéreas dada sua alteração para

epidoto e caulim (Tucker, 2003).

Formação Quilombinho e Formação Cachoeira do Bom Jardim

Sobre a distribuição da Formação Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, ocorrem

interdigitadas na área de estudo. A Formação Quilombinho corresponde aos

conglomerados polimíticos com clastos de quartzarenitos da Formação Botucatu,

clastos de silexitos da Formação Palermo, clastos de quartzitos arredondados e clastos

da fácies 2 da Formação Paredão Grande muito bem arredondados a moderados. Mal-

selecionados, os grãos dos conglomerados variam a granulometria de seixos a matacões.

A associação de rochas desta unidade tem uma tendência granodecrescente, mesmo em

afloramentos de pouca espessura.

A Formação Quilombinho possui espessura estimada de 60 metros em superfície

(pontos 211 a 213). Não são observadas estruturas deposicionais. O arcabouço dos

conglomerados ocorre como aberto e fechado e matriz arenosa à argilosa (figura 16).

Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à

empresa Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2)

Estatificação maciça, 3) Camada silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura

argilo-arenosa, 6) Conglomerado Polímitico.

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As camadas ocorrem da ordem de algumas dezenas de centímetros a alguns metros de

espessura. Em alguns casos é possível verificar conglomerados cortando camadas

abaixo (figura 17a e 17b) e com indicações de paleofluxo para SW.

A distribuição areal da Formação Quilombinho é limitada e representada por sete

porções distribuídas ao longo das principais falhas da área de estudo: a) duas porções na

região imediatamente ao norte da Falha de Poxoréo; b) duas porções encerradas entre a

expressão norte e a expressão sul da Falha Jaciara-Serra Grande; c) duas porções na

região central da área de estudo ao norte da Falha de Jaciara-Serra Grande; d) uma

porção restrita ao bloco rebaixado da falha mais setentrional do sistema de falhas das

Paranaíbas.

Na região de Poxoréo a Formação Quilombinho é dificultosamente identificável tanto

em tratamento em imagens de satélite quanto em trabalho de campo. Em porção não

muito abrangente, na região da Falha das Parnaíbas no vale do rio de mesmo nome,

conglomerados da Formação Quilombinho são identificáveis em contínua faixa NE-SW

ao longo de morros paralelos ao córrego ponteiro e à beira da escarpa resultante da

Falha das Parnaíba. Além disso, a geometria destes corpos não se prolonga em direção a

SE, formando uma continuidade de vários leques amalgamados lateralmente.

Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a

Poxoréo. Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das

Parnaíbas.

Formação Cachoeira do Bom Jardim se caracteriza por arenitos finos a muito grossos,

composição litarenítica, camadas centimétricas a métricas, eventualmente intercaladas

aos conglomerados da Formação Quilombinho e que, localmente, podem formar

camadas de arenitos carbonáticos a margas e calcretes. Em alguns casos podem ver-se

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camadas de argilitos maciças ou com laminações plano paralelas precedendo estas

margas como na mina da Império Minerações. Calcarenitos e calcretes também ocorrem

em intercalação a arenitos, siltitos e pelitos como na Lavrinha Verde (figura 18).

Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando

calcretes, e arenitos calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no

topo por conglomerado monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226).

1) Discordância erosiva, 2) Esturura acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça,

5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8) Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11)

Camada calcífera.

Os arenitos formam a maior expressão do Grupo Bauru na área de estudo, ocupando

cerca de 90% da área mapeada como cretácea. As estruturas deposicionais identificadas

incluem estratificação plano paralela, estratificação cruzada de baixo ângulo e

acamamento maciço. A cor das camadas detríticas é em geral róseo, avermelhado ou

amarelado e eventualmente cinza claro. Os calcários são maciços e/ou acamadados e se

apresentam em cor cinza clara (figura 19a e 19b).

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Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado

por calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados.

Arenitos argilosos de cor cinza claro intercalados a siltitos arenosos vermelhos

alaranjados, laminados ainda podem ser observados na MT-130 (~2,5 km à sul de

Poxoréo) sucedendo conglomerados e arenitos da Formação Quilombinho (figura 20).

Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à

beira da MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação

Aquidauana por discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado,

constituído por seixos e clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b)

Arenito siltoso muito fino com estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a

siltito arenoso com laminação plano paralela de cor vermelha a laranja.

Interpretação:

Os conglomerados e arenitos grossos da Formação Quilombinho ocorrem junto às

morfologias de escarpas e, do ponto de vista deste trabalho, representam depósitos

proximais de bordas de falha na forma de fluxos de detritos. Visão semelhante tem sido

adotada em trabalhos anteriores (Gonçalves e Schneider, 1970; Weska, 2006). A

Formação Cachoeira do Bom Jardim, por sua vez, representa os depósitos subsequentes

à desaceleração do fluxo e passagem gradativa para um ambiente dominada por canais

entrelaçados. A interpretação de fluxo de detritos e canais entrelaçados é fortalecida

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pela presença de calcretes que são perfis de paleossolo que registram condições

subaéreas na área de estudo.

Os fluxos de detritos são depósitos predominantes em ambientes expostos à atuação da

gravidade em condições subaéreas. Além disso, os registros da variação granulométrica

em um curto espaço, de conglomerados e outros depósitos mais finos inter-

interacamados, junto às estratificações cruzadas de baixo ângulo levam à interpretação

de porções proximais e intermediárias de leques aluviais e permite supor a

desaceleração do fluxo.

A Formação Cachoeira do Bom Jardim que ocupa a maior porção da área de estudo

representa o depósito de canais entrelaçados confinados aos vales gerados entre as

antigas escarpas onde prevaleciam os depósitos de fluxo de detritos citados

anteriormente. Os litarenitos, margas e calcretes da Formação Cachoeira do Bom Jardim

representam um depósito de canais entrelaçados com desenvolvimento de paleossolos e

ponds subaquosos supersaturados de carbonato de cálcio. A Formação Cachoeira do

Bom Jardim é então entendida como o registro de porções mais distais do sistema de

leques aluviais. Embora a estrutura sedimentar dos arenitos da Formação Cachoeira do

Bom Jardim se apresente muitas vezes como maciça, ocorrem também estratificações

cruzadas acanaladas e tabulares, estratificação plano paralela e estratificação cruzada de

baixo ângulo que reforçam a ideia de sistema de canais entrelaçados, uma vez que não

são observados fácies típicas de planície de inundação como siltitos com marcas de

raízes. A presença de margas é muito restrita e, por isso, interpretada como depósitos de

pond salobros em que o carbonato se formava ou como matriz deposicional ou como

cimento. A ideia de ponds é condizente com a sobreposição pelos depósitos de

calcretes.

A relativa proximidade da marga oriunda dos ponds carbonáticos em relação à escarpa

de falha (em torno de 2 a 7 km) aliada à espessura variável da marga podem ter

diferentes significados, podendo ainda ser interpretados como playa-lake o que

implicaria em ambiente de alta salinidade e alcalinidade. Este processo de precipitação é

favorecido em sistemas em que há inibição das taxas de soerguimento e movimentação

de falhas e/ou clima é mais quente e com menor pluviosidade resultando em menor

geração de suprimento sedimentar (Nichols, 2009). A relação entre as Formações

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Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, é respectivamente uma clara interação de

fácies proximais e distais (Leeder e Gawtorphe, 1987) de uma mesma unidade

estratigráfica.

Formação Cambambe

A Formação Cambambe não foi observada nas atividades de campo e sua expressão na

área de estudo é atribuída em função da interpretação dos mapas de zonas homólogas de

relevo e drenagem, oriundas de imagens de LANDSAT (ou Google Earth?) e modelos

digitais de terreno (SRTM). Nesta condição, a Formação Cambambe tem sua

distribuição areal delimitada a cerca de 2% do que resta nesta região e devido à erosão

está restrita às porções mais altas do relevo, dentro da bacia cretácea, com altitudes

entre 600 e 710m. O relevo da Formação Cambambe se caracteriza por morros

testemunhos com topo chato e na forma de mesas. A textura do sensor remoto neste

relevo apresenta-se lisa e uniforme (figura 3).

De acordo com Weska (2006) esta unidade tem como litotipos conglomerados

petromíticos, brechas intraformacionais, arenitos finos, arenitos grossos, arenitos

conglomeráticos e silcretes. Os detritos conglomeráticos em geral tem o arcabouço

suportado por matriz e proveniência de clastos e brechas na grande maioria das

unidades subjacentes da Bacia do Paraná e Formação Paredão Grande. Weska (2006)

interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em clima árido sob

condições evaporíticas.

Kuhn (2013) descreveu a Formação Cambambe como sendo representada por arenitos

finos a muito finos, maciços, com geometria tabular e clastos dispersos, bioturbado e

pontualmente silicificado a muito silicificado no topo.

