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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL EM TERAPIA DE FAMILIA Ana Maria Rosa da Silva A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Rio de Janeiro Janeiro – 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL EM TERAPIA DE FAMILIA

Ana Maria Rosa da Silva

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Rio de Janeiro

Janeiro – 2011

Ana Maria Rosa da Silva

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Monografia apresentada ao Instituto A

vez do Mestre da Universidade

Candido Mendes, para aprovação no

Curso de Pós - graduação em Terapia

de Família

Orientadora: Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

Janeiro – 2011

AGRADECIMENTOS

Sem me preocupar em ser original, agradeço em primeiro lugar a DEUS, que nas

inúmeras dificuldades, quando tudo parecia impossível de continuar, Ele foi colocando

pessoas no meu caminho que me levam a prosseguir. A ELE toda glória;

Agradeço também aos amores de minha vida, meus filhos, Bárbara e Maurício, pela

compreensão da minha ausência em tantos momentos especiais, onde o aperto no peito era

inevitável, mas as palavras deles de que estava tudo bem, e que podia estudar sem culpa, era

um refrigério a minha mente. A vocês minha admiração, pelo ser humano que tornaram - se.

Vocês são os maiores presentes de Deus pra mim.

A todos que contribuíram para que este sonho se tornasse realidade. A todos vocês,

muito obrigado!

A minha amiga Vilma que me ajudou nas entrevistas.

Ana.

SUMARIO RESUMO. INTRUDUÇÃO. CAP. 1- A Importância da Família no Acompanhamento da Dependência Química Objetivo Geral. Objetivo específico Cap. 2 – Políticas Voltadas para as Drogas A lei 11.343/2006 O Debate sobre dependência Química. Política Nacional de Álcool e outras Drogas. A historia da dependência Química. A quetão do proibicionismo. A Família e a dependência Química. Cap. 3 – Trabalho Campo.

RESUMO

O presente trabalho se propõe a estudar a importância da família no acompanhamento da

dependência química, dos usuários atendidos no Lar Amor Maior. Neste trabalho estamos

abordando a questão da dependência química, a família, e a prevenção em nosso país, e as

políticas específicas. A pesquisa foi realizada com os usuários abrigados no Lar Amor

Maior– situado em Jardim Primavera, Duque de Caxias. Abordamos a questão do

proibicismo, a geração de trabalho e renda e a necessidade de inserção no mercado de

trabalho. O trabalho que é uma pesquisa de natureza descritiva foi desenvolvido através da

abordagem qualitativa, tendo como o instrumento de coleta de dados a entrevista semi-

estruturada com aplicação de formulários. Os sujeitos foram um grupo de dez responsáveis

que se interessaram em participar da pesquisa. A análise dos dados apontou que os fatores

que condicionaram a permanência dos mesmos na instituição foram a dificuldade encontrada

pelas famílias, desprotegidas por parte do Estado. Assim a mesma se vê sem nenhum suporte

para lidar com essa questão.

INTRODUÇÃO

Segundo o CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) a

dependência “é o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou

periódica (freqüentemente) para obter prazer.” Sendo característica do dependente a falta de

controle sobre o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva. O órgão refere-

se a dois tipos de dependência uma física, caracterizada pela presença de sinais físicos

quando se interrompe o consumo da droga – abstinência, e o outro tipo seria a dependência

psicológica que "corresponde a um estado de mal estar e desconforto que surge quando o

dependente interrompe o uso de uma droga.” Os sintomas mais comuns são: ansiedade,

sensação de vazio, dificuldade de concentração, mas que podem variar de pessoa para

pessoa.

Nos dois casos citados pelo CEBRID de dependência física e psicológica a exigência

parece ser os estados provocados pela interrupção do uso da droga e que são agrupados sob o

nome geral de síndrome de abstinência. Assim de acordo com essa definição os critérios

identificadores para dependência seriam a ocorrência da síndrome de abstinência e a

presença de um impulso para uso em uma alta freqüência.

Durante a pesquisa observamos a importância da família no acompanhamento do

dependente químico. A maioria dos entrevistados mostrou que um sentimento de falta de

proteção que vivenciam, sem perceber que essa falta de proteção, se dá principalmente por

falta de um Estado de fato provedor. Foi observado também que a maioria dos familiares por

já estarem tentando a reabilitação há alguns anos, não querem ter esperanças para não

sofrerem decepções. Assim a família vítima de inúmeras expressões da questão social que a

comete, acaba por deixar o usuário só, na tentativa de assim ele possa sentir a dor do

abandono e mudar suas perspectivas de vida. È visível o desencantamento e falta de

perspectiva vivida por esse usuário e sua família.

Ao entrevistarmos os usuários, percebemos que muitos tentam realmente deixar o

vício, porém relatam ser algo bem mais forte que eles, e que a família não entende como é

difícil viver neste dilema. Na maioria das entrevistas percebemos que a recaída se faz

presente em inúmeros casos, principalmente nos usuários de álcool, cocaína e crack. A

necessidade de resgate e fortalecimento dos laços famíliares é algo preponderante. Levar

esse usuária a reflexão sobre sua condição e junto com a família poder estabelecer uma

relação de como essa convivência pode se dar.

CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

1.1 - APRESENTAÇÃO

O presente estudo se propõe a uma análise pautada na percepção de dependentes

químicos abrigados em instituições que atua com dependência química no município de

Duque de Caxias.

O município de Duque de Caxias é regionalizado em quatro (04) distritos. Segundo o

decreto de Lei do ano de 1954, nos termos do § 4º do art 24 da Constituição Estadual, o

município desmembrou o então segundo (2º) distrito: Imbariê – passando-o para terceiro (3º)

distrito –, em mais dois (02) novos distritos, com a denominação de Campos Elyseos, como

segundo (2º) distrito e a de Xerém, como quarto (4º) distrito. Após este decreto o município

de Duque de Caxias tem caminhado até o presente momento com quatro unidades regionais

(1º Duque de Caxias, 2º Campos Elíseos, 3º Imbariê, 4º Xerém), o decreto delimitou ainda os

limites geográficos de cada um dos distritos criados. O mapa três (03) demonstra a partilha

dos distritos do município de Duque de Caxias. Regionalização prescrita na Lei Orgânica do

Município.

Neste contexto, o município de Duque de Caxias, que tem um dos maiores PIBs

(Produto Interno Bruto) per capita do país em 2005, foi impulsionado pela indústria

petroquímica. O perfil dos municípios com maior PIB per capita do país revelou um traço

comum: a indústria do petróleo. Oito dos dez municípios de maior PIB per capita do Brasil

contam com royalties ou indústrias petroquímicas (IPNUD/IPEA, 2003).

Outra característica comum à maioria dos municípios onde o PIB per capita se

destaca é a baixa densidade populacional, o que não é o caso de Duque de Caxias, que possui

uma alta densidade demográfica. Ainda assim, são localidades industriais onde nem toda a

renda produzida dentro da área do município é apropriada pela população residente.

Em uma estrutura social completamente homogênea, 1% dos municípios teria 1% do

PIB e abrigaria 1% da população. No Brasil, 556 cidades (as 10% mais ricas) têm PIB 19,9

vezes superior ao da metade mais pobre (2.780 localidades), contra 20,9 em 1999. A

desigualdade persiste nas diferentes regiões do país: é maior no Sudeste (onde os 10% mais

ricos produzem 29,8 vezes mais que os pobres) e menor no Sul (onde a razão é 9,2).

As estatísticas divulgadas pelo IBGE (2001) nos mostram que vigor econômico não é

sinônimo de desenvolvimento social. Municípios no topo da lista dos maiores PIBs do país

estão mal colocados no ranking do Índice do Desenvolvimento Humano, que leva em

consideração Longevidade (expectativa de vida ao nascer), Escolaridade (índice de

analfabetismo e taxa de matrícula em todos os níveis de ensino) e Renda. Já Duque de

Caxias — que entre 1999 e 2002 saiu da 15ª para a 6ª posição entre os maiores PIBs — tem

o 1.782 IDH do Brasil. O indicador de 0, 753 faz da segunda cidade mais rica do Estado do

Rio uma área de médio desenvolvimento social.

