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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGOGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A MÚSICA COMO PARCEIRA DA OTIMIZAÇÃO DA DISCIPLINA ESCOLAR Por: Cristina Mª Almuinha Salles Pereira Prof. Ms Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGOGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A MÚSICA COMO PARCEIRA DA OTIMIZAÇÃO DA

DISCIPLINA ESCOLAR

Por: Cristina Mª Almuinha Salles Pereira

Prof. Ms Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGOGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A MÚSICA COMO PARCEIRA DA OTIMIZAÇÃO

DA DISCIPLINA ESCOLAR.

Apresentação de monografia ao conjunto

Universitário Cândido Mendes como

Condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

Em supervisão escolar

Por Cristina Mª Almuinha Salles Pereira

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....ao meu marido que muito me incentivou nos

momentos de desânimo, aos meus avos e meus

pais que sempre estiveram ao meu lado.

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....dedico ao meu marido, aos meus sobrinhos

em especial ao meu afilhado Leonardo, que é

uma criança criativa e muito musical.....

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RESUMO

Hoje o problema da indisciplina nas instituições de ensino tem sido

um grande fantasma para nós educadores. Saber pontuar a concepção da

disciplina nas escolas tem sido um grande desafio. Para não criar regras que

fogem as idéias educacionais desse tempo onde nos esbarramos com o estatuto

da criança e do adolescente, onde estamos numa sociedade que prega igualdade

mas é altamente segregadora, temos que estudar e andar como nosso tempo.

A música, com seu poder de envolver as pessoas, pois música é

energia, vibração que mexe com a estima e com a vaidade, pode sim ajudar a

pontuar essas regras que irá posicionar a maneiras de comportamentos.

Das experiências que vivi e vivo em sala de aula com educação

musical, pude perceber a influência do fazer, do criar, tocar, dançar......... música

nas pessoas.

Pesquisas de varias metodologias que trago sucintamente neste

trabalho, mostram as várias idéias para serem aproveitadas no dia-a-adia do

nosso trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 8

CAPÍTULO II 12

CAPÍTULO III 15

DEPOIMENTOS 20

CONCLUSÃO 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27

BIBLIOGRAFIA CITADA 28

ANEXOS 29

ÍNDICE 32

FOLHA DE AVALIAÇÃO 33

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INTRODUÇÃO

Hoje o problema da indisciplina nas escolas tem sido um

grande fantasma. Como enfrentar este fantasma sem ser autoritário? Quais os

artifícios que podemos utilizar para mantermos as rédeas dos limites permitidos

? Quem é que dita as regras ? Onde esta a célula inicial da tal proclamada falta

de limites nas crianças e adolescentes de hoje? E os educadores até onde

podem realmente ir perante o grupo que ele supostamente pensa que comanda.

Todas estas indagações têm realmente preocupado muitos

educadores tanto da rede pública quanto da rede particular,e muitos tem o

seguinte pensamento: Já não se fazem alunos como antigamente, no meu tempo

duvido que nós faríamos isso; a culpa é dessas correntes de pensamentos de

ensino, do Piaget, Vygotsky, Freinet, Freire........Ainda hoje encontramos inúmeros

profissionais da educação pensando assim. Deixaram de acompanhar a evolução

de nossos alunos , do mundo em que eles vivem , repletos de informações e tão

pobres do acompanhamento humano. Esta é uma crise do novo tempo , onde não

podemos ser saudosistas e sim procurarmos os cominhos para a crise que só

dificulta o nosso trabalho.

Não existem fórmulas para solucionar este grande problema ,

mas podemos tentar caminhos, que juntos poderão amenizar-lo.

Indisciplina sempre houve, o problema é que hoje não se

pode resolve-la impondo medo nos nossos alunos, hoje temos que chagá-los para

uma consciência coletiva.

Um desses caminhos que proponho é através da auto-

estima,da consciência coletiva que a educação musical provoca no ser humano.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTO III

DEDICATÓRIA IV

RESUMO V

SUMÁRIO VII

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

INDISCIPLINA NA ESCOLA 08

CAPÍTULO II

REFLETINDO SOBRE MÚSICA: SUAS INÚMERAS DEFINIÇÕES E

COMO A SENTIMOS 12

CAPÍTULO III

METODOLOGIAS E TENDÊNCIA

DA PEDAGOGIA MUSICAL 15

CAPÍTULO IV

DEPOIMENTOS DE PROFISSIONAIS

DA EDUCAÇÃO 20

CONCLUSÃO

EXPERIÊNCIAS DO

COTIDIANO ESCOLAR 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27

BIBLIOGRAFIA CITADA 28

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CAPITULO-I

INDISCIPLINA NA ESCOLA

O que faz das escolas hoje terem tantos problemas com a

indisciplina, é certamente o como lhe dar com esta ambigüidade, de um passado

onde as leis eram cumpridas com pouco questionamento e quem as violassem

eram severamente punidos (hoje o eca, não permite muitas punições) e agora

encontramos uma dinâmica das várias tribos que estabelecem suas regras, seus

limites e idéias que são rompidas . É neste conflito que gera a desestabilização e

o não cumprimento das regras impostas pela instituição ou pelo professor.

