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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL PROJETO “A VEZ DO MESTRE” ENSINO RELIGIOSO REGINA CAELI DOS SANTOS COSTA E SILVA RIO DE JANEIRO 07/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ENSINO RELIGIOSO

REGINA CAELI DOS SANTOS COSTA E SILVA

RIO DE JANEIRO 07/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ENSINO RELIGIOSO

REGINA CAELI DOS SANTOS COSTA E SILVA

Orientadora: Profª. Maria Esther de Araujo

Niterói/2005

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me permitiu concretizar um sonho e as

duas pessoas que mais amo: Edinal e Jorge, que Deus os abençoe,

obrigado.

A professora e orientadora Maria Esther de Araujo que

contribuiu para a confecção desse trabalho acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos aqueles que contribuíram para a construção

deste meu trabalho.

Em especial a minha orientadora Maria Esther que não mediu

esforços para me ajudar na elaboração desta pesquisa e minhas

colegas de turma Maria Ângela e Kátia Regina, que não permitiram

desanimar nos momentos mais difíceis.

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RESUMO

O educar é um processo de descoberta e redescoberta do ser humano,

é dinâmico influenciando por valores e cultura dos povos.

O Ensino Religioso de hoje não é apenas informações sobre religiões,

mas sim área de conhecimento e faz parte da educação integral do aluno, em

de acordo com as metas para educação no século XXI.

O Ensino Religioso também é comprometido com a cidadania

procurando a reumanização da pessoa; devendo ser fonte de diálogo

permanente, superando limites e contradições que fazem parte da vida

humana.

Não levará o aluno em nenhuma hipótese a abdicar de sua

confessionalidade, mas tratará todas as questões com a imparcialidade e

clareza necessária fazendo com que não haja dúvidas sobre assuntos

pertinentes a disciplina.

A política neoliberal tem favorecido a desigualdade entre os homens e o

Ensino Religioso dentro da dimensão antropológica, visa dar ao aluno uma

formação básica, social e religiosa para que o mesmo busque uma abertura ao

transcendente.

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METODOLOGIA

Para a confecção do trabalho diferentes pesquisas bibliográficas foram

utilizadas analisando o perfil dos povos com suas religiões em diferentes

culturas e épocas; sua importância para os povos, suas doutrinas e dogmas.

A partir da convivência humana procuramos retratar a necessidade da

religião para a cidadania, seus valores morais e éticos na sociedade que

caminha rumo ao transcendente.

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SUMÁRIO

Introdução 8

Capítulo I - A CONVIVÊNCIA 10

Capítulo II - HISTÓRICOS DA RELIGIÕES 18

Capítulo III - ELEMENTOS HISTÓRICOS DO ENSINO RELIGIOSO 37

Capítulo IV - GLOBOCOLONIZAÇÃO 57

Conclusão 70

Bibliografia 71

Índice 72

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INTRODUÇÃO

A escola tem um papel fundamental na socialização do indivíduo, para o

exercício da cidadania.

Os autores dizem que a emoção influência todas nossa vida; nas mais

diferentes situações e decisões.

A Educação religiosa deverá ser capaz de transformar à sociedade e a

realidade que nos envolve e o aluno será o sujeito de sua própria história, o

agente transformador de seu destino.

Uma Educação Ética-Religiosa deverá ser facilitadora de emoções, que

influenciam a nossa atividade cognitiva e torna o aprender um prazer.

As metas para Educação no século XXI apontaram diretrizes para o

aluno se torne um cidadão pleno, conhecendo, fazendo, sendo e convivendo

em sociedade.

A Ética-Religiosa poderá ser a chave que facilitará transformações

sociais urgentes que são necessárias no mundo globalizado.

O Ensino Religioso permitirá uma “Nova Cultura”, uma cultura de paz,

solidariedade, fraternidade e muitos outros valores-éticos-religiosos que são

conhecidos por milhares de seguidores.

Afinal:”A paz é o caminho para uma sociedade mais justa”

João PauloII

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Capítulo I

A CONVIVÊNCIA HUMANA

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1. A CONVIVÊNCIA HUMANA

O projeto para Ensino Religioso das escolas públicas de São Paulo

antropológico cristão é um dos mais conhecidos, pois valoriza o ser humano

criado por Deus a luz de um texto histórico, de nome Bíblia.

Fala no sentido de nossa existência, da despersonalização e a

desumanização vivida nos dias de hoje.

O homem é por natureza criado para viver em sociedade, tem

necessidade de relacionar-se com o outro, um depende do outro. Suas

habilidades, competência e até mesmo crenças depende ou são (estão)

diretamente relacionados.Desde o momento do nascimento até sua morte há

uma relação forte, mental e física que os permite conviver. O ser humano não

consegue viver só, ele tem necessidades básicas e vai construindo sua história

e aperfeiçoando-se. O coletivo faz parte de sua vida, pois percebe que para ser

aceito no grupo deverá ter uma boa relação com o mesmo, aceitando suas

qualidades e também defeitos.

O ser (substância), torna-se humanizado quando convive em comunidade;

há troca e é aí que o mesmo cresce, com as experiências da e na comunidade.

A cada dia na sociedade, os acontecimentos políticos, sociais e econômicos

vão transformando o seu habitat, seu pensamento para o resto da vida, ele irá

tecendo laços, como uma teia, envolvendo tudo e todos como quando

participantes de campanhas humanitárias.

O homem é dono da história da civilização e na caminhada através dos

séculos, nem sempre o homem mantém boas relações com outras pessoas,

fazendo com que inúmeras vezes diferentes guerras fossem travadas e como

conseqüência, hoje, vivenciamos cada vez mais contravalores.

Em sua carta as famílias a Encíclica de João Paulo II – 1994 lembra a

dignidade de pessoa humana, fala também do cosmos que é imenso,

diversificado, o mundo é de todos os seres vivos ef.3, 14-16 Antes de criar a

pessoa humana o criador, como que reentra em si mesmo para procurar o

modelo e a inspiração no mistério de seu ser, que já aqui se manifesta de

algum modo como a nós divino.

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Homem e mulher foram criados; há uma dualidade, há o masculino e o

feminino no indivíduo, mas igualmente pessoas. Esta constituição com

dignidade específica faz com que surja a idéia de bem comum, de coletividade

de divisão.

Desde o momento em que nasce o ser está destinado a ser pessoa, pois

é a única criatura que pode verdadeiramente servir com amor e através deste

vai se realizando.

“Amar significa dar e receber aquilo que não se pode comprar, nem

vender, mas apenas livre e reciprocamente oferecer”. João Paulo II - 1994

Em 1996, a CNBB com a campanha da Fraternidade: Justiça e Paz se

abraçarão, exortava as pessoas pensar no ser humano como um ser social,

que não poderia viver em separado, mas como parte de um todo de nome

Sociedade.

O ser humano não é um objeto, uma coisa, ele tem o seu próprio valor é o

autor meio e fim da sua história. Portanto a organização da mesma também

depende de fatores políticos e econômicos não singulares e solidários. Ele

aspira a vida se firmando como pessoa humana e por ser humano, tem

necessidades básicas como alimentação, saúde, moradia, educação.

Com o tempo o homem construiu sociedades: públicas, privadas,

coletivas... e suas estruturas são organizacionais, dependem da mesma para

sua sobrevivência. Fazemos política em diferentes ambientes é nesses

espaços que os nosso sonhos tornam-se projetos.

“O exercício da cidadania deve propiciar a participação na

construção de uma sociedade justa e solidária como exigência do

bem comum a ser vivida segundo o exemplo de Cristo”. João Paulo II - 1994

Três homens e os seus sonhos devem ser relacionados quando falamos

obrigatoriamente (quando tratamos) da pessoa humana.

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1- Martin Luther king, advogado, negro que lutou nos EUA contra o

preconceito racial. Ele não aceitava e não se acomodou, passou a lutar de

maneira pacífica por aquilo que acreditava (acreditava também que Deus

estava ao seu lado).

Movido pela fé, se tornou um lider para os negros nos EUA, em 1968 foi

assassinado, mas seu sonho não morreu.

“O caminho é cheio de asperezas mas não obstante fadigas e

humilhações, eu tenho ainda um sonho ... sonho que sobre as

colinas vermelhas da Georgia, os filhos dos antigos escravos e filhos

de escravizadores possam sentar-se juntos à mesa da fraternidade;

Sonho que o Estado do Mississipi, repleto de opressão e

brutalidade seja transformado num Estado onde as crianças negras

possam dar as mãos as crianças brancas e andar juntas como irmão

e irmã. Eu tenho ainda um sonho.Com fé eu volto para o Sul. Com

esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, ir juntos à prisão,

certos de que um dia seremos livres. Quando tudo isso acontecer,

todos os filhos de Deus, brancos e negros, judeus e pagãos,

protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos uns aos outros e

cantar aquele velho hino dos escravos: Finalmente livres! Graças a

Deus onipotente, nós somos finalmente livres”. Discurso de Martin Luther King

PCNs – temas transversais – Ética 1999.

2- Mahatma Gandhi, nasceu em 1869, na Índia. Seu nome em uma antiga

língua hindu significa: grande alma. Estudou em Londres e formou advogado

sendo contratado por uma empresa para trabalhar na África do Sul. A

discriminação no país era muita; os brancos não tratavam indianos e negros da

mesma forma (estes) eram tratados com desprezo e muita violência.

Sendo Ganhi discriminado passa a defender como advogado o direito dos

seus compatriotas e os negros, ficou na África do Sul por vinte anos.

Ao voltar para Índia continuou sua luta pela liberdade política e

econômica, também defendeu os que vivem em extrema pobreza e

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analfabetos; procurou também amenizar os conflitos religiosos entre hindus e

muçulmanos.

Durante toda sua vida ele empregou o método da não-violência, sempre

com muitas pessoas e comícios com milhares de pessoas.

Foi preso várias vezes, mas não desistiu de lutar, por seu país, sem

nunca ter recorrido a armas.

Com a independência (1947) a Índia foi dividida em dois países: O

Paquistão de maioria muçulmana e a Índia de maioria Hindu; com a divisão

violentas rebeliões aconteceram, causando milhares de mortes, levando

Gandhi a um estado de profunda tristeza.

Foi assassinado em 1948, mas suas palavras e pregações não foram

esquecidas, para Ele: “cedo ou tarde a verdade vence a mentira; a honestidade

vence a hipocrisia; o amor vence o ódio”. Correia e Selnaders (2002)

3- Karol Wostila, nasceu em 1920, polonês, adotou o nome de João Paulo

II e falecendo em 2005.

Cursou filosofia na Cracrôvia. Em 1939, com as forças nazistas na sua

terra o jovem operário, participava de teatro e um grupo clandestino de

resistência cultural que ideologicamente lutava contra os nazistas.

Em 1942 ingressa na Faculdade de Teologia, elegendo-se Papa em 1978,

se tornando em 456 anos o primeiro pontífice não-italiano.

Não defende a Teologia da Libertação “não há necessidade de recorrer a

sistemas e ideologias para amar defender e colaborar na libertação do

homem”, ajuda a derrotar com suas mensagens o regime comunista e prega a

unidade da Europa Cristã.

Diferentes acontecimentos marcam sua vida nas décadas de 80 e 90.

Vem ao Brasil e visita detentos, operários, favelados e hansenianos. É atingido

por três tiros, e escapa milagrosamente com vida do atentado. Encontra-se

com dois líderes mundiais Ronald Reagam e Tasser Arafat. Pune o então frade

Franciscano Leonardo Boff que seria na época em dos expoentes da Teoria da

Libertação com o “silêncio penitencial”. Pede perdão aos africanos e índios

pela tolerância da Igreja Católica no passado. Preside o primeiro encontro inter-

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religioso na Itália que reúne líderes de diferentes igrejas e tradições

religiosas.”A paz é portadora do nome de Cristo. Não temos sido sempre

construtores da paz”. Defende a reunificação das Alemanhas e recebe pela

primeira vez na história um secretário-geral do Partido Comunista Mikhail

Gorbachev, restabelecendo relações diplomáticas entre a Santa Sé e Moscou;

Publica a encíclica Centesimus Annus, onde critica o modelo comunista. A

negação desse direito (econômico) ou sua limitação em nome de uma pretensa

igualdade de toda sociedade, reduz e destrói o espírito de iniciativa e a

personalidade criativa do cidadão. Em seu lugar prevaleceu a passividade, a

dependência e a submissão; em 1993 publica a encíclica Veritatis Spendor

que condena a homossexualidade, o aborto e o sexo fora do casamento, critica

a ONU que apoia os métodos contraceptivos artificiais; é escolhido em 1994

pela revista Time o homem do ano; após seis anos de negociações, Fidel

Castro é recebido no Vaticano; em 1998 pede perdão aos judeus pelo

comportamento da Igreja no Holocausto faltou aos “cristãos resistência

espiritual para fazer frente ao massacre dos nazistas, neste mesmo ano pede

que Cuba se abra para abra para o mundo e o mundo se abra para Cuba;

critica o embargo americano e defende a libertação dos “prisioneiros de

consciência”.

2000 a 2005, sabia de sua real situação e procurou reafirmar todos os

dons que dignificam a raça humana.

Em 2000 pede novamente perdão pelos erros cometidos pela Igreja

desde a Inquisição; em 2001 é o primeiro líder da igreja católica a entrar em um

templo islâmico; em 2002, faz sua última visita a Polônia e se despede de seu

povo; reconhece sua doença publicamente Parkison declarando: “está

chegando o dia de se apresentar perante Deus”, e em 2005 em sua última

carta apostólica: O Rápido Desenvolvimento, João Paulo II, pede aos meios de

comunicação que promovam justiça e solidariedade.

O mundo segundo João Paulo II.

A família deve estar bem para que sua comunidade e a sociedade tenham

futuro, deverá ser constituída de pai e mãe.