Apesar destes dados, Duque de Caxias vive uma situação paradoxal. De um lado é o

município que tem a 2ª arrecadação de ICMS do Estado, ou seja, tem a maior arrecadação

tributária no âmbito estadual depois do Município do Rio de Janeiro e, por outro lado, dos 92

municípios que compõem o Estado do Rio de Janeiro, figura como 52º Município no Índice

de Desenvolvimento Humano (PNUD/IPEA, 2003).

A pesquisa será realizada na instituição, Lar Evangélico de Assistência ao Carente

Amor Maior, fundado no ano de 1987, sito a Rua Coronel Silva Barros nº 1001 – Jardim

Primavera – Duque de Caxias – RJ é uma instituição privada, filantrópica, com parceria da

Prefeitura do Município, vem realizando um trabalho junto à população de rua, onde muitos

dos usuários enfrentam dificuldades tais como: desemprego falta de moradia, documentação,

problemas de saúde etc.

O perfil dos usuários atendidos é diversificado, visto que os usuários atendidos no

abrigo são oriundos do Projeto População em Situação de Rua, e nas ruas encontram-se

indivíduos com situações variadas, a faixa etária é diversificada, entre eles: adultos, idosos,

dependentes químicos, etc. Tem por finalidade acolher, resgatando a auto-estima, a

cidadania, e principalmente a integração social dos usuários assistidos, mostrando que os

mesmos são protagonistas principais do trabalho que a instituição realiza.

A Liberdade:

Reconhece a liberdade como valor central, concebida historicamente como possibilidade de

escolha entre alternativas concretas. Deste modo, a liberdade surge associada à autonomia, à

emancipação e desenvolvimento dos sujeitos entendidos como atores providos de vontade.

O projeto profissional vincula-se a um projeto societário (ideal) que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero (NETTO, 1996).

NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social. Notas

para uma análise prospectiva

da profissão no Brasil. Serviço Social & Sociedade. São Paulo:

Cortez, 1996. n. 50.

Concomitantemente zela sempre por uma postura profissional ética, na busca

contínua de proporcionar ao usuário condições/ferramentas para sua autopromoção na

complexidade da rede social: lazer, família, trabalho, direitos, deveres, amizades, escola,

comunidade, saúde, entre outros. É através de um trabalho que se dirige pela cidadania, que

enxerga o indivíduo multidimensionalmente, que será possível possibilitar ao sujeito

trabalhar não só suas questões internas, mas também modificar seu contexto coletivo

enquanto ser social, propulsora de uma realidade que se constrói e reconstrói cotidianamente.

1.3 - OBJETIVO DO ESTUDO:

1.3.1 - Geral: - Analisar quais as representações dos usuários abrigados no Lar Amor Maior a cerca da família.

1.3.2 - Específicos: - Identificar a concepção de família.

- Identificar o papel da família no acompanhamento do dependente químico.

- Identificar a composição familiar.

- Identificar a relação entre os usuários e suas famílias.

- identificar as dificuldades encontradas na convivência familiar

- identificar os motivos que levaram ao abrigamento

CAPÍTULO 2- POLÍTICAS VOLTADAS PARA AS DROGAS 2.1- A POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS (PNAD)

O lançamento da política Nacional sobre drogas pelo Presidente da República

Fernando Henrique Cardoso, ocorrido em 11 de dezembro de 2001, representou um

importante marco no esforço nacional de combate às drogas. O documento estabeleceu os

objetivos, as diretrizes e as estratégias para a ação antidrogas - definições indispensáveis para

que os esforços de redução da demanda e da oferta de drogas pudessem ser conduzidos de

forma planejada e articulada, viabilizando a sinergia entre os diversos agentes nacionais.

A política estabeleceu importantes orientações para a ação nacional de combate às

drogas, como a necessidade de buscar fundamentação técnica e científica para os programas,

projetos e atividades antidrogas, por meio da aplicação regular de pesquisas/levantamentos

nacionais e realização de estudos.

Além disso, contemplou a preocupação com o desenvolvimento de um modelo de

gestão empreendedor para a condução das ações nacionais, estaduais e municipais, dotado de

sistemas de informação, de planejamento, acompanhamento e avaliação, que permitissem

coerência, eficiência, eficácia e efetividade ao Sistema Nacional Antidrogas.

O lançamento da Política Nacional Antidrogas oficializou, portanto, a determinação

governamental de conduzir o país para uma realidade livre das ameaças das drogas, e

estabeleceu a "linha mestra" para as ações antidrogas, sinalizando os rumos e os caminhos

para que as forças nacionais públicas e privadas pudessem atuar de forma coordenada e

sintonizada.

É importante mencionar que, em sua Política Nacional Antidrogas, o Brasil assumiu

postura inovadora, concedendo especial atenção à dimensão da redução da demanda de

drogas, no entendimento de que somente por meio da prevenção primária é possível atingir

as causas do problema, cortando o mal pela raiz. Com isso, reconhece que é importante

evitar os primeiros desvios e que, nesse aspecto, a educação sistemática - principalmente dos

jovens - para o reconhecimento dos efeitos negativos, individuais e sociais do uso indevido

de drogas e para a valorização de uma vida saudável parece ser o caminho viável e sensato

para uma realidade livre das ameaças representadas pelas drogas. Neste sentido, busca

conscientizar o usuário de drogas ilícitas quanto ao seu papel nocivo ao alimentar as

atividades e organizações criminosas que têm, no narcotráfico, sua principal fonte de renda.

A política afirma, ainda, a opção brasileira pela municipalização das ações como

estratégia adequada para conceder a necessária capilaridade à mensagem antidrogas e

potencializar a participação do setor privado e da sociedade civil no esforço de combate às

drogas. Dessa forma, atribuíram aos municípios brasileiros o papel desafiador de atuar como

instância de formação de uma consciência social refratária ao consumo indevido de drogas e

aos estados a tarefa de acompanhá-los na sua esfera de atividades, tudo em consonância com

a Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD, cuja missão, como órgão executivo do Sistema

Nacional Antidrogas, é a de articular, organizar e orientar, em nível nacional, as ações da

Política Nacional Antidrogas, estimulando a sua municipalização.

O Brasil entende que a Política Nacional Antidrogas responde aos anseios da

sociedade brasileira e que sua implementação, certamente, conduzirá o país a uma nova

realidade - de melhor qualidade de vida, maior segurança e mais saúde. Mas entende,

também, que para alcançar essa nova realidade é preciso que o Estado faça sua parte, com

debates constantes junto à sociedade, que essa política possa ser discutida, sem moralismos e

sem cair no senso comum, que sociedade possa refletir sobre o assunto que é de interesse de

toda a sociedade

2.2- A Lei nº 11.343/2006

A Lei nº 11.343/2006 colocou o Brasil em destaque no cenário internacional ao

instituir o SISNAD e prescrever medidas para prevenção do uso indevido, atenção e

reinserção social de usuários e dependentes de drogas, em consonância com a atual política

sobre drogas.

A partir de sua edição, foram revogados esses dois dispositivos legais prévios, com o

reconhecimento das diferenças entre a figura do traficante e a do usuário/dependente, os

quais passaram a ser tratados de forma diferenciada e a ocupar capítulos diferentes na lei.

O Brasil, seguindo tendência mundial, entendeu que usuários e dependentes não

devem ser penalizados pela justiça com a privação de liberdade.

Esta abordagem em relação ao porte de drogas para uso pessoal tem sido apoiada por

especialistas que apontam resultados consistentes de estudos, nos quais:

A atenção ao usuário/dependente deve ser voltada ao oferecimento de oportunidade de reflexão sobre o próprio consumo, ao invés de encarceramento.

• Advertência sobre os efeitos das drogas

• Prestação de serviços à comunidade em locais/programas que se ocupem da

prevenção/recuperação de usuários e dependentes de drogas

• Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

O Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas, tem por atribuição:

1. Contribuir para a inclusão social do cidadão, tornando-o menos vulnerável a assumir

comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, tráfico e outros comportamentos

relacionados.

2. promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país

3. promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e

reinserção social de usuários e dependentes de drogas

4. reprimir a produção não autorizada e o tráfico ilícito de drogas

5. promover as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito

Federal, Estados e Municípios.

O SISNAD está organizado de modo a assegurar a orientação central e a execução

descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito.

Com a sua regulamentação, houve a reestruturação do Conselho Nacional

Antidrogas (CONAD), garantindo a participação paritária entre governo e sociedade.

