LEVANTAMENTO DO POTENCIAL MEDICINAL DAS PLANTAS PRODUZIDAS ...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · A psicologia do ensino designa a parcela da...
-
Upload
nguyenkien -
Category
Documents
-
view
214 -
download
0
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · A psicologia do ensino designa a parcela da...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PRÁTICA DA PSICOLOGIA NA PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Por: Andréa Quina de Oliveira
Orientador
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2011
k217430
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PRÁTICA DA PSICOLOGIA NA PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Monografia apresentada no Curso de Pós-Graduação
em Pedagogia Empresarial, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Pedagogo Empresarial,
sob orientação do professor Marcelo Saldanha.
k217430
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me guiou nesta jornada.
A meu marido e meus filhos que me
auxiliaram nos serviços domésticos e me
compreenderam quando o meu tempo
foi escasso.
Aos meus professores, que deram sua
contribuição para que ao término deste
curso eu realizasse minha profissão com
êxito.
k217430
4
DEDICATÓRIA
A Deus e a minha família, em especial a
minha gerente e amiga Fernanda
Guimarães que me ensinou a expor minhas
idéias sem receios e assim crescer pessoal
e profissionalmente, com todo amor e
carinho.
k217430
5
RESUMO
A Psicologia é o fruto do desejo da tentativa do homem por se conhecer.
Diz-se que na Grécia Antiga o lema da escola do grande filósofo Sócrates é:
“Conhece-te a ti mesmo”.
Os filósofos gregos estudavam de tudo, eles deram dimensões
admiráveis à capacidade humana de pensar e pesquisaram sobre os aspectos
da existência humana e do universo. O termo Psicologia é de origem Grega e
pode ser traduzido etimologicamente como Estudo da Alma. O que estuda a
Psicologia? Certamente o homem.
Que aspectos do homem a psicologia estuda? Estuda a mente, a
consciência, a personalidade, porém a definição que expressa razoável
consenso é a ciência do comportamento humano.
Aprende-se psicologia através de debates, observações, comparações e
análises, encontrando problemas e soluções estabelecendo uma visão de
mundo.
A Psicologia Evolutiva explica as características e o processo de
passagem da infância e da adolescência. A Psicologia da personalidade estuda
o modo de ser de cada pessoa, como se organiza e funciona o chamado
psiquismo. A Psicologia da aprendizagem contribui quanto ao modo como as
pessoas aprendem, o que aprendem e o que fazem com o que aprendem e
suas condições necessárias para aprender. A Psicologia da aprendizagem
estuda o aluno que foi visto em processo de desenvolvimento e esta
organizando sua personalidade. É uma pessoa que aprende, que se
desenvolve, que se constrói. Estudam aspectos do ser e do fazer do homem.
k217430
6
METODOLOGIA
O uso da psicologia no ambiente empresarial me chamou a atenção, pois
em 15 anos de trabalho fiquei condicionada ao meu ambiente profissional por
receio de não ser aceita quando atingisse a gerência.
Em dois anos de convivência com minha gestora, formada em psicologia,
modifiquei meu jeito de agir e de entender as pessoas e usar meu conteúdo
para atingir a eficácia.
Após esta vivência, comecei a me interessar por este assunto e pesquisar
em internet, em leituras bibliográficas como a “Psicologia Empresarial”.
Apaixonei-me pelo assunto e me matriculei na Pós em Pedagogia empresarial
para começar a trilhar esse novo caminho que passei a acreditar.
Nos encontros em classe lidei com a didática e a psicologia de vários
professores e percebi que os alunos eram convidados a participar e suas idéias
eram expostas e tratadas.
Um ser independente de cor, raça, religião, feiúra, beleza, com muita
inteligência ou pouca, não deve ser discriminado, maltratado, pois cada um tem
seu tempo de aprender e seu tempo de refletir.
Hoje quero ser pedagoga empresarial! Uma mistura de tudo, uma mãe
com centenas de filhos tentando orientá-los, lutando para educá-los, querendo
acompanhá-los e se esforçando para entendê-los, e se necessário um puxão de
orelhas e às vezes chata nas cobranças. Um pai, sendo firme quando
necessário. Um orientador, tentando mostrar o caminho certo, um psicólogo,
tentando entender seus problemas. Um mestre no ensinamento. Um amigo para
acompanhá-los na sua conduta, ou seja, cumprir minha missão.
k217430
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9 I A PSICOLOGIA DO ENSINO E A PRÁTICA NO AMBIENTE EMPRESARIAL ......................................................................................................... 12 1.1 Origens e Evolução da Psicologia da Educação e da Psicologia do Ensino no Ambiente Empresarial. 12
II O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA NO AMBIENTE EMPRESARIAL ......................................................................................................... 24 2.1 Os Conteúdos da Psicologia do Ensino 26
2.2 Necessidade do sistema educativo e da pesquisa psicoeducativa 28 2.3 A Interação Pedagogo/Funcionário em uma perspectiva Construtiva 30
III A APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES................... 33 3.1 As Capacidades Humanas nas Diferentes Teorias de Aprendizagem 35
CONCLUSÃO .............................................................................................................. 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 40 BIBLIOGRAFIA CITADA ..................................................................................... 41 FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................................. 43
k217430
8
k217430
9
INTRODUÇÃO
A configuração histórica da psicologia da educação e do ensino objetiva
estudos, conteúdos e problemas que trata; por outro lado oferece elementos
e critérios que permite valorizar as contribuições da psicologia ao estudo dos
problemas educativos e a resolução de problemas vinculados ao seu
planejamento e ao seu desenvolvimento.
O que permite identificar a psicologia de ensino como parte da psicologia
da educação é a existência de um tipo de práticas educativa que apresentam
uma série de trações peculiares distintivos como contextos de
desenvolvimento. A psicologia da educação e a do ensino são um dos pilares
fundamentais do âmbito do conhecimento, da atividade científica e da
atuação profissional a partir do qual contribui na elaboração de uma teoria
educativa de pesquisa empírica e, sobretudo de atuação do profissional
fundamentando uma prática pedagógica.
A pertinência da psicologia da educação apresenta a sua justificativa na
natureza pedagógica. Efetivamente, educar na escola representa, entre
outras coisas, em exercer uma influência sobre os destinatários da ação
educativa com a finalidade de orientar as suas ações e os seus
comportamentos a uma determinada direção. Educar na escola representa,
no sentido mais nobre e profundo do termo, ajudar os alunos e as alunas a
tornarem-se donos do seu destino, a desenvolver e a adquirir as capacidades
que lhes permitem atuar e interatuar com os outros e com o contexto de
maneira construtiva. Educar na escola representa, em resumo ativar e
orientar os processos intrapsicológicos que permitem aos alunos capacidades
novas e ampliar o seu campo de vivências e de experiências.
A concretização da aprendizagem e a do ensino escolar depende
diretamente da efetividade do professor, isto é, da sua habilidade e, fazer
k217430
10
com que os alunos atinjam plenamente os alvos especificados para a sua
educação. A efetividade é definida e avaliada, em termos de
comportamentos, conhecimentos e capacidades, manifestados pelos alunos
após o ensino. Enquanto o desempenho do professor se refere ao
comportamento do professor do professor quando ensina a uma classe, sua
efetividade é definida em termos em que seus alunos são capazes de fazer
após o ensino. O ambiente de aprendizagem criado pelo professores mais
efetivo é de mais ordem em classe, comprometimento dos alunos; o
professor é menos permissivo e gasta menos tempo em “controlar” a classe;
e os alunos recebem mais elogios e poucas repreensões. Por outro lado
mestres menos efetivos perdem tempo com discussões e ampliações das
respostas dos alunos ou com feedbacks muito elaborados em relações a
estas respostas.
