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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA UNIBAN MARISA APARECIDA DE SÁ LIMA TECNOLOGIAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA E NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS (SP) SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA

UNIBAN

MARISA APARECIDA DE SÁ LIMA

TECNOLOGIAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA E NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE

GUARULHOS (SP)

SÃO PAULO 2013

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MARISA APARECIDA DE SÁ LIMA

TECNOLOGIAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA E NA FORMAÇÃO

DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE

GUARULHOS (SP)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática da

Universidade Bandeirante Anhanguera como

exigência parcial para a obtenção do título de

Mestre em Educação Matemática sob a

orientação da Prof.ª Dra. Maria Elisabette Brisola

Brito Prado.

SÃO PAULO

2013

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MARISA APARECIDA DE SÁ LIMA

TECNOLOGIAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA E NA FORMAÇÃO

DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE

GUARULHOS (SP)

Este trabalho foi julgado e aprovado para obtenção do título de Mestre em Educação

Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera – UNIBAN.

São Paulo, ____/_____/_______

Prof.ª Dra. Maria Elisabette Brisola Brito Prado (Presidente-Orientadora) Universidade Bandeirante Anhanguera - UNIBAN

Prof.ª Dra. Ana Chiummo (1º Titular Externo) Universidade Paulista - UNIP

Prof.ª Dra. Angélica Fontoura de Garcia Silva (1º Titular Interno) Universidade Bandeirante Anhanguera – UNIBAN

SÃO PAULO

2013

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos familiares e amigos e

em especial ao meu querido pai José Martinho de Sá (em

memória) e a minha querida mãe Maria Antonia de Sá, que me

ensinaram o valor dos estudos. E aos meus filhos Leonardo e

Eduardo aos quais, hoje, procuro ensinar o que aprendi com

meus pais.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço às forças protetoras deste universo e a todas as pessoas amigas

que me ajudaram no desenvolvimento deste trabalho de pesquisa.

Agradeço a minha orientadora professora Prof.ª Dra. Maria Elisabette Brisola

Brito Prado, que além de ser uma excelente profissional da Educação com quem

aprendi muito, é um grande valor humano da nossa sociedade.

Às professoras dessa banca de qualificação: Profª. Dra. Angélica Fontoura de

Garcia Silva e Prof.ª Dra. Ana Chiummo, pelas valiosas contribuições ao meu

trabalho, deixo registrados aqui meus sinceros agradecimentos.

Agradeço à coordenadora da Pós-Graduação Tânia Campos às importantes

contribuições com nossa pesquisa.

Agradeço a todos os professores de Pós-Graduação em Educação

Matemática, em especial a Dra. Nielce Lobo, Dr. Ruy Pietropaulo, Dra Marlene Dias

e Dra Verônica Kataoka, pelo carinho e valiosas contribuições nas aulas.

Agradeço a todos os colegas do Mestrado pelo respeito e companheirismo

que me dedicaram durante todo o desenvolvimento do curso.

Agradeço a todos meus companheiros de luta que muito me ajudaram e me

apoiaram para o desenvolvimento deste trabalho, especialmente aos companheiros

Negro Djoul, Claudio Andrade, Luana L. Prodócio, Renato Sousa, Eduardo Nunes,

Vanderlei A. Pereira e Pedro Gonçalves L. Neto.

Agradeço aos professores e gestores da rede Municipal de Guarulhos que

foram fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa.

Agradeço aos professores especialistas que participaram da pesquisa e

deram importantes contribuições para o desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço a todos meus familiares pelo apoio em todas as horas da minha

vida, em especial a minha mãe Maria e ao Pedro que cuidaram dos meus filhos

quando estive ausente, minhas irmãs Andreza e Kátia e meus sobrinhos que me

apóiam em tudo que faço. Aos meus amados filhos Leonardo, Eduardo e minha

querida sobrinha Laura pelos deliciosos sorrisos e carinhos que me ofereceram

durante todos os dias que me dediquei a escrever este trabalho que concluo com

muita satisfação.

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“O ato de estudar não é um ato de

consumir idéias, mas de criá-las e

recriá-las. O ato de estudar é no

fundo uma postura frente ao mundo.”

Paulo Freire.

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RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivo investigar e analisar como o professor que ensina

matemática na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, das escolas públicas

da Prefeitura de Guarulhos, foi preparado para usar as Tecnologias Digitais da

Informação e Comunicação (TDIC) em sala de aula. A metodologia desenvolveu-se

em uma abordagem qualitativa, envolvendo análise de documentos oficiais e da

coleta de dados, os quais foram obtidos por meio de questionários respondidos por

trinta professores da rede municipal, observação das práticas em quatro escolas.

Foram também realizadas entrevistas com três professores e uma monitora de

informática, três gestores da Secretaria de Educação do município e dois

especialistas em Tecnologia na Educação. O referencial teórico constituiu-se de dois

temas centrais: Informática na Educação com base no construcionismo de Papert e

Valente e a Formação Continuada do Professor com foco na ideias de Shulman e no

Conhecimento Pedagógico do Conteúdo Tecnológico (TPACK) de Mishra e Koehler.

O resultado da análise mostrou que para propiciar a incorporação das TDIC nas

práticas escolares é necessário que as ações das três visões, Política, Escolar e

Acadêmica, sejam desenvolvidas de forma articulada. É por meio desta articulação

de saberes sobre cada universo de atuação que poderá ser construída propostas de

formação de educadores (Professores e Gestores) na perspectiva do TPACK, de

modo a favorecer a integração das tecnologias digitais aos conteúdos matemáticos.

Palavras Chave: Tecnologias Digitais, Formação de Professores, Conhecimento

Profissional, TPACK, Práticas escolares.

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ABSTRACT

This research aims to investigate and analyze how the teacher who teaches

mathematics in kindergarten and elementary school, from the Municipal Education

Guarulhos was prepared to use the Digital Information and Communication

Technologies (TDIC) in the classroom. The methodology was developed in a

qualitative approach involving analysis of official documents and the collection of

data, which were collected through questionnaires answered by thirty teachers of the

municipal schools, observation of practices in four schools. Interviews were also

conducted with three teachers and one computer monitor, three managers from the

Department of Education of the City and two experts in Technology in Education. The

theoretical framework consisted of two central themes: Computers in Education

based on constructivism and Papert Valente and Continuing Education Teacher with

a focus on ideas of Shulman and Pedagogical Content Knowledge Technology

(TPACK) Mishra and Koehler. The result of the analysis showed that to provide the

incorporation of TDIC in school practices is necessary that the actions of the three

views, Politics, Academic and Scholastic, are developed in a coordinated manner. It

is through this articulation of knowledge about each universe of action that the

proposed training of educators (teachers and administrators) can be constructed

from the perspective of TPACK in order to encourage the integration of digital

technologies to mathematical content.

Keywords: Digital Technologies, Teacher Training, Professional Knowledge, TPACK, school Practices.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Modelo PCK de Schulman... .................................................................. 42

Figura 02 – Modelo TPACK- Mishra e Koehler ......................................................... 43

Figura 03 – Atividade diagnóstica ............................................................................. 87

Figura 04 – Atividade com números .......................................................................... 90

Figura 05 – Atividade de raciocínio ........................................................................... 91

Figura 06 – Atividade com gráficos ........................................................................... 92

Figura 07 – Atividade simetria ................................................................................... 94

Figura 08 – Atividade simetria dos lados ................................................................... 95

Figura 09 – Atividade espaço e forma ....................................................................... 96

Figura 10 – Atividade reta numérica .......................................................................... 97

Figura 11– Atividade escrita de números .................................................................. 98

Figura 12– Contador Decimal .................................................................................... 99

Figura 12.1– Contador Decimal ................................................................................. 99

Figura 13 – Atividade desenvolvida em laboratório ................................................. 100

Figura 14 – Atividade realizada em sala de aula ..................................................... 102

Figura 15 – Atividade realizada com alunos do 2º ano............................................ 103

Figura 16 – Novo conceito....................................................................................... 122

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Escolas pesquisadas ............................................................................ 24

Quadro 02 – Sujeitos entrevistados ...................................................................... ... 24

Quadro 03 – Investimentos da prefeitura ................................................................. 51

Quadro 04 – Investimentos das TDIC na Educação................................................. 52

Quadro 05 – Cursos de formação oferecidos pela Rede .......................................... 65

Quadro 06 – Formação inicial para ingresso na rede ................................................ 74

Quadro 07 – Formação complementar após o ingresso na Rede ............................. 75

Quadro 08 – Cursos de extensão oferecidos pela Rede ........................................... 76

Quadro 09 – Professores que acumulam cargos ...................................................... 77

Quadro10 – Número de escolas em que os professores trabalham ......................... 78

Quadro11 – Horas semanais que os professores declaram trabalhar ...................... 79

Quadro 12 – Facilidade com a disciplina de matemática quando estudante ............. 80

Quadro 13 – Quantos dias e horas semanais ministram aula de matemática .......... 81

Quadro 14 – Relação dos professores com uso das TDIC ....................................... 82

Quadro 15 – Fez algum curso voltado para disciplina de informática ....................... 83

Quadro 16 – Fez curso voltado para disciplina de matemática pela P.M.G .............. 84

Quadro 17 – Pesquisa sobre a utilização do laboratório de informática .................... 85

Quadro 18 – Costuma acompanhar as aulas de informática de seus alunos ........... 86

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Investimentos da Prefeitura .................................................................. 51

Gráfico 02 – Investimentos das TDIC na Educação..................................................52

Gráfico 03 – Formação inicial para ingresso na rede ................................................ 74

Gráfico 04 – Formação complementar após ingresso na Rede ................................ 75

Gráfico 05 – Cursos de extensão oferecidos pela Rede ........................................... 76

Gráfico 06 – Professores que acumulam cargos....................................................... 77

Gráfico 07 – Número de escolas em que os professores trabalham ......................... 78

Gráfico 08 – Horas trabalhadas ................................................................................. 79

Gráfico 09 – Facilidade com a disciplina de matemática quando estudante ............. 80

Gráfico 10 – Quantos dias e horas semanais ministram aulas de Matemática ......... 81

Gráfico 11 – Relação dos professores com o uso das TDIC .................................... .82

Gráfico 12 – Fez algum curso voltado para disciplina de informática ........................ 83

Gráfico 13 – Fez curso voltado para disciplina de matemática pela P.M.G .............. 84

Gráfico 14 – Pesquisa sobre a utilização do laboratório de informática .................... 85

Gráfico 15 – Costuma acompanhar as aulas de informática de seus alunos ............ 86

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Educação Infantil (Número de alunos matriculados)..............................20

Tabela 02 – Educação Fundamental (Número de alunos matriculados)...................20

Tabela 03 – Educação de Jovens e Adultos (Número de alunos matriculados)........21

Tabela 04 – Total geral..............................................................................................21

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LISTA DE ABREVIATURAS

DPIE - O Departamento de Planejamento e Informática na Educação

EJA- Educação de Jovens e Adultos

IBGE - instituto Brasileiro de Geografia Estatística

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentária

MITA - US -Massachusetts Institute of Technology

MIT - Media Lab de Massachusetts (EUA)

MEA – Modelo de Estratégia Argumentativa

MOVA - Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos

PRO – Pró-letramento de Matemática

PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PRONINFE – Programa Nacional de Informática na Educação

QSN - Quadro de Saberes Necessários

SEI - Secretaria Especial da Informática

SEED – Secretaria de Educação à Distância

TDIC - Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação

TPK - Conhecimento Pedagógico Tecnológicos

TCK – Conhecimento Tecnológico do Conteúdo

TPACK - Conhecimento Pedagógico Tecnológico do Conteúdo

TO – Tocantins

UCA – Um Computador por Aluno

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SUMÁRIO

Apresentação ...................................................................................................................... 16

1. CAPÍTULO - INTRODUÇÃO .......................................................................................... .19

1.1 Trajetória ...................................................................................................................... 19

1.2 Objetivo ......................................................................................................................... 22

1.3 Procedimentos Metodológicos ....................................................................................... 23

1.4 Ambientes e Sujeitos das Pesquisas ............................................................................. 24

1.4.1 Quadro dos Sujeitos das Pesquisas ............................................................................ 24

1.5 Revisão de Literatura .................................................................................................... 26

2. CAPÍTULO - REFENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 30

2.1 As Tecnologias na Educação ......................................................................................... 30

2.2 Formação dos Professores como Política Pública ......................................................... 38

2.3 O Conhecimento Profissional do Professor ................................................................... 41

2.4 O processo de ensino-aprendizagem e as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação .................................................................................................................... 44

3. CAPÍTULO-TDIC E A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES DA REDE DE GUARULHOS.47

3.1 A Constituição da Rede Municipal de Educação ............................................................ 47

3.2 Histórico da Rede Municipal de Guarulhos ................................................................... 47

3.3 O início do uso das Tecnologias na Rede Municipal de Educação ............................... 50

3.4 Investimentos da Prefeitura de Guarulhos na incorporação das TIC na Educação ....... 51

3.5 Investimentos da Prefeitura de Guarulhos na incorporação das TDIC na Educação Fundamental ....................................................................................................................... 52

3.6 A Sistematização da Proposta Pedagógica da Rede Municipal de Educação de Guarulhos ........................................................................................................................... 53

3.7 Transcrição dos Eixos da Proposta Curricular .............................................................. 56

3.7.1 Saberes do eixo para o ciclo II da Educação Infantil (4 e 5) ....................................... 57

3.7.2 Saberes do Eixo Número e Operações ..................................................................... 59

3.7.3 Saberes do Eixo-Espaço e Forma............................................................................... 61

3.7.4 Saberes do Eixo - Grandezas e Medidas .................................................................... 62

3.7.5 Saberes do Eixo-Tratamento de Informação .............................................................. 63

3.8 Caderno de Formação Permanente .............................................................................. 63

3.8.1 Formação dos Educadores que ensinam Matemática na Rede através do Pró-letramento em Matemática................................................................................................... 66

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3.8.2 Formação continuada: Pró-letramento Matemática ..................................................... 66

3.8.3 PRÓ-LETRAMENTO................................................................................................... 67

3.9 Cursos de Formação Continuada Voltado ao Uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação realizados no ano de 2012. ...................................................... 69

3.9.1 Tirando as Mídias do Armário – Educação Infantil ...................................................... 69

3.9.2 Tirando as Mídias do Armário II – Educação Fundamental e EJA ............................... 70

3.9.3 Outros Cursos Promovidos Pela Rede ................................................................. 71

3.9.4 Oficina de Tecnologia Assistida – Comunicação Suplementar Alternativa. ...... 71

3.9.5 Oficina de Tecnologia Assistida –Materiais Pedagógicos Acessíveis ............... 71

3.9.6 As tecnologias Digitais de Informação e Comunicação como apoio.................. 71

3.9.7 Curso em EaD- Navegando no portal ................................................................... 72

3.9.8 PROINFO – Introdução Digital ............................................................................... 72

4. CAPÍTULO- PANORAMA DO CONTEXTO ................................................................... 73

4.1 Os Educadores da Prefeitura de Guarulhos ................................................................... 73

4.2 Escolas Pesquisadas .................................................................................................... 73

4.3 Perfil dos Educadores .................................................................................................... 74

4.4 Observações das Aulas de Matemática ......................................................................... 87

4.5 Exemplos de atividades desenvolvidas com alunos do 1º ano do ensino

fundamental I ..................................................................................................................... 87

5. CAPÍTULO - ANÁLISE ................................................................................................ 105

5.1 Análise .............................................................................................................. 105

5.2 Análise dos dados e Resultados .................................................................................. 105

5.3 Análises das entrevistas realizadas com as gestoras e educadores .................. 105

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 118

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 124

APÊNDICES:

A - Questionário ............................................................................................................. 127

B – Roteiro de Entrevista Semi-estruturada ................................................................. 129

C – Entrevista para Professores e Especialistas ........................................................ 130

D – Entrevista com uma Professora da Prefeitura de Guarulhos .............................. 131

E – Entrevista com uma Professora do segundo ano ................................................. 133

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APRESENTAÇÃO

Em sua jornada como educadora, gestora e política da cidade de Guarulhos a

autora deste trabalho, vivenciou a importância da construção coletiva de um Projeto

Político Pedagógico para a cidade de Guarulhos, que deve nortear a construção do

Projeto Político Pedagógico específico das unidades escolares, buscando a garantia

de ACESSO, PERMANÊNCIA E QUALIDADE na Educação Municipal.

No que diz respeito ao acesso, Guarulhos é um marco na história do país,

pois em pouco mais de uma década ampliou a acessibilidade em cerca de 479% . A

cidade, em 2001, contava com cerca de 24.000 alunos e através de um amplo

Programa de Construção de Escolas ampliou para 115.000 alunos até 2013.

Referente à permanência, a prefeitura de Guarulhos, a partir de 2001,

implantou o Programa de Alimentação Saudável com duas refeições, no mínimo,

para cada educando (café e almoço); o Programa de Transporte Escolar Gratuito

que atende aos educandos que residem a 2 quilômetros ou mais de distância da

escola, atendendo, hoje, cerca de 12.000 educandos; o Programa de distribuição de

uniformes, tênis e materiais escolares para todos os educandos da Rede.

Quando fala-se de qualidade há consciência da importância da inserção das

Tecnologias Digitais da Comunicação e Informação (TDIC) no ensino e

aprendizagem dos educandos. Há necessidade de democratizar e socializar estes

recursos a todos, independente da classe social, aos que as escolas públicas

tornam-se fundamentais.

Esta reflexão despertou o interesse em pesquisar como foi incorporado o uso

das TDIC na educação e na sala de aula, identificando onde, quais e como, os

conteúdos de matemática são desenvolvidos com o uso destas tecnologias.

Participaram dessa pesquisa 30 professores da Rede Municipal de Ensino e

conveniada de Guarulhos, 3 gestoras da Secretaria Municipal de Educação, 1

gestora pedagógica, 2 gestoras responsáveis pela tecnologia da Secretaria de

Educação e 2 professores doutores os quais tem grande conhecimento e atuação no

tema TDIC.

Foram aplicados questionários para os 30 professores da Rede com intuito de

traçar o perfil destes educadores. Observaram-se as práticas em sala de aula de 4

destes educadores e realizaram-se filmagens, observações e entrevistas em classe.

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As gestoras e os professores universitários foram entrevistados a fim de

aprofundar as pesquisas sobre os conceitos de aplicação das TDIC na educação.

Para tanto, este trabalho é estruturado em cinco capítulos, sendo fruto da

investigação sobre a Incorporação das Tecnologias Digitais da Informação e

Comunicação (TDIC) no Ensino e na Formação dos Professores da Prefeitura de

Guarulhos, em especial, dos que ensinam Matemática (do 1º ao 5º anos do Ciclo I).

Dessa maneira, encontra-se abaixo uma descrição introdutória de cada

capítulo:

1. CAPÍTULO - INTRODUÇÃO

Apresenta-se sucintamente a trajetória profissional dessa pesquisadora,

resgatada, a partir da vivência como educadora, gestora e política. Algumas

indagações e preocupações relacionadas à qualidade da educação pública,

especificamente no município de Guarulhos.

O tópico seguinte apresenta o objetivo da pesquisa, os procedimentos

metodológicos, os sujeitos participantes e a revisão e literatura.

2. CAPÍTULO - REFERENCIAL TEÓRICO

Utilizando as idéias dos autores que trabalham com a reflexão sobre a

Formação dos Professores, baseados na teoria do Conhecimento Pedagógico do

Conteúdo de Shulman e na teoria do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo

Tecnológico de Mishra e Koehler, assim como em autores que atuam na

implantação e incorporação das TDIC, realiza-se uma revisão bibliográfica sobre as

ações voltadas para a sua incorporação.

3. CAPÍTULO - TDIC E A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES DA REDE DE

GUARULHOS.

Este capítulo apresenta os princípios teóricos relacionados à tecnologia na

educação, formação dos professores e conhecimento profissional. Esses

fundamentam as análises dos dados referentes a pesquisa Tecnologias no Ensino

de Matemática e na Formação dos Professores do Município de Guarulhos (SP).

Este capítulo traz um olhar sobre a sistematização das Políticas Municipais

de Guarulhos dos últimos 13 anos, as quais deram início a um grande Programa de

Construção de Escolas, oferecendo assim, o acesso e implementação de diversos

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programas para garantia da permanência dos educandos na escola, iniciando

também a construção do Projeto Político Pedagógico da Cidade, que inclui um

Programa de Formação dos Educadores e as primeiras iniciativas de incorporar na

educação o uso das tecnologias digitais da informação e comunicação.

4. CAPÍTULO – PANORAMA DO CONTEXTO

Compreende a apresentação do perfil dos educadores da Prefeitura de

Guarulhos. Apresenta um olhar focalizado na escola, em especial nos professores

que ensinam matemática, bem como investiga como é feito o uso das Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação na prática pedagógica.

5. CAPÍTULO - ANÁLISE

Nesse capítulo, há análise de dados coletados por meio do referencial teórico

apresentado nos capítulos anteriores, deixando como contribuição para a cidade de

Guarulhos algumas sugestões e recomendações com intuito de contribuir na

melhoria da qualidade do ensino na cidade.

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1. CAPÍTULO

INTRODUÇÃO

Inicia-se apresentando sucintamente trajetória profissional dessa

pesquisadora, resgatada, a partir de sua vivência como educadora, gestora e

política. Algumas indagações e preocupações relacionadas à qualidade da

educação pública, especificamente no município de Guarulhos são colocadas.

O tópico seguinte apresenta o objetivo da pesquisa, os procedimentos

metodológicos, os sujeitos participantes e a revisão e literatura.

1.1 Trajetória

Na jornada como educadora e gestora da Cidade de Guarulhos, a

pesquisadora vivenciou a importância da formação dos sujeitos que educam. Como

vereadora, teve a oportunidade de assumir algumas comissões na Câmara

Municipal de Guarulhos, entre elas, a presidência da Comissão Permanente de

Educação e Cultura, e da Comissão de Justiça e Redação. Atuou como membro da

Comissão da Juventude, Comissão do Funcionalismo Público e a Coordenar a

Frente Parlamentar de Seguranças Alimentar e Nutricional, o que a deixou em

constante contato com os sujeitos do ambiente escolar e da comunidade em geral,

dialogando sempre com os pais, educadores e gestores da rede municipal de

Guarulhos.

Assim, compreendeu a importância da construção coletiva de um Projeto

Político Pedagógico para a cidade que norteará a construção do Projeto Político

Pedagógico específico de cada escola. Para tanto, consideram-se como principais

espaços de formação dos nossos educandos: a família e a escola. Na família,

destacam-se como sujeitos que educam: mães, pais, avós, entre outros que

interagem com as crianças em seu cotidiano. Na escola a figura central é o

professor, mas cozinheiras e demais funcionários da instituição também têm

interações significativas com os educandos em seu cotidiano.

A pesquisadora acompanhou o desenvolvimento da rede municipal de Ensino

de Guarulhos, que no ano 2001 contava com cerca de 24.000 (vinte e quatro mil

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alunos) e através de um grande programa de construção de escolas, após doze

anos ampliou seu acesso às vagas em cerca de 480 % (quatrocentos e oitenta por

cento), chegando, em 2013, ao universo de atendimento de 115.000 (cento e quinze

mil) educandos. Foram implantados importantes programas para garantia da

permanência da totalidade desses educandos na escola, e a pesquisadora atuou

como gestora dos Programas de Permanência por cerca de quatro anos sendo eles:

Alimentação Escolar, Transporte Escolar, Programa de Distribuição de Uniformes e

Material Escolar.

Abaixo, encontram-se as tabelas de educandos matriculados na Rede

Municipal de Guarulhos em 2013.

TABELA 1 - EDUCAÇÃO INFANTIL

Nº DE ALUNOS CRECHE PRÉ-ESCOLA TOTAL

PRÓPRIA 12.705 29.151 41.856

CONVENIADA 9.435 0 9.435

TOTAL 22.140 29.151 51.291

FONTE: SISTEMA DE GESTÃO ESCOLAR, 2013 DA SE

TABELA 2 - EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL

REDE

PRÓPRIA

TOT. FUND

12.156

10.896

9.867

10.005

9.984

52.908

FONTE: SISTEMA DE GESTÃO ESCOLAR, 2013 DA SE

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TABELA 3 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

CICLO I

CICLO II

CICLO III

CICLO IV

TOTAL

805

1.011

1.486

1.839

5.141

FONTE: SISTEMA DE GESTÃO ESCOLAR, 2013 DA SE

TABELA 4 - TOTAL GERAL

EDUCAÇÃO

PRÓPRIA

CONVENIADA

TOTAL

INFANTIL

41.856

9.435

51.291

FUNDAMENTAL

52.908

0

52.908

EJA

5.141

0

5.141

ESPECIAL

196

548

744

TOTAL

100.101

9.983

110.084

FONTE: SISTEMA DE GESTÃO ESCOLAR, 2013 DA SE

Considera-se tanto a ampliação do Acesso quanto a garantia da

Permanência, fatores fundamentais para uma boa educação em nossas cidades, em

nossos estados e em nosso país, mas não o suficiente para superarmos um dos

maiores desafios do poder público e da sociedade educadora do século XXI: elevar

a qualidade do ensino público nas escolas.