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A mulher tem uma vocação para a ordem e promoção da paz em família,

os homens não podem ter o pensamento que mulher nasceu apenas para

servi-lo. É contra o aborto, pois o feto não tem como defender-se do ataque

dos adultos, diz que a televisão não pode somente servir a grupos econômicos,

mas sim ao bem comum. Lembra que não poderemos pensar que a palavra

Ecologia é apenas uma moda. “Que os jovens buscam a beleza no amor” lindo

e puro, mas existem determinados padrões de comportamento que deturpam

esses valores. O capitalismo tem coisas ilimitadas (como a busca pelo poder

exagerado) esquecendo do desemprego, dos pobres gerando graves

problemas sociais, sofridos por milhares de seres humanos.

“A família é o patrimônio da humanidade porque é por meio dela

que Deus, se deve prolongar a presença do homem sobre a Terra”.

João Paulo II(1993).

“Não se deve permitir que a guerra provoque a desunião entre as

religiões. Não podemos deixar que uma tragédia humana se

transforme em catástrofe religiosa”. João Paulo II (2003).

Concluiu-se que o ser humano deverá ser social e político para que possa

se constituir pessoa. Deverá ter direitos e deveres, para que possa viver

dignamente. O respeito à vida da pessoa e sua dignidade deverá ser levado

como bandeira ideológica para o bem comum.

Quando respeitamos o homem apostamos na vida e na sobrevivência de

nossa espécie.

E para tal a família é de importância fundamental em toda estrutura, pois

é base para que possa nascer com dignidade; o ser humano vive em uma

comunidade e a primeira sociedade da pessoa humana é a família. E uma

comunidade de relações interpessoais, que buscam sempre o bem do coletivo.

Ela é tão importante que não deverá ser substituída, ela tem um valor que

não se compara com nenhuma outra instituição, e na família que aprendemos a

criar laços que unem e perpetuem a espécie humana. Não há sociedade sem

passar pela família, não se constrói uma nação sem que haja famílias.

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E no “seio” familiar também que começamos a conhecer a espiritualidade

que nos permite uma série de descobertas.

1.1 - A Espiritualidade

Leonardo Boff foi muito categórico quando escreveu o livro:

Espiritualidade um caminho para transformação. Ele afirma e explica a

necessidade de sermos pessoas espiritualizadas.

É urgente e se faz necessário refletimos sobre a espiritualidade da

humanidade “humilhada” é urgente diante a realidade que nos cerca e

informações desencontradas de inúmeros assuntos como: Exterminação da

espécie, da liquidação da biosfera, da ameaça do futuro comum da Terra e de

toda humanidade. Começamos nos indagar e até afirmar o que estaríamos

fazendo no planeta terra, diante de tais dificuldades.

Diante do contexto que é apresentado percebemos que a busca a

espiritualidade é esperança de que algo (bom) poderá vir nos acontecer,

começamos buscar algo muito além do humano para transcender e ser super-

humano.

Quando se fala em espiritualidade, é a busca, não só nas religiões, mas

do ser humano rumo ao infinito dentro dele mesmo.

A busca por algo melhor, passa pelos jovens, cientistas e até empresários

diante de crises que constantemente vivemos.

Há um vazio profundo, um buraco imenso dentro do seu ser, suscitando

questões como gratuidade e espiritualidade, futuro da vida e do sistema Terra.

Esse buraco existencial é do tamanho de Deus, por isso só Deus é capaz de

preenchê-lo. A crise de valores é mundial e se busca entender, vivenciar os

mesmos, pois não sabemos para onde modificar por dentro pessoas e nações,

dar-lhes um novo sentido para sua vida e suas indagações, procurar algo novo

que dê sentido a vida, para sua própria sobrevivência. A espiritualidade tem

que ser sempre algo que cure o interior do ser humano dando-lhe paz, para

que possa conviver em meio há tantas situações difíceis e plurais; quando

entramos em nós mesmos e descobrimos que não somos ilha, mas continente;

estamos caminhando rumo a espiritualidade.

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“Espiritualidade tem haver com experiências, não com doutrina, não

com dogmas, não com ritos, não com celebrações (que podem

ajudar) pois são posteriores a espiritualidade”.

Quando percebemos que podemos mudar, descobrimos dentro de nós

uma fonte capaz de: Transformar nossa forma de ver e agir em frente a

realidade por mais dura que possa ser.

Quando percebemos que somos espirituais, nos questionamos e

tentamos encontrar soluções para tudo e para todos. É necessário que

tenhamos um encontro íntimo, pessoal para que possa render frutos que

fortifiquem o nosso coração.

“A espiritualidade é uma dimensão de cada ser humano. Essa

dimensão espiritual que cada um de nós tem se revela pela

capacidade de diálogo consigo mesmo... se traduz pelo amor, pela

sensibilidade, pela compaixão, pela escrita do outro”. Boff, Leonardo ( 2001)

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Capítulo II

HISTÓRICOS DA RELIGIÕES

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2. HISTÓRICOS DA RELIGIÕES

Segundo Cisalpino (1994) o que nos torna diferentes dos animais é nossa

capacidade de criar, de agir sobre o nosso meio transformando-os.

Somos capazes de responder diferentes questões, pelo conhecimento

acumulado ao longo de milênios. Perguntas que hoje somos capazes de

responder com relativa facilidade (o que é o sol?) em outras épocas era difícil

encontrar respostas.

Pela dependência que o homem tinha em relação aos ciclos da natureza

o ser humano buscava explicações no místico. E com o tempo desenvolveu

rituais mágicos, que poderiam atrair desde, boa sorte, até fertilidade.

2.1 – Religiões Politeístas

Na antigüidade a complexidade religiosa acompanhou a complexidade

social, é a religião desempenhava um importante papel: de sistemas

cosmogônicos a conduta ética, moral, sempre procurando explicar a existência

do universo; era marcadas por características politeístas com diferentes

funções. No antigo Egito surgiu uma região desértica. Cortado pelo grande.

Nilo a cerca de 3000 anos a.C. e também uma civilização agrícola.

A grande dependência do Egito em relação a natureza e ao Nilo, fez

com que houvesse uma grande relação política e religiosa com o mesmo.

O governante Egípcio era o Farão, e para os Egípcios, ele representava a

encarnação do deus maior de sua religião: o Sol. O Farão era um deus vivo,

um ser divino. Ele garantia o ciclo natural que viabilizaria a agricultura: as

cheias do Nilo.

“Sou vosso filho que vossos dois braços produziram. Fizeste-me

soberano vida, saúde, força da terra. Fizeste para mim a perfeição

sobre a terra. Cumpro minha função em paz. Não deixo repousar o

meu coração, buscando o que é útil e eficaz para vossos

santuários...”. (Trecho de O Egito no tempo de

Ramsés. Coleção A vida cotidiana. SP.

Cia das Letras, 1994)

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Os deuses Egípcios relacionavam-se com a natureza; O Nilo era cultuado

como um deus: o deus rio. Os egípcios relatavam as dádivas do Nilo em livros

(papiros) e tinham outros deuses; como Rá que era chamado o Sol e a Deusa

Osirís que controlava a morte e a ressurreição. Os egípcios já cultuavam a

idéia de alma sem pecado e a escreveram em livro. “O livro dos mortos” que

trazia instruções para uma vida digna e descrevia como era julgada a alma

antes de entrar no paraíso, “alma leve” é o termo que usavam; quando morriam

os Faraós e altos funcionários, a Barca do Sol, buscar vinha a alma para essa

viagem era necessário, suprimentos cartas que recomendassem ao Deus dos

mortos e de um corpo; esse corpo era mumificado e encarcerado em túmulos

de nome pirâmide, pertences e até escravos eram e encarcerados. Os pobres

não tinham pirâmides próprias, mas, também eram mumificados.

Na Mesopotâmia, terra que ficava entre o rio Tigre e Eufrates no Oriente

Médio, surgiu a mais importante cidade da antigüidade, a Babilônia. Era uma

cidade-estado com governo próprio, os reis daquela cidade também eram

ligados a religião, mas não eram considerados divindades, tinha como

característica as artes advinhatórias. Os sacerdotes praticavam a

hepatoscopia, acreditavam que o fígado podia predizer o futuro. Acreditavam

também que os astros estavam a serviço dos deuses e que estes

influenciavam a vida na terra. Esse povo foi o precursor da astrologia,

astronomia e cálculos matemáticos e calendários, aprimorados posteriormente

por outros povos.

2.2 - A Mitologia

A mitologia greco-romana por vezes se confunde, sendo fundamentais

para a cultura ocidental, que é baseada nas tradições, costumes,

conhecimentos e línguas usadas por eles.

São tão próximos culturalmente que sua cultura indissociável é

caracterizada por mitos.

“Que são a narrativa de uma criação. Conta-nos de que modo algo,

que não era, começou a se”.

Eliade, Mircea -1979.

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A mitologia greco-romana apresenta seus deuses com forma humana,

habitavam o universo emocional humano, sofriam, tinham paixões, amores,

ódios. Existia uma hierarquia Zeus, que era o deus maior, que corresponde a

Júpiter na mitologia romana, a estes estavam subordinados todos os outros

deuses, musas e seres, como por exemplo, as sereias; Os heróis na mitologia

grega eram meio mortais e suas ações e atitudes são sempre consideradas

exemplares.

A criação e o funcionamento do mundo são em particular o momento mais

belo da mitologia grega.

“Contam os mitos que existia uma entidade inicial chamada Cronos:

era o senhor do tempo (daí termos cronômetro, cronologia) e teve

vários filhos com Reia. Ele devara os filhos mas a deusa fez com

que eles vomitasse os filhos e Zeus o matou. Depois dividiram o

Universo: a Zeus couberam o céu e o firmamento; a Hera, a terra; a

Poseidon, as águas e a Hades o mundo subterrâneo ... tendo

controlado e hierarquizado o mundo foram para uma região acima

do monte Olímpio onde passaram a viver”.

Cisalpino Murilo –1994

Os gregos acreditavam que o Universo se dividia em duas partes: o caos

predominava o desequilíbrio - era reino dos homens e o cosmos onde

predominava a paz – era o reino dos deuses.

Toda produção intelectual da antiga Grécia procurava essa perfeição do

cosmos, que o mundo dos deuses deveria ser buscado pelos homens, uma

escultura não representava uma pessoa, mas sim como deveria ser a espécie

humana.

O acontecimento mais importante da Grécia acontecia a cada quatro anos

na cidade de nome Olímpia no oráculo de Zeus – a Olimpíada que

representava o momento da unidade cultural dos gregos.

Na mitologia romana encontra-se os mesmos deuses, embora com outros

nomes.

Os romanos eram um povo menos intelectual que os romanos, eram mais

ligados a coisas terrenas.

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Constituíram um extenso império (territoriamente e temporalmente) eram

muito imediatistas.

Era comum a prática de aupícios consultavam a vontade dos deuses.

O mito romano mais conhecido é o da fundação da cidade de Roma, por

dois gêmeos Rômulo e Remo, que abandonados pela mãe foram

amamentados e protegidos por uma loba.

2.3 - Religiões Orientais

O Hinduísmo, termo significa conjunto de princípios e práticas religiosas

da população da Índia, também é praticado com variações em outros países:

como por exemplo: Nepal, Bangladesh e Srilamka.

Sua história começou em torno de 2000 a.C., com os Áríos que eram

criadores de gado nômade, o carro de combate para lutas era puxado por

cavalos fazendo com que fossem superiores aos povos que lutassem a pé,

Com inúmeras guerras vencidas formo-se uma cultura das misturas de povos e

religiões. O grande número de deuses do hinduísmo tem origem na mistura de

povos e religiões.

Duas características importantes: Tudo que existe da natureza até a

divisão da sociedade em classes é justificada pela religião, é a força da

tradição milenar.

Existe um grande número de deuses que sofrem influência dos desejos e

da vontade humana, procurando intervir nos seus atos.

Os mais importantes são: Idra, senhor dos deuses (representado por um

touro); Aurora que é mãe de todas as criaturas (representada por uma vaca);

Vata deus dos ventos; Marutes das águas; Rudra da tempestade;

O mais importante compõe a trindade hindu: VISHNU, SHIVA e BRAHMA.

Utiliza fórmulas mágicas para influir sobre os deuses, mantras, encantos,

amuletos, adivinhações e sinais astrológicos.

A característica fundamental da sociedade hindu é o sistema de castas.

A evolução do hinduísmo conheceu quatro fases: a primeira o hinduísmo

védico, a segunda fez surgir o bramanismo, que quer dizer absoluto. Os

brâmanes são considerados senhores de tudo o que existe no mundo.

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Duas idéias essenciais do hinduísmo surgiram nessa fase a reencarnação

e a salvação – Karma (conjunto de atitudes negativas que cada pessoa toma

durante a vida). Esse negativismo marca toda existência do indivíduo criando

um “peso” para sua alma. Apenas pelas sucessivas reencarnações é que a

alma vai se purificando e atingindo estágios mais elevados.

- Nirvana – a libertação só acontece quando a alma consegue libertar-se

dos ciclos reencarnatários e reencontrar-se com o todo absoluto Brahma.

Para eles quanto mais baixo na escala social maior carga cármica e maior

o número de reencarnação para o indivíduo purificar sua alma.

É interessante observar que no século XI, a força do hinduísmo foi

abordada pela invasão muçulmana. Hoje o hinduísmo conserva sua

originalidade no folclore e no misticismo, mas muitas vezes é difícil distinguir

uma característica hindu de uma islamista.

Entre os hindus determinadas práticas fazem com que o espírito se

prepare para uma união cósmica, a prática mais conhecida entre nós é com um

exercício que se chama HATHA IOGA (prepara o indivíduo para meditação).

O budismo é uma outra religião muito importante no Oriente, foi fundado

em torno do século VI a.C. por Siddharta Gautama, o Buda (o iluminado). É

uma religião aberta a todos os grupos sociais. Fundado por Gautama que por

quarenta e cinco anos pregou contra os excessos do Bramanismo, seu

excesso de disciplina e sua dependência de uma classe social inacessível dos

homens comuns.