Saber conviver com a diversidade que encontramos em nossas salas

de aula é um exercício que o professor da educação de hoje tem que entender.

Não se pode mais acreditar que o detector da verdade e das regras é o educador,

que tem como função mediar sem deixar de ser “autoridade”, porém respeitando

as diferenças. Os limites precisão ser dados, sendo passados de uma forma que

os alunos entendam, mesmo que muitas vezes não consigam segui-los. Aquele

que não respeita, agride as normas, as opiniões e os sentimentos alheios, se auto

governa, não compartilha, com certeza será criticado pelo grupo. Poderá vir à

vergonha, o medo de ser rejeitado. Quem deve conduzir este caminho de cair em

sim do erro, e levar o questionamento ao grupo é professor.

Confesso não ser fácil estar hoje em sala de aula, temos que

realmente entrar com motivação, amor a profissão e de coração aberto para tentar

entender as diferenças, ser do disciplinador através da educação, oferecer

parâmetros e estabelecer limites, pois nossas crianças precisam sim de regras “o

limite situa, dá consciência de posição, ocupa dentro de algum espaço social,

família, a escola, e a sociedade como um todo” (La Taille,Y,1994, p.9).

“Ninguém nasce rebelde ou disciplinado “ são vários fatores que

constroem um indivíduo, como: pai, mãe, irmãos, avós, TV, vizinhos, igreja,

escola, as diferenças sociais, violência, brinquedos, cultura popular.......Podemos

assim afirmar que indisciplina e disciplina formam um conjunto de informações

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aprendida no longo caminhar do dia-a-dia.A necessidade de a aliança família

escola funcionar é de vital importância para o sucesso das nossas crianças e

jovens. Seria importante que os pais se conscientizassem que eles são os

primeiros influenciadores dos filhos, e que boa parte de posturas criticadas pelos

mesmos são meros reflexos de suas atitudes. Uma referência primorosa

identificada, três estilos de práticas educacionais paternas predominante nas

famílias, identificadas por Moreno e Cubero (1995):

“Chamam de” pais autoritários “aqueles que, além de serem pouco

comunicativos e afetuosos, são bastante rígidos, controladores e restritivos quanto

ao nível de exigências de seus filhos. As condutas são avaliadas a partir de

rigorosos padrões preestabelecidos. Valorizam a obediência às normas e regras

por eles definidas, e não se preocupam em explicar às crianças as razões destas

imposições nem prescrições por parte da criança, fazem uso de severas ameaças,

do castigo físico e de outras medidas disciplinares”.

Em contrapartida, os “pais permissivos” valorizam o dialogo (as

opiniões das crianças são freqüentemente solicitadas e quase sempre aceitas) e o

afeto. São pais que tem enorme dificuldade em exercer algum tipo de controle

sobre a criança. Consequentemente são bastante tolerantes até mesmo

indulgentes em relação aos desejos, atitudes impulsos infantis. Normalmente

estes pais não costumam exigir responsabilidade de seus filhos.

Os “pais democráticos”, por sua vez, parecem conseguir um bom

equilíbrio entre a necessidade de controlar e dirigir as ações infantis, de exigir seu

amadurecimento e independência, e o respeito ás necessidades, capacidades e

sentimentos de seus filhos. São pais que apresentam níveis altos de comunicação

e afetividade com seus filhos. Apesar de demonstrarem flexibilidade e esforço em

compreender o ponto de vista de seus filhos, conseguem estabelecer regras e

limites claros (cujos motivos são freqüentemente explicados) que são mantidos de

forma consistente, conseguindo, assim uma disciplina firme, adequada às

condições e possibilidades das crianças”. (Aquino Julio, 7¤edição, p.97). A escola

tem sim sua tarefa de educar quanto à disciplina, pois é nesta instituição que se

aprende a viver numa diversidade maior, é o local que oferece o ato de provocar

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transformações de comportamento e desenvolvimento, temos um exemplo no

filme Sociedade dos Poetas Mortos, e no Mr. Horlid .

Estar sempre em parceria com a família é de fundamental

importância para formar valores nos alunos, se caso a escola não conta com o

apoio familiar, fica muito complicado até conscientizar o aluno da necessidade de

trabalhar em coletividade colaborando para o melhor andamento da classe e não

atrapalhando. A escola tem sim sua tarefa de educar quanto à disciplina, pois é

nesta instituição que se aprende a viver numa diversidade maior, é o local que

oferece o ato de provocar transformações de comportamento e desenvolvimento,

temos um exemplo no filme Sociedade dos Poetas Mortos, e no Mr. Horlid .

Estar sempre em parceria com a família é de fundamental

importância para formar valores nos alunos, se caso a escola não conta com o

apoio familiar, fica muito complicado até conscientizar o aluno da necessidade de

trabalhar em coletividade colaborando para o melhor andamento da classe e não

atrapalhando as atividades.

