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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
JOÃO PAULO GAMA DOS SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE
RIO DE JANEIRO
2007
1
JOÃO PAULO GAMA DOS SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE
Monografia final de curso de Pós-graduação em Psicomotricidade apresentado à Universidade Cândido Mendes, sob a orientação do professor Ms. Celso Sanches.
RIO DE JANEIRO
2007
2
Agradeço a Deus, aos
meus pais, aos meus familiares
e amigos pela cooperação, pela
amizade e confiança em mim
depositado. O meu muito
obrigado!
3
Dedico esta monografia
aos meus pais pelo amor em
mim depositado.
4
RESUMO
A psicomotricidade é uma atividade motora considerada no seu
significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.
O termo psicomotricidade está justificado no campo psicológico e no
campo motor, podendo ser utilizado no campo educativo. A personalidade é, de
fato, uma unidade biopsíquica substancial e consiste de um corpo constituído
de estruturas biológicas e psíquicas e uma indivisível inter-relação funcional.
Dessa forma, qualquer gesto ou pensamento é sempre o produto de
dinamismos orgânicos e psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a
motricidade é expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e
corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica somente
os aspectos psicológicos do movimento, mas sim biopsicomotricidade.
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SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................. 4 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 6 CAPITULO I – A PSICOMOTRICIDADE ............................................................. 7 1.1. O que é Psicomotricidade................................................. 7 1.2. Psicomotricidade para crianças...................................... 8 1.3. A psicomotricidade de crianças na 3ª e 4ª séries.......... 8 1.4. Valências psicomotoras.................................................... 9
1.5. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades motoras.......................................................... 10
1.6. Estágios de desenvolvimentos segundo Jean Piaget... 11 1.7. O papel do Professor de Educação Física...................... 11 1.8. A psicomotricidade e a educação.................................... 12
1.9. Psicomotricidade e o desenvolvimento do ser humano............................................................................... 13
1.10. A importância da Educação Física no desenvolvimento da psicomotricidade........................... 15
1.11. O significado do movimento na infância e a Educação Física................................................................................... 16
CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO............................................................................. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 19 FOLHA DE APROVAÇÃO.................................................................................... 21
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INTRODUÇÃO
A psicomotricidade é uma atividade motora considerada no seu
significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.
O termo psicomotricidade está justificado no campo psicológico e no
campo motor, podendo ser utilizado no campo educativo. A personalidade é, de
fato, uma unidade biopsíquica substancial e consiste de um corpo constituído
de estruturas biológicas e psíquicas e uma indivisível inter-relação funcional.
Dessa forma, qualquer gesto ou pensamento é sempre o produto de
dinamismos orgânicos e psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a
motricidade é expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e
corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica somente
os aspectos psicológicos do movimento, mas sim biopsicomotricidade.
A aula de Educação Física pode contribuir para a psicomotricidade do
aluno com exercícios precisamente visando aspectos motores, isto é,
exercícios em que o corpo se desloca e a criança percebe as diferentes noções
de maneira interna, ou através de exercícios sensório motores onde a
manipulação de objetos possibilita a percepção de diversas noções. Esses
exercícios podem possibilitar ao aluno uma análise perceptiva, uma precisão
da representação mental e uma determinação de pontos de referência
contribuindo para uma conscientização de corpo e espaço.
Esta monografia verificará a psicomotricidade no desenvolvimento da
criança na fase da 3ª e 4ª série da 1ª etapa do Ensino Fundamental.
Questionará se a Psicomotricidade interligada à Recreação traz benefícios ao
desenvolvimento da criança nesta fase escolar. Quais são seus pontos
positivos na prática da atividade física escolar recreativa infantil e quais são os
benefícios no desenvolvimento da criança.
O objetivo desta pesquisa é verificar se a psicomotricidade interligada à
recreação infantil contribui para o desenvolvimento afetivo, psicomotor e social
da criança de 3ª e 4ª série ou não.