Para os budistas o universo e todas as coisas tudo se transforma todo o

tempo, até mesmo idéias e pensamentos, não considera a existência de um

espírito ou alma imortal. Os ensinamentos budistas procuram eliminar o

sofrimento da vida do homem. O nirvana seria a libertação do sofrimento; no

budismo não há um deus que possa salvar o homem, o próprio homem poderá

chegar ao estado de ser “iluminado”. O budismo surgiu a fim de amenizar os

sofrimentos dos miseráveis que, inferiorizados na sociedade hindu, poucas

esperanças tinham (zen-budismo).

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“Para o budismo apenas a prática de rituais não supera o ciclo do

renascimento. É necessário obter a virtude que vem da

responsabilidade individual”. Cisalpino Murilo –1994

Algumas técnicas, conhecidas por nós ocidentais vem de elementos

budistas; a arte de arranjos florais, o judô, o caratê e outras técnicas de defesa

corporal.

O xintoísmo – Izanami e Izanagi formam o casal de deuses responsáveis

pela criação de todas as coisas, até mesmo as inúmeras divindades menos

importantes e a ilhas que constituem o Japão.

“Segundo o xintoísmo assim foram criadas todas as coisas e os

seres no mundo. E como o próprio Japão foi criado pelos deuses, os

japoneses consideram-se superiores, raça de origem divina”. Cisalpino Murilo –1994

Os xintoístas cultuam os antepassados, com importantes rituais fúnebres,

pois os mortos tornam-se deuses e punem ou recompensam os vivos caso

sejam mal ou bem tratados.

E também ressaltado o princípio da fidelidade, segundo o qual o indivíduo

deve se sacrificar pela família e pela nação, esse princípio ficou muito

conhecido quando em missões suicidas os pilotos se atiravam sobre inimigos

na Segunda guerra mundial (os Kamikasi).

- Taoísmo – É uma das religiões mais importantes da China, mais que

uma religião é uma filosofia de vida. Não há um deus, mas uma visão de

mundo, do caminho correto que deverá ser escolhido por cada um, que deverá

se integrar à ordem “universal pela compreensão da essência do Universo”.

Tao significa caminho, princípio universal da vida, razão suprema,

procedimento correto.

Segundo a Tradição, Lao-tsé foi o fundador do Taoísmo em mais ou

menos 57 a 490 a.C.

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A meditação é a maneira mais correta para atingir tao; seus adeptos

meditam sobre a verdade, por meio de forças opostas e complementares em

todas as coisas.

A partir de V a.C., o taoísmo se transformou em religião de salvação com

sacerdotes e cultos.

No ocidente é muito divulgado é estudado principalmente por cientistas

que perceberam semelhanças entre a concepção taioísta e a física

contemporânea.

O Confuncionismo - No início era um pensamento e não uma religião,

mas quando misturou-se partes do budismo e taoísmo se transformou e uma

das religiões mais importantes da China.

Kung Fu-tzu (confúncio) viveu entre 551 e 479 a.C., pregava a volta à

organização dos primeiros tempos da dinastia Chou (já que vivia em uma

época muito conturbada por inúmeras guerras) onde a organização familiar se

confundia com o Estado.

Formou uma “escola” que modificava o pensamento de jovens aristocrata

suas idéias eram racionalistas e pragmáticas (não havia idéias mitológicas e ou

sobrenaturais).

“O princípio da lealdade é básico no confucionismo. Há uma

lealdade que o filho deve ao pai e uma que os súditos devem aos

soberano. Dessa forma, a família não se desmantela o que contribui

para a manutenção do Estado”.

Cisalpino Murilo –1994

Justiça, benevolência e lealdade são os princípios mais importantes no

pensamento de Lao-tsé.

Com a revolução da China que passa receber influência ocidental o

confucionismo foi criticado, considerado conservador e obscuro, após a

revolução foi tachado de reacionário e seu pensamento execretado na China,

mas continua até hoje em menor escala.

O Candomblé e a Umbanda - Com a escravidão vieram os escravos que

praticavam cultos a diferentes entidades relacionados principalmente com a

natureza.

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Como vieram de diferentes nações e sociedades, várias correntes se

formaram no Brasil chamamos cultos Afro-brasileiros.

Os mais conhecidos são a umbanda e o candomblé.

Foram durante anos perseguidos, pois o Brasil foi colonizado por

católicos, mas através de um subterfúgio chamado sincrelismo mantiveram sua

crença e tradição.

Passaram a dirigir-se aos seus deuses, chamando-os por nomes dos

santos católicos.

Nas crenças afro-brasileiras (politeístas) também existiria um deus-

criador (Olorum) que seria responsável pela Orientação criadora, “originando e

unindo outros orixás”, este é o pai de Oxalá (Jesus Cristo); existem outros

importantes como por exemplo Iemanjá (protetora dos mares e oceanos) e

Xangô (orixá da justiça).

Na umbanda existem diferentes guias e espíritos e os seus cultos são

realizados em salões de nome terreiros.

Há muita música, danças e são oferecidos presentes.

Segundo os cultos afro-brasileiros, cada pessoa já nasce com seus

protetores de acordo com o dia e mês do nascimento sendo observados

também pela astrologia que influenciará a vida do indivíduo.

2.4 - Religiões Monoteístas

As religiões monoteístas professam a fé em um único Deus, representa

um marco na história do homem, dando a sua vida novas organizações e

muitos valores morais e éticos.

A fé em um único Deus, que tudo cria e tudo vê manteve a unidade

cultural dos povos, judeus, cristãos e muçulmanos.

Devemos destacar a catequese do cristianismo e do islamismo que

procurou levar aos pagãos a fé, a religião por meio até, mesmo de guerras

chamadas santas, mas que levaram a uma significativa expansão das duas

religiões.

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O Judaísmo – É a própria história do povo hebreu e da aliança do povo

com seu Deus.

O Judaísmo foi a primeira religião que saiu do politeísmo para a

monolatria, chegando ao monoteísmo que já afirma a existência de um único

Deus.

Essa religião surgiu entre as tribos hebraicas que viviam na Mesopotamia.

Um patriarca (ancião) chamado Abraão, iniciou e unificou as 12 tribos que

existiam com a afirmação da existência de um início Deus, onipotente e

onisciente. Segundo Abraão este Deus ordenou que retirasse o povo hebreu da

Mesopotâmia e os levasse para a “Terra prometida”, chamada Canaã, ou

Palestina, essa saída “inaugura o fenômeno da união de povos pela força da fé

em um Deus único”.

É inaugurada nesse momento uma nova religião que por séculos, reuniu

seus códigos de conduta ética e moral e destinos dos homens diante de único

deus muito, todo, poderoso.

As tribos durante a caminhada acabaram se dividindo uma parte ficou em

Canaã, a outra dirigiu-se ao Egito onde viraram escravos. Nesse contexto

surgiu um novo líder: Moisés que recebe de Deus a missão de reconduzir os

hebreus a Palestina. Dos dez mandamentos que Moisés recebeu de Deus no

monte Sinai surgiu a Lei Mosaica que é a base do judaísmo.

Os livros sagrados do judaísmo são chamados de Tanach, que registram

a história do povo de Israel, esse livro é composto de Torá (que fala da Lei

judaica), Neviim (profetas), Ktuvim (escritos: salmos, provérbios e o livro de Jó),

as cinco Meguilot (Cântico dos cânticos, Ruth Lamentações, Eclesiastes, Ester)

e os livros históricos (Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas I e II). O Tanach é a

Bíblia Judaica. Além deste livro existe também o Talmud onde estão escritas as

regras básicas e as orientações aos fiéis sobre suas rotinas diárias.

A característica mas significativa na religião judaica são os profetas

considerados mensageiros de Deus.

Os judeus também tem na circuncisão um sinal da aliança com Deus e o

apego à história de seu povo (o escolhido).

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No calendário judaico não estaríamos em 2005 e sim no ano de 5766.

Porque os judeus contam o tempo a partir da criação do mundo, segundo seus

ensinamentos.

O Islamismo – Fundado por Mohamma nascido na cidade de Meca na

Arábia Saudita mais ou menos no ano 577 d.C.

Conhecendo o Cristianismo e o Judaísmo Mahamad via nas duas

religiões erros que desviavam do caminho de Deus, como a afirmação que

somente os judeus são os povos escolhidos, criticava o politeísmo presente na

idéia de adoração dos santos e a idéia de Santíssima Trindade e também

descordava que Jesus Cristo seria a encarnação de Deus.

Consideram Jesus Cristo, como um profeta que antecedeu (Maomé),

Mohammad que seria o profeta que restabeleceria a vontade de Deus.

O princípio básico da Lei Maometana é a submissão a Deus, pois a vida é

dada por Deus.

As revelações para conduzir os homens ao caminho da justiça social

estão escritas em um livro sagrado de nome Alcorão, que reúne os

ensinamentos transmitidos por Allah a Mohammad.

As histórias da vida desse profeta está reunida e escrita em um livro

chamado Suna, pois a vida do profeta é exemplo para os fiéis.

Existem duas tendências dentro do Islamismo que significa dentro do

coração) que são consideradas radicais: Os Sunitas: (que se consideram os

únicos que seguem fielmente a Suna e conhecedores do Hadith (exemplos do

profeta Mohammad) e os xiítas, que são fundamentalistas, preocupam-se mais

com o Alcorão, com as palavras de Allah e “levam a ferro e fogo a idéia de

Jihad – a guerra santa aos infiéis - são considerados “religiosos radicais” e

“fanáticos”.

Para eles as tradições devem ser seguidas, odeiam o povo ocidental, pois

consideram todos os estragos feitos durante as ocupações sucessivas que

aumentaram a propreza e o desrespeito a cultura árabe e

muçulmana.Chegando ao ponto de considerá-los como cidadão de segunda

classe.

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O Cristianismo – É também uma crença monoteísta. Sua história começa

com o nascimento de Jesus Cristo, na Palestina, que segundo a tradição

judaica viria um salvador para libertá-los da opressão levando-os para o reino

dos céus.

Jesus Cristo pregava uma libertação pelo amor, condenava a violência,

pois todos seríamos filhos do mesmo Deus: a idéia principal era o amor ao

próximo.

Foi morto pelos Romanos (dominadores da região na época), pois suas

pregações representavam uma ameaça mais política do que religiosa. O receio

de um levante popular, e uma quebra no “equilíbrio” da religião segundo os

doutores da lei fizeram com que fosse condenado por subversão à morte em

uma cruz.

Após sua morte, seus apóstolos espalharam sua doutrina pelo mundo, e

acreditam que seu Deus é o único, sendo criador de todos as coisas, primeira

paz, vida eterna e o reino de Deus, terminou após anos de perseguição aos

seus seguidores, sendo aceito pelos romanos, a partir de Constantino que

adotou o Cristianismo como religião oficial do império.

O caos em que viviam e a desagregação do Império Romano fez com que

o Cristianismo se solidificasse, no ano V d.C.

Houve duas divisões no Cristianismo a primeira foi a tentativa de retomar

os Estados Cristãos do Oriente, na região da Palestina, Síria e Arábia, mas

fracassou e esses estados foram reconquistados pelo povo árabe seguidores

de Mahammad; e a reforma (século XVI), surgida dentro da Igreja Católica,

que buscava recolocar a igreja no seu caminho original, Ela havia se tornado

impura ao liga-se com com o poder político e econômico.

A reforma deu origem ao protestantismo, a igreja católica reagiu a esse

movimento por meio da contra-reforma, onde foram criados mecanismo de

defesa e propagação da fé cristã como: Companhia de Jesus e Tribunal do

Santo Ofício que julgava “heresias”.

Religiões hoje – A palavra religião vem do latim religare que quer dizer

voltar.

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No entendimento dos mestres a busca do homem por um elo perdido que

responda suas indagações, faz com que cada vez mais o homem busque um

sentido para sua vida, respondendo através das religiões questões que o

acompanham por toda vida: De onde vim? Qual o sentido de minha vida?

A religião sempre teve um aspecto intelectual e emocional, o nosso

intelecto procura todo o tempo respostas. Como foi visto sempre existiu uma

relação do homem com o divino, por isso a busca é infinita, de certa forma o

homem busca e procura a perfeição. E através mecanismos que são

chamados, cultos, orações, meditação ritos, etc. sacrifícios, etc. O emocional é

o equilíbrio pois envolve o fundo do coração; a tristeza, a alegria, faz parte do

sentimento que tanto nos diferencia de outros animais. A religião portanto é o

eterno buscar, não pensar que está acabado, mas sim que sempre se pode

recomeçar.

Conta-se que um monge budista define o é essa procura:

“Um homem que buscava o caminho da espiritualidade, chegou ao

sopé da montanha da Verdade e quis saber qual era o caminho que

o conduziria à iluminação. De cada homem santo a quem

perguntava, obtinha uma resposta diferente. Depois de muito

pensar, decidiu-se por um caminho e afirmou que aquele era o único

caminho que o levaria ao topo da montanha. Quando chegou ao

topo eram tantos quantos eram as almas que procuravam a

montanha”. Cisalpino Murilo –1994

E a Constituição da República Federativa do Brasil. Título II, capítulo I,

Art. 5º itens VI e VIII diz:

VI) “É inviolável a liberdade de consciência e de crença sendo assegurado o

livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei a proteção aos

locais de culto e suas liturgias”.

VIII) “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de

convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação

legal a todos imposta...”.

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2.5 - Religiões no Aspecto Filosófico

Uma manifestação cultural importante dentro da Filosofia é o estudo das

religiões.

O sagrado dentro desta é visto como uma força sobrenatural que habita

em algum ente, é um poder que pertence a um ser temporariamente ou não. E a

tentativa de demonstrar para os seres humanos que somos diferentes na

essência e alguns são superiores sobre os outros, podendo ser até temidos,

adorados , odiados...

O divino, divide em natural e sobrenatural, em forças que poderão ajudar

os homens, diante de situações que, para os mesmos sozinho seria impossível

resolver.

