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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO PARA PROMOÇÃO DO CONHECIMENTO Márcia Cristina Rodrigues de Souza Orientadora: Prof a Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO PARA PROMOÇÃO DO

CONHECIMENTO

Márcia Cristina Rodrigues de Souza

Orientadora: Profa Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO PARA PROMOÇÃO DO

CONHECIMENTO

Este trabalho de pesquisa atende ao requisito final para obtenção do título de Especialista em Tecnologia Educacional no curso de Pós-Graduação.

Rio de Janeiro

2011

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AGRADECIMENTOS

- À minha orientadora Profª Mary Sue um agradecimento especial pela

paciência, generosa acolhida, tornando o “impossível possível”, na corrida

contra o tempo...

- Aos Profs. da Pós em Tecnologia Educacional pelo convívio gratificante, pelos

textos, pelas discussões, etc.

- Aos meus colegas de curso Neimar Nobre, João Paulo Voigtlaender e Cícero

Augusto Costa pela parceria.

- Aos funcionários do Instituto A Vez do Mestre, por terem sempre facilitado

minha vida, para que esta fosse realizada.

- À colega de Língua Portuguesa Profª Carolina Araújo pelas sugestões e

correções ortográficas.

- À bibliotecária Heloísa Almeida pela orientação da catalogação.

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RESUMO

Este trabalho nasceu da necessidade de se entender quais os

mecanismos que contribuem para uma prática docente eficaz a partir da

utilização de diferentes tecnologias no ambiente de ensino-aprendizagem.

Espera-se mostrar a importância de o professor estar atualizado no que diz

respeito ao manuseio dessas tecnologias, a fim de que sua utilização gere

significado ao educando, possibilitando, assim, a construção de conhecimento.

Além disso, pretende-se demonstrar como as Tecnologias da Informação e a

Comunicação (TICs) são importantes para o processo de Educação à

Distância, bem como estabelecer os problemas e os desafios dessa

modalidade de ensino. Espera-se, ainda, determinar os impactos causados

pela inserção das TICs no ambiente escolar.

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METODOLOGIA

Para realizar este trabalho, realizou-se extensa pesquisa

bibliográfica, a fim de revisar conceitos, comparar teorias e realizar uma análise

mais profunda sobre os tópicos que se pretendeu abordar neste trabalho. Para

isso, contou-se com os ensinamentos de Paulo Freire (1980 e 1996) acerca

dos fundamentos que cercam a atividade educativa, bem como no que diz

respeito à atitude e à formação do professor nos dias atuais, a fim de que se

formem alunos autônomos em relação ao próprio processo de educação. Ao

tratar das tecnologias e sua relação com a educação, utilizou-se os referenciais

de Leite et al (2004) e de Orth (1999), por exemplo. Para tratar especificamente

dos tópicos de Educação à Distância e de Tecnologias da Informação e da

Comunicação, bem como seus desdobramentos, utilizou-se o que ensinam

Pimentel (1999) e Litwin (2001), dentre outros. Além disso, também recorreu-se

às legislações pertinentes como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional e o decreto que regulamenta o artigo 80 da referida lei, pertinente ao

ensino na modalidade à distância.

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Pela Internet

Criar meu web site

Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada

Um barco que veleja ...(2 vezes)

Que veleje nesse informar Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve um oriki do meu orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve meu e-mail até Calcutá

Depois de um hot-link Num site de Helsinque

Para abastecer

Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet

Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut de acessar O chefe da Mac Milícia de Milão

Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus para atacar os programas no Japão

Eu quero entrar na rede para contatar Os lares do Nepal,os bares do Gabão

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar...

Gilberto Gil

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO E SUAS BASES FUNDAMENTAIS 11

CAPÍTULO II

O USO DA TECNOLOGIA NO AMBIENTE ESCOLAR 18

CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO À DISTANCIA E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DO

CONHECIMENTO 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 44

ANEXOS 46

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como propósito investigar como o uso da

tecnologia no ambiente educacional, especialmente das Tecnologias da

Informação e da Comunicação, pode contribuir para a promoção do

conhecimento.

Ele surge da necessidade de se entender quais os mecanismos que

contribuem para uma prática docente eficaz a partir da utilização de diferentes

tecnologias no ambiente de ensino-aprendizagem. Espera-se mostrar a

importância de o professor estar atualizado no que diz respeito ao manuseio

dessas tecnologias, a fim de que sua utilização gere significado ao educando,

possibilitando, assim, a construção de conhecimento. Além disso, pretende-se

demonstrar como as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) são

importantes para o processo de Educação à Distância, bem como estabelecer

os problemas e os desafios dessa modalidade de ensino. Pretende-se,

também, discutir impactos causados pela inserção das TICs no ambiente

escolar.

O principal objetivo é investigar como a utilização das Tecnologias

da Informação e da Comunicação aplicadas à modalidade Educação à

Distância via Internet (E-learning) contribuem para a construção do

conhecimento. Além disso, espera-se responder também aos seguintes

questionamentos: 1) De que maneiras o uso das tecnologias podem

transformar o processo de ensino-aprendizagem? 2) Quais os pontos positivos

e negativos da utilização das tecnologias na educação? 3) Quais são as bases

em que se fundamentam a relação entre educação e tecnologia? 4) O que são

as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)? 5) Como as

Tecnologias da Informação e da Comunicação são utilizadas na modalidade

Educação a Distância (EAD)? 6) Quais são os saberes e habilidades do

professor e do tutor necessários para utilização eficaz de tecnologia no

ambiente educacional?

Acredita-se que a tecnologia educacional e seus mais variados

instrumentos (a escrita, os murais, os jogos, os computadores, etc.) devam

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estar presentes no ambiente educacional de forma democrática para

possibilitar que os educandos sejam capazes de manusear, criar e interpretar

diferentes linguagens e formas de expressão e comunicação. Sendo assim, a

utilização consciente dessas tecnologias propicia ao educando participar como

sujeito ativo do processo de aprendizagem e se tornar um ser crítico, inclusive

em relação ao uso das tecnologias que domina.

A utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação,

especialmente na Educação à Distância via Internet, problematiza o papel do

professor. Nessa perspectiva, aquele que antes era o detentor do saber, é visto

como “monitor”, “tutor” ou “facilitador”, nos sentidos mais amplos que essas

palavras podem assumir. Para atuar nesse processo de troca de experiências e

de aquisição do conhecimento, o professor necessita buscar uma formação

específica, já que as TICs caracterizam-se por apresentar mudanças

constantes.

No primeiro capítulo deste trabalho, abordar-se-ão alguns temas

fundamentais no processo educativo, tais como os conceitos de educação, a

importância do professor na instituição de ensino e na construção da

autonomia de seus alunos e os Quatro Pilares da Educação (aprender a

conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser), definidos

em Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação no Século XXI,

intitulado Educação: um Tesouro a descobrir, realizado em 1996.

No segundo capítulo, o conceito e as categorias de tecnologia, a

relação entre educação e tecnologia, a importância da formação continuada, o

conceito de alfabetização tecnológica do professor e a importância da presença

de tecnologia no ambiente escolar serão tematizados e, também, os seguintes

questionamentos: 1) de que maneiras o uso das tecnologias podem

transformar o processo de ensino-aprendizagem? 2) Quais os pontos positivos

e negativos da utilização das tecnologias na educação? e 3) Quais são as

bases em que se fundamentam a relação entre educação e tecnologia?

No terceiro e último capítulo, serão trabalhados o conceito, a história

e a evolução da Educação à Distância (EaD), bem como o modo como ocorre a

construção do conhecimento nessa modalidade de ensino. Além disso, serão

tematizados o conceito de EaD via Internet (E-learning) e o papel das

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Tecnologias da Informação e da Comunicação para a construção do

conhecimento, bem como elas são utilizadas, a importância do tutor no

processo de ensino-aprendizagem e os saberes e habilidades do professor

necessários para utilização eficaz de tecnologia no ambiente educacional.

Neste último capítulo, espera-se, ainda, discutir o que são objetos de

conhecimento, bem como mostrar as diferentes mídias e plataformas que

servem a um projeto de Educação à Distância.

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO E SUAS BASES FUNDAMENTAIS

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. 1

Nelson Mandela

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)2 a

educação:

(...) abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (LDB, art. 1º, 1996)

O texto da lei mostra que a educação é um conceito abrangente,

mas cuja importância deve ser considerada já que faz parte da vida do homem

em um processo contínuo, favorecendo a construção de novos conhecimentos

e determinando a forma com que vê e sente o mundo que o cerca. Do texto,

compreende-se que são as experiências e os relacionamentos que ocorrem em

diversos contextos sociais os responsáveis por modificar a forma com que o

homem compreende o mundo, assim como suas ações e seus sentimentos.

A educação, então, pressupõe interação, responsável pelo

desenvolvimento de habilidades, hábitos e costumes. Como a interação

assume um papel fundamental na construção dos conhecimentos, o papel mais

importante do educador é o de ser mediador desse processo, oferecendo ao

educando oportunidades e condições de enfrentar desafios a sua

aprendizagem, visto que é ela que impulsiona o desenvolvimento.