Quaisquer que sejam os recursos mobilizados por quem ensina e quem
aprende, forçoso é reconhecer que dificilmente há aprendizagem e retenção
se o aprendiz não é questionado ou não se questiona a si mesmo, ao longo
da aprendizagem, e se, frente a essas questões, não conta com meios para
verificar o acerto ou erro das suas respostas. A avaliação antes, durante e
após a aprendizagem é uma forma comprovadamente mais eficiente de
garantir mais e melhor aprendizagem para todos.
Porém a educação e o ensino, além de estarem indissoluvelmente
vinculados a processos de mudanças intrapsicológicas, requerem a
comunicação e a relação interpessoal para atuarem. Explicar os fenômenos
educativos escolares, entre outras exigências requer explicar como a
instituição escolar e os professores exercem a influência educativa e chegam
a influir efetivamente sobre os alunos, ativando, oferecendo suporte e
orientando as suas potencialidades de crescimento e de desenvolvimento.
A psicologia do ensino traz ao estudo dos fenômenos educativos
escolares – a sua compreensão e a explicação, as tentativas de planejar um
k217430
11
ensino mais enriquecedor e eficaz, os esforços para resolver as dificuldades e
os problemas que surgem quando colocamos em prática – os conhecimentos
relativos à dinâmica dos processos de mudança intrapessoal e aos processos
de comunicação interpessoal mediante os quais atua, pelo menos em parte, a
influência educativa. A psicologia do ensino aparece assim, como um dos
ingredientes necessários para fundamentar cientificamente a educação e o
ensino. No caso de microssistema escola, o grau de complexibilidade e
variedade das atividades, neste caso, aos papéis do aluno e do professor,
determinam à potencialidade educativa do que ocorre na situação de ensino
aprendizagem e também o grau em que esses promovem a aquisição de
competências ente os alunos. Porém, essa visão ficaria incompleta sem uma
alusão às relações interpessoais.
A análise das características individuais dos alunos e a sua eventual
relação com a aprendizagem escolar constituem uma das temáticas
fundamentais no âmbito disciplinar do ensino. Os fatores interpessoais que
intervêm na situação educativa e em sua repercussão na aprendizagem
escolar, trata-se de uma problemática muito ampla, sendo que sua
compreensão exige também situar os conteúdos no quadro global dos
processos escolares de ensino que neles intervêm e das variáveis que os
influenciam.
A psicologia do ensino ainda não dispõe em seu estado atual de
elaboração de uma teoria técnica e aceita globalmente no seio da disciplina
como um marco explicativo do processo de aprendizagem escolar, apesar da
crescente magnitude e relevâncias das contribuições que oferece para
explicar, planejar e intervir nas práticas educativas escolares. Na demissão
teórica ou explicativa da psicologia do ensino, encontramos, mais
especificamente, certo número de aproximações teóricas e esses processos
de aprendizagem que respondem a coordenadas históricas e epistemológicas
diversas, por vezes complementar e, por vezes marcadamente entre si.
Conhecer e compreender.
k217430
12
I A PSICOLOGIA DO ENSINO E A PRÁTICA NO AMBIENTE
EMPRESARIAL
Segundo César Coll Salvador (2000), a psicologia do ensino é a arte da
psicologia da educação que se refere à educação escolar. Como será visto mais
adiante, ambas têm o mesmo objetivo: estudar, explicar e compreender os
processos de mudança comportamental que se produzem nas pessoas como
uma conseqüência da sua participação em atividades educativas. O que confere
uma entidade própria à psicologia do ensino é a natureza e as características
das atividades educativas que existem na base dos processos de mudança
comportamental estudados.
A psicologia do ensino designa a parcela da psicologia da educação que
estuda os processos de mudanças produzidas nas pessoas como resultado da
sua participação em atividades educativas escolares.
1.1 Origens e Evolução da Psicologia da Educação e da Psicologia do Ensino no Ambiente Empresarial.
Segundo Samuel Pfromm Netto as raízes históricas da psicologia
começaram na Grécia antiga com Sócrates, Platão e Aristóteles. O princípio
fundamental de Platão sobre a aprendizagem humana consiste na afirmação de
que cada um é responsável por sua própria aprendizagem (Leis, livro 7).
Aristóteles assinala a importância do exercício na aprendizagem: “o exercício
guarda a recordação e conserva a memória por meio de uma constante
repetição mental”.
k217430
13
Antes da era cristã contribuições significativas somaram-se aos esforços
se Sócrates, Platão e Aristóteles para a compreensão, a explicação e a prática
de ensino e da aprendizagem. No cenário cultural e educacional grego da
antiguidade, destacaram-se os conferencistas, professores pagos e escritores
conhecidos como sofistas, cujo ensino correspondia às novas necessidades da
sociedade de então. Dedicavam-se, particularmente a duas disciplinas: a
dialética, ou arte da persuasão, e a retórica, ou arte de falar. Foram os
responsáveis pelos fundamentos dessas disciplinas. Além disso, os sofistas
afirmavam que a virtude (areté) podia ser ensinada e aprendida através de
resultados de esforços e procedimentos conhecidos, possibilitando assim a
modificação e o controle do comportamento humano.
Após Grécia, na antiga Roma Cícero e Quintiliano são geralmente
reconhecidos como responsáveis por escritos fundamentais sobre o ensino e a
aprendizagem. Cícero destaca a importância das aptidões da meditação
pessoal, da originalidade, da necessidade da observação e de uma sólida base
de cultura geral. Por outro lado, Quintiliano advoga um vigoroso e rigoroso. Os
aprendizes não devem perder tempo com espetáculos, frivolidades e conversas
inconseqüentes. É imperioso que sua vontade seja influenciada e fortalecida.
Nem as melhores disposições naturais nem o melhor ensino dispensam
exercícios do aprendiz. O segredo da boa memória é o exercício contínuo.
Os primórdios do cristianismo e o século quatorze são geralmente
rotulados como “medievais”. Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino são os
pensadores de maior projeção nesse longo período. Santo Agostinho foi o
grande mentor espiritual da Idade Média até o século treze. “Sua concepção
educacional influenciou e modelou a educação medieval, só vindo a surgir algo
de equivalente durante o século treze, com o aparecimento das grandes obras
da Escolástica, principalmente de Santo Tomás de Aquino, que estudou com
carinho e aprofundou a doutrina do mestre Hipona” (Nunes, 1978, p.204). As
idéias de Santo Agostinho sobre aprendizagem e ensino visam essencialmente
à formação do cristão. Devemos a Agostinho uma concepção básica de
k217430
14
aprendizagem por meio da iluminação interior. A seu ver, só aprendemos de fato
quando somos espiritualmente iluminados: “assim o ouvinte ou o aluno conhece
a verdade não por meio de palavras exteriores dos professores e dos
pregadores, mas através da contemplação exercida pelo olho secreto e simples
da mente, ao aprender as próprias coisas na sua verdade essencial que Deus
lhe desvenda”. Conforme assinala Nunes (1978), “para Santo Agostinho só
Deus é mestre... Os professores na realidade, nada ensinam limitando-se a
provocar os estudantes, a motivar os alunos para o conhecimento”. Na Instrução
dos Catecúmenos, além de propor que os mestres ensinem com calma e
satisfação, Santo Agostinho explica como estes devem agir em sala de aula,
para não maçar os aprendizes com exposições aborrecidas. Indica as seis
principais causas do enfado na aprendizagem e propõe vários remédios: o
ajustamento à linguagem e ao nível dos aprendizes; o entusiasmo do mestre; os
esforços deste para manter a atenção de quem aprende; o recurso às
freqüentes perguntas para verificar se os discípulos estão realmente
aprendendo; o estímulo à participação dos que têm algo a dizer ou a objetar; e a
manutenção de um clima feliz, bem humorado, durante o ensino.
Durante o renascimento (séculos quatorze e dezesseis), floresceu a
filosofia humanista, que valorizou mais o desenvolvimento das potencialidades
humanas nesta vida do que a preparação espiritual para a vida eterna. Os ideais
renascentistas contrastam com os da Idade Média. Os desta última foram
predominantemente sobrenaturais e transcendentes, conforme registra Nunes
(1980), enquanto os humanistas visaram mais “o desenvolvimento integral da
personalidade, a formação harmoniosa do copo e da ama através da educação
intelectual, moral e física, o estudo intenso das letras greco-latinas, da gramática
da retórica”. E, juntamente com esse curso clássico, promoveram o ensino das
ciências. “Esse ideal pedagógico irá consubstanciar-se no século XV, na
formação típica do cortesão”.