GEOLOGIA ESTRUTURAL

As imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth permitiram traçar e interpretar lineamentos do

relevo que estruturam a região (Figura 19). A análise destas feições de relevo em imagens

SRTM levaram a um arcabouço prévio das estruturas muito semelhante aos já propostos (p.e.,

Gonçalves & Schneider, 1970; Oliva et al., 1979). Contudo, este trabalho mostra maiores

detalhes, sobre as estruturas já mapeadas e as que não haviam sido abordadas anteriormente. A

exemplo, são citados os lineamentos NW-SE mencionados por Coimbra (1991) e o extenso

lineamento N-S (Figura 21).

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Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth.

A partir do alinhamento destes relevos obtiveram-se trends principais com direções: 40° à 90°;

290° à 330° e 360° (Figura roseta). As maiores concentrações no trend NE-SW se concentra

entre 50° e 70°, enquanto NW-SE mostra uma expressão maior do trend NW-SE em torno do

azimute 315°. Há também consideráveis medidas apontando para os lineamentos E-W e N-S.

Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados.

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Estruturas rúpteis

Entre os dados de campo coletados estão medidas estruturais, acamamento e flancos de

dobras em estereograma (figura 23). Estes dados ajudam a verificar de uma forma geral

as disposições de acamamento e o comportamento em relação às grandes estruturas e as

suas distribuições. Destacam-se os flancos de dobras. Estas dobras são raras, sendo

assim as estruturas da área de estudo apresentam caráter naturalmente rúptil. O

comportamento do acamamento ou flancos de dobra ajuda a caracterizar uma resposta

ao movimento vigente.

Figura 23. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas

de acamamento (s0) e flancos de dobra.

Algumas medidas de falhas normais e raras de transcorrentes foram encontradas porém

com certa dificuldade de acordo com a localização. Cruzando e comparando estas

informações com medidas de fraturas e com grandes estruturas definidas no mapa,

também coletadas em campo, observa-se uma correspondência e estabelece-se uma

relação. As fraturas são representadas por rosetas e falhas por estereogramas. As

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informações dispostas no mapa mostram fraturas conjugadas e ou perpendiculares

posicionadas junto às falhas (figura 24). Estas fraturas conjugadas, tendo diferenças de

ângulo até 30°, são passiveis de interpretação como uma resposta à movimentação

cisalhante da grande estrutura de falha (Loczy e Ladeira, 1976). Tendo registrado estas

fraturas nas Falhas de Jaciara-Serra Grande e de Poxoréo, como por exemplo com

ângulos de 40° à 70° enquadradas no trend NE-SW, levam indicação de um movimento

sinistral da falha. As fraturas perpendiculares ou transversais superior à 45° indicam

diferentes fases de deformação tectônica como se observa próximo de Dom Aquino à

leste e oeste na MT-260.

Figura 24. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas

de falhas e rosetas de fraturas.

Falha Jaciara Serra-Grande

Feição tectônica de grande expressão pelo lineamento impresso na área (cf. Gonçalves e

Schneider, 1970). Bem distinta em imagens SRTM, considera-se cerca de 90 km. Em

geral, esta falha tem orientação N58°-68°E. Em mapas de bacias de drenagem, cruza os

afluentes do Rio São Lourenço, influenciando as sub-bacias do Córrego do Amaral

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Grotão, Barroso e Rio das Pombas e as sub-bacias Rio Poxoréozinho e Coité afluentes

do Rio Poxoréo. A geomorfologia ao longo desta estrutura é variável, pois acompanha

morros, morrotes, colinas e vales. Esta estrutura põe em contato tectônico as Formações

Furnas (inferido) Ponta Grossa Aquidauana e Palermo. Entre os municípios de Dom

Aquino e Poxoréo, nas cabeceiras dos córregos da Rapa, São Bento São João e

Poxoreozinho, onde predominam platôs, afeta tectonicamente a relação de contato das

unidades Mesozoicas Formações Paredão Grande e Quilombinho com Formação

Aquidauana e Palermo. Os perfis topográficos SRTM e geológicos de campo com

direção NW-SE mostram discrepâncias explicitando localização desta grande estrutura

(figura 23).

Falha das Parnaíbas ou Região Falhada das Parnaíbas

Caracteriza-se como conjunto de lineamentos NE-SW que se estende por cerca de 20

km desde proximidades à MT-344 (a 15 km de Dom Aquino, acesso à direita) a porções

medianas da sub-bacia do Rio Parnaíba, dentro da área de estudo. Contudo a extensão

visual dos lineamentos chegam a cerca de 40 km se estendendo para além do Rio São

Lourenço, à sua margem direta. Constitui um paralelismo de lineamentos que delimitam

o relevo nesta área. A geomorfologia é configurada por dois platôs separados pelo vale

do Rio Parnaíba (figura 25).

A estrutura afeta as Formações, Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo,

Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim de forma geral em abatimento e soerguimento

de blocos. A ocorrência em campo de conglomerados polimíticos da Formação

Quilombinho no vale do ribeirão Parnaíba, coincidentes com o Grabén e/ou região

Falhada das Parnaíbas. A fácies conglomerática da mesma unidade aflora em morros e

morrotes ao longo de extensa faixa NE-SW.

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Figura 25. Perfil geológico: A-B) na região da Serra das Parnaíbas; C-D) entre a Serra das

Parnaíbas e os Alcantilados; E-F e G-H) região do Morro Santo Antônio e Córrego são

Domingos.

Falha de Poxoréo

A estrutura de feição marcante é claramente visualizada em imagem SRTM e Landsat.

Assim como para Barros et al. (1982), se estende por cerca de 90-95 km, desde porções

medianas do Rio Areia até a região entre Alto Coité e a BR-070, 36 km à leste da cidade

de Primavera do Leste. A falha de Poxoréo afeta tectonicamente as Formações, Ponta

Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim. Em

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imagens Landsat e SRTM está claro o paralelismo dos lineamentos NE-SW e em parte a

relação de blocos altos e baixos, efeito dos movimentos distensivos e rejeitos de falha

entre 300 e 500 metros. Este lineamento nas imagens tem direção de N60°E com

inflexão para N45°E, próximo à Poxoréo em direção à Coité. A geomorfologia da

região ao longo da falha é de morrotes, morros e em parte escarpas pouco contínuas e

algumas colinas configurando as regiões mais baixas. Secundariamente observa-se a

estrutura deslocada por planos de lineamentos transversais (NW-SE). Perfis geológicos

mostram rejeitos de pelo menos 300 metros

As falhas extensionais são profundas, à rasas ocorrem de SW para NE. Um plano de

falha próximo à saída leste da cidade de Poxoréo (MT-260/373), que corta rochas

silicificadas da Formação Palermo sobre a Formação Aquidauana, apresenta dobras de

arrasto. O rejeito de falha e acamamento S0 orientam-se preferencialmente

N64°W/75°SW e N10°E/15°NW.

Figura 26. Afloramento de contato entre as Formações Aquidauana e Palermo, com rejeito de

falha normal e estruturas associadas ao movimento gravitacional. I) veio de sílica, II) Plano de

falha, III) Planos de fratura e estrias verticais, Ss-Estrias; S0- acamamento, Sfr-fraturas e veios

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Junto à estrutura de Alto Coité, próximo ao distrito de mesmo nome, é possível ter

acesso ao contato entre as unidades Ponta Grossa e Aquidauana em um plano de falha

com medidas N45°E/75°NW, também muito silicificados. Próximo ao Morro da Mesa é

possível observar cortes da rodovia e deformações como dobras na Formação Palermo e

outras rúpteis como fraturas e falhas na Formação Aquidauana e Quilombinho. A

estrutura ainda apresenta influência sobre a deposição neocretácea com falhas antitéticas

que bascularam camadas e abriram espaço para nova deposição no hanginwall (figura

27).

Figura 27a. Perfil Geológico na rodovia MT-130, Falha de Poxoréo com falhas antitéticas e

fraturas ortogonais, unidades permocarboníferas e cretáceas. A Figura 27b. Corte de estrada

demonstrando a ordem de deposição das camadas neocretáceas na MT-130. I) Camada de

conglomerado acamadado, constituído em sua maior parte por seixos e clastos de Formação

Palermo. I) Camada de arenito maciço e lentes acamadadas de arenito siltoso. III) Intercalações

de arenito e siltito argiloso com estratificação cruzada e cruzadas de baixo ângulo depositadas

no Hanging Wall de uma falha antitética.

Falhas NW-SE

São identificados 3 grandes lineamentos subparalelos de direção NW-SE, tendo o mais

contínuo extensão de quase 80 km identificáveis claramente pelas imagens SRTM.

