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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR: A PRODUÇÃO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO Por: Raphaella Marques de Carvalho Orientador Prof. Monica Melo Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR:

A PRODUÇÃO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

Por: Raphaella Marques de Carvalho

Orientador

Prof. Monica Melo

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR:

A PRODUÇÃO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como

requisito parcial para obtenção do grau de especialista em

Docência Superior

Por: Raphaella Marques de Carvalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me dá força e conforto para superar os obstáculos; Aos professores, pela sabedoria e a amizade; Aos colegas, pelo companheirismo, união e afeto.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha mãe e minhas irmãs.

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RESUMO

A Educação do século XXI ainda apresenta características de práticas pedagógicas

que não competem ao novo contexto social que os nossos educandos vivenciam. A

informação e a aquisição de conhecimento não se restringem às bibliotecas universitárias

e os professores não são mais os porta vozes do saber como outrora. Diante dessa

ruptura, o presente trabalho visa analisar como a web 2.0 pode ser desenvolvida na prática

pedagógica do professor universitário, tal como, compreender a contribuição das

ferramentais digitais na construção do conhecimento, no caso, identificaremos as

diferentes aplicabilidades do blog na vida acadêmica.

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METODOLOGIA

O estudo será desenvolvido pela Pesquisa Bibliográfica recorrendo a um referencial

teórico atualizado e abrangente, foram selecionados autores que justifiquem a pesquisa de

campo, nos quais, os blogs dos professores universitários das universidades públicas de

diferentes cursos serão avaliados e entrevistados conforme a sua contribuição pedagógica.

Autores como Pierre Lévy, Edgar Morin, Paulo Freire, Jaciara de Sá Carvalho, Moacir

Gadotti, Phillipe Perrenoud entre outros, farão parte da bibliografia do referido trabalho a

fim de atender ao contexto da geração digital; a importância do conhecimento na nova

perspectiva colaborativa e a prática docente no processo de ensino aprendizagem online,

na função de orientador e mediador no espaço cibernético.

Em busca da produção do conhecimento na era digital, é importante

compreendermos os diferentes mecanismos de divulgação do mesmo. O uso do blog é

uma ferramenta acessível, em muita ocasião gratuita, de fácil publicação e compreensão

para o produtor e leitor. Esse compartilhamento de dados é um pressuposto para uma

aprendizagem colaborativa e significativa, que contribui para a democratização da

informação. Evidente que teremos dados acadêmicos válidos e duvidosos nessa rede

virtual, por tal questão, o presente trabalho analisará como o professor universitário se

apropria dessa ferramenta e interage com seu alunado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O CONHECIMENTO NA ERA DIGITAL 10

CAPÍTULO II - A PRÁTICA DE ENSINO PARA AS GERAÇÕES Y E MOBILE 18

CAPÍTULO III – O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA NO ENSINO SUPERIOR 28

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

“A humanidade não muda com novas tecnologias.

O que muda é o comportamento das pessoas”. (Gil Giardelli)

As tecnologias e as mídias fazem parte do cotidiano da população, seja ela letrada

ou não. A maioria dos serviços sociais recorre, basicamente, às facilidades que o uso dos

mesmos proporciona. As diferentes tecnologias oferecidas no mercado são fascinantes e

atingem diretamente ao público jovem.

O objeto de estudo consiste na prática pedagógica e as novas tecnologias entre os

professores universitários no ensino público, analisando os blogs educacionais no período

de 2011 a 2012. O tema faz parte de uma série de debates no campo acadêmico, que

busca os benefícios e as melhorias das novas tecnologias como práticas pedagógicas no

ensino superior. Observaremos através de blogs como os docentes estão utilizando a

informática enquanto ferramenta pedagógica e interdisciplinar na construção do

conhecimento.

Desta forma, a pesquisa consiste em conhecer primeiramente os novos estudantes

que fazem parte da geração digital, pois uma vez que temos consciência que eles estão

aprendendo e interagindo diferente com as informações, se faz necessário adaptarmos as

nossas práticas pedagógicas. E através dos autores Araci Hack Catapan, Jaciara de Sá

Carvalho Ana Beatriz Gomes, Pierre Lévy, Edgar Morin, André Telles, Marshall Berman

serão relevantes para a construção do primeiro capítulo, cujo tema é “O conhecimento na

Era Digital” e que será subdividido nas seguintes questões: “A modernização e a

educação”, “Quem é a Geração digital?” e “Aprendendo na Web 2.0”.

No capítulo 2, cujo tema é “A prática de ensino para as gerações Y e Mobile” tem

como objetivo em conhecer as ferramentas e as ações pertinentes do professor diante dos

alunos do século XXI. Será utilizada a bibliografia dos seguintes autores para a elaboração

desse capítulo: Dermeval Saviani, Olga Suely Teixeira, Ruberio de Queiroz Cordeiro, Ana

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Paula Seco, Tania Conceição Iglesias do Amaral, Philippe Perrenoud, Moacir Gadotti,

Maria Elizabeth B. de Almeida, Maria da Graça Moreira da Silva, Paulo Freire. É relevante

compreendermos o processo histórico na Educação do Brasil para identificarmos as

metodologias utilizadas outrora e como procederam as políticas públicas em cada contexto

social. A segunda questão é identificar os procedimentos pedagógicos para trabalhar com

os alunos da Geração Y e Mobile.

No capítulo 3, será respondida a questão do presente trabalho “O uso das novas

tecnologias contribui para a produção e o compartilhamento de informações no ensino

superior?”. Com o título “O uso do blog como ferramenta no Ensino Superior”,

identificaremos o processo da aquisição do conhecimento na universidade e quais as

perspectivas para uma educação para o futuro de qualidade usando como base a

bibliografia dos professores e pesquisadores Américo Sommerman, André Telles, Jaciara

de Sá Carvalho, Marcos Tarciso Massetto, Carlos Valente e João Augusto Mattar Neto. E

através de análises de blogs dos professores universitários de diferentes regiões do país e

cursos, buscaremos exemplos de práticas efetivas e interativas no planejamento desse

professor.

Acreditamos que o exercício do professor universitário através do recurso digital,

como o blog, pode favorecer para um ambiente de aprendizagem enriquecedor, no

aspecto técnico e pedagógico, uma vez que o processo de ensino é oferecido de forma

significativa, a fim de desenvolver o senso crítico e autonomia no aluno. Dessa forma, o

aluno do ensino superior terá acesso às informações complementares em tempo real,

processo prazeroso que faz parte da rotina dele. O uso dessa ferramenta, direcionada para

propostas educativas, estreita os laços entre professor e aluno, e valoriza a produção

constante do conhecimento, uma vez que o material de sala de aula encontra-se disponível

na internet.

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CAPÍTULO I

O CONHECIMENTO NA ERA DIGITAL

“Ser moderno é encontrar-se em um ambiente

que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor”

(BERMAN,1987)

Em tempos de mundo tecnológico, a sociedade do início do século XXI vem

vivenciando diversas experiências, antes registradas em filmes de ficção científica. A

globalização do final do século passado transformou e criou uma unidade entre as

diferentes realidades e costumes. As mudanças de rotina deixam dúvidas sobre os limites

para o crescimento do ser humano. Afinal, o que mais podemos inventar? Quais são as

habilidades e competências para aproveitarmos todas as possibilidades que esse novo

mundo pode nos proporcionar?

As diferentes tecnologias oferecidas no mercado são fascinantes e atingem diretamente ao

público infanto-juvenil. Respiramos Bits e Gigabits e interagimos com o mundo virtual

dentro do real. Simplesmente é bem difícil não estarmos conectados diariamente. A

informática está presente em vários setores da sociedade, essa realidade tem contribuído

para democratização da informação e na mudança de padrões e hábitos das pessoas.

Segundo a professora Ana Beatriz Gomes Carvalho vai dizer que “a mudança no padrão

de acumulação está estreitamente vinculada não apenas a uma mudança no setor

produtivo, mas em mudanças na própria sociedade e em todos os elementos a ela

ligados.” (http://anabeatrizgomes.pro.br/moodle/file.php/1/ARTIGOWEB2.0.pdf acessado em 10/01/2012)

O início da internet foi uma ferramenta para os militares, limitada e bem trabalhosa

no período da Guerra Fria, isso foi importante e seria impactante nos anos seguintes. A

ligação mundial foi estudada e testada nos laboratórios das universidades e eis que em

1991 a grande rede, o www (World Wide Web (que em português significa, "Rede de

alcance mundial) foi o divisor de águas para o novo período da modernidade. Com a

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entrada de investimentos comerciais e o acesso às linhas telefônicas e aos modems, as

empresas e as pessoas físicas tiveram a oportunidade de ingressarem no mundo virtual.