Talvez alguns colegas educadores me condenem com o que vou

aqui registrar; Graças a Deus temos alunos indisciplinados, são eles os nossos

grandes desafios, de provarmos a eficiência do nosso trabalho, uma sala de

comportados e medrosos é uma sala pouco criativa, pouco questionadora, é claro

que quando a indisciplina ultrapassa os limites aceitáveis, como um professor ser

agredido ou ameaçado, ai é caso de delinqüência, caso que não é para ser tratado

por professores, não somos psicólogos ou assistentes sociais, quando a criança

apresenta reações patológicas, podemos sim, junto a um profissional da

psiquiatria, colaborar com estes quadros, não vamos confundir indisciplina com

crianças e jovens patologicamente comprometidos nem com problemas de

índole.Não é fácil lidar com a indisciplina, mas não podemos ter uma educação

saudosista, onde: no meu tempo, isso não seria possível. Mas foi este tempo da

escola rígida que não impediu que a nossa sociedade atual seja tão desigual,

onde os alunos de escolas rígidas não aprenderam a respeitar a coletividade, por

isso tantos corruptos e tantos querendo levar vantagens em tudo, não evitou a

degradação da natureza...

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Quem sabe se pensarmos numa educação do futuro esquecendo um

passado falho, educando nossos alunos a serem competitivos mas, respeitando o

próximo. É a educação respeitando as regras, é hora de arrumarmos a casa, às

vezes sendo um pouco de Piaget, outras um pouco de Pinochet.

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CAPITULO-II

REFLETINDO SOBRE MÚSICA: SUAS INÚMERAS DEFINIÇÕES

E COMO A SENTIMOS.

O que será que realmente à música pode fazer para otimizar na

mudança de comportamento de um aluno ou de um grupo de alunos, para melhor

aceitar as diferenças? Neste capítulo irei mostrar as metodologias da educação

musical , as mais utilizadas na atualidade, para encontramos as possibilidades de

modificar ou de conscientizar o indivíduo para atuar na sociedade.

Podemos encontrar varias definições sobre música como:

“Música é alguma coisa de que se gosta ; música é som

organizado com ritmo e melodia; música é som agradável aos

ouvidos ; música é arte ou música é uma atividade cultural relativa ao

som.” (Schafer, 1996, p.25).

Todas essas definições foram ditas por alunos de música do autor, citado

Schafer, que segue com a seguinte experiência: Ao colocar um disco de jazz,

todos concordaram que era música, porém a definição de que é algo de que se

gosta caiu por terra pois nem todos gostam de jazz. Numa segunda experiência,

ele apanha uma lata de lixo e um tímpano que são percutidos e vem dai a

pergunta, isso pode ser chamado de música? A sala responde que o som do

tímpano sim porém a lata não, mas quando o autor usa os dois criando uma célula

rítmica e melódica , todos passam a dizer que daquela forma a lata estava

fazendo parte do contexto da música.

O que podemos arriscar em dizer é que a música (som, ritmo, timbre,

melodia) mexe e muito com o ser humano é uma arte que envolve o indivíduo pela

alma é algo ligado ao cósmico. O rock pode me centrar de maneira agradável

porém o funk me transporta para o stress total e para outras pessoas é

exatamente o contrário.

A música, os sons fazem parte de cada segundo de nossa existência,

estamos envolvidos constantemente pelo som ou silêncio (pausa).

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Os parâmetros que compõe a música, estão em toda parte, “dos animais

às máquinas do vento e da chuva aos ruídos do mar, da cidade ao campo, do

interior ao exterior dos edifícios , dos bebês aos adultos.” (Mary Sue, p3).

Desde criança vivenciamos estímulos e respostas sonoras, como bater

palmas, fazer sons com a vibração da língua e lábios , podemos dizer com toda

certeza que já nascemos um instrumento musical (voz corpo).

“Com as atividades rítmicas, a criança libera seus impulsos, inclusive sua

agressividade, e realmente” fala “com o corpo. Este é um importantíssimo caminho

para a criatividade”.(Mary Sue)

A música não é uma linguagem única , ela respeita povos diferentes e

suas culturas, respeita gosto individual, portanto ela permite penetrar no mundo da

criatividade , claro se for feito com liberdade, aceitar o improviso como um ato e

“falar” através do som externar sentimentos.

A música deve ser aplicada aos nossos alunos respeitando a suas

habilidades, e não esperar que ele seja um virtuoso , pois assim ela seria usada

não como um apoio ao desenvolvimento do indivíduo mas como algo que reprime

com autoridade que a métrica impõe. Falo isso pois se acredito que a música pode

ser um instrumento que irá otimizar no comportamento dos alunos, tenho que

utiliza-la respeitando a criatividade e a cultura de cada um , porém tenho

consciência de ser mediadora e educadora e professora.

Segundo alunos filósofos como ( Schopenhauser e langer) acreditam no

poder de transformação que a música pode causar em nós , pois “ É uma

expressão idealizada das energias vitais e do próprio universo; não há dúvidas de

que essa noção possa concretizar-se de maneira atrativa e convincente, como já

fizeram Dalcroze e alguns poucos outros.”( Schafer, op. cit., p.295).