Cruzam de 17 a 63 km aproximadamente dentro da área de trabalho além de atingir

perpendicularmente as principais bacias de drenagem que alimentam o Rio São

Lourenço. As direções dos lineamentos variam entre 335°-155° e 303°-123° (figura 3).

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As observações de campo em conjunto com a imagem SRTM e Landsat, permitiu a

análise da distribuição da Formação Palermo sobre a porção oeste do Mapa

acompanhando este trend NW-SE (figura 3). Na mesma análise de imagens SRTM e

Landsat verifica-se a presença de um alto estrutural que acompanha os lineamentos

NW-SE. Sobre o eixo dos córregos da Rapa, Lajinha e São Luiz, ocorrem outros

lineamentos com mesma variação de direção, porém sem elementos que configurem

movimentação estrutural. Dados de campo mostram que na MT-260, na Fazenda Nª Sª

Aparecida (distante 12 km da cidade de Dom Aquino, em direção à Poxoréo), ocorre

falha de transcorrência de movimento dextral com medidas estruturais N70°W/75°SW,

com slickensides de 255º/75° (figura 28).

Figura 28a. Plano de falha de transferência em afloramento de arenito da Formação

Aquidauana, com movimento destral; Figura 28b. Mesoplano de falha com indicação de

slicken-sides.

Falhas e Lineamentos Subordinados

Lineamento N-S

Identificáveis em imagens SRTM os alinhamentos N-S encontram-se pouco distribuídos

pela região, com mais expressividade a oeste. Esta feição corta lineamentos

preexistentes NE e NW. O mais extenso coincide com o eixo do Rio São Lourenço

(figura 29), tem aproximadamente 57 km de extensão dentro da área de estudo. No

entanto outros lineamentos paralelos com semelhante extensão, porém um pouco

incipientes acompanham os derrames e diques na região da Serra das Parnaíbas e região

da Raizinha se estendendo para sul até o município de Juscimeira. É possível que estes

feições lineares estejam ligadas a origem do magmatismo neocretáceo da Formação

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de

Mato Grosso.

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Paredão Grande. Lineamentos de amplitude bem menor (cerca de 1-5 km), localizados

entre vales da Serra das Parnaíbas e região dos Alcantilados com acesso ao longo da

MT-260. Mais especificamente as Formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo e

Grupo Bauru, tem feições negativas e positivas de lineamentos de relevo com estes

alinhamentos N-S. A mencionada feição paralela ao eixo do Rio São Lourenço,

dificilmente apresenta elementos de campo que ajudem a classifica-la como falha

normal. Porém apenas com os dados fornecidos pelo mapeamento é possível inferir tal

estrutura de direção N-S com mergulho vertical para leste. Como na literatura não foram

encontradas muitas informações sobre esta estrutura achou-se pertinente nomeá-la,

adotando a toponímia local distrito de Coronel Ponce, parte do município de Campo

Verde, para denominar-se Falha de Coronel Ponce.

Figura 29. Perfil e mapa geológico de detalhe da Falha de Coronel Ponce próximo à

cidade de Dom Aquino.

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Mato Grosso.

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Lineamentos E-W

Distribuídas não tão amplamente quanto aos trends principais, os lineamentos E-W,

ocorrem obliquamente aos NE-SW e ou NW-SE. É possível observar estes lineamentos

associados às Zonas de Falha Jaciara-Serra Grande Parnaíbas e Poxoréo, desde alguns

milhares de metros a dezenas quilômetros. O destaque para estes alinhamentos são

feições negativas de vales e escarpas na Serra Grande. Na região de Alcantilados onde

largos vales margeiam escarpas tendem a se estender para oeste através do Córrego São

Domingos (afluente do rio das Pombas) e cabeceiras do Córrego Barroso e Mutum

(afluentes do rio São Lourenço). Outros lineamentos E-W mais incipientes aparecem a

sul da localidade denominada Raizinha tangenciando a Falha de Poxoréo. Feições

negativas da quebra de relevo destacam os lineamentos. Na região da Serra Grande

dados de campo mostram planos de fratura preenchidos por sílica com medidas E-

W°/80°S. Ao Longo de MT-260, 6 km a leste de Dom Aquino, observa-se um morro

constituído pela Formação Aquidauana deslocado gravitacionalmente por falha de

direção E-W com caimento para norte, em latitude aproximada à mesma na região de

Alcantilados que desloca o Grupo Bauru para centenas de metros abaixo da Formação

Aquidauana (figura 3).

Estrutura de Alto Coité

Constituída pelo cruzamento de falhas, fraturas e lineamentos de direções NE-SW e

NW-SE a estrutura caracteriza-se pela semelhança de um domo. As extensões destas

feições lineares variam entre 3 e 9 km e as dimensões da estrutura são de

aproximadamente 50 km². Descrita pela primeira vez no mapeamento de Gonçalves e

Schneider (1970), foi associada por Barros et al. (1982), à hipótese de um soerguimento

desta forma de domo, tipo bloco de falha, como parcialmente perfurante. No entanto é

concluído pelos mesmos autores como resultado de reativação da Falha de Poxoréo,

associada a falhas antitéticas, com posterior e gradual ação de processo erosivo o que

promoveu o aspecto geológico e geomorfológico. O mapeamento realizado por

Gonçalves e Schneider (1970), apresenta um grande detalhe na compartimentação

estrutural envolvendo as unidades estratigráficas e falhas normais. O presente trabalho

utilizando em sua maior parte as suas informações, trata a estrutura como um horst

menor inserido no hemi-graben de Poxoréo com pequeno mergulho para sudoeste.

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Mato Grosso.

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Considera-se que sua evolução provavelmente foi simultânea à da Falha de Poxoréo. A

Formação Palermo em geral tende a aparecer capeando a estrutura e sua parte norte e

sul apresentando aparente mergulho para, NW e SE respectivamente (figura 30)

Figura 30. Perfil geológico em mapa geológico de detalhe da Estrutura de Alto Coité junto à

Falha de Poxoréo. 1) Falha normal (planta), 2) Fratura ou falha não determinada, 3) Falha

normal (perfil geológico), 4) Formação Ponta Grossa, 5) Formação Aquidauana, 6) Formação

Palermo, 7) Grupo Bauru.

Tendo observado e analisado as informações de campo montou-se pequenos blocos

diagrama de situação caracterizando os regimes de falha predominante em cada local.

(figura 31). Os blocos diagrama posicionados no mapa ajudam a entender em resumo, a

situação geológica estrutural da área de estudo sem fazer uma distinção entre fases de

deformação.

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Mato Grosso.

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Figura 31. Uma síntese dos movimentos de falhas representados por blocos diagrama, em cada

local.

A ORIGEM DA BACIA DE POXORÉO

O primeiro modelo a explicar a origem da Bacia de Poxoréo e das bacias mesozóicas de

Mato Grosso como um todo, remonta aos trabalhos de Almeida (1967; 1969) em que o

autor associa a origem do magmatismo mesozóico à fragmentação gondwânica no

evento que se convencionou chamar Reativação Wealdeniana marcado por

movimentação de falhas antigas, soerguimento de arcos e abatimento de bacias ao longo

de toda plataforma sul-americana. Estes eventos culminaram com os derrames finais da

Formação Serra Geral por volta de 135 Ma. Na área de estudo, a Formação Paredão

Grande, contudo, começa a se formar muito tempo depois por volta de 84 Ma (Gibson

et al. 1997). Este gap de tempo pode significar que o mecanismo gerador da Bacia de

Poxoréo não esteja ligado diretamente à reativação Wealdeniana.

Weska (1996) e Gibson et al. (1997) vislumbraram a formação de rifte intracontinental

na região da área de estudo, dominado por magmatismo semelhante ao tipo OIB

(basaltos de ilhas oceânicas) a alcalino. São evidências para defender este modelo os

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Mato Grosso.

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dados geoquímicos que apontam para uma profundidade em torno de 30 km a 100 km

de profundidade e temperaturas em torno de 1.500 ºC como ambiente gerador do

magma (Gibson et al. 1997). Este rifte tem sido denominado Rifte Rio das Mortes e

resulta da interação entre uma pluma mantélica e a porção inferior da litosfera e se

revela por meio de um lineamento (talvez marcado por hot spots) ao longo do

lineamento Poços de Caldas – Cadeia vulcânica Vitória-Trindade (ver Fig. 1 de

Mizusaki et al. 2002). Mizusaki et al. (2002) ressalta ainda uma observação do

Professor Fernando Almeida de que este lineamento pode ser apenas uma coincidência,

mas há uma forte sugestão de ligação genética.