1.1 – A modernização e a educação

E é neste movimento de mudanças globais que abordaremos neste capítulo: o

contexto digital em que vivemos e como se processa o conhecimento e a informação

dentro da perspectiva da Educação. Afinal, a escola e a academia que outrora eram as

fontes de saberes formal para a população. E agora, como estão se adequando nesse

novo formato social? Esse novo formato segundo Araci Hack Catapan (2003) é um “mundo

da comunicação digitalizada que formaliza-se com maior agilidade, pois se sustenta na

codificação da informação e na comunicação da mensagem por diferentes formas de

linguagem.”(http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012)

A prática pedagógica nem sempre acompanha a velocidade da modernidade, no

caso do século XXI, pois ainda temos muitas características do XIX e XX nas nossas salas

de aula. Não que sejam obsoletos, porém, não podemos negar a sociedade vigente e suas

novas necessidades. Seja na Educação Básica ou no Ensino Superior, percebemos o

processo de mudanças na construção do conhecimento e de aprendizagem, pois ambos

acontecem em meios à desconfiança, receio e o anseio pela novidade.

Em cada geração, teremos o espírito moderno pairando o nosso cotidiano, seja em

pequeno ou grande escala. O ser humano é criativo e ousado, busca modernizar suas

ações mesmo tendo os sentimentos de autodefesa. Segundo o pesquisador Marshall

Berman (1984), explica justamente os sentimentos que afligem as pessoas:

“Ser humano é viver uma vida de paradoxo e contradição. É sentir-se fortalecido pelas imensas organizações burocráticas que detêm o poder de controlar e frequentemente destruir comunidades, valores vidas; e ainda sentir-se compelido a enfrentar essas forças, a lutar para mudar o seu mundo transformando-o em nosso mundo. É ser ao mesmo tempo revolucionário e conservador: aberto a novas possibilidades de experiências e aventuras...” (p.13)

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E percebemos que na área da Educação, especificando o Ensino Superior, vem

caminhando nos últimos anos com “essa profunda dicotomia, dessa sensação de viver em

dois mundos simultaneamente, que emerge e se desdobra a ideia de modernismo e

modernização” (BERMAN-1987). Os aspectos burocráticos, logísticos e marketing se

adaptaram rapidamente aos perfis dos jovens atuais e as tendências comerciais, porém, o

pedagógico, em sua maioria, ainda está enraizado com o passado mantendo o mesmo

currículo e dinâmica de aprendizagem. Em contrapartida, já é possível ver sinais de

propostas atualizadas para diferentes formas de aprendizagem quando a Ana Beatriz

Gomes Carvalho apresenta a seguinte realidade:

“As novas tecnologias modificaram as relações de aprendizagem, possibilitando o (re)surgimento da Educação a Distância como uma modalidade capaz de aproveitar ao máximo a inserção tecnológica da sociedade informacional. A existência de uma cibercultura e o uso da TIC’s no processo de formação vem modificando a educação formal no país e no mundo. A implantação de cursos de graduação na modalidade a distância nas instituições públicas foi intensificada nos últimos anos, abrindo um leque de possibilidades para o aprofundamento de estudos da modalidade...” (http://anabeatrizgomes.pro.br/moodle/file.php/1/ARTIGOWEB2.0.pdf acessado em 10/01/2012)

Berman (1987) diz que “apropriar-se das modernidades de ontem pode ser, ao

mesmo tempo, uma crítica às modernidades de hoje e um ato de fé nas modernidades - e

nos homens e mulheres modernos – de amanhã e do dia depois de amanhã”(p.35). E será

esse depois de amanhã que a Educação de agora está caminhando para a renovação,

pois o conhecimento não está mais fechado em paredes da academia, elas estão nas

nuvens. Ou seja, “O conceito de ‘computação em nuvem’ é a possibilidade de guardar

informações pessoais, como documentos, fotos e e-mails na web, tornando os dados

acessíveis a partir do acesso de qualquer computador ou aparelho móvel.”

( http://www.next.icict.fiocruz.br/?p=842 acessado em 10/01/2012)

1.2 – Quem é a Geração digital?

As redes de computadores cresceram muito nos últimos anos, as diferentes

possibilidades de se comunicar e interagir proporcionaram novas formas de

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relacionamento entre as pessoas. O limite entre o tempo e espaço não existe, a

possibilidade de comunicação instantânea e colaborativa através das modernas

ferramentas digitais permitem dinâmicas inovadoras e criativas na sociedade. Quanto mais

jovem o público, mais interativo e ousado são suas relações entre outros jovens e o meio

onde vivem. O desenvolvimento tecnológico é sagaz e pulsa em segundos novos

aplicativos e modelos para o consumo digital. Podemos compreender essa nova cultura

através das explicações da Araci Hack Catapan (2003) que diz:

“O poder do saber na cibercultura não está mais centrado em uma pessoa ou em um grupo de pessoas, ou em uma determinada hierarquia curricular, ou naquele fundamento ou naquele livro. Encontra-se distribuído, desterritorializado, desmaterializado. Encontra-se na possível interação que se estabelece entre inúmeros sujeitos com saberes diferentes e diferenciados. É um saber alimentado transversalmente por inúmeros saberes, por pessoas de todas as partes do mundo e das mais variadas singularidades sócio-culturais”. (http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012)

A professora Ana Beatriz Gomes apresenta da seguinte maneira a cultura digital:

“é a cultura da contemporaneidade. As estruturas cognitivas organizadas a partir do contato e interação com as mídias digitais são diferentes das estruturas existentes até então. O internauta estrutura a aquisição do conhecimento através de elementos muito recentes em nossa cultura, como navegação, sites, blogs, chats e downloads. Esta estrutura permite uma interatividade baseada na ludicidade, ampliando em níveis consideráveis, as possibilidades de aprendizagem.”(http://anabeatrizgomes.pro.br/moodle/file.php/1/ARTIGOWEB2.0.pdf acessado em 10/01/2012)

Não estamos falando da Geração Coca-Cola dos anos 80 e 90 que estava prestes a

lutar pelas mudanças do país usando o grito e as músicas, que se revoltava pelos

problemas sociais e que buscava a força das mãos dadas para reivindicar os seus direitos.

Estamos estudando a Geração Digital do século XXI que se apropria da tecnologia para

gritar para milhões, compartilha das suas ideias em tempo real em diferentes meios de

comunicação e que interage em vários assuntos ao mesmo tempo. Não existe um foco por

vez, a multiplicidade da sua mente permite realizar todos os comandos de uma só vez. Sua

atenção? Bem, é curta, o que importa é o significado dos seus 5 minutos de concentração.

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Segundo o publicitário André Telles, que vem estudando essa parcela de

consumidores nos últimos anos para adequar as estratégias de marketing, diz justamente

que a Geração Digital é a “usuária de celulares com internet, games, câmeras fotográficas

e de vídeo, rádio, envio e recebimento de e-mails, TV, comunicadores instantâneos e

música em formato mp3.”(p.15) E ainda acrescenta uma característica bem marcante que

influenciará na vida estudantil, que é a leitura hipertextual, ou seja, a leitura não linear, pois

para os usuários de internet a obtenção da informação acontece através do raciocínio

rápido da rede e ao acesso aos diversos links.

“Por hipertexto, entende-se a escrita não sequencial, que permite ao usuário fazer conexão entre informações e documentos por meio de palavras que contêm ligações com outros (hiperlinks), em um processo semelhante ao do funcionamento do nosso cérebro.” (TELLES , 2009)

Outra característica relevante dessa geração é mobilidade, para a educação é o

grande desafio, uma vez que o conteúdo está disponível na internet. Como interagir com

esse material e despertar o interesse do aluno em aprender através da escola? Eis uma

questão que abordaremos em seguida.

Telles apresenta o chavão do mobile marketing é “anytime, anyplace, no matter, ou

seja, a qualquer tempo, em qualquer lugar, sem problema”. A geração digital quer

mobilidade e interatividade. E será com esse público que a equipe pedagógica deverá

planejar seus projetos pedagógicos ou seus planos de curso.