As crianças que desde cedo tem um contato com a música e a

participação desde os primeiros anos escolares, com certeza são crianças que

desenvolvem a parte motora do ritmo do corpo com mais agilidade do que as que

não tem este contato. O andante = caminhar, vivace = corre, stacatto = pular,

saltar, legato = dar as mãos numa brincadeira de roda onde se aprende a

socializar , respeitar brincando, cantando, respirando para mostrar a arte tudo é

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adquirir autoconfiança, responsabilidade e conhecimento cultural. É a música no

papel da formação cultural e do caráter do cidadão. Onde tudo isso pode parar?

Se a música é uma arte que dentro da pedagogia musical mexe tanto com o ser

humano, fica claro sua potencialidade de colaborar sim, com a disciplina escolar e

com a aceitação das diferenças, quando a instituição define bem o que é disciplina

ou não.

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CAPITULO III

METODOLOGIAS E TENDÊNCIA DA PEDAGOGIA MUSICAL

Hoje nós educadores (que procuram estar sempre se atualizando),

temos a clareza de não cometer o erro de adotar apenas uma metodologia de

ensino. Não há fórmulas prontas para formar nossos alunos, a boa química da

educação é uma mistura de metodologias e filosofias, aliadas ao bom censo e

muito amor pela educação.

Com a educação musical não é diferente, temos que conhecer

metodologias musicais, conhecimentos culturais e a bagagem de informações que

traz nossos alunos, para que a aula seja atrativa, prazerosa e absorvida. Dentro

das metodologias já existentes e as que estão chegando, irei selecionar as que

consideram de maior relevância para este trabalho, mas que fique claro que todas

as não citada também são parceiras para a formação das nossas crianças e

jovens.

Para Dalcroze a percepção rítmica é o caminho para aguçar a

sensibilidade musical. Esta percepção rítmica vem e é aplicada com exercícios e

movimentos físicos, é entender a música primeiramente pelo ritmo natural do

corpo. “aperfeiçoar a memória, desenvolver o caráter e enriquecer o cérebro. É

necessário fazer música fisicamente, para depois poder expressa-la” (Ermelinda

Paz , p 257).

Dalcroze acredita que a primeira influência a sensibilizar a infância é

o ritmo, pois é fácil perceber os movimentos corporais das crianças, com pular,

rodar, cair, gritar, falar com as mãos e muito outros movimentos, que são

parâmetros que compõe o sentir e fazer música.

POSSIBILIDADES DO MÉTODO:

Ü Movimentos musculares amplos são mais significativos com

uma corporação de esquemas musicais específicos do que

movimentos estreitos ou meros conceitos intelectuais

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Ü O ritmo do corpo ajuda a liberar certas tensões emocionais e

consequentemente, incentiva a integração da personalidade.

Ü Movimentos rítmicos do corpo, em companhia de outras

pessoas, tendem a promover a sociabilidade.(Ermelinda, pág

258).

Dalcroze lançou a semente de uma nova pedagogia musical, porém

limitado para um aprofundamento do ensino da música, pois valoriza basicamente

a parte rítmica.

Em Orff, que não é um método, mas sim uma filosofia “orffiana” que

tem como pontos principais:

Ü Reconhecimento da música ligada a outras atividades

elementares movimento e linguagem.

Ü O instrumental especifico, que tem a ver com as pretensões

da abordagem, da filosofia.

Ü Jogos improvisatórios de eco, de perguntas e respostas, as

pentatônicas e a utilização de modos, caracterizando as

atividades.

Ü A não pretensão da formação de música e sim, a vivencia

musical.

Orff valoriza o corpo, como se este fosse um instrumento musical,

valorizou intensamente o folclore de seu país, mexendo assim com a auto –

estima da criança ou do jovem.

Sobre o método Kodály quem melhor pode explicar aqui no Brasil é

sem dividas Ian Guest, professor húngaro radicado no Brasil e maior divulgador do

método.

“A prioridade de Kodály não foi fazer um método,mas o levantamento

do folclore húngaro, juntamente com Bela Bartók.

Eles elaboraram um glossário de músicas folclóricas, por épocas e

estilos.(...) Não é um método puramente vocal Também inclui uma

parte lúdica, brincadeiras com música, instrumento de percussão,

flauta doce. É um processo muito natural e, através da vivência

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musical, a criança é levada a falar o idioma da música, o musiques.

Para Kodály, a iniciação musical deveria começar nove meses antes

do nascimento “(Ermelinda, p. 263)”.

Ian Guest fala que a música na Hungria, como acompanha o aluno

em toda sua vida escolar, as pessoas são altamente ligadas à questão da música

e lêem com tranqüilidade qualquer partitura, ele acredita que isso ajuda o

estudante no seu desenvolvimento cognitivo, moral e uma grande valorização ao

elemento patriotismo. Para melhor encerar Kodály, cito este dizer que muito me

tocou: “Para ser cidadão, a música é fundamental” (Kodály).

Agora entraremos nos novos pesquisadores de novas metodologias

para se trabalhar a educação musical, em primeiro lugar citarei Cecília Conde. No

seu projeto de pesquisa da educação musical : Significado e funções da música

do povo na educação.