É possível elencar uma série de fatores a serem melhorados, tais como: a

valorização dos educadores através da melhoria de salários, planos de carreira,

trabalho em uma única rede de ensino, a redução da jornada de trabalho que hoje

chega a ultrapassar 40h semanais para os diversos educadores que acumulam

cargos, a redução do número de alunos por sala, a extensão da carga horária dos

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educandos nas escolas, a modernização e implantação de Tecnologias Digitais da

Informação e Comunicação, e a formação dos sujeitos que educam.

Porém, focalizando um parecer como professora de matemática do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio da escola pública, percebe-se as dificuldades que

os educandos têm de aprender matemática e que os professores de ensinar. Para

muitos, em sua visão, a matemática está além de sua capacidade. Observa-se a

falta de professores formados em matemática nas escolas públicas e as dificuldades

que os professores que ensinam essa disciplina possuem na compreensão dos

conceitos matemáticos. Essas colocações levaram a necessidade de pesquisar

melhor esta problemática com intuito de contribuir com estudos que possam ajudar

na reflexão sobre a formação dos educadores que ensinam matemática.

Essa pesquisa dedica-se a investigar e analisar como o professor de

matemática foi preparado para desenvolver suas práticas usando os recursos

Tecnológicos Digitais disponíveis nas escolas da Rede pública de Ensino do

Município de Guarulhos.

As questões norteadoras desta investigação são: O uso das tecnologias

ocorre de forma integrada aos conteúdos curriculares de matemática? Onde, quais e

como os conteúdos matemáticos são trabalhados com os recursos tecnológicos

digitais?

1.2 OBJETIVOS

Essa pesquisa tem por objetivo analisar como o professor que ensina

matemática na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, das escolas públicas

da Prefeitura de Guarulhos foi preparado para usar as Tecnologias Digitais da

Informação e Comunicação em sala de aula.

Mais especificamente, pretende-se compreender como foi incorporado o uso

de Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na prática escolar,

identificando quais e como os conteúdos de matemática são desenvolvidos com o

uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na prática escolar.

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1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Essa pesquisa de caráter qualitativo envolve a coleta de dados tanto

documentais, como diretamente em contato com escolas e os sujeitos da pesquisa.

Realiza-se análise de documentos oficiais disponíveis na Secretaria de

Educação da Prefeitura e na Câmara Municipal de Guarulhos, com a intenção de

obter informações relacionadas aos investimentos na incorporação das Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação no ensino, e na formação dos professores

que ensinam matemática nas escolas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental

I para que esses utilizem as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na

prática pedagógica.

A análise documental busca conhecer a estrutura do sistema em termos de

apoio dado às escolas na aquisição, disponibilização e viabilização de novas

tecnologias para rede.

A coleta direta com os sujeitos ocorreu nas escolas de Educação Infantil e

Ensino Fundamental I da Prefeitura de Guarulhos e da Rede Conveniada, com a

intenção de aprofundarmos o diagnóstico da formação do professor, envolvendo

professores que ensinam matemática, monitores dos laboratórios de informática,

gestores da Secretaria de Educação e pesquisadores da academia, como sujeitos

da pesquisa.

Na fase da coleta de dados, foi aplicado um questionário (anexo-1) para trinta

professores de quatro escolas, conforme o quadro 1 apresentado a seguir, com a

intenção de conhecer o perfil os professores que ensinam matemática. No período

da coleta, foram feitas algumas observações e registros das atividades de quatro

professores com a utilização de vídeos em sala de aula e laboratório de informática.

As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com três professores e

uma monitora de informática que atuam nas escolas mencionadas, três gestores da

Secretaria de Educação do município e dois especialistas em Tecnologia na

Educação da Universidade, conforme quadro 2 apresentado a seguir. A intenção em

ouvir tais profissionais é a de conhecer os olhares convergentes e divergentes a

partir das diferentes atuações sobre as questões relacionadas ao uso efetivo dos

recursos tecnológicos na prática escolar envolvendo os conteúdos de matemática.

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1.4 AMBIENTES E SUJEITOS DA PESQUISA

Segue o quadro 1 contendo o nome das escolas e o número de professores

que participaram da pesquisa respondendo o questionário. Sendo que, quatro deles,

foram acompanhados em sala de aula.

NOME DAS ESCOLAS Nº de PROFESSORES

EPG SOPHIA FANTAZZINI CECHINATO 10

EPG DORCELINA 07

EPG JEANETE BEAUCHAMP 05

EPG FUTURO DO MUNDO – MOTRIS 08

TOTAL 30

Quadro 1 – Escolas Pesquisadas

1.4.1 QUADRO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

O quadro 2 apresenta os sujeitos que participaram das entrevistas dessa

pesquisa. Organizamos os sujeitos em três grupos de acordo com sua atuação, de

modo que possam fornecer diferentes ângulos de visão vivenciados pela

pesquisadora: visão da Política, da Escola e da Academia.

SUJEITOS

FUNÇÃO

FORMAÇÃO

VISÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA

G1

Gestora do Departamento de

Orientações Educacionais e

Pedagógicas.

Graduação em

Pedagogia

G2

1ª Gestora do Departamento de

Planejamento de Informática da

Educação.

Doutora em

Educação

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G3

Gestora do Departamento de

Planejamento de Informática da

Educação.

Graduação em

Pedagogia

VISÃO ESCOLAR

PROFESSORA 1

Professora Ciclo I

Graduação em

Pedagogia

PROFESSORA 2

Professora Ciclo I e II

Graduação em

Pedagogia

PROFESSORA 3

Professora Ciclo I

Graduação em

Pedagogia

MONITORA

Monitora de informática

Ensino Médio

VISÃO ACADÊMICA

Dr. 1

Professor e Pesquisador

Universitário

DOUTOR

Dr. 2

Professor e Pesquisador

Universitário

DOUTOR

Quadro 02 –- Sujeitos entrevistados

Ressalta-se que os sujeitos da pesquisa representam diferentes olhares sobre

o processo de incorporação das TDIC na Educação.

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1.5 REVISÃO DE LITERATURA

As tecnologias têm provocado, ao longo da história, mudanças significativas

no comportamento humano. Logo, trazem também acentuadas mudanças sociais,

políticas e culturais. As redes sociais têm sido um instrumento poderoso de

mobilização de pessoas. Os recursos multimídias e o emprego das tecnologias

computacionais tem nos apresentado formas inovadoras de busca de informações e

aquisição do conhecimento.

A revolução tecnológica não é um evento atual. Almeida (2000) considera que

sua introdução ocorreu já no século XVI.

Na educação, as tecnologias vêm sendo introduzidas ao longo da história. A

primeira revolução tecnológica no aprendizado foi provocada por Comenius

(1592-1670), quando transformou o livro impresso em ferramenta de ensino

e aprendizagem, com a invenção da cartilha e do livro texto. Sua ideia era

utilizar esses instrumentos para viabilizar um novo currículo, voltado para a

democratização do ensino. (ALMEIDA, 2000, p.13).

A introdução de jogos, o uso da calculadora, o uso do computador e dos

demais recursos tecnológicos, embora já tenham ocorrido há algumas décadas, o

seu uso de forma sistemática no contexto da educação básica ainda é feito, muitas

vezes, de forma restrita. Entretanto, a disseminação dos computadores e da internet

acaba exigindo do atual sistema educacional a necessidade de inovar de modo a

propiciar novas formas de ensinar e de aprender; usando as potencialidades

tecnológicas para a formação dos estudantes que representam a geração que

atuará na sociedade do século XXI.

Diversos autores têm desenvolvido pesquisas sobre tecnologia na Educação

dentre eles, ALMEIDA (2000), destaca:

...informática não é característica fundamental de transformação

educacional, embora seja incitadora de mudanças a partir das reflexões que

provoca. Esse mesmo ponto de vista é apresentado por pensadores que se

dedicam a outros campos do conhecimento, como Dowbor (1994) e Drucker

(1993). Embora Drucker seja muito contundente ao afirmar que a tecnologia

está “engolindo as Escolas”, também enfatiza a importância de “repensar o

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papel a função da educação escolar – seu foco, sua finalidade, seus

valores... A tecnologia será importante, mas principalmente porque irá nos

forçar a fazer as coisas novas, e não porque irá permitir que façamos

melhor as coisas velhas” (1993, p.153).

A questão do uso da tecnologia por professores de matemática tem sido

pesquisada por vários autores (as) dentre eles (as) podemos citar Costa (2004) que

analisou o processo de formação desenvolvido no lócus escolar com educadores

das séries iniciais do Ensino Fundamental, visando responder quais são os fatores

significativos de um processo de formação de professores, na perspectiva da

mediação da aprendizagem, ao utilizar o computador para a construção de práticas

pedagógicas de Matemática?

A autora pôde concluir com o desenvolvimento de sua pesquisa que os

fatores são significativos para a formação do professor desenvolvida na escola e

desenhada para suas especificidades; onde deve ocorrer em um período contínuo e

prolongado de tempo, com parcerias entre universidade e escola para o

desenvolvimento da formação que é fundamental; o favorecimento da criação de

atividades e materiais didáticos diversos; a utilização da Informática integrada a

outros recursos, em todas as etapas do projeto de formação; ser constituído um

grupo colaborativo; a atuação dos sujeitos em diferentes funções e a reflexão

compartilhada sobre cada um dos papeis profissionais.

A pesquisa destaca que foi fundamental para o desenvolvimento profissional

que os professores desempenhassem os papéis de aprendiz, docente, formador e

pesquisador no grupo de trabalho colaborativo. Tal qualificação pôde ser observada

na ampliação do conhecimento matemático e estatístico, bem como na expansão

tanto das competências de uso do computador, quanto da autonomia, da postura

crítica e da prática de refletir sobre a docência, sobre o currículo e sobre o processo

de Ensino e de Aprendizagem.

Castro (2010) desenvolveu uma pesquisa qualitativa, onde investigou as

dificuldades de um grupo de professores de Matemática durante oficinas realizadas

no Observatório da Educação (UNIBAN), cuja proposta foi o desenvolvimento do

conceito de Funções Polinomiais do Segundo Grau com o uso integrado das

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDIC.

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Em sua pesquisa, Castro conclui que devem ser considerados os saberes

profissionais dos professores, como estes os mobilizam e os utilizam em diversos

contextos do trabalho do cotidiano. Também verificou que a inserção das TDIC foi

mais reveladora do que uma barreira, uma vez que a principal dificuldade

apresentada pelos professores participantes está relacionada à deficiência dos

saberes docentes discutidos por Shulman (1986), em especial o conhecimento

pedagógico do conceito matemático.

A autora Sardeiro (2010) investigou e analisou as facilidades e dificuldades de

professores do ensino básico na utilização da tecnologia em sua aula de

matemática. Participaram da pesquisa três professores, a pesquisadora de uma

escola estadual e um professor de uma escola particular da Capital de São Paulo.

Para análise, a pesquisadora utilizou os argumentos produzidos pelos

professores enquanto falavam sobre suas aulas. Para estimular a discussão foi

utilizada a análise de gráficos cartesianos que expressam movimento. Foram

realizados sete encontros e foram gravados os diálogos realizados em seis deles,

transcritos e organizados.

Como referencial teórico utilizou a teoria do Modelo de Estratégia

Argumentativa (MEA) para análise dos discursos, dos argumentos explícitos e

implícitos. Dentre os resultados encontrados, Sardeiro destacou a falta de tempo e

insegurança como os principais fatores apontados pelos professores pesquisados

para não utilizarem tecnologia nas suas aulas de matemática.

Para Almeida (2000, p.19), informática na Educação é um novo domínio da

ciência que em seu próprio conceito traz embutida a ideia de pluralidade, de inter-

relação e de intercâmbio crítico entre saberes e idéias desenvolvidas por diferentes

pensadores.

Na perspectiva de estudar esse novo domínio e diagnosticar se existem

mudanças com relação ao sistema educacional, vamos pensar no papel do

professor e na eminente necessidade que ele tem de apropriação dos novos

recursos tecnológicos a serem utilizados como recursos pedagógicos, remetendo-

nos a refletir antes sobre algumas questões: O que ensinar? Como ensinar

Matemática integrando os recursos tecnológicos? Quando ensinar? Qual o papel de

quem ensina? Quais objetivos de aprendizagem foram alcançados pelos

educandos?

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Essas questões evidenciam a ideia de que a escola, o professor e os recursos

tecnológicos devem ser agentes que oferecem condições de aprendizagem para os

educandos, onde o educando atua como sujeito da aprendizagem e o professor e os

recursos tecnológicos, como mediadores do conhecimento.

Considerando que a informática na Educação Matemática tem sido um tema

relevante nas pesquisas acadêmicas da atualidade, que os governos têm investido

na informatização das escolas públicas, que a disciplina de matemática tem sido

reconhecida pela sociedade como importante no desenvolvimento dos educandos,

que a cada dia os educadores e educandos vêm enfrentando as limitações

causadas por uma visão mecanicista do ensino de matemática ao longo da história e

que temos tido vultosas transformações culturais com o uso das Tecnologias Digitais

da Informação e Comunicação em nossa sociedade.

Dessa forma, essa pesquisa nos instiga a buscar e compreender como o

professor que ensina matemática na Educação Infantil e Fundamental I das escolas

públicas da Prefeitura de Guarulhos e Rede Conveniada, vem organizando a

incorporação das TDIC no Ensino de Matemática e como tem se dado a formação

dos professores e a aquisição da mesma, para contribuir com a prática docente? As

tecnologias têm sido vistas como política pública em nossa cidade? Essas são

questões que buscaremos compreender neste trabalho.

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2. CAPÍTULO

REFERENCIAL TEÓRICO

Utilizando as ideias dos autores que trabalham com a reflexão a respeito da

Formação dos Professores, baseados na teoria do Conhecimento Pedagógico do

Conteúdo de Shulman e na teoria do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo

Tecnológico de Mishra e Koehler, assim como com autores que atuam na

implantação e incorporação das TDIC; realizou-se revisão bibliográfica sobre as

ações voltadas para a sua incorporação

2.1 AS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Com a criação dos microcomputadores e das Tecnologias Digitais da

Informação e Comunicação, entre elas: calculadoras, telefones, câmeras, relógios e

diversos recursos digitais que têm evoluído cada vez mais, a vida da humanidade

tomou novas proporções.

Nos anos 60, foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores do

Massachusetts Institute of Tecnology (MIT – USA), liderado por Seymour Papert,

uma nova linguagem de Programação, o LOGO, criado com base em princípios

educacionais distintos da visão reprodutora e mecanicista do ensino.

Na década de 70, iniciou-se no Brasil o uso das “calculadoras de bolso”,

compostas por funções mais simples como o cálculo das quatro operações ou, no

máximo, das raízes quadradas. Apesar de serem denominadas “calculadoras de

bolso”, as máquinas eram grandes e pesadas. Nessa época, alguns educadores

matemáticos se posicionavam veementemente contra o uso das calculadoras e dos

computadores nas escolas, enquanto que outros defendiam e argumentavam sobre

a necessidade de renovarem-se as práticas de ensino, incluindo as potencialidades

das tecnologias. Dentre tais educadores, destacamos as idéias de D’Ambrosio

(1990) sobre a importância da utilização das tecnologias, uma vez que as mesmas

estão presentes na sociedade atual.

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Creio que um dos maiores males que a escola pratica é tomar a atitude de

que computadores, calculadoras e coisas do gênero não são para as

escolas dos pobres. Ao contrário: uma escola de classe pobre necessita

expor seus alunos a esses equipamentos que estarão presentes em todo o

mercado de futuro imediato. Se uma criança de classe pobre não vê na

escola um computador, como jamais terá oportunidade de manejá-lo em

sua casa, estará condenada a aceitar os piores empregos que se lhe

ofereçam. Nem mesmo estará capacitada para trabalhar como um caixa

num grande magazine ou num banco. É inacreditável que a Educação

Matemática ignore isso. Ignorar a presença de computadores e calculadoras

é condenar os estudantes a uma subordinação total a subempregos.

(D’AMBROSIO, 1990, p.17).

Foi em meados dos anos 70 que D’Ambrosio, como pesquisador e diretor do

Instituto de Matemática Estatística e Ciência da Computação (IMECC) da UNICAMP,

recebeu a visita de Seymour Papert e Marvin Minsky, ambos os pesquisadores do

MIT Media Lab de Massachusetts (EUA). Esses apresentaram aos docentes e

pesquisadores da UNICAMP de diversas áreas1 do conhecimento os princípios

educacionais que nortearam a criação da Linguagem de Programação

Computacional LOGO.

A Linguagem de Programação LOGO e a disseminação de seu uso nas

escolas do Brasil, aconteceu nas décadas de 80 e 90 e foi um marco importante

para repensar os princípios metodológicos utilizados nas escolas, assim como para

o desenvolvimento de pesquisas na área de Informática voltadas para a educação.

Nessa época, o desenvolvimento de softwares nacionais ainda era muito

restrito, e a Linguagem de Programação LOGO, principalmente por ter sido

criada com bases em princípios educacionais distintos da visão mecanicista

e reprodutora do sistema de ensino, instigava os educadores a se

aproximarem da tecnologia. (PRADO, 2008, p.55).

Os princípios educacionais que orientam o desenvolvimento a

implementação da linguagem de programação LOGO caracterizam uma

1 Matemática, Computação, Educação, Lingüística e Antropologia

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nova abordagem pedagógica denominada construcionismo.

(PAPERT,1994).

Papert influenciou diversos de nossos pesquisadores e educadores

brasileiros, escreveu seu nome na história da Informática na Educação, através da

criação da linguagem de Programação LOGO. Essa, caracterizou, segundo Prado

(2003; 2008), uma nova abordagem pedagógica construcionista baseada na

Psicologia Genética de Piaget e na Pedagogia Desenvolvimentista.

O construcionismo é uma forma de conceber e utilizar as tecnologias de

informação e comunicação na educação que envolve o aluno, as

tecnologias, o professor e os demais recursos disponíveis e todas as inter-

relações que se estabelecem constituindo um ambiente de aprendizagem

que propicia o desenvolvimento da autonomia do aluno, não direcionando a

sua ação, mas auxiliando-o na construção de conhecimentos por meio de

explorações, experimentações e descobertas (ALMEIDA, 2005, p.64).

Essa abordagem pauta-se em princípios da Psicologia Genética de Piaget e

a Pedagogia Desenvolvimentista. Em relação à teoria da Psicologia Genética de

Piaget, o construcionismo tem como característica fundamental o desenvolvimento

cognitivo, o qual pode ser concebido como um processo de construção e

reconstrução das estruturas mentais, onde os sujeitos constroem e reconstroem o

conhecimento por meio dos processos fundamentais da inteligência definidos por

Piaget como a Assimilação (refere-se à ação do sujeito sobre o objeto, ou seja,

aquela ação em que o sujeito atua sobre o objeto e o transforma pela integração de

elementos do objeto, as estruturas existentes) e a Acomodação (refere-se à

transformação que os elementos assimilados podem provocar em um esquema ou

em uma estrutura do sujeito). (PIAGET, 1977).

Em relação à Pedagogia Desenvolvimentista, Papert integrou na abordagem

construcionista os princípios educacionais defendidos por Dewey, que formulou um

novo ideal pedagógico ao defender o ensino pela ação, pelo princípio “aprender-

fazendo”. Essa pedagogia centrada no aluno enfatiza a importância de respeitar-se a

sua liberdade e o seu interesse, bem como sua experiência concreta da vida.

Segundo o princípio da continuidade, da teoria de Dewey (1979), uma nova

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experiência é construída a partir de experiências anteriores; isso significa que um

indivíduo constrói o novo conhecimento estabelecendo conexões com

conhecimentos adquiridos no passado. (PRADO, 2008 p.57).

Ao longo da história, diversos pesquisadores brasileiros dedicaram-se a

estudar e trabalhar na formação dos professores para o uso das tecnologias nas

escolas, sendo implantadas diversas ações por parte do governo federal

relacionadas ao tema. Abaixo veem-se trechos da reflexão de alguns destes

autores:

Para D’ Ambrosio, ainda há casos em que ao ir à escola, a criança entra em

um mundo no qual o digital não é acessível e muitas vezes nem está presente.

Assim, a educação deve ser reconceituada: “Penso a educação por meio de dois

objetivos maiores: dar a oportunidade para que todos desenvolvam seu potencial

criativo e preparar as novas gerações para o exercício pleno da cidadania”.

Para Freire (1996, p.61), o homem começa a reconhecer, a partir dos anos

1980, a relação com um novo elemento da cultura – o computador – nas várias

instâncias da sociedade. Mais particularmente, enfatizando o escopo deste estudo, o

professor se depara com o computador e, portanto, com um novo desafio: integrá-lo

ao seu trabalho pedagógico. Freire foi um dos principais incentivadores da

implantação do uso dos computadores nas escolas municipais de São Paulo, no

período de 1989 a 1993. Nesse momento da história da Informática na Educação, a

equipe de pesquisadores da UNICAMP, coordenada pelo Prof. Dr. José Armando

Valente, desenvolveu a formação dos professores da rede municipal e acompanhou

o processo de implantação dos computadores; especificamente, com o uso da

linguagem de programação LOGO nas escolas.

De fato, historicamente, o Prof. Dr. José Armando Valente, que estudou com

Papert, teve e ainda tem uma forte influência tanto nas pesquisas como nas políticas

públicas de implantação de tecnologias nas escolas de educação básica do país.

Valente (1999; 2002), com base na atividade de programação LOGO,

desenvolveu um modelo explicativo do processo reflexivo que se dá por meio do

ciclo “Descrição – Execução – Reflexão – Depuração - (nova) Descrição” que é

estabelecida na interação do sujeito com o computador durante uma atividade de

programação, quando o sujeito interage com o computador para resolver

determinado problema.

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Na programação, o sujeito descreve, via comandos da linguagem

computacional, a resolução do problema para o computador (descrição) e o

computador executa de imediato os comandos na tela (execução). O sujeito pode

confrontar aquilo que pensou e descreveu com o resultado na tela do computador.

Se o resultado for o esperado, o ciclo pode continuar sem necessariamente provocar

a reflexão, mas se o resultado for diferente do esperado, o sujeito (espontaneamente

ou com a mediação do professor) passa a refletir sobre a descrição da resolução do

problema, ato que envolve a aplicação de conceitos e estratégias (reflexão).

Nesse momento é crucial ter a presença do professor como mediador do

processo de aprendizagem do aluno, isto porque a reflexão instiga a busca de novas

compreensões, as quais propiciam a reformulação (depuração) das ideias iniciais do

aluno e, seguidamente, proporcionam a nova descrição. Esse ciclo, segundo Valente

(1999), ocorre no processo de programação, porém pode também se dar quando o

aluno utiliza outros softwares, tais como: Geogebra, Winplot, sistemas de autoria,

editores de texto, de desenho, entre outros.

Entretanto, o autor aponta que a diferença está na facilidade ou não de cada

software em propiciar ao aluno a oportunidade de vivenciar a realização do ciclo.

Ter esse conhecimento é fundamental para o professor desenvolver sua mediação

pedagógica no momento em que o aluno interage com o computador, para que ele

possa fazer uso das TDIC para construção do conhecimento.

Prado (2008, p.60) salienta que na abordagem construcionista, os princípios

psicológicos e pedagógicos, tais como o aprender fazendo, a aprendizagem

significativa e reflexiva, a afetividade e a interação, foram ressignificados pós Papert

e integrados ao contexto computacional.

Retomando os aspectos marcantes da história da informática na educação,

cabe ressaltar que na década de 70 foi criada a Secretaria Especial da Informática –

SEI, com objetivo de pensar ações e gerenciar normas e diretrizes para área da

informática na educação. Por essa razão, podemos considerar o uso do computador

nas escolas brasileiras como estudo de uma Ciência recente, enquanto política

pública iniciou-se, mais especificamente, em 1985 através de um projeto piloto

denominado EDUCOM. Esse projeto desenvolveu-se em cinco Universidades

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Públicas Brasileiras1 objetivando o desenvolvimento de pesquisas e de metodologias

para o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) na

educação básica brasileira.

No final da década de 80 e início dos anos 90, o Governo Federal criou o

PRONINFE – Programa Nacional de Informática na Educação, vinculado ao

Ministério da Educação – MEC. Uma das missões do PRONINFE foi de conceber e

desenvolver o Projeto FORMAR voltado para preparar técnica e pedagogicamente

educadores e técnicos de todos os estados do país. Essa preparação ocorreu por

meio de cursos de especialização em informática na educação realizados em

parceria MEC e instituições públicas (universidades e escolas técnicas federais) 2.