Em 23 de julho de 2008, foi instituída a Lei nº 11.754, através da qual o Conselho

Nacional Antidrogas passou a se chamar Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas

(CONAD). A nova lei também alterou o nome da Secretaria Nacional Antidrogas para

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD). Esta modificação histórica era

aguardada desde o processo de realinhamento da Política Nacional sobre Drogas, em 2004,

tornando-se um marco na construção de políticas públicas no Brasil.

A ação do CONAD é descentralizada por meio de Conselhos Estaduais nos estados e

de Conselhos Municipais nos municípios.

As atribuições do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD), é

acompanhar e atualizar a Política Nacional sobre Drogas, consolidada pela SENAD. A

mesma exercer orientação normativa sobre ações de redução da demanda e da oferta de

drogas. Realiza o acompanhamento e avaliação da gestão dos recursos do Fundo Nacional

Antidrogas e o desempenho dos planos e programas da Política Nacional sobre Drogas, além

de promover a integração ao SISNAD dos órgãos e entidades congêneres dos estados, dos

municípios e do Distrito Federal. O Decreto nº 5912/2006 regulamentou, ainda, as

competências dos Órgãos do Poder Executivo no que se refere às ações de redução da

demanda e da oferta de drogas.

As Atribuições da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD) é

articular e coordenar as atividades de prevenção do uso indevido, de atenção e reinserção

social de usuários e dependentes de drogas,

consolidando a proposta de atualização da Política Nacional sobre Drogas (PNAD) na esfera

de sua competência, defini também estratégias e elabora planos, programas e procedimentos

para alcançar as metas propostas na PNAD e acompanhar sua execução. A gerencia do

Fundo Nacional Antidrogas e o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas,

também é uma de suas atribuições, promovendo o intercâmbio com organismos

internacionais na sua área de competência.

2.3 – O DEBATE SOBRE DEPENDENCIA QUÍMICA NA ATUALIDADE - A Prevenção Da Saúde Dos Dependentes Químicos

Sabemos que um dos maiores problemas na atenção a droga é a questão da aderência

dos dependentes ao tratamento. O número de evasões, de “recaídas” e de retorno de

pacientes às instituições de tratamento é alto, conforme dados nacionais (Oliveira, 1997;

Marques & Formigoni, 2001). Essa situação nos faz pensar sobre a eficácia dos tratamentos

que temos oferecido à população.

Foi lançada, em maio de 2002, a Resolução 101, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, que estabelece um regulamento técnico disciplinando “as exigências mínimas para

os serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso e abuso de substâncias

psicoativas”, mais especificamente, no que diz respeito às chamadas Comunidades

Terapêuticas, as quais têm dois anos para se adequarem ao ali disposto.

Portanto, esse é um momento importante para se fazer uma avaliação dos serviços e

auxiliados na busca do enquadramento nos parâmetros da resolução, visando à qualificação

dos serviços prestados à população.

No Brasil, os serviços de saúde, de maneira geral, padecem da falta de mecanismos e

de critérios de avaliação, tanto no que diz respeito às políticas de saúde, quanto na

implementação dos programas e serviços nessa área. Os serviços de saúde mental, por

exemplo, quando necessitam de avaliação, utiliza de critérios de cunho quantitativo e

burocrático, como número de consultas, número de altas, diagnósticos realizados,

medicamentos prescritos, infra-estrutura do serviço, etc, mas poucos fazem uso de critérios

qualitativos: acompanhamento pós-alta, inserção da família no trabalho terapêutico,

modificações do paciente na vida social e laboral (a chamada reinserção social), critérios que

não são facilmente mensuráveis. E que acabam por maquiar, e dar a atenção de que o algo

esta sendo feito, sem de fato avaliar os resultados.

Atualmente, a síndrome de dependência é definida na CID como "um conjunto de

fenômenos fisiológicos ou comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância,

ou de uma classe de substâncias, alcança uma prioridade muito maior para um determinado

indivíduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor. Uma característica

descritiva central da síndrome de dependência é o desejo de consumir drogas psicoativas,

álcool ou tabaco. Pode haver evidência de que o retorno ao uso da substância, após um

período de abstinência, leva a um reaparecimento mais rápido de outros aspectos da

síndrome do que o que ocorre com indivíduos não dependentes". Alterações fisiológicas e

comportamentais.

A medicina define droga como sendo qualquer substância capaz de modificar a

função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.

As drogas são classificadas como depressoras estimulantes ou perturbadoras da atividade do

Sistema Nervoso Central (SNC). As depressoras da atividade do SNC são as que diminuem a

atividade do cérebro, deixando o indivíduo "desligado". Entre as drogas desse tipo estão o

álcool, os medicamentos barbitúricos (promovem o sono) e os ansiolíticos (calmantes),

inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores).

As substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o

funcionamento fazendo com a pessoa fique "ligada", "elétrica" são as estimulantes do SNC

(Sistema Nervoso Central). As principais são as anfetaminas, nicotina e cocaína. O terceiro

grupo é constituído pelas drogas que agem modificando qualitativamente a atividade do

cérebro. As drogas perturbadoras, tais como a maconha e os anticolinérgicos, fazem com que

o cérebro funcione fora do seu padrão normal. As alterações cerebrais e os prejuízos no

funcionamento do organismo são específicos para cada droga. Os efeitos neurológicos do

uso contínuo da maconha são a dificuldade de aprendizado, retardamento de raciocínio e

lapsos de memória. Mais graves são as conseqüências da cocaína. Seu uso está associado a

complicações cardiovasculares e neurológicas graves.

O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas

rejeitou a idéia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés

disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade ao longo de

uma linha contínua.

Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e

cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o

indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e

psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de consumo,

diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância.

- Dependência Química E Segurança Pública

Numa ótica tradicionalista, a função maior do Estado é prestar segurança (do latim

secure, significa "sem medo") aos seus cidadãos, garantindo-lhes a sua incolumidade física e

moral, reflexo de uma convivência pacífica e harmoniosa entre os indivíduos. Sob esse

prima, o conceito de segurança pública está ligado ao de poder de polícia, estando a ordem

pública assimilada à ordem interna do grupo.

Com o surgimento do chamado Estado de Direito, o poder de polícia sofreu

limitações, mas o Welfare State fez ressurgir a segurança preocupada com todos os campos

da vida humana, em níveis nacional e internacional. O poder de polícia, que incorporou

valores sociais, assim passou a ser definido:

Atividade administrativa do Estado que tem por fim limitar e condicionar o exercício das liberdades e direitos individuais visando a assegurar, em nível capaz de preservar a ordem pública, o atendimento de valores mínimos da convivência social, notadamente a segurança, a salubridade, o decoro e a estética (NETO, 1998:71).

Moldou-se, pois, um novo conceito de segurança pública. Dentre as várias

correntes, firmou-se como consenso "ausência de perturbação e disposição harmoniosa das

relações sociais" (NETO, 1998:71). Então, segurança pública foi conceituada como a

garantia da ordem pública interna:

O estado de paz social que experimenta a população, decorrente do grau de garantia individual ou coletiva propiciado pelo poder público, que envolve, além das garantias de segurança, tranqüilidade e salubridade, as noções de ordem moral, estética, política e econômica independentemente de manifestações visíveis de desordem (NETO, 1998: 81).

Em outras palavras, segurança pública seria a garantia dada pelo Estado de uma

convivência social isenta de ameaça de violência, permitindo a todos o gozo dos seus direitos

assegurados pela Constituição, por meio do exercício do poder de polícia.

Em todo caso, percebe-se sempre manifesta as noções de manutenção do estado de

ordem e repressão a tudo o que ameace a paz social. Da mesma forma, o elemento Estado se

faz presente em todas as conceituações, sendo a polícia o único agente capaz de combater a

violência e a única responsável por garantir a segurança. Com origem em um regime

totalitário, a polícia clássica paternalista tem a função de reprimir, e é orientada contra o

cidadão, e não a favor dele.

A Constituição Federal de 1988 trouxe uma inovação terminológica no que

tange à responsabilidade pela segurança pública. Consoante o caput do art. 144 da Carta

Magna, é dever e responsabilidade de todos:

A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida pela preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos (BRASIL, 2002:68).