O Sagrado faz o homem feliz, há um simbolismo futuro do ideal de

felicidade, pois em algum lugar algo ou alguém irá esperar uma recompensa por

seus atos.

Segundo o dicionário Aurélio, da Nova Fronteira o Sagrado é: “Que se

sagrou, relativo às coisas divinas, a religião; sacro, santo. Venerável e sagrar:

Dedicar à divindade ou ato serviço divino; benzer, consagrar. Investir numa

divindade por meio de cerimônias religiosas”.

O Sagrado na cultura humana é merecedor de culto (como na cultura dos

índios sul-americanos por exemplo o sagrado é designado por palavras como

tunpa e aigres ou na cultura hebraica, onde existem dois termos para designar

sagrado: qados e herem (aqueles seres ou coisas que são separados por Deus

para seu culto serviço, sacrifício, punição não; podendo ser tocado pelo homem.

”Assim a Arca da Aliança onde estavam guardados os textos sagrados era

quando e, portanto, intocável ...”). Marilena Chauí – Filosofia – Ed. Ática. 2001

O divino o sagrado, induz a devoção, amor, repulsa, ódio, temor e

respeito, da soma desses sentimentos nasce a religião.

A palavras religião vem do latim: religio; do prefixo re (outra vez de novo) e

o verbo leigare (unir, ligar, vincular), a religião tem por meta unir, ligar, desligar o

humano e o sagrado; o profano e o sagrado o concreto e o abstrato.

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Na maioria das culturas, há sempre um líder religioso e um templo para

que o povo preste culto as suas divindades.

“No Cristianismo a religião é explicitada por um gesto de união. No

novo testamento, Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta

pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não

prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino: o que

ligares na Terra será ligado no Céu) e o que desligares na Terra

será desligado no Céu”.

(Bíblia Sagrada – Ave Maria – Ed. Ave Maria. 2003)

É bom lembrar que diferentes religiões criaram a idéia de um lugar

sagrado como: Céu Monte Olimpo e outros, que segundo a idéia um dia

dependendo de nossas ações também iremos para o mesmo lugar sagrado eu

nos tornaremos uma divindade como aquelas que habitam esse espaço.

O Divino e sua origem - A religião também dentro de manifestação cultural é

uma narrativa da origem de um povo, de um deus; tem portanto a marca do

sagrado, as narrativas religiosas normalmente começam com expressões: “no

começo, quando a deusa M viu pela primeira vez a terra em outras”.

A narrativa sagrada é a história sagrada que os gregos chamam de mito.

Esta não é uma fabulação ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a

maneira pela qual uma sociedade narra para si mesma seu começo e o de toda

realidade do seu povo, inclusive o começo ou nascimento dos próprios

deuses”. Marilena Chauí. Filosofia. Ed. Ática. 2001

A história sagrada, mitos ou porque e como o mundo existe; é

cosmogonia (do grego: cosmos, mundo; gonia, geração) conta o nascimento de

todos os seres e como perecem sob a supervisão de um deus, ou deuses,

existiria portanto um tempo anterior a criação. O tempo sagrado, quando tudo

foi criado e o tempo de hoje, que inclui os homens e é um tempo profano

segundo os deuses.

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Os Rituais - A religião tem meios que permeiam à ligação dos homens às suas

divindades são chamados ritos que segundo o dicionário Aurélio são: “regras e

cerimônias próprias da prática de uma religião, culto”.

Existem nos ritos palavras, objetos, gestos determinados para que o

sagrado se sobreponha ao humano o mistério permaneça, os benefícios

apareçam e a crença, a fé ou seja a confiança aumente na divindade que

acredita pelos benefícios que proporciona ou para exorcizar sua cólera caso os

humanos tenham feito algo que desagrade os deuses.

“A repetição dos ritos é realizada toda vez que é praticada: como

da primeira vez nada é mudado, para que alcance a eficácia

desejada e os pedidos dos fiéis sejam atendidos.”

“Um rito religioso e repetitivo em dois sentidos principais: a

cerimônia deve repetir um acontecimento essencial da história

sagrada, no cristianismo, a eucaristia ou a comunhão, em que se

repete a Santa Ceia); e, em segundo lugar dos gestos, palavras,

objetos devem ser sempre os mesmos, porque foram na primeira

vez, consagrados pelo próprio deus”. Marilena Chauí – Filosofia. Ed. Ática. 2001.

Teísmo e Politeísmo - Existem duas palavras que são muito usadas, quando

falamos em religião: Imanência (Que existe sempre em um dado objeto e

inseparável dele) e transcendência (Que transcende, superior, exelso. Que

transcende os limites da experiência possível).

Dicionário Aurélio Ed. Nova. Fronteiras. 2004.

Quando estudamos as religiões Panteístas o divino, o sagrado, em

diferentes culturas e religiões e objetos os seres sacros habitam nosso mundo,

pertencem a ele, como os deuses que estão espalhados na natureza.

Nas religiões Teístas o transcendente é a figura principal, os deuses são

separados do mundo natural e humano, como os deuses que vivem no monte

Olimpo, mas tem contado com os seres humanos, através da visitação.

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“A visitação é um problema na religião Cristã, porque o Deus cristão

é duas vezes mais misterioso e totalmente diferente das formas

existentes no mundo: em primeiro lugar, é constituído por três

pessoas que são uma só; em segundo lugar, é eterno, incorpóreo

infinito, pleno e perfeito. Donde o caráter totalmente incompreensível

e terrível da encarnação de Jesus Cristo, pois como explicar que

uma das pessoas da Trindade se separe das outras para vir habitar

entre os homens e que um ente eterno, imaterial e infinito tome a

forma material, mortal, finita, carente e imperfeita do humano. Para

superar as dificuldades, o Cristianismo fala na visitação de Deus

através dos anjos e santos, e na inspiração do Espírito Santo,

enviando pelo Pai”.

Chauí – 2001 pág.227

Sacerdotes, profetas, xamás, pajés, videntes, astrólogo e magos,

segundo suas crenças possuem o conhecimento da lei divina, é um

conhecimento específico pois muitas vezes está requer interpretação do que

está escrito. (é necessário um interprete da lei).

O conhecimento da vontade divina é essencial para a narrativa da história

sagrada e concretizar de maneira correta os seus ritos.

Existe um grupo de interpretes que são separados da comunidade eles:

narram, interpretam e escrevem a história sagrada.

(No começo eram apenas interpretes da vontade divina).

Hoje formam um grupo separado que poderíamos chamar de “classe

social”, com poderes e vontades próprias, são portadoras dos símbolos

sagrados e mediadores indispensáveis na busca do divino.

Alguns povos tem nas suas lideranças religiosas também a autoridade

militar e o poder econômico.

Existem também conseqüências principais do desenvolvimento histórico

nas religiões que tem como base a Transcendência; a formação de uma

autoridade que detém o privilégio do saber, porque conhece a vontade divina e

suas leis. Com elas surgem a instituição sacerdotal e eclesiástica, os saberes

que se referem ao divino, constituem portanto a Teologia”. Os sacerdotes ou

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uma parte deles, são teólogos, tais mágicos manipulação de poderes

divinatório – prever acontecimentos futuros; propiciatório – só eles realizam

corretamente ritos os punitivo – podem punir os transgressores.

A idéia de hierarquia é muito forte nas religiões.

Certas religiões politeístas a hierarquia começa nos próprios deuses

(deuses inferiores e superiores) já nas religiões monoteístas a divindade fica

acima dos demais seres, e como por exemplo no Cristianismo Deus, homem,

animais, plantas, minerais, demônio e trevas.

O mundo é organizado de uma maneira hierárquica e o sagrado ocupa

um lugar de destaque, pois é o topo de tudo. E todos devem prestar culto que

lhes devem obediência. Portanto do sagrado surge a religião e do humano, da

sociedade a teologia.

Alguns Filósofos - É importante lembrar que embora inúmeros Filósofos

fizessem crítica a religião existem três linhas que procuraram conciliar Filosofia

e Religião: Para Kant, o papel da religião é oferecer conceitos e princípios para

a ação moral e fortalecer a esperança num destino superior da alma humana.

Sem Deus e a alma livre não haverá humanidade, mas apenas a animalidade

natural; sem a imortalidade, o dever torna-se banal[...] Para Hegel – a realidade

não é senão a história do Espírito em busca da identidade consigo mesmo.

Deus não é uma substância, cuja essência foi fixada antes e fora do tempo,

mas é o sujeito espiritual, que se efetua como sujeito temporal, cuja ação é ele

mesmo manifestando-se para si mesmo.

A mais baixa manifestação do Espírito é a natureza; a mais alta é a

cultura. Na cultura, o Espírito se realiza como Arte, Religião, Estado e Filosofia,

nunca seqüência que é o aperfeiçoamento rumo ao término do tempo. Isso

significa que Deus se manifesta primeiro como Arte nas artes, como Religião

nas religiões, como Estado nos estados e como Filosofia nas filosofias, para

Hengel a religião é uma etapa preparatória para todo o restante, e na

Fenomenologia, que é a descrição da essência da consciência da intenção.

Explica isso assim há atitudes que são de acordo com a nossa consciência,

como atitude natural, atitude filosófica e atitude religiosa; como uma das

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possibilidades da vida e quando práticos são ligadas a algo sagrado são

chamadas de atitudes religiosas.

Assim a consciência pode relacionar-se com o mundo de maneiras

variadas, na ciência, na filosofia, nas artes e na religião de maneira que não há

oposição nem exclusão entre elas, mas apenas diferenças.

Portanto a felicidade é procurada por todos os seres humanos, e ela

nunca é completa, estamos sempre procurando por algo que nos leve rumo a

felicidade perfeita.

Quando procuramos completar o que nos falta, realizar os nossos sonhos

levando em conta os valores como por exemplo respeito, solidariedade,

fraternidade, rumo a nossa felicidade podemos chamar de religiosidade.

Ela faz parte de nós seres humanos cada comunidade, cada povo, cada

nação sempre busca o melhor para si, para ser feliz; isso é religiosidade.

“Todos os povos são religiosos, e sempre o foram em todos os

tempos. Este é um dos fenômenos mais extraordinário da história. A

religião é um dos grandes patrimônios universais da humanidade

assim como a inteligência e a vontade, a linguagem e os costumes.

Não se conhecem povos sem religião. Lançai um olhar por toda a

superfície da terra, diz Plutarco, historiador grego (aprox. 50 – 120

d.C.), e podereis achar cidades sem trincheiras, sem letras, sem

magistrados, sem habitações, sem uso de dinheiro, mas um povo

sem Deus, sem orações, sem rito religioso, sem sacrifícios, não

encontrareis”.

Malba Tahan

Lendas do céu e da Terra – Rio de Janeiro.

Record, 1987.p.60

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Capítulo III

ELEMENTOS HISTÓRICOS DO ENSINO RELIGIOSO

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3. ELEMENTOS HISTÓRICOS DO ENSINO RELIGIOSO Ø1500 – 1800 (Primeira fase) – O objetivo era que os alunos despertassem e

entendessem os valores que existiam na sociedade.

Havia uma integração entre: escola, igreja, sociedade política e

econômica,

É desenvolvida uma evangelização; O Ensino Religioso era a

propagação de uma religião oficial (católica), era pois uma catequese para os

índios e negros.

Ø1800 – 1964 – (Segunda fase) – A Educação é referendada pelo Estado-

Nação, seu principal objetivo é uma escola laica e gratuita para todos.

A Religião e o seu estudo é vinculado a sociedade tudo o que trata de

religião é submetido ao Estado que “cuida” do que deverá ser ministrado aos

alunos.

É interessante observar que no período da Monarquia (1823 – 1889) o

fio condutor do Ensino Religioso é a “Carta Magna de 1824”, que mantém a

religião Católica Apostólica Romana, como a oficial do Império, que é um dos

principais aparelhos ideológicos do Estado.

Em 1890 quando foi implantado o regime republicano, o Ensino

Religioso passa a ser o principal obstáculo para a implantação do regime (há

uma separação entre o Estado e a Igreja), mas ainda existia na Constituição e

era ministrado, embora contestado por muitos.

No período da transição (1930 à 1937) é inicialmente admitido em

caráter facultativo, através do Decreto de 30 de abril de 1931 em seu artigo

153:

“O Ensino Religioso será de matrícula facultativa e ministrado de

acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno,

manifestada pelos pais e responsáveis, e constituirá matéria dos

horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e

normais”.

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Com o manifesto dos escolanovistas há uma oposição firme contra os

princípios defendidos na constituição; eles eram contrários aos termos:

“laicidade, obrigatoriedade e gratuidade do ensino público”. No período de 1937

e 1945, é efetivada a Reforma Francisco Campos o Ensino Religioso perde sua

obrigatoriedade para os alunos.

De 1946 a 1694 o Ensino Religioso é dever do Estado o artigo 141 em

seu 7º parágrafo faz a seguinte afirmação:

“É inviolável a liberdade de consciência e crença e assegurado o

livre exercício dos cultos religiosos, salvo o dos que contrariam a

ordem pública e os dos bons costumes”.

Ø1964 – 1996 (Terceira fase) – A Escola não é mais um espaço de apenas

uma elite, com a maior universalização do ensino, os problemas vigentes

também refletem na escola, não havendo o monopólio de uma religião perante

o Estado, diferentes forças sociais e profissionais aproximam-se da instituição

escola, dando-lhe um caráter novo em matéria do Ensino Religioso.

Ø1964 – 1984 (Quarto período) – “Os avanços democráticos alcançados são

interrompidos. O conceito de liberdade passa pela ótica da segurança nacional.

Nesse contexto, o Ensino Religioso é obrigatório para a escola, concedendo ao

aluno o direito de optar pela freqüência ou não no ato da matrícula.

Com a Lei 5692/71 o Ensino Religioso é incluído no Sistema Escolar da

rede oficial, nos respectivos graus de ensino”.