Escritos de humanistas como Rabelais, Erasmo, Montaigne e Vives têm
em comum o realce dado à educação para a vida prática, através de
k217430
15
experiências na vida real. Nascido em Valência na Espanha Vives é tido como
precursor da psicologia educacional. “Com os trabalhos de Luís Vives”, escreve
Rudolfer (1961), “se inicia a psicologia educacional. Ele pôs em evidência a
necessidade de pesquisarem-se os princípios psicológicos que pudessem servir
de guia e de orientação aos processos educativos. Ademais, fazendo apelo à
experiência e não à razão, ele principia o empirismo que, com Locke, iria dar
origem à primeira teoria da psicologia educacional”.
Comênio, Hobbes e Locke são os pensadores do século XVII de maior
relevância para o progresso das idéias a respeito da aprendizagem e do ensino.
Comênio figura entre os maiores nomes da história da educação. Precursor do
ensino audiovisual, fundador da didática e um dos criadores da pedagogia
moderna, combinou os meios realistas com os fins espirituais da educação,
concebendo um sistema escolar aberto a todas as crianças, dos seis aos doze
anos, para cultivar a inteligência, a imaginação e a memória, em relação com os
órgãos sensoriais e a fala; a escola secundária, dos doze aos dezoito anos; e a
academia (ensino superior) de 18 a 25 anos, para os estudantes mais dotados.
De acordo com ele, devemos aprender no tempo certo e na seqüência certa.
Muitas regras metódicas propostas por Comênio no livro Didática magna ¹ são
tão válidas nos dias que correm como à época em que ele as enunciou e
traduzem o essencial de sua teoria da aprendizagem e do ensino.
¹ Algumas regras do Comênio: (1) Ensinar o que
cumpre saber. (2) Ensinar como coisa presente, de
uso determinado. (3) Ensinar diretamente, sem
rodeios. (4) Ensinar as coisas tais como são, isto é,
por suas causas. (5) Apresentar o que se oferece ao
conhecimento, primeiro, de modo geral e, depois, por
partes. (6) Examinar todas as partes sem qualquer
omissão, levando em conta a ordem, lugar e relação
de umas com as outras. (7) Deter-se em cada coisa
até compreendê-la. (8) Ensinar as coisas
k217430
16
sucessivamente, uma por vez. (9) Explicar bem as
diferenças das coisas para obter conhecimento claro
e evidente de todas. (10) O que se deve fazer, deve-
se aprender fazendo. (11) Deve haver sempre forma
e norma determinadas para o que se deve fazer. (12)
O emprego de ferramentas deve ensinar-se com
ferramentas, não com palavras; é melhor ensinar com
exemplos do que com preceitos. (13) Os exercícios
devem começar com rudimentos, não com trabalhos
sérios. (14) Os alunos devem realizar exercícios para
fixação das matérias conhecidas. (15) A imitação de
vê ser muito fiel a princípio, e mais livre
posteriormente. (16) Deve cuidar-se seja forma do
que se fizer o mais perfeita possível. (17) O estudo de
idiomas deve ser paralelo ao conhecimento das
coisas; não se deve aprender palavras
separadamente das coisas. (18) Para o formar o
entendimento e a linguagem a um só tempo,
proponham-se às crianças coisas próprias de sua
idade, deixando para a idade adulta o que
corresponde a esta. (19) Todo idioma deve ser
aprendido mais pelo uso do que pelo meio de regras.
(Didática Magna).
O empirismo a única fonte de conhecimento encontra-se na experiência,
e a aprendizagem é governada pelo estabelecimento de associações. Thomas
Hobbes, autor de dois tratados clássicos, Natureza humana (1650) e Leviatã
(1651), é o pai do empirismo e do associacionismo britânico. No dizer de
Rudolfer (1961), Hobbes esboçou uma psicologia empírica, na qual acentuou o
papel da sensação como fonte das idéias, estabeleceu a relação entre as várias
espécies de estados metais e os processos fisiológicos. “Sobre tais
fundamentos empíricos”, continua Rudolfer, Hobbes “acrescenta aos elementos
k217430
17
da experiência a noção das relações por associação. Os pensadores ingleses
posteriores a Hobbes seguem-lhe os passos. Se os alicerces do
associacionismo não foram lançados por ele, seu desenvolvimento teve
inegavelmente origem no tipo de psicologia que pregou”.
Hobbes afirma que “Tudo o que existe é matéria; tudo que ocorre é
movimento”, e concebe a vida psíquica empírica e a consciência como
corpóreas.
O filósofo empirista britânico John Locke, no início do século XVIII,
declarou em seu livro Ensaio sobre o entendimento humano que a mente da
criança recém-nascida é uma tábua rasa, uma lousa limpa ou um papel em
branco. Todo conhecimento é obtido através de experiências sensoriais. Locke
foi o primeiro a usar a expressão “associação de idéias”: as idéias de sucedem
em nosso pensamento em virtude de ligações naturais ou racionais, mas duas
idéias podem tornar-se associadas por sua contigüidade (Vizinhança ou
proximidade), quando inexiste uma ligação natural. Hábitos, defeitos e idéias
erradas são assim desenvolvidos nas pessoas. As concepções de Locke
exerceram importante influência no pensamento dos séculos XVIII e XIX,
favorecendo a aceitação do ponto de vista de que a aprendizagem e a memória
dependem da associação de idéias.
Após Hobbes e Locke, as explicações empiristas e associacionistas da
aprendizagem e dos fenômenos mentais em geral foram reelaboradas e
ampliadas por David Hume, Dugald Stewart, David Hartley, Joseph Priestley,
Thomas Brown, James Mill e seu filho John Stuart Mill, todos britânicos. Estes
outros filósofos-psicólogos dos séculos XVIII e XIX levantaram, ainda que de
modo indireto, indagações a respeito da aprendizagem. Segundo os
associacionistas, os conhecimentos são provenientes da experiência seja
através dos sentidos. As idéias se combinam na experiência em virtude de
contigüidade e da semelhança e são fixadas na memória por meio da atenção
ou da repetição.
k217430
18
O escocês Alexander Bain preocupou-se com as relações entre os
fenômenos mentais e o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso.
Empenhou-se também nas buscas de correlatos físicos para conceitos abstratos
como os de mente, idéia e outros. Sistematizador sagaz dos conhecimentos
psicológicos e pedagógicos de seu tempo, Bain contribuiu grandemente para a
emancipação da psicologia como ciência, abrindo caminho para os
experimentos psicológicos sobre aprendizagem, em fins do século passado.
O escocês Friedrich Herbart salientou a importância das experiências
passadas, acumuladas nos indivíduos (por ele denominada massa aperceptiva),
para as novas aprendizagens. A fim de que haja aprendizagem efetiva, retenção
do aprendido e interesse do aprendiz durante a aprendizagem, é necessário
organizar e apresentar o ensino de modo que o aluno possa estabelecer
ligações entre o material novo e o material já aprendido. Devemos a Herbart
uma concepção de aprendizagem e ensino segundo cinco passos formais,
popular no século passado e nas primeiras décadas do século atual, os mesmos
constituiriam a ordem psicológica mais adequada para assimilação de novas
idéias e experiências: (1) Preparação; (2) Apresentação; (3) Comparação; (4)
Generalização e (5) Aplicação.
O estudo experimental da aprendizagem só teve início no último quartel
do século passado, com as pesquisas do psicólogo alemão Hermamm
Ebbinghaus, professor da universidade de Berlim. Inspirado nos experimentos
psicofísicos de Fechner sobre as sensações humanas, Ebbinghaus tratou de
desenvolver uma metodologia adequada para os estudos dos chamados
“processos mentais superiores” que permitisse a medição objetiva ou externa de
vários aspectos da aprendizagem humana – retenção, associação e reprodução.