Isto significa que todos os cidadãos brasileiros são responsáveis pela segurança de

toda a sociedade. Portanto, mais do que uma atitude cidadã, zelar pela integridade física e

moral dos indivíduos, bem como pela manutenção da ordem pública, é um dever

constitucional.

A constitucionalização dessa responsabilidade, no entanto, apenas normatiza uma

regra lógica. Ora, atribuir aos integrantes de uma comunidade a obrigação de velar por sua

própria segurança é uma questão de bom senso. Porque a sociedade tem o dever de se

interessar e lutar por todas as causas que lhe dizem respeito, estando ultrapassado o

entendimento no qual o Estado, e apenas ele, é o responsável pelos problemas sociais. Mais é

importante destacar que existe toda uma ideologia dominante que acaba por culpabilizar o

indivíduo, a família e eximir o Estado e o sistema de sua responsabilidade. Muitas vezes

encontramos esse discurso até na fala do trabalhador, que acaba por internalizar essa

ideologia.

Em relação ao tráfico de drogas, ao serem analisadas as apreensões realizadas pela

Polícia Federal ao longo dos últimos anos, verifica-se que, enquanto as apreensões de

maconha diminuíram a partir do final da década de 80, as de cocaína aumentaram de maneira

considerável.

Embora as quantidades de drogas apreendidas tenham sido grandes, o número de

inquéritos e indiciamentos foi pequeno quando comparado com outros países (GALDURÓZ

et al., 1994; Noto et al., 1995).

2.4- POLÍTICA NACIONAL DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS

Em julho de 2005, o então Conselho Nacional Antidrogas, ciente dos grave

problemas inerentes ao consumo prejudicial de álcool, e com o objetivo de ampliar o espaço

de participação social para a discussão de tão importante tema, instalou a Câmara Especial

de Políticas Públicas sobre o Álcool – CEPPA, composta por diferentes órgãos

governamentais, especialistas, legisladores e representantes da sociedade civil. A Câmara

Especial iniciou suas atividades a partir dos resultados do Grupo Técnico Interministerial

criado no Ministério da Saúde, em 2003.

Esse processo permitiu ao Brasil chegar a uma política realista, sem qualquer viés

fundamentalista ou de banalização do consumo, embasada de forma consistente por dados

epidemiológicos, pelos avanços da ciência e pelo respeito ao momento sóciopolítico do país.

A política sobre o álcool reflete a preocupação da sociedade em relação ao uso cada

vez mais precoce dessa substância, assim como o seu impacto negativo na saúde e na

segurança.

Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas

de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou

psicológicos, fala-se em dependência.

2.1 – A HISTÓRIA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

O consumo de substâncias psicoativas é uma característica comum a populações da

maioria dos países, inclusive a do Brasil, sendo o tabaco e o álcool as mais utilizadas. Muitas

variáveis (ambientais, biológicas, psicológicas e sociais) atuam simultaneamente para

influenciar a tendência de qualquer pessoa vir a usar drogas e isto se deve à interação entre o

agente (a droga), o sujeito (o indivíduo e a sociedade) e o meio (os contextos sócio-

econômico e cultural).

Segundo Neri Filho (1995), a literatura científica revela a existência do opium há

mais de cinco mil anos antes de Cristo, e relacionado com a alegria e o divertimento entre os

Sumérios. O cânhamo (maconha), além de outras substâncias com propriedades narcóticas e

tóxicas, também era utilizado pelos egípcios. Verifica-se, ainda, a utilização da folha da coca

por sacerdotes Incas e nas atividades rotineiras de toda a sua comunidade. A planta era

considerada um "presente divino". Os conquistadores espanhóis tentaram banir seu uso, mas

perceberam que não era possível escravizar os Incas sem permitir o uso da coca. A partir daí,

diz Cruz, 'a Igreja Católica passou, então, a cultivá-la e se tornou sua maior produtora.

O interesse dos meios científicos europeus e americanos só surgiu muito tempo depois,

quando em 1855, o alemão Albert Niemann isolou o alcalóide da coca que recebera,

posteriormente, o nome de cocaína, (Cruz, M.S., 1996: 25-26). Ao longo de toda a história

da humanidade pode se constatar o consumo de várias drogas, tanto em usos mágicos e

medicinais, como também simplesmente na busca do prazer que essas drogas proporcionam.

As duas fontes básicas de conhecimento das drogas foram à religião e a medicina.

Entretanto, seu uso como fonte de prazer, destituído do cunho religioso e da utilidade

medicinal deve ter precedido às demais formas, que surgiram como "monopólio de certos

atores ou como recurso sujeito à regulamentação social" (Neri Filho, 1995:30).

Segundo Garcia,

O consumo de drogas deve ser encarado como um fenômeno essencialmente antropológico, na medida em que acompanha a evolução da humanidade, que possibilitam o estabelecimento de relações singulares dentro desse contexto, levantando questões relativas à ética, em termos de atitudes diante da vida, de valores e da responsabilidade pela própria conduta (Garcia, 1996:6).

E complementa, citando Bucher (1988):

Se há redução à toxicomania à sua vertente psicopatológica, perde-se de vista a dimensão existencial do fenômeno, as suas raízes antropológicas, a sua propagação no mundo moderno em conseqüência de mudanças políticas, econômicas e culturais (...), bem como a sua íntima conexão com os padrões consumistas apregoados pelo sistema social dominante (Bucher apud Garcia, 1996:6).

Para Freda (1997),

O discurso capitalista define o sujeito pelo consumo: quanto mais ele

consome, mais ele é um homem. A única coisa que o consumidor

esquece, é que a mais valia, o mais gozar, é sempre o capitalista que

o devora. Não existe distribuição homogênea, este ponto escapa ao

consumidor e faz dele um sujeito da ilusão (1997:34).

O fenômeno do abuso de drogas deve, portanto, ser contextualizado e analisado como

pertencente a um conjunto ao qual pode estar integrado de modos distintos. Não devemos

ignorar também que “o uso de drogas por diferente grupo só é possível nas nossas

circunstâncias sócio-históricas, a partir da existência de redes nacionais e internacionais que

expressam interesses políticos e econômicos”.

Assim, o fenômeno cultural apresenta a sua inevitável dimensão de poder (Velho,

1993:277). Considerando esse contexto sócio-econômico-cultural mais amplo é que

podemos, então, desenvolver um estudo mais rigoroso sobre esse fenômeno da atualidade.

Assim, os problemas que o abuso de drogas traz hoje para o cenário social poderiam ser

reduzidos, se fossem tratados sob uma outra ótica em relação ao seu consumo.

Existe no mundo extensa produção bibliográfica sobre questões relacionadas às

drogas (psicológicas, sociais, educacionais, políticas, sanitárias, econômicas e religiosas),

popularmente conhecidas como drogas lícitas e ilícitas. A partir do século XX, essas

publicações se intensificaram. Várias foram as razões para isso. O avanço científico e

tecnológico, o conhecimento armazenado, a gama de tratamentos existentes, o envolvimento

de muitas áreas do conhecimento com essa temática, a alta prevalência de pessoas envolvidas

(portadores de dependência, narcotraficantes, crianças, adolescentes, adultos ou idosos). As

reflexões sobre essas questões ocupam grande parte da atenção dos estudiosos. Embora esses

estudos representem boa bagagem na produção de conhecimento, ainda se fazem necessárias

mais pesquisas para a melhor compreensão da complicada relação entre as drogas e o

homem. (Mota.)

No que diz respeito aos atendimentos hospitalares provocados pelo abuso de

psicotrópicos, levantamentos realizados junto a hospitais e clínicas psiquiátricas apontam o

álcool como responsável por cerca de 90% das internações por dependência. Esses estudos

também mostram que as internações por cocaína vêm aumentando gradativamente desde

1987, bem como as por maconha vêm diminuindo. Essas mudanças alteraram o perfil das

internação e, atualmente, a cocaína ocupa o primeiro lugar entre as drogas ilícitas, posto este

ocupado pela maconha até 1991 (Noto & Carlini, 1995).

As drogas psicotrópicas também assumem um papel de destaque no cenário dos

acidentes de trânsito. Um estudo da Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito

(ABDETRAN), envolvendo quatro capitais brasileiras: Salvador, Recife, Brasília e Curitiba,

detectou que em 27,2% dos casos analisados de vítimas de acidentes de trânsito, a dosagem

de álcool no sangue excedia o valor de 0,6g/l, limite permitido pelo novo Código Nacional

de Trânsito. Entre os demais psicotrópicos, destacaram-se a maconha (detectada em 7,7%

dos casos), os benzodiazepínicos (3,4%) e a cocaína (2,3%) (ABDETRAN, 1997).