3.1 O Ensino Religioso - Lei nº 9.475 de 22 de julho de 1997.

Da nova redação ao art. 33 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996,

que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

O Presidente da República

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a

seguinte Lei:

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Art. 33 – O ensino religioso de matrícula facultativa é parte integrante da

formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das

escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade

cultural religiosa do Brasil, vedados quaisquer formas de proselitismo.

§1º - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição

dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a

habilitação e admissão dos professores.

§2º - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituído pelas diferente

denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º - Revogam-se ao disposições em contrário.

Brasília, 22 de julho de 1997, 176º da Independência e 109º da República

Presidente Fernando Henrique Cardoso

Ministro da Educação – Paulo Renato Souza

O professor Carlos da Fonseca Brandão em seu livro LDB, passo a passo

faz um importante comentário dos artigos acima:

O artigo 33, independentemente da sua forma de redação, trata do ensino

religioso nas escolas públicas de ensino fundamental. Em seus parágrafos 1º e

2º remetem aos sistemas de ensino as tarefas de regulamentar o mesmo.

“Comparando com sua versão anterior à Lei nº 9.475/97,

podemos ver que o caput desse art. 33 originalmente afirmava que o

ensino religioso nas escolas de ensino fundamental público seria

oferecido sem ônus para os cofres públicos. Isso significa que os

custos decorrentes desse ensino religioso nas escolas públicas de

ensino fundamental, não poderiam representar nenhum tipo de ônus

para os cofres públicos, como por exemplo, de ensino

religioso...Pressionado por líderes religiosos, especialmente os

ligados à Igreja Católica representados pela CNBB, nos primeiros

meses de 1997, o Presidente Fernando Henrique Cardoso pediu a

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um deputado da base parlamentar governista que elaborasse um

Projeto de lei a ser apreciado pelo Congresso Nacional, cuja

intenção fosse única e exclusivamente, a de retirar a expressão

“sem ônus para os cofres públicos” ... assim foi feito e, em 22 de

julho de 1977, portanto apenas 7 meses após a promulgação da

nova LDB (20 de dezembro de 1996), foi sancionada pelo Presidente

Fernando Henrique Cardoso a lei nº 9.475/97, que extingue a

expressão “sem ônus para os cofres públicos”, do art. 33 da LDB e

dessa maneira, passou a ser permitido que os custos decorrentes do

ensino religioso, ministrado nas escolas públicas de ensino

fundamental, onerem os cofres públicos”.

Outros fatores interessante que a matrícula no ensino religioso é

“facultativa” apenas ao aluno, devendo ser obrigatório nas

instituições, observando a opção religiosa do educando.

3.2 Objetivos Gerais do Ensino Religioso para o Ensino Fundamental

O Ensino Religioso, valorizando o pluralismo e a diversidade cultural

presente na sociedade brasileira, facilita a compreensão das formas que

exprimem o Transcendente na superação da finitude humana e que

determinam, subjacente, o processo histórico da humanidade. Por isso deverá:

“w Proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que compõem o

fenômeno religioso a partir das experiências percebidas no contexto

educando:

w Subsidiar o educando na formulação do questionamento existencial, em

profundidade, para dar sua resposta devidamente informando;

w Analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e manutenção das

diferentes culturas e manifestações socioculturais;

w Facilitar a compreensão do significado das afirmações e verdades de fé das

tradições religiosas;

w Refletir o sentido da atitude moral como conseqüência do fenômeno

religioso e expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária do

ser humano;

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w Possibilitar esclarecimento sobre o direito à diferença na construção de

estruturas religiosas que tem na liberdade o seu valor inalienável”.

Com a pluralidade de religiões na Escola brasileira os conteúdos a serem

estudados são: Cultura e Religiões, Escrituras Sagradas, Teologias, Ritos e

Ethos.

Culturas e Tradições religiosas – é o estudo do fenômeno religioso à luz

da razão humana, analisando valores na tradição religiosa e seus princípios.

Não há um critério epistemológico único.

Os conteúdos estudados são: filosofia da tradição religiosa; a idéia do

Transcendente, na visão tradicional e atual;

w história e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas

organizações humanas no decorrer dos tempos;

w Sociologia e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas;

w Psicologia e tradições religiosas: as determinações da tradição religiosa

na construção mental do inconsciente pessoal e coletivo.

Os textos que transmitem a idéia de fé e mensagem transcendentes, pela

revelação é chamado Escrituras Sagradas, buscam orientar a vida neste

mundo terreno. Nas tradições religiosas existem a transmissão oral

chamadas: Tradições orais.

“Os conteúdos são estabelecidos a partir de: revelação a

autoridade do discurso religioso fundamentada na experiência

mística do emissor que a transmite como verdade do Transcendente

para o povo;

* história das narrativas sagradas conhecimento e acontecimentos

religiosos que originaram os mitos e segredos e a formação dos

textos;

* contexto cultural, a descrição do contexto sócio-político religioso

determinante na redação final dos textos sagrados;

* exagese: análise e a hermenêutica atualizadas dos textos

sagrados”.

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Teologias – “É o conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados

pela religião e repassados para os fiéis sobre o Transcendente, de um

modo sistematizado r organizado”.

Ela se mostra através de estudo nas verdades e na fé, tem a

participação da natureza existe dentro de uma idéia de temporalidade é

esprema pela idéia da existência do ser e é interpretada a luz de uma

infinidade de informações como, reencarnação, encarnação e muitos outros

fatores.

Os conteúdos são estabelecidos a partir de:

· divindades: a descrição das representações do Transcendente nas

tradições religiosas;

· verdades de fé: é o conjunto de mitos crenças e doutrinas que

orientam a vida do fiel em cada tradição religiosa, na vida além da

morte, respostas para o sentido da vida, reencarnação, ressurreição e

muitas outras.

A prática celebrativa das tradições é composta por diferentes partes:

rituais que podem ser agrupados segundo suas características: propiciatórios

(sacrifícios e purificações), divinatórios (o Transcendente e o futuro) e os

mistérios (diferentes cerimônias relacionadas com práticas e limitadas a um

número de fiéis); símbolos: que levem a entender o significado de por exemplo

uma cerimônia; espiritualidade: uma relação do ser com o Transcendente).

Os conteúdos são estabelecidos e relacionados a partir de:

“* rituais: a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos

diferentes grupos religiosos;

* símbolos: a identificação dos símbolos mais importantes de cada

tradição religiosa comparando seu(s) significado(s);

* espiritualidade: o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes

tradições religiosas no relacionamento com o

Transcendente, consigo mesmo com os outros e

com o mundo”.

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Tratamento didático dos conteúdos - Não devemos esquecer que o

Ensino Religioso é conhecimento humano e devemos portanto estudar os

fenômenos que o compõem sua pluralidade e a liberdade da expressão

religiosa.

O aprendizado por parte do aluno haverá de levar em conta:

a) bagagem cultural e religiosa;

b) a complexidade dos assuntos religiosos e a possibilidade de

aprofundamento;

Para vivermos em uma sociedade com pensamentos tão diferentes de

necessários que respeitemos as diferenças.

A escola com sua pluralidade é um “canteiro” onde poderemos semear

diferentes valores, vivenciado diferentes culturas e tradições religiosas para

que não exista por exemplo intolerância religiosa.

Aprendendo e construindo significados a partir de objeto de

conhecimento, que no caso é o próprio Ensino Religioso. Refletindo sobre tudo

o que lhe é ensinado pode tirar suas próprias conclusões e refletir sobre seus

questionamentos que vão levá-lo ao sentido de sua existência.

No tratamento didático dos conteúdos do Ensino Religioso e necessário

levar em conta:

Organização social das atividades a fim de produzir o diálogo; a

organização do tempo, do espaço no aqui e agora, pela observação direta, pois

o sagrado acontece no cotidiano e está presente na sala de aula: a conexão

com o passado no mesmo espaço e em espaços diferentes também parte do

presente e da limitação geográfica; na dimensão Transcendente não há tempo,

nem espaço; o limite encontra-se na linguagem de cada tradição religiosa, na

organização da seleção e critérios de uso de materiais e recursos; prevê a

colaboração de cada educando na indicação ou no fornecimento de seus

símbolos, a origem histórica, os ritos e os mitos da sua tradição religiosa.

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3.3 O Ensino Religioso nos Ciclos

1º Ciclo - É o período da codificação e decodificação, convivência social, é

o período em que interioriza valores e estabelece uma relação ou não com o

Transcendente.

O objetivo do Ensino Religioso é facilitar o entendimento dos diferentes

significados, símbolos religiosos na vida do ser humano e a compreensão que

a simbologia facilita o entendimento do Transcendente.

A avaliação no 1º ciclo deverá fazer o aluno entender valores que poderão

ser praticados em grupo e individualmente e que possa ter um diferencial o

cerca do certo e do errado em sua vida presente e futura, respeitando as

diferenças do futuro, entendendo seus limites.

Os conteúdos devem ser compostos de Ritos:

Símbolos – é a identificação de símbolos, mais importantes de cada

tradição religiosa, estabelecendo a relação de seu(s) significado(s).

Ethos – Alteridade (as orientações para o relacionamento com o outro,

permeado por valores)

Culturas e Tradições Religiosas:

Filosofia da tradição religiosa ( a idéia do Transcendente).

Didaticamente deverão ser estudados elementos que compõe o

fenômeno religioso, favorecendo o diálogo. É necessário fazer com que o aluno

entenda o que cada símbolo religioso significa para culturas diferentes, e

necessário que entenda o significado mitico-simbólica. E necessário também

que o mesmo exteriorize suas idéias e indagações.

“No encaminhamento dos conteúdos do Ensino Religioso nesse

ciclo, é importante que se exercite o silêncio interior como forma de

o educando ir aprendendo a ouvir, respeitar, valorizar e comungar

com o outro, justamente naquilo em que sem ser como ele, o desafia

para os pontos de convergência, superando preconceitos que

desvalorizam qualquer experiência religiosa. “ PNC – E. Religioso

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2º Ciclo - É o período que o aluno passa da heteronomia para a autonomia,

sempre a partir de reflexões e ações concretas no tempo e no espaço o

objetivo é compreender a origem e os textos sagrados e sua importância para a

cultura de um povo.

A avaliação deverá levar em conta se o aluno entenda o direito de

expressão religiosa do colega na sala de aula em sua comunidade.

“Pelos conhecimentos do conteúdos nesse ciclo, espera-se que o

Educando estabeleça o diálogo, cresça na convivência pacífica e

possa também aprofundar as razões históricas da sua própria

tradição religiosa”.

Os conteúdos deverão ser compostos de:

Escrituras sagradas: histórias de narrativas sagradas (o conhecimento

dos acontecimentos religiosos que originaram os mitos e segredos sagrados e

a formação dos textos).

Ritos:

rituais (a descrição de práticas religiosa, significantes, elaboradas pelos

diferentes grupos religiosos).

Teologias:

divindades (a descrição das representações Transcendente em cada

tradição religiosa).

Didaticamente o conhecimento deverá fomentar o diálogo, já com

reflexões e pensamentos concretos; despertar no aluno, a curiosidade para que

o mesmo busque o místico, e que o mesmo entenda também a crença que

professor e as diferenças existentes em seu contexto social, mas sempre rumo

ao Transcendente.

3º Ciclo - É o período em que o aluno passa da lógica indutiva para a

indutiva, busca valores novos, no que já conhecia inclusive, nesse ciclo o aluno

já tem mais facilidade para a reflexão.

O objetivo será que ele conheça e reconheça a idéia do Transcendente

analisando as diferentes culturas e ideologias.

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A avaliação deverá ser feita a partir da capacidade, do exercício do

pensamento lógico, permitindo entender a evolução das organizações

humanas em sociedade através dos tempos.

Deve observar que determinadas ideologias “chegam a determinar

verdades com o conhecimento das narrativas sagradas e da redação de textos

sagrados, espera-se que o educando vá além do entendimento do contexto

sóciopolítico-religioso e entenda a verdade neles contidas, na relação cultura-

tradição religiosa possa ir construindo seu entendimento do fenômeno

religioso”.

Blocos de Conteúdos - Culturas e tradições religiosas: filosofia da tradição

religiosa (a idéia do Transcendente no oriente e no ocidente, na visão

tradicional e atual); história e tradição religiosa (a evolução da estrutura

religiosa nas organizações humanas no decorrer dos tempos);

sociologia e tradição religiosa (a função política das ideologias religiosas.

Escrituras Sagradas - Revelação – (a autoridade do discurso religioso

fundamentada na experiência mística do emissor que a transcendente como

verdade do Transcendente para o povo);

contexto cultural – (a descrição do contexto sóciopolítico-religioso determinante

na redação final dos textos sagrados);

exagese – (a análise e a hermenêutica atualizada dos textos sagrados).

Didaticamente o aluno está na fase lógico-dedutiva deverá ler textos

religiosos dentro do contexto sóciopolítico cultural, para que compreenda o seu

eu interior rumo ao Transcendente. E necessário sensibilizar o aluno para todo

o sobrenatural que envolve a idéia do Transcendente, diferentes tradições

religiosas que irão fortalecer o entendimento de sua vista e o respeito que

deverá ter pela mesma.

4º Ciclo - O aluno já formula hipótese, já tem o juízo do certo e do errado,

vive em coletividade, supera o egocentrismo e começa a formação da

consciência moral.

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Tem-se o objetivo nesse ciclo conhecer algumas respostas, como morte e

fé. Busca o Transcendente consigo, com o outro e com o mundo, o aluno

buscará o sentido da vida.

A avaliação deverá ser feita, a partir de orientações que lhe forneçam uma

consciência moral. Espera-se que o aluno descubra a dimensão do sagrado, do

ser humano, suas convicções; respeite seus ensinamentos; busque o

autoconhecimento, do mundo e do Transcendente. Perceba também o sentido

da vida e da morte. E o Ensino Religioso deverá ser norteador do “sentido da

vida”.