A educação deve ter como finalidade maior a preparação para a vida

e precisa atender às necessidades e às aspirações de natureza pessoal e

social do indivíduo. O que se espera é que o processo educativo torne o 1 Nelson Mandela é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. 2 Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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indivíduo apto para ser sujeito atuante na sociedade. Ele deve ser capaz de

responder às transformações sociais, culturais, políticas, econômicas e

tecnológicas, de compreender suas capacidades e limitações e de respeitar as

diferenças. De acordo com Paulo Freire (1980, p. 28), "não há seres educados

e não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação,

mas estes não são absolutos".

No âmbito escolar a educação é prática pedagógica, cuja finalidade

é desenvolver competências e habilidades no educando fazendo-o sujeito da

própria história, autônomo, crítico, reflexivo e consciente de sua função na

sociedade. A escola tem a função principal de formar cidadãos e de possibilitar

que os educandos tenham plena liberdade de construir seu próprio

conhecimento. Acredita-se que a escola ideal é aquela em que educador e

educando caminham juntos para busca de novos conhecimentos. Desse modo.

os educadores devem dar espaço para que os alunos possam ter liberdade de

se expressar como seres críticos e reflexivos.

1.1 Os quatro pilares da educação

Os quatro pilares da Educação foram definidos num Relatório da

Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, realizado para a

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO), em 1996. Nele, estabeleceram-se pilares para uma educação que

não somente possibilite a formação de conhecimento, mas, principalmente, que

torne o educando capaz de explorar, de enriquecer e de adaptar esses

conhecimentos em um mundo em constante e rápida transformação. Para

cumprir esse propósito, a educação deve basear-se em quatro aprendizagens

fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e

aprender a ser.

O Relatório evidencia que o ensino formal – aquele que ocorre nas

instituições de ensino – pauta-se, essencialmente, se não exclusivamente, no

aprender a conhecer e, em menor dimensão, no aprender a fazer. As duas

outras aprendizagens são tidas como um prolongamento natural das duas

primeiras. A Comissão pensa que

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(...) cada um dos “quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de atenção igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo como no prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade. (EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR, 1996, p. 90)

1.1.1 Primeiro pilar: aprender a conhecer

Este primeiro pilar da aprendizagem refere-se à aquisição dos

instrumentos de compreensão do conhecimento. Ao mesmo tempo em que é

um fim da educação fornecer esses instrumentos, também é um meio, já que o

que se espera é que cada um seja capaz de compreender o mundo que o

rodeia, sendo capaz de viver, de desenvolver suas capacidades profissionais e

de se comunicar. É o acúmulo de saberes que favorece a compreensão do

ambiente sob seus diversos aspectos, o despertar da curiosidade intelectual, o

estímulo do senso crítico e a autonomia na capacidade de discernimento.

Como se sabe, não é possível conhecer tudo sobre o mundo, já que

o conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente. É necessário um

conhecimento de cultura geral, visto que o avanço do conhecimento é

desencadeado pela interseção entre as diversas áreas do saber. Para

desenvolver este primeiro pilar, é necessário, antes de tudo, aprender a

aprender, tamanha a quantidade de informações que circulam hoje em dia.

Selecionar, avaliar e reter conhecimento depende da seleção dessas

informações. Nesse sentido, este processo de aprender a conhecer nunca está

acabado e pode ser enriquecido a qualquer tempo, com quaisquer

experiências.

1.1.2 Segundo pilar: aprender a fazer

O aprender a conhecer e o aprender a fazer são indissociáveis, mas

este segundo pilar relaciona-se diretamente à formação profissional dos

indivíduos. O objetivo, contudo, é mais amplo, no sentido de que o educando

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deve desenvolver competências que o tornem apto a enfrentar numerosas

situações do dia a dia e a trabalhar em equipe.

1.1.3 Terceiro pilar: aprender a conviver

A aprendizagem deste terceiro pilar é, hoje em dia, um dos principais

desafios da educação. A questão primordial é a seguinte: Poder-se-á conceber

uma educação capaz de evitar conflitos ou de resolvê-los pacificamente,

desenvolvendo o conhecimento dos outros, das suas culturas, da sua

espiritualidade?

O mundo atual é cheio de conflitos e perigos, que são

potencializados pelos meios de que o homem dispõe para a autodestruição.

Se, por um lado, a escola tenta ensinar soluções não violentas para resolução

de conflitos, por outro, a competição e o sucesso individual são, no mundo

atual, alavancados pela concorrência que caracteriza a atividade econômica de

cada país.

O que fazer, então para melhorar essa situação? De acordo com a

Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, reduzir o risco de

conflitos depende da descoberta progressiva do outro e da participação em

projetos comuns. Descobrir o outro, nesse sentido, é ter consciências das

semelhanças, das diferenças e da interdependência entre as pessoas. Para

descobrir o outro, é preciso descobrir a si mesmo, o que permite ao indivíduo

compreender suas reações e a se colocar no lugar do outro.

No entanto, não basta que os diferentes grupos entrem em contato e

se comuniquem. De acordo com o Relatório elaborado pela Comissão,

se, no seu espaço comum, estes diferentes grupos já entram em competição ou se o seu estatuto é desigual, um contato deste gênero pode, pelo contrário, agravar ainda mais as tensões latentes e degenerar em conflitos. Pelo contrário, se este contato se fizer num contexto igualitário, e se existirem objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a hostilidade latente podem desaparecer e dar lugar a uma cooperação mais serena e até à amizade. (EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR, 1996, p. 90)

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1.1.4 Quarto pilar: aprender a ser

Este aprendizado tem a função de desenvolver a personalidade do

educando e de capacitá-lo para agir com autonomia, com discernimento e com

responsabilidade social. Para isso, o processo educativo deve levar em

consideração as potencialidades de cada indivíduo tais como a inteligência, a

sensibilidade, o senso estético, a espiritualidade, a responsabilidade social, a

capacidade física e a de se comunicar, com a finalidade de que elaborem

pensamentos autônomos, formulem seus próprios juízos de valor, com vistas a

poder decidir, por si mesmo, como agir nas diversas circunstâncias da vida.

1.2 A importância do professor educador nas instituições de

ensino e o desenvolvimento da autonomia dos educandos

Há, como se sabe, diversos tipos de professores nas escolas. Há o

professor que se acha detentor de todo o conhecimento, o professor inseguro,

que tem medo dos alunos e de ser rejeitado pela comunidade escolar, o

professor que reclama de tudo - da escola, dos alunos, dos colegas de

profissão, da falta de material, do currículo, etc. -, o professor que não respeita

a autonomia dos alunos, entre outros.

O professor precisa aprender a ser bem mais que um repassador de

conhecimento aos seus alunos. Ele precisa saber educar, no sentido mais

amplo da palavra. Esse é o tipo de professor que se quer nas escolas. O

professor educador é aquele que procura conhecer o universo do educando,

que permite o desenvolvimento da autonomia de seus alunos e de sua própria

autonomia em relação ao aprendizado.

Para isso, o professor precisa reconhecer que não é perfeito, que

tem muito a aprender, pois o conhecimento não é acabado ou estático; ao

contrário, está sempre em evolução e transformação. O professor que

considera sua formação como acabada nunca será capaz de revelar métodos,

de ouvir ideias e de tentar melhorar o seu fazer. Daí a importância da formação

do professor não cessar com estudos superiores ou de pós-graduação. É, pois,

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possível dizer que a capacidade de aprendizado dos alunos depende da

capacidade de aprendizado dos professores.

A formação continuada do professor é necessária não somente para

tentar suprir lacunas da formação inicial, mas também por ser a escola um

lugar privilegiado de formação e de socialização entre professores, em que se

atualizam e desenvolvem saberes e conhecimentos docentes e se realizam a

troca de experiências. A formação continuada apresenta duas dimensões: a

que ocorre por meios de cursos de atualização, capacitação ou treinamento e a

que ocorre no espaço escolar, em diferentes momentos, em que há a troca de

experiências entre os professores e entre os diversos profissionais da

instituição de ensino.

A ação educativa não pode ser resumida a técnicas e metodologias

que faça o educando desenvolver habilidades. Para Paulo Freire,

uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva por que capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a “outredade” do “não eu”, ou do tu, que me faz assumir a radicalidade do meu eu. (FREIRE, 1996, p. 41)

Nessa perspectiva, a autonomia é desenvolvida dialogicamente,

entre sujeitos que apresentam curiosidades epistemológicas, que agem e

refletem acerca de suas ações, para que, após essa reflexão, se conheçam e

se assumam tal como são, para, a partir daí, agirem com o propósito da

mudança, da emancipação e da criticidade.

Ainda, de acordo com o autor, "não há docência sem discência"

(FREIRE, 1996, p. 23), pois "quem forma se forma e re-forma ao formar, e

quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (FREIRE, 1996, p.25).

Dessa forma, esclarece que o ensino não depende exclusivamente do

professor, assim como aprendizagem não é algo apenas de aluno.

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Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender. (FREIRE, 1996, p. 25).

Ensinar, para Freire, requer aceitar os riscos do desafio do novo,

enquanto inovador, enriquecedor, e rejeitar quaisquer formas de discriminação

que separe as pessoas em raça, classes, etc. Ensinar é ter certeza de que faz

parte de um processo inacabado, apesar de saber que o ser humano é um ser

condicionado. Sendo assim, há sempre possibilidades de interferir na realidade

a fim de modificá-la.