Em relação ao tráfico de drogas, ao serem analisadas as apreensões realizadas pela

Polícia Federal ao longo dos últimos anos, verifica-se que, enquanto as apreensões de

maconha diminuíram a partir do final da década de 80, as de cocaína aumentaram de maneira

considerável. Embora as quantidades de drogas apreendidas tenham sido grandes, o número

de inquéritos e indiciamentos foi pequeno quando comparado com outros países (Galduróz et

al., 1994; Noto et al., 1995).

A Dependência de substâncias psicoativas é definida como um transtorno individual.

Muitos especialistas aceitam, porém, o conceito da dependência como doença familiar, por

atingir diretamente não só o usuário, mas aqueles que o cercam. Este conceito requer

cuidado, para que não seja deturpado e passar a culpabilizar a família, uma vez que coloca a

dependência como uma doença da familiar. Sabemos que a falta de uma política Estatal para

este enfrentamento, acaba por deixar as famílias sem saber como lidar com mais essa mazela

da Questão Social. Assim, a seguir falaremos de como o proibicionismo é uma estratégia

falida e que não tem dado resultados no sentido de, caminhar para uma discursão que

possibilite um olhar menos moralista.

2.2 - A QUESTÃO DO PROIBICIONISMO

Os burocratas que constroem as políticas sobre drogas, têm usado a proibição como

cortina de fumaça, para evitar encarar os fatos econômicos e sociais que levam as pessoas a

usarem drogas. A maior parte do uso ilegal e do uso legal de drogas é recreacional. A

pobreza e o desespero estão na raiz da maioria do uso problemático da droga, e somente

dirigindo – se a estas causas fundamentais é que poderemos esperar diminuir

significativamente o número de usuários problemáticos.

Na verdade é que a cortina de fumaça da proibição não deixa que as reais causas

possam ser de fato discutidas, assim a questão social e econômica que são os verdadeiros

motivos do uso das drogas de forma descontrolada. Sendo assim, para conseguir um avanço

significativo, é preciso que estas questões estejam no centro da discursão sendo o foco do

motivo principal que leva o usuário ao consumo.

O mercado de drogas é comandado pela demanda e milhões de pessoas, demandam

drogas, atualmente ilegais. Se produção, suprimento e uso de algumas drogas são

criminalizadas, cria-se um vazio que é preenchido pelo crime organizado. Desta forma

também no crime organizado teremos uma questão a observar, é neste crime organizado que

a questões sociais estão latentes, pois as classes menos favorecidas estão a disposição para

atender a um meado que demanda pessoas para o trabalho, assim os usuários que não

encontram trabalho e precisam manter seu vício, é o alvo do crime organizado.

Com a legalização, será permitido regular e controlar o mercado ( isto é, prescrever ,

licenciar, controle de vendas a menores, regulação de propaganda ). Existe uma demanda por

drogas ilegais. Se existe demanda é óbvio que em uma sociedade onde o lucro é o que

importa, logo é claro essa demanda é sanada pelo mercado do crime organizado, que neste

negócio levanta bilhões de dólares.

Se a droga fosse legalizada, o mercado poderia ser regulado e controlado, inclusive

com propagandas informativas. Claro que para isso precisaria de uma fiscalização rigorosa,

onde a participação popular se faria necessária, para ao se tornar a legalização algo

irresponsável. Esta visível que a proibição não é a solução, uma vez que o consumo vem

aumentando e a ações neste sentido não tem surtido efeito.

A droga existe desde que se sabe da existência humana, como achar que conseguiremos

elimina – lá temos que falar do assunto de forma menos moralista e chegar a conclusão de

que a proibição só leva pessoas a ficarem marcadas em especial as que precisam muitas

vezes cometerem crimes para manterem seu uso.

O preço de drogas ilegais é determinado por um mercado e alta demanda, e não

regulado. Usar drogas ilegais é muito caro. Isso significa que alguns usuários dependentes

recorrem ao roubo para conseguir dinheiro. A maioria da violência associada com o negócio

de drogas é causada por sua ilegalidade. A legalização, permitiria regular o mercado e

determinar um preço muito mais baixo, acabando com a necessidade dos usuários de roubar.

Além disso, contemplou a preocupação com o desenvolvimento de um modelo de

gestão empreendedor para a condução das ações nacionais, estaduais e municipais, dotado de

sistemas de informação, de planejamento, acompanhamento e avaliação, que permitissem

coerência, eficiência, eficácia e efetividade ao Sistema Nacional Antidrogas.

O lançamento da Política Nacional Antidrogas oficializou, portanto, a determinação

governamental de conduzir o país para uma realidade livre das ameaças das drogas, e

estabeleceu a "linha mestra" para as ações antidrogas, sinalizando os rumos e os caminhos

para que as forças nacionais públicas e privadas pudessem atuar de forma coordenada e

sintonizada.

É importante mencionar que, em sua Política Nacional Antidrogas, o Brasil assumiu

postura inovadora, concedendo especial atenção à dimensão da redução da demanda de

drogas, no entendimento de que somente por meio da prevenção primária é possível atingir

as causas do problema, cortando o mal pela raiz. Com isso, reconhece que é importante

evitar os primeiros desvios e que, nesse aspecto, a educação sistemática - principalmente dos

jovens - para o reconhecimento dos efeitos negativos, individuais e sociais do uso indevido

de drogas e para a valorização de uma vida saudável parece ser o caminho viável e sensato

para uma realidade livre das ameaças representadas pelas drogas. Neste sentido, busca

conscientizar o usuário de drogas ilícitas quanto ao seu papel nocivo ao alimentar as

atividades e organizações criminosas que têm, no narcotráfico, sua principal fonte de renda.

A Política Antidrogas trás avanços, mas não vai a raiz da questão social, o cunho

econômico e social, atua na ponta do problema, chamando a sociedade e a iniciativa privada

a engajarem a essa luta, para que a sociedade se sinta participante de um processo de

“conscientização”, onde a educação e “ conscientização da população seja o suficiente para

que as coisas mudem, de fato podem mudar, mas não transformar.

Muito ainda se precisa, problematizar sobre esse assunto. Realidades novas estão

surgindo, verdades sendo desmontadas. Se faz necessário todo um novo olhar a questão das

drogras. Exemplo disso é o CRAK, droga que esta no Rio de Janeiro a menos de três anos, e

fazendo com que ditos tão repetidos pelo senso comum e pela ciência como: O primeiro

passo para que o dependente saia da situação que se encontra, é reconhecer que é um

dependente. Como levar um usuário de CRAK a essa reflexão.

A Política Nacional Antidrogas, precisa ser revista, tendo em vista as mudanças

ocorridas na sociedade, é preciso que se discuta o assunto sem o moralismo tão comum. È

necessário sair do senso comum, ir pra além, falar do assunto deforma mais verdadeiro. Sem

querer “jogar o lixo pra debaixo do tapete”.

No caso a dependência química, a família se vê desamparada. O Estado por sua vez,

age de forma, omissa, moralista, se desresponsabilizando, ou agindo com paliativos ao invés

de políticas públicas que possam apoiar as famílias. Cria uma ideologia, que atribui a

responsabilidade da dependência química ao usuário e a sua família. Muitas vezes acabamos

por faz julgamentos dentro do senso comum, direcionando o “alvo” para a família que tem

um dependente químico por conta de ser “desestruturada”, onde os pais não se entendem,

não cuidam dos filhos.

Com esse discurso ideológico, colocado de forma sutil e constante na sociedade o

estado vai se eximindo de seu papel e deixando a família a sua própria sorte, sendo os

abrigos muitas vezes, locais onde esses dependentes são colocados e ficando por um tempo,

depois voltado a família, em muitas vezes nesse ciclo que de nada efetivamente suscitou a

raiz da questão, se discutindo o assunto sempre de forma preconceituosa, moralista e

religiosa, sem dar a esse usuário a oportunidade de emancipação de sua própria vida.