É um desafio, mas essa geração tem sede de quê? De informação e de

conhecimento. Os meios tradicionais de aprendizagem serão o suficiente? O currículo está

adequado? Para a Araci Hack Catapan, tais questões sobre a cultura digital podem ser

respondidas assim: “o currículo não se limita a uma grade de disciplinas e conteúdos, mas

a uma rede de significados, de concepções, de conceitos, de valores, de saberes, que se

interconectam, engendrando novos conhecimentos.”

(http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012)

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São questionamentos necessários para esse público que foi ensinado linearmente e

ensinou por muitos anos assim. Com a geração digital será bem diferente, os tempos são

outros e as informações estão em todos os lugares é só clicar.

1.3 – Aprendendo na Web 2.0

Os princípios da internet são a ampla rede de informações e o acesso autônomo

das pessoas, tais dados variam e põem em pauta a sua credibilidade. Cabe uma pesquisa

e uma análise desses conteúdos para garantirmos um resultado significativo, que

colaborem para a construção do conhecimento do indivíduo. É essa colaboração e

interação dos dados através da Web 2.0, que será o diferencial para uma aprendizagem

enriquecedora.

Sabemos que a geração digital consegue interagir com diferentes mídias ao mesmo

tempo, cabe a nós professores de nos apropriarmos da informática para planejarmos

situações relevantes e que contemplem este novo processo de construção do

conhecimento e principalmente, que possamos orientar como “saber pescar” as

informações corretamente.

É necessário compreendermos a diferença entre informação e conhecimento, uma

vez que a primeira está difundida em várias mídias que podem contribuir positivamente ou

não para o processo do segundo. A. Araci Hack Catapan(2003) explica da seguinte forma:

“Informação é o fato intencionalmente selecionado, codificado

e submetido a um processo de refinamento, informatizado ou não,

para a veiculação das ideias, imagens, sons, cores, mensagens. É

um saber codificado e objetivado. O conhecimento diferencia-se da

informação enquanto se entende conhecimento como um processo

dinâmico de interpretação, de reelaboração das informações às quais

são conferidos sentido e significados mediados pelas representações

do sujeito e pelo processo da comunicação.”

(http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012)

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Para Patrick Charauedau(2010), em Discurso das Mídias, explica que “A informação

é essencialmente uma questão de linguagem, e a linguagem não é transparente ao

mundo, ela apresenta sua própria opacidade através da qual se constrói uma visão, um

sentido particular do mundo.”(p.19) Edgar Morin(2007) em Os Sete Saberes necessários à

Educação do Futuro explica que “O conhecimento não é o espelho das coisas ou do

mundo externo. Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções

cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos.”(p.35)

No outro momento ele completa que “O conhecimento das informações ou dos dados

isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para

que adquiram sentido.”(p.36)

Desta forma, compreendemos que a informação e o conhecimento caminham

paralelamente, mas serão as práticas e as vivências que definirão a obtenção da

informação correta e aquisição significativa do conhecimento. A Araci Hack Catapan (2003)

lista as características importantes para uma pessoa desenvolver a construção do

conhecimento da seguinte forma: “A mediatização dos processos culturais requer um

sujeito com maior competência crítica, habilidade e rapidez não só no acesso às

informações, mas na sua seleção, e, sobretudo na reelaboração dos conhecimentos.”

(http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012) Ou seja, será esse

sujeito crítico e pensante que terá condições de selecionar, interpretar, analisar e

reconstruir o conteúdo para compartilhar e interagir em seguida, participando dessa esfera

digital.

Jaciara de Sá Carvalho(2011) relata que a construção do conhecimento através das

redes digitais será benéfica se “cada contribuição compartilhada pode transformar o

sentido e o entendimento do outro, apresentando relações que contribuam para o

conhecimento que está em construção”(p.48), em outro momento diz que “nas redes de

aprendizagem online, as pessoas ensinam e aprendem umas com as outras – até porque

se trata de rede de pessoas em um processo educativo.”(p.52)

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E para Araci Hack Catapan(2003) o processo do conhecimento na ciber cultura tem

“A concepção de que o conhecimento é movimento dinâmico,

fluídico, imprevisível, torna-se cada vez mais evidente no modo da interação transversal, imanente no ciberespaço. Nessa dinâmica, entende-se a aprendizagem como um processo de devir que concerne o movimento entre ideia e conceito e escapa do controle didático-pedagógico convencional”

(http://nourau.uniararas.br/pt_BR/document/?code=200 acessado em 10/01/2012)

Sendo assim, o processo de aprendizagem na Web 2.0 será funcional quando

depender do trabalho coletivo e não individual, pois o conhecimento é caracterizado como

uma construção social e está relacionado à participação das pessoas. Para Lévy(1998),

em Inteligência coletiva, acredita no “enriquecimento mútuo das pessoas[...].Ninguém sabe

tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade”.

E serão através das ferramentas digitais tais como: blog, plataformas educacionais,

redes sociais, wikis e podcasts que as instituições educacionais promoverão a interação e

o compartilhamento de informação no meio educacional para contribuir para a

aprendizagem coletiva.

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CAPÍTULO II

A PRÁTICA DE ENSINO PARA AS GERAÇÕES Y E MOBILE

“Um neurônio nada vale sem a conexão a outros: conectado, produz as sinapses e aumenta a inteligência.

Atualmente, um computador, se não estiver conectado a outros, não propicia a Inteligência Coletiva"

(VALENTE e MATTAR, 2007)

O ser humano tem necessidade em mudar, transformar e anunciar desde os

primórdios da nossa sociedade. Da passagem do nomadismo ao sedentarismo, o que

corresponde ao Período da História classificado como Paleolítico e Neolítico, percebemos

mudanças físicas, psicológicas e sociais daquele grupo, tal como a transformação dos

utensílios e estratégias de sobrevivência e sempre registrando os grandes e pequenos

feitos.

Do latim - mutare, transformare, annuntiare – essas três palavras têm grande poder

entre os homens que almejam autenticidade para fazer história. Os grandes mestres da

antiguidade e da modernidade vão dizer que “Nada é permanente, exceto a mudança”.

(Heráclito), "Tudo se transforma, nada morre." (Ovídio) e "Anunciar é fundamentalmente

persuasão” ( William Bernbach). Dessa forma, é plausível compreendermos como o ser

humano usa o seu espírito criativo para mudar o seu meio, transformar por indignação ou

por motivação e compartilhar as experiências positivas ou negativas para que todos se

beneficiem de alguma forma.

E é nessa trajetória ao longo dos anos, que a Educação é inerente ao contexto de

cada período da história, pois os fatores sociais determinam consideravelmente a postura

que a escola precisa ter para atender às necessidades da sociedade vigente.

Assim, neste capítulo apresentaremos um breve histórico da educação no Brasil

para compreendermos como as questões políticas permearam as salas de aula. E

conheceremos como adaptar as práticas pedagógicas na Era Digital para atender às

características dos alunos da geração X, Y e Mobile no século XXI.

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2.1 – Breve histórico da Educação no Brasil

Viver é uma eterna aprendizagem. Cada um aprende de uma maneira desde o

nascimento até os últimos dias de vida. Cada pessoa tem o seu ritmo, uma habilidade e

uma competência mais favorecida que o outro. E num universo escolar, essas diversidades

caminham juntas constantemente e na maioria das vezes numa sala de aula.

Não ensinamos instintivamente. Na sociedade da informação do século XXI, são

constantes as reflexões sobre o planejamento, as atitudes e as posturas do professor e a

sua relação com o aluno. A necessidade de mudanças sobre a prática docente para Paulo

Freire tratam- se de um:

“ exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo” (FREIRE, 2000).

Nesse contexto de aprendizagem escolar, observaremos ao longo dos tempos que

tivemos mais preocupação com as ações políticas, o conteúdo e metodologia de ensino

do que a aprendizagem do aluno. Flavia Rezende (2002) considera que

“o indivíduo como agente ativo de seu próprio conhecimento, o que no contexto educativo desloca a preocupação com o processo de ensino (visão tradicional) para o processo de aprendizagem. Na visão construtivista, o estudante constrói representações por meio de sua interação com a realidade, as quais irão constituir seu conhecimento, processo insubstituível e incompatível com a ideia de que o conhecimento possa ser adquirido ou transmitido.” (http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewFile/13/45 acessado em 09/01/2012)

Para Moacir Gadotti (2000), a educação tradicional da sociedade escravista e a

educação nova baseada no conceito (aprender fazendo) de Dewey e Freinet "têm em

comum a concepção da educação como processo de desenvolvimento individual. Todavia,

o traço mais original da educação desse século é o deslocamento de enfoque do individual

para o social, para o político e para o ideológico.