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é, pois, imperativo ético e não um favor que se pode ou não conceder uns aos outros. (...) O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ele se coloque em seu lugar ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência (FREIRE, 1996, p. 66).

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CAPÍTULO II

O USO DA TECNOLOGIA NO AMBIENTE ESCOLAR

A palavra tecnologia provém do termo grego τεχνη (técnica, arte ou

ofício) e do termo λογια (palavra, estudo ou conhecimento). Sendo assim,

podemos entender como tecnologia o conhecimento e o estudo das técnicas

que servem de base para a produção de algum trabalho ou ofício.

2.1 Tecnologias e sua relação com a educação

No ambiente educacional, a tecnologia é introduzida de forma

sistematizada nas escolas por volta da década de 1960. Nesse primeiro

momento, o uso das tecnologias se deu de forma tecnicista, já que seu uso,

acreditava-se, não só era um fator de modernização da educação, como

também a solução para todos os problemas. Nessa perspectiva, a educação é

vista como um universo fechado, sem ligação com as questões sociais. É

nesse contexto que surge a Tecnologia Educacional (TE). Se, em princípio, o

uso da tecnologia na educação apresenta uma visão tecnicista, em que se

procura enfatizar os meios sem discutir suas finalidades, por volta da década

de 1980, no entanto, a tecnologia educacional, de acordo com Leite et al (2004,

p.12), passa a ser compreendida como uma opção de se fazer educação

contextualizada com as questões sociais e suas contradições, visando ao

desenvolvimento integral do homem bem como sua inserção crítica no mundo

em que vive.

A partir desse momento, a escola tem de se preocupar em elaborar

um projeto pedagógico em que o uso das tecnologias não se torne um fim, mas

um meio de possibilitar a formação de cidadãos plenos. Para isso, não basta a

escola dispor das variadas tecnologias; é preciso, necessariamente, que tanto

educandos quanto educadores apropriem-se das tecnologias como sujeitos.

Isso significa que o professor tem de dominar saberes relativos ao

conhecimento, à utilização, à valorização e à integração delas no espaço

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educacional, para, a partir daí, conduzir a apropriação dessas tecnologias pelos

alunos.

Conforme Orth (1999) ensina, para que não haja risco de utilizar

novas tecnologias somente para transmitir informações, ensinando os alunos

de forma passiva e impessoal, estimulando o individualismo e a competição, é

imprescindível que os educadores considerem que a incorporação de novas

tecnologias pode simplesmente reforçar as velhas e questionáveis teorias de

aprendizagem e/ou produzir consequências práticas nas relações docentes,

bem como, revolucionar os processos de ensino-aprendizagem (p. 44).

O mesmo autor considera a utilização e a incorporação das novas

tecnologias é muito importante quando usada para auxiliar os alunos na

construção de novos conhecimentos. Ele entende, no entanto, que essa

construção não deve ser realizada solitariamente, visto que o ensino é um

processo compartilhado, em que o aluno, tendo o educador como mediador e

facilitador, pode se mostrar autônomo na resolução de tarefas.

A fim de tornar a utilização das tecnologias uma prática eficaz na

transformação da educação, os professores precisam compreender a

importância da formação continuada, que abrange a melhoria de suas práticas

pedagógicas em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. É

consenso na literatura educacional de que a formação inicial dos professores,

mesmo a que ocorre em nível superior, é insuficiente para o desenvolvimento

profissional. Dessa maneira, coloca-se em destaque a necessidade de se

pensar em uma formação continuada, a fim de minimizar as lacunas da

formação inicial e de tornar o ambiente educacional em um lugar de

atualização e de troca de saberes e experiências.

A formação continuada deve ter como propósito assegurar o

complemento, aprofundamento e atualização de competências profissionais.

Considerando a temática deste trabalho, o conceito de formação continuada

está atrelado ao de alfabetização tecnológica, que, segundo Leite & Sampaio,

apud Leite et al (2004),

envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em uma percepção

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global do papel das tecnologias na organização do mundo atual e na capacidade do/a professor/a em lidar com as diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo. (SAMPAIO & LEITE, 1999, apud LEITE et all, 2004, p.14)

O uso das tecnologias, no entanto, apresenta pontos positivos e

negativos. Consideram-se positivos a facilidade do acesso à informação, a

criação de ambientes motivadores de aprendizagem contínua e as diversas

ferramentas e recursos existentes para a criação de conteúdos que possam

disseminar o conhecimento de forma ampla e irrestrita.

Um ponto negativo é, por exemplo, a triagem do excesso de

informação, que às vezes pode confundir os leitores sobre determinado

assunto e a dependência da tecnologia para impulsionar o processo de

aprendizagem por parte tanto de alunos quanto de professores.

As tecnologias são agrupadas por Leite et al (2004) em duas

categorias, a saber: tecnologias independentes e tecnologias dependentes.

Tecnologias independentes são aquelas que não dependem desses recursos

para sua produção e/ou utilização. Tecnologias dependentes, por outro lado,

são aquelas que dependem de um ou mais recursos elétricos ou eletrônicos

para serem produzidas e/ou utilizadas.

São exemplos de tecnologias independentes cartazes, fichas de

anotação, estudos dirigidos, gráficos, história em quadrinhos, jogos,

ilustrações, jornais, livros didáticos, entre outros. São exemplos de tecnologia

dependentes o rádio, o DVD, o CD, a internet e suas ferramentas, os slides, a

transparência para retroprojetor entre outros.

Também é exemplo de tecnologia dependente a Educação à

Distância (EaD), que é um processo educacional em que aluno e professor se

encontram em ambientes físicos separados. A EaD pressupõe a utilização de

diferentes tecnologias, tais como o rádio, a televisão, o telefone, o computador,

entre outros. Esta modalidade de ensino será tratada mais profundamente a

seguir.

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CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E AS TECNOLOGIAS DA

INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

Num contexto de rápidas mudanças tecnológicas e de novas lógicas

de mercado, cresce a necessidade de que, cada vez mais, haja a oferta de

novas oportunidades educacionais. Na sociedade atual, a informação e o

conhecimento são fundamentais para a formação e o sucesso profissional e

pessoal dos indivíduos. Além disso, a escassez de tempo para a formação e

aperfeiçoamento contribui, sobremaneira, para o surgimento da Educação à

Distância. Essa modalidade de ensino permite que se tenha, numa sociedade

cada vez mais exigente em termos de formação, novas oportunidades de

formação e, consequentemente, de trabalho.

A Educação à Distância (EaD) está prevista na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação. Essa lei estabelece que o Poder Público deverá incentivar

o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância em

todos os níveis e modalidades de ensino e, também, que cabe à União

regulamentar os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas

relativos a cursos de educação a distância e credenciar as instituições que

oferecem cursos nessa modalidade de ensino.

Mas, afinal, o que é a Educação a Distância? Quais suas diferenças

em relação à educação presencial? Quais são suas peculiaridades? Quais são

suas vantagens e desvantagens? O que significa ser tutor? Quais os papéis de

um tutor no ensino a distância? Quais as suas responsabilidades?

O Decreto 56223, que regulamenta a Educação à Distância no Brasil,

caracteriza- a como uma

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo

3 Decreto 5622, de 19 de dezembro de 2005 – Regulamenta o artigo 80 da Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as bases e diretrizes da educação nacional.

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atividades educativas em lugares ou tempos diversos”. (DECRETO 5.622, de 19 de dezembro de 2005)

A Educação a Distância (EaD) ocorre, então, quando professor e

aluno se encontram fisicamente separados. Sendo assim, para que ela ocorra,

é preciso que haja interatividade e, para isso, alguns aspectos como materiais

didáticos, grades curriculares, formas de comunicação e tutoria presencial e à

distância merecem atenção diferenciada. Os projetos de EaD devem, portanto,

compreender aspectos pedagógicos, de recursos humanos e de infraestrutura.

São muitos os aspectos que diferem a educação presencial da

educação a distância via Internet (também conhecida como e-learning) foco

desse estudo. Primeiramente, diferem em relação aos envolvidos no processo

de educação: na educação presencial, participam do processo o coordenador

pedagógico - nem sempre -, o professor e o aluno; na educação a distância,

participa do processo uma equipe multidisciplinar, a saber:

- coordenador pedagógico, responsável por analisar as necessidades de

formação e determinar os objetivos e conteúdos do curso, além, de definir os

métodos, os critérios e as estratégias de avaliação;

- professor conteudista, responsável por elaboração dos conteúdos e seleção

da estratégias de ensino e aprendizagem juntamente com o coordenador

pedagógico;

- técnico de produtos e multimídias educativas, responsável pela escolha da

mídia, prevenção de situações de utilização e definição de plano de avaliação

da tecnologia; e

- tutor, responsável por coordenar as atividades individuais e os passos de

aprendizagem (Pimentel, 2006).

A educação presencial e a educação à distância diferem, ainda, em

relação à organização, ao funcionamento e ao desenvolvimento. Um curso na

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modalidade à distância deve contar com uma infraestrutura organizacional –

técnica, pedagógica e administrativa – mais complexa. No ensino à distância, a

tecnologia está sempre presente, o que exige uma nova postura de professores

e alunos. Assim sendo, a organização do trabalho pedagógico deve enfatizar

aspectos teóricos que propiciem ação docente mais eficiente e condizente com

as aspirações da sociedade contemporânea.