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CAPÍTULO I
A PSICOMOTRICIDADE
1.1. O que é Psicomotricidade
Psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas,
incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos
e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do
movimento humano. (FONSECA, 1983)
É importante o desenvolvimento motor, pois é como precursor
de todas as demais áreas. Porém, a partir da orientação em uma pré-
escola é que se pode constatar a abrangência do significado de todas
as definições e de toda a teoria na prática. (BENTO, 1989)
A psicomotricidade, aspecto que caracteriza de modo
exclusivo a espécie humana, é componente fundamental no
desenvolvimento de relações e fonte de experiências que estruturam
e formam a figura do “Eu”. As pesquisas mais atuais têm verificado
que a criança aprende pelo movimento até construir fases cognitivas
que prosseguem por incubações e explosões, o que permite afirmar
que cada esquema de comportamento deriva de atividades motoras
até incidir nos processos elevados do pensamento, verdadeira
conduta de liberdade. (HILDEBRANDT; LAGING, 1986)
A psicomotricidade é, então, uma atividade motora considerada no seu
significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.
O termo psicomotricidade, como nos faz observar, está
justificado no campo psicológico, e não no campo educativo. A
personalidade é, de fato, uma unidade biopsíquica substancial e
consiste de um corpo constituído de estruturas biológicas e psíquicas
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e uma indivisível inter-relação funcional. Dessa forma, qualquer gesto
ou pensamento é sempre o produto de dinamismos orgânicos e
psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a motricidade é
expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e
corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica
somente os aspectos psicológicos do movimento, mas sim
biopsicomotricidade. (HILDEBRANDT; LAGING, 1986)
A psicomotricidade não é um saber especializado nem uma série de
técnicas que pertence ao corpo, mas é uma proposta de educação do ser na
sua globalidade. Tal educação, por meio da corporalidade, no sentido de um
desenvolvimento intelectual, afetivo e social, caminha sem justapor o corpo a
psique, mas reformulando as relações entre psique e corpo.
1.2. Psicomotricidade para crianças
É uma prática terapêutica de mediação corporal, realizada em grupo,
através do prazer de brincar, da expressividade da criança e de jogos
simbólicos que favorecem a descoberta de diferentes formas de comunicação.
Possibilita que a criança ou o adolescente integre uma maior
compreensão e disponibilidade para usar sua capacidade de adaptação sócio-
emocional e psicomotora construtivamente.
1.3. A psicomotricidade de crianças na 3ª e 4ª séries
A psicomotricidade delas caracteriza-se pela graça, fluência, suavidade
e riqueza de movimento, mas se manifesta cada vez mais com maior
economia. O excesso de movimentos é reduzido em favor de um movimento
mais exato e funcional. Assim, a maturidade motora oferece as precondições
para o estilo de movimento ginástico desportivo e para a forma rudimentar de
técnicas desportivas. A capacidade de coordenação aumenta de tal forma que
também são executadas facilmente combinações, como saltar por sobre a
corda, na corrida, lançar e arremessar bola, etc.
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Energia e vigor, elevados a alegria despreocupada até a
animação e euforia, caracterizam o sentimento vital. Autoconfiante e
corajosa, a criança utiliza, agora, sua capacidade na aula de
Educação Física, para aumentar seu sentimento de autoridade. A
crescente vitalidade revela-se por um aumento da atividade. A
forma de ação correspondente é o agir com finalidade determinada
subjetivamente (trabalho egocêntrico). Toda ênfase exagerada da
ambição pessoal deveria, nesse momento, ser evitada, integrando-
se, sempre que possível, a atuação individual à coletiva.
(FONSECA, 1983)
Os principais objetivos da Educação física escolar é o Despertar para o
prazer de aprender a aprender; Potencializar a capacidade de criar e recriar
situações de aprendizagem; Ampliar a capacidade de comunicação; Prevenir
dificuldades relacionais, emocionais, motoras e de aprendizagem; Incentivar a
auto-estima e facilitar a socialização; Prevenir dificuldades relacionais, de
desenvolvimento e de aprendizagem; Exercer uma prática terapêutica no caso
de dificuldades relacionais, de desenvolvimento e aprendizagem já instalados;
Oportunizar uma estruturação mais saudável da personalidade; Estimular
posturas positivas frente a si mesmo, ao outro e ao mundo.