( http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n2/9782.pdf acessado em 15/01/2012)

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Assim, como o “conhecimento é o grande capital da humanidade” (Gadotti, 2000)

cabe à escola e a universidade a grande responsabilidade em estruturar as questões

pedagógicas para contribuir no enriquecimento do aluno, uma vez que a “aprendizagem é

uma descoberta e não uma acomodação às estruturas existentes” (Gebran,2009). Mas

essa realidade onde o aluno é considerado o fim dentro do processo educacional nem

sempre foi assim. Veremos como procedeu a Educação pela história, uma vez que os

aspectos políticos e econômicos estiverem em primeiro plano no Brasil e como as

estratégias políticas educacionais não conseguiram atender à maioria da população.

O que conhecemos sobre a educação indígena antes da catequização dos jesuítas

está relacionado à observação e a prática das crianças com os adultos, ou seja, “os

pequenos índios, conhecidos como curumins, aprendem desde pequenos e de forma

prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo” Não

identificamos uma estrutura formalizada e sistematizada quanto à educação entre as tribos

e sim, uma aprendizagem para a vida em grupo que exigia noções importantes de

sobrevivência, a comunicação e a interação entre si.

Com a chegada dos jesuítas em 1549, identificamos o início das metodologias

pedagógicas com características trazidas da Europa. Uma vez que os jesuítas tinham a

missão de “catequizar no Novo Mundo, servindo aos interesses da empresa da

colonização e da Igreja contra- reformista.” (Teixeira e Cordeiro, 2008) . Através do

documento Ratio Studiorum todas as escolas jesuítas era reguladas, no qual, consistia

"numa sistematização da pedagogia jesuítica contendo 467 regras cobrindo todas as

atividades dos agentes diretamente ligados ao ensino e recomendava que o professor

nunca se afastasse em matéria filosófica de Aristóteles, e teológica de Santo Tomás de

Aquino" (Wikipedia,2011). A função principal dos jesuítas era a propagação da língua e os

primeiros recursos metodológicos que utilizaram para motivar os nativos foram música,

teatro e a dança. Ainda existia um “ programa dividia-se em três cursos: Letras ou

Humanidades, Filosofia e Ciências, Teologia ou Ciências Sagradas. A avaliação deveria

ser feita diariamente, observando-se o interesse, o envolvimento e o desenvolvimento do

aluno durante as aulas." (Teixeira e Cordeiro, 2008) . Tanta representativa durou 210 anos

até 1759, com o início do período Pombalino.

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As reformas educacionais elaboradas por Sebastião José de Carvalho e Melo, o

Marquês de Pombal (primeiro ministro de Portugal de 1750-1777) foram uma das ações

que surgiram para atender aos interesses do Estado, no caso de Portugal, que estava

numa crise europeia e precisavam de estratégias para recuperar a política econômica de

Portugal, uma vez que desejavam sair da política mercantil para industrial.

“Tais reformas visavam transformar Portugal numa metrópole capitalista, seguindo o exemplo da Inglaterra, além de adaptar sua maior colônia o Brasil a fim de acomodá-la a nova ordem pretendida em Portugal. A idéia de pôr o reinado português em condições econômicas tais que lhe permitissem competir com as nações estrangeiras era talvez a mais forte razão das reformas pombalinas.” (http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html#_ftn2 acessado em 15/01/2012)

A reforma educacional de Marques de Pombal culminou com a expulsão dos

jesuítas e consistiu na criação de aulas régias e fragmentadas de Latim, Grego, Filosofia e

Retórica para substituir os extintos os colégios jesuítas e criou a função de “Diretor Geral

dos Estudos”, que nomeava e fiscalizava o trabalho dos professores. A proposta

metodológica consistia em as aulas autônomas e isoladas, com professor único e sem

interação. Na opinião de Ana Paula Seco e Tania Conceição Iglesias do Amaral, esse novo

sistema educacional implantado no Brasil “significaram um retrocesso na educação escolar

com o desmantelamento completo da educação brasileira oferecida pelo antigo sistema de

educação jesuítica, melhor estruturado do que as aulas régias puderam oferecer.”

(http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html#_ftn2 acessado em 15/01/2012)

Com a chegada da Família Real em 1808,rompe-se a metodologia pombalina e

devido a estadia de D. João VI, foram criados a Academias Militares, Escolas de Direito e

Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e a Imprensa Régia. A cidade do Rio de

Janeiro é muito beneficiada com essas construções culturais e acadêmicas, porém o

sistema educacional do Brasil não apresentou mudanças significativas, permanecendo no

segundo plano das decisões políticas.

Com a Independência do Brasil por D. Pedro I em 1822, teremos as primeiras ações

oficiais para garantir um sistema educativo apropriado. O primeiro deles foi rever a falta de

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professores onde se institui o Método Lancaster em 1823 que consistia num aluno

capacitado (decurião) para lecionar para um grupo de dez alunos (decúria) sob a

fiscalização de um inspetor. Em 1824, foi instituída a primeira Constituição brasileira, a Lei

Magna, no qual, o Art. 179 dizia que a "instrução primária é gratuita para todos os

cidadãos". Dois anos seguintes, foi decretado quatro graus de instrução: Pedagogias

(escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe a

criação de pedagogias em todas as cidades e vilas. O Ato Adicional de 1934 decidia que

as províncias deveriam ser responsáveis pela administração do ensino primário e

secundário. Em 1835, foi inaugurado a primeira Escola Normal do país, em Niterói. E em

1837, foi criado o Colégio Pedro II para se tornar um modelo pedagógico para o curso

secundário no Rio de Janeiro, porém não aconteceu. Mais uma vez, as diferentes

estratégias governamentais não foram satisfatórias pela dimensão continental do Brasil.

"Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de concreto pela

educação brasileira". (http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm acessado em 13/01/2012)

O Brasil tornou-se República em 1889 e nas suas primeiras décadas foram diversos

revoltas sociais que marcaram tal período como várias reformas educacionais que

pretendiam solucionar os problemas sociais e contribuir para a nova sociedade que surgia.

Entre as primeiras ações da República foi a Reforma de Benjamin Constant "como

princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da

escola primária" (http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm acessado em 13/01/2012) . O Código

Epitácio Pessoa que incluiu a lógica como disciplina, juntamente com a sociologia e a

moral.

A Reforma Rivadávia Correa que buscava no curso secundário a formação do aluno

como cidadão. Nesse período, teremos a disciplina de Moral e Cívica com a Reforma João

Luiz Alves. Na década de 30, foi o período que surgiram as universidades pelo país e um

ensino secundário especializado para atender às necessidades de uma nova era do Brasil,

o capitalismo industrial iniciava no país. Tivemos a criação do Ministério da Educação e

Saúde Pública em 1931, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932 e a

Constituição de 1934 como os grandes fatos da época.

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Entre os anos de 1937 a 1945, a nova Constituição enfatizou o ensino pré-vocacional e

profissional. Diante das necessidades do capitalismo que pairava todo o mundo, se fez

importante a formação de mão-de-obra especializada para esse mercado. O Estado

propôs "propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam livres à iniciativa individual e à

associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do Estado o dever da

educação. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário"

(http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm acessado em 13/01/2012)

Através da iniciativa do Ministro Gustavo de Capanema, organizaram novas

reformas que receberam nome de Leis Orgânicas de Ensino onde decretava naquele

instante o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza o ensino

profissionalizante. Já em 1946, teremos a criação do SENAC. Neste mesmo ano, é

retomado o preceito de que a Educação é direito de todos inspirada nos princípios do

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova na década de 30. Um pouco mais de uma

década, teremos finalmente a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasil que

foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961. Foi neste período que

percebemos diferentes iniciativas preocupadas com o processo de ensino-aprendizagem

dos alunos tais como:

"em 1950, em Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua idéia de escola-classe e escola-parque; em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura; em 1961 a tem inicio uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 horas, adultos analfabetos; em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação e, ainda em 1962 é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo Freire." (http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm acessado em 13/01/2012)

No período militar a preocupação volta-se para o ensino profissionalizante, é

instituída a segunda Lei de Diretrizes e Bases a Lei 5.692/71. Tempos anti-democracia ,

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estudantes , professores foram denunciados, demitidos, universidades ameaçadas. Foi um

retrocesso na Educação Brasileira.