Como se percebe, a Educação à Distância (EaD) apresenta uma

identidade própria, não estando limitada a uma concepção suplementar do

ensino presencial. Não há, contudo, um único modelo de EaD. Os projetos

podem apresentar desenhos, combinações e recursos diferenciados,

dependendo das condições de cada ambiente, sem, porém, deixar de estar

comprometido com a qualidade. Os cursos em EaD contêm características que

os diferenciam do ensino presencial tais como o material didático, a grade

curricular, as formas de comunicação e a tutoria presencial e à distância.

De modo geral, a Educação à Distância atende a uma população

dispersa geograficamente, permite liberdade para que o aluno estude de

acordo com suas possibilidades, superação das dificuldades impostas pela

distância e pelo tempo, interatividade e democratização do acesso ao

conhecimento. Além disso, promove a formalização de habilidades para um

trabalho mais independente e apresenta um custo menor se comparado a

cursos na modalidade presencial.

Na Educação à Distância, o planejamento das situações de

aprendizagem é de vital importância para qualquer tipo de curso a distância.

Em cursos tradicionais presenciais, o desenho educacional também é

importante, porém o professor e os alunos, em seus encontros face a face,

podem teoricamente ajustar o desenho mais facilmente do que em situações

de curso a distância. Por esse motivo, a construção de materiais e ambientes

virtuais de aprendizagem requer o trabalho que equipes multidisciplinares.

Embora a Educação à Distância (EaD) constitua uma forma

autônoma de estudos, o aluno não pode escolher a sequência de estudo e o

ponto a partir do qual deseja ou necessita estudar, razão pela qual os materiais

devem ser construídos de modo que o estudante acompanhe a ordem

estabelecida pelo conteudista para que se cumpram todas as exigências. A

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EaD apresenta-se como uma mudança nas concepções pedagógicas, por meio

da qual a ênfase à transmissão de informação e o cumprimento de objetivos da

conduta foi substituída pelo apoio à construção do conhecimento.

A Educação á Distância apresenta vantagens e desvantagens. Com

vantagens destacam-se as seguintes: o aumento da oferta de cursos, de

acordo com as necessidades atuais; formação de um grande número de alunos

por um custo relativamente baixo; compatibilização do aprendizado com a vida

profissional e familiar; realização de cursos não disponíveis na área de

residência do aluno; economia de tempo e de deslocamentos.

Por outro lado, os cursos de Educação à Distância apresentam

desvantagens tais como: reduzida confiança nesse tipo de modalidade

educativa por parte de pessoas mais conservadoras e resistentes à inovação;

necessidade de alterar as práticas tradicionais de ensino; falta de possibilidade

de formação de relação humana entre professor e aluno e entre os próprios

alunos, típica de sala de aula tradicional; investimento inicial relativamente

elevado; atualização constatnte dos componentes tecnológicos.

3.1 A história e a evolução da Educação à Distância no Brasil

No Brasil, a primeira iniciativa de Educação à Distância surgiu em

1904, com o ensino por correspondência: instituições privadas ofertando

iniciação profissional em áreas técnicas, assim como outras iniciativas via

rádio. O modelo de ensino consagrou-se na metade do século, com a criação

do Instituto Monitor, do Instituto Universal Brasileiro e de outras organizações

similares, responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de

estudantes em cursos abertos de iniciação profissionalizante pela modalidade

de ensino por correspondência. Esta é a chamada Geração Textual

(PIMENTEL, 1999)

No início do século XX, surge a Geração Analógica (PIMENTEL,

1999), marcada pela realização de programas educacionais e dos telecursos.

No Brasil, esta geração foi marcada pela criação das TVs Educativas em

meados dos anos 60. Nessa época o ensino ocorria por meio do rádio, da

televisão, do vídeo, do fax, do telefone e do áudio.

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A terceira geração da Educação à Distância, a Geração Digital

(PIMENTEL, 1999), é caracterizada pelo uso das novas Tecnologias de

Informação e da Comunicação (TICs), especialmente da Internet. Vive-se,

portanto, na geração dos programas de aprendizagem inovadores, baseados

na construção de comunidades de aprendizagem, na pesquisa e no

desenvolvimento de novas práticas educacionais, em que a informática, aliada

à comunicação em rede, leva a novas oportunidades educacionais.

3.2 A figura do tutor no Ensino à Distancia

Obviamente, todos os profissionais participantes do processo de

educação na modalidade à distância são essenciais, mas a figura do tutor

ganha destaque nesse contexto por ser ele o responsável por interagir com o

aluno e mediar seu processo de aprendizagem. É ele quem ajuda a montar o

percurso de formação, promove a comunicação, organiza os grupos de

trabalho, analisa as interações, motiva e facilita o uso dos recursos

tecnológicos e responde às questões individuais e/ou coletivas, bem como as

modera. A tutoria no ensino a distância pode ocorrer sob diversas formas, a

saber: a presencial, por correspondência, por fax, por telefone e pela Internet,

através de chats ou de mensagens trocadas por e-mail.

Tradicionalmente, é comum associar a figura do tutor a um “guia”, a

aquele que apóia, dirige e orienta, e a do professor a “alguém que ensina

alguma coisa”. Nesse contexto, ensinar é sinônimo de transmitir informações.

Ao tutor cabia-lhe somente a função de assegurar o cumprimento dos objetivos

(LITWIN, 2001).

Para Litwin (2001), um bom docente é também um bom tutor, visto

que

cria propostas de atividades para reflexão, apóia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apóia, e nisso consiste o seu ensino. (LITWIN, 2001, p. 99)

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Sendo assim, um bom tutor deve promover a realização de

atividades e apoiar sua resolução, oferecer novas fontes de informação e

favorecer sua compreensão. De modo geral, os conhecimentos para ser

professor ou tutor são os mesmos. Shulman (1995) apud Litwin (2001, p.103)

defende a ideia de que o saber básico de um docente inclui pelo menos seis

diferentes conhecimentos:

- conhecimento do conteúdo;

- conhecimento pedagógico de tipo real, especialmente no que diz respeito às

estratégias e à organização da classe;

- conhecimento curricular;

- conhecimento pedagógico acerca do conteúdo;

- conhecimento sobre os contextos educacionais; e

- conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de

suas raízes históricas e filosóficas.

Destacam-se, aqui, alguns paralelos entre as funções de professor e

de tutor, conforme se verifica na tabela a seguir.

Tabela I – Paralelo entre as Funções do Professor e do Tutor

EDUCAÇÃO PRESENCIAL EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Conduzida pelo Professor Acompanhada pelo tutor

Predomínio de exposições o tempo

inteiro

Atendimento ao aluno, em consultas

individualizadas ou em grupo, em

situações em que o tutor mais ouve do

que fala

Processo centrado no professor Processo centrado no aluno

Processo como fonte central de Diversificadas fontes de informações

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informação (material impresso e multimeios)

Convivência, em um mesmo ambiente

físico, de professores e alunos, o

tempo inteiro

Interatividade entre aluno e tutor, sob

outras formas, não descartada a

ocasião para os “momentos

presenciais”

Ritmo de processo ditado pelo

professor

Ritmo determinado pelo aluno dentro

de seus próprios parâmetros

Contato face a face entre professor e

aluno

Múltiplas formas de contato, incluída a

ocasional face a face

Elaboração, controle e correção das

avaliações pelo professor

Avaliação de acordo com parâmetros

definidos, em comum acordo, pelo tutor

e pelo aluno

Atendimento, pelo professor, nos

rígidos horários de orientação e sala

de aula

Atendimento pelo tutor, com flexíveis

horários, lugares distintos e meios

diversos

Fonte: Sá, Iranita. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social. Fortaleza: CEC, 1998, p. 47.

A diferença entre o professor e o tutor é, como se percebe,

institucional. Essa diferença leva a consequências pedagógicas importantes.

As participações do tutor na educação à distância distinguem-se em função de

três dimensões de análise (LITWIN, 2001, p. 102), conforme a sequência.

- a dimensão do Tempo: o tutor deverá ter a capacidade de aproveitar

bem seu tempo, que é escasso. Ao contrário do professor, o tutor não sabe se

o aluno assistirá à próxima tutoria ou se voltará a entrar em contato para

consultá-lo; por isso, aumentam o compromisso e o risco da sua tarefa.

- a dimensão da Oportunidade: em uma situação presencial, o docente

sabe que o aluno retornará; sendo assim, caso o professor não encontre uma

resposta que satisfaça o aluno, ele perguntará de novo ao docente ou a seus

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colegas. O tutor, porém, não tem essa certeza. Ele tem de oferecer a resposta

satisfatória quando tem a oportunidade de fazer isso, porque não sabe se

voltará a ter outra oportunidade

- a dimensão do Risco: O risco consiste em permitir que os alunos

prossigam com uma compreensão parcial do conteúdo, que pode se converter

em uma construção errônea sem que o tutor tenha a oportunidade de adverti-

lo. “O tutor deve aproveitar a oportunidade para o aprofundamento do tema e

promover processos de reconstrução, começando por assinalar uma

contradição”

Belloni apud Oliveira et al (2001, p. 81) propõe um novo papel do

professor na Educação a Distância: o de constituir-se em um “parceiro dos

estudantes no processo de construção do conhecimento, isto é, em atividades

de pesquisa e na busca da inovação pedagógica”. A mesma autora apresenta

também três dimensões dos saberes docentes. São elas:

- Dimensão Pedagógica: orientação, aconselhamento e tutoria

(conhecimentos do campo específico da Pedagogia).