Nessa formação, participava a dupla de técnico e educador, representativo de

cada estado do território nacional. Esses tinham como tarefa, após o término do

curso, retornar aos locais de origem, para juntos aos órgãos públicos Secretarias de

Estado e/ou Universidades Federais, implantar os Centros de Informática na

Educação (CIED). Assim, os CIED, com apoio político local e em parceria com o

MEC, constituíram suas equipes de profissionais para acompanhar o processo de

implantação dos laboratórios de informática nas escolas de educação básica, bem

como a preparação dos professores para fazer uso dos recursos tecnológicos junto

aos alunos.

Algumas escolas conseguiram consolidar experiências interessantes com o

uso das TDIC, mas de forma restrita e pontual. Outras nem tiveram condições de

conhecer essa tecnologia; e, ainda nesse processo, havia escolas que estavam

apenas iniciando implantação dos laboratórios e a formação dos professores,

quando foram “atropeladas” pelo rápido avanço das tecnologias.

1 � Universidade Estadual de Campinas (NIED-UNICAMP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LEC-UFGRS), Universidade Federal de Minas Gerais UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

2O primeiro curso (1987) e o segundo (1989) foram realizados na UNICAMP; o terceiro (1991) na Escola Técnica Federal de Goiânia e o quarto (1993) na Escola Técnica de Sergipe (Valente,1999).

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De fato, na década de 90, surgiram muitas inovações tecnológicas: o sistema

Windows, multimídias, novos softwares e sistemas de autoria, e, no final da dessa

década, a Internet. A consequência desse avanço foi a ampliação das demandas

educacionais, provocando novos desafios para a comunidade escolar e também

para o delineamento das políticas públicas das secretarias de educação dos

estados.

No final dos anos 90, o governo federal criou o PROINFO, vinculado a SEED

– Secretaria de Educação à Distância, com o intuito de disseminar o uso pedagógico

da informática na rede pública do ensino fundamental e médio, em parceria com as

Secretarias de Educação dos Estados e Municípios.

O PROINFO intensificou as instalações de novos equipamentos nas escolas

da educação básica em várias regiões do país e, para dar apoio às escolas, foram

criados os Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) nos estados e em vários

municípios. Para que os profissionais pudessem preparar as equipes das escolas

para o uso dos novos recursos tecnológicos foram criadas várias alternativas de

cursos de formação. Nessa época, também começaram a ser desenvolvidos os

Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), sendo esses gratuitos, como o TelEduc

(pela UNICAMP) e o e-Proinfo (pelo MEC), propiciando ampliar o tempo e os

espaços de formação de educadores dos NTE. Um dos cursos que teve e ainda tem

abrangência nacional é o “Mídias na Educação” 1 da SEED-MEC que passou a ser o

Programa Mídias na Educação da CAPES. Outras iniciativas de formação também

foram implementadas neste período com a criação do Programa “Proinfo Integrado”,

constituído por três cursos: Introdução à Educação Digital (40h); Tecnologias na

Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h) e Elaboração de Projetos

(40h). Esses programas de formação enfatizam o uso didático e pedagógico das

TDIC no cotidiano escolar, procurando articular os conteúdos e recursos multimídia

e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo

Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais.

1 Para saber mais: http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=681&id=12333&option=com_content&view=article (acesso em 01/06/2013).

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37

Os Programas Mídias na Educação e o Proinfo Integrado continuam em

desenvolvimento, atendendo às demandas das várias regiões do país. No entanto,

como já mencionado, os avanços tecnológicos caminham rapidamente e, eis que em

2007, surgiu um novo cenário na educação: o Projeto UCA – Um Computador por

Aluno.

O Projeto UCA originou-se da ação conjunta entre Presidência da República e

o Ministério da Educação, lançando o Projeto UCA – Um Computador por Aluno,

especialmente para alunos oriundos das camadas populares, com objetivo de

promover a inclusão e democratizar o uso das Tecnologias Digitais da Informação e

Comunicação (TDIC) nas salas de aula das escolas públicas.

Esse projeto teve uma fase de implantação, pré-piloto, que envolveu cinco

escolas, localizadas em diferentes estados, com a intenção de desenvolver ações

formativas, metodologias e pesquisas que pudessem subsidiar os próximos passos

dessa nova configuração de sala de aula: o laptop com acesso a internet nas mãos

de cada aluno.

Na fase pré-piloto foram realizados estudos e pesquisas nas escolas

participantes, como por exemplo, a PUC-SP, que orientou uma escola localizada na

cidade de Palmas (TO) e inspirou as autoras (Almeida; Prado, 2011) na publicação

do livro “O Computador Portátil na Escola”. Essa fase do Projeto UCA, a partir de

2010, foi expandida para 300 escolas representativas de todos os estados do país,

caracterizando um novo momento de estudos e pesquisas envolvendo universidades

e secretarias de educação dos estados e municípios. Um exemplo é a USP-SP que

acompanha algumas escolas na cidade de São Paulo e uma escola pública do

município de Guarulhos.

Percebe-se que no projeto UCA – os espaços da sala de aula foram

reorganizados considerando a chegada dos laptops na escola, o que contribuiu para

reorganização da infraestrutura do ambiente escolar com o processo de formação de

professores e com a inovação do desenvolvimento do currículo, dessa forma,

estabeleceu novas relações entre alunos-professor, alunos-alunos, alunos-monitores

de informática, em alguns casos, e a própria relação da escola com a comunidade.

No entanto, cabe ressaltar que o Projeto UCA teve em sua proposta de

implantação a assessoria de grupos de especialistas da área de várias

universidades, que definiram as novas diretrizes de utilização das TDIC com os

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laptops educacionais e elaboraram o Projeto “Formação Brasil”1 voltado para

preparar professores e gestores das escolas participantes.

O Projeto UCA continua sendo implantado com novas características de

parcerias, pois a partir de 2012, o governo federal abriu uma possibilidade para

apoiar as Secretarias de Educação dos municípios e dos estados interessadas na

implantação dos laptops nas escolas, por meio do Programa denominado de

PROUCA. Diante dessa breve retrospectiva da trajetória das Tecnologias na

Educação até os dias atuais, é possível perceber que existe um descompasso entre

a rapidez dos avanços das tecnologias e o processo educacional, que envolve vários

aspectos: político, econômico, infraestrutura e formação. Desses, embora devam ser

vistos de forma inter-relacionada, focalizar-se-á, nesse estudo, a formação de

professores.

2.2 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES COMO POLÍTICA PÚBLICA

A prática pedagógica efetiva e de qualidade exige um professor bem

preparado para trabalhar com os alunos e lidar com as demandas que surgem no

cotidiano da escola. Por esta razão, é preciso entender que a formação não acaba

ao término de curso de graduação, quando, no caso do professor, há a legitimação

para assumir a docência. O aprendizado de qualquer profissional deve ocorrer ao

longo da vida, ou seja, deve fazer parte da sua trajetória. Isto significa que a

formação do professor precisa ser contínua, principalmente se considerarmos as

inovações científicas da sociedade atual.

A formação continuada deve propiciar aos professores o desenvolvimento de

ações reflexivas e investigativas sobre sua prática, contribuindo para sua

qualificação profissional. Segundo LIBÂNEO (2004):

1 Para saber mais: http://styx.nied.unicamp.br/ucanaunicamp/producao-materiais/cenarios-praticas/materiais-cursos-parceiros-uca-unicamp/curso-formacao-brasil-2013-links-dos-modulos-atualizacao-20-05-2011 (acesso em 01/06/2013).

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O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a formação

inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de conhecimentos teóricos e

práticos destinados à formação profissional, completados por estágios. A

formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o

aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de

trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além

do exercício profissional. (p.227).

Para tanto, é preciso ter consciência de que a formação não acaba com a

formatura, mas sim terá de fazer parte de toda a trajetória profissional, visto que a

escola é uma instituição social, que além de formar o cidadão forma o profissional do

futuro, sendo, então, inegável a responsabilidade do professor em acompanhar as

mudanças, manter- se informado e atualizado.

A formação continuada, portanto, vem a ser mais um suporte para o professor

exercer sua função com qualidade, otimizando os momentos com os alunos e sem

eles, no planejamento de suas aulas; assim estes momentos terão um só objetivo: o

aprendizado. Essa qualidade, entendida no sentido de “promover para todos os

domínios dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e

afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos

alunos” (LIBÂNEO et al, 2005, p.117).

Outro aspecto importante da formação continuada refere-se a potencializar o

professor a atuar de forma reflexiva e crítica na sua prática, de modo que possa

buscar por novos saberes e conhecimentos, superando dificuldades e encorajando-

se para enfrentar novos desafios de aprendizagens diante das inovações. “O

aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa,

como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”.

(NÓVOA, 2002, p.23).

A aprendizagem/formação profissional permanente impulsiona o

desenvolvimento do pensamento e ações reflexivas e investigativas sobre a própria

prática pedagógica. Vivenciando esse processo, o professor poderá avaliar e tomar

consciência da necessidade de aperfeiçoamento para melhorar seu ensino, assim

como, desenvolver competências para atuar usando os novos recursos tecnológicos

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disponíveis nas escolas. O professor tem papel fundamental, pois “podemos ter

todas as teorias, mas se não tivermos professores extraordinariamente bem

formados, não conseguimos assegurar a qualidade de ensino” (NÓVOA, 2005,

s/nº).1

Portanto, é fundamental que na sociedade da informação e

comunicação o professor tenha a consciência de que a sua vida profissional tem que

ser uma construção dinâmica e que além de saber ensinar ele deverá saber sobre o

que ensina e como poderá fazê-lo da melhor forma para desenvolver em seus

alunos, as competências necessárias para formação de cidadãos ativos. Para isto,

as politicas públicas devem viabilizar os Programas de formação continuada, uma

vez que podem

[…] possibilitar a refletividade e a mudança nas práticas docentes, ajudando

os professores a tomarem consciência das suas dificuldades,

compreendendo-as e elaborando formas de enfrentá-las. De fato, não basta

saber sobre as dificuldades da profissão, é preciso refletir sobre elas e

buscar soluções, de preferência, mediante ações coletivas”. (LIBÂNEO,

2004, p.227).

O papel do professor torna-se cada vez mais complexo diante dos avanços

das tecnologias e das características da sociedade atual. Particularmente, uma

questão preocupante diz respeito ao professor das séries/anos iniciais, que

geralmente são formados em Pedagogia para atuar como polivalentes, ou seja, para

lidar com as diferentes áreas do conhecimento e mais recentemente para integrá-las

com o uso dos recursos das TDIC.

Diante dessa situação e considerando o objetivo dessa pesquisa que volta-se

o olhar para o professor que ensina matemática nas séries/anos iniciais procurando

compreender como foi preparado para utilizar as TDIC na prática escolar. O próximo

tópico enfatiza algumas questões relacionadas ao conhecimento profissional do

professor.

1Entrevista de Antonio Nóvoa. Folha online em 24/06/205. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/educacao/te2406200505.shtml (acesso em 20/04/2013)

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Assim, Perrenoud (1999) afirma que: “a reflexão possibilita transformar o mal-

estar, a revolta, o desânimo, em problemas, os quais podem ser diagnosticados e

até resolvidos com mais consciência, com mais método.” Ou seja, uma prática

reflexiva nas reuniões pedagógicas, nas entrevistas com a coordenação pedagógica,

nos cursos de aperfeiçoamento, nos conselhos de classe etc. levam a uma relação

ativa e não queixosa com os problemas e dificuldades.

Desta feita, a formação continuada efetiva e de qualidade contribui para que

os professores sejam bem preparados, atualizados, críticos e reflexivos.

Profissionais que buscam novos conhecimentos e façam a articulação entre a teoria

e a prática possibilitando, assim, uma educação de qualidade e para todos.

2.3 O CONHECIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR

É fundamental entender o que o professor precisa saber para ensinar, de

forma que o aluno possa aprender e desenvolver-se integralmente. Shulman (1986)

discute as bases do conhecimento profissional do professor e as organiza em três

categorias de conhecimentos necessários à docência: conhecimento do conteúdo

específico, conhecimento pedagógico geral e conhecimento curricular.

Posteriormente, Sztajn (2002) incluiu mais uma categoria denominada

conhecimento pedagógico do conteúdo. Esta última categoria significa, por

exemplo, que para ensinar matemática, o professor precisa compreender o conteúdo

e saber transformá-lo em algo pedagogicamente viável para ser ensinado para os

alunos.

Shulman (1986) trabalhou a ideia de que o ensino deve enfatizar a

compreensão, o raciocínio, a transformação e reflexão; para tanto, requer do

professor tanto o conhecimento do conteúdo especifico como as habilidades

pedagógicas. “O ensino necessariamente começa com entendimento do

professor sobre o que deve ser ensinado e como deve ser ensinado”.

Nesse sentido, o autor destaca os conhecimentos necessários do

profissional da pratica educativa:

- Conhecimento de Conteúdo específico;

- Conhecimento Pedagógico Geral: referente aos princípios e estratégias

utilizados na sala de aula e na interação com os alunos. Nessa categoria,

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inclui o conhecimento sobre os alunos e suas características (aspectos

cognitivos, afetivos e sócios culturais);

- Conhecimento do contexto educacional e dos propósitos e valores com base

filosófica e histórica;

- Conhecimento de Currículo: referente ao entendimento dos materiais e

programas que servem de ferramenta de trabalho para o professor;

- Conhecimento Pedagógico do Conteúdo: que traz uma mistura especial

entre conteúdo e pedagogia.

Shulman (1986) estabeleceu a importância da intersecção entre a Pedagogia

(P), o Conteúdo (C) constituinte do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK),

conforme representado na figura 1 abaixo:

Figura 01 – Modelo PCK de Shulman

O Conhecimento do Conteúdo Pedagógico é de especial interesse porque

este identifica os distintos corpos de conhecimentos de ensino. Ele

representa a mistura de conteúdo e pedagogia dentro de um entendimento

de como tópicos particulares, problemas ou questões são organizados,

representados e adaptados para os diferentes interesses e habilidades dos

alunos e apresentados para instrução. O conhecimento de conteúdos

pedagógicos é a categoria que tende mais para distinguir o entendimento do

especialista em conteúdo, daquele do pedagógico que vai ensinar o

conteúdo. (SHULMAN, 1986).

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Com base nas formulações de Shulman sobre o “Conhecimento Pedagógico

do Conteúdo” (PCK), outros dois autores Mishra e Koehler (2006) propuseram uma

estrutura conceitual para tecnologia educacional, que vem contribuir para

fundamentação teórica dessa pesquisa. Os autores ampliam o “Conhecimento

Pedagógico do Conteúdo” (PCK) de Shulman, para “Conhecimento Pedagógico

Tecnológico do Conteúdo” (TPACK), onde o professor integrará a tecnologia ao

conteúdo e a pedagogia, conforme a figura 2.

P

P C C

K

TPACK

TPK TCK

T

Figura 2- Modelo TPACK- Mishra e Koehler

CK- Conhecimento Pedagógico do Conteúdo;

TPK- Conhecimento Pedagógico Tecnológicos

TCK- Tecnológico do Conteúdo

TPACK- Conhecimento Pedagógico Tecnológico do Conteúdo

(Mishra e Koehler, 2006).

O trabalho desenvolvido por Mishra e Koehler (2006) buscou capturar

algumas das qualidades essenciais do conhecimento do professor necessárias para

a integração da tecnologia ao ensino. Os autores acreditam que a estrutura TPACK

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pode orientar o desenvolvimento curricular na área de formação dos professores e

em seu desenvolvimento profissional em torno da tecnologia.

Em nossa pesquisa fica clara a necessidade da utilização da estrutura

apresentada pelos teóricos na prática de sala de aula e para isso precisamos

fortalecer esta discussão em torno da formação dos educadores.

Embora constatado que boa parte dos educadores pesquisados ainda não se

apropriaram, ou se apropriaram parcialmente dos recursos tecnológicos disponíveis

na rede, alguns por medo de mudança, outros por falta de formação que lhes dê

segurança para utilizá-los, e outros ainda, por falta de estrutura adequada e suporte.

Porém, percebe-se que de alguma maneira todos utilizam, em sua vida diária, as

TDIC e têm consciência de que as tecnologias vieram para ficar.

Nesta pesquisa, fica evidente, inclusive nos fundamentando na estrutura

TPACK, que os educadores de Guarulhos precisam ir além de simplesmente

aprender a utilizar os equipamentos e softwares disponíveis na rede, terão que

aprender a integrar o conhecimento da tecnologia ao conhecimento pedagógico e o

conhecimento do conteúdo.

Para tanto, é preciso que haja compreensão política de que a tecnologia veio

para ficar, que não está pronta e acaba, estará sempre em constante movimento;

sendo necessária a renovação de recursos tecnológicos pelo menos a cada dois

anos e constante formação dos educadores.

Lembra-se sempre que o ato de ensinar é complexo e deve estar integrado a

diversos tipos de conhecimentos pedagógicos, tecnológicos e dos conteúdos.

2.4 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E AS TECNOLOGIAS

DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.

As tecnologias digitais da informação e comunicação estão provocando

enorme mudança na educação, trazendo novas práticas para o processo ensino-

aprendizagem e consequentemente na relação professor-aluno.

O computador e a internet facilitam a pesquisa e o estudo de forma atrativa e

interativa, sendo um recurso envolvente para os alunos que curiosos sentem-se

entusiasmados em utilizar computadores, fazer novas descobertas, tendo a

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informática, o poder de entreter até mesmo os alunos que apresentam dificuldades

de atenção e comunicação.

O uso das tecnologias digitais da informação e comunicação na educação

tem como objetivo promover a aprendizagem em um processo que envolva o aluno,

o professor, os recursos disponíveis, a escola e seu entorno, envolvendo a todos em

um processo efetivo de interação e aprendizagem.

Para que a interação entre estes elementos ocorra e proporcione o

“desenvolvimento da autonomia, da criatividade e criticidade do aluno, bem como a

construção de conhecimentos de distintas áreas do saber” (Almeida, 2002, p.39), é

necessário criar um ambiente de uso das tecnologias buscando a articulação entre

recursos tecnológicos e aprendizagem significativa.

As tecnologias a serem usadas na escola precisam ser “selecionadas

segundo a intencionalidade e os objetivos da atividade.” (Almeida, 2002, p39). Para

tanto, o professor precisa saber as características da tecnologia a ser utilizada para

conseguir fazer o uso efetivo desta, proporcionando um processo de ensino-

aprendizagem efetivo. Assim, conforme ALMEIDA (2002, p. 39):

No entanto, caso o professor não conheça as características,

potencialidades e limitações da tecnologia em uso, ele poderá desperdiçar a

oportunidade de promover um desenvolvimento mais poderoso do aluno.

Isto porque para questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a produzir

conhecimento com o uso das tecnologias, o professor precisa saber o que

os recurso disponíveis oferecem em termos de suas principais ferramentas

e estruturas.

O professor precisa fazer a integração entre a área tecnológica, pedagógica e

teórica da aula para que o uso do computador seja efetivo na aprendizagem. Ele

precisa ter domínio das tecnologias, das práticas e teorias educacionais para que

consiga identificar quais os melhores mecanismos, como programas, jogos, internet

etc. deverão ser usados em cada aula, dependendo do objetivo e do conteúdo dela.

No entanto, para que o professor tenha este domínio tecnológico, pedagógico

e teórico é necessário um processo de formação continuada que favoreça esta nova

prática pedagógica. Conforme ALMEIDA (2002, p. 39.):

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Este triplo domínio em termos tecnológicos, teórico-educacionais e

pedagógicos é adquirido em um processo de formação continuada no qual o

professor tem a oportunidade de desenvolver explorações das tecnologias,

analisar suas potencialidades, refletir com o grupo em formação sobre as

possibilidades de aplicação em atividades de sala de aula junto os seus

alunos, buscando teorias que favoreçam a compreensão dessa nova prática

pedagógica.

Assim, o professor conseguirá atuar “como mediador, facilitador, incentivador,

investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e

grupal.” (ALMEIDA, 2002 p. 38). Colocando-se como parceiro dos alunos e

possibilitando que os alunos construam o conhecimento explorando, navegando e se

envolvendo com os recursos tecnológicos.

O uso da tecnologia e a formação do professor para atuar na educação

básica é uma temática complexa, porque envolve a integração de diversos tipos de

conhecimentos, desde lidar com uma situação real da escola até a reconstrução da

prática pedagógica.

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3. CAPÍTULO

TDIC E A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES DA REDE DE GUARULHOS

Este capítulo traz um olhar sobre a sistematização das Políticas Municipais de

Guarulhos dos últimos 13 anos, onde se deu início a um grande programa de

construção de escolas, oferecendo assim, o acesso e implementando diversos

programas para garantia da permanência dos educandos na escola, iniciando

também a construção do Projeto Político Pedagógico da Cidade, que inclui um

Programa de Formação dos Educadores e as primeiras iniciativas de incorporar na

Educação o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. ¹

3.1 A CONSTITUIÇÃO DA REDE MUNCIPAL DE EDUCAÇÃO, A FORMAÇÃO

DOS EDUCADORES E O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO DAS ESCOLAS DA PREFEITURA DE

GUARULHOS.

Essa pesquisa de caráter qualitativo envolverá a coleta de dados em

documentos oficiais disponíveis na Prefeitura e na Câmara Municipal de Guarulhos,

memórias, publicações, entre outros, com a intenção de obter informações

relacionadas à constituição da Rede Municipal de Ensino da cidade. Investiga-se a

formação dos professores das escolas da Educação Infantil e de Ensino

Fundamental I voltada para utilização das tecnologias digitais da informação e

comunicação na prática pedagógica do ensino de Matemática, além de conhecer a

estrutura do sistema em termos de apoio dado às escolas na aquisição e

disponibilização de Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para rede.

Inicialmente, introduzir-se-á um breve histórico da constituição da Educação

Municipal na cidade.

3.2 HISTÓRICO DA REDE MUNICIPAL DE GUARULHOS

O atendimento da Rede Municipal de Guarulhos inicia-se na década

de1960/1970 com atendimento de uma pequena parcela de alunos da cidade na

Educação Infantil e no Ensino Supletivo. A primeira escola de Educação Infantil do

Município de Guarulhos, Padre João Alvares, foi inaugurada em 1968.

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A cidade de Guarulhos conta, hoje, segundo dados do IBGE 2010, com 1,2

milhão de habitantes, uma das maiores em número de habitantes do Estado de São

Paulo; porém até a década de 1980 contava apenas com cerca de 30 escolas

municipais, que estavam organizadas em educação infantil (pré-escola), atendendo

as faixas etárias de 05 e 06 anos, distribuídas em regiões da cidade que muitas

vezes não atendiam às necessidades de demanda das crianças, uma vez que os

critérios utilizados para estabelecer onde seria construída uma escola, não era

necessariamente a demanda de crianças que necessitavam de uma vaga, mas o

pedido de um vereador que morava ou atuava em uma determinada área, ou seja, o

interesse político de poucos.

Nesta época, não havia nenhum projeto voltado a formação dos educadores

que atuavam na rede Municipal de Educação. Na década de 1970 inicia-se, muito

timidamente, uma primeira sala de aula constituída na Empresa de ônibus

Guarulhos, que atenderia 12 alunos da Educação Especial. Em 1977 foi criada a

primeira escola de Educação Especial da cidade, Almeida Franco, já em 1994, foi

criada a escola da Cidade Seródio, e em 1998, duas classes especiais na Escola

Municipal Vereador Carlos Franchin.

A partir do ano de 1998, a formação, com a concepção de “capacitação”, era realizada na hora atividade das escolas por uma equipe de profissionais da Secretaria Municipal de Educação com enfoque clínico. (Formação Permanente – SE - GRS, 2010, p.14)

Nessa época, o corpo de profissionais da educação que coordenavam os

trabalhos Pedagógicos e Administrativos das escolas era composto de: Supervisores

de Ensino, Psicólogos, Pedagogos, Fonoaudiólogos, Terapeutas Ocupacionais,

Psicopedagogos e Professores de Educação Física, tendo estes profissionais

ingressados na rede através da realização do primeiro concurso para professores e

demais profissionais citados, realizado no município que até então contratava seu

corpo docente por indicação política. O concurso foi realizado para o cumprimento

da normativa da Constituição Federal que proibia ingresso no serviço público sem

concurso.

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Um novo governo foi eleito em 2001, cuja administração já tem 13 anos, e

colocou a educação como meta prioritária da cidade A nova gestão iniciou a

construção do Projeto Político Pedagógico da cidade, tendo como diretrizes:

• Democratização do Acesso e da Permanência;

• Qualidade do Ensino;

• Valorização dos profissionais da educação;

• Democratização da Gestão.