2.3.2 – O DEBATE SOBRE DEPENDENCIA QUÍMICA NA ATUALIDADE

– Dependência Química: uma questão de saúde pública

Sabemos que um dos maiores problemas na atenção a drogadição é a questão da

aderência dos dependentes ao tratamento. O número de evasões, de “recaídas” e de retorno

de pacientes às instituições de tratamento é alto, conforme dados nacionais (Oliveira, 1997;

Marques & Formigoni, 2001). Essa situação nos faz pensar sobre a eficácia dos tratamentos

que temos oferecido à população.

Foi lançada, em maio de 2002, a Resolução 101, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, que estabelece um regulamento técnico disciplinando “as exigências mínimas para

os serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso e abuso de substâncias

psicoativas”, mais especificamente, no que diz respeito às chamadas Comunidades

Terapêuticas, as quais têm dois anos para se adequarem ao ali disposto.

Portanto, esse é um momento importante para se fazer uma avaliação dos serviços e

auxiliados na busca do enquadramento nos parâmetros da resolução, visando a qualificação

dos serviços prestados à população.

No Brasil, os serviços de saúde, de maneira geral, padecem da falta de mecanismos e

de critérios de avaliação, tanto no que diz respeito às políticas de saúde, quanto na

implementação dos programas e serviços nessa área. Os serviços de saúde mental, por

exemplo, quando necessitam de avaliação, utilizam de critérios de cunho quantitativo e

burocrático, como número de consultas, número de altas, diagnósticos realizados,

medicamentos prescritos, infra-estrutura do serviço, etc, mas poucos fazem uso de critérios

qualitativos: acompanhamento pós-alta, inserção da família no trabalho terapêutico,

modificações do paciente na vida social e laboral (a chamada reinserção social), critérios que

não são facilmente mensuráveis.

A inexistência ou a pouca utilização de processos de avaliação nos serviços de saúde

nos coloca frente a uma questão crucial de controle social. O investimento de dinheiro

público nos serviços de saúde, públicos e mesmo privados, não é pequeno, ainda que lutemos

para que aumente o investimento público nessa área, por considerá-lo ainda não suficiente

para enfrentar a complexidade da questão da saúde no Brasil. No entanto, não há como ter

controle do uso e dos resultados desse investimento, justamente porque não se tem avaliação

de processos, nem de resultados. Dessa forma, a luta fica enfraquecida. Além disso, é

também uma questão de direito do consumidor. O usuário que freqüenta um serviço de saúde

tem direito de saber a qualidade dos tratamentos a que é submetido. A Organização Mundial

de Saúde (OMS) indica a avaliação como o melhor modo de utilização dos recursos

disponíveis em termos de dinheiro, de pessoal e de material, e considera que ela representa a

solução mais segura para o problema da melhora dos serviços existentes e, ao mesmo tempo,

para obter recursos adicionais para desenvolver novos programas (Gandra, 1986).

Na maioria das vezes, o Sistema de Saúde tem uma visão ultrapassada sobre

avaliação, considerando que se destina somente a descobrir falhas e deficiências, reduzindo-

se a um mero sistema de vigilância ou de inspeção. Por isso mesmo este processo é deixado

de lado, pois é considerada uma ameaça.

Na verdade, a avaliação só faz sentido se fornecer dados e parâmetros para sustentar a

qualificação dos serviços e dos profissionais, a segurança de atuação, auxiliando na tomada

de decisões e, quando necessário, para produzir mudanças nos mesmos.

Dessa forma, a avaliação deve ser um mecanismo que faça parte da gestão dos

serviços (Fidelis, 2003), que deveriam estar preocupados em produzir parâmetros avaliativos

e indicadores de qualidade que possibilitassem aferir resultados e impactos na alteração da

qualidade de vida da população beneficiará, visando realimentar ações, repensar opções

políticas e programáticas, pois assim a questão do financiamento em saúde e a qualidade dos

serviços se colocariam em outro patamar (Fidelis & Escorel, 2001).

As bebidas alcoólicas são as drogas cujo consumo é mais antigo e abrangente. Por

isso, a dependência do álcool foi a primeira a ser debatida e foi a que norteou a evolução do

conceito da dependência das demais drogas. Na versão atual da Classificação Internacional

das Doenças (CID) foi incluída a síndrome de dependência do álcool - que substitui o termo

alcoolismo - e de todas as substâncias psicoativas em uma mesma categoria, a de

Transtornos Mentais de Comportamento decorrentes do uso de substâncias. A drogadicção

vem sendo considerada uma doença recidivante e crônica, caracterizada pela busca e

consumo compulsivo de drogas. (NOTO, 1995).

Atualmente, a síndrome de dependência é definida na CID como :

Um conjunto de fenômenos fisiológicos ou comportamentais e

cognitivos, no qual o uso de uma substância, ou de uma classe de

substâncias, alcança uma prioridade muito maior para um

determinado indivíduo que outros comportamentos que antes tinham

maior valor. Uma característica descritiva central da síndrome de

dependência é o desejo de consumir drogas psicoativas, álcool ou

tabaco. Pode haver evidência de que o retorno ao uso da substância,

após um período de abstinência, leva a um reaparecimento mais

rápido de outros aspectos da síndrome do que o que ocorre com

indivíduos não dependentes. Alterações fisiológicas e

comportamentais.

A medicina define droga como sendo qualquer substância capaz de modificar a

função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.

As drogas são classificadas como depressoras estimulantes ou perturbadoras da atividade do

Sistema Nervoso Central (SNC). As depressoras da atividade do SNC são as que diminuem a

atividade do cérebro, deixando o indivíduo "desligado". Entre as drogas desse tipo estão o

álcool, os medicamentos barbitúricos (promovem o sono) e os ansiolíticos (calmantes),

inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores).

As substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o

funcionamento fazendo com a pessoa fique "ligada", "elétrica" são as estimulantes do SNC

(Sistema Nervoso Central). As principais são as anfetaminas, nicotina e cocaína. O terceiro

grupo é constituído pelas drogas que agem modificando qualitativamente a atividade do

cérebro. As drogas perturbadoras, tais como a maconha e os anticolinérgicos, fazem com que

o cérebro funcione fora do seu padrão normal. As alterações cerebrais e os prejuízos no

funcionamento do organismo são específicos para cada droga. Os efeitos neurológicos do

uso contínuo da maconha são a dificuldade de aprendizado, retardamento de raciocínio e

lapsos de memória. Mais graves são as conseqüências da cocaína. Seu uso está associado a

complicações cardiovasculares e neurológicas graves.

O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas

rejeitou a idéia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés

disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade ao longo de

uma linha contínua.

Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e

cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o

indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e

psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de consumo,

diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância.

3 – A FAMÍLIA E A DEPENDENCIA QUÍMICA

Conceito de Família

No processo da superação da história da humanidade a família é o primeiro grupo

social o qual o indivíduo está inserido. Neste espaço o indivíduo estabelece relações sociais,

que vão integrar a sua identidade, fator de individualidade que estabelece um sentimento de

responsabilidade para com este grupo.

A família antes era espaço de convivência entre pai, mãe e filhos consangüíneos.

Atualmente este conceito sofreu inúmeras transformações, possuindo um significado mais

amplo, além da concepção biológica, pode prevalecer uma ligação subjetiva entre os

membros.

Para Dias (1992), o que realmente liga uma pessoa à outra na família são os laços de

parentesco e ou/ afinidades. A composição familiar depende do ponto de vista do indivíduo e

pode variar muito. Um amigo que more na mesma casa de uma família pode ser considerado

da família. Ao passo que a relação com um irmão de sangue pode ser distante e sem afeto.

No cotidiano dessas famílias maior expectativa é que a família produza um ambiente

acolhedor de cuidados e proteção independente de sua classe social.

Desde mundo antigo (Roma), que existe o modelo conjugal da família, o que acaba

servindo de referência para a política, educação e cultura da época. O modelo conjugal

reconhecido pela sociedade e Estado, não consideravam as mulheres, crianças e índios como

cidadãos e esse não eram reconhecidos como cidadãos de direito.

As relações de poder do homem foram hierarquizadas, sendo assim um domínio sobre

a casa. A mulher cabia a educação da família, reprodução dos valores e culturas. Ao homem,

manutenção. O “patriarca” é uma referência ideológica, política e cultural, por considerar o

homem mais forte, colocando – o como provedor e a mulher como cuidadora.