- Dimensão Tecnológica: relações entre as tecnologias e a Educação

(produção, avaliação, seleção e definição de estratégias de uso de materiais

pedagógicos).

- Dimensão Didática: formação específica do professor em determinados

campos científicos, com necessidade constante de atualização.

Partindo dessas dimensões, Oliveira et al (2004) propõe um quadro

de saberes tutoriais e apresenta uma quarta dimensão, a dos os saberes

pessoais, conforme se verifica a seguir

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Tabela II – Dimensões das competências tutoriais

DIMENSÕES DAS

COMPETÊNCIAS

TUTORIAIS

EXEMPLOS DE COMPETÊNCIAS

PEDAGÓGICA

Capacidade para interagir com os conteúdos e com o

material didático, difundindo-os e dinamizando-os.

Utilização de estratégias de orientação,

acompanhamento e avaliação (somativa e formativa) da

aprendizagem dos alunos, identificando as dificuldades

surgidas e tentando corrigi-las.

Demonstração de rapidez, clareza e correção na

resposta às perguntas e mensagens enviadas.

Estabelecimento regras claras e definidas para o

trabalho a ser desenvolvido.

TECNOLÓGICA

Disposição para a inovação educacional, em especial

aquela que tem suporte nas tecnologias de informação

e comunicação.

Adequação das tecnologias, e do material didático do

curso, às diferenças culturais.

Domínio das ferramentas tecnológicas empregadas

(“letramento tecnológico”).

DIDÁTICA

Conhecimento do conteúdo do curso a ser ministrado.

Capacidade de realizar intervenções didáticas com a

frequência, oportunidade e sequencialidade

necessárias.

Utilização de estratégias didáticas adequadas às

diferenças culturais, para

dinamizar discussões animadas e produtivas, para a

proposição de tarefas e esclarecimento de dúvidas.

Proposição e supervisão de atividades práticas, que

completem os conhecimentos teóricos do curso.

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PESSOAL

Habilidade para interagir com os alunos, de forma não –

presencial, individualmente e em grupos, encorajando-

os e incentivando-os, minimizando desta forma a

evasão.

Habilidade para manter relações menos hierarquizadas

do que na educação presencial.

Habilidade para manter relações menos hierarquizadas

do que na educação presencial.

Competência para a conversação racionalmente

comunicativa (dialogicidade, no sentido explicitado por

Paulo Freire).

Fonte: Oliveira et al. A Importância da Ação Tutorial na Educação à Distância: Discussão das Competências Necessárias ao Tutor. Disponível em: http://www.niee.ufrgs.br/eventos/RIBIE/2004/comunicacao/com20-28.pdf

De maneira geral, o tutor tem o papel de promover a interação entre

os alunos, entre professor e aluno e entre aluno e conteúdo, alem de

acompanhar o desempenho individual dos alunos, esclarecer dúvidas, auxiliá-

los em suas dificuldades e facilitar e acompanhar a execução de trabalhos em

grupo. Compete ao tutor abrir e moderar discussões, estimular a motivação e o

interesse dos alunos pelo curso. O tutor também é o responsável por elaborar

relatórios e encaminhar problemas administrativos para a coordenação do

curso. De acordo com essa abordagem, a tarefa do professor-tutor consiste,

portanto, em assegurar o cumprimento dos objetivos, constituindo uma forma

de controle para o ajuste dos processos.

3.3 Tecnologias da Informação e da Comunicação

As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) surgem no

contexto da chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Científica,

ocorrida na segunda metade do século XX. Essa fase caracteriza-se,

principalmente, por integrar o conhecimento científico ao processo de produção

industrial.

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Nesse cenário marcado por mudanças, a necessidade de informação

tornou-se ainda mais vital e requisito de competitividade. O acesso a uma

ampla rede de informações e conhecimentos científicos e tecnológicos, que se

constituía numa vantagem no passado passou a ser uma necessidade

fundamental no presente.

As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) podem ser

conceituadas como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma

integrada, com objetivos em comum. Na área educacional, as TICs são vistas

como potencializadoras do processo de ensino-aprendizagem. Além disso,

trazem possibilidade de maior das pessoas com necessidades educacionais

especiais. As novas Tecnologias da Informação e da Comunicação podem

reduzir distâncias e potencializar aprendizagens, o que possibilita a construção

de redes de conhecimento

São consideradas tecnologias da informação as câmeras de vídeo,

as webcams, os CDs, os cartões de memória, a telefonia móvel, a TV por

assinatura, a TV por antena parabólica, a internet, os scanners, a fotografia, o

vídeo, o cinema, o som, TV e o rádio digitais, bem como as tecnologias de

acesso remoto (sem fio ou wireless), o Hi-fi e o bluetooh.

.

3.3.1 Mídias de Educação à Distância

Vive-se em uma era em que a educação exige ciclos constantes e

respostas imediatas, não mais delimitadas pela sala de aula. Nesse panorama,

a incorporação de novas metodologias, técnicas e mídias à Educação à

Distância viabilizam o desenvolvimento de cursos bem elaborados, com a

intenção de superar a separação física existente entre professor e aluno e de

melhorar a interatividade entre eles.

Mídias são os suportes nos quais se registram as informações. São

mídias, portanto, os materiais impressos, o rádio, a televisão, o cinema e o

vídeo, o computador e a internet, entre outros. O computador e as redes de

comunicação se converteram em elementos fundamentais do processo de

comunicação virtual e a web surge como uma ferramenta que permite o acesso

a um sistema recheado de informações. Sendo assim, a educação não é mais

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unidirecional; a informação circula de forma bidirecional, colaborativa e

interdisciplinar e as tecnologias quebram barreiras geográficas e temporais.

É relativamente recente o desenvolvimento de diferentes tecnologias

que permitiram o avanço da internet e, consequentemente, da World Wide Web

(www), o serviço mais conhecido e utilizado dessa tecnologia. O

compartilhamento de canais de informação, a digitalização de imagens e sons,

a possibilidade de acesso simultâneo de diversos usuários à mesma fonte de

informação, as interfaces gráficas, entre outras, forneceram a infraestrutura

necessária para a consolidação do hipertexto como principal forma de

apresentar e recuperar material didático e outro tipo de informação nos

sistemas de Educação à Distância da Internet.

O avanço das tecnologias de redes de computadores, o crescimento

das telecomunicações e a consequente convergência das duas proporcionaram

a liberação das barreiras espaço-temporais, permitindo o acesso à informação,

ao uso de documentos distribuídos pro diferentes máquinas, à replicação de

imagens nas telas dos participantes e à transmissão de caracteres, áudio e

imagem, abrindo novas possibilidades para o processo educacional.

Com as redes de comutadores, o envio e a busca de textos se fazem

com maior rapidez. A Web permite que não só seja agilizado o processos de

acesso a documentos textuais, mas também a gráficos, fotografias, sons e

vídeos, de forma não linear, usando a tecnologia de hipermídia. O correio

eletrônico permite que as pessoas se comuniquem assincronamente, enquanto

que chats ou bate-papos permitem a comunicação síncrona entre várias

pessoas. Nesse caso, as novas tecnologias permitem também a realização de

videoconferências, integrando componentes audiovisuais e textuais.

Quando se fala em mídias para a Educação à Distância (EaD), é

importante diferenciar os recursos de comunicação e as mídias a serem

usadas na elaboração do material didático. As ferramentas de comunicação

podem ser classificadas em síncronas e assíncronas, e seu uso deve ser

adequando aos propósitos da interação. A prática de EaD mostra que dentre as

ferramentas síncronas mais utilizadas em EaD figuram o chat e vídeo-

conferência. Entre as ferramentas assíncronas, destacam-se o e-mail, o fórum

de discussão, a lista de discussão e o quadro de avisos. Pode-se considerar

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que as mídias que concentram as maiores possibilidades para a elaboração de

material didático tanto na forma impressa quanto em forma de CD-ROM e na

Web são textos, figuras, animações, vídeos, multimídia e hipermídia, realidade

virtual e objetos de aprendizagem.

A tecnologia de Realidade Virtual (RV) vem se destacando nos

últimos anos por sua versatilidade de exploração em diferentes domínios do

conhecimento. Por meio de técnicas e equipamentos específicos tais como

óculos 3D, luvas e rastreadores de posição, a tecnologia de RV permite ao

usuário o uso do comutador de uma forma mais intuitiva, criando a sensação

de estar dentro da interface. Os equipamentos captam os movimentos dos

usuários e respondem em tempo real, favorecendo uma interação mais

realística e gerando sensações próximas àquelas que utilizam a tela plana do

computador para a visualização das cenas 3D.