1.4. Valências psicomotoras
Segundo André (1999), o conceito de psicomotricidade implica
“educação e aprimoramento dos movimentos”, tendo como base as valências
psicomotoras, trabalhadas através de jogos recreativos, exercício brinquedo
cantado e ginástica escolar. As valências psicomotoras são: Esquema Corporal
– é cada parte do corpo com seu respectivo nome, dar noção de nomes das
partes, onde estão localizadas. Espaço – está relacionada ao espaço que os
movimentos do corpo que os movimentos do corpo podem percorrer e ocupar;
é o deslocamento do corpo respeitando os espaços naturais. Raciocínio lógico
– está relacionado ao raciocínio; números, figuras, cores, está relacionado a
forma de o aluno pensar para realizar um determinado exercício. Ritmo – é a
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forma de se deslocar no espaço obedecendo a uma determinada seqüência de
sons ou músicas etc. Lateralidade – está relacionada a trabalhar as partes
laterais do corpo, as partes da frente e de trás do corpo, dando ênfase aos
lados direito e esquerdo. Equilíbrio – caracteriza-se como a forma de
permanecer estático ou em movimento sobre uma ou mais bases do corpo.
Divide-se em estático e dinâmico. Controle muscular – está relacionado a
exercícios em movimentos que devem ser interrompidos bruscamente.
Socialização – é trabalhar a relação amizade r conhecimento do grupo com o
grupo, e do grupo com o professor. Percepção auditiva – está relacionada ao
ato de entender o que está sendo feito, através da audição, e executar o que
está sendo ouvido. Tempo – relacionado ao tempo de duração de um
determinado exercício ou movimento. Coordenação Motora – está relacionada
às várias formas de movimentar o corpo, parado ou em deslocamento, com
movimentos simultâneos com membros superiores e inferiores. Força – está
relacionada aos exercícios em que o aluno utilize a força. Flexibilidade – está
relacionada aos exercícios em que o aluno trabalhe a velocidade de
deslocamento, durante a execução.
1.5. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades
motoras
A transição até a automaticidade poderá ocorrer naturalmente, porém o
tempo necessário para que isto aconteça irá depender da quantidade de
prática e do grau de complexidade da tarefa. Por mais que isto possa ocorrer
em função da prática, é importante também que professores de Educação
Física e técnicos desportivos tenham conhecimento das diferenças existentes
entre crianças e adultos em termos da utilização de estratégias de atenção
seletiva, velocidade no processamento de informações, uso dos processos de
controle para processar e armazenar informações, as quais poderão dificultar a
aprendizagem. De posse destas informações, pode-se criar um ambiente que
facilite a aprendizagem, diminuindo as exigências nos processos da atenção
através da utilização de estratégias cognitivas.
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1.6. Estágios de desenvolvimentos segundo Jean Piaget
Durante o processo da aprendizagem de qualquer atividade, as pessoas
passam por estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre elas, nas
exigências nos processos da atenção. Estas mudanças vão desde o momento
em que estamos sendo expostos pela primeira vez a atividade e não temos a
menor idéia do que fazer primeiro, até o momento em que consegue-se realizar
a atividade quase sem nenhum esforço cognitivo. Um exemplo simples desta
situação é uma criança aprendendo driblar a bola no basquete.
Dentro de uma progressão pedagógica, mesmo estática, ela
necessita olhar para a bola o tempo todo. Após certo tempo de
prática, introduz-se os deslocamentos e a atenção na bola continua
grande. Quando ela atinge o último estágio, consegue realizar o
drible, sem olhar para a bola, ao mesmo tempo em que observa
outros jogadores na quadra. É claro que para isto acontecer, muitas
horas de prática será necessário, sendo que o grau de dificuldade e
complexidade da tarefa é que ditarão a quantidade de prática
necessária para que se possa realizar a tarefa sem pensar. Entende-
se “sem pensar”, a realização de uma atividade, a execução de um
movimento automaticamente, ou o “processo automático” sendo
rápido, paralelo, basicamente sem esforço e com possibilidades de
não sofrer interferência de atividades paralelas (Estímulo Externo,
Depósito Sensorial de Curta Duração. Atenção Seletiva Memória de
Curta Duração, Resposta Prática Cognitiva ou outros processos
Processo de Procura e Busca da Memória de Longa Duração).