E será após os anos de ferro, que a educação ganhará maior visibilidade no ano

que se constituía a nova Constituição Brasileira em 1988, porém, será em 1996 que a Lei

9.394 foi promulgada e é a LDB vigente atualmente. Para Bello (2001)

"Até os dias de hoje, muito tem se mexido no planejamento

educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é mais o de manter o "status quo", para aqueles que frequentam os bancos escolares, e menos de oferecer conhecimentos básicos, para serem aproveitados pelos estudantes em suas vidas práticas."

(http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm acessado em 13/01/2012)

Através deste breve histórico da Educação no Brasil, podemos perceber que as

principais ações na Educação ocorreram entre as décadas finais do século XX até o

presente momento. Numa entrevista com Saviani, ele explica que o Plano Nacional de

Desenvolvimento (PDE) ,lançado em 2007, foi a primeira estratégia efetiva do Governo

que visa a qualidade de ensino para o aluno, combatendo dessa forma o ensino ruim da

Educação Básica, algo nunca visto ao longo da história da Educação do país. A LDB de

1996, que seguia a Constituição de 1988, estipulava

“ um ano para a elaboração de um plano nacional, concebido com a junção de duas propostas: uma do governo federal e a outra de um grupo de educadores. Os dois textos foram unificados e o Plano Nacional de Educação (PNE) foi convertido em lei em 2001, com vigência até janeiro de 2011. Já o PDE, lançado em 2007, não é um plano e não substitui o PNE. Ele é uma política pública, um conjunto de medidas e metas para o país, estabelecido por decreto.” (http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/pde-esta-cada-escola-500794.shtml acessado em 16/01/2012)

Ainda há muito trabalho pela frente, estamos aprendendo aprender com os erros,

omissões e interesses do passado. Existem muitas dívidas com a população em cada

segmento, da Educação Infantil ao Ensino Superior. Diante de propostas para

erradicamento do analfabetismo até 2020 e por uma qualidade de ensino, é importante

sabermos como ensinar para as atuais e futuras gerações para conseguirmos tal sucesso.

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No que ainda tange este capítulo, identificaremos quais são as propostas para um

processo educativo relevante para o século XXI e quem são os alunos da geração Y e

Mobile. Se outrora a preocupação era somente em transmitir conhecimentos, a ensinar a

ler, escrever, resolver questões lógicas, a profissionalizar para o mercado de trabalho sem

considerar a metodologia de trabalho, a realidade e a necessidade do aluno e muito

menos, como ele compreende por aprendizagem; atualmente, se faz necessário

reavaliarmos nossas práticas , pois na Era Digital, as ações dos professores serão

questionáveis e deverão ser significativas e mais interativas nas salas de aula.

2.2 – Quem são os alunos da geração Y e Mobile

De tempos em tempos, a sociedade inventa e reinventa modas para atender aos

gostos e perfis das pessoas. As indústrias e as mídias se beneficiam em cada estação,

pois a novidade é o que movimenta os espaços sociais. A educação se relaciona com

esses mesmos perfis que sugerem novas regras e formas de convivência constantemente.

E nos últimos anos, a interatividade de crianças e jovens que usam diferentes artefatos

tecnológicos tem aumentado consideravelmente, sendo um público visado por vários

setores comerciais que os atraem numa enxurrada de informações e propagandas.

E é esse novo contexto social, onde crianças e jovens têm em seus ambientes

domésticos o poder de selecionar, voz para opinar e vontades para realizar; que segundo a

professora Maria Elizabeth B. de Almeida(2011), vai explicar que a escola

“ constitui como um espaço de desenvolvimento de práticas

sociais se encontra envolvida na rede e é desafiada a conviver com as transformações que as tecnologias e mídias digitais provocam na sociedade e na cultura, e que são trazidas para dentro das escolas pelos alunos, costumeiramente pouco orientados sobre a forma de se relacionar educacionalmente com esses artefatos culturais que permeiam suas práticas cotidianas." (http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/viewFile/5676/4002 acessado em 15/01/2012)

Para compreendermos essa geração, Tapscott (1999) apresenta as características

das atuais gerações que são crianças e jovens são mais ativas que as anteriores. Ou seja,

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"Sua marca fundamental é a interatividade e não se contenta em somente contemplar o meio de comunicação, mas desejar mudá-lo, conformá-lo, alterá-lo e, porque não dizer, modelá-lo à sua imagem e semelhança. Pela própria característica da mídia internet, essa geração já convive com um conjunto de informações totalmente flexíveis e descentralizadas." ( TAPSCOTT, 1999)

Segundo Maria Elizabeth B. de Almeida (2011) , trata-se da Geração Y ou, ainda

geração pós-internet que são os nascidos a partir dos anos 80 “que cresceram com a

internet, habituaram-se a usar jogos eletrônicos, a produzir, interagir e compartilhar

informações por meio de redes sociais e a utilizar dispositivos móveis”. Entendemos como

geração Mobile quem usa as tecnologias móveis ” os computadores portáteis, telefones

celulares ou outros dispositivos móveis, que propiciam a conexão contínua e sem fio,"

(http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/viewFile/5676/4002 acessado em 15/01/2012)

Para esta escola nova com alunos plugados, identificamos as primeiras

preocupações governamentais com a informática educacional durante toda a década dos

anos 80. E em 1981, aconteceu o I Seminário de Informática na Educação, Brasília/DF,

UnB. Promoção MEC/SEI/CNPq; em dezembro do mesmo ano foi aprovado o documento:

Subsídios para a Implantação do Programa de Informática na Educação

MEC/SEI/CNPq/Finep. Foi publicado em Julho de 83 as Diretrizes para o Estabelecimento

da Política de Informática no Setor de Educação, Cultura e Desporto. Agora em Outubro

de 89, teremos instituição do Programa Nacional de Informática Educativa – Proninfe – na

Secretaria- Geral do MEC e em 1997 , foi o lançamento do Programa Nacional de

Informática na Educação (ProInfo).

Com ações ocorrendo na esfera do governo e alunos que anseiam por novidades

nas carteiras, cabe agora ao professor a grande responsabilidade em reaprender suas

práticas que não foram ensinadas na sua formação, como também, questionar a utilização

de novos recursos no planejamento de aula .Paulo Freire (1984) já questionava “A

máquina está a serviço de quem?”

(http://www.paulofreire.org/pub/Crpf/CrpfAcervo000040/Obra_Artigos_A_maquina_esta_a_servico_de_quem_1984_v5.pdf. acessado

em 15/01/2012) O "ofício não é imutável. Suas transformações passam principalmente pela

emergência de novas competências ou pela acentuação de competências reconhecidas".

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(Philippe Perrenoud, 2000) "A formação de professores é essencial para a leitura e a

posição crítica frente às tecnologias.” ( Moacir Gadotti ,2000)

As ferramentas digitais usadas sem um objetivo pedagógico e verdadeiramente

significativo não serão capazes de contribuir para o aprendizado do aluno. Não podemos

ser omissos às mudanças, este contexto digital só tende a avançar e o próprio Philippe

Perrenoud sugere a utilização das novas tecnologias entre as 10 competências para uma

educação para o futuro.

Trata-se de um novo paradigma educacional, não basta saber a informação é

preciso selecioná-lo e criticá-lo. Em seguida, interagir, produzir e compartilhar o

conhecimento formulado. Para Gadotti (2000) ,“a função da escola será, cada

vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. “Para isso, é preciso dominar mais

metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica.”

O professor muda a perspectiva onde não é mais o centro e sim, na posição ao

lado do aluno para orientá-lo a manusear os recursos digitais a fim de compreender e

construir o conhecimento de forma crítica e consciente.