De 1879 a 1880 e de 1883 a 1884, Ebbinghaus levou avante numerosos
experimentos, nos quis ele próprio foi pesquisador e sujeito, ao mesmo tempo.
O relato destas pesquisas apareceu na publicação Über das Gedächtnis (Da
memória) em 1885. Como o uso de matérias familiares em suas pesquisas
k217430
19
poderia distorcer os resultados, valeu-se de um material especialmente
elaborado para a medida da aprendizagem e da memória: as sílabas sem
sentido, composta de duas consoantes separadas por uma vogal, por exemplo:
zox, cil, qug, duh. Organizou-as em extensões variáveis (sete, doze, dezeseis
sílabas etc.) e adotou como critério de aprendizagem a repetição, sem erros,
nas quais observou que a maior perda na porcentagem do material retido ocorre
nas primeiras horas após a aprendizagem. Depois, o esquecimento fica mais
lento. Os resultados dos experimentos mostram que o grau de retenção
depende não só da quantidade de trabalho realizada (Superaprendizagem),
como também do volume do material a ser aprendido.
As contribuições permanentes de Ebbinghaus para a psicologia
experimental podem ser resumidas em cinco pontos: (1) Introdução de métodos
objetivos, em lugar de estudos introspectivos; (2) Criação das sílabas sem
sentido; (3) Refutação das antigas leis da psicologia da associação,
especialmente as da contigüidade e da sucessão imediata; (4) Investigação
quantitativa das associações remotas; e (5) Emprego de estatística e
matemática de maneira bem-sucedida, em relação a dados psicológicos de
processos mentais superiores, como memória (Shakian, 1975, p.127).
Até o final dos anos 50, a psicologia da educação e a psicologia do
ensino eram totalmente indissociáveis. A partir desse momento, a psicologia da
educação começa a diversificar-se segundo as atividades educativas com que
se relacionam os processos de mudança comportamental estudados. Entre
diversos tipos de práticas educativas existentes na nossa sociedade, as de
natureza escolar apresentam algumas características e cumprem algumas
funções que as diferenciam originalmente de outras. A conscientização desse
fato conduz gradualmente a identificar na psicologia da educação um âmbito de
conhecimento que passa a ser denominado psicologia do ensino.
As origens e a evolução da psicologia do ensino são, pois,
inseparáveis das origens e da evolução da psicologia da educação. Ambas as
disciplinas são fruto do esforço ininterrupto da aplicação e da utilização dos
k217430
20
princípios, das explicações e dos métodos da psicologia científica na tentativa
de melhorar as práticas educativas em geral e a educação escolar em particular,
como também de elaborar explicações adequadas e úteis para o planejamento e
o desenvolvimento dessas práticas. A psicologia da educação e, por
conseguinte, a psicologia do ensino tem a sua origem na crença racional e na
convicção profunda que a educação e o ensino podem melhorar como uma
conseqüência da utilização dos conhecimentos psicológicos.
Atualmente, parece evidente que a educação escolar, a fim de alcançar
os seus objetivos, deve considerar as características dos alunos e das alunas.
Da mesma maneira, o seguinte comentário que Edouard Claparède formula, em
1905, recorda-nos que, no princípio deste século, a situação era completamente
diferente. A importância da psicologia da educação estava decisivamente
centrada na mudança de atitude denunciada por Claparède:
“(...) que a pedagogia deve basear-se no conhecimento da
criança da mesma maneira que a afirmação de que
horticultura tem a sua base no conhecimento das plantas é
uma verdade aparentemente elementar. Porém, por sua
vez, é totalmente desconhecida por parte da maioria dos
pedagogos e por parte de quase todas as autoridades
escolares (...) Duvido que, nas escolas de horticultura, não
haja no programa algumas horas dedicadas à botânica e
ao conhecimento das plantas”.(E. Claparède, 1972, p.71).
Porém, alem dessa convicção, que na atualidade é absolutamente
compartilhada, existem discrepâncias profundas entre os psicólogos da
educação e os psicólogos do ensino em relação a como se pode e se deve
concretizar a utilização e a aplicação do conhecimento psicológico para obter os
efeitos desejados. Estas discrepâncias têm sido motivo de uma grande
k217430
21
variedade de concepções da psicologia do ensino que podem ser situadas entre
dois extremos (Glover & Ronning,1987).
Glover & Ronning acreditavam que a criatividade parece assim surgir
como um conceito simultaneamente frustrante e apaixonante no seu estudo.
Estudar criatividade é também o desafio de investigar formatos para captar a
sua presença e as discrepâncias desta presença nos indivíduos: investigar o
domínio da sua avaliação. Como se avalia criatividade é, então, um terreno,
mais uma vez, muito complexo e muito útil. A investigação sobre o conceito
necessita desse esforço de avaliação, assim como a intervenção não pode
avançar sem ele em orientações educativas.
Para Vygotsky, a cultura molda o psicológico, isto é, Determina a
maneira de pensar. Pessoas de diferentes culturas têm diferentes perfis
psicológicos. As funções psicológicas de uma pessoa são desenvolvidas ao
longo do tempo e mediadas pelo social, através de símbolos criados pela
cultura. A linguagem representa a cultura e depende do intercâmbio social. Os
conceitos são construídos no processo histórico e o cérebro humano é resultado
da evolução. Em todas as culturas, os símbolos culturais fazem a mediação. Os
conceitos são construídos e internalizados de maneira não linear e diferente
para cada pessoa. Toda abordagem é feita de maneira de maneira holística
(ampla) e o cotidiano é sempre em movimento, em transformação. È a Dialética.
A palavra é o microcosmo, o início de tudo e tem vários significados, ou seja, é
polissêmica; a mente vai sendo substituída historicamente pala pessoa, que é
sujeito do seu conhecimento.
Vygotsky desenvolveu um grande trabalho, reconhecido pelos
estudiosos sobre a formação de conceitos. Os conceitos espontâneos ou do
cotidiano, também chamados de senso comum, são aqueles que não passaram
pelo crivo da ciência. Os conceitos científicos são formais, organizados,
sistematizados, testados pelos meios científicos, que em geral são transmitidos
pela escola e que aos poucos vão sendo incorporados ao senso comum.
Trabalha com a idéia de zonas de desenvolvimento. Todos temos uma zona de
k217430
22
desenvolvimento real, composta por conceitos que já dominamos. Vamos
imaginar que numa escala de zero a 100, estamos no 30; esta é a zona de
desenvolvimento real nossa. Para os outros 70, sendo o nosso potencial,
Vygotsky chama de ZONA de DESENVOLVIMENTO PROXIMAL. Se uma
pessoa chega ao 100, a sua Zona de Desenvolvimento Proximal será ampliada,
porque estamos sempre adquirindo conceitos novos. Sobre educação de
adultos, considera que as fases iniciais já foram eliminadas, porque mesmo
sendo analfabeta, a pessoa conhece números e letras.
Considera a Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, a lei de
equilíbrio e desequilíbrio de Piaget e a internalização do conhecimento. Trabalha
com hipóteses, no contexto, com visão de processo, aceitando a
problematização, dentro da visão Dialética holística.
A Psicologia de Piaget está fundamentada na idéia de equilibração e
desequilibração. Quando uma pessoa entra em contato com um novo
conhecimento, há naquele momento um desequilíbrio e surge a necessidade, de
voltar ao equilíbrio. O processo começa com a assimilação do elemento novo,
com a incorporação às estruturas já esquematizadas, através da interação. Há
mudanças no sujeito e tem início o processo de acomodação, que aos poucos
chega à organização interna. Começa a adaptação externa do sujeito e a
internalização já aconteceu. Um novo desequilíbrio volta a acontecer e pode ser
provocada por carência, curiosidade, dúvida etc. O movimento é dialético (de
movimento constante) e o domínio afetivo acompanha sempre o cognitivo
(habilidades intelectuais), no processo endógeno.