Partindo destas diretrizes, deu-se início a construção de uma Rede própria.

Nesta época, Guarulhos contava com um universo de 24 mil alunos, distribuídos em

61 escolas.

A rede própria a ser constituída priorizaria as modalidades Infantil,

Fundamental e Educação de Jovens e Adultos. Naquele momento, em paralelo, o

governo estadual buscava assiduamente municipalizar o ensino da educação

fundamental do Ciclo I, tendo realizado diversas conversas com intuito de que

prefeitura assumisse a rede estadual de educação fundamental Ciclo I (1º ao 4º

ano). Porém, toma-se a decisão de não assumir a rede estadual e sim construir uma

Rede Própria de Educação Municipal na cidade.

A primeira escola inaugurada no novo governo foi uma creche localizada no

bairro do Jd. Santa Lídia, periferia da cidade, preparada para atender crianças de 0

a 6 anos. Comportando cerca de 378 crianças no período integral, a pesquisadora

participa neste período como Assessora do Departamento De Normas Técnicas e

Orientação Pedagógica da Secretaria de Educação, tendo, pessoalmente,

organizado e realizado as primeiras matrículas. Nesta escola, cadastrou-se e

vivenciou-se o drama da cidade no que se referia à falta de acesso a educação

infantil, no primeiro dia de matrícula, apenas duas mil pessoas esperavam.

A segunda escola a ser inaugurada na cidade foi a Escola Municipal do Jd.

Otawa, que contava com cerca de 350 vagas para atendimento de período integral.

Para ampliar este número foi mudada a modalidade de período integral da creche

para meio período o que possibilitou atendimento de mais de 750 crianças.

Fato que ocorre até hoje uma vez que a Secretaria de Educação não deu

conta de construir rede suficiente para atendimento da demanda de crianças da

cidade; apesar de, depois de uma década, ter ampliado o acesso de 24.000 alunos

para 116.000 alunos na Rede Municipal. Dados da Secretaria de Saúde revelam

que, em média por ano, na cidade, nascem mais de 20.000 crianças.

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Para termos clareza da dimensão da aplicação da rede física em 2001 tínhamos 61 escolas e ao final de 2010, temos 134 prédios próprios para atendimento da Educação Municipal (Formação Permanente – SE – GRS, 2010, p. 19)

3.3 O INÍCIO DO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GUARULHOS.

No início do governo as escolas da cidade não contavam com quase

nenhuma tecnologia, não havia nem mesmo linhas telefônicas nas unidades

escolares até o início do ano de 2001. A comunicação entre o DNTOE

(Departamento de Normas Técnicas e Orientação Pedagógica) que essa

pesquisadora assessorava passou a dar-se através de um jornalzinho de quinzenal

denominado CIRCULAÇÃO. Os jornais eram entregues pelos funcionários da SE, de

escola em escola. Através do jornalzinho, informavam-se as palestras, seminários,

reuniões e cursos que estariam oferecendo à rede.

Após a primeira forma de comunicação entre SE e unidades escolares, o

jornalzinho CIRCULAÇÃO, imediatamente foram instaladas linhas telefônicas nas

escolas municipais da cidade. Iniciaram-se também os primeiros trabalhos para

formação dos educadores, aboliu-se a palavra capacitação, incentivaram-se as

trocas de experiências entre os educadores e a ideia de construir um Projeto Político

Pedagógico para a cidade.

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3.4 INVESTIMENTOS DA PREFEITURA DE GUARULHOS NA INCORPORAÇÃO DAS TIC NA EDUCAÇÂO.

Quadro 3- Investimentos da Prefeitura

Fonte: LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias de Guarulhos.

Gráfico 01 – Investimentos da P.M.G. nas TIC – Ed. Infantil

Fonte: LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias de Guarulhos.

ANO INVESTIMENTO

2011 1.050.000,00

2012 1.200.000,00

2013 3.750.000,00

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3.5 INVESTIMENTOS DA PREFEITURA DE GUARULHOS PARA A INCOPORAÇAO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDIC) NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.

Quadro 4- Investimentos das TDIC na Educação

Fonte: LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias de Guarulhos

Gráfico 02 – Investimentos nas TDIC, DA P.M.G. na Ed. Fundamental

Fonte: LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias de Guarulhos.

Enquanto Política Pública implementada na cidade, cabe saber o quanto isto

está surtindo de efeito em sala de aula, mais especificamente, esta pesquisa

investiga o quanto as TDIC têm contribuído para o ensino e aprendizagem da

matemática.

ANO INVESTIMENTO

2011 1.050.000,00

2012 1.200.000,00

2013 4.050.000,00

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3.6 A SISTEMATIZAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DA REDE

MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GUARULHOS.

A Prefeitura Municipal de Guarulhos tem se mostrado preocupada na

construção de um Projeto Político Pedagógico para cidade, produziu alguns

documentos e publicações importantes, entre eles a Proposta Curricular Quadro de

Saberes Necessários (QSN) e Formação Permanente, ambos produzidos pela

Secretaria Municipal de Educação.

O documento Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários de 2010,

contou com a participação do conjunto de educadores da rede que em diversos

momentos se reuniram para discussão dos Saberes Necessários para a formação

dos educandos.

O percurso para chegar até o momento de apresentação da primeira versão

do QSN foi longo, destaca-se a data de 17 de junho de 2009, que será lembrada

como um marco na caminhada da Educação de Guarulhos: o dia em que as escolas

Municipais pararam para que professores, gestores, funcionários e pais refletissem

sobre os saberes necessários para a formação dos seus educandos. (Proposta

Curricular QSN, 2010, p. 6)

O processo de construção da Proposta Curricular QSN foi uma oportunidade

de troca de experiência e de formação para educadores e gestores da Rede

Municipal de Educação; não foi só uma oportunidade de formação para os

educadores, pela partilha de saberes e pelos debates que dele se originaram, como

também despertou a necessidade de novas formações. (Proposta Curricular QSN,

2010, p. 6).

O documento da Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários está

subdividido em: (1) Introdução, (2) Educação Infantil, (3) Educação Fundamental e

(4) Educação de Jovens e Adultos.

O documento relata o processo de elaboração do Quadro de Saberes

Necessários, sob seu horizonte: O educando que desejamos formar? ; Desafio de

um mundo Contemporâneo para a escola; O Horizonte da Humanização; Tarefas da

Escola; O que Ensinar/Aprender? ; Quem são os Educandos?; Como Aprendem e

como se Desenvolvem? ; Educação como Direito; Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva; Relações entre o Projeto Político Pedagógico,

Proposta Curricular; Quadro de Saberes Necessários.

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Na Educação Infantil, o documento define a Concepção da Educação Infantil;

Finalidades da Educação Infantil e Eixos da Educação Infantil. Em seguida,

estabelece as áreas do conhecimento:

1. Corpo em Movimento;

2. Interação Social;

3. Autonomia e Identidade;

4. Comunicação e Expressão;

5. Linguagem Matemática;

6. Natureza e Sociedade;

7. Arte.

Na Educação Fundamental, a Rede Municipal de Guarulhos atende o

Primeiro Ciclo, do 1º ao 5º Ano, visando implantar até o 9º Ano. Para tanto, faz-se

necessária a ampliação do acesso através do programa de construção de escolas.

A Proposta Curricular QSN traz seis eixos, a saber:

1. O Educando em seu Processo de Comunicação e Expressão;

2. O Educando e a Linguagem Matemática;

3. O Educando e os Saberes Relativos à Natureza e Sociedade (História,

Ciências e Geografia);

4. O Educando e as Artes;

5. O Educando e o Movimento/Cultura Corporal;

6. O Educando e a Construção da Identidade, Autonomia e Interação

Social.

Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a cidade possui educação regular

nas escolas municipais do 1º ao 5º Ano, o Movimento de Alfabetização de Jovens e

Adultos (MOVA) e participa dos programas do governo federal: Brasil Alfabetizado e

Pró-Jovem.

No currículo da EJA, a cidade tem implementado ações educacionais

diferenciadas, articulando a educação básica com a educação profissional. Na

Proposta Curricular QSN há três eixos:

1. Corporeidade e Relações Sociais;

2. Mundo do Trabalho;

3. Vida Escolar.

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No eixo Vida Escolar encontramos o sub-eixo Linguagens e Expressões

Matemáticas.

Vamos aprofundar a análise do documento nesse eixo da Linguagem

Matemática, foco desta pesquisa. Salienta-se que o documento não apresenta como

eixo específico o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação,

citada, apenas em alguns momentos, sua importância.

O que deve ser ensinado e aprendido pelos educandos?

É sem dúvidas uma das questões que mais intrigam os educadores, em especial

os educadores que ensinam a Matemática. Sabemos a importância de formar um

educando capaz de pensar, de agir, de se consolidar no mundo, de resolver

situações problema, de ter valores bem definidos, de desenvolver sua autonomia, ter

conhecimento da sua cultura e da cultura de outros povos, e, acima de tudo, tornar-

se um ser verdadeiramente humano.

O Homem é um ser de relações. Está no mundo e com o mundo, (...) Pode objetivar-se, (...) distinguir-se entre um eu e um não eu. (...) Isto o torna um ser capaz de relacionar-se; de sair de si; de projetar-se nos outros; de transcender. (Freire, 1981, p. 30).

As crianças, logo que passam a reconhecer o mundo, passam também a

fazer descobertas, tecer relações, organizar o raciocínio lógico e o pensamento,

localizarem-se no espaço, reconhecer as formas, desenvolverem o conceito de

semelhanças, diferenças, cores, texturas, tamanhos. Vão, a cada dia, ampliando

seus conhecimentos, classificam e comparam os elementos por quantidades, vão

ganhando a noção de força, de peso, de velocidade, desenvolvendo seu raciocínio

lógico e aprendendo a resolver situações problema simples do cotidiano, de forma

oral e concreta, construindo assim, uma série inicial de saberes matemáticos.

Nasce, então, a fundamental importância da mediação intencional do

educador, que deve estimular o raciocínio lógico matemático ajudando a integrar os

conhecimentos matemáticos com conhecimentos das demais áreas, estimulando o

educando a pensar, desenvolver sua autonomia, e a resolver situações problema do

seu dia a dia.

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Dessa maneira, todas as atividades que constituem o desenvolvimento do

processo da construção dos saberes matemáticos são elementos estruturais na

organização do currículo.

Um currículo eficiente quanto aos saberes de matemática permite que o sujeito desenvolva habilidades de resolver problemas, lide com informações numéricas, faça inferências, possa agir de forma crítica e independente e perceba o uso social e o papel formativo da disciplina, ajudando-o a estruturar seu pensamento e raciocínio lógico. Acreditando nos pressupostos acima, o currículo de matemática na Educação Fundamental, deve contemplar quatro grandes temas. São eles: Números e Operações; Espaço e Forma; Grandezas e Medidas; Tratamento da Informação. (Proposta Curricular QSN, 2010, p. 62).

No eixo da Matemática, o documento cita a importância do uso da Tecnologia,

da História da Matemática, desde que trate os saberes de forma contextualizada,

valorizando a resolução de problemas como ponto de partida para o ensino da

matemática e o uso do computador como fonte de informação, como recurso auxiliar

no processo da construção do conhecimento. Definindo o computador como

ferramenta para realizar determinadas atividades, como: usar planilhas eletrônicas e

processadores de texto.

3.7 TRANSCRIÇÃO DOS EIXOS DA PROPOSTA CURRICULAR –

QUADRO DE SABERES – LINGUAGEM MATEMÁTICA (SE GUARULHOS, 2010)

Saberes do Eixo para o Ciclo I da Educação Infantil (zero a três anos):

• Classificar e comparar desenvolvendo o conceito de semelhanças, diferenças, cores, formas, texturas, tamanhos (ex.: blocos lógicos, contorno do próprio corpo, identificar as formas dos objetos, comparação das cores das roupas etc.).

• Classificar e comparar elementos por quantidade, noções de força, peso, velocidade (ex.: coleções, palitos de sorvetes pintados, arremessar objetos, correr, tanque de areia, bola ao cesto etc.).

• Desenvolver o raciocínio lógico (ex.: A partir de situações concretas do cotidiano e materiais pertinentes a faixa etária).

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• Desenvolver noção de seqüência numérica (ex.: marcação de calendário, contagem com os dedos, com objetos e oralmente, brincadeiras e musicas que incluam formas de contagem).

• Conhecer a função social do número (ex.: pesquisa sobre o número da casa, do sapato e de roupas, encarte de mercados, idade etc.).

• Desenvolver o senso numérico (ex.: realizar contagem de pequenas quantidades etc.).

• Construir noção de tempo e espaço (ex.: rotina ilustrada, calendário, manhã, tarde e noite, tentar alcançar objeto distante etc.).

• Construir noção de temperatura (ex.: quente, frio, morno, gelado, fervendo etc.).

• Localizar-se no espaço em relação a outros objetos e localizar objetos em relação a si mesmo (ex.: brincadeira de quente ou frio, jogos de comando etc.).

3.7.1 SABERES DO EIXO PARA O CICLO II DA EDUCAÇÃO INFANTIL (4 E 5 ANOS)

• Ordenar, classificar e comparar objetos, desenvolver o conceito de semelhanças, diferenças, cores, formas, texturas, tamanhos (ex.: blocos lógicos, contorno do próprio corpo, identificar a forma dos objetos, comparar as cores das roupas etc.).

• Ordenar, classificar e comparar elementos por quantidade, proporções, força, peso, velocidade (ex.: coleções, palitos de sorvetes pintados, arremessar objetos, correr, tanques de área, bola ao cesto etc.).

• Desenvolver noções de pertinência, inclusão e limite (ex.: jogos de encaixe e de empilhar, transferir líquidos e sólidos de um recipiente para outro etc.).

• Desenvolver o raciocínio lógico (ex.: a partir de situações concretas do cotidiano, materiais pertinentes a faixa etária – tabuleiros, cartas, dados, percurso, boliche, pega-vareta etc.).

• Resolver situações-problema de forma oral e concreta.

• Desenvolver noção de sequência numérica (ex.: marcação de calendário, contagem com os dedos, com objetos e oralmente, brincadeiras e músicas que incluam formas de contagem etc.).

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• Reconhecer, valorizar e utilizar os números como ferramentas necessárias no seu cotidiano (ex.: pesquisa sobre o número da casa, do sapato e de roupas, encartes de mercados, idade etc.).

• Utilizar várias formas de representação da linguagem matemática (ex.: chamada-viva, receitas, símbolos etc.).

• Desenvolver a noção de relação entre número e numeral, concretamente (ex.: pedir para a criança pegar três objetos etc.).

• Perceber que o todo pode ser dividido em partes (ex.: quebra-cabeça, jogos de empilhar etc.).

• Estabelecer noções das relações inversas (ex.: agrupar e desagrupar, armar e desarmar objetos etc.).

• Localizar-se no espaço em relação a outros objetos e localizar objetos em relação a si mesmo (ex.: brincadeiras de quente ou frio, jogos de comando, representar pequenos trajetos, e percursos, observando pontos de referência etc.)

• Comunicar e registrar idéias matemáticas (ex.: símbolos, signos ou marcas alternativas etc.).

• Desenvolver e aplicar suas próprias estratégias para lidar com situações-problema.

• Conhecer tabelas e gráficos simples, utilizando coletas de dados em situações do cotidiano.

• Identificar o número de uma série, explicitando seu sucessor e antecessor.

• Resolver situações-problema desenvolvendo diferentes significados da adição (ex.: juntar e acrescentar etc.), concretamente.

• Resolver situações - problema, envolvendo diferentes significados da subtração (ex.: tirar, comparar e completar etc.), concretamente.

• Resolver situações - problema, envolvendo diferentes significados da multiplicação (ex.: adição de parcelas iguais, raciocínios combinatórios etc.), concretamente.

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• Resolver situações - problema, envolvendo diferentes significados da divisão (ex.: repartir, comparar ou medir etc.), concretamente.

• Estabelecer relações entre grandezas (noções de medidas) de mesma natureza por meio do lúdico, concretamente.

• Unidades de tempo (ex.: ontem, hoje, antes, depois etc.).

• Unidades de comprimento (ex.: passo, palma, metro e centímetro etc.).

• Unidades de capacidade (ex.: litro, mililitro etc.).

• Unidades de massa (ex.: quilograma, grama etc.).

• Unidades de temperatura (ex.: quente, frio etc.).

• Conhecer cédulas e moedas que circulam no país (ex.: sistema monetário etc.).

• Estabelecer relações espaciais e temporais com o entorno (ex.: observar e registrar o espaço a partir da resolução de situações - problema de diferentes pontos de vista, formas e dimensões etc.).

3.7.2 SABERES DO EIXO NÚMERO E OPERAÇÕES

• Valorizar a matemática como instrumento para interpretar informações sobre mundo, reconhecendo a importância dessa área de conhecimento em sua cultura.

• Utilizar os conhecimentos matemáticos para investigar e responder as

questões elaboradas a partir de sua própria curiosidade.

• Conhecer a história dos numerais a partir de diferentes culturas para identificar processos pelos quais alguns conceitos matemáticos foram construídos.

• Reconhecer e utilizar características do sistema de numeração decimal.

• Reconhecer a decomposição de números naturais nas suas diversas ordens e classes.

• Utilizar números para expressar quantidades de elementos de uma coleção e para expressar ordem e sequência.

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• Organizar agrupamentos para facilitar a contagem e composição entre coleções.

• Contar em escalas crescentes e decrescentes, de um em um, de dois em dois, de cinco em cinco, de dez em dez etc., a partir de qualquer número.

• Reconhecer grandezas numéricas pela identificação da quantidade de algarismo e posição ocupada por eles na escrita numérica.

• Ler e escrever números naturais, compreendendo o valor posicional dos números.

• Identificar situações em que se emprega a numeração romana relacionando-a com numeração indo-arábica.

• Construir os conceitos de adição, subtração, multiplicação e divisão a partir da manipulação de materiais concretos em situação contextualizada.

• Resolver situações - problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da adição (juntar e crescer).

• Resolver situações-problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da subtração (tirar, comparar e completar).

• Resolver situações – problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da multiplicação (adição de parcelas iguais e raciocínio combinatório).

• Resolver situações-problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da divisão.

• Utilizar a estimativa, arredondamento eu cálculo mental, envolvendo as operações fundamentais na resolução de problemas.

• Analisar e resolver a interpretação da situação problema, compreendendo os significados da adição, subtração, multiplicação e divisão ou utilizando estratégias pessoais.

• Construir fatores básicos da adição, subtração, multiplicação e divisão; e a partir de situações lúdicas e/ou situações-problema, para a construção de um repertório a ser utilizado no cálculo.

• Utilizar a decomposição das escritas numéricas para a realização de cálculos que envolvem adição, subtração, multiplicação e divisão.

• Utilizar a decomposição das escritas numéricas para a realização de cálculo mental exato ou aproximado.

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• Resolver situações-problema utilizando a escrita decimal de cédula e moedas do sistema monetário brasileiro.

• Reconhecer números naturais e racionais no contexto diário.

• Recorrer às regras do sistema do sistema de numeração decimal para ler, compreender e representar os números racionais na forma decimal.

• Explorar diferentes significados das frações em situações problema: parte do todo, quociente, razão e medida.

• Identificar e representar números racionais de uso frequente nas formas fracionárias e decimais.

• Identificar e produzir frações equivalentes com apoio de representação gráfica.

• Resolver situações-problema envolvendo porcentagem.

• Localizar números naturais na reta numérica.

• Localizar números racionais representados na forma decimal na reta numérica.

3.7.3 SABERES DO EIXO ESPAÇO E FORMA

• Identificar, observar e reconhecer as características de figuras espaciais

(sólidos geométricos), comparando-as com objetos existentes nos diversos espaços e presentes na natureza.

• Representar por meio de vistas (frente, lateral, de cima).

• Identificar e representar a movimentação/localização de um objeto ou pessoa no espaço por meio de esboço e croquis, que mostrem localização e trajetos.

• Perceber semelhanças e diferenças entre os poliedros e corpos redondos, relacionando figuras tridimensionais com suas planificações.

• Identificar quadriláteros, observando as posições relativas entre seus lados (paralelos, concorrentes e perpendiculares).

• Reconhecer a conservação ou modificação de medidas dos lados, perímetro de área em ampliação e/ou redução de figuras poligonais, usando malhas quadriculadas.

• Compreender o perímetro como contorno de uma figura plana.

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• Identificar elementos como faces, vértices e arestas de polímeros.

• Identificar semelhanças e diferenças entre polígonos, usando critérios como números de lados, vértices, diagonais, ângulos e eixos de simetrias.

• Identificar a simetrias por reflexos, rotação e translação, e verificar que podem ser encontradas na natureza, em artesanatos, em obras de artes, em polígonos etc.

• Compreender ângulos como encontro de dois seguimentos e mudanças de direção.

3.7.4 SABERES DO EIXO GRANDEZAS E MEDIDAS • Comparar grandezas da mesma natureza, utilizando unidades de

medidas padronizadas, em situações-problema.

• Estabelecer relações entre as unidades de tempo (dia, semana, mês, bimestre, semestre, ano e utilização de calendários).

• Comparar grandezas da mesma natureza pelo uso de instrumentos de medidas padronizadas (fita métrica, balança, recipientes de um litro etc.).

• Reconhecer cédulas e moedas que circulam no Brasil e realizar possíveis trocas entre elas, em função de seus valores, partindo de situações-problema.

• Utilizar unidades de medidas usuais de temperatura em situações-problema.

• Calcular perímetro e área de figuras planas desenhadas em malhas quadriculadas e comparar o perímetro e a área de duas figuras, sem uso de fórmulas.

• Compreender área como medida de superfície de uma figura plana.

• Resolver situações-problema significativas, utilizando unidades de medidas padronizadas como: km/m/cm/mm, kg/g//, l/ml.

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3.7.5 SABERES DO EIXO TRATAMENTO DE INFORMAÇÃO • Elaborar e organizar tabelas e gráficos, utilizando coletas de dados em

situações do cotidiano, bem como ler e interpretar suas informações.

• Resolver situações-problema com dados apresentados por meio de tabelas e gráficos

• Ler informações e dados apresentados de maneira organizada por meio de gráficos (particularmente em gráficos de colunas).

• Utilizar a noção de probabilidade, combinatória e estatística em situações-problema.

O Documento acima, apresentado sistematizado pela Secretaria Municipal de

Educação de Guarulhos, é um importante norteador das ações do planejamento do

cotidiano escolar, sendo um relevante referencial para a formação permanente dos

educadores da rede, devendo também ser referência para pensar como integrar o

uso das TDIC na sala de aula.

3.8 CADERNO DE FORMAÇÃO PERMANENTE

O Caderno de Formação Permanente é um documento sistematizado pela

Secretaria de Educação de Guarulhos no ano de 2010, relata o desenvolvimento

histórico da rede municipal, assim como a trajetória de construção da formação

permanente dos educadores da Rede Municipal de Educação de Guarulhos.

É uma sistematização para a construção do Projeto Político Pedagógico. O

documento foi organizado sob o título “Rede Municipal e Formação dos Educadores:

bases e desafios do nosso percurso, onde descrevem a cidade de Guarulhos e

apresentam informações sobre a política de Formação Permanente iniciada pelo

governo municipal no ano de 2001. Está subdividida em oito eixos apresentados a

seguir:

1. A Constituição da Educação Municipal;

2. Formação Permanente como Política Pública;

3. Pressupostos e estrutura da formação permanente;

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4. Publicações da Secretaria Municipal de Educação sobre Formação;

5. Formação os indicadores de qualidade;

6. O Quadro de Saberes Necessários como norteador do fazer pedagógico;

7. Perspectivas futuras na continuidade crítica;

8. Bibliografia.

Uma concepção nunca nasce da vontade de uma ou outra pessoa ou grupo,

mas possui suas determinações históricas e sociais nas quais se insere, e é dirigida

por avanços e desafios que possibilitam também a definição de uma diretriz de

formação. Sua concepção, então, é resultado do aprendizado da própria Rede na

vivência do processo histórico em que se deram esses momentos.

A seguir, analisam-se os principais cursos, sistematizados no Caderno de

Formação Permanente, voltados à disciplina de Matemática e o uso de Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação.

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Quadro 05 – Cursos de Formação Oferecidos pela Rede.

CURSOS DE

FORMAÇÃO

PÚBLICO

ALVO

Nº DE

VAGAS

CARGA

HORÁRIA

CRITÉRIOS DE

PARTICIPAÇÃO

Pró-Letramento em Matemática

Professores do Ensino Fundamental

40

120

Estar atuando em 2012, em classes do 1º ao 5º anos do Ens.Fundamental.