“Dentro dessa nova realidade muda a figura do professor, que já não se limita a um mero transmissor do conhecimento, mas a um guia, um mediador, como coparceiro do aluno, buscando e interpretando de forma crítica as informações. Esse professor passa a contar com o desenvolvimento tecnológico de informações, levando-o a um novo centro de referência educacional, transformando o saber ensinar em saber aprender, preparando esta nova geração para uma nova forma de pensar e trabalhar e levando-o a aprender mais rapidamente.” (GEBRAN, 2009)

Mesmo que a insegurança surja na utilização das novas tecnologias no seu

planejamento, seja por falta de instrumentos ou por falta de suporte técnico e pedagógico,

é interessante uma abertura para aprender os conhecimentos prévios dos alunos quanto

às tecnologias. Pode-se conseguir uma boa parceria e comprometimento na relação

professor e aluno. Existem inúmeros recursos disponíveis online bem estruturados lúdicos

e interativos para inovar o processo de ensino. Entre tais ferramentas, destacaremos como

os blogs podem contribuir na construção do conhecimento ou na transmissão de

informações no Ensino Superior.

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CAPÍTULO III

O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA NO ENSINO SUPERIOR

“...o Ensino Superior percebe a necessidade de se abrir

para o diálogo com outras fontes de produção de conhecimento e da pesquisa...”

(MASETTO, 2003)

Ao longo do trabalho, tivemos a oportunidade de explorar contexto social do século

XXI, tal como a geração de alunos desse novo tempo. Identificamos a história da educação

no Brasil e as primeiras ações governamentais para o processo de aprendizagem nas

escolas. Compreendemos como as Novas Tecnologias estão inseridas no cotidiano das

crianças e dos jovens e a importância de agregá-los à realidade educacional.

Neste último capítulo, responderemos a questão deste trabalho “O uso das novas

tecnologias contribui para a produção e o compartilhamento do conhecimento no ensino

superior?”, para isso, apresentaremos o contexto metodológico do Ensino Superior, as

reflexões para as novas tendências da educação do futuro nessa etapa e finalizaremos

com as práticas pedagógicas do blog no planejamento universitário.

3.1 – Ensino Superior para uma educação do futuro

Refletir, analisar, aprender e conhecer são ações que fazem parte do nosso

cotidiano para interagirmos com o nosso meio e a nossa vida. Porém, ter consciência

dessas práticas com um objetivo de compreendermos antigas posturas e revermos novas

sistematicamente, em diferentes setores da nossa vivência, não acontece de maneira

leviana. Podemos dizer que tais práticas foram estudadas e iniciadas principalmente pelos

filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles, entre outros.

A palavra filosofia de origem grega significa “amizade pela sabedoria”, o desejo de

estar próximo do saber, do conhecimento verdadeiro. E é essa vontade do conhecer que

muitos jovens estudantes ingressam no Ensino Superior com intuito de aprender além do

que viveram nos seus 12 anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio aproximadamente.

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Com ânsia de novas práticas e métodos de saber, que muitos esperam encontrar

respostas para questões não respondidas, como também uma formação completa para

prepará-los para o mercado de trabalho.

Já nos tempos da Academia de Platão (387 a.C) e Liceu de Aristóteles (335 a.C) ,

temos a origem das reflexões sobre tudo, uma investigação curiosa para descobrir a

essência das coisas, tudo baseado no pensamento lógico e racional. O pensamento

mítico, utilizado pelos sofistas que antecede a prática da razão, foi perdendo espaço para

novas descobertas que outrora não explicavam, permitindo grandes feitos. Observamos

que a partir de maiores reflexões racionais, os gregos conseguiram realizar e inventar

coisas, que antes ficavam tolhidos pelas orientações dos deuses. Assim, eles navegaram e

não encontraram as tais criaturas imaginárias criadas pela mitologia; criaram o calendário,

uma vez que perceberam que não existia intervenção divina e a sistematizaram a vida

urbana e política que cresciam e permitiam melhores condições de igualdade entre as

pessoas.

Dessa forma, o estudo do conhecimento, a Epistemologia, através da razão sobre a

realidade, a ética, filosofia da arte, lógica, física, retórica, política, literatura e a metafísica

foram práticas desse período e que consolidaram a educação e a importância da cultura

grega, uma vez que foi propagado entre várias gerações e é até hoje, relevante para a

base teórica do nosso Ensino Superior. Américo Sommerman (2003), em sua tese de

mestrado, explica que o processo de aprendizagem ocorria de maneira unificada, as

disciplinas eram circulares privilegiando o cognitivo do aluno.

“Platão e Aristóteles definiram hierarquias entre os saberes, todos eles unificados pela filosofia. Pois, no âmbito do paradigma filosófico, a “filosofia é a ciência dos objetos do ponto de vista da totalidade, enquanto as ciências particulares são os setores parciais do ser, províncias recortadas dentro do continente total do ser” (Morente, 1980, p. 31). Para o primeiro, a busca do conhecimento do todo pode ser dividia em Dialética, Física e Ética, que se retroalimentam, e a educação “deve proporcionar ao corpo e à alma toda a perfeição e beleza de que são suscetíveis” ( Leis, Livro VI), converter o olhar da alma do mundo sensível para o mundo inteligível e, por fim, levá-lo à contemplação do Bem supremo. Para o segundo, a divisão da ciência em teóricas (física, matemática, filosofia), prática (lógica, ética, política) e poética (artes) tem como finalidade o bem

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moral, a virtude, na qual consiste a felicidade. A Paidéia dos sofistas se apoiava num ensino circular (enkyklospaideia- enciclopédia) que “devia levar o aluno a percorrer as disciplinas constitutivas da ordem intelectual e centradas em um desenvolvimento humano entendido como um todo” (Zabala, 2002, p. 17). O trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e gramática), forma pela qual a ciência grega adentra a Europa, também dialogavam circular e hierarquicamente e eram os prolegômenos da teologia. Mesmo os pais da ciência moderna, Bacon, Galileu, Newton, Descartes e, depois deles, Kant e o próprio Auguste Comte, embora se apoiando em epistemologias racionalistas e empiristas e em antropologias e cosmologias menos bi ou unidimensionais, sempre buscaram, cada um à sua maneira, uma unidade do conhecimento.” (p.83-84)

Ao longo da história da educação com os diferentes contextos e realidades

históricas, chegamos a atual formação acadêmica, ou seja, compartimentada e sem um

elo significativo para o aluno. Sendo focado nos conteúdos disciplinares para uma

formação profissionalizante sem o princípio da reflexão do ser e do saber.

“Vemos com isso que as posições epistemológicas predominantes foram reduzindo o campo do conhecimento considerado verdadeiro. A hegemonia da epistemologia tradicional (multidimensional), até o século XIII, deu lugar ao racionalismo (bidimensional: matéria e espírito), no século XVII, que foi substituído pelo empirismo (unidimensional: matéria) no século XIX, que gerou posições ainda mais estreitas: mecanicismo, reducionismo e materialismo. Além disso, várias outras posições que negam a possibilidade do conhecimento (ceticismo), ou negam a possibilidade de um conhecimento absoluto (relativismo e subjetivismo) foram se tornando cada vez mais presentes ao longo do século passado. ...Se as posições reducionistas contribuíram muito para o grande desenvolvimento tecnológico, cooperaram também para a fragmentação crescente da realidade e das disciplinas e para a redução do sentido da vida humana.” (SOMMERMAN, 2003)

Diante desse breve histórico da construção do pensamento, percebemos que essa

varia conforme as prioridades da sociedade vigente, ela não é estática e nem única, pode

ser sim, prioritária. Não podemos classificar como verdadeira uma única perspectiva, mas

neste presente trabalho focaremos a proposta que melhor atende à necessidade da

aprendizagem do aluno. Sendo assim, a visão da metodologia tradicional não viabiliza um

retorno significativo para o aluno se não houver participação do mesmo na construção do

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conhecimento e práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores e a instituição que

consolide tal processo.

Sommerman apresenta a pedagogia tradicional no qual, “o professor é ativo,

transmite conteúdos (matérias) puramente disciplinares e o aluno as recebe passivamente.

Esse modelo pedagógico, dos saberes disciplinares, que substituiu o modelo da Bildung,

das humanitas, do conhecimento e da cultura, é relativamente recente, do início do século

XIX, herdando o ideal da Revolução Francesa de criar uma escola universal de instrução

pública” (2003). Para Marcos Masseto (2003), a educação do Ensino Superior do Brasil foi

estruturada, e ainda é mantida, pelo modelo “francês-napoleônico” que prioriza o domínio

do conteúdo, experiência profissional do docente e o “quem sabe, sabe ensinar”.