A ocorrência deste trend de intrusões magmáticas pode sugerir também que os esforços

oriundos da rotação horária da placa sul-americana ao final do Cretáceo (Françolin e

Szatmari, 1987; Rabinowitz & Labrecque, 1979) geraram zonas de fraqueza muito

suscetíveis à atuação destas intrusões pelo menos na área de estudo. As estruturas

resultantes destes esforços, além do mais, não precisam coincidir com as estruturas mais

antigas preservadas no embasamento pré-cambriano (Mizusaki et al. 2002). Esta rotação

pode ainda ter gerado falhas mais recentes e profundas que atingiram o manto superior

por volta de 98 Ma a 84 Ma. O alívio das pressões confinantes levou à formação de

magma que ao ascender se tornou mais alcalino ao interagir com a porção basal da

crosta continental. O magma se adapta em especial às estruturas norte-sul nas quais se

encaixam as intrusões da Formação Paredão Grande. Ainda que subordinadas na área de

estudo, as estruturas norte-sul podem ser as fraturas ortogonais ao eixo distensão

resultante da rotação da placa. Assim, mais que subsidência termal, a origem da Bacia

de Poxoréo deve estar associada esforços de ajustamento mecânico dos blocos crustais.

Seja como for que tenha se iniciado este evento distensivo, houve movimentação de

blocos e uma vez acontecido passa a se comportar como pulso tectônico e a funcionar

periodicamente como mecanismo de deposição. Küchle et al. (2005) em análise

estratigráfica de padrões de empilhamento sobre uma bacia rifte, determinaram fatores

controladores para a sedimentação. E usaram intrínseca relação entre espaço de

acomodação em um Hangingwall e soerguimento de Footwall simultâneos com eixo de

rotação de um mesmo bloco (figura 29).

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Mato Grosso.

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SEDIMENTAÇÃO DA BACIA DE POXORÉO

Durante o Permiano, os mares interiores que constituíam os ambientes deposicionais

das formações Palermo e Irati na Plataforma de Alto Garças evoluíram para deltas

marinhos ao final do Permiano com a deposição da Formação Estrada Nova (Silva,

2012).

Figura 32. Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de

Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).

Na passagem para o Triássico, muitas bacias experimentaram um longo intervalo de

exposição subaérea resultante da combinação de condições climáticas globais cada vez

mais secas provavelmente áridas (Moore, 1933), no caso da Bacia do Paraná, associadas

a soerguimento (Coimbra, 1991; Milani e Ramos, 1998) ou uma queda acentuada do

nível de base. Em seguida, a área passa por quiescência tectônica e no Jurássico,

implanta-se um sistema de baixa pressão atmosférica que conduz à geração de um

imenso deserto que se estende de Mato Grosso ao Rio Grande do Sul (Zalán, 2004).

Além disso, também ocorrem as primeiras manifestações de implantação da Bacia de

Poxoréo por meio de falhamentos normais distensivos (Figura 30).

Sob pulsos tectônicos o preenchimento pode ter se desdobrado como padrões de

empilhamento de Prosser (1993), que usa três tratos de sistemas tectônicos: 1) trato de

sistema de início de rifte; 2) trato de sistemas de clímax de rifte; e 3) trato de sistema de

preenchimento de rifte. Neste caso os conglomerados e a progradação de leques aluviais

dominaria o segundo estágio. As falhas deste evento distensivo estão combinadas a

dobras de arrasto observadas na Formação Palermo e brechas e conglomerados

extraclásticos formados pelos seixos da Formação Palermo formam a base de detritos e

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Mato Grosso.

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areias eólicas neocretáceas em um estreito afloramento na entrada sul da cidade Poxoréo

na área de estudo.

Arenitos eólicos do Grupo Bauru nestes locais, depositados sobre a Formação Palermo e

concomitantes aos detritos da Formação Quilombinho, não apresentam exatamente

consistência sobre a ordem que se depositou, porém as fraturas ortogonais estão

claramente relacionadas à movimentação de Falhas. Em resposta ao inicio dos eventos

distensivos formaram-se ao longo das bordas falha leques de detritos aluviais, muitos

agora sobrepostos ou erodidos pelos processos dinâmicos. Processos estes que captaram

estes detritos de fluxo da Formação Quilombinho e unidades mais antigas, depositando

areias avermelhadas litoclásticas em rios entrelaçados. A avulsão de canais ou porções

fora do alcance hidráulico dos sistemas deposicionais proporcionou a formação de

pequenos lagos que em condições evaporíticas, hipersalinas e livres de perturbação,

depositaram margas calcárias. O desenvolvimento dos canais, ou progradação dos

leques alcançando estes lagos, formou as fácies calcretes como exposto por Da Rosa et

al. (1997).

A geometria dos depósitos de leques aluviais, quando passível de descrição como, por

exemplo, da região das Parnaíbas permite a interpretação de leques de bordas de

escarpas e amalgamados de tão contínuos lateralmente. Isto pode significar que o

espaço de acomodação provavelmente era pouco, típico de sistema confinado.

Concomitantes a estes depósitos, intrusões magmáticas e derrames de lava e tufo da

Formação Paredão Grande intercalam-se aos arenitos da Formação Quilombinho. A

zona externa dos derrames de lava tende a ser rico em fluidos e estes podem se tornar

produtos da alteração do material magmático. Esta alteração deve ser hidrotermal uma

vez que ela ocorre ao mesmo tempo à deposição da Formação Quilombinho. Estes

pseudo-argilitos dão origem aos clastos arredondados que formam parte do arcabouço

dos conglomerados característicos da Formação Quilombinho. Na região da lajinha

(ponto 230), observa-se que o conglomerado é controlado por falha normal

sindeposicional. Em Poxoréo, as falhas normais observadas nos depósitos da Formação

Quilombinho são ortogonais às falhas descritas nos depósitos permo-jurássicos que

também ocorrem na área de estudo.

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Mato Grosso.

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Figura 33. Modelo de evolução do Período Permiano ao Cretáceo:

a) Ápice de sequência Permo-carbonífera; mares epicontinentais levam a deposição do Grupo

Passa Dois; b) Juro-cretáceo; continentalização da bacia e deposição da Formação Botucatu e

magmatismo Formação Serra Geral; c) Neo-cretáceo; vulcanismo alcalino da Formação Paredão

Grande, ruptura e instalação de hemi-grabén com sistemas aluviais, fluviais; d) Predomínio de

sistema fluvial entrelaçado e formação de playa-lakes e ponds, além de dunas eólicas; e) Novo

vulcanismo, movimentação das falhas gravitacionais e nova progradação dos detritos de leques

aluviais.

A composição dos clastos e seixos nos conglomerados é diversificada, sendo eles

reconhecidos como da Formação Aquidauana, Palermo, Botucatu, Paredão Grande e do

próprio Bauru. São observados clastos de Quartzitos ou arenitos muito silicificados da

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Mato Grosso.

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aparentemente da Formação Botucatu, não tão abundantes como a unidade Permiana,

mas que se supõe ter sido erodida uma vez não reconhecida na região de Poxoréo e

Dom Aquino. A grande de oferta de clastos e seixos para a Formação Quilombinho em

uma estreita faixa junto à Falha de Poxoréo na MT-130 permite supor que não havia

disponibilidade de vulcânicas, ou então que a disponibilidade exauriu-se.

O alto a moderado arredondamento dos clastos, seixos e blocos especialmente quando

resistentes ao intemperismo podem indicar retrabalhamento sobre detritos que já haviam

sido depositados no leque (Nichols, 2009).

Trabalhos de conclusão de curso inéditos (Kuhn, 2012), mostraram que ao topo da

Formação Quilombinho ocorre a formação de marcante paleossolo que pode significar

uma discordância paralela entre os depósitos basais da Formação Quilombinho e os

depósitos superiores da Formação Cambambe. Esta ocorre eventualmente na área de

estudo devido a sua recente e intensa erosão. As informações sobre sua evolução não

são suficientes para descrevê-la. Após o Cretáceo, ocorrem dois eventos importantes: a

formação do extenso perfil de laterita que é registro da quiescência tectônica neogênica

que atuou na região; e a subsidência rápida e acentuada que deu origem à Bacia do

Pantanal e afetou toda a área de estudo que passou a se comportar como área-fonte para

o novo depocentro regional.

A distribuição em geral da Formação Palermo e em parte da Formação Ponta Grossa de

forma alongada (NE-SW) no mapa, favorece a semelhança como os modelos

arquiteturais de grabéns e hemi-grabens de Gawtorphe e Leeder (2000). O modelo

mostra também a possibilidade captura de detritos em deposição para outros leques em

direções opostas. Sistemas de falhas paralelas na região dos Parnaíbas poderiam ter

funcionado desta maneira.