O projeto primeiramente fez um levantamento do ensino de musica

que deram base as questões abaixo:

Ü Levantamento se a música na escola estava como fator

integrador e sustentador nas manifestações de arte em

comunidades selecionadas

Ü A organização da linguagem musical nas comunidades

Ü Testemunho de compositores brasileiros eminentes, eruditos e

populares, sobre o contexto em que desenvolveram sua

musicalidade e como se pronunciam quanto a tradições e

renovações musicais, funções da música lúdica, educativa e

socializadora, relacionamento música-cultura-educação,

distinção entre educação musical e educação artística e

procedimento da expressão musical;

Ü Quais os instrumentos mais utilizados nos folguedos, festas

populares e religiosas, escolas de samba, blocos

carnavalescos e conjuntos regionais. (Ermelinda, p. 190-191)

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As comunidades estudadas têm uma prática musical altamente

significativa, que neste trabalho se faz de grande importância, pois estas

comunidades mostram o quanto à música pode realmente faze transformações

numa comunidade.

Este projeto tratou de fazer um levantamento da vivência musical de

algumas comunidades, foram levantadas:

1. Músicas que apresentam, dramatização das histórias

cantadas, presença de ciclos espontâneos, cantos,

folguedos,festas populares, religiosas, profanas e outras.

Todos estes levantamentos estão voltados para a formação cultural

de cada comunidade. De base nesses dados é que o professor de música inicia

seu trabalho; é a música pela música, e não a preocupação da formação

acadêmica que as escolas de música querem dos seus alunos, futuros virtuosos,

muitas vezes tendo a música como um objeto de vaidade pessoal, esquecendo ou

não se dando conta do poder de transformação de comportamento e melhora

espiritual que tem em amar e fazer música.

Um outro projeto de grande importância para este trabalho, foi o

realizado pela autora do livro aqui mencionado, professora Ermelinda A. Paz , que

nos traz as seguintes reflexões : “– a vida é ritmo, toda a natureza está repleta de

ritmo, o organismo humano possui seu ritmo biológico, as brincadeiras e os jogos

infantis tem no ritmo um grande aliado.”(Ermelinda, p. 195)”.

A professora se deteve nas baterias de escolas de samba do Rio de

Janeiro, para esta monografia, achei muito pertinentes os depoimentos recolhidos

pela professora aos mestres de bateria, foram estes:

“A QUESTÃO DA DISCIPLINA”

Todos os mestres foram unânimes em afirmar que o bom senso

rítmico e a acadêmico da bateria eram muito importantes. Todavia, muito mais

importante era a questão da disciplina nos ensaios, e também por ocasião do

desfile.

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Ü Temos um livro de presença para os ensaios . Com quatro

faltas por mês é cortado da Bateria. Meu irmão foi cortado

porque faltava muito. Tem que ter regularidade,

responsabilidade, saber respeitar e ser bom ritmista. (Mestre

Jorjão)

Ü Na Avenida é como se fosse uma guerra. A gente vai para

garantir os 30 pontos. Ninguém brinca. Não tem essa de ficar

girando pandeiro na frente. Se alguém se meter a fazer

gracinha, os companheiros logo reclamam. A cobrança em

cima do Diretor de Bateria é muito grande. Tem que dar os 30

pontos . Na hora é assim. Olha, rapaziada, agora é a vera! E

todo mundo leva a sério. (Mestre Russo).

Ü Coesão e disciplina, principalmente, são muito importantes.

Saber se portar, nunca chegar alcoolizado, não faltar e nem se

atrasar para os ensaios . Não pode exceder na bebida, tomar

uma cervejinha não faz mal a ninguém. (Mestre

Sílvio).(Ermelinda, p. 206)

A professora Ermelinda também cita um outro fator muito

interessante em umas de suas idas ao GRES Estação Primeira de Mangueira,

onde presenciou um ritmista ser chamado à atenção por não estar com a camisa,

uma das regras é de não tocar sem camisa, o ritmista foi suspenso por três dias.

Chegamos em Hans-Joachim Koellreutter, alemão naturalizado

brasileiro, chegou ao Brasil em 1937. Grande personalidade brasileira, inovou,

ousou, polemizou, dinamizou a educação musical no Brasil. Afirmou “A música é,

e, primeiro lugar, uma contribuição para o alargamento da consciência e para a

modificação do homem e da sociedade” (Teca A de Brito, 2001, p . 26). Só reforça

ainda mais a minha idéia de que em todas as escolas deva-se ter a presença das

artes, em particular a música, pois é transformadora, mas para que essa

transformação aconteça de maneira verdadeira é necessário reiterar que o

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profissional da área conheça diversos métodos devendo estar sempre se auto

questionando e procurando novas respostas como o Koellreutter diz:

Ü Os princípios pedagógicos que orientam a sua postura como

educador:

1. aprender a apreender dos alunos o que ensinar;

2. Questionamento constante: POR QUÊ?(alfa e

ômega;principio e fim da ciência e da arte);

3. não ensinar ao aluno o que ele pode encontrar

nos livros.