"com a metodologia em quase totalidade está centrada em

transmissão ou comunicação oral de temas ou assuntos acabados por parte dos professores (aulas expositivas), ou leitura de livros e artigose sua repetição em classe. Predomínio de um programa a se cumprido. A avaliação é usada como averiguação do que foi assimilado do curso, mediante provas tradicionais e notas classificatórias e aprobatórias ou não. O corpo docente ainda é recrutado entre profissionais, dos quais se exige um mestrado ou doutorado, que os torne mais competentes na comunicação do conhecimento deles, no entanto, ainda não se pedem competências profissionais de um educador no que diz respeito à área pedagógica e à perspectiva político-social." (p.35,36)

A proposta de uma metodologia tradicional restringe o grande salto de qualidade na

educação em todos os segmentos da Educação, da Educação Infantil ao Ensino Superior.

O que outrora o processo de ensino era priorizado, é válido rever tais aspectos para uma

educação interativa e motivacional de hoje, pois é necessário práticas pedagógicas para o

processo de aprendizagem. Para Jaciara de Sá(2011) “a aprendizagem pressupõe a

elaboração de conhecimento por parte do sujeito, um nível acima da simples troca de

informações, do compartilhamento entre os integrantes.". Masseto(2003) menciona que o

fator aprender se relaciona com as atividades que apontam para o aprendiz como agente

principal e responsável pela sua aprendizagem. Cabendo ao professor reformular as

perguntas, uma vez que os processos de ensino e aprendizagem são diferentes e se

correlacionam.

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Se focarmos no processo de aprendizagem, teremos como consequência uma

organização curricular flexível, atualizado e aberto, a contratação do corpo docente pelo

viés pedagógico e uma metodologia focada no aluno. (MASSETO, 2003) . O mesmo

entende que o Ensino Superior deve nortear os valores e práticas dos áureos tempos dos

gregos.

“Por aprendizagem de atitudes e valores queremos dizer a necessidade de os cursos se preocuparem com que seus educandos valorizem o conhecimento, a atualização contínua desde, a pesquisa, o estudo dos mais diversos aspectos que cercam um problema, a cooperação, a solidariedade, a criticidade, a criatividade, o trabalho em equipe". (p.39).

Sommerman(2003) diz que concomitante às práticas tradicionais, tivemos autores

que buscaram resgatar a unidade do saber e o verdadeiro significado do aprender.

Podemos resgatá-los para consolidarmos uma aprendizagem coerente com as aspirações

do século XXI.

“As complexidades do mundo e da cultura atual reforçaram, por

outro lado, a busca da unificação (ou reunificação) do saber e, apoiadas nas novas teorias pedagógicas (Claparède, Dewey, Decroly, Montessori, Freire, Piaget, Vigotsky), psicológicas (Gestalt, psicologia piagetiana, psicologia vigotskyana,), científicas (teoria geral de sistemas, teoria da complexidade), cooperaram tanto para o desenvolvimento das pedagogias ativas e globalizadoras, quanto para as abordagens inter e transdisciplinares como abertura do diálogo entre os saberes das diferentes disciplinas e entre os sujeitos das diferentes disciplinas” (p.86)

E para reforçar a importância da mudança das práticas pedagógicas e as

competências do professor universitário, tal como, estruturar novos objetivos e

questionamentos significativos para o aprendizado do aluno e a interação e

compartilhamento do conhecimento na instituição acadêmica; que a Unesco, em 1998 ,

lança uma Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI .

“Docentes de Educação Superior atualmente devem estar ocupados sobretudo em ensinar seus estudantes a aprender e a tomar iniciativas ao invés de serem unicamente fontes de conhecimento. Devem ser tomadas providências adequadas para pesquisar, atualizar e melhorar as habilidades pedagógicas, por meio de programas apropriados ao desenvolvimento de pessoal.” (MASSETO, 2003).

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Desta forma, a sociedade do século XXI demanda de profissionais e principalmente,

de pessoas dispostas em construir o conhecimento colaborativamente, que estejam

conscientes do seu papel crítico e atuante no seu meio e saiba conviver entre seus pares.

As ferramentas digitais estão presentes no cotidiano dessa parcela que tem oportunidade

em sistematizar os conteúdos acadêmicos de maneira dinâmica e interativa. Assim,

analisaremos a seguir, como deve ser a participação do professor nesta nova metodologia

se apropriando dos recursos digitais para contribuir na construção do saber do educando

do Ensino Superior.

3.2 – Práticas pedagógicas com o uso do Blog

As Novas Tecnologias Educacionais estão se agregando ao cotidiano da

comunidade escolar e acadêmica e é interessante verificarmos como os professores estão

operacionando tais recursos de maneira efetiva e interativa nos seus planejamentos de

aula. Acreditamos que as ferramentas digitais sejam um meio importante para uma

aprendizagem mais dinâmica, moderna e colaborativa entre professores e alunos.

Ao longo da pesquisa, percebemos a importância de uma nova metodologia de

trabalho do professor universitário para atingir os objetivos da formação deste aluno do

século XXI. Aulas expositivas e leitura de textos são válidas, mas se faz necessário à

participação do aluno com esses objetos de aprendizagem para realmente torná-los

significativos. Para André Telles (2009) “a geração digital quer ter liberdade de escolha e

escutar o que dizem sobre determinadas marcas, opiniões isentas e objetivas de pessoas

comuns” (p.90).

Um dos recursos digitais que abordaremos neste presente trabalho é o uso de blog

entre os professores das universidades públicas como forma de compartilhar informações

e a construção do conhecimento. João Mattar (2008) sugere que “os próprios professores

podem utilizar blogs para fornecer informações atualizadas e comentários sobre suas áreas

de especialidade, assim como propor questões, exercícios e links para outros sites.

Alguns, inclusive, usam blogs para informar as notas a seus alunos.” (p.100) Segundo a

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professora Jaciara de Sá (2011), “Nessas redes, é possível perceber que há um

planejamento, um ou mais responsáveis por estimular e provocar a aprendizagem do

grupo, algumas discussões e atividades que visam alcançar as finalidades inicialmente

expostas e a abertura do grupo para novas proposições dos participantes ao longo do

processo.” (p.41)

Selecionamos três blogs que contemplassem regiões diferentes do país e disciplinas

também. O objetivo é verificar se o professor utiliza tal ferramenta para interagir com a

turma quanto à divulgação de textos e links complementares para aprendizagem do aluno,

informações pertinentes ao curso, se o blog é atualizado e se existem posts que

compartilhem produções dos alunos.

Primeiramente, entendemos como blog uma forma de publicação da web 2.0, no

qual, publicamos artigos, notícias e informações afins que se definem como post e ficam

organizados cronologicamente. O usuário organiza as informações para divulgar dados

pessoais ou institucionais, também pode incluir aplicativos, links de sites e outros serviços

com o objetivo de interagir com o internauta através dos comentários em cada post. É

possível compartilhar os posts utilizando ícones das redes sociais (Orkut, Twitter,

Facebook), movimentando ainda mais os acessos ao blog. Esse é uma ferramenta

acessível, na maioria das vezes gratuita, de fácil publicação e compreensão para o

produtor e leitor. Segundo André Telles (2009) “os blogs são muito úteis como ferramenta

de marketing pessoal, mas também podem servir como ótimas ferramentas corporativas

para melhorar a comunicação de sua empresa com os seus clientes.” (p.89)

Se aproveitado com fins educativos, teremos uma aprendizagem colaborativa e

significativa entre os alunos contribuindo para a democratização da informação, tal como a

sua construção coletiva. Para o professor João Mattar (2008):

“A pesquisa em blogs acadêmicos ou educativos, assim como a proposta de atividades de construção de blogs por parte dos alunos, têm sido cada vez mais utilizadas em EaD. A facilidade na criação e publicação, a possibilidade de construção coletiva e o potencial de interação tornam os blogs uma ferramenta pedagógica de destaque para a educação a distância.”(p.99)

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É preciso aproveitar as diferentes formas ambientes favoráveis para a

aprendizagem, no nosso caso, o cyberespaço, pois permite uma construção do

conhecimento e a contribuição de várias experiências das pessoas, tornando-o muito mais

rico e significativo.