Tirando as Mídias do armário

Professores da Educação Infantil, Rede Municipal e Conveniada

30

50

O curso é realizado fora do horário de trabalho.

Tirando as Mídias do armário ll

Professores do Ensino Fundamental e EJA

30

50

O curso é realizado fora do horário de trabalho.

CURSOS OFERECIDOS PELA REDE MUNICIPAL NÃO CITADOS PELOS PROFESSORES ENTREVISTADOS.

Oficina de Tecnologia Assistida-Comunicação Suplementar Alternativa (CSA)

Professor de alunos especiais e com dificuldades de comunicação

60 / turma

60h

Oficina de Tecnologia Assistida- Materiais Pedagógicos Acessíveis

Professor de alunos especiais e com dificuldades de comunicação

60/ turma

60h

Deve ser cursado fora

do horário de trabalho.

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC)

Professor de alunos especiais

Curso de EAD- Navegando no Portal

Todos os Professores

60

60

O curso deve ser feito fora do horário de trabalho.

Proinfo - Introdução a Educação Digital

Professores da Rede Municipal

20

40

O curso deve ser feito fora do horário de trabalho.

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3.8.1 A FORMAÇÃO DOS EDUCADORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

NA REDE ATRAVÉS DO PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA

Destacam-se alguns cursos de formação neste capítulo, focalizando atenção

nos cursos realizados na disciplina de Matemática e os voltados à incorporação das

TDIC, analisando os documentos oficiais da Secretaria de Educação sistematizados

nos anos de 2011 e 2012.

3.8.2 FORMAÇÃO CONTINUADA: PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA

O Pró-letramento é um programa realizado pelo MEC de formação continuada

de professores com objetivo de oferecer suporte a ação pedagógica dos professores

dos anos iniciais do ensino fundamental e assim contribuir para melhorar a

qualidade de aprendizagem dos alunos, propor momentos de reflexão e construção

do conhecimento na formação docente, desenvolver e aprimorar conhecimentos que

possibilitem a compreensão da matemática e seus processos de ensino e

aprendizagem e contribuir para que as escolas desenvolvam uma cultura de

formação continuada.

O programa conta com a parceria de Universidades que integram a

Rede Nacional de Formação Continuada, sendo os materiais do Pró-letramento em

matemática produzido por professores dos cinco Centros de Formação Continuada

em educação matemática e científica da Rede Nacional de formação Continuada,

das Universidades UFES, UFRJ, UNISINOS, UNESP e UFPA.

O material didático do curso é um livro contendo o guia do curso e oito

fascículos com os temas: Números Naturais, Operações com números Naturais,

Espaço e Forma, Frações, Grandezas e Medidas, Tratamento de Informação,

Resolver Problemas: o lado lúdico do ensino da Matemática e Avaliação da

Aprendizagem em Matemática nos anos iniciais. Cada um dos fascículos traz textos

sobre o tema, ideias e práticas a serem desenvolvidas pelo professor com seus

alunos e socializadas nos encontros presenciais no decorrer do curso.

O curso é ministrado por um tutor, escolhido pela rede municipal de ensino e

preparado através de formação para ministrar o curso. A principal função do tutor é

proporcionar, nos encontros, a mediação entre o professor e o material do curso,

facilitando e incentivando a aprendizagem.

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A Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos oferece esta formação

desde 2007 para os professores da rede que lecionam do 1º ao 5º ano do ensino

fundamental.

Em 2012 o curso teve cinco turmas com 40 alunos em cada turma, sendo

realizado semanalmente com duração de 3 horas cada encontro, conforme segue,

de acordo com a “Revista Programa de Formação Permanente 2012”:

3.8.3 PRÓ-LETRAMENTO

Objetivo: Oferecer suporte à ação pedagógica dos professores do Ensino

Fundamental (1º ao 5º anos), contribuindo para a melhoria da qualidade do

ensino/aprendizagem da Leitura/Escrita e da Matemática, desenvolvendo, nas

escolas, uma cultura de Formação Continuada.

Coordenação: Divisão Técnica de Políticas para a Educação Fundamental e

EJA.

Público-Alvo: Professores do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Carga horária: 120 horas, sendo 93 horas presenciais (31 encontros de 3 h

oras cada) e 27 horas não presenciais.

Periodicidade: Semanal

Número de vagas: 40 vagas por turma

Local: CME Adamastor – Centro

Pró-Letramento de Matemática

Turma 1: às segundas-feiras, das 16h às 19h.

Turma 2: às terças-feiras, das 8h30 às 11h30.

Turma 3: às terças-feiras, das 19h30 às 22h30.

Turma 4: às quartas-feiras, das 19h30 às 22h30.

Turma 5: às quintas-feiras, das 16h às 19h.

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Critérios de participação:

• Estar atuando, em 2012, em classes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental;

• Curso realizado fora do horário de trabalho, contando a presença para

pagamento de hora extra;

• Não ter participado de nenhuma turma do Pró-Letramento nos anos

anteriores (2007 a 2011). Início: Aula inaugural (todas as turmas) – 5 de

março de 2012, às 19h30.

O Pró-letramento em Matemática foi um dos cursos mais comentado, e

elogiado pelos professores pesquisados, tais elogios se devem a importância da

contextualização das atividades da disciplina de Matemática para os professores.

Contextualizando as atividades matemáticas, o professor consegue compreender

melhor as atividades que vai aplicar em sala de aula aproximando-a da realidade do

educando, ensinando-a de forma mais significativa e prazerosa. O que podemos

observar no depoimento da Professora 3, que realizou o curso em 2009 e lecionava

para uma turma de 4º estágio, atualmente 5º ano que relata:

“Com o curso pró-letramento em Matemática reaprendi e relembrei muito sobre a

matemática. Nos encontros com o tutor e outros professores, refletíamos sobre os

temas trazidos no material didático do curso e socializávamos práticas a serem

realizadas com nossos alunos. O tutor, em cada encontro, ao iniciar a aula fazia uma

leitura fruição sobre o tema que seria trabalhado naquela aula, por exemplo,

Números naturais, o tutor lia um livrinho infantil sobre números e a partir da leitura

eram sugeridas as atividades a serem desenvolvidas com os alunos

contextualizando assim as atividades. As aulas eram bem dinâmicas e nós

realizávamos nos encontros, as atividades que posteriormente desenvolveríamos

com os alunos e isso era ótimo, pois quando íamos aplicar a atividade, sabíamos

efetivamente explicar para os alunos e ensinar de forma prazerosa.”

PROFESSORA 3

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Conforme entrevista realizada com gestora do DOEP (Departamento de

Orientação Educacional e Pedagógica), antigo DNTOE da Secretaria de Educação,

o Curso do Pró-letramento em Matemática contribuiu para uma melhora na

qualidade do ensino da cidade.

3.9 CURSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA VOLTADA AO USO DAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO REALIZADAS

NO ANO DE 2012.

3.9.1 TIRANDO AS MÍDIAS DO ARMÁRIO – EDUCAÇÃO INFANTIL

Objetivo: Refletir sobre as tecnologias e a cultura infantil partindo da

observação do educador e da criança em um processo que desencadeie em

documentação vídeográfica, fotográfica e imagética, na perspectiva de sondagens

realizadas, promovendo a construção do conhecimento por meio de ações

colaborativas que potencializem a descoberta e a participação do protagonismo

infantil.

Coordenação: Divisão Técnica de Programas e Projetos Complementares à

Educação Básica.

Público-Alvo: Professores da Educação Infantil da Rede Municipal e

Conveniada.

Carga horária: 50 horas (30 horas presenciais e 20 horas de atividades

complementares), Secretaria Municipal de Educação.

Periodicidade: Semanal

Número de vagas: 30 vagas por turma

Local: CME Adamastor - Centro

Horário:

Turma 1: às quartas-feiras, das 9h às 11h – Início 7/3

Turma 2: às quintas-feiras, das 16h30 às 18h30 – Início 8/3

Turma 3: às quartas-feiras, das 20h às 22h – Início 7/3

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70

Critérios de participação: O curso deve ser feito fora do horário de trabalho,

e a presença à primeira aula presencial é obrigatória.

3.9.2 TIRANDO AS MÍDIAS DO ARMÁRIO II – EDUCAÇÂO

FUNDAMENTAL E EJA

Objetivo: Promover a formação de educadores articuladores das mídias no

cotidiano escolar, interagindo em Redes Sociais por meio de ferramentas de

comunicação como Fóruns, Blogs, Jogos e Sites Educacionais, possibilitando a

ampliação da expressão, comunicação e criação do pensamento do educando.

Coordenação: Divisão Técnica de Programas e Projetos Complementares à

Educação Básica.

Público-Alvo: Professores do Ensino Fundamental e EJA

Carga horária: 50 horas (30 horas presenciais e 20 horas de atividades

complementares).

Periodicidade: Semanal

Número de vagas: 30 vagas por turma

Local: CME Adamastor - Centro

Horário:

Turma 1: às sextas-feiras, das 9h às 11h – Início 9/3

Turma 2: às terças-feiras, das 16h30 às 18h30- Início 6/3

Turma 3: às segundas-feiras, das 20h às 22h – Início 5/3

Programa de Formação Permanente - 2012 – 31.

Critérios de participação: O curso deve ser feito fora do horário de trabalho,

e a presença à primeira aula presencial é obrigatória.

O Curso Tirando as Mídias do Armário tem um título que instiga ainda mais a

nossa pesquisa, pois sugere que, nos dias atuais, as mídias e tecnologias continuam

em nossas escolas “guardadas dentro dos armários”, havendo a necessidade de

investigarmos os o por quês? Uma vez que, mesmo havendo bons investimentos por

parte do poder público, não estão conseguindo levar a educação a acompanhar os

recursos tecnológicos atualmente disponíveis em nossa sociedade. Por outro lado

percebemos que nossos educandos mesmo os das escolas públicas, da periferia, da

cidade, têm acesso nos dias atuais a diversos tipos de tecnologia.

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Em entrevista com a Gestora do DOEP (Departamento de Orientação

Educacional e Pedagógica), podemos constatar que a gestora reconhece que muitas

vezes as ‘mídias ficam guardadas nos armários das escolas e que é necessário

elaborar uma Proposta de Utilização das Tecnologias mais integradas com o

pedagógico.

3.9.3 OUTROS CURSOS PROMOVIDOS PELA REDE QUE NÃO FORAM

CITADOS PELOS PROFESSORES ENTREVISTADOS:

Abaixo, apresenta-se cursos que visam a formação continuada do professor,

todos promovidos pela Rede, porém não citados nas entrevistas realizadas.

3.9.4 OFICINA DE TECNOLOGIA ASSISTIDA – COMUNICAÇÃO

SUMPLEMENTAR ALTERNATIVA (CSA)

Tem por objetivo ampliar o repertório de ações dos professores,

instrumentalizando-os na relação com os alunos com deficiência e que apresentam

dificuldades de comunicação; elaborar materiais e recursos pedagógicos que

possam atender às necessidades específicas dos alunos em relação à

comunicação.

3.9.5 OFICINA DE TECNOLOGIA ASSISTIDA – MATERIAIS

PEDAGÓGICOS ACESSÍVEIS

Tem por objetivo subsidiar os professores para reconhecer as

diferenças e necessidades específicas dos alunos com deficiências; conhecer,

pesquisar e desenvolver materiais pedagógicos acessíveis, levando em conta

especificidades das deficiências, bem como estratégias metodológicas.

3.9.6 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

(TDIC) COMO APOIO AO PROFESSOR

Tem por objetivo apresentar e discutir com os professores softwares de

Tecnologia Assistiva e Educacionais nas diversas áreas do conhecimento;

desenvolver um plano de trabalho para utilizar softwares com os alunos com

deficiência, contribuindo para o seu desenvolvimento.

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3.9.7 CURSO EM EAD – NAVEGANDO NO PORTAL

Visa explorar os conteúdos do Portal do Professor, objetiva potencializar os

recursos educacionais, pois o portal é um espaço para troca de experiências entre

professores, utilizando um ambiente virtual que facilita e dinamiza o trabalho

educacional.

3.9.8 PROINFO – INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL

O curso busca propiciar aos professores da Rede Municipal a iniciação à

Educação Digital, instrumentalizando-os para fazer uso das tecnologias em suas

práticas educativas.

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4. CAPÍTULO

PANORAMA DO CONTEXTO

Esse capítulo compreende a apresentação do perfil dos educadores da

Prefeitura de Guarulhos. Traz um olhar focalizado na escola, em especial nos

professores que ensinam matemática, também investiga como está sendo feito o

uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na prática pedagógica.

4.1 OS EDUCADORES DA PREFEITURA DE GUARULHOS

A Rede Municipal de Guarulhos conta com cerca de 5 mil educadores nas

escolas públicas municipais, distribuídos num universo de 138 escolas, atendendo

cerca de 115 mil alunos (sendo 20 mil destes, em creches). Mantém a Educação

Infantil: creches, de 4 meses a 3 anos e 11 meses nas escolas municipais e

conveniadas; pré-escolas, de 4 anos e 5 anos, através das escolas municipais e

Educação Fundamental Ciclo I que compreende do 1º ao 5º anos, através das

escolas municipais em parceria com a rede estadual. Fica a cargo da Rede

Estadual, exclusivamente, o atendimento do 6º,7º,8º e 9º anos, assim como o Ensino

Médio.

4.2 ESCOLAS PESQUISADAS

A princípio, os professores das unidades escolares selecionadas foram

convidados a participar desta pesquisa. Obteve-se êxito com a participação de 30

educadores, dentro deste universo de educadores houve interesse em investigar

mais profundamente a prática de 04 deles.

Para todos os 30 educadores dispostos a colaborar com as investigações, foi

aplicado um questionário (anexo-1), com intuito de traçar o perfil dos educadores

que ensinam matemática na Rede Municipal de Guarulhos, analisando sua formação

inicial, bem como sua formação permanente, investigando os investimentos

realizados pela prefeitura municipal de Guarulhos neste tema, bem como os cursos,

aquisição de equipamentos, softwares, materiais e demais atividades oferecidas

para os professores voltados à disciplina de matemática e ao uso das tecnologias

digitais da informação e comunicação em sua prática pedagógica.

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Durante 3 meses foram feitas observações e registros através de vídeos em

sala de aula e laboratório de informática, com aplicação de entrevista semi-

estruturada (anexo-2), para analisar a existência do uso efetivo dos recursos

tecnológicos com os conteúdos de matemática na Rede Municipal de Educação.

4.3 PERFIL DOS EDUCADORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NA REDE

MUNICIPAL DE GUARULHOS.

Para analisar o perfil destes educadores foram selecionadas de forma

aleatória duas escolas municipais e uma associação conveniada que possui três

unidades escolares.

RESULTADOS COLETADOS ATRAVÉS DE QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

FORMAÇÃO INICIAL PARA INGRESSO NA REDE QUANTIDADE MAGISTÉRIO 12

SUPERIOR 15 AS DUAS 3

Quadro 06 – Formação Inicial para ingresso na rede

FORMAÇÃO INICIAL PARA INGRESSO NA REDE

10%

50%

40%

MAGISTERIO

SUPERIOR

AS DUAS

Gráfico 03- Formação inicial para ingresso na rede.

MAGISTÉRIO

SUPERIOR

AS DUAS

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Cerca de 40% dos educadores pesquisados ingressaram na rede municipal

de Guarulhos com formação no magistério (2º grau). Hoje, este fato não ocorre, uma

vez que os concursos atuais já solicitam pedagogia como formação inicial.

A prefeitura de Guarulhos realizou algumas formações de nível superior para

reduzir este quadro, entre elas, o curso Pedagogia Cidadã da UNIFESP que formou

160 educadores, e por volta de 300 educadores foram formados em Pedagogia pela

Faculdade Integrada de Guarulhos na ultima década.

FORMAÇÃO COMPLEMENTAR APÓS O INGRESSO NA REDE SUPERIOR COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

ESPECIALIZAÇÃO

LATO SENSO

NÃO FEZ

7 2 9 1 13

Quadro 07 – Formação Complementar após o ingresso na Rede

FORMAÇÃO COMPLEMENTAR APÓS O INGRESSO NA REDE

6%

28%3%

41%

22%

SUP COMPLETO

SUP.CURSANDO

ESPECIALIZAÇÃO

LATO SENSO

NÃO FEZ

Gráfico 4 - Formação complementar após ingresso na rede.

Pode-se observar pelo gráfico acima, que boa parte dos educadores

pesquisados buscou completar sua formação após o ingresso na Rede Municipal de

Ensino.

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CURSOS DE EXTENSÃO OFERECIDOS PELA REDE

MUNICIPAL ESTADUAL INICIATIVA PRÓPRIA NÃO FEZ

11 1 9 9 Quadro 08 – Cursos de extensão oferecidos pela Rede

CURSOS DE EXTENSÃO OFERECIDO PELA REDE

30%

3%

30%37%

MUNICIPAL

ESTADUAL

INICIATIVA PRÓPRIA

NÃO FEZ

Gráfico 5 - Cursos de extensão oferecidos pela rede.

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PROFESSORES QUE ACUMULAM CARGOS SIM NÃO

4 26 Quadro 09 – Professores que acumulam cargos.

PROFESSORES QUE ACUMULAM CARGOS

87%

13% SIM

NÃO

Gráfico 6 - Professores que acumulam cargos.

Os gráficos 3 e 4, 5 e 6 mostram que os professores que participaram de

cursos de extensão oferecidos pela rede Municipal de Ensino, em sua maioria não

acumulam cargos. A pesquisa revela que inúmeros professores trabalham em

apenas uma unidade escolar, o que possibilita maior dedicação dos educadores ao

trabalho em sala de aula, assim como oferece oportunidade maior de tempo para

buscar melhorias na qualificação profissional.

Os professores que declaram acumular cargos apresentaram como principal

dificuldade para não participar das formações oferecidas pela rede, a falta de tempo.

A maioria dos que declaram ter feito os cursos do Pró-Letramento salientaram que

houve pagamento de horas extras para a realização do curso, ou seja, o curso, de

certa forma, foi realizado dentro do horário de trabalho.

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NÚMERO DE ESCOLAS EM QUE OS PROFESSORES PESQUISADOS TRABALHAM.

UMA ESCOLA DUAS ESCOLAS

25 5 Quadro 10 – Número de escolas em que os professores trabalham.

N° DE ESCOLAS QUE OS PROFESSORES TRABALHAM

17%

83%

Nº DE ESCOLASQUE TRABALHAM UMA ESCOLA

Nº DE ESCOLASQUE TRABALHAMDUAS ESCOLAS

Gráfico 7- Número de escolas em que os professores trabalham

Apenas 17% dos educadores da rede declaram trabalhar 40h ou mais, o que

facilita a Prefeitura de Guarulhos investir na formação dos educadores, pois no

requisito tempo, os educadores teriam maior facilidade para participar dos cursos.

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HORAS SEMANAIS QUE OS PROFESSORES DECLARAM TRABALHAR

25h 30h 40h OU MAIS

20 5 5 Quadro 11 - Horas semanais que os professores declaram trabalhar.

HORAS TRABALHADAS

17%

66%17%

HORASTRABALHADAS 25h

HORASTRABALHADAS30h

HORASTRABALHADAS 40h OU MAIS

Gráfico 08 - Horas trabalhadas.

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FACILIDADE COM A DISCIPLINA DE MATEMÁTICA QUANDO ESTUDANTE

SIM NÃO

12 18 Quadro 12- Facilidade com a disciplina de matemática quando estudante.

FACILIDADE COM DICIPLINA DE MATEMÁTICA QUANDO

ESTUDANTE

40%

60%

SIM

NÃO

Gráfico 09-Facilidade com a disciplina de matemática quando estudante.

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QUANTOS DIAS E HORAS SEMANAIS MINISTRA AULAS DE MATEMÁTICA UMA VEZ

(4h) DUAS VEZES

(4h) TRÊS VEZES

(6h) TODO DIA

(5ha8h) NÃO

RESPONDEU

2 8 9 9 2 Quadro 13 – Quantos dias e horas ministram aula de matemática.

QUANTIDADE DE HORAS SEMANAIS QUE MINISTRA AULA

7%

27%

29%

30%

7%

UMA VEZ (4h)

DUAS VEZES (4h)

TRÊS VEZES (6h)

TODO DIA DE(5ha8h)

NÃO RESP.

Gráfico 10 - Quantos dias e horas ministra aulas de Matemática.

Comparando os resultados apresentados nos gráficos 7 e 8, pode-se dizer

que cerca de 40% dos entrevistados salientaram gostar da disciplina de Matemática

quando estudante.

Entre os que gostam da disciplina Matemática, percebe-se através das

entrevistas que estes trabalham um maior número de horas durante a semana com

a disciplina de matemática em sala de aula; o que leva a refletir sobre como ensinar

a disciplina de matemática de forma mais prazerosa. As informações dos

questionários e das entrevistas nos apontam que os professores que não gostavam

da disciplina quando estudante, também não sentem muita segurança para ministrar

a disciplina com seus educando.

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RELAÇÃO DOS PROFESSORES COM O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

UTILIZA EM CASA EM CASA E NA ESCOLA NÃO UTILIZA

23 7 0 Quadro 14 - Relação dos professores com uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação.

RELAÇÃO DOS PROFESSORES PESQUISADOS COM O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

0%0%

77%

23%

UTILIZA EM CASA

EM CASAE NA ESCOLA

NÃO UTILIZA

Gráfico 11- Relação dos professores com o uso das TDIC.

Os gráficos 9 e 10 apontam que todos os professores pesquisados têm

acesso e empregam TDIC para uso pessoal, porém apenas 23% desses educadores

fazem uso das TDIC também em sua prática pedagógica, ficando claro, no gráfico

10, que a maioria dos educadores já fez algum curso de informática e os que não

fizeram, mesmo assim, utilizam o computador.

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FEZ ALGUM CURSO VOLTADO PARA O USO DA INFORMÁTICA?

FEZ CURSO DE INFORMÁTICA NÃO SIM

10 20 Quadro 15 – Fez algum curso voltado para disciplina de informática.

FEZ CURSO DE INFORMÁTICA

33%

67%

FEZ CURSO DEINFORMÁTICANÃO

FEZ CURSO DEINFORMÁTICA SIM

Gráfico 12- Fez algum curso voltado para disciplina de informática.

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FEZ CURSO VOLTADO PARA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA.

PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA OFERECIDO PELA P.M.G.

Quadro 16 – Fez curso voltado para disciplina de matemática pela P.M.G.

PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA

37%

63%

PRÓ-LETRAMENTOEM MATEMÁTICA SIM

PRÓ-LETRAMENTOEM MATEMÁTICA NÃO

Gráfico 13 - Fez curso voltado para disciplina de matemática pela P.M.G.

O gráfico 11 apresenta os resultados dos professores que participaram do

Pró-Letramento em Matemática, sendo a única formação apresentada pelos

educadores da rede como específica nesta disciplina.

Bem avaliado por gestores e educadores, contou com uma boa participação

dos educadores e fortaleceu a formação no que diz respeito aos conhecimentos

matemáticos. Houve investimentos por parte da Secretaria de Educação, que

ofereceu o pagamento de horas extraordinárias para os educadores que se

disponibilizassem a fazer o curso. Apesar disso, o Pró-Letramento em Matemática

não integra a tecnologia em seu desenvolvimento, poderia estar próximo da

importante estrutura apresentada por MISHRA e Koehler (2006), TPACK

SIM NÃO

11 19

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(Conhecimento Pedagógico Tecnológico de Conteúdo), caso incluísse essa

integração, uma vez que busca contextualizar os conhecimentos dos conteúdos com

os conhecimentos pedagógicos.

SEUS ALUNOS UTILIZAM O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA?

SIM NÃO NÃO RESPONDEU

13 13 4

Quadro 17 – Pesquisa sobre a utilização do laboratório de informática.

UTILIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA PELOS ALUNOS

44%

43%

13% SIM

NÃO

NÃO RESPONDEU

Gráfico 14 - Pesquisa sobre a utilização do laboratório de informática.

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VOCÊ COSTUMA ACOMPANHAR AS AULAS DE INFORMÁTICA DE SEUS ALUNOS?

Quadro 18 - Costuma acompanhar as aulas de informática de seus alunos.

VOCÊ COSTUMA ACOMPANHAR AS AULAS DE INFORMÁTICA DE SEUS ALUNOS

77%

23%ACOMPANHA

NÃO ACOMPANHA

Gráfico15 - Costuma acompanhar as aulas de informática de seus alunos.

A Presença do monitor

A gestora da SE declarou que o professor é responsável por ministrar a sua

aula no laboratório de informática, dessa forma, o papel do monitor seria apenas de

apoio ao professor. Porém, os dados do gráfico 12 mostram que 18% dos

professores que declaram levar seus alunos para a sala de informática se quer

acompanhavam a classe, já 23% disseram que levaram seus alunos no primeiro

semestre e pararam por falta de funcionamento do laboratório de informática e os

demais 59% declararam levar e acompanhar o trabalho desenvolvido em parceria

professor e monitor.