De notável sobre o mapa de lineamentos e estrutural sobre a área mapeada, os trends

NE-SW são mais contínuos e alongados do que os NW-SE e a intensidade do

cruzamento destes dois trends na região de Dom Aquino, tornam mais evidentes

grabens menores. Expõe estruturas neo-cretáceas claramente afetadas por tectônica,

observáveis na região da Fazenda Lavrinha Verde (MT-454) e Parque Panorama nos

limites da cidade de Poxoréo (MT-260). Os basculamentos de alto ângulo, voltados para

NW e SE sugerem rollovers (rotação) das camadas neo-cretáceas provavelmente pela

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Mato Grosso.

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atividade falhas lístricas. Adicionalmente ocorre aparente deslocamento direcional da

Formação Aquidauana, na região do Morro das Pombas ao Córrego Porteiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os grandes rejeitos de falha superiores a 300 metros, em alguns casos talvez superiores

500 metros, junto a estas deformações de unidades neocretáceas levam a conclusão de

um empilhamento estratigráfico ainda pouco conhecido, tanto sobre a sua estratigrafia

quanto a interação das estruturas de falhas, fraturas e lineamentos de diferentes direções.

Esta área merece melhor entendimento geológico estrutural com mais trabalhos de

detalhe a se inserirem ali. Para trabalhos posteriores recomenda-se desenvolver isto em

paralelo à petrografia sedimentar e tratamento de minerais pesados. Adicionalmente,

estudos geofísicos associados ao estudo da geologia estrutural podem explorar mais o

comportamento do fundo do hemi-graben. Sobre a estratigrafia do Grupo Bauru, as

consolidadas proposições de nomenclatura de Weska et al. (1987), Weska (1996) e

Weska (2006) funcionam bem, porém a organização estratigráfica necessita revisão.

Sendo assim neste trabalho considera-se a unidade Cachoeira do Bom Jardim como

interdigitada à Formação Quilombinho.

AGRADECIMENTOS

Ao Projeto Transbrasiliano/Petrobrás e CNPq através do Edital 32/2010, (Proc. nº

401809/2010-2) pelo auxílio financeiro. À Capes pela bolsa de Pós-Graduação. Os

autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Geociências pelo apoio e suporte

nos custos de trabalho, em eventos regionais e nacionais. À Prof.ª Drª Silane Caminha e

ao Prof. Dr Francisco Pinho. Aos amigos colaboradores de trabalho de campo, Renan

Grillaud, Jorge Queiroz, Kéttilin Menoncello, Gabriel Zaffari, Willian Zan e Kamila

Fernandes.

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de

Mato Grosso.

68

CAPÍTULO 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A litoestratigrafia da área de estudo apresenta uma distribuição um tanto

diferente da já conhecida. Destacam-se as Formações Palermo, Botucatu e as unidades

cretáceas do Grupo Bauru. A Formação Palermo como verificada no mapa geológico

tem uma configuração alongada em faixas NE-SW subparalelas, com rejeito em geral

perpendicular (NW-SE). O reconhecimento da Formação Palermo (que é pouco

espessa) em diferentes topografias ajudou a delimitar melhor grabéns e hemi-grabéns na

parte central da área de estudo.

A Formação Botucatu não foi reconhecida, como se observa nos antigos mapas

litoestratigráficos. Desde o vale do rio Parnaíba ou próximo à cidade de Poxoréo não foi

encontrado algo que se assemelhasse à Formação Botucatu como se conhece no Mato

Grosso, tanto em litologia como disposição de afloramentos. Por isso este trabalho

considera que a erosão intensa da Formação Botucatu ajudou a alimentar o

preenchimento dos hemi-grabéns, inclusive pela sua fácil erodibilidade. O que

frequentemente é reconhecido como Formação Botucatu na área estudada, trata-se na

verdade de fácies eólicas da Formação Cachoeira do Bom Jardim, moderadamente ou

pouco preservadas.

As unidades do Grupo Bauru, observadas na Bacia de Poxoréo como as

formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim (no sentido de Weska et al., 1987),

configuram fácies deposicionais crono-correlatas de uma mesma unidade estratigráfica

a chamada Formação Ribeirão Boiadeiro atribuída a Coimbra (1991) e resgatada

recentemente como importante marco estratigráfico na região de Chapada dos

Guimarães e arredores por Kuhn (2014). Provavelmente, as denominações Quilombinho

e Cachoeira do Bom Jardim seriam mais adequadas como membros da unidade proposta

por Coimbra (1991).

A unidade Paredão Grande ainda tem relevantes aspectos a se investigar como

sua interação e participação com as unidades deposicionais no hemi-grabén de Poxoréo.

Alguns questionamentos como a extensão lateral limitada do derrame da Lajinha

poderiam ser explicadas pela evolução do derrame e dinamismo da interação

intempérica com a superfície. Outra possibilidade em aberto é o soterramento desta

pelos sedimentos terrígenos do Grupo Bauru. Ainda são relevantes a disposição e

alinhamento de alguns derrames e diques com lineamentos N-S no mapa geológico. Um

estudo de detalhe poderia explanar melhor esta disposição espacial.

As grandes estruturas rúpteis não diferem muito das já conhecidas, porém o

mapeamento permitiu delimitar outras estruturas menores. Estas têm direção NE-SW e

configurações de abatimentos de blocos mais complexas no centro do mapa. Trabalhar e

detalhar estas estruturas de falhas pode ajudar a compreender como se movimentaram as

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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de

Mato Grosso.

69

falhas ativadoras da tectônica. A Falha de Coronel Ponce proposta neste trabalho abre

discussão para sua origem, se contemporânea às já existentes ou com idade diferente.

Na saída da cidade de Poxoréo, à sul, próximo ao morro da Mesa, as ocorrentes

deformações como dobras na Formação Palermo são interpretadas como produto da

movimentação das falhas de Poxoréo e Jaciara-Serra Grande. Estruturas de dobras

semelhantes ocorrem sobre a mesma unidade na MT-260, 27km à leste de Dom Aquino

e também são interpretadas como produto de deformação desta unidade em função da

movimentação da Falha Jaciara-Serra Grande.

A origem e ativação das falhas de Poxoréo e Jaciara-Serra Grande conforme a

demonstração das rosetas de lineamentos e estereogramas de falhas e fraturas, parecem

estar cada vez mais relacionadas à ativação mesozoica através da movimentação do

Lineamento Transbrasiliano na Plataforma de Alto Garças. A análise cinemática destas

estruturas, quando possível, associada a outras ao longo da influência do lineamento

podem consolidar esta hipótese.

Falhas transcorrentes foram encontradas na região, próximo à Dom Aquino

especialmente. No entanto são nas imagens SRTM e análise de drenagens que é

possível observar maiores ocorrências com clareza, inclusive com diferentes direções.

Isto confirma o que Coimbra (1991) já havia dito sobre este tipo de estrutura e um

estudo sobre as diferentes fases de deformação poderia ajudar a esclarecer sua origem.

Lineamentos de direção N-S, inclusive alguns incipientes cruzam dezenas de

quilômetros da área de estudo. É provável que haja uma relação com a Falha de Coronel

Ponce sugerida por causa da disposição espacial do rio São Lourenço encaixado sobre o

lineamento N-S desta falha. É importante ainda salientar que os lineamentos N-S

aparentam alguma semelhança com a continuidade norte-sul do relevo, até o estado do

Mato Grosso do Sul.

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Anexo I

Lista de Coordenadas de Pontos Visitados

Ponto Longitude Latitude Unidade

1 -54,9229527777778 -15,8101305555556 Ponta Grossa

2 -54,8770000000000 -15,7884444444444 Ponta Grossa

3 -54,8711666666667 -15,7896944444444 Aquidauana

4 -54,8620277777778 -15,7878611111111 Aquidauana

5 -54,9497138888889 -15,6486527777778 Ponta Grossa

6 -54,9236888888889 -15,7733361111111 Ponta Grossa

7 -54,9245861111111 -15,7823416666667 Ponta Grossa

8 -54,8361111111111 -15,7994444444444 Aquidauana

9 -54,5945944444444 -15,7926111111111 Bauru

10 -54,5730555555556 -15,7934805555556 Bauru

11 -54,8242777777778 -15,8128333333333 Aquidauana

12 -54,8193333333333 -15,8210833333333 Aquidauana

13 -54,8101388888889 -15,8227777777778 Ponta Grossa

14 -54,8039444444444 -15,8242777777778 Aquidauana

15 -54,7973888888889 -15,8285555555556 Bauru

16 -54,7928055555556 -15,8408888888889 Bauru

17 -54,7880555555556 -15,8483611111111 Bauru

18 -54,7832500000000 -15,8441944444444 Bauru

19 -54,7762222222222 -15,8483611111111 Bauru

20 -54,7689166666667 -15,8484166666667 Aquidauana

21 -54,7647500000000 -15,8488055555556 Aquidauana

22 -54,7522777777778 -15,8450277777778 Aquidauana

23 -54,7435555555556 -15,8480833333333 Aquidauana

26 -54,7947222222222 -15,7115833333333 Bauru

27 -54,7955277777778 -15,7102222222222 Bauru

28 -54,7957777777778 -15,7091666666667 Palermo

29 -54,7950555555556 -15,7085833333333 Palermo

30 -54,7889722222222 -15,7205000000000 Bauru

31 -54,7906944444444 -15,7123333333333 Bauru

32 -54,7822222222222 -15,7072222222222 Bauru

33 -54,7760277777778 -15,7050555555556 Bauru

34 -54,7649444444444 -15,7039166666667 Bauru

35 -54,7700000000000 -15,6885833333333 Bauru

36 -54,7756944444444 -15,6712222222222 Bauru

37 -54,7623888888889 -15,7123888888889 Bauru

38 -54,7632777777778 -15,7214444444444 Bauru

39 -54,7643333333333 -15,7315833333333 Bauru

40 -54,7677777777778 -15,7401666666667 Bauru

41 -54,7712500000000 -15,7437777777778 Bauru

42 -54,7772777777778 -15,7479444444444 Bauru

43 -54,7807777777778 -15,7533888888889 Palermo

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44 -54,7741111111111 -15,7553888888889 Palermo