Piaget trabalhou o desenvolvimento humano em etapas, períodos,
estágios etc.
Conforme Piaget, se uma pessoa erra e continua errando, uma das três
situações está ocorrendo:
k217430
23
Se a pessoa não tem estrutura suficiente para compreender
determinado conhecimento, deve-se criar um ambiente melhor de trabalho,
clima, diálogo, porque é impossível criar estruturas necessárias. EX: não se
deve ensinar conhecimentos abstratos, teorias complicadas para uma criança
que ainda não atingiu a faixa etária esperada, que se encontra no período das
operações concretas:
Se a pessoa possui estruturas em formação, o professor deve trabalhar
com a idéia de que o erro é construtivo, deve fazer a mediação, ajudando o
aluno a superar as dificuldades;
Se a pessoa possui estruturas e não aprende, os procedimentos estão
errados. O professor fará intervenção para que o aluno tome consciência do
erro. Em muitos casos quem deve mudar os seus procedimentos é o professor.
k217430
24
II O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA NO AMBIENTE
EMPRESARIAL
De acordo com as considerações precedentes, a psicologia do ensino
pode ser definida como a parte da psicologia da educação que estuda os
processos de mudança comportamental produzidas nas pessoas como uma
conseqüência de sua participação em atividades educativas escolares. As
indicações a seguir têm como finalidade ampliar essa definição tão concisa e
avalia-la com maior precisão seu alcance e suas implicações.
Conforme César Coll, 1997 em primeiro lugar, essa definição ajusta-se às
exigências propostas a partir de uma concepção de psicologia da educação do
ensino com uma disciplina-ponte. Por um lado, é claro que o seu interesse se
dirige aos estudos dos processos de mudança comportamental, produzidos por
pessoas, isto é, ao estudo dos processos psicológicos. De qualquer forma,
diferentemente de outras áreas ou domínios da psicologia, interessa-se por
alguns tipos muito especiais de mudanças: As que têm a origem na participação
das pessoas em atividades ou situações educativas de natureza escolar, ou
ainda relacionar-se entre si.
Em segundo lugar, a definição proposta não admite dúvidas em relação à
necessidade de uma aproximação multidisciplinar ao estudo dos fenômenos e
dos processos educativos escolares. A complexidade intrínseca desses
fenômenos, a multiplicidade de dimensões e de aspectos presentes, faz com
que o estudo desses fenômenos requeira a colaboração de diferentes
perspectivas disciplinares. Não se trata, evidentemente, de decompor os
fenômenos educativos escolares nas suas partes constituintes, a fim de atribuir
a análise de cada uma das partes a uma disciplina distinta. Adotar uma
aproximação multidisciplinar ao estudo dos fenômenos educativos escolares
k217430
25
significa, mais precisamente, trata-los como um todo, sem que percam a sua
identidade como tais fenômenos, explorando-os sucessiva e simultaneamente
com ajudas dos instrumentos metodológicos e conceituais que as diferentes
disciplinas educativas proporcionam e tratando de articular e integrar os
resultados dessas indagações em explicações em conjunto. A psicologia do
ensino, no marco desta tarefa global, tem a responsabilidade específica de
estudar as mudanças comportamentais – incluindo processos psicológicos
subjacentes – que se produzem nas pessoas como uma conseqüência da
participação em atividades educativas escolares, da sua natureza e de suas
características, dos fatores que os facilitam, dificultam ou pelos processos
psicológicos e as mudanças comportamentais incluindo a responsabilidade de
articular e integrar, e das conseqüências que têm para o desenvolvimento e para
socialização dos seres humanos.
Em terceiro lugar, a psicologia do ensino esta comprometida, como outras
disciplinas educativas - a didática, a sociologia da educação, a sociolingüística
da educação, a etnografia da educação, a filosofia da educação, a antropologia
da educação, etc. -, e com uma estreita coordenação com essas, na elaboração
de uma teoria educativa de base científica e na configuração de uma prática que
coincida com a teoria. Esse compromisso confere à psicologia do ensino o
caráter de disciplina aplicada e a induz a tratar o seu objeto de estudo com uma
tripla finalidade ou dimensão: Aplicação do conhecimento psicológico para a
educação: as dimensões da psicologia da educação e da psicologia do ensino;
Uma dimensão teórica ou explicativa, que quer conseguir a elaboração de
modelos interpretativos dos processos de mudanças estudados; uma dimensão
tecnológica ou projetiva com a finalidade de contribuir ao delineamento de
situações ou atividades educativas escolares capazes de induzir ou de provocar
determinados processos e tipos de mudanças nas pessoas que dessas
participam; e uma dimensão técnica ou prática, orientada à intervenção e à
resolução de problemas concretos que surgem na preparação e no
desenvolvimento de atividades educativas escolares. O tratamento do objeto de
estudo com essa tripla finalidade é precisamente aquilo que confere à psicologia
k217430
26
do ensino o seu caráter aplicado, de tal maneira que ignorar algumas dessas
dimensões equivalem, de fato, a transformá-la em um campo de aplicação da
psicologia – quando a dimensão ignorada for à teórica-, ou melhor, a utiliza-la
como cenário para aprofundar, ampliar ou colocar à prova as teorias
psicológicas – quando as dimensões ignoradas forem à projetiva, a prática, ou
ambas.
Em quarto e último lugar, como foi apontado deste o início essa definição
se reflete com nitidez a relação existente ente a psicologia do ensino e a
psicologia da educação. Na medida em que a psicologia da educação trata do
estudo e da análise dos processos de mudança comportamental produzidos nas
pessoas como conseqüência da participação nos diferentes tipos de situações
ou atividades educativas, o seu campo de trabalho e de atuação é mais amplo
que o da psicologia do ensino, que limita as mudanças comportamentais
relacionadas com situações ou atividades escolares do ensino e de
aprendizagem. Por isso, a psicologia do ensino deve ser considerada, de
maneira geral, como uma parcela ou uma parte da psicologia da educação.
2.1 Os Conteúdos da Psicologia do Ensino
Tornando como ponto de partida, o objeto do estudo da psicologia,
poderemos identificar os dois grandes blocos de conteúdos ou de temas dos
quais a psicologia trata: de um lado, os relativos aos processos de mudança
comportamental produzidos nas pessoas como resultado da participação em
situação educativas escolares; de outro, os fatores, as variáveis e as dimensões
das situações educativas escolares que se relacionam direta ou indiretamente
com tais processos e que contribuem para explicar a sua orientação e as suas
características.
Quanto aos primeiros, a psicologia do ensino trata fundamentalmente de
processos de mudança comportamental vinculados a processos de
k217430
27
aprendizagem, de desenvolvimento e de socialização. A natureza desses
processos de mudança, as teorias e modelos que os explicam, ou que tratam de
explicá-los, e, sobretudo as relações que os diferentes aspectos e dimensões
implicados mantêm entre si – cultura, desenvolvimento, aprendizagem,
educação, socialização, etc. – constituem um dos núcleos mais importantes e de
maior interesse da psicologia do ensino.
O segundo conjunto de contexto é relativo aos fatores, às variáveis ou às
dimensões das situações educativas escolares que se relacionam direta ou
indiretamente com os processos de mudança comportamental, e divide-se em
dois grandes grupos: os intrapessoais, ou internos aos alunos e as alunas, e os
que têm, mais especificamente, sua origem nas características próprias das
situações escolares de ensino e aprendizagem.
Entre os primeiros, pode-se comentar, por exemplo, o nível de
desenvolvimento; a maturidade intelectual, emocional, social, relacional e
psicomotora: as experiências e os conhecimentos prévios; as características
atitudinais (capacidades intelectuais e capacidades de aprendizagem), afetivas
(atitudes frente à aprendizagem, à motivação, aos interesses, às expectativas) e
de personalidade (estilos de aprendizagem, nível de ansiedade diante da
situação de aprendizagem, autoconceito e autovalorização, auto-eficácia); etc.