Ü A atualização de conceitos musicais, de modo a viabilizar a

incorporação de elementos presentes na música do século XX

no trabalho de educação musical.

Ü O relacionamento e a interdependência entre a música, as

demais artes, a ciência e a vida cotidiana.

Ü A improvisação como uma das principais ferramentas para a

realização do trabalho pedagógico-musical.

Ü O objetivo maior da educação musical: o ser humano.Ü

Em Koellreutter, a valorização da interdisciplinaridade é de grande

relevância e assim com certeza se torna uma das melhores vias para valorização

do humano, onde se descobre que precisamos passar por todas as ciências pois é

através dos novos conhecimentos adquiridos que formamos nossas aptidões e

como melhor nos relacionamos entre a sociedade e ao meio ambiente.

Sobre seu método Koellreutter diz: “meu método é não ter método. O

método fecha, limita, impõe...e é preciso abrir transcender, transgredir, ir além..”

O espírito criador é o principio vital para o ensino artístico, primeiro

cria depois se estuda o que foi criado como ritmo, pulso, melodia, harmonia.....

A educação musical não é somente para adquirir os conteúdos, as

técnicas da música,mas esta ligada a formação humana, a arte esta condicionada

a qual sociedade e ao cotidiano de quem a faz.

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Uma idéia dos objetivos sobre educação musical segundo

Koellreutter são:

“...tem a função de desenvolver a personalidade do jovem como um

todo; de despertar e desenvolver faculdades indispensáveis ao

profissional de qualquer área de atividade, como, por exemplo, as

faculdades de percepção, as faculdades de comunicação, as

faculdades de concentração (auto disciplina). (Teca, 2001 p.41)

“O Humano, meus amigos, como objetivo da educação”(Koellreutter).

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CAPITULO-IV

DEPOIMENTOS DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Depoimentos sobre a importância ou não da educação musical na

formação de nossos alunos.

1. “a educação musical contribui para o desenvolvimento da

sensibilidade e inteligência estética e de uma outra leitura do

mundo que não é só a racional, se for trabalhada desde os

primeiros anos escolares, favorece um desenvolvimento de

uma leitura mais critica, estética, criativa do mundo. Isso hoje,

onde vivemos numa sociedade tão voltada para o

racionalismo, materialismo puro e absoluto paro o lucro, criar

nossos alunos desde cedo, o desenvolvimento dessa outra

visão de mundo é fundamentalmente na educação .Crio estar

ai uma das principais contribuições da educação musical

desde a educação infantil.” (Drª Vanda Freire, prof. De música

da UFRJ e presidente da Associação brasileira da educação

musical).

2. “Acredito que a educação musical contribui desde quando o

bebê ainda esta no ventre materno.Ela pode contribuir de

vários aspectos, as pesquisas mostram que a educação

musical melhora na parte cognitiva e em uma serie de

comportamentos que se desenvolve por meio da educação

musical. Em Curitiba já existe um trabalho com bebês onde já

ouvi depoimentos dos pais e professores que relatam os

desenvolvimento dos bebês seja na socialização, atenção e a

parte motora, enfim a parte emocional e afetiva transformando

pais e filhos”.

Hoje em dia vários estudiosos tem relatado que é de vital

importância do ensino das artes em geral. Tem um sociólogo

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italiano, Domenico de Marzzi, que tem falado muito sobre a

grande saída hoje para empresas e para os indivíduos em

obter parte de um sucesso profissional, é a criatividade, a

criação, o ser humano irá se diferenciar pelo potencial criativo

que ele tem. Esse desenvolvimento vem sem duvidas por

meio das artes. Para fechar a música esta na vida da gente,

ela te auxilia desde a parte motora como na parte espiritual,

você já viu alguém que nunca teve contato com a música?

(Drª Bernadete Zagonel, UFPR).

3. todas as civilizações sempre souberam desse poder da

música, na Grécia e China os impérios a usavam para dividir

as classes sociais (cada classe tinha direito a algumas notas

ou seqüências). No Brasil na época do Getulio o uso da

música como disciplinadora, enaltecendo o civismo, de forma

ditadora. Daí podem ver o seu potencial de penetração, pois

atinge uma grande parte da sociedade.

Se tivermos professores que saibam usa-la de maneira com

que o aluno sinta prazer em estar na sala de aula, com toda

certeza a música estará contribuindo para o bom

relacionamento entre aluno-escola. (Ms.Christiane Assano,

professora de música da FAETEC).

4.Primeiramente no cognitivo emocional, para em seqüência

influencia-lo na sua educação geral; a música vai fornecer ao

cidadão toda uma imensidade de valores sociais, educativo,

filosófico e até mesmo artístico, colaborando em muito na sua

transformação social, no que se refere à percepção, estética e

sentimental.(Maestro João Carlos, FAETEC).

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5.A educação musical pode contribuir de forma bem

significativa com o “alinhar” de pensamentos e condutas.

Nessa disciplina, a criança tem possibilidade de trabalhar as

habilidades motoras, intelectuais, sensoriais e principalmente

afetivas.