45 -54,7649444444444 -15,7572500000000 Palermo

46 -54,7584444444444 -15,7580555555556 Bauru

47 -54,7500833333333 -15,7618055555556 Bauru

49 -54,7417777777778 -15,7659166666667 Bauru

50 -54,7368611111111 -15,7715277777778 Bauru

51 -54,7336944444444 -15,7726388888889 Palermo

52 -54,7863333333333 -15,7613888888889 Palermo

53 -54,7927500000000 -15,7677500000000 Palermo

54 -54,8002777777778 -15,7784444444444 Palermo

55 -54,8075833333333 -15,7853333333333 Palermo

56 -54,8174722222222 -15,8031666666667 Aquidauana

57 -54,8154166666667 -15,8024166666667 Aquidauana

58 -54,7554166666667 -15,7588611111111 Bauru

59 -54,6559444444444 -15,7565555555556 Bauru

60 -54,6559444444444 -15,7565555555556 Bauru

61 -54,6690555555556 -15,7614166666667 Bauru

62 -54,6792222222222 -15,7625833333333 Bauru

63 -54,6878055555555 -15,7656388888889 Bauru

64 -54,6963611111111 -15,7686666666667 Bauru

65 -54,7055555555556 -15,7700555555556 Bauru

66 -54,7147222222222 -15,7711666666667 Bauru

67 -54,7238055555556 -15,7725277777778 Bauru

68 -54,7280555555556 -15,7707777777778 Palermo

69 -54,7150555555556 -15,7633888888889 Bauru

70 -54,6913055555556 -15,7443055555556 Bauru

71 -54,7394722222222 -15,7495555555556 Bauru

72 -54,7273888888889 -15,7571388888889 Bauru

73 -54,7049722222222 -15,7588611111111 Bauru

74 -54,7116666666667 -15,7598333333333 Bauru

75 -54,7309444444444 -15,7548611111111 Bauru

76 -54,8268888888889 -15,8031388888889 Aquidauana

77 -54,7288611111111 -15,8491944444444 Bauru

78 -54,7195000000000 -15,8491388888889 Bauru

79 -54,7154722222222 -15,8462222222222 Bauru

80 -54,7138888888889 -15,8433333333333 Bauru

81 -54,7038333333333 -15,8393333333333 Bauru

82 -54,6998333333333 -15,8345833333333 Bauru

83 -54,7415277777778 -15,8476388888889 Aquidauana

84 -54,7506388888889 -15,8455833333333 Aquidauana

85 -54,7958611111111 -15,8338888888889 Bauru

86 -54,8089166666667 -15,7988611111111 Palermo

87 -54,8027222222222 -15,7951388888889 Palermo

88 -54,8012500000000 -15,7915833333333 Palermo

89 -54,8573888888889 -15,7882500000000 Ponta Grossa

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90 -54,8881666666667 -15,7965555555556 Ponta Grossa

91 -54,8957777777778 -15,8041388888889 Ponta Grossa

92 -54,9346388888889 -15,9200555555556 Ponta Grossa

93 -54,9106666666667 -15,8205833333333 Ponta Grossa

94 -54,9006111111111 -15,8457222222222 Ponta Grossa

95 -54,8919444444444 -15,8799444444444 Ponta Grossa

96 -54,8885000000000 -15,8846388888889 Ponta Grossa

97 -54,8611111111111 -15,9078333333333 Ponta Grossa

98 -54,8558611111111 -15,9093333333333 Ponta Grossa

99 -54,8501111111111 -15,9147222222222 Ponta Grossa

100 -54,8601388888889 -15,9056388888889 Ponta Grossa

101 -54,8583888888889 -15,8978611111111 Ponta Grossa

102 -54,8551666666667 -15,8971388888889 Ponta Grossa

103 -54,8632222222222 -15,8949444444444 Ponta Grossa

104 -54,8734166666667 -15,8893055555556 Ponta Grossa

105 -54,8979722222222 -15,8609722222222 Ponta Grossa

106 -54,8929722222222 -15,8378055555556 Ponta Grossa

107 -54,8953055555556 -15,8346944444444 Ponta Grossa

108 -54,8960277777778 -15,8339444444444 Ponta Grossa

109 -54,8965277777778 -15,8332777777778 Ponta Grossa

110 -54,8341111111111 -15,8000000000000 Aquidauana

111 -54,8388611111111 -15,8085833333333 Aquidauana

112 -54,8370555555556 -15,8090277777778 Aquidauana

113 -54,8337500000000 -15,8120833333333 Aquidauana

114 -54,8337222222222 -15,8190555555556 Aquidauana

115 -54,8326388888889 -15,8292222222222 Aquidauana

116 -54,8366666666667 -15,8313888888889 Aquidauana

117 -54,8380555555556 -15,8308055555556 Ponta Grossa

118 -54,8382500000000 -15,8313333333333 Ponta Grossa

119 -54,8428611111111 -15,8330555555556 Ponta Grossa

120 -54,8466111111111 -15,8347222222222 Ponta Grossa

121 -54,8553055555556 -15,8375555555556 Ponta Grossa

122 -54,8675833333333 -15,8394166666667 Ponta Grossa

123 -54,8710833333333 -15,8375000000000 Ponta Grossa

124 -54,8830833333333 -15,8329166666667 Ponta Grossa

125 -54,8879722222222 -15,8303333333333 Ponta Grossa

126 -54,8935833333333 -15,8259722222222 Ponta Grossa

127 -54,9030555555556 -15,8224166666667 Ponta Grossa

128 0,0000000000000 0,0000000000000 Furnas

129 -55,0090277777778 -15,9791111111111 Furnas

130 -55,0187777777778 -15,9829444444444 Furnas

131 -54,9918888888889 -15,9812500000000 Furnas

132 -54,9690555555556 -15,9389722222222 Ponta Grossa

133 -54,9592777777778 -15,9327222222222 Ponta Grossa

134 -54,9582500000000 -15,9198333333333 Ponta Grossa

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135 -54,9583333333333 -15,9117500000000 Ponta Grossa