O conteúdo deverá ser composto de:

Teologias:

verdades de fé – conjuntos de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida

do fiel em cada tradição religiosa;

vida além da morte – as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida;

Ritos:

espiritualidade – estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições

religiosas no relacionamento do Transcendente consigo mesmo, com os outros

e com o mundo;

Culturas e Tradições Religiosas:

psicologia e tradição religiosa – as determinações da tradição religiosa na

construção mental do inconsciente pessoal e coletivo.

Ethos

valores (o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa

apresentado para os fiéis e no contexto da respectiva cultura);

limites – fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições

religiosas.

Didaticamente deverá ser tratado questões das relações vida e morte,

verdades de fé, e sua compreensão, cultivar a espiritualidade como também o

diálogo;

“É fundamental que o diálogo subsidie a necessidade de ver, saber,

sentir e encontrar caminho para a realização junto com o outro,

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passando do psicossocial para a Transcendência. No

encaminhamento do Ensino Religioso nesse ciclo é importante a

experiência pessoal de liberdade, como condição básica para

inserção libertadora no pluralismo sociopolítico-cultural . E que se

desafie para a prática de valores na superação de limites do eu

pessoal, abrindo para alteridade e a para responsabilidade na vida

social”.

PCN Ensino Religioso

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso é um marco

na história do Ensino Religioso no Brasil. Pela primeira vez pessoas de

diferentes religiões enquanto educadores encontraram uma proposta

educacional que tem como objetivo principal o Transcendente.

Sistematizam a proposta com fundamentação nas ideologias e tradições

religiosas do Ocidente, Oriente e África, para isso trabalhando com a

diversidade e respeitando as tradições de cada religião.

É uma proposta que não propaga o proselitismo e aborda com muita

liberdade, para o aluno e professor diferentes temas.

Para isso foi elaborado em currículo tendo como base a pluralidade

cultural do Brasil.

Os parâmetros fazem um histórico das leis que abordam o Ensino

Religioso até os dias atuais, apresenta a escola como um espaço “socializador

do conhecimento através dos conteúdos”.

Perpassa pelas culturas e o fenômeno religioso que as rege e a busca

pelo sentido da vida.

Fala também nos conteúdos didáticos e a avaliação do aluno, explica

como deverá ser aplicado nos ciclos do ensino fundamental o estudo, digo o

Ensino Religioso.

A escola é um espaço muito oportuno, pois a pluralidade de raças que

compõe o país, faz da mesma uma ”garantia” da liberdade religiosa de nosso

aluno o mesmo não conviverá com a intolerância de ideologias, pois não é

permitido e incentivado o estudo dos valores que acompanham a raça humana

que vive em sociedade.

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3.4 Ética e Religião

As religiões não fazem muita diferença entre o plano ético e plano

religioso: Não há distinção entre ética e religião. A noção do ser humano como

uma criação divina implica que ele é responsável perante Deus por tudo o que

faz, ritual, moral social e politicamente.

As sociedades onde habitam diferentes religiões é mais difícil ligar ética

somente a religião, mas também a outros fatores como por exemplo as Leis.

Hoje a Declaração dos Direitos dos Direitos Humanos é uma afirmação de ética

comum independentemente de religião.

Em 10 de dezembro de 1948, foi aprovada a Declaração Universal dos

Direitos Humanos, pela assembléia geral das Nações Unidas (ONU), que diz o

seguinte:

“Todos os homens nascem livres.

Todos os homens nascem iguais tem portanto, os mesmos direitos.

Todos tem inteligência e compreendem que passa a seu redor.

Todos devem agir como se fossem irmãos.

Não importa a raça de cada um, tampouco importa que seja homem ou mulher,

não importa ainda, sua língua, religião, opinião política, país ou a família de que

ele venha; não importa ainda que ele seja rico ou pobre, nem que o país de

onde ele venha seja uma república ou reinado.”

Estes direitos devem ser gozados por todos.

Todas as pessoas tem à vista, à liberdade e à segurança pessoal.

Ninguém pode ser escravo de ninguém. Não se pode maltratar as pessoas ou

castigá-las de maneira cruel e humilhante.

As leis devem ser iguais para todos e devem proteger todas as pessoas.

Todos os homens tem direito de receber a proteção dos tribunais para

que seus direitos não sejam contrariados. Ninguém tem direito de interferir na

vida particular das pessoas, na sua família e na sua correspondência.

Toda pessoa tem direito de se movimentar dentro das fronteiras de seu

país. E tem o direito de sair e voltar de seu país.

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Ninguém deve ser privado de sua nacionalidade. Quer dizer, toda pessoa

tem o direito de se pertencer a uma nação. E tem o direito de trocar de

nacionalidade, por sua vontade.

Todos os homens e mulheres de certa idade, não importa sua raça,

religião ou nacionalidade, tem o direito de se casar e começa uma família. Um

homem e uma mulher só pode casar se os dois quiserem.

Todas as pessoas tem direito a propriedade. E aquilo que uma pessoa

possui não deve ser tirado dela a não ser que haja um motivo justo.

Todas as pessoas tem direito a pensar o que quiserem.

Elas tem o direito de trocar suas idéias e praticar sua fé em público ou em

particular e de contar a todos sua opinião.

Todas as pessoas tem direito de se reunir e de se associar, mas ninguém

deve ser obrigado a isso.

À autoridade do governo vem da vontade do povo. O povo deve mostrar

qual é a sua vontade pelo voto. Todas as pessoas tem direito de votar.

Todas pessoas tem direito ao tipo de trabalho que preferirem e a boas

condições de trabalho. Todos devem receber remuneração igual, quando

fazem o mesmo trabalho, e devem ganhar o suficiente para saúde, alimentação

e vestuário. Todo homem tem direito ao descanso e deve ter um número de

horas de trabalho limitado e férias pagas.

Todas as crianças tem os mesmos direitos sejam ou não nascidas de um

casamento.

Todas as pessoas tem direito a uma escola gratuita.

Todos tem direito de aprender uma profissão.

A escola deve promover o entendimento a compreensão e a amizade.

Todos os homens tem deveres para com o lugar onde vivem e para com

as pessoas que aliviem também.

Não se deve usar o que está escrito neste documento para destruir os

direitos e deveres estabelecidos.

Há muitos anos esta declaração foi aprovada, mas ainda existem países

que não obedecem a este documento.

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Para que isso aconteça é preciso que todos aprendam nas escolas de

todo o mundo o conteúdo desta Declaração.”

Emanuel Kant em seu livro Fundamentos da Metafísica dos Costumes

escrito em 1785 reconheceu que nós seres humanos somos valiosos em nós

mesmos não como uma coisa, um objeto. Existe uma obrigação moral de nos

respeitarmos pois somos valiosos, temos muito valor. Ele diz:

“Se tudo houvesse um equivalente a que pudesse fixar um preço

uma troca não haveria nenhuma obrigação moral para com ninguém.

Portanto, só se existirem seres valiosos em si, cujo valor não provém

de que satisfaçam necessidades, é que poderemos afirmar que eles

não tem equivalentes e que não podemos lhes fixar preço. Por isso

dizemos desses seres que eles não tem preço, mas sim dignidade e,

por conseguinte, merecem o respeito que engendra as obrigações

morais”. Cortina Adela - 1996.

Se pusermos preço na pessoa humana ela poderá ser trocada, onde

ficaria a dignidade da pessoa? As coisas podem ter sim preço comercial, não

as pessoas.

“No reino dos fins tudo tem um preço pode ser substituído por algo

equivalente; em compensação, o que está acima de qualquer preço

e por conseguinte, não admite equivalente é que tem dignidade.

As coisas relativas às inclinações e necessidades do

homem tem um preço comercial; já aquelas que, sem supor uma

necessidade conformam-se a certo gosto, isto é, a uma satisfação

produzida por simples diversão, sem nenhum dos fins de nossas

faculdades, tem um preço de afeto; no entanto, aquilo que constitui a

condição para que algo seja fim em si mesmo não tem simplesmente

valor relativo ou preço, mas um valor interno ou seja dignidade.

A moralidade é a condição através da qual um ser racional pode

ser fim em si mesmo, porque é somente por ela que é possível ser

membro legislador no reino dos fins. Assim sendo a moralidade e a

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humanidade, está última enquanto é capaz de moralidade, é só o

que possuir dignidade” Emanuel Kant, Fundamentos da Metafísica dos Costumes, capítulo 2

Os valores universais surgiram no Ocidente com a filosofia grega e a

religião cristã.

As pessoas tem uma dignidade e tem direitos que nenhum outro ser

humano pode negar e foi reconhecido esse direito na Declaração Universal dos

Direitos Humanos e o reconhecimento dessa verdade, onde nos lembra que as

pessoas não podem ser tratados como instrumentos; devemos ter direitos

chamados de primeira geração liberdade civis e políticas; direitos básicos

chamados de 2ª geração, como direito à educação e a saúde; direito chamados

terceira geração como direito a paz e ao meio ambiente equilibrado. São

valores universais, todos nós devemos ter direito a tudo isso.

Esses direitos nos levem a condição de cidadão em seu país e no mundo

e não permitindo espaços para humilhações como e submissões como os

vassalos na época feudal; os súditos nos países monárquicos e diferentes

dominações que atualmente vem sofrendo os seres humanos, com guerras

intolerâncias religiosas e muito mais.

A Ética Civil é fundamentada em valores, valores morais que devem ser

compartilhados pelos cidadãos em uma sociedade plural, a convivência quando

observados esses valores torna-se pacífica.

O reconhecimento da autonomia do outro faz com que possamos viver e

conviver com liberdade, O ser humano, o mundo quando pensar em futuro

melhor, deverá pensar sempre em valores que levem o homem a libertação e

não sua escravidão, todo cidadão merece, respeito por ser pessoa humana.

Somos uma sociedade plural e não devemos impor aos outros o que

pensamos ser o melhor para o homem fonte de reflexão para compartilhar suas

idéias presentes e fonte de inspiração para o futuro.

Segundo o Projeto do Ensino Religioso para as escolas públicas, a ética é

um fenômeno humano é um fenômeno que abrange, também a comunidade, a

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sociedade humana ela é observada nos relacionamentos humanos, a ética é

um fator intrínseco ao modo de ser do ser humano.

“A ação identifica o modo de ser da pessoa humana estar no mundo,

pois ser pessoa é ser ação é viver continuamente agindo é estar no

mundo prático do ser. O qualitativo que delimita o significado da

ação recai incisivamente sobre dar que toda a ação é sempre

manifestação concreta do sujeito humano. Por outro lado, a marca

de sua individualidade e humanidade, de sua capacidade moral, se

manifesta na realização de atos tipicamente humanos, dos que

nascem de sua diferença específica. Atos que são colocados pela

pessoa humana”.

Os critérios que caracterizam a ação humana são:

a razão – é a característica que marca o ser humano dentre os animais;

a vontade – é operacionalizar sua razão, é o querer e fazer ou não

concretizado motivo ou intenção – é o impulsiona a vontade a fazer ou não

algumas coisas;

os meios – é o que utilizamos para chegar a um fim com um resultado

positivo ou negativo, dependerá de nossa intenção;

a liberdade – está relacionada a moral autônoma do ser humano;

o bom e o valioso – é a percepção do que realmente importa ao ser

humano, seu comportamento e suas ações;

o factual e o normativo – nossas situações rotineiras, os acontecimentos e

dimensão do ideal de moralidade o certo e o errado dentro do acontecimento;

a dimensão social e individual – onde é enfocada os atos individuais e

coletivos que normalmente se entrelaçam.

3.5 A Escola e o Conhecimento Religioso

A escola tem a função de fazer o educando refletir sobre diferentes

situações que podem vir impedi-lo de se libertar das situações opressoras ou

segurança ilusória oferecida para objetivos, situações e autoridades não

legítimas.

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Faz o aluno perceber os limites do conhecimento e a “finitude do ser

humano”. Faz crescer uma necessidade de partir para uma outra dimensão

humana que chamamos de Fé.

O processo de aprendizagem busca no saber e no desejo de

transcendência, perspectivas para o futuro.

O educador do Ensino Religioso, deverá saber responder questões

várias, no universo de culturas existentes. A busca do conhecimento deverá ser

constante, e ter clareza e respeito de sua própria fé.

O educador religioso deverá conhecer diferentes conteúdos como:

cultura e tradições religiosas; escrituras sagradas, teologias, fazendo

comparações e tirando suas conclusões, que irão permear sua prática

educativa.

Desse profissional espera-se que esteja disponível para o diálogo e seja

capaz de articulá-lo a partir de questões suscitadas no processo de

aprendizagem do educando. Cabe a esse educador escutar, facilitar o diálogo,

ser o interlocutor entre a escola e comunidade e mediar conflitos.

O Educador deverá sempre ressaltar a liberdade religiosa do educando

e considerar seu meio familiar e sua comunidade escolar.

Através de valores e atitudes deverá o Ensino Religioso desenvolver o

indivíduo como pessoa humana, fazendo que o aluno se desenvolva

integralmente suas competências, suas habilidades e até sua fé. A educação

escolar deverá ser totalmente integrada, educador e educando, com uma visão

globalizada de tudo o que cerca para poder tirar suas próprias conclusões. O

aluno deverá ter conhecimento de diferentes estruturas religiosas e tempos

históricos para entender até mesmo sua cidadania.

“Essa responsabilidade atribuída à escola como conseqüência do

projeto educativo, comprometido com a democratização social e

cultural, coloca o Ensino Religioso na função de garantir que todos

os educandos tenham a possibilidade de estabelecer diálogo”.

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E na escola que o ser humano percebe que é limitado, mas que também

poderá superar limites e crescer, procurar o que busca e respostas para suas

questões; poderá melhorar sua finalidade de vida.

Entenderá que a religião está ligada intimamente a conhecimento

cultural, entendimento globalizado diante de desafios e conflitos religiosos, o

aluno não deverá se tornar radical, fechando questões a cerca de um só tema,

pois deverá ter conhecimento de diferentes situações religiosas e abordagens

da mesma; o fim deverá ser comum explicar o surgimento do ser humano e a

finalidade de sua existência.