Durante a aula, a criança tem a oportunidade de liberar

sentimentos, emoções, retratar fatos de sua vida, partilhar

idéias, pensamentos e concepção de mundo. Através disso

podemos enquanto educadores intervir e contribuir para a

formação de cidadãos que pensam, atuam e interagem uns

com os outros e com o mundo.

De certa forma resgatar valores, analisar conceitos e posturas

adotadas redimensionando as ações.(Pós-graduada Ana

Paula Batalha, supervisora CICM).

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CONCLUSÃO

EXPERIÊNCIAS DO COTIDIANO ESCOLAR

Como é bom trabalhar com música, e com a intenção de fazer desta

tarefa uma maneira de ajudar na formação do indivíduo. Estive a todo o momento

com a idéia de escrever sobre um trabalho que realizei no ano de 2000 na Escola

Municipal Rodrigo Otavio Filho, com uma turma de 5ªserie do aceleração, me

lembro quando entrei pela primeira vez na sala de aula e a primeira coisa que fiz

foi me apresentar, eles ali caldos, seus olhos diziam:” para que eu preciso de aula

de música?” Foi um trabalho de conquista diária, procurei saber quais eram os

seus gostos musicais, uns gostavam de pagode outros de funk, mas como

estávamos na época do carnaval falei sobre a história das escolas de samba e,

como é raiz de todos eles, rapidamente houve a troca. Eu falava das histórias do

passado, origem e evolução das escolas no Rio de Janeiro e eles do hoje. Como

não tínhamos instrumentos o jeito é cria-los, latas de vários tamanhos, chocalhos,

baquetas de bambu, foi um grande acontecimento que culminou numa parodia sob

o tema da imperatriz Leopoldinense, e nossa turma no pátio da escola como uma

verdadeira “escola de samba” , até porta bandeira de cabo de vassoura nós

tivemos. O que mais enriqueceu este trabalho foi o fato de não somente na aula

de música, mas foi aproveitado por todos os professores, fizemos assim um

projeto sair do papel, a tal da interdisciplinaridade aconteceu. Após a realização

escutei algo assim “professora hoje foi o meu melhor dia na escola, devia ser

sempre assim, legal.” Então penso que depende de nós professores fazermos das

nossas aulas mais criativa e atraente, não me interessa dizer a esses alunos que

uma semínima vale duas colcheias, ele precisa conhecer o vasto mundo de ritmos

que tem a música, para senti-la viva e não sobre um papel, a música na escola

deve chegar ao aluno e toca-lo na alma. Depois deste evento, senti que eles se

sentiam importantes, passaram a perceber que cada um fazia a diferença, pois

perceberam e se preocuparam com os que não foram, a postura deles em sala de

aula melhorou.

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A música na escola tem que estar interagindo com o corpo, e por

acreditar nisso, criei ainda na Rodrigo Otavio Filho, um grupo de danças

folclóricas, a música é executada ao vivo. Lembro-me da aluna Márcia (14 anos),

ser uma menina bastante arredia, respondona e desinteressada, quando à

convidei para um ensaio e que ela topou, me deu logo uma grande felicidade, pois

eu sabia que ela seria tocada por aquele ritmo do maracatu, frevo, congada... e

não deu outra, Márcia hoje é uma aluna que mudou até na maneira de falar, sua

Auto-estima foi totalmente revigorada, e ela como os integrantes do grupo se

sentem muito importante dentro da escola.

Além da dança folclórica, fiz um trabalho este ano de 2001, também

com crianças de 5ªserie, agora explorando a parte melódica, grupo de flauta doce,

no início houve uma certa resistência pois se achavam incapazes, diziam :”é muito

difícil” eu respondia quando nós queremos nós conseguimos, flauta doce é muito

simples, me dê uma chance de vocês aprenderem Ok? Apesar de ser um

instrumento barato (um real), alguns demoraram a comprar , pois um real, para

alguns desta comunidade é uma quantia que faz diferença no orçamento familiar,

então para estes emprestei as minhas, mas em torno de 90% já haviam adquirido

sua própria flauta. Como nosso projeto era a nossa cidade, nossa primeira música

foi Cidade Maravilhosa, um sucesso para eles e os colegas da escola que muito

os incentivaram. Fizemos algumas apresentações fora da escola, bem sucedida,

as crianças se sentiam muito importantes, e são.

Partindo para experiências em escola particular, a música não muda

sua “linguagem”, é bem recebida e também mexe com as crianças. O uso dos

instrumentos é realmente a atividade que eles mais gostam. O tambor exerce um

fascínio por meninos e meninas, o segundo é o pandeiro mas os pobres dos

chocalhos e triângulos são quase sempre desprezados. Então para que todos

possam passar por todos os instrumento e aprender a valoriza-los, a cada

mudança de música fazemos a troca dos instrumentos, com o tempo eles

descobrem que todos os sons têm a sua importância, assim como cada um deles.

Antes de usar os instrumentos, eles aprendem a ouvir a música, melodia e

sonoridade, depois cada um aguarda seu naipe aprender o ritmo e as entradas.