“Sabe-se que, nas redes de aprendizagem online, as pessoas

ensinam e aprendem umas com as outras – até porque se trata de rede de pessoas em um processo educativo. Mas, entre elas, destaca-se quem possui a capacidade de tecer significações, mediar relações, mapear relevâncias, construir narrativas fabulosas, praticar a tolerância e exercer a autoridade. Essas são competências apontadas por Machado (2004, 2009) ao educador que concebe o conhecimento como uma rede de significações, e não como algo a ser dado ao outro (que não sabe) ou decomposto em partes simples para ser apresentado em uma sequência lógica.” (CARVALHO, 2011)

Vejamos agora, exemplos de práticas pedagógicas com o uso blog de três

professores universitários, analisando os seguintes aspectos já mencionados: interação

com a turma, divulgação de materiais pedagógicos, compartilhamento de produções dos

alunos e informações sobre a disciplina e a turma. Não mencionaremos os nomes dos

professores para garantirmos a privacidade dos mesmos, pois a nossa proposta é

identificarmos as ações efetivas das novas tecnologias na educação, dessa forma,

citaremos as universidades, os cursos, os endereços dos blogs e os prints (imagens) das

atividades do blog para ilustrar os tópicos em questão.

No blog http://www.professordavi.com.br da Universidade Federal Rio Grande do

Sul, curso de História, identificamos um ambiente rico em links de sites complementares,

artigos relevantes sobre assuntos contemporâneos, posts atualizados e aplicativos para

redes sociais. E o que observamos de aplicabilidade pedagógica com a turma são arquivos

das aulas multimídias e a colaboração de aulas, no qual, ele publica no blog para os

demais interagirem, como vemos na imagem abaixo.

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(http://www.professordavi.com.br –acessado em 27/01/2012)

Figura 1: Aulas digitais complementares disponíveis para os alunos.

(http://www.professordavi.com.br –acessado em 27/01/2012)

Figura 2: Indicação de link do aluno para ser compartilhado com a turma.

Pela Universidade Federal do Piauí, curso de Pedagogia, temos o blog

http://blog.professoralex.com, que apresenta as produções dos alunos dentro da

universidade com a II Semana Acadêmica de Pedagogia, a participação dos alunos em

projetos de apoio às escolas da comunidade local para aplicar as noções teóricas do curso

e ao final, os graduandos produzirão resumos científicos. Um blog com layout bem atrativo,

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links disponíveis e arquivos para leitura disponíveis para download caracterizam esse

ambiente bem interativo e colaborativo.

(http://blog.professoralex.com –acessado em 27/01/2012)

Figura 3: Ambiente para download de leitura complementar.

(http://blog.professoralex.com –acessado em 27/01/2012)

Figura 4: Compartilhando a produção de conhecimento dos alunos.

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Identificamos que no blog http://ericolinsleite.blogspot.com, o professor do Curso

de Economia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aproveita o blog para divulgar

resultados dos alunos, como vemos na figura 5 e apesar do blog não ser bem atualizado,

nos poucos posts percebemos que o professor interagiu em cada comentário com os

alunos como está na figura 6.

(http://ericolinsleite.blogspot.com –acessado em 27/01/2012)

Figura 5 – Resultado dos alunos

(http://ericolinsleite.blogspot.com –acessado em 27/01/2012)

Figura 6 – Interação com alunos nos comentários

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As dinâmicas interativas só se aprendem fazendo, ao longo da pesquisa, diferentes

autores mencionaram estratégias para as novas tecnologias fazerem parte do

planejamento de aula e pelos blogs citados concluímos que as teorias podem ser reais.

Existem professores que estão acreditando que é possível propagar conhecimento através

da sala de aula e que a universidade não é o centro das informações. Isso pode ser criado

e alimentado por toda comunidade acadêmica virtualmente.

As redes de aprendizagem online são sistemas complexos porque assim é a relação entre as pessoas e delas com o contexto e o objeto de aprendizagem. São complexos porque há incertezas, ordem, desordem, sínteses, resistências, interferências, múltiplos significados. Assim também é o conhecimento: uma construção que articula fragmentos, que depende de desconstrução, reconstrução, interpretação do objeto e da realidade, e exige processos de auto-organização e reorganização mental. (CARVALHO, 2011)

A proposta inicial da pesquisa era relatar mais experiências pedagógicas com o uso

do blog, porém, tal realidade ainda está caminhando mesmo com milhares pessoas

conectadas em redes sociais diariamente, porém, para atividades vinculadas à

aprendizagem é limitada. E mesmo para alguns professores que acreditam que estejam

interagindo corretamente, mas infelizmente não estão, como em dois exemplos de blogs

que estão bem desatualizado com poucos posts, links de conteúdos complementares e

ausência interação e contribuição da turma http://emtornodasletras.blogspot.com –

Universidade Estadual do Rio de Janeiro, curso de Letras e o blog

http://www.direitointernacionaluesc.blogspot.com/ - Universidade Estadual de Santa Cruz ,

curso de Direito.

De qualquer forma, são tentativas válidas, uma vez que o professor se disponibilizou

em criar e divulgar a ferramenta e alimentá-lo a sua maneira. E a formação continuada se

faz necessária em qualquer segmento de ensino e não é diferente para os professores

universitários. Se ele compreende que é possível conquistar o aluno por outro viés de

aprendizagem, utilizando um blog ou diferentes redes sociais, esse professor já avançou

muito na sua prática pedagógica e só precisa de mais habilidades digitais e o espírito

colaborativo em permitir que o aluno possa fazer parte desse processo de construção do

conhecimento.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou compreender o processo histórico da Educação no

Brasil no aspecto metodológico na prática do processo de ensino–aprendizagem e

verificamos os projetos políticos dos governos que gerenciaram nosso povo priorizaram a

educação elitista. Ao longo da pesquisa, percebemos como a Educação do Brasil, para

todos, é muito recente. São aproximadamente 15 anos que a Lei de Diretrizes e Bases

9394/96 foi promulgada e pela primeira vez todas as instâncias de uma pessoa foram

contempladas. Da Educação Infantil ao Ensino Superior, temos orientações e obrigações

que favoreceram para o crescimento e o desenvolvimento desde indivíduo.

E como em cada período da sociedade, a Educação recebia incentivos e influências

da mesma. Considerando o contexto do século XXI, buscamos através de uma vasta

bibliografia sobre as novas tecnologias e práticas pedagógicas para o futuro da Educação

no Ensino Superior as propostas para diferentes perspectivas de trabalho em sala de aula

com a geração digital.

E concluímos que respondemos o problema da pesquisa “O uso das novas

tecnologias contribui para a produção e o compartilhamento de informações no ensino

superior?”, ao identificamos as publicações dos blogs dos professores universitários.

Percebemos que é possível propor diferentes atividades pedagógicas através do blog no

Ensino Superior e que o aluno participa e interage com o professor. Analisamos blogs com

conteúdos bem elaborados e direcionados para a construção do conhecimento do aluno,

tal como, a divulgação de práticas dos mesmos e materiais digitais como complemento de

aprendizagem além da universidade.

Ainda existem blogs limitados no aspecto da interatividade verdadeira com o aluno e

o compartilhamento de informações e produções dos mesmos, mas consideramos válidas

as iniciativas desses professores, pois buscaram as ferramentas que os alunos estão

acessando como forma de aprendizagem.

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Acreditamos que se o professor se apropriar das novas tecnologias estará

revitalizando suas práticas pedagógicas, colocando-se em diferentes papéis, tais como:

orientador, produtor e expositor de conhecimentos. É um processo de aprendizagem

constante e fundamental para as perspectivas da Educação no século XXI para o

professor e o aluno. É um caminho que não existe retorno para a utilização de

metodologias tradicionais sem a preocupação na aprendizagem significativa e participativa

para o aluno.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - CONHECIMENTO NA ERA DIGITAL 10

1.1 – A modernização e a educação 11

1.2 – Quem é a Geração digital? 12

1.3 – Aprendendo na Web 2.0 15

CAPÍTULO II -A PRÁTICA DE ENSINO PARA AS GERAÇÕES Y E MOBILE 18

2.1 – Breve histórico da Educação no Brasil 19

2.2 – Quem são os alunos da geração Y e Mobile 25

CAPÍTULO III – O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA NO ENSINO SUPERIOR 28

3.1 – Ensino Superior para uma educação do futuro 28

3.2 – Práticas pedagógicas com o uso do Blog 33

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

WEBGRAFIA 42

ÍNDICE 44