As transformações econômicas, sociais e culturais nas últimas décadas acarretaram

alterações substanciais nas funções e papéis historicamente desempenhados pela família.

Assim, o conceito mais amplo para definir Família é aquele que considera a unidade de

produção, reprodução, renda, consumo, e socialização.

O Novo Código Civil tem reflexos diretos na família, busca adequação à igualdade

entre homens e mulheres em direitos e obrigações estabelecidos pela Constituição Federal e

legislação internacional de direitos humanos; estabelece direito e deveres iguais dos

conviventes: respeito e consideração mútuos, assistência moral e material recíproca, guarda,

sustento e educação dos filhos comuns.A família na atualidade pode assumir diferentes

Estruturas: nuclear ou conjugal, homossexual, comunitária, mono parental e ampliada.

O Estado dessa forma acaba por promover ações que na verdade servem como

paliativos para questões inúmeras enfrentadas pelas famílias que, desprotegidas por esse

Estado neoliberal, que fragmenta suas ações e deixa essas famílias desprotegidas e se

sentindo “culpadas” muitas das vezes por não dar conta de enfrentar questões que sem o

papel do Estado, será impossível de solucionar.

Sendo na década de 80/90 a Família reconhecida pelo Estado como forte agente de

Proteção Social, ganhando destaque na política pública na perspectiva de centralidade em

Programas Sociais que possuem centralidade na mesma são eles: programa Bolsa Família, e

Programa de Saúde da Família, Família Acolhedora, Programa de Atenção Integrada á

Família.

Ao trabalhar com família, o profissional precisa estar atento para evitar julgamentos

baseados em preconceitos científicos, moralistas ou pessoais; procurando compreender a

problemática apresentada buscando articular as diferentes dimensões culturais presentes; no

processo de conhecimento, compreendendo a ação, deve – se construir junto com a família as

alternativas e possibilidades, sem foco nos per quês, mas sim no como.

Percebendo como esta estabelecida as relações entre esses indivíduos, como esses

vínculos estão e de que forma podem se fortalecerem e respeitar as individualidades e

especificidades de cada um

3.1 - A DEPENDENCIA QUÍMICA E O TRABALHO

Aumenta no Brasil o número de pessoas afastadas do trabalho por dependência de

álcool e outras drogas. Números do Ministério da Previdência Social mostram que tiveram

licença médica por uso de álcool, maconha, cocaína, crack e outras drogas, 2.563

trabalhadores.

São licenças por mais de 15 dias. Em janeiro do ano passado, foram 2.453 licenças.

Números maiores do que licenças por doenças do coração e que só perdem para casos de

câncer e de afastamento por maternidade. Mais uma prova da facilidade de se obter drogas

no país. São afastamentos aprovados por peritos que constataram a doença dependência

química, causada pelo uso de drogas. Uma doença que exige, na maioria dos casos,

internação e tratamento por toda a vida. Uma doença que altera comportamentos prejudica

relacionamentos, dificulta a vida familiar e impossibilita a produtividade no trabalho.

No Brasil, as informações a respeito da magnitude deste problema são ainda escassas,

embora seja possível observar o crescimento da criminalidade relacionada ao tráfico de

substâncias químicas, evidenciado nos recentes episódios policiais que conseguiram paralisar

São Paulo e vêm tornando o Rio de Janeiro quase cenário de uma guerra civil.

Uma das poucas pesquisas a respeito de drogas no ambiente de trabalho no país,

realizada em 107 cidades do território nacional pelo Centro Brasileiro de Informações sobre

Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),

registrou a dependência de álcool em 11,2% dos entrevistados.

Segundo as conclusões do estudo, essa é a droga que mais problemas causa dentro

das empresas, seguida pelo tabaco, pela maconha e pela cocaína. São 2.536 famílias sofrendo

pelas conseqüências do vício de um filho, de um marido, de um parente muito próximo.

Famílias que não encontrarão vagas na rede públicas para o tratamento tão necessário neste

momento de aflição que coloca em risco esposas e filhos.

3.2 - GÊNERO E DEPENDENCIA QUÍMICA A clientela predominante dos serviços de atenção à dependência química é do sexo

masculino, adultos, de baixo poder aquisitivo (até dois salários mínimos) e desempregado.

No que se refere ao predomínio do sexo masculino, sabe-se que historicamente os

problemas de consumo abusivo de álcool e drogas são mais comuns entre os homens. Há

vários serviços que atendem ao público feminino, mas geralmente em instituições mistas.

Não tivemos relato de nenhum serviço especializado somente no público feminino,

público este, aliás, que, paulatinamente, vem se tornando cada vez mais vulnerável à

dependência de álcool e outras drogas, modificando o cenário de décadas anteriores onde o

predomínio do problema era mesmo masculino. O número de mulheres em situação de abuso

e de dependência dessas drogas tem aumentado significativamente nos últimos anos. Mas

estas têm apresentado maior dificuldade em assumir sua condição de dependente e, assim,

aderir a um tratamento, entre outras razões pelo fato de a maioria dos serviços ser dirigida

para homens e ter poucos especializados em mulheres. Há estudos (SENAD, 2004) que

mostram a necessidade de se planejar instituições especializadas para esse público, pois ele

tem suas necessidades próprias que devem ser levadas em consideração para uma maior

eficácia nas intervenções.

As razões que levam as mulheres a iniciarem o uso de drogas diferem das dos

homens. Elas começam a beber a partir da ocorrência de eventos significativos, enquanto que

os homens não apontam um fator desencadeante especial. No caso da cocaína, as mulheres se

referem á depressão, sentimentos de isolamento social, pressões profissionais e familiares e

problemas de saúde, como motivos para o início do uso. Os homens justificam o uso pelos

efeitos da intoxicação propriamente dita.

A mulher relata mais problemas intrapsíquicos, como depressão, baixa autoconfiança,

irritabilidade e dificuldade em prever os próprios sentimentos. Já os homens referem-se

freqüentemente a problemas externos, como dificuldades profissionais, financeiras, criminais

e direção perigosa no trânsito. (HOCHGRAF, 2001).

Pesquisas indicam que mulheres usuárias de drogas ilícitas são apresentadas às

mesmas pelos seus parceiros sexuais e que estes são os fornecedores da substância, assim

como o padrão de consumo delas e os problemas decorrentes do uso são fortemente

influenciados por eles. (AQUINO, 1997).

Grande parte das mulheres tem companheiros usuários que se opõem ao tratamento

delas. O incentivo ao tratamento fica mais por conta dos pais e filhos. O estigma social em

relação ás mulheres é bastante expressivo, sendo julgadas como promíscuas amorais e

incapazes de cuidar da família e dos filhos. E, em razão disso, muitas fazem uso às

escondidas. O sentimento de culpa é uma constante. São muitos os conflitos com a família, e

o abandono por parte do companheiro se dá em certos casos. (AQUINO, 1997).

A atitude da família difere quando é a mulher quem apresenta problemas com drogas.

No caso dos homens, há maior mobilização no sentido de tratar o problema, mas com as

mulheres ocorre a negação e ocultação da situação, permitindo-se até que beba escondido,

desde que não apresente "condutas indesejáveis", sem, contudo, extrapolar os limites da

esfera familiar. (AQUINO, 1997).

Aquino (1997) aponta um estudo do NEPAD onde foram levantados dados

sobre tais mulheres que confirmam os da literatura internacional, afirmando que em relação à

família, foi identificada uma profunda e grave desestruturação familiar. Referindo-se as suas

mães, 23% das pacientes relataram abandono, suicídio, internações psiquiátricas, alcoolismo

e uso de outras drogas. Com relação aos pais, os índices de alcoolismo, consumo de drogas,

comportamento violento, abandono do lar, abuso sexual, entre outros chegam ao

significativo índice de 47% de prevalência.

CAPÍTULO 3 – TRABALHO DE CAMPO

3.1- Metodologia - Tipo de pesquisa

A presente pesquisa adotará a abordagem qualitativa,

com entrevista e respostas ao questionário, abordando a

trajetória social dos mesmos de forma discursiva

Nesse sentido, a complexidade da construção das representações está imersa num

movimento dinâmico de relação entre o que os sujeitos pensam e o contexto (base material)

da vida social que determina essas representações. Na medida em que as representações "se

reproduzem e se modificam a partir das estruturas e das relações coletivas e dos grupos",

apresentam "elementos tanto da dominação como da resistência, tanto das contradições e

conflitos como do conformismo" (Minayo, 1994b: 174).