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Atenção, concentração para sentir e contar as entradas e pulsos é com certeza

um meio de disciplinar nossos alunos de maneira prazerosa. Procuro sempre fazer

comparações com situações que vivenciamos no nosso cotidiano, como: Cada

instrumento tem o seu momento de entrar? É a mesma coisa com a gente,

devemos aguardar nosso momento para falar, entrar e sair da sala........é assim na

vida, tudo tem seu momento.

A solidariedade que se cria entre as crianças é muito interessante,

tem momentos que percebo um aluno não esta tocando no ritmo, mas sem que eu

precise ir ajuda-lo, o colega do lado, quando percebe, faz a marcação de frente

para o outro na tentativa de que este perceba que está fora, o mais bonito é que

não sinto ar de superioridade, ou a vaidade aflorar no que ajuda e sim a satisfação

de ser colaborador.

Uma outra atividade que geralmente é organizada pelos professores

de artes ou educação física, são as comemorações na escola. Esta atividade

quando bem planejada, consegue envolver todos seguimentos da escola, os

alunos quando sentem que há um envolvimento geral, adquirem um grau de

responsabilidade muito grande, pois eles serão os atores e autores das

apresentações, na preparação percebemos a ansiedade do dia da apresentação,

o cuidado de fazer trabalhos bonitos, a responsabilidade de não faltar, a bagunça

é deixada de lado, pois naquele momento o a consciência do fazer bonito depende

de cada um para o grupo sair bem, o envolvimento da família, que reserva um

tempo para seus filhos e estes a felicidade de saber que estão ali por ele. Tudo

isso cria nos nossos alunos confiança, auto-estima, responsabilidade,

companheirismo, é mais um papel da escola. É importante frisar que

comemoração não deve ser uma mera apresentação de musiquetas que as

crianças dançam com gestos óbvios, mas sim com valor de criar no aluno o

sentido de tradição da nossa cultura, dos nossos costumes, do nosso

nacionalismo, bem como festa que tenha uma mensagem para toda comunidade

escolar e quem é espectador.

Uma dessas comemorações que ficou na ,memória foi numa festa

junina em que propus fazermos sobre o Bumba-meu-boi, onde minha supervisora

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não concordava pois não fazia parte dos festejos juninos do Rio de Janeiro, e

poderíamos ser questionados sobre o tema, ela achava mais prudente se

fizéssemos numa festa do folclore, levei um material sobre o tema, explicando que

é tema dos festejos juninos na região do nordeste e norte, estaríamos assim

divulgando a cultura de uma outra região e mostrando a diversidade cultural que é

nosso país. Conversei com as professoras de classe, que tiveram reação contraria

a da supervisão, abraçaram a idéia e ai iniciou o projeto Bumba-meu-boi, cada

matéria aproveitou textos das musicas ou da literatura para trabalha em sala de

aula. Um desses trabalhos que muito me chamou a atenção foi um de matemática

em que a professora confeccionou uns boizinhos para as crianças fazerem

cálculos. Víamos o envolvimento das crianças, era visível a empolgação, saiam

cantarolando as músicas e tudo era “ê boi ê boi”. O menino que dançou o boi, era

muito tímido e nunca quis dançar, então aquele ano sugeri a ele que fosse o boi,

pois iria ficar escondido e ninguém ira velo, ele aceitou, no dia da festa quando

retirei o boi de cima dele para apresentar quem tinha dançado tam bem o boi,

fiquei muito emocionada quando vi que ele chorava de emoção, e me

perguntou:”essas palmas são para mim?” Este menino ate hoje(cinco anos

depois)quando me vê fala:”professora lembra de mim? “ Foi um momento que

percebi mudou alguma coisa nele, o que percebi foi a sua participação bem mais

significativa nas outras atividades.E a minha supervisora ! Bem esta aprendeu

mais uma das riquezas culturais do nosso Brasil, e foi muito significativa a união

de todas as professoras que conseguiram envolver de encanto nossos alunos.

Por tudo isso e o que irei descobrir ao longo da minha amada

profissão, acredito na colaboração que a música pode dar para melhor formar

nossos alunos, conscientiza-los de que cuidando do espaço escolar e melhor se

relacionando com colegas, professores e funcionários eles serão melhores e a

humanidade também.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

PAZ, Ermelinda A.. Pedagogia Musical Brasileira Do Século XX /Metodologias e

Tendências. Brasília: Musumed, 2000.

SCHAFER, R. Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Unesp, 1991.

HEMSY de Gainza, Violeta. Estudos de Psicopedagogia Musical. São

Paulo:Summus,1988.

HOWARD, Walter. A Música e a Criança. São Paulo: Summus, 1984.

PORCHER, Louis. Educação Artística: Luxo ou Necessidade? São

Paulo:Summus,1982

BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter Educador: O Humano Como Objetivo da

Educação Musical.São Paulo: Peiropóplis, 2001.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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Educação Musical.São Paulo:Peiropóplis, 2001.

CARVALHO PEREIRA, Mary Sue.Música e Ritmo : Caminho Para Sensibilidade,

Conhecimento e Ação. Artigo, Rio de Janeiro, 2001.