(GONÇALVES, 1996)
1.7. O papel do Professor de Educação Física
Segundo Betti (1994), a verbalização do professor deve incidir sobre a
valorização de características e possibilidades dos brinquedos e possíveis
estratégias de exploração. Enfim, o professor deve oferecer informações sobre
diferentes formas de utilização dos brinquedos, contribuindo para a ampliação
do referencial infantil.
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A dimensão corporal não pode estar ausente. Na relação com objetos,
solicitam-se o corpo e os sentidos. O educador deve, também, brincar e
participar das brincadeiras, demonstrando não só o prazer de faze-lo, mas
estimulando as crianças para tais ações.
Ao propor uma brincadeira é importante que o professor brinque
também. Assim, ele poderá observar as crianças e acompanha-las de perto de
forma prazerosa.
1.8. A psicomotricidade e a educação
A psicomotricidade é o controle mental sobre a expressão
motora. Objetiva obter uma organização que pode atender de forma
consciente e constante as necessidades do corpo. Esse tipo de
educação é justificado quando qualquer defeito localiza o indivíduo à
margem das normas mentais, fisiologias, neurológicas ou afetivas. É,
também, a percepção de um estímulo, interpretação deste e
elaboração de uma resposta adequada. (FONSECA, MENDES, 1987)
Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, ao
mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir desta
posição, pode-se ver a relação intrínseca das funções das funções motoras
cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.
Movimento é o deslocamento de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a
unidade biopsicomotora em ação.
A psicomotricidade está associada à afetividade e
personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o
que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a ter
problemas de expressão.
O desenvolvimento psicomotor se caracteriza por uma
maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial;
e, também, o reconhecimento dos objetos, das posições (aquilo que
reunimos sob a categoria das anosis); a imagem ou o esquema
corporal do nosso corpo e, por fim a palavra (a atividade verbo-
motriz).
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O estabelecimento da tabela cronológica do desenvolvimento
psicomotor tem um interesse evidente, que não precisa justificação.
Contudo, os indícios das fases devem ser considerados os resultados
de um processo racional e relacional complexo, e não fixos segundo
um quadro de maturação automática. Só poderia tratar-se de
identificar os meios, na observação de um processo dinâmico, de
determinismo não linear. (GATES, 1935)
1.9. Psicomotricidade e o desenvolvimento do ser humano
Psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas, incessantes e
permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais que intervêm
na integração, elaboração e realização do movimento humano. A importância
do desenvolvimento motor como precursor de todas as demais áreas. Porém, a
partir da orientação em uma pré-escola é que se pode constatar a abrangência
do significado de todas as definições e de toda a teoria na prática.
Quando alguns dos fatores deixam de se relacionar, o que será que
acontece? Para o autor da definição, a ausência de espaço e a privação de
movimento são uma verdadeira talidomida da atual sociedade, continuando na
família (urbanização) e na escola. A total não-aceitação da necessidade de
movimento e da experiência corporal da criança põe em causa as atividades
instrumentais que organizam o cérebro.
Na escola recebemos crianças de um a sete anos de idade – cada vez
maior o número de hipotônicas (relaxamento exagerado da musculatura),
descoordenadas (desajeitadas), arrítmicas (não conseguem um ajuste entre o
ritmo interno e o externo), com andar de "periquito" (andar na ponta dos pés),
dificuldade verbal (fala infantilizada, troca de letras, afásicas, omissões de
letras etc.), dificuldade de orientação espaço-temporal, de percepção visual, de
esquema corporal e de lateralidade.
Além dessas causas, ainda se juntam outras como superproteção, falta
de limite, rejeição, impedimento de que cresçam e evoluam em sua
independência, com mensagens do tipo: "deixa que eu faço para você, você
ainda não sabe", "demora muito", "você ainda não consegue" (frases
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geralmente ditas pelos adultos que convivem com a criança). Também
atividades do dia-a-dia como comer sozinha, ir ao banheiro e limpar-se, vestir-
se, calçar, tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos etc. são adiadas.