A Realidade Virtual (RV) pode ser utilizada na Educação à Distância

para que se possa aprender conteúdos visitando diferentes lugares, onde

jamais estar-se-ia na vida real, ou realizando atividades que seriam impossíveis

ou perigosas de serem realizadas ao vivo. Os ambientes virtuais 3D promovem

uma experiência individual, em primeira pessoa,o que facilita a aprendizagem

de novos conceitos. Atualmente, a evolução das redes e das redes e dos

equipamentos de hardware tem contribuído para ampliar o escopo das

aplicações de RV.

Vários pesquisadores vêm desenvolvendo aplicações que poderiam

ser utilizadas em cursos à distância tais como simulações de eventos físicos ou

museus virtuais.

3.3.2 Plataformas de Educação à Distância

A educação à Distância (EaD) via Internet (E-learning) utiliza as

tecnologias da Web a fim de promover a comunicação de gestores,

professores, tutores e alunos. Os ambientes virtuais de aprendizagem ou

plataformas de EaD oferecem as ferramentas que viabilizam a comunicação

entre todos os atores e trazem a expansão e a acessibilidade do conhecimento.

As plataformas virtuais podem ser conceituadas, então, como uma coleção de

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ferramentas que permitem a criação de material educacional e o

gerenciamento das avaliações e da participação dos alunos.

Diversos ambientes para a construção, administração e

apresentação de cursos à distância têm sido elaborados em todo o mundo.

Alguns destacam-se por oferecer meios de integração e recursos textuais, de

som e de imagem, além de apoio para as interações entre os participantes.

Muitos desses sistemas se encontram restritos às instituições que os

desenvolveram; outros, no entanto, tornam-se produtos comerciais, como é o

caso do Moodle, um software educacional livre desenvolvido em 2011, que

permite a criação de cursos on-line, páginas de disciplinas, grupos de trabalho

e comunidades de aprendizagem, disponível em setenta e cinco línguas

diferentes.

As plataformas de Educação à Distância precisam oferecer o

máximo de interatividade, usabilidade, integridade e desempenho para seus

usuários. As plataformas devem não somente oferecer suporte às interações

de ensino e aprendizagem, mas também possibilitar a formação de uma

comunidade virtual que promova a convivência social e a colaboração em

grupo.

A maioria das plataformas em Educação à Distância dispõe das

seguintes funcionalidades:

- ferramentas para disponibilizar materiais didáticos virtuais para os alunos e

links para outros sites da web;

- ferramentas para avaliar o progresso e o desenvolvimento dos alunos;

- ferramentas para administrar avaliações, testes e exercícios, mantendo os

resultados armazenados e com fácil acesso;

- ferramentas para auxiliar professores e tutores a administrarem aulas e notas;

- facilidade de edição e criação de páginas na web;

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- ferramentas de cadastro de usuários e portfólios individuais;

- grande diversidade de ferramentas de comunicação.

Ainda assim, é importante esclarecer que plataforma alguma poderá,

sozinha, abranger todas as necessidades e particularidades das instituições.

Sendo assim, os projetos de Educação à Distância devem:

- atender a diversos objetivos e concepções pedagógicas;

- apoiar os projetos à distância que utilizem a plataforma como apoio;

- contemplar modelos de avaliação diversos;

- contemplar as diferentes visões dos usuários; e

- permitir o uso flexível dos diferentes recursos e ferramentas.

No ambiente virtual não pode ser passiva, uma vez que a construção

do conhecimento é resultado de um processo coletivo. Os estudantes são

responsáveis não apenas por sua conexão, mas também por contribuir com o

processo de aprendizagem por meio de mensagens com a expressão de suas

ideias e pensamentos. Assim, verdadeiramente, cria-se uma rede de

aprendizagens, em que a ligação entre as partes se dá pela interação.

Conforme Campos e Giraffa (1999) apud Pimentel (2006), as

funcionalidades/ferramentas mais frequentemente presentes nas plataformas

de Educação à Distância via Internet são as seguintes:

- E-mail: indicado para a circulação de mensagens privadas, definição de

cronogramas e transmissão de arquivos anexados e mensagens.

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- Chat: também denominado bate-papo, é indicado para a comunicação em

tempo real, de forma mais interativa e dinâmica. É utilizado para a realização

de reuniões, aulas virtuais, discussões sobre temáticas trabalhadas.

- Fórum: é uma ferramenta que possibilita debates. Nele, os assuntos são

dispostos de forma hierárquica, mantendo a relação entre debates assíncronos,

exposição de ideias e divulgação de diversas informações.

- Lista de Discussão: auxilia o processo de discussão por meio do

direcionamento automático das participações relativas a determinado assunto,

previamente sugerido, para a caixa de e-mail de todos os inscritos na lista. Sua

função é dar apoio aos debates assíncronos.

- Mural: local onde estudantes e professores disponibilizam mensagens

interessantes para todos da turma.

- Portfólio: espaço individual em que dispõe se armazena e expõe os trabalhos

realizados pelos estudantes; favorece a realização de comentários do professor

e dos demais alunos.

- FAQ: também conhecido por Perguntas Frequentes, é o espaço em que o

tutor/professor disponibiliza as perguntas mais frequentes. É utilizado para

divulgar instruções básicas e esclarecer dúvidas sobre conteúdos.

- Perfil: espaço quem que os ususários (professores, tutores e alunos)

disponibilizam informações pessoais para todos os participantes.

- Acompanhamento: apresenta informações que auxiliam o acompanhamento

dos estudantes pelo professor ou tutor.

- Avaliação (online): diz respeito às avaliações, que devem ser feitas ou

postadas pelos estudantes e aos recursos online para que o professor as

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corrija. Fornece o registro das avaliações, notas e tempo gasto para as

respostas.

- Biblioteca virtual: disponibiliza a estudante e professores bibliografia básica

sobre a Web. Algumas escolas de educação à distância emprestam livros

físicos pelos correios.

3.4 Objetos de Aprendizagem

O conceito de objetos de aprendizagem relaciona-se à aplicação de

recursos digitais de Tecnologias de Informação e da Comunicação no

desenvolvimento de materiais educacionais que se utilizam da informática

(hipertextos, imagens, animações, vídeos, etc.) para facilitar a internalização do

conhecimento.

Segundo Gallota (2006) apud Garcia, objeto de aprendizagem

é uma ferramenta que permite ao professor chegar mais facilmente no mundo de interesse dos alunos. É uma nova forma de transmissão do conhecimento, mais colaborativa e com maior interação do aluno. A passagem do conhecimento deixa de ser unilateral e o aluno passa a ter um papel mais ativo no processo (GALLOTA, 2006, apud GARCIA)

Os objetos de aprendizagem separam os materiais de aprendizagem

em pequenos conteúdos, que possam ser reutilizados em diferentes ambientes

de aprendizagem. A ideia é que esses componentes educacionais sejam

disponibilizados na Web em diferentes formatos (simulação, vídeos, hipertexto,

etc.). Quem incorpora os objetos de aprendizagem pode interagir com eles,

personalizando-os e adequando-os às suas necessidades.

Os objetos de aprendizagem são vistos como essenciais para a

melhoria da qualidade do material didático e como uma solução eficiente para

os problemas de padronização e redução de custo de desenvolvimento de

conteúdo, visto que podem ser reutilizados.

De acordo com Clarck (1998) são dois os tipos de objetos de

aprendizagem: objetos de informação ou de conhecimento e objetos

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instrucionais. Os objetos de informação ou de conhecimento são partes

apresentações, necessários à entrega de conteúdos como fatos, conceitos,

processos, procedimentos e princípios. Os objetos instrucionais correspondem

a objetivos de aprendizagem, exercícios práticos e feedback. Eles podem

também incluir simulações, materiais multimídia e jogos educativos.

Os objetos de aprendizagem agregam valor ao processo educativo,

visto que:

- dinamizam a situação de aprendizagem, tornando-a mais lúdica e

interessante;

- promovem situações de ensino e aprendizagem autônomas, uma vez que o

feedback auxilia o aluno em sua atividade, minimizando a necessidade de um

"instrutor" - quando existem feedbacks;

- promovem a prática do aluno em um determinado conteúdo (conceito,

procedimento etc.);

- permitem uma maior decodificação por parte do aluno, que visualiza alguns

conceitos altamente abstratos.

Para a criação de objetos de aprendizagem, é necessária uma

equipe composta por sub-equipes pedagógicas, tecnológicas e de design. A

equipe pedagógica dá início ao processo de criação, decidindo os temas,

descrevendo as atividades, bem como modos de abordagem e objetivos. Essas

ideias precisam ser estruturadas em um roteiro para que o Objeto de

Aprendizagem possa ser implementado pela equipe de design gráfico e

tecnológica. Somente, então, o roteiro é apresentado aos orientadores e

demais membros do grupo e inicia-se o desenho da interface do Objeto de

Aprendizagem.

A interface de um objeto de aprendizagem deve ser a mais

compreensiva possível, adequada ao seu público-alvo e conter somente as

informações imprescindíveis, evitando, assim, uma sobrecarga de informações.

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Conforme Campos (2001, p.1) apud Lima et al, são características importantes

em uma interface: a condução, a afetividade, a consistência, o significado de

códigos e denominações e gestão de erros.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As novas Tecnologias da Informação e da Comunicação têm

colocado recursos como o computador, a internet e todas as suas ferramentas

a serviço da educação. A tendência atual, de aliar tecnologia à educação, cria

uma nova realidade, tornando cada vez mais necessária a implementação de

uma nova cultura docente e discente nas instituições educacionais no Brasil.