Entre os segundos, é preciso destacar as características do professor
(conhecimento da matéria, preparação pedagógica, personalidade, etc.); as
condições materiais em que se desenvolvem as atividades escolares (materiais
didáticos e meios de ensino em geral); a metodologia do ensino utilizada; o
contexto institucional (Objetivos, organização e funcionamento da instituição na
qual se efetuam as atividades); a natureza e as características dos objetivos e
dos conteúdos de ensino; as dinâmicas de grupo e as relações intrapessoais
(afetivas e profissionais) dentro do âmbito da instituição, entre outros aspectos.
k217430
28
2.2 Necessidade do sistema educativo e da pesquisa psicoeducativa
Conforme Scandura et al., 1978, p.44, as necessidades que a pesquisa
psicoeducativa deve cobrir são, em síntese, as seguintes:
Uma melhor compreensão do que se deve ensinar. O que
significa conhecer alguma coisa? Como se pode apresentar o
conhecimento de uma determinada matéria? Que competências
atuam como requisitos para aprender um conteúdo? O que se
deve aprender concretamente em determinada áreas, como, por
exemplo, a leitura, o raciocínio, as normas sociais ou os
valores? Etc.
A elaboração de instrumentos que determine o que uma pessoa
conhece e como utiliza o seu conhecimento, A elaboração de
instrumentos de avaliação com referência criterial e com
referência normativa. Quais elementos devem ser considerados
pela teoria da utilização do conhecimento? Como se pode
avaliar as habilidades cognitivas do nível superior? Etc.
Uma melhor compreensão da maneira como são realizadas as
aprendizagens de conteúdos particulares. Que papel tem a
motivação na aprendizagem? E o desenvolvimento precoce?
Como as variáveis extra-escolares influem sobre as
aprendizagens escolares? Que teoria de aprendizagem permite
explicar de maneira mais adequada as aprendizagens
específicas? Quais são os condicionantes evolutivos da
aprendizagem escolar? Que função desenvolve a memória
nessas aprendizagens? Que estratégias cognitivas são mais
k217430
29
úteis para aprender determinados conteúdos? Como é possível
ensinar essas matérias? Etc.
Uma melhor compreensão das propriedades e das
características das situações de ensino e aprendizagem. Qual é
a natureza da interação professor-aluno? Como se pode medir e
avaliar essa interação? Que influência exercem os diversos tipos
de interação na aprendizagem? Que influência exerce a
dinâmica de grupo na aprendizagem? Etc.
Em primeiro lugar, a passagem progressiva de uma concepção de
psicologia aplicada à educação e uma concepção de psicologia da educação e
do ensino como uma disciplina-ponte supõe, entre outras coisas, deixar de
lecionar os temas e problemas de pesquisa única ou prioritariamente em função
do interesse e da relevância teórica que possam ter a educação geral e para
educação escolar em particular. Em segundo lugar, e também devido a essa
mudança, o número crescente de pesquisas, no transcurso das últimas
décadas, de tipo tecnológicos, dirigidas à elaboração de as estratégias e de
procedimentos de intervenção psicoeducativa e psicoinstucional, e o auge da
pesquisa-ação, orientada, sobretudo para melhorar a prática da educação
escolar. Em terceiro lugar, o aumento progressivo de metodologias qualitativas e
etnográficas como instrumentos de indagação na pesquisa psicoeducativa e
psicoinstrucional. E, em quarto lugar, a freqüência cada vez maior com que as
pesquisas psicoeducativa e psicoinstucional tratam temas e problemas
relacionados com práticas educativas não-escolares e de outros meios de
comunicação social, a formação de adultos, a formação permanente e a
formação em empresas e centros de trabalho.
A teoria das faculdades postula uma correspondência entre o
pensamento e a realidade como fonte de todo conhecimento. A mente humana
é uma tabula rasa que recebe impressões que chegam dos sentidos e que gera
mediante uma atividade interna de reflexão, todo o conhecimento. Essa
k217430
30
atividade interna consiste em uma série de faculdades ou de “poderes para
fazer alguma coisa” que constituem o psiquismo humano: a inteligência, as
emoções e a vontade.
Do ponto de vista educativo, as ideais essenciais da teoria das
faculdades podem ser sintetizadas da seguinte maneira. Em primeiro lugar, a
realidade pode ser reduzida a várias estruturas essenciais identificadas
mediante a observação que podem ser descritas com uma linguagem simbólica.
Em segundo lugar, a tarefa dos alunos, cujo psiquismo possui a facilidade de
utilizar símbolos e de atuar adequadamente com esses símbolos, consiste em
aprender as representações simbólicas que descrevem as estruturas da
realidade. Em terceiro lugar, os alunos diferem de rendimento na aprendizagem.
Em quarto lugar, o currículo está integrado por um conjunto de “representações
simbólicas da realidade” organizadas e ordenadas logicamente para facilitar a
apreensão por parte dos alunos. Por fim, o objetivo principal do ensino deve ser
o de exercitar as faculdades dos alunos, o que conduz a selecionar e a priorizar
os conteúdos que supostamente possam contribuir mais para desenvolvê-las.
2.3 A Interação Pedagogo/Funcionário em uma perspectiva Construtiva
Tal aproximação parte de um conjunto de pressupostos que podem
contribuir para ampliar e matizar a nossa compreensão sobre os processos de
interação em aula, sob a perspectiva do andaime. Admite-se que a sala de aula
é um espaço comunicativo muito especial, regulado por um conjunto de regras
que quando são cumpridas permitem que o professor e os alunos possam
comunicar-se e alcançar os objetivos propostos. A existência dessas “regras
educacionais básicas” (Edwards e Mercer, 1988) que regulam a fala em sala de
aula exige que os participantes as conheçam e se ajustem à sua atividade.
Quando isso não ocorre, acontecem mal-entendidos, falhas na compreensão, a
k217430
31
comunicação torna-se difícil, ou impossível, e algo similar acontece com a
aprendizagem. Não se trata, naturalmente, de um processo de “tudo ou nada”,
nem de algo previamente conhecido. A comunicação, como a própria interação,
é construída no decorrer dos acontecimentos e das ações dos participantes.
Nesse contexto aparecem dois elementos essenciais no momento de
construir a interação em aula: a estrutura de participação e a estrutura de
conteúdo. A estrutura de participação, ou a estrutura social estabelece o que se
espera que os professores e os alunos façam ou digam durante as atividades,
refletindo, assim sobre os respectivos direitos e deveres. A estrutura de
conteúdo, por sua vez, refere-se ao conteúdo da atividade escolar e a sua
organização. Ambas as estruturas são construídas por professor e alunos à
medida que a atividade transcorre; apesar da evidente assimetria dos
respectivos papéis, os dois devem entrar em acordo sobre formas de
participação e os conteúdos acadêmicos, para garantir que a atividade ocorra
com fluidez, evitando os problemas de compreensão e as rupturas.
Conforme Onrubia (1993, p.109-117) estabelece as principais
características das situações de interação aluno/professor na perspectiva
construtiva e insiste no fato de que sempre se trata de uma questão de nível,
não sendo, portanto uma questão de “tudo ou nada”.
a) Inserir a atividade concreta do aluno no âmbito de objetivos ou contextos
mais amplos em que tal atividade possa adquirir um significado
adequado.
b) Possibilitar a participação de todos os alunos nas tarefas, mesmo que o
seu nível de competência, ou o seu interesse, seja, a princípio,
insuficiente ou inadequado.
c) Estabelecer um clima relacional, afetivo e emocional baseado na
confiança, na segurança e na aceitação mútua, no qual também haja
k217430
32
lugar para a curiosidade, para a surpresa e para o interesse pelo
conhecimento.
d) Introduzir modificações e ajustamentos tanto no planejamento como no
desenvolvimento “sobre o andamento” da própria atuação, de acordo com
a normalização obtida a partir das atuações dos alunos.
e) Promover a utilização dos conhecimentos que estão sendo aprendidos e
a necessidade de aprofundá-los de maneira autônoma.
f) Estabelecer relações constantes e explícitas entre os novos conteúdos de
aprendizagem e os conhecimentos prévios dos alunos.
g) Utilizar a linguagem da maneira mais clara e explícita possível, evitando e
controlando possíveis mal-entendidos ou falta de compreensão.
h) Usar a linguagem para recontextualizar e reconceituar a experiência.