“Ele é o instrumento que auxilia na superação das contradições de

respostas isoladas de cada cultura. Criar a oportunidade de ter o

Ensino Religioso de forma sistematizada permite uma compreensão

mais crítica do cidadão”. Fórum do E. Religioso,1996.

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Capítulo IV

GLOBOCOLONIZAÇÃO

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4. GLOBOCOLONIZAÇÃO

Segundo Krajewski (2004) No final do século XX houve uma crescente

produção de bens e serviços com o aumento da produção industrial; Tornando-

se mais grave uma situação econômica que já perdurava por anos.

Após a Segunda Grande Guerra Mundial os países ricos procuravam

desenvolver políticas de previdência social e pleno emprego procurando

promover a inclusão social que garantisse o mínimo de condições para a

sobrevivência do indivíduo, o que seria muito bom para os países pois quanto

mais pessoas com condições de consumir mais a economia do país iria

crescer.

Como o Estado só se preocupava em produzir e não proporcionava, não

se comprometia com o social (que é a política neoliberal) surgia uma população

miserável e excluída da sociedade.

As mudanças na economia internacional fizeram com que cada vez mais

aumentasse o número de excluídos no mundo. Pois as melhorias são apenas

para uma pequena parcela da população que tem direito a: meios de transporte

mais rápidos; novas tecnologias, redes de computadores; remédios caros e

muito mais.

“O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) indicou

que as prioridades de desenvolvimento científico e tecnológico estão voltadas

para a agenda dos ricos, constando que no ramo da biotecnia por exemplo, as

pesquisas sobre o amadurecimento lento do tomate e sobre comésticos foram

considerados mais importantes em relação à vacina contra a malária e as

colheitas resistentes à seca nos países pobres”.

O relatório do Banco Mundial revela que 1,2 bilhão de pessoas vivem com

menos deU$$1 por dia.

E na América Latina a situação é muito grave 15,6 por cento da

população vive abaixo da linha da pobreza e segundo o Banco Mundial até

2015, mas de 2 bilhões de pessoas viverão com menos de U$$ por dia.

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E uma observação muito importante, os 48 países mais pobres detém

apenas 0,3% do comércio mundial e suas populações representam 10% do

total do planeta.

Em 2003 o Banco Mundial concluia:

“(...) se o crescimento da economia mundial se mantiver no mesmo ritmo,

em 2015 as taxas de pobreza global cairão a menos, da metade de seu nível

de 1990, tirando cerca de 360 milhões de pessoas da pobreza extrema. Mas a

força que impulsiona esse congresso – crescimento rápido na Ásia e melhoria

na Europa Oriental – pouco fará para reduzir a pobreza na África, onde o

número de pobres provavelmente aumentará de 315 milhões em 1999 para

404 milhões em 2015, e no Oriente Médio, onde também está em crescimento.”

4.1 - Educação e Exclusão

Para conseguir dinheiro para financiamento de seus projetos sociais, os

países pobres, são obrigados a submeter-se ao FMI e ao Banco Mundial, para

pagamentos de dívidas, ou para cobrir os juros da dívida ou para obras de

infra-estrutura. Setores como educação e saúde não são tratados ficando cada

vez mais a situação precária. Um dos principais fatores que prejudicam os

países pobres é o nível cultural destes, pois a qualificação de mão-de-obra

requer treinamento e incentivo nessa área, o que não interessada dos países

ricos. Acabar com essa situação, afinal e não pagarmos, cada vez e como

conseqüência eles ficariam menos ricos., cada vez mais enriquece os ricos.

“Segundo a ONU, existe um bilhão de analfabetos adultos em países

pobres, e o analfabetismo constitui um entrave para o ingresso desses países

na economia moderna. Levando em conta apenas os analfabetos funcionais,

que é considerado. Também nos países ricos. O analfabeto funcional é o

indivíduo que foi alfabetizado, mas é incapaz de escrever um texto ou

compreender o que está lendo. Só o fato de ser alfabetizado não lhe dá

condições de competir no mercado de trabalho, principalmente urbano, onde

além da escassez de vagas, ele enfrenta exigências que não tem condições de

cumprir”. (Geografia Coleção Base – 2004 – Pág. 279).

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4.2 – Emprego e Exclusão

Com as novas tecnologias inúmeras profissões já não mais existem.

As novas tecnologias incluem também formas de administração e

organização nas empresas.

Os profissionais de diferentes áreas não são qualificados para o

desenvolvimento, vão se tornando profissionalmente absoletos não tendo

campo para trabalhar engrossando a massa de trabalhadores desempregados.

O governo, deveria criar mecanismos para que essa “massa” fosse

produtiva garantindo aos cidadãos empregos e melhores condição de vida.

O desemprego estrutural está acontecendo até mesmos nos países ricos,

principalmente na Europa pois há falta de perspectiva futura que acarreta

problemas de no círculo familiar.

No livro Por ruma Sociologia da Exclusão, o sociólogo Serge Paugam

analisa a exclusão social a partir da ruptura dos vínculos sociais.

“A ausência da perspectiva de um emprego estável e o desemprego

ameaçam destruir a identidade profissional; o divórcio ou a separação fragiliza

frequentemente, a identidade familiar e provoca, às vezes, um isolamento

duradouro. Além disso, se os vínculos sociais se afrouxam, é também

paradoxalmente, porque a sociedade se torna, pelo menos na aparência, mais

democrática. Se as igualdades se renovam, as fronteiras entre os grupos

sociais, aparecem hoje menos visíveis que no começo do século XX ou na

metade dele. O sentimento de certos barreiras se esfumam e a quebra mais ou

menos voluntária dos status sociais criados pelo Estado Providência provocam

uma fluidez de identidades e, por isso, uma dificuldade maior de organizar a

existência em função das expectativas coletivas de grupos sociais

determinados. A partir daí, o problema essencial para numeroso indivíduos é a

ameaça de perder o lugar que ocupam na sociedade, ou seja o vínculo frágil

que os liga aos outros”. Véras, Maura Pardini Bicudo (ed.) Por uma sociologia de exclusão;

o debate com Serge Pougam. São Paulo. Educ. 1999 p. 50-51.

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4.3 – A Exclusão no Brasil

Devemos considerar a colonização de exploração no Brasil como um dos

principais fatores da exclusão social no país.

Em nossa colonização vieram de Portugal os degredados portugueses

(não eram bem vindos em sua terra e aqui serviria para ser seu exílio) a

escravidão de negros também é parte do processo de exclusão em nosso país

desde sua colonização. A casa grande e a senzala são marcos do começo

dessa situação (do país), da segregação entre a elite e o povo, entre o branco

e o negro.

Durante a década de 70, houve o tão falado “milagre brasileiro”, que era a

tentativa dos militares de validar o golpe de 1964, procurando através do

endividamento externo e construções faraônicas, com capital estrangeiro

“desenvolver o país”, houve por um determinado tempo crescimento, mas em

contra-partida, a sociedade começa a viver um forte achatamento salarial que

levou o país ter um dos piores índices de distribuição de renda para os

trabalhadores.

Na década de 82 existiram muitos planos econômicos que buscavam sem

solução deter a inflação, situação que pendurou até o final da década de 1990.

4.4 – Movimentos Sociais e Cidadania

O princípio dos movimentos sociais é o coletivo, a luta coletiva.

A luta pela posse da terra no Brasil nos reporta a época da colonização

quando estes dizimaram os índios para ficar com a terra; e os negros quando

criaram os quilombos, que tinham uma organização própria em “pequenas”

propriedades.

Em 1534 quando Portugal criou a Lei das Sesmarias, que dividiu a colônia

brasileira em capitanias hereditárias (para evitar que outros povos a tomassem)

era um dote hereditário (acredita-se que daí surgiu a concentração de terras no

país). Essa lei foi suspensa em 1822 existiam pessoas que ocupavam a terra

mas não tinham documentos, daí o nome posseiros. Em 1850 com a criação da

Lei de Terras, o governo passou a regularizar as concessões de posse.

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Como resultado: houve muita injustiça no país, para os que possuem a

terra mas não tinham como pagar pela mesma diante dessa situação. Surge

(um líder religioso Antonio Conselheiro que mobilizou camponeses,

expropriados e negros libertos a lutar por suas terras, o que terminou com um

verdadeiro massacre da população.

Entre 1512 e 1916 houve outra manifestação de vulto após a construção

da ferrovia São Paulo - Rio, trabalhadores desempregados juntaram-se a

camponeses sem terra sob o comando do “monge” José Maria (também líder

religioso) ocuparam uma área de litígio entre Santa Catarina e o Paraná; a

Guerra da Contestado envolveu 20 mil camponeses e terminou com quase 3

mil mortos.

Na década de 50 surgiram as Lojas Camponesas onde criou-se a

Sociedade Agrícola de Plantadores de Pecuaristas de Pernambuco,

posteriormente foram criados sindicatos de trabalhadores rurais e culminou e

com a criação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na agricultura

congregando vários sindicatos rurais.

Com o golpe militar de 1964 todas iniciativas populares foram sufocadas.

Durante os governos militares (1964-1995) os levantes contaram com a

ajuda da Igreja Católica, por meio das comunidades Eclesias de Base, pois a

igreja tinha “opção preferencial pelos pobres” a famosa Teologia da Libertação.

Em 1975 surgiu a também famosa Comissão Pastoral da Terra que apoiava as

manifestações sociais dos lavradores, marcando o nascimento do Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (1979) cuja principal fonte de

manifestação são as caminhadas e os acampamentos; suas palavras de

ordem: “Ocupar, resistir e produzir”, mas muitas das vezes as ocupações tem

graves episódios como: Eldorado dos Carajás (PA), em 1996 que ocasionou

muitas mortes.

O movimento operário - Com a revolução industrial onde o trabalhador passou

a receber de acordo com sua função no trabalho, surgiu os sindicatos que

conquistaram vitórias ao longo dos anos como por exemplo redução da jornada

de trabalho, que era até de 15 horas por dia, onde os trabalhadores que não

agüentavam e ficavam doentes por causa das condições insalubres do

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trabalho, eram mandados embora sem nada receber. No Brasil os sindicatos

começaram no século XX com duas vertentes a dos anarco-sindicalistas (que

defendiam a greve como forma de expressão) e os comunistas-socialistas (que

tinham preferência pela negociação com os patrões).

Com a fundação do PCB (Partido Comunista do Brasil) os anarquistas

perderam sua força e o PCB optou por uma política de aliança com a

Burguesia industrial o que permitiu a expansão da classe operária.

Com Getúlio Vargas no período de1930-1945, o PCB tornou-se ilegal,

pois o presidente adotou uma política que não permitia a autonomia dos

sindicatos. Em 1943 criou-se a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

De 1964 à 1970 as intervenções nos sindicatos eram freqüentes; só no

final da década de 70, já com o Presidente João Figueiredo o sindicalismo

voltou principalmente nas regiões do Brasil que tinham o maior número de

indústrias e surgiram novas lideranças sindicais como a de: Luiz Inácio Lula da

Silva (Hoje Presidente do País). Os sindicatos voltam com força após surgirem

lideranças, os mais importantes são: a CUT - Central Única dos Trabalhadores

e a Força Sindical, cujo o objetivo principal das duas é a manutenção dos

postos de trabalho e a redução da jornada de trabalho para que sejam criados

mais empregos.

Na década de 70, surgiram com a força novos movimentos sociais: O

movimento social urbano cuja luta principal é a educação, a saúde e moradia e

movimentos que lutam contra a discriminação como dos negros e

homossexuais.

“Os países subdesenvolvidos conheceram pelo menos três formas de

pobreza e, paralelamente três formas de dívida social, no último meio do

século. A primeira seria o que ousadamente chamaremos de pobreza incluída,

uma pobreza acidental, às vezes residual ou sazonal, produzida em certos

momentos do ano, uma pobreza intersticial e, sobretudo, sem vasos

comunicantes.

Depois chega uma outra, reconhecida e estudada como uma doença da

civilização. Então chamada de marginalidade, tal pobreza era produzida pelo

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processo econômico da divisão do trabalho, internacional ou interna. Admitia-

se que poderia ser corrigida, o que era buscado pelas mãos dos governos.

E agora chegamos ao terceiro tipo, a pobreza estrutural, que de um ponto

de vista moral e político equivale a uma dívida social. Ela é estrutural e não

mais local, nem mesmo nacional; torna-se globalizada, presente em toda parte

do mundo. Há uma disseminação planetária e uma produção globalizada ainda

que esteja mais presente nos países pobres. Mas é também uma produção

científica, portanto voluntária da dívida social, para a qual na maior parte do

planeta, não se buscam remédios”. Santos, 2000 p.69.

Desde 1990 a ONU tem publicado o Relatório do Desenvolvimento

humano e seu objetivo é procurar dados sobre o desenvolvimento humano e

propor formas de melhorar a situação no planeta terra. Nesses documentos é

apresentado “um glossário da pobreza e do desenvolvimento humano” (que

deve ser entendido como processo pelo qual são concedidas à pessoas as

condições de escolha que lhes possibilitem ampliar suas capacidades e

funções na sociedade.

“As capacidades essenciais são aquelas que permitem aos

ser humano uma vida digna, com condições de alimentação,

moradia e educação de qualidade, bem como participação política,

direito à segurança e à efetiva sustentabilidade. Em síntese, o

almejado desenvolvimento humano será alcançado quando toda

pessoa tiver garantido o direito a uma vida digna e à plena

cidadania, a completa autonomia”. Krajewski –2004. pág.271

Com base em tabelas, o PNUD estabeleceu o IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano) que levanta dados a partir da coleta de informações

que levam em conta as taxas de: ”esperança de vida ao nascer; quantidade de

adultos alfabetizados, escolaridade bruta nos níveis primário, secundário e

superior, e PIB percapita considerando o dólar PPC paridade de poder de

compra”.