Isso significa que os professores devem também ser guiados pelos

quatro pilares da educação abordados no primeiro capítulo deste trabalho. É

imprescindível que os professores aprendam a conhecer, a fazer, a conviver e

a ser. Na verdade, o uso crescente das tecnologias na educação demanda

uma nova postura diante dos novos desafios impostos pelo uso da tecnologia

no ambiente escolar.

A aplicação de novas tecnologias na educação implica uma

revolução tão intensa e abrangente nos paradigmas educacionais da

atualidade, que poderá levar a uma evolução na metodologia do ensino

presencial e à distância, caracterizando-se, portanto, numa oportunidade para

as instituições de ensino e seus professores pensarem a prática de ensino e

aprendizagem.

A proposta pedagógica neste novo ambiente de aprendizagem deve

ter como objetivo promover a autonomia e a reflexão crítica dos alunos. Este

novo aluno, porém, responsável pela sua própria instrução, ainda não existe e

precisa ser criado, o que requer esforço, se considerarmos que uma grande

mudança cultura estará em jogo neste processo. Por esta razão, é necessário

dar a importância adequada aos aspectos das tecnologias da informação e da

comunicação aplicadas à educação, bem como o suporte aos alunos e

professores.

Além disso, também é preciso que haja uma mudança de postura do

professor, que deve estar aberto para o aprendizado, para o diálogo e para a

troca. Professores que ainda pensam ser os detentores do conhecimento e

seus alunos apenas receptores não têm vez no novo paradigma.

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Como se sabe, há muitas informações em circulação. O

conhecimento e a utilização delas tornam-se mais complexos à medida que

cresce a pressão por níveis de resposta e é modificado o ciclo de vida da

informação. Por isso, cresce a importância do tratamento dinâmico da

informação. Há de se notar, no entanto, que as tecnologias possuem ciclo de

vida, sofrem incompatibilidades e possuem custos (às vezes, elevado) de

manutenção.

Sendo assim, ensinar e aprender utilizando tecnologias exige

paciência e preparo dos alunos e dos docentes. Os objetivos pedagógicos

devem estar associados a uma lista de métodos agregados a atividades

presenciais aos possíveis métodos associados a atividades à distância. A

infraestrutura do curso no âmbito pedagógico, desenho do curso,

apresentação, formas de interação e ambiente de aprendizagem, associados à

qualidade do material didático, constituem a chave do sucesso para a

aprendizagem dos alunos. Por esta razão é dada muita à escolha de uma

linguagem adequada para a elaboração do material didático.

Como se percebe, a tecnologia representa uma ferramenta eficaz

para a educação, mas, ainda que se tenha a melhor e mais moderna

tecnologia, a figura humana é imprescindível para se obter êxito com a

Educação à Distância. Computadores não substituem pessoas, não forma

opinião, nem faz juízos qualitativos. Embora ajude a encontrar respostas para

as perguntas, computadores não são capazes de formular qual questão deve-

se levantar. Um sistema de informação, quando real, é composto não

somente por computadores, mas por uma série de elementos indispensáveis, a

saber: tecnologia, instituições e pessoas, todas inseridas num ambiente

externo.

A Educação à Distância, nesse contexto aparece como não somente

uma alternativa de ensino, mas como um método capaz de agregar valor

considerável. Uma vez que aprender se tornará uma atividade a ser prolongada

por toda a vida é preciso buscar desenvolver um ambiente que permita o

compartilhamento de experiências entre os envolvidos, com o intuito de criar

comunidades de aprendizagem.

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BILBIOGRAFIA

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CANDAU, Vera Maria (2001). Magistério: construção cotidiana. 4ª ed. Rio de

Janeiro: Vozes, 2001.

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www.microeducacao.com.br/concurso/ConcursoPEBII2009/B-Delors-Educacao

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FREIRE, Paulo. Conscientização – teoria e prática da libertação. São Paulo:

Moraes, 1980, p.80

_____________Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática

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GARCIA, Simone Carboni. Objetos de aprendizagem: investindo na mediação

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www.celsul.org.br/Encontros/07/dir2/17.pdf. Acessado em 15 de maio de 2011.

GATTI, B.A. Critérios de qualidade. In: ALMEIDA, M.E.B.; MORAN, J.M. (org)

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2005. p. 141-146.

LIMA, Ivan Shirahama Loureiro; CARVALHO, Helton Augusto de; JUNIOR,

Klaus Schulünzen; SCHULÜNZEN, Elisa TomoeMoriya. Criando Interfaces

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LITWIN, Edith (org). Educação a Distância: Temas para Debate de uma Nova

Agenda Educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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Disponível em www.niee.ufrgs.br/eventos/RIBIE/2004/comunicacao/com20-

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ORTH, Miguel. Porque usar as novas tecnologias em sala de aula? Educação e

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PALLOFF, Rena; PRATT, Keith. Construindo Comunidades de Aprendizagem

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PIMENTEL, Nara Maria. Educação a distância. Florianópolis: SEAD/UFSC,

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PIMENTEL, M. G., 1999. Conceituando Educação a Distância, Monografia

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

RESUMO 04

METODOLOGIA 05

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO E SUAS BASES FUNDAMENTAIS 11

1.1. Os quatro pilares da educação 12

1.1.1. Primeiro pilar: aprender a conhecer 13

1.1.2. Segundo pilar: aprender a fazer 13

1.1.3. Terceiro pilar: aprender a conviver 14

1.1.4. Quarto pilar: aprender a ser 15

1.2. A importância do professor educador nas instituições de ensino e o

desenvolvimento da autonomia dos educandos 15

CAPÍTULO II

O USO DA TECNOLOGIA NO AMBIENTE ESCOLAR 18

2.1 Tecnologias e sua relação com a educação 18

CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO À DISTANCIA E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DO

CONHECIMENTO 21

3.1. A história e a evolução da Educação à Distância no Brasil 24

3.2. A figura do tutor no Ensino à Distancia 25

3.3. Tecnologias da Informação e da Comunicação 30

3.3.1. Mídias de Educação à Distância 31

3.3.2. Plataformas de Educação à Distância 33

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3.4. Objetos de aprendizagem 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS 40

BIBLIOGRAFIA 42

ANEXOS 46

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 – Diploma sem sair de casa (Reportagem) 47

Anexo 2 – Embromação a distância? (Reportagem) 50

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ANEXO 1

REPORTAGEM

Diploma sem sair de casa

Muita gente no Brasil torce o nariz para os cursos de graduação a distância – mas eles podem oferecer ensino de alto nível e atrair para a universidade quem hoje está de fora

Os cursos de graduação a distância, aqueles que o aluno faz sem praticamente ir à universidade, estão no centro de uma polêmica. Enquanto proliferam no Brasil – de 40 000 matrículas, em 2002, já contam com 760 000 –, eles suscitam críticas variadas. Na última paralisação da USP, em junho, essa modalidade de ensino, que já se decidiu implantar ali, foi demonizada pelos grevistas. Eles diziam se tratar de uma graduação de "segunda categoria" que acabaria por manchar a reputação da universidade. Essa mesma ideia justificou as sucessivas negativas dadas por governos ao pleito das faculdades para regulamentar a graduação a distância no país. Na década de 80, ela chegou a ser referida em rodas de Ph.Ds. pelo pejorativo apelido de "supletivo de smoking". Parte da desconfiança em relação a tais cursos vem do próprio mercado. "É necessário mais tempo para que as grandes empresas entendam que esse diploma vale tanto quanto o outro", avalia Sofia Esteves, que faz recrutamento de estagiários e trainees. A discussão passa ao largo dos fatos. No mundo inteiro, os cursos universitários a distância funcionam muito bem. No Brasil, os primeiros resultados sobre eles indicam o mesmo. "Existe no país uma sacralização da sala de aula, o que remete às primeiras escolas do século XIX", diz Maria Inês Fini, doutora em educação. "É um apego a uma concepção de ensino que não tem mais lugar, especialmente no mundo pós-internet."

O ensino a distância surgiu no Brasil no início do século passado e, durante décadas, foi sinônimo de curso por correspondência. Os alunos liam as apostilas em casa. Enviavam e recebiam suas dúvidas e seus exames pelo correio. Certo avanço se viu nos anos 70, quando à velha fórmula se somaram aulas transmitidas na televisão – caso do tradicional Telecurso. Tudo isso, no entanto, guarda apenas uma remota semelhança com o fenômeno atual. Primeiro, porque, até 1996, nem sequer havia uma legislação no país que reconhecesse cursos a distância de nível superior. Outra mudança decisiva diz respeito à consolidação da internet, com a perspectiva de tornar tais aulas mais interativas e atraentes. "A participação dos alunos no ambiente virtual é muito maior do que na sala de aula", observa João Vianney, diretor do ensino on-line da Unisul, universidade particular de Santa Catarina e uma das pioneiras na modalidade. Além dos populares fóruns e chats, alguns dos recursos da internet usados nessas aulas ampliam, e muito, as possibilidades de um estudante universitário. Por exemplo, permitindo que os alunos de administração da Unisul simulem as atividades da bolsa de valores ou que os da Fundação Getulio Vargas executem extensos trabalhos em rede. É o que faz o engenheiro Alexandre Bittar, 38 anos, que, tarde da noite, costuma estar em casa às voltas com uma atividade pouco usual: ele ora tira dúvidas com um professor, ora debate com os colegas de classe – tudo na internet. "Foi o que tornou viável estudar um assunto que já me fazia falta no trabalho", diz Alexandre, matriculado na graduação em

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processos gerenciais da FGV. A lei exige das faculdades que contem com pelo menos um tutor por curso: alguém de plantão encarregado de dar a supervisão necessária. Na FGV, eles chegam até a entrar na rede para comentar os exercícios feitos e monitorar o número de vezes que cada aluno acessou o site.