Fora os conselhos de profissionais da área de saúde de que a criança só deve
ir para a escola depois dos três anos, quando já ganhou maior resistência
imunológica. Então, criam-se, para os filhos de mães inexperientes,
verdadeiras "bolhas" de proteção. É de sabedoria popular que somente em
contato com os vírus criamos anticorpos; para isto existem as vacinas. Se não
forem aplicadas antes dos três anos, as doenças da infância acontecerão
depois. O que se perde nestes três anos, em que a criança ficou fora da escola
numa cidade como São Paulo, só com muito esforço num consultório ou numa
pré-escola, cujo enfoque é primordialmente o desenvolvimento motor, é que se
poderá recuperar.
Filogeneticamente, a evolução do homem só se deu quando ficou na
posição ereta e livre para usar as mãos. Foram os atos motores e a ação que
desencadearam todo o nosso desenvolvimento intelectual. Começamos a
construir objetos que nos deixassem mais livres para pensar e planejar. Vemos
os recém-nascidos de hoje com um ritmo frenético em seu desenvolvimento
motor e dizemos que as próximas gerações nascerão falando. E por quê? As
faixas que amarravam os cordões umbilicais até cicatrizarem foram eliminadas,
os cueiros, cobertores, mantas e toda a parafernália que envolvia os bebês e
os deixavam sem movimento foram substituídos pelos macacões e fraldas
descartáveis. Tudo isto permitiu uma maior movimentação e, por isso mesmo,
ganho no amadurecimento neurológico e, conseqüentemente, motor. As
antigas tabelas de expectativas do desenvolvimento motor necessitam ser
revistas, para aquelas crianças às quais é permitido buscar seu
desenvolvimento naturalmente, sem empecilhos.
O desenvolvimento da apreensão e a marcha vão depender tanto do
amadurecimento neurológico quanto da estimulação sócio-afetiva que o
ambiente permitir. Então, ontogeneticamente, o indivíduo também tem muito a
ganhar ou a perder, dependendo da estimulação que lhe é dada. Pais que
permitem que a criança fique mais tempo no chão, incentivando-a com objetos
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interessantes, adequados a sua idade, favorecem um desenvolvimento e
amadurecimento mais rápido e harmônico.
Não devemos esquecer-nos de uma fase anterior a esta,
talvez mais importante ainda, a amamentação. O importante não é só
o tipo de leite, mas também a maneira como a mãe segura o bebê.
Neste momento, ele percebe se ela está relaxada ou tensa, se o ato
está sendo prazeroso ou não, se está sendo amado ou rejeitado pelo
simples contato de pele, a maneira como é segurado e pelos
batimentos do coração materno. Desta relação depende a
aprendizagem do tônus muscular, se vai ser relaxado ou tenso, ou
situar-se nos extremos: hipotônico ou hipertônico.
Uma mãe teve três filhos homens. Por ter o mamilo
"embutido" não conseguiu amamentar e os três foram alimentados no
berço, no carrinho ou no bebê conforto, somente segurando a
mamadeira, sem nenhum contato físico. Por mais que fosse orientada
a proceder de maneira diferente, não seguia as recomendações;
conclusão: o mais velho se desempenha bem na escola, mas não
consegue relacionar-se com ninguém, não tem amigos, é inseguro e
só vive agarrado à mãe; o do meio apresentou atrasos na linguagem
e até hoje, aos 11 anos, não consegue aprender a ler e a escrever; e
o terceiro é uma criança franzina, doente, com poucos recursos
motores. (BECKER, 2000)
O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma adição
pura e simples de contrações musculares; o movimento é a expressão material
de uma dialética subjetivo-afetiva, que projeta a criança na sua história
biossocial.