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Esse índice expressa a média mínima de consumo de bens e serviços por

dia, nos diferentes países. Para a América Latina e o Caribe, é considerado o

valor de US$2. Já nos países do Leste Europeu e nos que compunham a

antiga União Soviética é considerado o valor de US$4. Nos países ricos o

índice utilizado como limite à linha de pobreza é o dos Estados Unidos ou seja

US$14,4 por pessoa por dia.

O IDH varia de 0 a 1. Assim quanto mais próximo de 1, maior será o

índice de desenvolvimento humano.

O Relatório do Banco Mundial alerta que há uma enorme diferença entre

países ricos e pobres, segundo este nos países pobres 121 crianças morrem

de cada 1000 crianças que nascem nos países ricos sete em cada 1000. Frei

Beto nos faz refletir na verdadeira situação da sociedade: Latino Americano e

Caribenha.

Grito dos excluídos da América Latina e do Caribe.

“[...] Somos todos passageiros da mesma nave espacial

chamada Terra. No entanto, como nas caravelas dos colonizadores

e nos aviões transatlânticos, viajamos em condições desiguais. Uma

minoria usufrui, na primeira classe de tecnologia de ponta como a

internet, de alimentação saudável, de medicina sofisticada e de

acesso à cultura. A maioria – 85 por cento da população mundial

amontoa-se em porões insalubres, ameaçada pela fome, pelas

doenças e pela violência. Nosso grito se ergue contra a

globalização, que ao favorece os poucos países metropolitanos, em

detrimento das nações pobres revela o seu caráter de verdadeira

globocolonização. O Pib mundial calculado hoje em 25 trilhões de

dólares, é o retrato da brutal acumulação da riqueza em mãos de

poucos países do G7 (EUA, Canadá, Inglaterra, Itália, França,

Alemanha e Japão) detém 18 trilhões de dólares. Os 7 trilhões de

dólares que restam devem ser repartidos entre os mais de 240

países. Clama aos céus constatar que apenas três cidadãos norte-

americanos – Bill Gates, Paul Allen e Warren Buffett – possuem

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juntos, uma fortuna superior ao Pib de 42 nações pobres, nas quais

vivem 600 milhões de habitantes!

Hoje na América Latina e no Caribe há 204 milhões de pobres

e 90 milhões de miseráveis. São 192 milhões de crianças das quais

a morte atinge a cada ano, quase 500.000, afetadas por doenças

previsíveis, cerca de 14 milhões de crianças com menos de cinco

anos de idade sofrem deficiência de vitamina A. Cerca de 20 milhões

de crianças menores de 15 anos de idade trabalham na América

Latina e no Caribe.

Muitas abandonaram a escola para ajudar no orçamento

familiar, enquanto outras assumem risco de vida em suas atividades

profissionais.

Quase 2 milhões de latino-americanos e caribenhos são

contaminados com o vírus HIV. Nas escolas de ensino fundamental

a taxa média de repetência é de 30%, sem contas que amplas

camadas da população ainda são analfabetas. Essa situação se

agrava pelo analfabetismo virtual por não saberem lidar com os

novos equipamentos eletrônicos.

Nosso grito é de protesto contra a economia neoliberal, que

monitorada pelo FMI e pelo Banco Mundial, reduz a democracia ao

mercado, a cidadania ao consumismo, e viola a soberania de nossos

Estados Nacionais através da privatização de nossas empresas

estatais e públicas. Em 1999, o desemprego elevou-se a 8,7 por

cento em nosso continente, a taxa mais alta da década, enquanto o

salário real na indústria caiu, segundo a OIT (Organização

Internacional do Trabalho), 0,9 por cento no primeiro semestre de

1999, frente a igual período no ano anterior. Globalizar-se a pobreza

e não o progresso; a dependência e não a independência; a

competitividade e não a solidariedade. Enquanto isso as nações

ricas investem em tropas e armas, anualmente, 800 bilhões de

dólares [...]”. Frei Betto. (2000 pág. 17)

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Democracia na atualidade - Após a Segunda Guerra e posteriormente a

Guerra Fria, o mundo foi dividido em dois blocos geopolíticos (econômico e

militar) os Estados Unidos (captalista) e a União Soviética e a China (militar)

Surgiu no mundo o Welfare State Estado do bem-estar social, onde o Estado

passa a intervir na economia investindo em indústrias estatais e subsidiando

empresas privadas na indústria, na agricultura e no comércio com o controle de

preços, salários e taxas de juros e um conjunto de encargos sociais e serviços

públicos; com isso os países capitalistas que promoviam o bem-estar para si,

não desejavam os países que são se submetiam ao seu ideal de Estado, com

medo de revoluções nos países do Terceiro Mundo sufocavam qualquer tipo de

insurreição como no caso de Cuba em 1958 que promoveu uma revolução,

libertam-se de seus colonizadores.

Os países mais fortes do bloco capitalista adotaram medidas para que

não mais houvesse “rebeliões”: através do Banco Mundial e do Fundo

Monetário Internacional (FMI), emprestaram grande quantias aos mesmos para

que estes se “desenvolvessem” e junto com o dinheiro também “ajuda” militar,

para reprimir revoltas e ou revoluções estimulando em alguns países ditaduras

militares como foi o caso do Brasil. E tudo isso em nome da soberania do País.

A democracia liberal era culpada segundo estes pela desordem e caos

sócioeconômico que o país vivia (1964).

A democracia no Brasil seguiu entre duas vertentes: Ora como bem

(liberdade), ora como o mal (ditadura); e foi se descaracterizando (não mais era

uma forma de vida social) foi se tornando um instrumento ideológico usado de

maneira vil pelos Estados Capitalistas em nome da liberdade dos países de

Terceiro Mundo.

O liberalismo (limita os direitos à cidadania política da classe dominante e

a social democracia (acolhe as idéias de direitos sociais) não são sinônimas

pelo que vimos, mas tem certa semelhança quando apoiam a livre iniciativa, e

a competição política, afirmam que a Lei deve limitar o poder público e que o

poder executivo e judiciário existem para limitar os conflitos sociais e atender

as demandas sociais.

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“A democracia é, assim, reduzida a um regime político

eficaz, baseado na idéia de cidadania organizada em partidos

políticos e que se manifesta no processo eleitoral de escolha dos

representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções

técnicas (e não políticas) para os problemas sociais.

Vista por esse prisma, é realmente uma ideologia política e

justifica a crítica que lhe dirigiu Marx ao referir-se ao formalismo

jurídico que preside a idéia de direitos do cidadão.

Em outras palavras, desde a Revolução Francesa 1789,

essa democracia declara os direitos universais do homem e cidadão,

mas a sociedade está estruturada de tal maneira que tais direitos

não podem existir concretamente para a maioria da população. A

democracia é formal não concreta”. Chauí, Marilena (2001,Pág.229)

Podemos afirmar que a democracia é diferente de outras formas sociais

existentes, é pois nela o conflito é legítimo e uma sociedade verdadeiramente

histórica, aberta aos acontecimentos e às possíveis modificações que possam

vir ocorrer, como a criação de novos direitos, ela não para de trabalhar suas

divisões e diferenças rumo as modificações que se façam necessárias.

O governo do povo para o povo era a política da democracia, mas como

a sociedade está dividida em classes, fez com que esse ideal fosse modificado.

O capitalismo desenfreado de alguns países tornou essa afirmação quase

uma inverdade, tendo em vista o conflito de interesses e a exploração da

sociedade, principalmente nos países do Terceiro Mundo.

Com a divisão internacional do trabalho e da exploração que melhorou a

vida de poucos e agravou a situação de muitos, surgiu o neoliberalismo que

basicamente é o abandono da política do Estado de garantias dos direitos

sociais e retomam a idéia de autocontrole da economia pelo mercado

Capitalista. A isso damos o nome de privatização e quando o Estado se afasta

do planejamento econômico se dá a desregularização.

“Essa mudança nas forças produtivas (pois a tecnologia

alterou o processo social do trabalho) vem causando o desemprego

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em massa nos países de capitalismo avançado, movimentos racistas

contra imigrantes, exclusão social, política e cultural de grande

massa da população. Esse fenômeno começa também a atingir

alguns países do Terceiro Mundo, como o Brasil”. Chauí, Marilena (2001, Pág. 228)

Como conseqüência os direitos sociais e econômicos conquistados pelas

classes populares estão em dificuldades, com a exclusão cada vez maior no

mercado de trabalho (há cada vez menos trabalhadores devido altas

tecnologias que não mais absorvem o grande números de trabalhadores).

A social democracia, o Estado do Bem Estar Social será suprimido pelo

Estado neoliberal onde o objetivo é privatizar tudo o que era dever do Estado

como: Educação, saúde, transporte, moradia e alimentação.

Ideologia da competência técnico-científica:

“(...) é a idéia de que quem possui conhecimento está naturalmente

dotado de poder de mando e direção. Essa ideologia, foi fortalecida

pelos meios de comunicação de massa que a estimulam

diariamente, invadiu a política: esta passou a ser considerada uma

atividade reservada para administradores políticos competentes e

não uma ação coletiva de todos os cidadãos.” Chauí , Marilena (2001, Pág229)

Não só o direito à representação política (ser representante) diminui

porque se restringe aos competentes como ainda a ideologia da competência

oculta e dissimula o fato de que, para ser “competente”, é preciso ter recursos

econômicos para estudar e adquirir conhecimentos.

À grande dificuldade para a democracia no Brasil é a “indústria política”,

onde os meios de comunicação manipulam a vontade do eleitor juntamente

com a situação social no país onde sempre aparecem lideranças políticas (por

vezes sem nenhum pudor) que se apresentam para o povo como sabedores da

Nação.

Na verdade não somos realmente eleitores (os que escolhem) mas meros

votantes (os que dão o voto para alguém).

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CONCLUSÃO

O Ensino Religioso de hoje não pode ser apenas pastoral. Ele deverá

facilitar o diálogo e ser um importante interlocutor entre a escola e a

comunidade, servindo também como mediador de conflitos.

Exemplificando valores e atitudes deverá desenvolver o indivíduo como

pessoa humana, superando limites e fazendo o mesmo crescer como cidadão

encontrando respostas para muitos de seus questionamentos.

Como área de conhecimento deverá ser interdisciplinar, globalizando, não

poderá fechar questões pois vivemos em um mundo multicultural e

multireligioso; levando a compreensão dos fatos históricos que o levaram a ser

quem é.

Também deverá levar a descoberta e a compreensão do fenômeno

religioso que pode ser um importante fator de inclusão social quando o aluno

percebe-se como parte integrante do universo é religiosamente plural.

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BIBLIOGRAFIA

Adas, Melhem: Os impasses da Globalização e o mundo desenvolvido SP.2003

Alves, Rubens; A Alegria de Ensinar. Ed. Papirus – 2000

Aurélio, Dicionário da Lingua Portuguesa Ed. Nova Fronteira – 2000

Azenha, Maria das Graças: Construtivismo de Piaget a Emilia Ferreiro. Ed.

Ática – 1999

Azevedo, Maria M. Lins de: A Educação como Política Pública: SP. Autores

Associados. 2004

Católica. Catesismo da Igreja.Edições Loyola – SP, Brasil – 1999

Chauí, Maeilena: Filosofia Ed. Ática – 2001

Cisalpino, Murilo: Religiões. Ed. Scipione – 1994

Cruz, Therezinha da: Descobrindo Caminhos – Ensino Religioso. SP. Ed. FTD-

2002

Demo, Pedro – A Nova LDB Ranços e Avanços Ed. Papirus – 2004

Educação Religiosa Escolar – Conselho Interconfessional para Educação

Religiosa – SP Ed. Vozes – 1980

Libâneo, José Carlos: Pedagogia e Pedagogos - Editora Cortez – 2002

Krajewski, Ângela Corrêa; Guimarães, Raul Borges e Ribeiro, Wagner Costa:

Geografia , Pesquisa e Ação: SP Ed. Moderna – 2004

Mesquita, Maria Fernanda Nogueira: Valores humanos na Educação:SP Ed.

Gente.2003

Morin, Edigar: Os sete saberes necessários à educação do futuro: Editora

Cortez – 2002

Ojeda, Eduardo Aparício Baez: História. Uma Abordagem Integrada. Ed

Moderna – 2003

Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso – Ed. Ave Maria – 2004

Projeto Para Ensino Religioso das Escolas Públicas – SP. Ed. Papirus – 1996

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Br. MEC – 2002

Saviani, Dermeval; Escola e Democracia - SP. Autores Associados. 2003

Silva, Sidney Reinaldo do: Instrução Pública e Formação Moral- SP. Autores

Associados. 2004

Teles, Maria Luiza Silveira: Sociologia para Jovens Ed. Vozes - 1993

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ÍNDICE

Introdução 8

Capítulo I 10

1. A Convivência Humana 10

1.1 Espiritualidade 16

Capítulo II

2. HISTÓRICOS DA RELIGIÕES 18

2.1 Religiões Politeístas 19

2.2 A Mitologia 20

2.3 Religiões Orientais 22

2.4 Religiões Monoteístas 26

2.5 Religiões nos Aspectos Filosóficos 31

Capítulo III

3. ELEMENTOS HISTÓRICOS DO ENSINO RELIGIOSO 37 3.1 O Ensino Religioso 39

3.2 Os Objetivos Gerais do Ensino Religioso para o

Ensino Fundamental 41

3.3 O Ensino Religioso nos Ciclos 45

3.4 Ética e Religião 50

3.5 A Escola e o Conhecimento Religioso 54

Capítulo IV

4. GLOBOCOLONIZAÇÃO 58

4.1 A Educação e Exclusão 59

4.2 O Emprego e Exclusão 60

4.3 A Exclusão no Brasil 61

4.4 Movimentos Sociais e Cidadania 61

Conclusão 70

Bibliografia 71

Índice 72

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’

TÍTULO: A MÚSICA E A CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Data da entrega:_____________________________

Auto Avaliação: Como você avaliaria este livro?

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Avaliado por:________________________________ Grau________________

Niterói,..... de julho de 2005.

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ANEXOS

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EVENTOS CULTURAIS