136 -54,9588333333333 -15,8953055555556 Ponta Grossa

137 -54,9655277777778 -15,8858888888889 Ponta Grossa

138 -54,9674166666667 -15,8644722222222 Ponta Grossa

139 -54,9735000000000 -15,8345000000000 Ponta Grossa

140 -54,9674166666667 -15,8163888888889 Ponta Grossa

141 -55,0090000000000 -15,9437500000000 Ponta Grossa

142 -55,0556111111111 -15,9013611111111 Furnas

143 -55,0884722222222 -15,9059722222222 Furnas

144 -55,0887777777778 -15,8847222222222 Furnas

145 -55,1272222222222 -15,8435277777778 Furnas

146 -55,1095277777778 -15,8345277777778 Furnas

147 -55,1068333333333 -15,8295833333333 Furnas

148 -55,0989722222222 -15,8235555555556 Furnas

149 -55,0707222222222 -15,8144722222222 Furnas

150 -55,0612777777778 -15,8139722222222 Furnas

151 -55,0359722222222 -15,7998611111111 Furnas

152 -55,0384444444444 -15,7841111111111 Furnas

153 -55,0370833333333 -15,7785277777778 Furnas

154 -55,0446666666667 -15,7879444444444 Furnas

155 -55,0462777777778 -15,8075833333333 Furnas

156 -55,0521388888889 -15,8193611111111 Furnas

157 -55,0259166666667 -15,8152500000000 Furnas

158 -55,0116388888889 -15,8075555555556 Furnas

159 -54,9871666666667 -15,7970277777778 Furnas

160 -54,9053333333333 -16,0183333333333 Ponta Grossa

161 -54,8825555555556 -15,9750000000000 Ponta Grossa

162 -54,8509444444444 -15,9672777777778 Ponta Grossa

163 -54,8156666666667 -15,9606944444444 Ponta Grossa

164 -54,8176388888889 -15,9590555555556 Ponta Grossa

165 -54,7680277777778 -15,9333888888889 Aquidauana

166 -54,7415000000000 -15,9010833333333 Aquidauana

167 -54,7434166666667 -15,8934722222222 Aquidauana

168 -54,7422500000000 -15,8983055555556 Bauru

169 -54,7505555555556 -15,9240833333333 Aquidauana

170 -54,7552500000000 -15,9288888888889 Aquidauana

171 -55,0917500000000 -15,7278611111111

172 -55,0755555555556 -15,7214722222222 Furnas

173 -55,0135833333333 -15,9927222222222 Furnas

174 -54,9378333333333 -15,9646944444444 Ponta Grossa

175 -54,8090000000000 -15,7876944444444 Palermo

176 -54,6301666666667 -15,7692777777778 Bauru

177 -54,5560555555556 -15,7946944444444 Bauru

178 -54,5613888888889 -15,7732777777778 Paredão Grande

179 -54,4201944444444 -15,8183333333333 Bauru

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180 -54,3793333333333 -15,7902500000000 Bauru

181 -54,3595000000000 -15,7963055555556 Bauru

182 -54,4133611111111 -15,6503055555556 Bauru

183 -54,4087777777778 -15,6604722222222 Bauru

184 -54,9190555555556 -15,6122222222222 Ponta Grossa

185 -54,9134444444444 -15,5997222222222 Ponta Grossa

186 -54,8949166666667 -15,6135277777778 Bauru

187 -54,8905555555556 -15,6126944444444 Bauru

188 -54,8783888888889 -15,6190000000000 Bauru

189 -54,8617500000000 -15,6210000000000 Bauru

190 -54,8527777777778 -15,6356388888889 Bauru

191 -54,8465277777778 -15,6373055555556 Bauru

192 -54,8442777777778 -15,6351388888889 Bauru

193 -54,8586666666667 -15,6456388888889 Bauru

194 -54,8463055555556 -15,6418333333333 Bauru

195 -54,8436666666667 -15,6418055555556 Bauru

196 -54,8815277777778 -15,6183611111111 Palermo

197 -54,8831388888889 -15,6223333333333 Palermo

198 -54,9117500000000 -15,6058055555556 Ponta Grossa

199 -54,9048888888889 -15,7217222222222 Ponta Grossa

200 -54,9020833333333 -15,7101388888889 Aquidauana

201 -54,9050000000000 -15,6974722222222 Aquidauana

202 -54,9058611111111 -15,6935000000000 Aquidauana

203 -54,9089722222222 -15,7275000000000 Aquidauana

204 -54,9472222222222 -15,6900555555556 Aquidauana

205 -54,9477500000000 -15,6761111111111 Aquidauana

206 -54,9316666666667 -15,6781388888889 Aquidauana

207 -54,9284166666667 -15,6752222222222 Bauru

208 -54,8918055555556 -15,6726388888889 Bauru

209 -54,8741666666667 -15,6677500000000 Bauru

210 -54,8689722222222 -15,6628888888889 Bauru

211 -54,8680000000000 -15,6579722222222 Bauru

212 -54,8610000000000 -15,6506111111111 Bauru

213 -54,8589444444444 -15,6475000000000 Bauru

214 -54,8552222222222 -15,6551388888889 Bauru

215 -54,9211388888889 -15,6784722222222 Aquidauana

216 -54,6103055555556 -15,5833611111111 Bauru

217 -54,6743888888889 -15,6123055555556 Bauru

218 -54,6810555555556 -15,6158333333333 Bauru

219 -54,6799166666667 -15,6214166666667 Bauru

220 -54,6939722222222 -15,6180833333333 Bauru

221 -54,7387222222222 -15,6268333333333 Bauru

222 -54,7400277777778 -15,6207500000000 Bauru

223 -54,7388333333333 -15,6129722222222 Bauru

224 -54,7508888888889 -15,6155277777778 Bauru

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225 -54,7398611111111 -15,6253888888889 Bauru

226 -54,7405277777778 -15,6264166666667 Bauru

227 -54,7654444444444 -15,6325833333333 Bauru

228 -54,7747500000000 -15,6456111111111 Bauru

229 -54,6996944444444 -15,7384722222222 Paredão Grande

230 -54,7018055555556 -15,7388888888889 Paredão Grande

231 -54,3958055555556 -15,8525555555556 Palermo

232 -54,3816944444444 -15,8376666666667 Palermo

233 -54,3915444444444 -15,8489694444444 Palermo

234 -54,2445166666667 -15,7119805555556 Ponta Grossa

235 -54,2406277777778 -15,7072083333333 Aquidauana

236 -54,2584055555556 -15,7226972222222 Bauru

237 -54,2812916666667 -15,7391694444444 Bauru

238 -54,3287673085000 -15,7512279943000 Bauru

239 -54,3110778713000 -15,7510373938000 Bauru

240 -54,3049848995000 -15,7505556369000 Bauru

241 -54,3018900508000 -15,7645620586000 Ponta Grossa

242 -54,3082680387000 -15,7667996994000 Bauru

243 -54,3104234750000 -15,7660225028000 Bauru

244 -54,3130306083000 -15,7656482709000 Bauru

245 -54,3339942704000 -15,7144225731000 Bauru

246 -54,3242180000000 -15,7085750000000 Bauru

247 -54,3164840000000 -15,6810900000000 Bauru

248 -54,3102320000000 -15,6886220000000 Bauru

249 -54,2949800000000 -15,6758530000000 Bauru

250 -54,2914800000000 -15,6739760000000 Bauru

251 -54,2917896716000 -15,6736113141000 Bauru

252 -54,2992106109000 -15,6792667939000 Bauru

253 -54,3079660000000 -15,7071100000000 Bauru

254 -54,3082753488000 -15,7067457394000 Bauru

255 -54,3000228855000 -15,7060838549000 Bauru

256 -54,2876422444000 -15,6996170802000 Palermo

257 -54,3901291622000 -15,5888884494000

258 -54,1703873029000 -15,6289234886000

259 -54,1719266124000 -15,6498325437000

260 -54,1754621876000 -15,6591080828000

261 -54,1710448650000 -15,6644607266000

262 -54,1897685902000 -15,6796578248000 Ponta Grossa

263 -54,1884827742000 -15,6843736949000 Ponta Grossa

264 -54,1992930000000 -15,7026280000000 Ponta Grossa

265 -54,1996024260000 -15,7022630648000 Ponta Grossa

266 -54,2061909458000 -15,7250343229000 Ponta Grossa

267 -54,2105709809000 -15,7306808359000 Aquidauana

268 -54,2301188971000 -15,7551978000000 Aquidauana

269 -54,2314137769000 -15,7614911857000 Aquidauana

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270 -54,2336206376000 -15,7617450369000 Aquidauana

271 -54,2410637993000 -15,7623723850000 Aquidauana

272 -54,2442241341000 -15,7624666165000 Aquidauana

273 -54,2504987344000 -15,7640000770000 Aquidauana

274 -54,2557924991000 -15,7628837488000 Aquidauana

275 -54,2746003898000 -15,7715287157000 Aquidauana

276 -54,2869262556000 -15,7760632671000 Aquidauana

277 -54,3396414876000 -15,7168489066000 Aquidauana

278 -54,3327586572000 -15,7412511832000 Aquidauana

279 -54,2797450823000 -15,6961048139000 Palermo

280 -54,2824466401000 -15,6969784047000 Palermo

281 -54,2791825579000 -15,6886103760000 Palermo

282 -54,2698224817000 -15,6962881120000 Bauru

283 -54,2693261348000 -15,6978534446000 Bauru

284 -54,2681329145000 -15,6992384550000 Bauru

285 -54,3676544130000 -15,7775883649000 Bauru

286 -54,3610298897000 -15,6474777779000 Bauru

287 -54,3568674491000 -15,6456843429000 Bauru

288 -54,3812912422000 -15,6441620814000 Bauru

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MT - 260

MT - 373

MT - 373

MT 373

MT-1

30

MT-

130

MT-

453

MT-

453

184

188

MT -

373

MT - 458

MT-

130

MT - 260

Pombas

MT - 472

Rio Poxoréozinho

Córrego São João

Rio Parnaíba

Rio Pombas

Córrego do Amaral

Município

Principais redes hidrográficas

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Distrito

Toponímias Locais

Rodovia federal

Rodovia estadual pavimentada

Rodovia estadual e outras vias locais não pavimentada

.