Os cursos mencionados acima representam o suprassumo do ensino on-line no Brasil. É claro que também existem arapucas. O MEC compôs uma lista negra com 2 000 unidades de onze universidades que terão de se adequar aos padrões do bom ensino on-line. Se não melhorarem, terão de fechar. É o que se vê numa das filiais da Universidade Metropolitana de Santos, em Taboão da Serra, em São Paulo. Lá, a secretaria informa que, para falar com um tutor, é preciso marcar hora uma semana antes. Apesar de oferecer cursos de biologia e física, não há na sobreloja em que a faculdade está instalada nenhum sinal de laboratório, tampouco de biblioteca – equipamentos básicos. "Fico limitada ao que colocam na internet", queixa-se a aluna de geo-grafia Maria Alice Oliveira.

Na média, contudo, a graduação on-line já alcança notas ligeiramente melhores do que as dos cursos tradicionais, de acordo com o MEC. É verdade que a média – 47,5 numa escala de zero a 100 – não é exatamente alta, mas sua vantagem talvez seja um indicativo de algo para que os especialistas vêm chamando atenção. "Quando há mais autonomia, o estudo tende a ser mais focado, intenso e eficiente", diz João Vianney, que pesquisou o assunto. Além disso, o ensino a distância requer um plano de aulas muito bem estruturado, o que falta à maioria das faculdades. O melhor exemplo de como o modelo funciona, se bem aplicado, vem da Open University, que surgiu na Inglaterra em 1969 e só oferece cursos a distância. Nos rankings, já ombreia com as melhores universidades do país, como Oxford e Cambridge. O que falta a 90% das instituições brasileiras é aprender a explorar adequadamente as potencialidades da internet. Ela é acessada, na maioria das vezes, apenas para a leitura de textos, enquanto a interação entre professores e alunos se dá, basicamente, nas ocasiões em que os estudantes vão à faculdade, em média uma vez por semana. No lugar do contato em tempo real, proporcionado pela rede, nesses casos eles assistem, in loco, às chamadas teleaulas, gravadas e transmitidas na televisão. Perguntas são feitas depois, em geral por e-mail.

A discussão sobre usar ou não a internet no ensino tornou-se ultrapassada, uma vez que ela já se provou uma ferramenta útil em todos os níveis de ensino. Em países como Coreia do Sul e Japão, por exemplo, alunos de diferentes escolas fazem trabalhos colaborativos na rede – sistema que reproduz, em menor escala, o que se passa entre os grandes centros de pesquisa do mundo. O efeito positivo se vê nas notas. Existe um consenso de que, quanto mais velho o aluno, melhores suas condições de chegar a respostas e avançar por si mesmo, daí os bons resultados da graduação a distância. Ainda que nem sempre ofereçam toda a grade de matérias on-line – especialmente em cursos que requerem mais experiências práticas, como medicina ou biologia –, algumas das melhores universidades do mundo já começam a dar aos alunos a opção de fazer parte das disciplinas a distância.

A tendência é que isso se repita no Brasil. Em cinco anos, a previsão é que esses estudantes representem um terço do total, proporção semelhante à dos países mais ricos da OCDE. Parece realista. Hoje, 80% dos jovens brasileiros ainda estão fora da universidade. "Com mensalidades até 50% mais baixas e flexibilidade de horário, esses

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cursos serão o único caminho para muita gente voltar para a sala de aula", conclui o especialista Ryon Braga. É por meio do ensino a distância que as universidades públicas pretendem ampliar o número de vagas e os grandes grupos privados planejam expandir seus negócios. Para os que estão esparramados pelo país inteiro, compensa. Não apenas porque fazem uso de prédios em que já estão instalados como por atraírem alunos sem investir tanto em marketing, uma vez que contam com um nome consolidado. Os que conseguirem oferecer ensino de alto nível estarão dando chance para que jovens hoje fora da universidade tenham, enfim, um bom diploma.

Fonte: http://veja.abril.com.br/260809/diploma-sem-sair-casa-p-122.shtml

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ANEXO 2

REPORTAGEM

Embromação a distância?

"No seu conjunto, as avaliações não deixam dúvidas: é possível aprender a distância"

Novidade incerta? Mais um conto do vigário? Ilustres filósofos e distinguidos educadores torcem o nariz para o ensino a distância (EAD).

Logo após a criação dos selos de correio, os novidadeiros correram a inventar um ensino por correspondência. Isso foi na Inglaterra, em meados do século XIX. No limiar do século XX, os Estados Unidos já ofereciam cursos superiores pelo correio. Na década de 30, três quartos dos engenheiros russos foram formados assim. Ou seja, novo não é.

AD significa que alunos e professores estão espacialmente separados – pelo menos boa parte do tempo. O modo como vão se comunicar as duas partes depende da tecnologia existente. No começo, era só por correio. Depois apareceu o rádio – com enorme eficácia e baixíssimo custo. Mais tarde veio a TV, área em que Brasil e México são líderes mundiais (com o Telecurso e a Telesecundaria). Com a internet, EAD vira e-learning, oferecendo, em tempo real, a possibilidade de ida e volta da comunicação. Na prática, a tecnologia nova se soma à velha, não a substitui: bons programas usam livros, o venerando correio, TV e internet. Quando possíveis, os encontros presenciais são altamente produtivos, como é o caso do nosso ensino superior que adota centros de recepção, com apoio de professores "ao vivo" para os alunos.

Há embromação, como seria esperado. Há apostilas digitalizadas vendidas como cursos de nomes pomposos. Mas e daí? Que área escapa dos vigaristas? Vemos no EAD até cuidados inexistentes no ensino presencial, como a exigência de provas presenciais e fiscalização dos postos de recepção organizada (nos cursos superiores).

Nos cursos curtos, não há esse problema. Mas, no caso dos longos, o calcanhar de aquiles do EAD é a dificuldade de manter a motivação dos alunos. Evitar o abandono é uma luta ingente. Na prática, exige pessoas mais maduras e mais disciplinadas, pois são quatro anos estudando sozinhas. As telessalas, que reúnem os alunos com um monitor, têm o papel fundamental de criar um grupo solidário e dar ritmo aos estudos. E, se o patrão paga a conta, cai a deserção, pois abandonar o curso atrapalha a carreira. Também estimula a persistência se o diploma abre portas para empregos e traz benefícios tangíveis – o que explica o sucesso do Telecurso.

Mas falta perguntar: funciona? Prestam os resultados? Felizmente, houve muita avaliação. Vejamos dois exemplos bem diferentes. Na década de 70, com Lúcia Guaranys, avaliei os típicos cursos de radiotécnico e outros, anunciados nas mídias populares. Para os que conseguiam se graduar, os resultados eram espetaculares. Em

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média, os alunos levavam menos de um ano para recuperar os gastos com o curso. Em um mestrado de engenharia elétrica de Stanford, foi feito um vídeo que era, em seguida, apresentado para engenheiros da HP. Uma pesquisa mostrou que, no final do curso, os engenheiros da HP tiravam notas melhores do que os alunos presenciais. Os efeitos do Telecurso são também muito sólidos.

Para os que se escandalizam com a qualidade do nosso ensino superior, sua versão EAD é ainda mais nefanda. Contudo, o Enade (o novo Provão) trouxe novidades interessantes. Em metade dos cursos avaliados, os programas a distância mostram resultados melhores do que os presenciais! Por quê? Sabe-se que a aprendizagem "ativa" (em que o aluno lê, escreve, busca, responde) é superior à "passiva" (em que o aluno apenas ouve o professor). Na prática, em boa parte das nossas faculdades, estudar é apenas passar vinte horas por semana ouvindo o professor ou cochilando. Mas isso não é possível no EAD. Para preencher o tempo legalmente estipulado, o aluno tem de ler, fazer exercícios, buscar informações etc. Portanto, mesmo nos cursos sem maiores distinções, o EAD acaba sendo uma aprendizagem interativa, com todas as vantagens que decorrem daí.

No seu conjunto, as avaliações não deixam dúvidas: é possível aprender a distância. Cada vez mais, o presencial se combina com segmentos a distância, com o uso da internet, e-learning, vídeos do tipo YouTube e até com o prosaico celular. A educação presencial bolorenta está sendo ameaçada pelas múltiplas combinações do presencial com tecnologia e distância.

Claudio de Moura Castro claudio&moura&[email protected]

Fonte: http://veja.abril.com.br/150409/p_024.shtml