Essas indicações não são “receitas” infalíveis para assegurar o sucesso
acadêmico. Trata-se de orientações por meio das quais as atividades de ensino
articulam condições favoráveis para que a atividade intelectual construtiva dos
alunos se oriente em um determinado sentido, devendo ser reinterpretadas e
recontextualizadas em cada caso concreto.
k217430
33
III A APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS EMPRESARIAIS
Com a denominação conteúdos escolares, faz-se referência aos
conhecimentos que o aluno aprende durante a escolaridade e que necessita
conhecer para conseguir desenvolver-se.
Conforme entrevista cedida ao Jornal do Brasil, publicada em 21/07/00 o
Sr. Cipriano Carlos Luckesi, respondeu a seguinte pergunta: “Mudar a forma de
avaliar não pressupõe mudar também a relação ensino-aprendizagem? Se não
se vêem as disciplinas curriculares de forma contextualizada, como um meio
para se chegar a ser um cidadão crítico e bem preparado, mas sim como
conteúdos estanques que se dominam muito mais pela memorização; se não se
leva em conta o conhecimento e as informações que o aluno traz para a escola
e que dão um tom diverso àquilo que ele recebe ou troca com o professor, e sim
vê-se o aluno como uma tábula rasa a ser preenchida, acaba-se avaliando
também à moda antiga, não?”
“... Não podemos desvincular os mecanismos de aferição da
aprendizagem dos projetos pedagógicos, aos qual eles servem.
A prática dos exames ou a prática da avaliação não servem a si
mesmas, mas sim a um determinado projeto. Tanto os exames
como a avaliação são práticas subsidiárias de determinados
projetos de ação. No nosso caso, subsidiárias de projetos
pedagógicos. Os exames são adequados para um projeto
pedagógico tradicional, que tem sua base numa visão estática e
controlada da vida. A pedagogia tradicional se sistematizou com
a emergência e consolidação da sociedade burguesa. É
interessante observar que os revolucionários franceses só foram
revolucionários até a tomada da Bastilha; depois disso,
assentaram-se no poder e optaram por uma sociedade estável e
k217430
34
conservadora. No decorrer do processo revolucionário, os
padres foram proibidos de ensinar, na medida em que
representavam o antigo, o retrógrado, o estático, na visão dos
revolucionários franceses; porém, logo após a vitoriosa
Revolução Burguesa, os padres e religiosos católicos foram
chamados novamente para o seio do ensino, exatamente por,
naquele momento, expressarem o que era estável, sem
mobilidade. Deste modo, como o modelo social burguês é
conservador, viu-se expresso na pedagogia tradicional, que tem
os exames como seu modo adequado de aferir a aprendizagem,
evidentemente com todos os seus vínculos disciplinares. Os
exames expressam o modo conservador da pedagogia
tradicional, que, por sua vez, expressa o modelo social burguês
conservador. Assim sendo, os exames apresentam
características inadequadas somente para quem deseja um
modelo social diverso do burguês, que seja igualitário,
democrático.”“.
Como elementos essenciais dos processos de ensino e de aprendizagem
escolares, os conteúdos são estudados a partir de diferentes disciplinas
psicológicas e pedagógicas: a psicologia da educação e do ensino, a didática, a
sociologia da educação e do currículo, para citar algumas, costumam falar nos
conteúdos substancialmente. Portanto, são múltiplos e diversos os problemas,
os enfoques e os interesses que os estudiosos se propõem e também as
práticas das questões escolares a propósito dessa temática. É preciso encontrar
uma das razões de por que, por exemplo, a discussão sobre a natureza e a
função dos conteúdos escolares reabre-se continuamente e adquire ainda mais
relevância quando ocorrem, como acontece na atualidade, mudanças e
reformas educativas.
k217430
35
O conceito de conteúdos escolares deve ser esclarecido e valorizado
progressivamente nos planejamentos educativos, porque as intenções
educativas devem ser mais diferenciadas e também porque outros fatores, de
natureza bem diversa, têm contribuído: a ampliação das funções da escola
como um contexto socializador; a determinação daquilo que se espera do aluno
para poder integrar-se ativamente na sociedade e na cultura; a evidência da
contínua evolução dos saberes culturais; a necessidade de esclarecer e explicar
as intenções educativas nos currículos; os princípios da aprendizagem
significativa; a convivência para que os alunos desenvolvam todo o tipo de
capacidades etc. Muitos desses fatores, analisados no seio de temáticas
relacionadas com a teoria e o desenvolvimento do currículo têm influído também
na ampliação do campo de significação dos conteúdos escolares e na
configuração da sua nova concepção.
3.1 As Capacidades Humanas nas Diferentes Teorias de Aprendizagem
Nós temos uma tendência a conceber o ser humano, e especialmente a
sua mente, como sendo muito especial e único. Durante muito tempo esta
reflexão fez com que estudiosos (como Wallace na época de Darwin) evitassem
considerar processos evolutivos como relevantes para explicar a mente humana.
Era possível pensar em um "ponto crítico". Geertz (1978, p.75) cita
Kroeber para resumir esta idéia:
“Em um momento específico da nova história irrecuperável da
humanização, ocorreu uma alteração orgânica, portentosa, mas
provavelmente bem insignificante em termos genéticos ou
anatômicos - com a qual um animal cujos antecessores não
estavam dispostos a comunicar-se, a aprender e a ensinar, a
k217430
36
generalizar a partir de uma cadeia interminável de sentimentos e
atitudes discretas" equipou-se a um ponto a partir do qual "ele
começou a ser capaz de agir como receptor e transmissor”, e
iniciou a acumulação que é a cultura.
Com a idéia do "ponto crítico" não há muito a explicar. Precisa-
se apenas determinar o momento em que ocorreu "o milagre".
Explicações quanto ao valor adaptativo, ou pressões seletivas
tornam-se desnecessárias ““.
Possivelmente o cérebro humano evoluiu, mas ainda precisamos de
maiores esclarecimentos. Mas uma atenção a outras questões pode ser mais
produtiva. Talvez, tão ou mais importante que a questão do "porquê" da
evolução do cérebro humano é a questão de "como" se deu esta evolução. As
perguntas sobre "porquês?" Tratam a evolução como uma questão de
mudanças adaptativas. Mas as perguntas sobre "como?" Tratam a evolução
como uma questão de acumulação ou de "complexificação". Por exemplo,
podemos fornecer uma boa explicação para a evolução de peixes sem olhos
nas cavernas. Nestes ambientes os olhos são inúteis, e só causariam
problemas, como infecções. Mas esta mudança não seria uma questão de
evolução no sentido de acumulação. Para ter evolução neste sentido,
precisaríamos mostrar que o novo traço não poderia ter evoluído sem a
presença anterior do outro traço. No caso de peixes sem olhos, fica claro que
não é preciso ter tido olhos no passado para depois não os ter. Muitos animais
sem olhos nunca tiveram antepassados com olhos. As perguntas "como?"
Lidam com a questão da estrutura na evolução. Um novo traço não pode evoluir
do nada. Precisa haver uma correspondência entre a estrutura de um traço
antigo e de um novo.