Rodovias e vias locais

Drenagens principais

Municípios, distritos e toponímias locais

Serra das P

arnaíbas

Serra

das P

arn

aíb

as

Serra Grande

Morro do Santo Antônio

LEGENDA

Cuiabá Poxoréo

50°W

!

Celma São Luís

Raizinha

Boa Sorte

Alto Coité

Entre Rios

Irenópolis

Coronel Ponce

Paraíso do Leste

BR-070

BR

-364/163

BR

-364/1

63

MT-

450

MT - 373

MT-

453

MT-1

30

MT 344

MT-3

44

MT

-457

MT - 260

MT - 260

MT - 260

Poxoréo

Jaciara

Dom Aquino

Campo Verde

Primavera do Leste

9

8

7

6

5

432

99

9897

96

95

94

93

92

91

90

8988

8786

85

8483

82

8180

797877

76

75

74 7372

71

70

69

6867 66 65 6463

62 61

6059

58

5756

55

54

53

52

5150

4947

46454443

4241

39

38

37

36

35

343332

31

30

29282726

2322

21201918

17

16

15141312

11

10

288 287286

285

284283282

281

280

279

278

277

276275

274273

272271

270269

268

267

266

265264

263

262

261

260

259

258

257

256

255254253

252

251250

248

247

246

244243

241

240239238

237

236

235

234

233

232

231

230229

228

227

226225

224223

222

221

220219

218217

216

215

214213212

211

210

209

208207

206205

204

203

202201

200

199

198

197

196

195194193

192191190

189

187186

185

183

182

181

180

179

178

177

176

175

174

173

172

171

170

169

168

167

166

165

164163

162

161

160

159

158

157156

155

154

153

151

150149

148

147

146

145

144

143142

141

140

139

138

137

136

135

134

133

132

131130129

127126

125124

123122

121120

119

118116

114

113112111

110

109108107

106

105

104

103102

101

100

54°30'0"W

54°30'0"W

55°0'0"W

55°0'0"W

16°0'0"S 16°0'0"S

±

1:150.000

7 0 7 143,5

Km

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE PONTOS

ESCALA

Datum horizontal: WGS84

.

.

.

.

.

.

MT - 454

Faz. Lavrinha Verde

Faz. Nossa Sª Aparecida

Lajinha

Raizinha

Rio São Lourenço

Rio das Mortes

Rio

Poxo

réo

Rio Verm

elho

Rio Areia

Rio Pombas

Córre

go A

lcant

ilado

s

Córrego do Amaral

Rio Parnaíba

Rio Coité

Rio Coité

Rio

o L

ou

ren

ço

Córrego Areia

Córre

go P

oru

ba

Córrego São Domingos

Rio Areia

Rio

Poxo

réozin

ho

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Jaciara

54°30'0"W

54°30'0"W

55°0'0"W

55°0'0"W

16°0'0"S 16°0'0"S

FALHA DAS P

ARNAÍBAS

FA

LH

A D

E C

OR

ON

EL P

ON

CE

Estruturado Alto Coité

FALHA DE POXORÉO

±Primavera do Leste

Poxoréo

Dom Aquino

Rio São Lourenço

Rio das Mortes

Rio

Poxo

réo

Rio Verm

elho

Rio Areia

Rio Pombas

Córre

go A

lcant

ilado

s

Córrego do Amaral

Rio Parnaíba

Rio Coité

Rio Poxoréozinho

Córrego S

ão João

Rio Coité

Rio

o L

ou

ren

çoFA

LH

A D

E C

OR

ON

EL P

ON

CE

20°

10°

30°

17°

10°

FALHA DAS PARNAÍBAS

FALHA DE JACIARA-SERRA GRANDE

FALHA DE JA

CIARA-S

ERRA GRANDE

FALHA DE POXORÉO

FALHA DE P

OXORÉO

Serra das P

arnaíbas

Serra

das P

arn

aíb

as

Serra Grande

32°

60°

Córrego Areia

Córre

go P

oru

ba

Rio Poxoréo

Córrego São Domingos

Rio Areia

BR - 364/163

BR

- 364/163

BR - 070

BR - 070

Campo Verde

BR - 070

MT

- 1

30

MT - 1

30

MT

- 344

MT

- 344

MT - 344

MT -

453

MT -

450

MT - 373

MT - 373

MT - 340

MT - 458

MT - 260MT - 260

MT - 260

Rio

Poxo

réozin

ho

MT - 260

BR - 364/163

Município

ESTRUTURAS GEOLÓGICAS

COLUNA ESTRATIGRÁFICA

LEGENDA

Falha normal

Falha detransferência

Cachoeirinha

AquidauanaArenitos finos a muito finos avermelhados, ou médios a finos de cor amarelo a vermelho rubi, com intraclastos de siltitos preservados no foreset. Em geral são micáceos e perdem esta característica quando mais amarelados ou muito intemperizados. As estruturas mais comuns são plano paralela, laminada, maciça e cruzada de baixo ângulo. Intercalado aos detritos arenosos estão argilitos e ou siltitos vermelhos a róseos, variavelmente amarelos de estrutura plano paralela, laminada ou maciça. A intercalação granulométrica destes litotipos formam conjuntos granodecrescentes.

GrupoBauru

FurnasArenitos médios, grossos, muito grossos, cor cinza claro, alaranjada intercalados à arenitos siltosos, siltitos e argilitos. Estratificação cruzada tabular, plano paralela, laminada à maciça. Arenitos em geral são consideravelmente micáceos.

PalermoArenitos finos, muito finos à areno-argilosos, subordinadamente, médio. A cor alterna-se entre marrom, cinza, e cinza esbranquiçado, enquanto amarelado e róseo são menos comuns. Secundariamente, argilitos maciços vermelhos ou cinza claros e argilitos laminados amarelos avermelhados, ritmitos de arenito marrom e argilito preto e silexitos, oolíticos e brechas. Interestratificação de arenitos e arigilitos apresenta nódulos e concreções de sílica horizontais, às vezes verticais, com camadas parcialmente silicificadas. Nos afloramentos, observam-se estruturas plano paralelas, maciças, acamadado e Hummockys.

Paredão Grande Basaltos e Diabásios, de cor cinza escuro ou esverdeado a preto, afanítico à porfirítico, acamadado à maciço, com contato entre as camadas (em derrames) marcado por vesículas circulares a semicirculares. “Lamito” cinza claro argiloso intensamente venulado com sobrecrescimento de cristais de epidoto e também

Ponta Grossa Arenitos finos a muito finos, pelitos e argilitos intercalados e granocrescentes, cor marrom escura ou amarelada, secundariamente cinza esbranquiçada. Estrutura plano paralela, cruzada de baixo ângulo e laminação cruzada cavalgante, de gradação normal.

CambambeConglomerados petromíticos, brechas intraformacionais, arenitos finos, arenitos grossos, arenitos conglomeráticos e silcretes. Os detritos conglomeráticos em geral tem o arcabouço suportado por matriz e proveniência de clastos e brechas na grande maioria das unidades anteriores.

QuilombinhoConglomerados polimíticos e petromítticos, com clastos de quartzarenitos da Formação Botucatu, de silexitos da Formação Palermo, clastos de quartzitos arredondados e clastos da fácies 2 da Formação Paredão Grande muito bem arredondados a moderados. Mal-selecionados, os grãos dos conglomerados variam a granulometria de seixos a matacões. O arcabouço dos conglomerados ocorre como aberto e fechado e matriz arenosa à argilosa. Arenitos grossos a muito grossos avermelhado ou amarelado. Estruturas em geral maciças ou acamadadas.

Lineamento ou fratura

S0 - Acamamento

Cachoeira do Bom JardimArenitos finos a muito grossos, composição litarenítica, cimentados por carbonato ou sílica, eventualmente estão intercaladas aos conglomerados da Formação Quilombinho e localmente, podem formar camadas de arenitos carbonáticos a margas e calcretes. Argilitos maciças ou com laminações plano paralelas podem preceder estas margas. As estruturas deposicionais variam entre plano paralela, cruzada de baixo ângulo e maciça. A cor das camadas detríticas é em geral róseo, avermelhado ou amarelado e eventualmente cinza claro. Os calcários são maciços e se apresentam em cor cinza clara

GrupoGuatá

GrupoItararé

GrupoParaná

Drenagens principais

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Distrito

Toponímias Locais

Rodovia federal

Rodovia estadual

Rodovia estadual e vias locais não pavimentada

ESCALA GRÁFICA

MAPA GEOLÓGICO

W E

500m

100m

200m

300m

400m

600m

700m

800m

900m

1000m

0m

?

??

? ?

PERFIL W-E