1.10. A importância da Educação Física no desenvolvimento da
psicomotricidade
A responsabilidade dos profissionais da área de Educação
Física que intervêm direta ou indiretamente no desenvolvimento da
criança não é só o de assegurar o crescimento físico saudável, mas o
de orientar os pais no sentido de que crescimento e desenvolvimento
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envolvem independência e esta gera sentimentos de capacidade e
segurança, levando-a a ter iniciativas, a ser capaz de tomar decisões,
participando ativamente do seu meio sociocultural, aprendendo a
utilizar-se de todas as suas capacidades. Para Piaget, "a criança
estabelece relação com o exterior através da circulação entre as
percepções (assimilação) e os movimentos (acomodação) e é o
conjunto de adaptações que (na sua circulação materializada pela
motricidade) irá transformar a inteligência prática (sensório-motora)
em inteligência reflexiva (gnósica)". (LABAN, 1978)
O objetivo é alertar sobre a necessidade de garantir à criança o direito a
um desenvolvimento integral e harmônico, dando-lhe espaço para que se
desenvolva, primeiramente na área motora e conseqüentemente na cognitiva,
social e emocional. Somente assim estaremos garantindo o desenvolvimento
de um ser humano na sua totalidade. E um desafio é quando se afirma: "Um
dos grandes passos a ser realizado pela sociedade é aquele que deve unir o
orgânico ao psíquico, o corpo à alma, o indivíduo ao seu grupo sociocultural".
1.11. O significado do movimento na infância e a Educação
Física
Os movimentos são de grande importância para a vida do ser humano. É
através de movimentos que o ser humano age sobre o meio ambiente, para
alcançar objetivos desejados ou satisfazer suas necessidades. A comunicação,
a expressão da criatividade e dos sentimentos, é feita por meio de movimentos.
É através de movimentos que o ser humano aprende sobre si mesmo: o que
ele é e o que é capaz de fazer. É através de movimentos que o ser humano
aprende sobre o meio social em que vive.
As principais manifestações de uma criança recém-nascida são
motoras. A criança conhece o mundo ao seu redor por meio da
exploração. A exploração depende de objetos que compõem o seu
universo. É pelos movimentos que a criança desenvolve conceitos
como pequeno, grande, duro, mole, quente, gelado, pesado e leve. O
movimento é a essência da infância.
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Portanto, a criança explora o ambiente graças à sua
capacidade de movimentar-se, por isso, é través do movimento que
ela começa a aprender sobre si mesma e sobre o mundo ao seu
redor.
O oferecimento de experiências ricas em movimentos será
muito importante para a aquisição de movimentos mais complexos, já
que os movimentos adquiridos na infância formam à base de toda a
aprendizagem posterior. (FREIRE, 1994)
A criança necessita de um ambiente que lhe possibilite desenvolver a
capacidade de usar o corpo efetivamente, melhorando a qualidade do
movimento, o que lhe permitirá aprender sobre si mesma e sobre o mundo em
que vive.
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CONCLUSÃO
Conclui-se através deste estudo que atividades psicomotoras
ministradas nas aulas de Educação Física escolar, contribui grandemente para
o desenvolvimento de crianças de 3 e 4 anos.
É comum a Educação Física escolar ser a única a trabalhar objetivando
o desenvolvimento da psicomotricidade dos alunos, mas, através de pesquisa,
pode-se constatar que as escolas têm modificado este costume e as
professoras em sala de aula têm ministrado atividades que envolvem a
psicomotricidade.
Na Educação Infantil, os alunos são crianças de pouca idade e as
atividades que devem envolvê-las devem ser de ordem recreativa visando o
desenvolvimento total da criança. Mas a ação psicomotora da criança é de
fundamental importância e nessa faixa de idade há a possibilidade de se
trabalhar com uma vivência de movimentos e superação de limites que serve
de experiência à criança.
Sugere-se através da conclusão desta pesquisa que o profissional de
Educação Física atente para essa importância e tendo a Educação Física
escolar com seus diversos conteúdos de interesse extremo da criança, permita
que ocorra o desenvolvimento de seus alunos contribuindo para o futuro
cidadão e melhorando sua qualidade de vida.
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TANI, G.; KOKUBUN, E.; MANOEL, E.J.; PROENÇA, J. E. Educação física
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Santos, João Paulo Dama dos. A Importância da Educação Física
no desenvolvimento da Psicomotricidade. Rio de Janeiro:
Universidade Cândido Mendes. Monografia final do curso de Pós-
graduação em Psicomotricidade.
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Prof. Celso Sanches – Orientador
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