3.2- UNIVERSO/AMOSTRA A amostra será composta por 10 usuários abrigados no Lar Amor Maior, no período

de 2008 a 2009, trabalharemos com a totalidade do universo.

3.3 - INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

As entrevistas aplicadas aos usuários do Lar Amor Maior foram elaboradas a partir de

questões semi-estruturadas, conforme roteiro de entrevista que consta no Apêndice. Os

entrevistados foram selecionados de forma aleatória, com consentimento prévio dos mesmos

para responderem as perguntas.

A marcação das entrevistas obedeceu à programação de dia e horários exclusivos do

entrevistado. Foi explicado o objetivo da pesquisa, da forma mais clara e transparente

possível. Os entrevistados foram informados do compromisso ético do caráter deste estudo.

PROCEDIMENTO: 1. Fizemos contato com a diretora da instituição para solicitar autorização para a realização

da pesquisa.

2. Seleção dos usuários com idade entre 18 anos ou mais, que vivem abrigados na instituição.

3. Garantir o sigilo absoluto das informações e a devolução dos resultados da pesquisa para

os sujeitos.

As entrevistas foram realizadas durante o horário da tarde, onde os usuários

participaram de um lanche, e após o mesmo, convidados a responderem o questionário.

3.4 - ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Depoimento dos usuários entrevistados

Entrevista 1 - Perguntamos aos entrevistados o que eles entendiam por família, os mesmos

afirmaram que:

“A família é algo muito importante”

ÀRIES (1981, p.43) afirma que, a formação dessa idéia de família limitou-se,

inicialmente, à burguesia e à nobreza. Os criados foram alojados em áreas separadas e

camas, tiveram seu uso reservado apenas ao quarto de dormir. Os visitantes, como sinal de

boa educação, passaram a marcar antecipadamente suas visitas, e eram recebidos em salas

apropriadas para este fim. A necessidade de conforto e da diferenciação dos espaços na casa

espelhou o desejo recente de intimidade e isolamento.

No processo da superação da história da humanidade a família é o primeiro grupo

social o qual o indivíduo está inserido. Neste espaço o indivíduo estabelece relações sociais,

que vão integrar a sua identidade, fator de individualidade que estabelece um sentimento de

responsabilidade para com este grupo.

Entrevista 2 - Perguntamos se a família dos usuários participava no seu tratamento na

instituição, os mesmos responderam que:

“Não, até porque há 1 ano não tenho contato, fiz

coisas que desagradaram a eles”.

A família necessita participar ativamente do tratamento e do processo de recuperação

do dependente, como núcleo de suporte fundamental do indivíduo. Esta tarefa, porém, não é

nada fácil, dados os prejuízos sofridos pelos familiares durante o curso da dependência do

álcool e/ou drogas (agressões, furtos domésticos, doenças do paciente, etc.). Para tanto,

paralelamente ao tratamento individual, uma intervenção terapêutica familiar é sempre

aconselhável. (ANDRADE, 1997).

Andrade aponta soluções paliativas, acaba por culpabilizar o indivíduo e levar essa

família a condição de vítima desse dependente, sem questionar os motivos que o levaram a

iniciar o uso.

Entrevista 3 – No momento da entrevista perguntamos aos abrigados, como a família era

composta, e os mesmos responderam que:

“minha família era composta por meus filhos e a minha ex-esposa, só que depois da dependência “afastei-me deles”.

Segundo Silveira, Gorgulho (1996, p. 235), vê-se a necessidade da família no

tratamento do usuário de drogas, pois a família afeta e é afetada pelo familiar dependente de

drogas. O sistema familiar funciona como um sistema total, e qualquer parte do sistema

familiar está relacionada com as demais partes; e qualquer mudança em uma delas provocará

mudanças nas demais, e, conseqüentemente, no sistema total.

Visão totalmente funcionalista, como se a sociedade fosse um corpo, onde tudo

tivesse que estar funcionando de forma “harmoniosa”. Esquecendo de que estamos falando

de indivíduos, pessoas que vivem em um sistema onde o consumo é pregado a todo instante,

onde o ter é mais importante que o ser.

Na entrevista percebemos que a maioria dos usuários antes de irem para a instituição

possuíam seus familiares. Os mesmos relataram emocionados que após a dependência

química, passaram a não ter tempo para os filhos, a esposa, e com isso começaram a surgir

brigas, discussões. E como tudo girava em torno do vício que o acompanhava. Resolveram

deixar a família. Se perceber que o problema esta pra além do que o aparente mostra.

Alguns relatam que só vão procurar os familiares após uma mudança, conseguir emprego,

deixar de usar drogas, e isso ás vezes demora, ou até não chega a acontecer, por causa da

recaída. O emprego é algo que os usuários enfatizam o tempo todo.

Entrevista 4 – Nesta entrevista indagamos aos usuários sobre a reação da família ao saber de

sua dependência química? A maioria relatou que:

“meus pais ficaram muito assustados e “solicitaram que eu buscasse ajuda”.

Muitas vezes, a família não sabe lidar com o problema da dependência, sofre muito

por ter um dependente de drogas em casa e recrimina o dependente, que fica isolado da

família e é sempre tratado como o culpado por tudo que acontece de ruim, o que,

obviamente, não é verdade. O maior problema é que, quando a família recrimina o

dependente, ela reforça uso da droga por ele (essa situação é chamada de co-dependência), e

cada vez menos o indivíduo se sente capaz de parar as drogas, e na maioria dos casos nega o

problema. A importância da família é fundamental, mas é preciso que esta família esteja

fortalecida para dar o suporte necessário a esse usuário.

Os familiares por não saberem lidar com um assunto novo dentro do âmbito familiar

encontram-se despreparados para lidar com essa realidade. Buscar uma forma de ajuda para

o dependente, necessita de seu consentimento, e reconhecimento que o mesmo é usuário e

que necessita de ajuda.

A família é muito importante em todo processo, tendo em vista a história vivida por

este dependente. A família deveria contar com apoio por parte do poder público, que sabe

que dependência é uma doença e que necessita ser cuidada.

Entrevista 5 – Os entrevistados ao serem questionados de como se dá o seu relacionamento

familiar, os mesmos responderam que:

“o meu relacionamento familiar era ótimo, depois que meu pai descobriu que eu era usuário, ele passou a me tratar diferente”.

Ao perceber que está sendo tratado com diferença, o usuário passa sentir desprezo e

se achar no lugar errado. Muitos vão viver em situação de rua, sem a família que também

encontra – se desprotegida e sem suporte para lidar com problema o usuário se vê jogado a

própria sorte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a pesquisa observamos a importância da família no acompanhamento da

dependência química. A maioria dos entrevistados mostrou um sentimento de falta de

proteção que vivenciam sem os familiares, que por sua vez também se encontram sem

condições de buscar solução para a questão. Foi observado também que a maioria dos

familiares por já estarem tentando a “reabilitação” há alguns anos, não querem ter esperanças

para não sofrerem decepções. .

Considerando os dados acima, percebe-se a importância da família no

acompanhamento do usuário de drogas, mas também percebo que essa família não tem a

quem recorrer. Assim cabe uma reflexão sobre o meio que esta inserido, de forma que haja

um melhor resultado das reflexões feitas. A família adoece juntamente com o dependente, e,

na maioria das vezes, não sabe como agir com o usuário, o que acaba repercutindo no

“tratamento” do adicto, que, por sua vez, vê muita importância no apoio da família que

também encontra – se fragilizada.

Na maioria das entrevistas percebemos que a recaída se faz presente em inúmeros

casos, principalmente nos usuários de álcool, cocaína e crack.

Observamos a importância das políticas sobre drogas e o papel que as mesmas

desempenham em nosso país. Traçar um plano efetivo que venha contemplar as mais latentes

demandas tomará tempo, porém é necessário que mudemos nosso olhar para sabermos como

agir e atender a esta demanda que a cada dia mais cresce.

Como foi visto, dependência química é doença, que deve ser tratada e prevenida.

Cada vez mais, pesquisas nessa área são realizadas, no sentido de achar soluções. Na medida

em que a questão das drogas cresce cada vez mais, outras questões surgem. Desta forma a

discursão precisa ser revista por parte das autoridades e da sociedade.

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