ACOMPANHA NÃO ACOMPANHA

10 3

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4.4 OBSERVAÇÃO DAS AULAS DE MATEMÁTICA

Observando as atividades desenvolvidas pelas professoras em classe

percebe-se que utilizam os materiais e conhecimentos baseados no curso do Pró-

Letramento em Matemática. Abaixo descrevem-se as atividades aplicadas em sala

de aula com base na observação e no relato das professoras.

4.5 EXEMPLOS DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM ALUNOS DO 1º

ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I:

Atividade 1 –

Figura 03 – Atividade diagnóstica.

Essa atividade, segundo a professora da sala de aula, foi realizada nas

primeiras semanas de aula com alunos de 1º ano do Ensino Fundamental I, para

conhecer o nível de desenvolvimento dos alunos em Matemática e seus

conhecimentos prévios.

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Para tanto, a professora entregou a folha da atividade para ser feita

individualmente e explicou como deveriam fazer, ou seja, no 1º item deveriam

completar com o número, no quadradinho abaixo da figura, de acordo com a

quantidade de desenhos existente.

No 2º item da atividade deveriam ligar a figura ao numeral correto e no item

3º a atividade pedia para completar os quadradinhos em branco com os números

obedecendo a sequência.

Portanto, a partir do diagnóstico, a professora poderá elaborar atividades que

atendam ao nível de aprendizagem dos alunos da sua turma, tal como, atividades

que poderão ajudar no desenvolvimento da contagem, exercício de correspondência

entre numeral e quantidade de objetos bem como a sequência numérica.

Cabe ressaltar que o processo de construção do conceito de número pela

criança, na perspectiva piagetiana, como destacam (Nogueira et al, 2010), requer

que o professor trabalhe, desde os anos iniciais da escolarização, com atividades

que envolvam classificação, seriação e correspondência termo a termo.

Atividade 2 -

O objetivo dessa atividade era trabalhar números e quantidades,

relacionando ambos através da contagem. A atividade consistia em recortar figuras

de jornal para que os alunos colassem e escrevessem o número relativo à

quantidade de figuras.

Os alunos estavam sentados em duplas, porém cada um fazia o seu registro,

podendo se ajudar. A professora entregou a folha sulfite, o jornal e explicou o que

era para ser feito. Conforme os alunos realizavam a atividade, ela os acompanhava

mediando e intervindo quando necessário.

A atividade é importante, pois possibilita à educadora perceber se os alunos

reconhecem números e associam as quantidades relacionadas ao seu contexto

diário.

Segundo as orientações expressas no PCN 1997 (Parâmetros Curriculares

Nacionais) destaca-se: “as crianças no primeiro ciclo devem estabelecer relações

que as aproximem de alguns conceitos, descobrindo procedimentos simples e

desenvolvendo atitudes perante a Matemática.”

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Atendendo, portanto, a formação de conceitos e procedimentos, tais como:

• Reconhecimento de números do contexto diário.

• Utilização de diferentes estratégias para identificar números em situações que

envolvem contagens e medidas.

• Contagem em escalas ascendentes e descendentes de um em um, dois em

dois, de cinco em cinco, dez em dez, etc., a partir de qualquer número dado.

• Utilização de diferentes estratégias para quantificar elementos de uma

coleção: contagem, pareamento, estimativa e correspondência de

agrupamentos.

Nesta atividade que envolve contagem de figuras e a escrita do numeral

correspondente, os alunos participaram ativamente. A professora orientou que cada

um deveria escolher a figura que fosse do seu agrado, cortar e colar na folha de

papel de acordo com a quantidade solicitada oralmente.

É interessante notar que durante a atividade os alunos também exploram a

coordenação motora, no processo de recortar as figuras escolhidas. Em seguida,

atendendo ao pedido da professora sobre a quantidade de figuras, os alunos

trabalharam com contagem um a um, colando as figuras de forma organizada no

papel, complementando as atividades escrevendo o numeral correspondente.

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Figura 04- Atividade com números.

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Atividade 3 –

Atividade envolvendo raciocínio, números, quantidades, pesquisa e gráfico. Os

alunos foram organizados em duplas para realizar a atividade trabalhando o

raciocínio matemático, conforme mostra a figura 5 abaixo:

Figura 05 - Atividade de raciocínio.

A professora foi instigando os alunos a observarem a cena de várias crianças brincando e a fazerem a contagem e a escrita dos números a partir das perguntas apresentadas na atividade.

Como a professora percebeu a motivação dos alunos quando envolvidos no

contexto de brincadeiras conhecidas ela expandiu a atividade da seguinte forma:

Escreveu na lousa o nome das quatro brincadeiras. Por exemplo:

RODA BOLA PETECA CORDA

A professora pediu para os alunos pensarem quais dessas brincadeiras mais

gostavam e combinou que cada aluno deveria escolher apenas uma brincadeira. Por

exemplo:

“Levanta a mão quem prefere BOLA?” “ E RODA?”

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E foi marcando a quantidade na lousa, a cima do nome da brincadeira.

Ex.:

4 6 7 6

RODA BOLA PETECA CORDA

A partir desse momento, a professora, com o levantamento dos dados

explorou a atividade de tratamento da informação por meio da construção do gráfico

como mostra a figura 6:

Figura 06- Atividade com gráficos.

Cabe destacar a importância que os PCN de Matemática (1997) dão para que

se trabalhe como o tratamento das informações desde o início do processo de

escolarização. Isto é necessário para desenvolver nos alunos competências que

lhes permitam atuar na sociedade, exercendo a cidadania e a capacidade de

interpretar, compreender e buscar soluções viáveis para realidade de cada um.

Lopes (1998) destaca que:

No mundo de informações, no qual estamos inseridos, torna-se cada vez mais “precoce” o acesso do cidadão as questões sociais e econômicas em que tabelas e gráficos sintetizam levantamentos; índices são comparados e analisados para defender idéias. Dessa forma, faz-se necessário que a escola propicie ao estudante, desde o Ensino Fundamental, a formação de conceitos que auxiliem no

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exercício de sua cidadania. Entendemos que a cidadania também seja a capacidade de atuação reflexiva, ponderada e crítica de um individuo em seu grupo social. (p.13).

É, portanto, por meio de atividades significas e ativas, que os alunos podem

aprender, coletar, organizar e interpretar os dados e representá-los graficamente.

Assim, nota-se, no contexto dessa atividade, que a professora trabalhou com

os alunos, a construção de um gráfico para representar o andamento da pesquisa

feita no coletivo da turma. Diante dos dados expostos na lousa, os alunos

confeccionaram as bolinhas de papel crepom de acordo com os votos de cada

brincadeira e colocaram acima do nome da mesma montando o gráfico da turma.

Atividades desenvolvidas com alunos do 4º ano e 5º ano do ensino

fundamental I:

Nessas atividades, a professora introduz conceitos de estatística, onde os

alunos, com seu auxilio, coletaram dados, organizaram em tabelas e montaram um

gráfico. A atividade foi interessante e se fundamenta nos documentos oficiais, como

os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (1997, 1998), sendo parte de

um dos quatro blocos dos PCN denominado: Tratamento da Informação. Neste

bloco é explicitado que o objetivo da introdução à estatística é:

[...] fazer com que os alunos venham construir procedimentos para coletar e organizar dados, utilizando tabelas, gráficos e representações que aparecem em seu dia-a-dia. Além disso, calcular algumas medidas estatísticas como média, mediana e moda como objetivo de fornecer novos elementos para interpretar dados estatísticos. (BRASIL, 1998, p.52)

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Atividade 4 – Simetria

De forma prática, mostra para os alunos uma noção do que é simetria

utilizando folha sulfite e cola colorida. Os alunos tinham que dobrar a folha sulfite ao

meio de forma perpendicular, e de um lado fazer desenhos e formas; depois fechar a

folha e abrir para verificar a simetria, os lados iguais simétricos:

Figura 07- Atividade Simetria.

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A outra atividade consistia em os alunos dobrarem um pedaço de papel colorido, fazer recortes de formas e ao abrir perceber a simetria dos lados.

Figura 08- Atividade simetria dos lados.

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Atividade 5 - Espaço e forma

Os alunos tiveram que criar um desenho utilizando formas geométricas e

simetria; um desenho abstrato, utilizando somente folha sulfite, régua e lápis de cor.

Figura-09- Atividade espaço e forma.

As três atividades acima trabalharam com a noção de simetria que, na

verdade, aponta uma possibilidade de trabalhar numa perspectiva interdisciplinar,

que integra artes e matemática.

Os PCN de matemática (1997) enfatizam que o ensino de geometria deve

proporcionar condições para o aluno observar e valorizar os elementos da natureza,

explorando formas expressas nas artes, pinturas, arquiteturas, mosaicos etc. Por

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esta razão, trabalhar articulando as simetrias com as artes visuais, desde as series

inicias, é fundamental para ampliar a percepção sobre as diferentes possibilidades

de expressão do espaço, forma, proporção e planos.

Atividade 6 – Reta numérica

Apresentação de uma reta numérica aos alunos usando a régua e uma reta

desenhada na lousa. Posteriormente realização de uma atividade de identificação

dos números na reta numérica, já trabalhando atividades relacionadas à Prova

Brasil.

Figura 10 - Atividade reta numérica.

A atividade proposta pela professora envolvendo a identificação dos números

na reta numérica se fundamenta nos documentos oficiais dos PCN de matemática

(1997), que nos traz, no bloco das grandezas e medidas, as orientações de que o

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aluno deve ser capaz de comparar grandezas de mesma natureza, por meio de

estratégias pessoais e o uso de instrumentos de medidas conhecidos. Neste caso, a

reta numérica, mas também podem ser utilizados: fita métrica, balança, recipiente de

um litro entre outros.

Atividade 7 - Escrita de números

Nesta atividade os alunos tinham que completar o texto escrevendo os

números ditados pela professora:

Figura 11- Atividade escrita de números.

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Atividade 8 – Contador

Construção com os alunos de um contador que é um recurso que reforça o

significado da representação posicional decimal, ajuda na compreensão do sistema

de numeração. Com ele é possível pedir para que os alunos demonstrem os

números corretamente e passem a não errar a escrita dos números compreendendo

assim sua posição.

Para realização do contador a professora explicou aos alunos o que é e para

que serve um contador. Disponibilizou o material a ser utilizado: um pedaço de

cartolina, os números e as siglas de milhar, centena, dezena e unidade já impressas

e foi orientando-os e ajudando a pregar os números.

Figura 12- Contador Decimal.

Figura 12.1- Contador Decimal.

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Analisando o ocorrido, observa-se que essas atividades fazem parte do

material utilizado no curso de PRÓ-LETRAMENTO, portanto conclui-se que esse

favorece sua utilização, uma vez que o educador durante e após o curso já possui

um material pronto para ser aplicado em sua sala de aula. Diferentemente de um

curso que usa tecnologia, onde o professor aprende a operacionalizar o computador,

conhece alguns softwares, mas a interpretação do potencial pedagógico dos

conteúdos matemáticos envolvidos nos softwares e ou em jogos fica a cargo da

percepção e compreensão do professor.

A seguir, apresentam-se dois tipos de jogos que envolvem conceitos

matemáticos que foram utilizados no laboratório de informática da escola.

Atividades Matemáticas com o uso das TDIC.

Figura 13- Atividade desenvolvida em Laboratório Jogo Tux.

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Atividade desenvolvida na sala de informática, onde os alunos do 1º ano

acessaram o Programa Linux e nele o Jogo Tux com auxílio da monitora de

informática e da professora da turma. Foram realizadas as operações matemáticas

de adição, subtração e multiplicação. Quando acertavam toda a primeira etapa

acessavam a segunda etapa do conceito de números. Um fato intrigante ocorre com

os alunos do 1º ano, ao digitar o resultado correto de uma operação de adição, por

exemplo: 9+7, ou de uma multiplicação: por 7*7, qual significado tem esse

resultado?

Daí importância do papel do professor para saber distinguir qual tipo de

jogo,para quem e com qual propósito educacional deve ser utilizado.

Muniz (2010) destaca que o professor ao utilizar jogos em sala de aula deve

ter em mente potencializar o desenvolvimento do espírito matemático do aluno.

A atividade é lúdica e as crianças demonstraram imensa satisfação em utilizar

o computador porque este possui um apelo atrativo, mas, enquanto prática

inovadora, não se observa elementos que demonstram exploração elevada do

conceito de número. Resta a dúvida sobre o que representa para um aluno de 1º

Ano: 7*7 ou 9+7?

Conforme apresentado na dinâmica do jogo Tux, sendo o interessante,

segundo o enfoque do TPACK, para a formação do educador discutir essas

questões. O jogo pode contribuir com a aprendizagem das crianças no

desenvolvimento de cálculos mentais, porém, o professor deve avaliar se o tipo de

cálculo proposto está de acordo com a faixa etária.

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Atividade Realizada na Sala de Aula com Recursos Tecnológicos.

Nesta atividade, a professora de uma turma do 2º ano utilizou data show e um

notebook. Apresentou para as crianças um jogo gratuitamente disponível na internet,

denominado a Fazenda. A professora projetou o jogo na lousa e pediu que as

crianças acompanhassem passo a passo como baixar o jogo, depois foi

apresentando os recursos do jogo e como interagir. As crianças, com muita atenção,

acompanharam e anotaram os procedimentos, após apresentação, vivenciaram as

experiências no laboratório de informática e as que possuem computador e acesso a

internet, em sua própria residência também.

Figura 14- Atividade realizada em sala de aula com o jogo Fazenda.

O instrumento apresentado trata de um jogo de relacionamento e contato

social e a professora objetivou propiciar a seus alunos o conhecimento de ambientes

virtuais, assim a criança começa a dominar os conhecimentos básicos para

utilização do computador. Referente ao conteúdo, ela explicou as crianças utilizando

o jogo Sistema Rural e o Sistema Urbano e explorou na disciplina de Matemática o

Sistema Monetário. O comprar, vender, receber o troco e a necessidade de produzir

na fazenda para acumular o “dindin” e poder adquirir novos produtos.

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Figura 15 - Atividade realizada com alunos do 2º ano.

Atividade realizada em uma turma de 2º ano tendo como conteúdo

Matemático trabalhar com o Sistema Monetário. Para realização desta atividade a

professora disponibilizou aos alunos materiais concretos tais como: notinhas de

dinheiro que denominou “dindin” e materiais escolares básicos disponíveis na

escola. Organizou a realização de uma feirinha entre os alunos, onde os alunos que

já disponibilizavam de algumas notinhas de “dindin” que adquiriram no decorrer do

mês.

Conforme relato da professora 1: “Nós temos uma moeda própria chamada

Dindin. Então, a correção de cadernos, de tarefa do livro, bom desempenho escolar

nas atividades, gera o pagamento de “dindin”. Cada criança, de acordo com seu

desempenho, no final do mês recebe uma quantidade de “dindin””.

Durante a atividade os alunos deveriam utilizar seu “dindin” para aquisição de

materiais escolares tais como lápis, borracha, cadernos e livrinhos disponibilizados

pela escola gratuitamente para realização da atividade. No decorrer da atividade, os

alunos foram realizando mentalmente cálculos aritméticos estimulados pela

educadora e com acompanhamento dos demais colegas da classe.

Esse jogo possui uma abordagem diferente da anterior, pois permitiu ao aluno

vivenciar situações lúdicas, de “faz de conta”, para lidar com sistema monetário.

Nessa atividade, o aluno também trabalhou com materiais concretos de modo a

poder vivenciar uma forma de aprender contextualizada, fazendo as operações

aritméticas que o levaram a se envolver com aprendizado da matemática. Durante

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esse processo, alunos também se mostraram satisfeitos em utilizar a tecnologia e

em participar de toda dinâmica da atividade.

Segundo PCN (1997), “jogo é o desafio genuíno que ele provoca no aluno,

que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da

cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa

dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.” (p.28).

Nota-se, nesta situação, que a professora desenvolveu uma prática

pedagógica com o uso da tecnologia, assim integrou o conteúdo matemático e a

pedagogia, ou seja, encontra-se na perspectiva do TPACK.

Este é um exemplo que pode ser trabalhado nas propostas de formação,

acrescidos de momentos que levem o professor a ter consciência do trabalho que

está fazendo, de modo que possa ter visão integrada do conhecimento em outros

momentos da sua prática.

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5. CAPÍTULO

5.1 ANÁLISE

Neste capítulo será feita a análise dos dados obtidos no decorrer desta

pesquisa, os quais serão contrastados com o referencial teórico adotado pela

pesquisadora, já apresentados no 2ºCapítulo. Ao final, deixar-se-á, como

contribuição para a cidade de Guarulhos, algumas sugestões e recomendações com

o intuito de contribuir na melhoria da qualidade do ensino na cidade.

5.2 ANÁLISE DOS DADOS

Essa pesquisa teve a participação de 03 gestoras da Secretaria de Educação,

30 professores da Rede Municipal de Guarulhos e 02 Doutores da Academia. Tem

por objetivo analisar como o professor que ensina matemática na Educação Infantil e

no Ensino Fundamental I, das escolas públicas da Prefeitura de Guarulhos, foi

preparado para usar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação em sala

de aula. Mais especificamente, compreender como foi incorporado o uso de

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na educação e na sala de aula,

identificando quais e como, os conteúdos de matemática são desenvolvidos com o

uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação.

Todos os envolvidos neste estudo declararam-se usuários de algumas TDIC

em seu cotidiano, mas apenas 23% dos pesquisados declararam utilizar as TDIC na

escola, em sua prática pedagógica, os demais, 77%, declararam utilizar em casa.

Quando pesquisados, 67 % dos educadores relataram que tiveram acesso a algum

tipo de formação na área da informática, e 33% relataram não ter tido acesso a

formação, mas utilizam o computador.

5.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM AS GESTORAS E EDUCADORES

A Rede Municipal de Guarulhos iniciou a utilização das TDIC na educação há pouco mais de uma década. Anteriormente não havia presença das TDIC na rede conforme os relatos das gestoras da Secretaria de Educação de Guarulhos transcritos abaixo:

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“Em 2001 não tinha nenhum laboratório de informática, nem equipamentos em suas secretarias, algumas escolas não tinham se quer linhas telefônicas. O primeiro passo foi abastecer as escolas com computadores, primeiro nas secretarias, em seguida, na sala dos professores, e após, montarmos os laboratórios de informática. Hoje contamos com 68 escolas, já com laboratórios implantados e contrato de conectividade de banda larga para todas.”

GESTORA 3

Nesse sentido o Projeto Político Pedagógico da Rede se fundamentou na afirmação da escola como espaço privilegiado para o desenvolvimento integral e pleno do educando, em suas diferentes dimensões: sociais, culturais, cognitivas, afetivo-emocionais, físicas, éticas e estéticas. Baseava–se na educação como formação humana, na qual o educador exerce o papel de mediador da aprendizagem e do desenvolvimento do educando, e a reflexão sobre a prática se torna elemento central. A formação passa a ser concebida como condição para a efetivação das diretrizes, alicerçada num processo sistemático e contínuo de reflexão dos educadores, devendo possibilitar o desenvolvimento profissional e a melhoria da qualidade de sua ação. (Formação Permanente SE GRS Pag. 24).

A seguir, apresentamos o relato da Gestora 2 sobre o processo de

implantação das TDIC na cidade de Guarulhos:

“O Departamento de Planejamento e Informática na Educação (DPIE) foi criado com o propósito de informatizar a rede de escolas municipais, capacitar os servidores da Secretaria de Educação (SE) nas ferramentas básicas de informática, fazer a manutenção dos serviços, inclusive de rede, administrar o sistema de gestão e controles internos, desenvolver ferramentas de planejamento e gestão para a SE, produzir dados educacionais.

Falar de tecnologias digitais da informação e comunicação, no início, sequer estava em cogitação. Mal tínhamos equipe para iniciar o trabalho de planejamento a fim de dotar as escolas de rede de equipamentos, e capacitar os servidores em informática básica.

Cabe dizer que boa parte das instalações elétricas era precária e demandava reforma. E também que a resistência dos profissionais da educação (técnicos da sede, diretores, docentes, pedagogos) foi ampla tanto na introdução de computadores quanto na informatização do censo escolar, uma das principais missões recebidas e cumpridas.

Não sem razão, em um ano, contando com essa equipe mínima reduzida e 10 estagiários, contratados a partir do segundo semestre de 2005, seis meses, portanto, após eu ter assumido o Departamento, conseguimos que Guarulhos fosse o primeiro município brasileiro a migrar os dados diretamente de sua base para o INEP, sem passar pelo crivo do governo estadual (PRODESP/Secretaria do Estado da

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Educação). Eliminamos os famosos caderninhos da PRODESP, brigamos com os fornecedores para qualificar o sistema e conseguir migrar os dados diretamente para a base do INEP e ganhamos reputação de durões.

Ao mesmo tempo em que cuidávamos da base, comecei a treinar a equipe para produzir dados e criar uma série histórica.

Como disse anteriormente, houve resistências e mesmo desinteresse, sobretudo por parte dos educadores mais velhos.

As ações de capacitação em informática básica (pacote Office e Linux ainda não estavam disponíveis) foram inicialmente destinadas aos professores e diretores, separadamente para não haver constrangimentos. E pouco a pouco foram sendo capacitados os gestores internos da SE tanto em informática básica quanto para operação do sistema CPQD.”

GESTORA 2

Através dos relatos acima podemos perceber que a implantação das TDIC

deu-se a partir de 2001, quando a Prefeitura de Guarulhos passou a investir na área

da Educação. Criou-se o Departamento de Planejamento de Informática da

Educação, implantou-se infraestrutura tecnológica, realizou-se formação aos

educadores e originou-se a função do Monitor de Informática.

Um dos cursos de formação realizado pela Prefeitura de Guarulhos que teve

maior destaque na pesquisa realizada com os Educadores, bem avaliado por

gestores e professores, foi o Curso Tirando as Mídias do Armário. Esse título

instigou ainda mais a essa pesquisa, pois sugere que nos dias atuais as mídias e

tecnologias continuam “guardadas dentro dos armários” em nossas escolas,

havendo a necessidade de investigarem-se os por quês? Uma vez que, mesmo

havendo bons investimentos por parte do poder público, não se está levando a

educação a acompanhar os recursos tecnológicos atualmente disponíveis a nossa

sociedade e também a nossas escolas. Podemos reafirmar o comentário com o

relato da gestora da Secretaria de Educação:

As possibilidades de tecnologias que as escolas têm, muitas vezes ficam esquecidas nos armários e este curso busca utilizar as tecnologias a favor da escola e inseri-las no dia a dia escolar. Houve boa participação dos professores neste curso.

GESTORA 1

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Por outro lado, percebemos que os alunos e alunas, inclusive aqueles que

estudam na periferia da cidade, têm acesso, nos dias atuais, a diversos tipos de

tecnologia. Outros importantes relatos obtidos em duas entrevistas com a Professora

1 do 2º ano e da Professora 2 do 4º ano, de uma escola da periferia de Guarulhos,

quando perguntei se achavam importante o uso das tecnologias no ensino hoje.

As falas estão transcritas a seguir:

Demais. Por que as crianças têm muito contato com isso; com celular, com

joguinhos, com DVD, é botão, liga tomada, se o cabo está certo. No dia a dia, na

vida real deles, têm muito disso. Se a gente conseguir usar esse recurso na escola

para facilitar o ensino é um ganho muito grande, porque além de aprender conteúdo,

que ele precisa pra vida escolar, para sua vida estudantil, ele precisa desenvolver

ainda mais as habilidades, para quando um dia comprar um DVD novo, ele saber

onde conecta, o que tem que procurar, ele vai se familiarizando.

PROFESSORA 1

Importantíssimo ir ao laboratório com as crianças e o professor que não utilizar

tecnologias ficará perdido no tempo.

PROFESSORA 2

Percebe-se, nos depoimentos das duas professoras, que reconhecem a

importância de utilizar as tecnologias em suas aulas, assim como a importância de

preparar seus alunos para fazer bom uso dos novos recursos tecnológicos

disponíveis em nossa sociedade.

A professora 1 relatou que, mesmo não estando determinado pela Secretaria

de Educação, sua turma de 2º ano deve frequentar o laboratório de informática e

iniciar a utilização das tecnologias digitais, já está preparando seus alunos. Porém, a

gestora da Secretaria afirmou em sua entrevista que é uma opção da escola de levar

apenas o 3º, 4º e 5º anos ao laboratório, que a Secretaria de Educação não

estabeleceu esta regra para participar do laboratório de informática. Dessa maneira,

para a Secretaria, o laboratório está liberado para todas as idades, o que muitas

vezes não ocorre na prática.

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Embora Drucker seja muito contundente ao afirmar que a tecnologia está “engolindo as Escolas”, também enfatiza a importância de “repensar o papel, a função da educação escolar – seu foco, sua finalidade, seus valores... A tecnologia será importante, mas principalmente porque irá nos forçar a fazer as coisas novas, e não porque irá permitir que façamos melhor as coisas velhas” (Drucker ,1993, p.153).

Abaixo, mostra-se, através de dados levantados na Câmara Municipal de

Guarulhos, na peça Orçamentária da Cidade, os investimentos realizados nos

últimos 3 anos para incorporação das TDIC na Educação Infantil e Fundamental.

No que diz respeito à disciplina de matemática, 60% dos educadores

pesquisados declararam não ter facilidade com a disciplina quando estudante. Entre

os 40% que relataram gostar da disciplina de Matemática estão duas professoras

que participaram da entrevista semi-estruturada onde se questionou: Quando você

era aluna, você gostava de Matemática?

Sempre gostei. Problemas de matemática, problemas lógicos, eu sempre gostei.

PROFESSORA 1

Eu adorava matemática quando estudante e sempre tive bastante facilidade em

aprender, tanto é que sempre ajudava alguns colegas que tinham dificuldade.

PROFESSORA 2

A princípio, acreditava-se que uma das principais barreiras para o uso da

TDIC no ensino da matemática em sala de aula pelos educadores, fosse a própria

tecnologia, porém constatou-se que boa parte dos professores que não tiveram, no

decorrer de sua vida estudantil no Ensino Básico, facilidade com essa disciplina,

apresentam maior resistência em ministrar aulas de matemática. Levando-nos a

perceber uma limitação no domínio de alguns conteúdos matemáticos por parte dos

educadores.

O que remete a necessidade de melhoria da formação inicial do professor no

que tange não simplesmente a utilização das TDIC, mas também aos conteúdos

matemáticos, suprindo eventuais defasagens oriundas de um ensino público, muitas

vezes prejudicado pela falta de professores, greves, baixos salários entre outros

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motivos e mesmo da formação superior para os educadores das séries iniciais, em

especial ao curso de Pedagogia.

Percebe-se, também por meio da análise de resultados, que os educadores

que relataram gostar da disciplina de Matemática quando estudantes, em seu

cotidiano, ficaram entre os educadores que ministram maiores quantidades de horas

aulas da disciplina de Matemática.

Outra observação importante é que os educadores da rede, em sua maioria,

não têm utilizado as TDIC para o ensino da Matemática e quando as utilizam é com

jogos no computador, através do Programa Linux disponível na rede e um software

denominado Tux que trabalha as quatro operações com jogos. Em sua grande

maioria, os educadores trabalham com os seus educandos nos laboratórios de

informática com pesquisa na internet sobre temas relacionados a datas

comemorativas, o que se pode constatar quando questiona-se os educadores.

Seguem seus relatos transcritos abaixo:

Como utiliza a aula de informática? Costuma trabalhar conteúdos definidos

por você ou pelo monitor de informática?

Sempre aproveito a aula em sala para puxar o conteúdo a ser trabalhado no laboratório de informática. Como exemplo, no tema da Consciência Negra trabalhamos textos em sala e pesquisamos o tema na internet.

PROFESSORA 2

Neste momento o que estão trabalhando com matemática no laboratório?

Uso mais a parte de pesquisa de Matemática, não tem nada que estamos usando neste momento.

PROFESSORA 2

Percebemos neste e em outros depoimentos dos professores que possuem

acesso as tecnologias digitais da informação e comunicação, tanto em sua vida

diária quanto em suas escolas, porém não houve apropriação das tecnologias

verdadeiramente. Conforme Valente (2008) o usuário pode fazer coisas fantásticas,

porém o conhecimento usado nessas atividades talvez seja o mesmo utilizado em

uma atividade que não utilize o computador.

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O professor precisa apropriar-se das TDIC, não simplesmente das técnicas e

procedimentos para utilização dos computadores, mais ir além, conseguir entender

os recursos oferecidos por elas e promover a construção do conhecimento. Dessa

maneira, estará verdadeiramente se apropriando das tecnologias e ressignificando

sua prática pedagógica.

Conforme análises em artigos (Valente, 1999; 2002), em algumas situações,

as TDIC oferecem recursos importantes para a construção de conhecimento, como

no caso da programação e elaboração de multimídia. Em outros, esses recursos não

estão presentes, e atividades complementares devem ser propostas no sentido de

favorecer essa construção.

No exemplo acima, o professor com seus alunos busca e acessa a

informação da Internet. Essa informação não deve ser utilizada sem antes ser

criticada e discutida. Cabendo esta reflexão critica ao professor. (VALENTE, 2008).

Entre os educadores pesquisados, podemos destacar que 50% já

ingressaram na rede com formação inicial no ensino superior em Pedagogia, 40%

apenas com o Magistério (quando ainda era permitido por lei) e 10% com as duas.

Percebe-se que boa parte dos educadores da rede está preocupada e têm

consciência da necessidade de continuar sua formação, especialmente na disciplina

de Matemática e no uso das TDIC, o que se constata no relato de uma professora

transcrito a seguir:

Falta formação para os professores. Deveria ter formação voltada para o uso das novas tecnologias, o “PRÓ”, referenciando-se ao (Pró-Letramento de Matemática), nos ajuda, mas é abstrato. A tecnologia para os alunos é o que chama mais atenção, sem ela as aulas ficam chatas, o departamento, o governo deveria visar mais este lado e nos ajudar com horário. Muitos colegas têm problema de horário com acúmulo de cargo, dessa maneira, não conseguem participar dos cursos de formação oferecidos. Tem mais de dez anos que estou na rede, estou fazendo o PRÓ-LETRAMENTO em Matemática como primeiro curso por conta do acúmulo de cargos.

PROFESSORA 2

Com este relato percebe-se que os educadores têm a consciência da

importância da formação continuada, que “é o prolongamento da formação inicial,

visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de

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trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do

exercício profissional.” (LIBÂNEO, 2004,P.112).

Dessa maneira, a formação continuada, é ser mais um suporte para que o

professor consiga exercer sua função com qualidade, otimizando os momentos com

os alunos e sem eles, no planejamento de suas aulas, assim, estes momentos terão

só um objetivo: o aprendizado.

Outras iniciativas realizadas pela Prefeitura de Guarulhos para os professores

das séries iniciais foram:

. Curso de Graduação em Pedagogia destinado aos professores que não

possuíam formação superior.

. Cursos de Extensão, destacando-se entre eles o PRÓ-LETRAMENTO EM

MATEMÁTICA, sobre o qual os dados levantados em nossa pesquisa nos

mostraram que teve um papel fundamental, reconhecido pela escola, nos

depoimentos dos professores, e no âmbito da Secretaria de Educação, pela Gestora

do DOEP (Departamento de Orientação Educacional e Pedagógica). Relato da

gestora transcrito abaixo:

Sempre existiu o mito de que matemática é muito difícil, isso caiu por terra porque o professor perdeu um pouco esse medo. O PRÓ-LETRAMENTO em Matemática ajudou! Hoje já temos melhora inclusive dos nossos índices na prova Brasil. GESTORA 1

O PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA foi um dos cursos mais

comentados e elogiados pelos professores pesquisados, tais elogios se devem a

importância da contextualização das atividades na disciplina de Matemática para os

professores. Contextualizando as atividades matemáticas, o professor consegue

compreendê-las melhor, ou seja, o que vai aplicar em sala de aula tem proximidade

com a realidade do educando, a matemática passa a ser ensinada de forma mais

significativa e prazerosa. É o que se observa no depoimento da Professora 3, que

realizou o curso em 2009 e lecionava, naquela época, para uma turma de 4º estágio

(atualmente denominado 5º ano). Ela relata:

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Com o curso Pró-Letramento em Matemática reaprendi e relembrei muito sobre a

matemática; nos encontros com o tutor e outros professores refletíamos sobre os

temas trazidos no material didático do curso e socializávamos práticas a serem

realizadas com nossos alunos. O tutor, em cada encontro, ao iniciar a aula fazia uma

leitura fruição sobre o tema que seria trabalhado naquela aula. Por exemplo:

Números Naturais, o tutor lia um livrinho infantil sobre números e a partir da leitura

eram sugeridas as atividades a serem desenvolvidas com os alunos,

contextualizando assim, as atividades. As aulas eram bem dinâmicas e nós

realizávamos os encontros e as atividades que posteriormente desenvolveríamos

com os alunos e isso era ótimo, pois quando íamos aplicar a atividade sabíamos,

efetivamente, explicar para os alunos e ensinar de forma prazerosa.

PROFESSORA 3

Apesar de ser um importante curso de formação oferecido aos educadores na

disciplina de Matemática, e segundo relatos de gestores e educadores de boa

qualidade e com significativa oportunidade de compreensão dos conteúdos

matemáticos, o PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA não integra a tecnologia as

suas atividades. Pode enquadrar-se na estrutura do conhecimento profissional do

professor TPC, desenvolvido por Shulman, mas não avançou na estrutura proposta

por Mishra e Koehler TPACK, baseada na estrutura de Shulman, porém dando um

passo a mais, incluindo a tecnologia.

Este curso e outros devem ser repensados pelos gestores e acadêmicos que

organizam as formações dos educadores, pois percebe-se a necessidade de

integração da tecnologia nos cursos de formação, em especial na disciplina de

Matemática. Como pode o professor estar preparado para integração das

tecnologias na disciplina de Matemática se não vivenciou, em nenhum momento de

sua formação, esta integração?

Outra observação importante identificada nesta pesquisa foi que os

educadores que apresentaram facilidade com a disciplina de Matemática quando

estudantes não apresentam aversão aos recursos tecnológicos e demonstraram

mais interesse e facilidade em trabalhar com a disciplina mencionada utilizando

recursos tecnológicos, contextualizando suas atividades e significando melhor sua

prática pedagógica em sala de aula.

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Questionaram-se as professoras pesquisadas através da entrevista semi-

estruturada: E na área de tecnologia, vê-se que você tem um bom domínio. Você fez

algum curso?

Sim, o primeiro curso de informática que eu fiz, eu devia ter uns quinze anos. E

sempre tive muito interesse em mexer com máquinas. Sempre estava procurando

cursos porque é uma área que precisa de atualização constante.

PROFESSORA 1

Não, tudo que aprendi foi por minha conta, autodidata, eu mesmo procurando.

PROFESSORA 2

Ambas educadoras relataram em sua entrevista gostar e ter facilidade quando

estudantes com a disciplina de Matemática. Questionou-se também:

O que acha da importância de integrar e dar sentido a um conteúdo

matemático trabalhado com tecnologia? Em sua opinião o que seria bom para ajudar

os educadores? Nesse sentido de trabalhar mais integrado, de melhorar a qualidade

do ensino, o que a Secretaria poderia fazer para contribuir na sua prática?

Eu sinto falta de cursos diferenciados. Por exemplo, curso de informática, mas

durante o curso você vai aprender o quê? Ah, sobre Artes. Vai atrair muito mais. Por

que a pessoa que tem medo do computador, tem uma resistência, se chegar lá e

não tiver que ficar entrando na internet, vendo e-mail, anexando coisas, ao contrário,

vai fazer pintura, pesquisa sobre Arte, talvez ela se sinta mais a vontade. Tornar

esses cursos mais atrativos, como se nós fôssemos os alunos. Da mesma forma que

eu tenho que tornar minha aula melhor para o aluno, o curso que é dado para o

professor tem que ver o professor como aluno. Cativar, encantar, que o professor vai

começar gostar mais, não ter tanta resistência e começará a usar em sala de aula.

Pesquisadora: Você acha que a Secretaria já tem uma proposta elaborada para o

uso das tecnologias digitais da informação e comunicação?

Não, eu acho que ainda está na parte de investir e bastante na de cobrar. Nós já

tivemos cursos de informática na Secretaria, mas não teve incentivo. Tipo, horários

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fáceis para professores que acumulam. Por exemplo, quem faz o curso é obrigado a

multiplicar em sala de aula, e essa obrigação espanta alguns professores. Não sei

se isso é positivo ou não. A intenção da Secretaria não é essa, é dar a formação

para o professor para ele ter a ferramenta, só que se pessoalmente o professor não

gosta do que está sendo ensinado, que está sendo pedido, é mais difícil de

contagiar uma ideia que tiveram na Secretaria, como a educação melhora se aqui os

professores não estão motivados? Quando os professores conseguirem entender a

necessidade disso, ou quanto isso faz parte da aula, do fazer pedagógico dele,

talvez melhore. Aceitação de tecnologias, de cursos, não vire uma obrigação, vire

prazer!

PROFESSORA 1

Dessa maneira, faz-se necessária a elaboração de uma Proposta de Trabalho

por parte da Secretaria de Educação que dê conta de trabalhar de forma integrada

com a tecnologia, os conteúdos matemáticos, ressignificando a prática pedagógica,

objetivando alcançar uma efetiva aprendizagem por parte dos educandos.

Para isso, precisamos ter formações que envolvam professores, monitores de

informática e gestores, em que no dia a dia, professores e monitores realmente

ministrem suas aulas utilizando os recursos digitais, em especial computadores,

laptops, tabletes ou outros recursos tecnológicos que venham a surgir em nossa

sociedade, mas não apenas com joguinhos, ou pesquisas de datas comemorativas e

sim com trabalho integrado aos conteúdos matemáticos de sala de aula, com a

utilização planejada das tecnologias disponíveis na rede.

De certa forma, só o fato de realizar-se uma pesquisa na cidade a respeito do

uso das tecnologias na educação, em especial na disciplina de matemática, já ajuda

a fomentar o debate da importância de trabalhar de forma integrada as tecnologias

com o currículo, talvez pelo fato de muitas vezes os gestores e educadores verem a

pesquisadora como vereadora da cidade (que possui o papel de fiscalizar o poder

público), o que se procurou quebrar durante todo desenvolvimento da pesquisa.

Mas mesmo sem intenção de fazer-se intervenção num primeiro momento,

pois estava lá realmente como pesquisadora, acaba de certa maneira por fazer. O

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que se percebe através das entrevistas. Observe um dos relatos da gestora da

Secretaria da Educação transcrito abaixo:

A partir de 2013, uma das diretrizes da Secretaria de Educação será a melhora do trabalho pedagógico no sentido de avançar no uso das tecnologias e qualificar este uso. Vamos elaborar uma proposta de trabalho para discutir o uso das TDIC na escola. Se não corrermos com isso (com uso das tecnologias no ensino), correremos o risco de “perder a comunicação com os alunos”. O celular, a internet, as redes sociais estão muito disseminados e se ficarmos presos a giz e lousa vamos perder o espaço. Hoje, temos uma infinidade de outros recursos e não colocamos a serviço do pedagógico, dessa maneira, a escola fica cada vez mais desinteressante para o aluno.

GESTORA 1

Como importante contribuição para a cidade de Guarulhos, essa pesquisa

fortalece o uso, com qualidade pedagógica, das tecnologias já disponíveis nas

escolas e sempre inovando buscando acompanhar as TDIC disponíveis na

sociedade e modernizar a escola para acompanhar as novas gerações que já

nascem no mundo das TDIC.

Um bom exemplo foi a modernização dos recursos administrativos através da

criação do FÁCIL, onde os funcionários não puderam mais dar entrada a nenhum

tipo de requerimento, processo ou solicitação via papel, formulários e carimbos;

agora é possível somente utilizando o novo sistema informatizado disponível. A

autora dessa pesquisa cita ter visto queimados na cidade uma montanha de velhos

carimbos e formulários.

Se na escola não ocorrer o mesmo, trocarmos a velha lousa e o giz pelos

recursos tecnológicos, e começarmos em nossas formações propiciar, de forma

integrada o desenvolvimento do conteúdo, atrelado a pedagogia e a tecnologia,

sempre de forma reflexiva por parte dos educadores, continuaremos distantes da

incorporação das TDIC.

Guarulhos precisa de um projeto que motive a comunidade escolar em

incorporar as tecnologias na educação, integrado a formação dos educadores, para

dar um grande salto de qualidade na educação de seu povo, que venha atender as

necessidades da escola.

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Acreditamos que efetivamente para as tecnologias serem incorporadas na

educação devemos oferecer:

- Um amplo programa de Formação Continuada para educadores e demais

profissionais das escolas, em horário de serviço e com parceria com as

universidades;

- Um amplo programa de formação e sensibilização da importância das TDIC

para gestores;

- Ousar fazer projetos para todos, não apenas projetos pilotos, e ir ao longo

da implementação desses projetos aprendendo com nossos erros;

Ter Políticas Públicas com metas claras para alcançar em nossa rede com

relação à implementação das TDIC, como exemplo: o governo federal estabeleceu

uma meta “todos os alunos alfabetizados até 8 anos”. Uma sugestão seria incluir a

meta: “todos os alunos alfabetizados até 8 anos, na leitura, escrita e tecnologia.”

A rede precisa ousar e retirar o velho giz e a lousa das escolas onde se

adquiriram lousas digitais; como no exemplo dos carimbos retirados do FÁCIL, pois

as pessoas, a princípio, têm resistência ao novo e procuram muitas vezes colocá-lo

de lado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa qualitativa houve a oportunidade de coletar um vasto e rico

volume de dados documentais e entrar diretamente em contato com os sujeitos que

educam, com os sujeitos que fazem a gestão e implementam as políticas publicas,

com os sujeitos que pesquisam na Academia. Levantou-se um grande volume de

dados sobre a Rede Municipal de Guarulhos que foi organizado, compreendido e

dividido em três temas alinhados à questão da pesquisa:

- Visão Política;

- Visão Escolar;

- Visão Acadêmica

Esses três temas escolhidos partiram da vivência da pesquisadora, que no

decorrer de sua trajetória profissional, pode ver e viver a educação com diferentes

olhares: como professora em sala de aula, onde atuou durante 13 anos na cidade de

Guarulhos, como gestora da Secretaria de Educação de Guarulhos, onde atuou

durante 8 anos e como política, onde está atualmente como Vereadora da cidade,

em seu 5º ano de mandato.

Os temas buscam responder à questão que originou esta pesquisa: Como o

professor que ensina Matemática (Ciclo I: 1º ao 5º ano) nas Escolas na Educação

Infantil e no Ensino Fundamental I, das escolas públicas da Prefeitura de Guarulhos

foi preparado para usar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação em

sala de aula?

Mais especificamente, buscou-se compreender como foi incorporado o uso de

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na educação e na sala de aula,

identificando quais e como os conteúdos de matemática são desenvolvidos com o

uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação.

Visão Política

Foram analisados, no decorrer da pesquisa, documentos oficiais

disponibilizados pela Câmara Municipal de Guarulhos, como a LDO – Lei de

Diretrizes Orçamentária, e documentos sistematizados pela Secretaria de Educação,

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onde percebe-se que vêm sendo investidos recursos voltados para formação

continuada de professores com o uso das TDIC. Mas, o efetivo uso das TDIC nas

escolas não acontece de forma integrada ao currículo, conforme se defenderam,

nessa abordagem, alguns autores tais como: ALMEIDA e VALENTE (2011). Através

do olhar político pôde-se observar que as iniciativas das Políticas Públicas precisam

repensar a implementação de projetos de Formação dos Educadores, para que os

recursos tecnológicos sejam incorporados à prática do cotidiano escolar.

É preciso considerar que as tecnologias avançam e surgem novas demandas

de formação. Além disso, é importante pensar em algumas estratégias que possam

contribuir para que o professor aprenda a usar as tecnologias e a reconstruir a sua

prática pedagógica. Para isto, as propostas de formação continuada devem prever

ações para que o professor tenha um acompanhamento técnico, e essencialmente

pedagógico, para poder integrar as TDIC aos conteúdos curriculares, na perspectiva

destacada por ALMEIDA (2000; 2002) e PRADO (2011).

Para tanto, é preciso que haja compreensão política de que a tecnologia veio

para ficar, mas que a forma de lidar pedagogicamente com ela não está pronta e

acabada estará sempre em constante movimento, sendo necessária a renovação de

recursos tecnológicos pelo menos a cada dois anos e constante formação dos

educadores.

Além da necessidade de integrar as TDIC ao currículo, também se entende,

com o olhar de educadora e política atuante, que existe a necessidade de melhoria

nas Políticas Públicas, estas devem visar melhores salários para os educadores,

sendo fundamental promover formações continuadas dentro do horário de trabalho,

possibilitando a participação efetiva de toda rede. O Curso do PRÓ-LETRAMENTO

foi um exemplo e uma referência, pois não houve dispensa de alunos; através do

pagamento de horas extras, que funcionou como um incentivo aos educadores para

participarem da formação continuada. Salienta-se como ideal, uma Educação onde

nossos educadores possam dedicar-se a uma única rede, tenham um salário bom,

Plano de Cargos e Carreira do Magistério.

Como o avanço das tecnologias, a efetivação de seu uso na escola está

sempre um passo atrás, quando conseguimos montar um laboratório de informática

nas unidades escolares, surgiram os Laptops que demandam outra configuração de

sala de aula e novas propostas de formação; e mais recentemente, surgiram os

tabletes para serem utilizados na Educação do Ensino Médio.

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Dessa forma, é importante que, tanto as instâncias das Secretarias de

Educação, como as escolas revejam os Projetos Políticos Pedagógicos e discutam

as estratégias para viabilizar a integração das TDIC. É importante que os

profissionais da Secretaria de Educação, juntamente com os especialistas da área,

levantem um amplo debate e elaborem com as escolas, uma proposta de trabalho

com metas claras para incorporar as TDIC ao Currículo, de forma a ajudar na

melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos educandos da rede,

potencializando assim, os investimentos destinados às TDIC e promovendo a

qualidade na Educação.

Visão Escolar

Um aspecto a ser considerado para a melhoria da Educação Pública é a

formação inicial dos professores. Essa precisa ser melhorada, em especial na

disciplina de matemática, uma vez que os educadores têm como exigência para o

ingresso na rede municipal de Guarulhos, a formação inicial em Pedagogia. Em seus

relatos, observa-se que não existe um estudo mais aprofundado da disciplina neste

curso, e que os educadores, muitas vezes, não sentem segurança para trabalhar

com seus educandos diversos conteúdos matemáticos (Castro, 2010), tampouco os

recursos tecnológicos (SARDEIRO, 2010).

Assim, a Formação Continuada torna-se mais um importante suporte para o

exercício com qualidade do ofício do mestre em sala de aula. Sendo necessária

consciência, por parte dos educadores e também de seus gestores, de que a

formação de um educador não se acaba com sua formatura, deve continuar.

Lembrando sempre que o ato de ensinar é complexo e deve estar integrado a

diversos tipos de conhecimentos Pedagógicos, Tecnológicos e dos Conteúdos. O

que remete a busca de fundamentação dessa pesquisa na estrutura TPACK

(Conhecimento Pedagógico Tecnológico do Conteúdo), para analisar de forma

qualitativa os dados levantados na Rede Municipal de Guarulhos.

Dessa maneira, um educador que estará formando os profissionais do futuro,

deverá acompanhar as mudanças da sociedade, se mantendo informado e

atualizado, se tornando cada vez mais fundamental a inserção das Tecnologias

Digitais da Comunicação e Informação na Formação Continuada dos Educadores,

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para que estes possam empregá-las em sua prática pedagógica, proporcionado

mudanças na qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

Como professora da escola publica, a autora dessa pesquisa cita outro

importante fato que observa: a necessidade de integrar as políticas públicas

adotadas pela Secretaria de Educação, tais como aquisição de equipamentos, a de

formação dos educadores, e os conteúdos que devem ser trabalhados, utilizando as

tecnologias digitais da informação e comunicação.

Observa-se também a necessidade de uma maior aproximação entre o

mundo acadêmico e o mundo escolar.

Visão Acadêmica

Percebe-se, através dos depoimentos dos pesquisadores que trabalharam em

diversos projetos para implementação das TDIC MP Brasil, que se possui a

consciência de que a apropriação das tecnologias pela educação ainda é muito

pequena. Fizeram significativas observações inclusive sobre a formação inicial dos

educadores, onde nota-se que os cursos de graduação das universidades brasileiras

não preparam seus profissionais para utilizarem as TDIC em sua pratica profissional.

Dessa maneira, tanto para o professor quanto para qualquer profissional fica

difícil produzir conhecimentos a partir das TDIC se não vivenciaram, em sua

formação inicial, a construção do conhecimento com o uso das tecnologias.

Havendo necessidade ainda maior de pensar Políticas Públicas que deem conta de

uma Formação Continuada para os Educadores por parte dos governos, que

propicie esta vivência e preencha essa lacuna.

O Brasil precisa estabelecer um Plano de Diretrizes e Metas claras a serem

seguidas e alcançadas para verdadeiramente implantar as TDIC na educação.

Dentro deste plano deve contemplar a modernização dos cursos de graduação, em

especial, formação inicial dos professores que devem vivenciar o uso das TDIC em

seu aprendizado. Não faz sentido querer que o professor aplique na escola, com

seus alunos, as TDIC que sequer aprenderam com seus professores em sua

formação inicial.

Para sintetizar as ideias dessa pesquisa, utiliza-se o esquema expresso na

Figura 16:

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Incorporação da

TDIC na educação.

Visão P Visão

Política. E escolar.

A

PA A E

Visão

Acadêmica.

Professores

Especialistas

Pesquisadores.

Figura 16 - Novo Conceito.

Gestores

Professores.

Governos,

gestores,

políticos.

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A figura 16 sintetiza as ideias da pesquisadora. Apresenta a importância da

incorporação das TDIC na educação com base na trajetória vivenciada pela

pesquisadora e comprovada nesta pesquisa. Existe uma intersecção entre a política,

a escola e o meio acadêmico, onde estão inseridos os sujeitos essenciais, capazes

e responsáveis por promover esta incorporação.

Para propiciar a incorporação das TDIC nas práticas escolares é necessário

que as ações das três visões (Política, Escolar e Acadêmica), sejam desenvolvidas

de forma articulada. É por meio desta articulação de saberes, de cada universo de

atuação que poderão ser construídas propostas de formação de educadores

(Professores e Gestores) voltadas para o desenvolvimento do TPACK, de modo a

favorecer a incorporação das TDIC nas escolas e de práticas integradoras do uso

das tecnologias digitais aos conteúdos curriculares.

Encerra-se esta pesquisa com um pensamento de Paulo Freire que foi um

político, educador, gestor e pesquisador:

“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não apenas ‘galinhas’. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.” (PAULO FREIRE*)

__________________________________________________________________________

*PENSAMENTOS DE PAULO FREIRE, Disponível no site http://pensador.uol.com.br/pensamentos_paulo_freire (acesso em 22/06/2013).

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APÊNDICE A - Questionário

1. DADOS PESSOAIS

NOME: _______________________________________________________________

IDADE___________ Nº FILHOS___________ FONE:________________________

EMAIL__________________________________ CEL:________________________

REDES SOCIAIS:_____________________________________________________

2. QUAL SUA FORMAÇÃO INICIAL PARA INGRESSO COMO PROFESSOR NA PREFEITURA

MUNICIPAL DE GUARULHOS? E EM QUE INSTITUIÇÃO SE FORMOU?

3. POSSUI FORMAÇÃO COMPLEMENTAR?

( )SUPERIOR COMPLETO ( ) ESPECIALIZAÇÃO ( ) LATO SENSO

( ) MESTRADO ( ) DOUTORADO

ESPECIFIQUE?______________________________________________________

OFERECIDO PELA P.M.G. ( ) SIM ( ) NÃO ESPECIFIQUE.

4. VOCÊ ACUMULA CARGO? COM QUE REDE?

5. EM QUANTAS ESCOLAS E QUANTAS HORAS SEMANAIS TRABALHA?

6. TEM FEITO CURSOS DE EXTENSÃO?

DA REDE MUNICIPAL ( ) DE OUTRAS REDES ( )

7.1 QUAIS REDES? _________________________________________________

7.2 QUAIS CURSOS?________________________________________________

8. QUANDO ESTUDANTE GOSTAVA DA DISCIPLIANA DE MATEMÁTICA?

( ) SIM ( ) NÃO.

JUSTIFIQUE______________________________________________________________

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9. QUAL SUA RELAÇÃO COM O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?

9.1 UTILIZA EM CASA ( ) EM SALA DE AULA ( ) NÃO UTILIZA ( )

9.2 QUE TIPOS?______________________________________________________

10. FEZ ALGUM CURSO VOLTADO A DISCIPLINA DE MATEMÁTICA? QUAL? OFERECIDO POR UMA DAS REDES? DE QUAL UNIVERSIDADE?

11. FEZ ALGUM CURSO VOLTADO PARA O USO DA INFORMÁTICA?

11.1 QUAIS?_________________________________________________________

11.2 OFERECIDO POR UMA DAS REDES? QUAIS?________________________

11.3 DE QUAIS ESCOLAS OU UNIVERSIDADES?__________________

11.4 TEMPO DE DURAÇÃO?____________________________________________

12. QUANTOS DIAS DA SEMANA E HORAS AULA COSTUMA MINISTRAR A DISCIPLINA DE MATEMÁTICA PARA SEUS ALUNOS?

13. EM QUE ANO E CICLO MINISTRA AULA? QUAIS CONTEÚDOS ESTÁ TRABALHANDO NESTE BIMESTRE?

14. SEUS ALUNOS UTILIZAM O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA? SE POSITIVO, VOCÊ COSTUMA ACOMPANHÁ-LOS?

15. COSTUMA UTILIZAR QUE RECURSOS PEDAGÓGICOS E TECNOLÓGICOS EM SALA DE AULA?

16. CITE ALGUNS PONTOS POSITIVOS DA REDE MUNICIPAL DE GUARULHOS E ALGUNS PONTOS NEGATIVOS.

17. O QUE VOCÊ APONTARIA COMO SUGESTÃO PARA FACILITAR SEU TRABALHO EM

SALA DE AULA, ESPECIALMENTE NA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA E PARA O USO DOS

RECURSOS TECNOLÓGICOS OFERECIDOS PELA ESCOLA?

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APÊNDICE B - Roteiro de entrevista semi-estruturada

1. Trabalha os conteúdos de matemática em sala de aula. Quantas vezes por semana? Qual conteúdo trabalhará este ano? Qual está trabalhando neste momento?

2. Qual sua relação com a disciplina de matemática? (Gostava na época escolar, acha difícil? Tem facilidade de aprender?)

3. Seus alunos vão para o laboratório de matemática? Quantas vezes? Você costuma acompanhá-los?

4. Você acredita que ir ao laboratório é importante para o acesso a tecnologia? Ou também contribui no aprendizado? Se contribui, como?

5. Quanto ao apoio dos gestores para seu trabalho em sala de aula e no laboratório de informática? Indique pontos positivos e pontos negativos.

6. Quanto à estrutura oferecida, considera adequada? Indique pontos positivos e pontos negativos.

7. Qual formação na área de matemática os educadores da rede tiveram na matemática e para o uso das tecnologias? Em sua formação inicial? E em sua formação continuada?

8. Qual a proposta que o sistema da Secretária de Educação de Guarulhos apresenta para o uso das tecnologias? Você a considera boa? Indique pontos positivos e pontos negativos.

9. A formação enfatizou o uso integrado dos recursos tecnológicos aos conteúdos de sala de aula? E especialmente na disciplina de matemática? Você considera necessários integrá-los? Justifique sua resposta.

Algumas questões poderão ser trabalhadas em grupo com educadores pesquisados em hora atividade.

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APÊNDICE C – Entrevista para Professores Especialistas.

1. Como foi a implantação nas Tecnologias Digitais da Informação (TDIC)

no Brasil?

2. Qual sua atuação nesta área?

3. Como você vê o uso destas TDIC hoje nas escolas?

4. Como vê o uso das TDIC nas universidades? Considera a formação

para os educandos das graduações adequadas?

5. Como poderíamos melhorar a incorporação das TDIC na educação, em

sua opinião?

6. Diversos investimentos públicos foram realizados para compras de

equipamentos e programas. Comente como vê a implementação das políticas

públicas que se destinaram a incorporar as TDIC na educação brasileira. Em sua

opinião tem avançado? Funcionou? O que poderia ser feito para avançar?

7. Apesar dos avanços tecnológicos ocorridos em nossa sociedade as

escolas e seus educadores continuam utilizando como principal ferramenta de

trabalho a lousa e o giz, o que poderia ser feito para modernização da educação em

sua opinião com relação às TDIC?

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APÊNDICE D - Entrevista com a professora de uma escola da Prefeitura

de Guarulhos.

Marisa: Vamos conversar agora com a professora de uma escola da Prefeitura de

Guarulhos, da Região dos Pimentas.

Marisa: Professora, você trabalha com que ano?

Professora 2: Eu trabalho com o 4º ano na rede municipal.

Marisa: Você trabalha em uma única rede?

Professora 2: Não, trabalho em duas escolas, uma municipal e uma estadual. Na

estadual em trabalho com 7º, 8º e 9º anos.

Marisa: Na matemática, quais são os conteúdos que está trabalhando este ano?

Professora 2: Eu procuro abranger todo o conteúdo, priorizando números,

grandezas, medidas, proporção e figuras geométricas.

Marisa: Quantas vezes por semana você costuma trabalhar com Matemática?

Professora 2: Quatro vezes por semana, dependendo da necessidade, até cinco.

Marisa: Quantas horas você costuma trabalhar durante suas aulas?

Professora 2: De duas horas a duas horas e meia.

Marisa: Quando aluna, qual sua relação com a disciplina de Matemática? Tinha

facilidade em aprendê-la?

Professora 2: Eu adorava matemática quando estudante e sempre tive bastante

facilidade em aprender, tanto é que sempre ajudava alguns colegas que tinham

dificuldade.

Marisa: Você chegou a fazer algum curso voltado para disciplina de matemática?

Professora 2: Estou fazendo agora, o PRÓ-LETRAMENTO EM MATEMÁTICA,

estou adorando o curso.

Marisa: E na área da tecnologia, você chegou a fazer algum curso?

Professora 2: Não tudo que aprendi foi por minha conta, autodidata, eu mesmo

procurando.

Marisa: Mas você utiliza o computador?

Professora 2: Utilizo em casa e na escola

Marisa: Utiliza nos dois locais?

Professora 2: Sim

Marisa: Você costuma levar seus alunos para o laboratório de Informática?

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Professora 2: Sim, principalmente aqui na rede municipal, na rede estadual já é

mais difícil. Aqui sempre vou para o laboratório, temos, às vezes, dificuldade com

internet.

Marisa: Você costuma acompanhar os alunos nas aulas de informática?

Professora 2: Sim.

Marisa: Como utiliza a aula de informática? Costuma trabalhar conteúdos definidos

por você ou pelo monitor de informática?

Professora 2: Sempre aproveito a aula em sala para puxar o conteúdo a ser

trabalhado no laboratório de informática. Como exemplo, o tema da Consciência

Negra, trabalhamos textos em sala e pesquisamos o tema na internet.

Marisa: Neste momento, o que estão trabalhando com matemática no laboratório?

Professora 2: Uso mais a parte de pesquisa, de Matemática não tem nada que

estamos usando neste momento.

Marisa: Você acredita que é importante o uso das novas tecnologias na educação?

Professora 2: Importantíssimo ir ao laboratório com as crianças, e o professor que

não utilizar tecnologias ficará perdido no tempo.

Marisa: Sente apoio por parte dos gestores para utilização das novas tecnologias?

Professora 2: Sinto apoio dos gestores que ajudam a manter em ordem os

computadores. Preocupam-se em acionar o departamento rapidamente sempre que

tem um problema com a infra-estrutura.

Marisa: A Secretaria de Educação apresentou uma proposta para o trabalho com o

uso das novas tecnologias?

Professora 2: Não. É uma falha da Secretaria de Educação, que em minha opinião

ainda não tem uma proposta para trabalhar com a tecnologia. Temos equipamentos

riquíssimos, aqui na escola temos lousas digitais, mas eu ainda não sei mexer na

lousa.

Marisa: O que você sugeriria para o Governo, para a Secretaria, para fortalecer o

uso das tecnologias?

Professora 2: Falta formação para os professores. Deveria ter formação voltada

para o uso das novas tecnologias, o “PRÓ”, (Pró Letramento de Matemática), nos

ajuda, mas é abstrato. A tecnologia para os alunos é o que chama mais atenção,

sem ela, as aulas ficam chatas. O departamento, o governo, deveria visar mais este

lado e nos ajudar com horário. Muitos colegas têm problema de horário com

acúmulo de cargos, dessa maneira, não conseguem participar dos cursos de

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formação oferecidos. Tem mais de dez anos que estou na rede, estou fazendo o

Pró Letramento em Matemática como primeiro curso por conta do acúmulo de

cargos.

Marisa: A Prefeitura de Guarulhos oferece muitos cursos de formação?

Professora 2: Oferece, mas agora está mais limitado, no governo anterior, do

prefeito Elói oferecia mais, caiu um pouco, mas ainda tem vários cursos.

Marisa: Obrigada pela participação.

APÊNDICE E - Entrevista com uma professora do 2º Ano de uma Escola

Municipal de Guarulhos, no bairro dos Pimentas.

Marisa: Hoje você deu uma aula diferente. Aula de tecnologia para seus alunos.

Qual o tema da sua aula e por que você escolheu este tema?

Professora 1: Faz parte do planejamento falar do Sistema Monetário agora no 3º e

4º bimestres. Nós temos uma moeda própria chamada “Dindin”. Então, a correção

de cadernos, de tarefa, do livro, bom desempenho escolar nas atividades, gera o

pagamento de “dindin”. Cada criança, de acordo com seu desempenho, no final do

mês recebe uma quantidade de “dindin”. No final do mês, eu faço uma feirinha com

itens de material escolar que a gente tem na própria escola: lápis, borracha,

livrinhos, caderninhos de desenho. Então, eles podem comprar com esse “dindin”.

Aprofundando mais o assunto e esbarrando no assunto do Sistema Rural (que a

gente já falou do Sistema Urbano e outros Sistemas de Habitação) no Sistema

Rural, tem um jogo na internet, de fazenda que é de relacionamento, de contato

social. Então, eu trouxe pra eles, para englobar uma aula de informática, conhecer

ambientes virtuais. No ano que vem, eles vão começar a ter aula de informática, e já

é um ganho saber mexer na máquina, saber o que é um clic, quando está conectado

na internet, onde eu clico para procurar isso, como solucionar um problema. Então,

eu quero que eles se familiarizem com este ambiente.

Marisa: Hoje, quem tem aula de informática são só os 3º e 4º anos?

Professora 1: 3º, 4º e 5º anos. No assunto Informática eu estou preparando eles.

Entra na questão do Sistema Administrativo da Fazenda, de você lidar com o

dinheiro. Esta questão do “dindin” aqui na sala é para comparar com o trabalhar, o

ganhar dinheiro para comprar, conquistar, para poder ter, para organizar sua vida.

Para a criança, às vezes, é meio difícil entender. Eles sabem que o pai e a mãe

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trabalham, pegam o dinheiro e pagam a conta, mas porque eles não podem ter

determinada coisa? Por que o dinheiro não dá? E por que eles têm que entender

este sistema? Talvez, brincando com o “dindin’ aqui na sala, brincando na

fazendinha, eles vão entendendo que à medida que eu me dedico, à medida que eu

estudo para ter um emprego melhor, à medida que eu planejo meu gasto, eu

consigo ter o que eu quero. Então, isso vai desenvolvendo os assuntos que tem no

meu planejamento, e vai aumentando a capacidade de observar todos esses

sistemas em funcionamento à volta deles, no mundo real.

Marisa: Quais os conteúdos de matemática você está trabalhando esse ano, além

do Sistema Monetário?

Professora 1: No Planejamento, eu coloquei revisão de soma e subtração para o 1º

e 2º bimestre, e no último bimestre, noção de multiplicação e divisão. Dentro desses

dois conceitos, como agora é uma noção, eu quis fugir daquele fazer tabuada, fazer

tabuada e fazer tabuada. E eu achei que eles, lidando com as notinhas do dinheiro,

fazem conta de cabeça mais fácil, conforme eles vão passeando pela “lojinha”, eu

preciso disso e disso, muita criança corrigiu na cabecinha dela, a questão das

quantidades brincando com o “dindin”. Então, uma coisa que custa 23, ela me trazia

2 e 3. E não dá, por que 23 é uma quantidade diferente de 2 e 3. 2 e 3 são 5, e ao

lidar com o dinheirinho, com o concreto, eles desenvolveram o cálculo mental e

habilidades que até agora não tinham conseguido fazendo continhas. Eu consegui

falar sobre conjunto, valor, peso, medidas, mas esse livro é mais “grosso”, então ele

custa mais. Conseguimos englobar nessa atividade que eu tenho na sala do “dindin”

muitas habilidades, o concreto. Tem criança que ainda tem dificuldade, mas na

prática, no dia a dia consegue se adaptar ao mundo real e entender que vai precisar

dessas habilidades mais pra frente e vai adquirindo o conhecimento.

Marisa: Quantas vezes por semana você está trabalhando com matemática?

Professora 1: Matemática eu tenho um dia inteiro que é na quarta-feira, em que

trabalho nos livros o conteúdo teórico. Mas, se for esmiuçar, se for procurar, toda

atividade tem. Se eu perceber que a dificuldade de alguns alunos na turma está em

soma, por exemplo, contar as letras de uma palavra, contar as sílabas, a gente volta

na matemática. A gente usa as habilidades de um conteúdo no outro.

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Marisa: Quando você era aluna, você gostava de Matemática?

Professora 1: Sempre gostei. Problemas de matemática, problemas lógicos eu

sempre gostei.

Marisa: Você acha importante o uso das tecnologias no ensino hoje?

Professora 1: Demais. Porque as crianças têm muito contato com isso; com celular,

com joguinhos, com DVD, é botão, liga tomada, se o cabo está certo. No dia a dia,

na vida real deles, eles têm muito disso. Se a gente conseguir usar esse recurso na

escola para facilitar o ensino é um ganho muito grande, porque além de aprender

conteúdo que ele precisa pra vida escolar, para a vida estudantil dele, ele precisa

desenvolver ainda mais as habilidades para quando um dia ele comprar um DVD

novo, ele saber onde conecta, o que tem que procurar, ele vai se familiarizando.

Marisa: Na sua formação teve alguma coisa voltada para a matemática? Algum

curso que você fez?

Professora 1: Na primeira formação, que foi Pedagogia, em Didática a gente teve

um semestre dedicado a matemática. Um a Português e outro a Matemática. E

cursos assim, direcionados, eu nunca tive, mas sempre eu tive pais muito leitores,

um pai que mexe muito com máquina, que faz muita conta, faz muito planejamento

de sistema pra rede elétrica, este sempre foi um assunto muito presente. Então cada

vez que acontecia em casa, um problema de onde vai instalar o poço, onde vai

instalar a fossa, juntava todo mundo pra falar. Não, se for perto daqui, prejudica tal

coisa, se for perto. Isso tudo é lógico! A distância da fossa ao poço tem que ser de

15 metros, se der 14 metros e meio o que vou fazer? Como isso ajudou na minha

vida, eu fico imaginando que na vida dos alunos seria bem mais fácil se eles

soubessem, desde pequenos, a lidar com dinheiro, com banco, com mercado. Tudo

isso, para mim foi muito importante, desde pequena, e eu acredito que para eles

também será, muito mais fácil para a vida deles.

Marisa: E na área de tecnologia, eu vi que você tem um bom domínio. Você fez

algum curso?

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Professora 1: Sim, o primeiro curso de informática que eu fiz, eu devia ter uns

quinze anos. E sempre tive muito interesse em mexer com máquinas. Sempre

estava procurando cursos porque é uma área que precisa de atualização constante.

Marisa: Você fez algum curso pela Prefeitura?

Professora1: De informática não. O único que estou fazendo agora é um curso à

Distância. Precisa ter o computador e a internet.

Marisa: Que curso é?

Professora1: É um curso sobre prevenção de drogas. É todo virtual, é naquele

sistema moodle.

Marisa: Quanto aos gestores, você acha que eles têm uma atuação boa, que eles

contribuem em sua sala de aula com uso das novas tecnologias?

Professora 1: Enquanto equipamento, não falta nada na escola. Tudo que a gente

precisa tem. Então, se a gente inventar cineminha, tem. Sala de informática, posso

usar com os alunos, é tudo uma questão de organização. Eu sinto falta de material

direcionado, específico, na parte de conteúdo, não foi investido ainda. Talvez mais

para frente. Agora estamos com a lousa interativa que acredito que vai dar uma

balançada legal, desde que o material que eu coloque lá seja bom. A semana

passada teve uma formação que o pessoal do SAAE veio fazer aqui, e eles

mostraram um videozinho que a professora ensinava decoreba de tabuada na lousa

e o diretor chegou bem empolgado dizendo que ia trazer computador, projetor e

telão. Após a instalação, a professora continuou com a decoreba da tabuada sendo

projetada no telão. A parte do conhecimento que é colocado nesses equipamentos é

muito importante, a tecnologia para a utilização deles é também muito importante.

Marisa: Você acha que a Secretaria já tem uma proposta elaborada para o uso das

novas tecnologias?

Professora 1: Não, eu acho que ainda está na parte de investir e bastante na de

cobrar. Nós já tivemos cursos de informática na Secretaria, mas não teve incentivo.

Tipo, horários fáceis para professores que acumulam. Por exemplo, quem faz o

curso é obrigado a multiplicar em sala de aula, e essa obrigação espanta alguns

professores. Não sei se isso é positivo ou não. A intenção da Secretaria não é essa,

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é dar a formação para o professor para ele ter a ferramenta, só que se

pessoalmente o professor não gosta do que está sendo ensinado, que está sendo

pedido, é mais difícil de contagiar uma ideia que tiveram na Secretaria, como a

educação melhora se aqui os professores não estão motivados? Quando os

professores conseguirem entender a necessidade disso, ou quanto isso faz parte da

aula, do fazer pedagógico dele talvez melhore. Aceitação de tecnologias, de cursos,

não vire uma obrigação; vire prazer!

Marisa: Você não acha que as crianças de todas as séries deveriam ir para a sala

de informática, naturalmente, ou você acha que a estrutura não comporta? Porque

só o 3º, o 4º e o 5º anos?

Professora 1: Eu acredito que, tanto pelo desenvolvimento biológico deles, 3º, 4º e

5º anos, eles já têm o domínio da coordenação motora melhor, usam mouse, como

também sou a favor dos pequenos irem, pois existem aplicativos e programas

adequados. Aqui na escola a gente já teve as mesinhas alfabetizadoras com teclado

diferente, com programas diferentes pra eles, e eu nunca vi em nenhuma escola a

mesinha funcionar. Eu nunca vi alguém falar toda semana, ou a cada quinze dias, eu

levo meu estágio de 4 ou 5 anos para fazer atividade na Mesa do Positivo.

Marisa: Ah, então a Mesa não foi utilizada?

Professora 1: Não, ninguém utilizou. A formação para utilização da Mesa foi dada

apenas para o Coordenador, não foi dada ao Professor. Nenhuma escola que eu

trabalhei, não vi ninguém utilizar. Nem com crianças com deficiências, nem crianças

menores. O Coordenador até socializou, dividiu em hora atividade, mas nenhum

professor utilizou, nem levou os alunos para experimentar.

Marisa: Só para concluir, o que você acha da importância de integrar, de dar sentido

a um conteúdo de matemática trabalhado com a tecnologia?

Professora 1: Aula de Matemática, aula de Informática, aula de História... Eu acho

que a gente ainda vai chegar numa época que não separe mais Português,

Literatura, Matemática. Nós vamos conseguir juntar mais. A questão é que hoje em

dia é cobrado disciplina por disciplina. Então, na hora da prática você pode juntar e

na hora de avaliar e de planejar, você tem que planejar separado, registrar

separado. Se fosse tudo integrado, uma aula no computador de determinado

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assunto, ela poderia englobar todas as disciplinas, várias tecnologias, e com isso a

criança poderia ter em uma única aula várias habilidades desenvolvidas. Eu acho

muito importante essa junção de disciplina, de tecnologia e da parte prática, como

um passeio, como uma visita. Tudo isso junto dá resultado, ficar separando adia o

resultado.

Marisa: Na sua opinião, o que seria bom para ajudar os educadores? Nesse sentido

de trabalhar mais integrado, de melhorar a qualidade do ensino, o que a Secretaria

poderia fazer para contribuir na sua prática?

Professora 1: Eu sinto falta de cursos diferenciados. Por exemplo, curso de

informática, mas durante o curso você vai aprender o quê? Ah, sobre Artes. Vai

atrair muito mais. Porque a pessoa que tem medo do computador, tem uma

resistência, se chegar lá e não tiver que ficar entrando na internet, vendo e-mail,

anexando coisas, ao contrário, nós vamos fazer pintura, pesquisa sobre Arte, talvez

ela se sinta mais a vontade. Tornar esses cursos mais atrativos, como se nós

fôssemos os alunos. Da mesma forma que eu tenho que tornar minha aula melhor

para o aluno, o curso que é dado para o professor, tem que ver o professor como

aluno. Cativar, encantar, que daí ele vai começar gostar mais, não ter tanta

resistência e começará a usar em sala de aula.

Marisa: Obrigada, Professora.