Para uma teoria geral da cognição é importante saber se há diferentes
maneiras de se construir uma inteligência. Se Piaget está com razão, não
k217430
37
devem existir muitas alternativas. O pensamento teria que se construir da
mesma forma em tudo quanto é lugar - que seja nos pássaros, nos primatas, ou
nos computadores. A evolução da cognição seria basicamente unilinear. Na sua
análise da evolução cultural, Carneiro (1970) sugeriu um método que poderia
ser usado para examinar esta questão. Carneiro codificou diferentes sociedades
para a presença ou ausência de diferentes traços culturais como lideranças
religiosas, impostos, cooperação entre aldeias para fazer guerra etc. Depois
usou um computador para organizar estas informações para ver se formavam
uma escala. Por exemplo, todas as sociedades que possuem impostos também
têm cooperação entre aldeias na guerra. Por outro lado, há muitas sociedades
com cooperação entre aldeias para guerrear, mas que não têm impostos. Disto,
Carneiro podia concluir que o traço, "impostos" é mais evoluído que o traço
"cooperação na guerra". Observe que Carneiro considera traços como mais ou
menos evoluídos, não culturais. Uma sociedade pode ter traços culturais muito
evoluídos em uma área, e muito primitivos em outra. Por exemplo, os vícios na
nossa sociedade formam uma escala. Quase todas as pessoas alcoólatras ou
viciadas em drogas também fumam, e quase todos que fumam também tomam
café. Mas há muitas pessoas que tomam café e que não fumam, e muitos que
fumam e que não são alcoólatras. Uma sociedade pode ser muito evoluída em
uma escala de vícios, e pouco evoluída em uma escala de agricultura.
Por fim, as aprendizagens específicas da natureza cultural e social e o
caráter mediacional dos processos educativos são a causa e o motor do
desenvolvimento.
Abaixo esquema-resumo das diferentes teorias de aprendizagem e do
desenvolvimento.
k217430
38
Autor Teoria Característica
B. F. Skinner Pressupostos
associativos
Teoria utilizada para melhoras a
programação educativa ou a avaliação dos
resultados da aprendizagem.
R.M.Gagné Aprendizagem
acumulativa
Dá a mesma importância aos diferentes
tipos de aprendizagem e aprendê-las
implica colocar em andamento um
conjunto de condições de aprendizagem
internas e externas
A. Bandura Cognitiva Social
da aprendizagem
Destaca a importância dos processos de
aprendizagem baseados na limitação e na
observação.
D. P. Ausubel Cognitiva da
aprendizagem
humana
Ressalta a aprendizagem de conteúdos
conceituais e o papel da linguagem verbal
como um sistema básico para transmitir
conhecimentos.
Bruner Aprendizagem
por descoberta
Dá importância ao fato de que o aluno
segue um processo próprio de
questionamento para a elaboração final do
conteúdo objeto da aprendizagem.
J. Piaget Relação ente
desenvolvimento
e aprendizagem
As pessoas progridem graças a atividades
físico-manipulativa e lógico-relacional que
estabelecem com o meio.
L.S.Vigotsky Enfoque
sociocultural
O desenvolvimento humano é um
processo mediado por instrumentos de
tipo simbólico e representacional.
k217430
39
CONCLUSÃO
Algumas considerações podem ser feitas: não há diferença significativa
entre os conteúdos das produções dos periódicos de Psicologia e de Educação;
revelam-se autores bastante produtivos; há heterogeneidade de referenciais
teóricos; há diferentes concepções de educação e conseqüentemente diferentes
formas de abordagem dessa questão; há temas tratados com originalidade e
que são ainda atuais, assim como existem outros assuntos e abordagens que
foram próprios da época e que são hoje considerados ultrapassados. Revela-se
uma certa dicotomia entre autores/instituições produtores de pesquisa, de um
lado, e aqueles voltados para a aplicação de outro; podem ser estabelecidas
caracterizações institucionais, assim como alguns aspectos relativos à mudança
de alguns enfoques ao longo do tempo.
Os dados e a análise ora apresentados referem-se a uma primeira
aproximação com as publicações dos periódicos estudados, objetivando
demonstrar as características mais gerais e as tendências que se apreendem a
partir de uma abordagem mais quantitativa. Outras pesquisas estão sendo
geradas a partir desses dados. Todas elas constituem-se em pesquisas
qualitativas sobre os conteúdos dos artigos registrados. Em geral, nessas
pesquisas, tem-se confirmado aquilo que é aqui demonstrado, sobretudo em
relação ao fato de que muitas idéias consideradas contemporâneas e
inovadoras já eram defendidas há cerca de 50 anos, no Brasil, e por brasileiros;
dentre estas, a defesa da educação inclusiva para as pessoas com deficiência;
a necessidade de formação continuada na formação de professores; a crítica
aos testes psicológicos como instrumentos de medida de determinadas funções
específicas, desconsiderando as determinações de natureza socioeconômico e
cultural sobre o sujeito. Entretanto, muitas das publicações revelam posições
não apenas próprias da época, mas reveladoras das tendências em voga no
momento. Há também abordagens hegemônicas no interior de algumas
subáreas ou campos de atuação; divergências teóricas e relativas à prática
psicoeducativa.
k217430
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
GIL, ANTONIO CARLOS. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas,
2008.
CHABANNE, JEAN-LUC. Dificuldades de aprendizagem – Um enfoque
inovador no sistema escolar. São Paulo: Ática, 2006.
BALBINO, VIVINA DO C. RIOS. Psicología e Psicología escolar no Brasil. São
Paulo: Summus, 2008.
CARRARA, Kester (Organizador). Introdução à psicologia da Educação São
Paulo: Avercamp, 2004.
DEMO, PEDRO. A Educação do futuro e o futuro da educação. Campinas, SP:
Autores Associados, 2005.
NETTO, SAMUEL PFROMM. Psicologia da aprendizagem e do Ensino. São
Paulo: EPU: Editora da Universidade de São Paulo, 1987.
Revista Nova Escola. Grandes Pensadores 41 educadores que fizeram história,
da Grécia antiga aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Abril, Edição Especial nº 19,
Julho 2008.
SALVADOR CÉSAR COLL... [et al]; tradução Cristina Maria de Oliveira.
Psicologia do ensino. Porto Alegre: Armed, 2000.
k217430
41
BIBLIOGRAFIA CITADA
1 - SALVADOR, CÉSAR COLL... [et al]; tradução Cristina Maria de Oliveira.
Psicologia do ensino. Porto Alegre: Armed, 2000.
2 - NETTO, SAMUEL PFROMM. Psicologia da aprendizagem e do Ensino. São
Paulo: EPU: Editora da Universidade de São Paulo, 1987.
3 - CARRARA, Kester (Organizador). Introdução à psicologia da Educação São
Paulo: Avercamp, 2004.
4 - Ciranda do Meio Ambiente. Concepção e coordenação. Rio de Janeiro:
Memória Futura, 1991.
5 - ARMAS, Ramón; TORRES-CUEVAS, Eduardo; BALLESTER, Ana Cairo.
Historia de La Universidad de La Habana. Havana, Editorial de Ciencias
Sociales, 1984.
k217430
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .........................................................................................................2 AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... 3 DEDICATÓRIA ................................................................................................................. 4 RESUMO ............................................................................................................................ 5 METODOLOGIA .............................................................................................................. 6 SUMÁRIO .......................................................................................................................... 7 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9 I A PSICOLOGIA DO ENSINO E AS PRÁTICAS ESCOLARES ............................ 12 1.1 Origens e Evolução da Psicologia da Educação e da Psicologia do Ensino. 12
II O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA DO ENSINO .................................. 24 2.1 Os Conteúdos da Psicologia do Ensino 26
2.2 Necessidade do sistema educativo e da pesquisa psicoeducativa 28
2.3 A Interação Professor/Alunos em uma perspectiva Construtiva 30
III A APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES .................................... 33 3.1 As Capacidades Humanas nas Diferentes Teorias de Aprendizagem 35
CONCLUSÃO .................................................................................................................. 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 40 BIBLIOGRAFIA CITADA ............................................................................................. 41 FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................................. 43
k217430
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Projeto A vez do mestre
Título da Monografia: A Evolução da Psicologia da Aprendizagem na
Educação
Autor: Andréa Quina de Oliveira
Data da entrega: 17/09/2008
Avaliado por: Conceito: