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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PSICOLOGIA PARA O EDUCANDO Por: Maria Aparecida Figueira Orientador Prof. Prof. Brasília 2008 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PSICOLOGIA PARA O EDUCANDO

Por: Maria Aparecida Figueira

Orientador

Prof.

Prof.

Brasília

2008

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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Monografia apresentada ao Projeto A VEZ do

MESTRE – Universidade CANDIDO MENDES

como parte dos requisitos para obtenção do Grau de

ESPECIALISTA EM DOCÊNCIA DO ENSINO

SUPERIOR.

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AGRADECIMENTOS

....Agradeço aos amigos e colegas que

colaboraram gentilmente com suas

informações e também sua experiência

para que este trabalho pudesse

concretizar-se.

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DEDICATÓRIA

....Dedico esta monografia aos meus

filhos Renan e Ramon pelo apoio

incondicional que recebi; e às colegas

Lucy e Suzana, inseparáveis companheiras

de estudo, com as quais compartilho o

sonho de um mundo melhor .

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RESUMO

Este trabalho propõe-se a fazer algumas considerações sobre a

importância da disciplina de Psicologia nos cursos de formação de professores.

Tenha a disciplina o nome de Psicologia da Educação, Psicologia do

Desenvolvimento ou outro correlato, trata-se de relevar o seu significado na

formação do futuro docente. O ponto de partida para o sucesso da ação

pedagógica não pode desconsiderar o conhecimento do processo de

aprendizagem. Aqueles que se dedicam à educação precisam adquirir, além da

proficiência específica na sua área, uma boa compreensão de como as pessoas

constroem suas noções, seus conhecimentos e suas habilidades.

Inicialmente – no primeiro capítulo - será feita uma abordagem histórica da

psicologia como ciência.

No capítulo seguinte serão comentados alguns conceitos de aprendizagem .

No terceiro e último capítulo serão desenvolvidas as teorias de Wallon, Vygotsky

e Piaget com as suas contribuições para a pedagogia e a educação em geral.

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METODOLOGIA

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Visando atender aos objetivos do trabalho, foi realizado um estudo

bibliográfico de modo a sistematizar as informações e delimitar o tema do estudo

sobre a Psicologia para o Educando. Os diferentes enfoques da Psicologia

Educacional foram abordados para dar uma base teórica ao trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................. 8

CAPÍTULO I - ................................................................ 10

CAPÍTULO II - ............................................................... 14

CAPÍTULO III – ................................................................ 19

CONCLUSÃO ............................................................... 26

BIBLIOGRAFIA ............................................................. 27

ANEXO 1 ............................................................. 28

ANEXO 2 ........................................................... 33

BIBLIOGRAFIA .......................................................... 35

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INTRODUÇÃO

Os currículos dos cursos de formação de professores, em qualquer nível

que seja, abordam temas que dizem respeito à escola, como instituição social, e

às relações mantidas pelos agentes envolvidos no processo de ensinar e

aprender. Algumas de suas disciplinas respondem pelos fundamentos

filosóficos, políticos, sociais e legais do ensino, com ênfase no desenvolvimento

histórico da escola e no perfil sociológico e antropológico da clientela.

A Psicologia da Educação , é uma disciplina imprescindível na formação

do licenciado. Considerando que o licenciado vai atuar no processo de ensino,

torna-se fundamental para a sua formação, pois lhe dará uma compreensão da

dinâmica do comportamento humano, dos princípios que norteiam o processo

ensino-aprendizagem, assim como, fornecerá habilidades e atitudes pelas quais

pode traduzir sua aprendizagem em processos eficientes de ensino.

Quanto mais informações os educadores tiverem sobre o processo de

aprendizagem dos conteúdos a serem ministrados, maiores serão as chances de

melhoria das práticas pedagógicas. Por isso a relevância teórica dos estudos

psicológicos para a área da educação e a necessidade de se efetivar maior

intercâmbio entre a Psicologia e a Pedagogia.

A preocupação deste trabalho é discutir como a Psicologia tem servido e

pode servir à educação, considerando que, no conjunto das ciências que

fundamentam o ensino, ela é vista por muitos como a principal subsidiária, uma

ciência auxiliar à Pedagogia.

As práticas pedagógicas utilizadas nas escolas estão intimamente

pautadas na Psicologia. A Psicologia desde o seu nascimento sempre

influenciou as práticas educativas, colaborando com o processo ensino–

aprendizagem dos alunos. Para sustentarmos tais afirmativas, vamos nos

remeter ao nascimento da Psicologia enquanto Ciência, procurando estabelecer

relações pertinentes entre Psicologia e Educação.

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A meta principal nesse trabalho será abordar campos de investigação da

Psicologia que influenciam diretamente na Educação, ou seja, a Psicologia da

Aprendizagem, Desenvolvimento e Escolar.

A Psicologia do Desenvolvimento estuda como nascem e como se

desenvolvem as funções psicológicas que distinguem o homem de outras

espécies. Ela estuda a evolução da capacidade perceptual e motora, das

funções intelectuais, da sociabilidade e da afetividade do ser humano. Descreve

como essas capacidades se modificam e busca explicar tais modificações. Por

intermédio da Psicologia do Desenvolvimento é possível constatar que as

manifestações complexas das atividades psíquicas no adulto são fruto de uma

longa caminhada.

A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as

formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são

apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo é

necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem pois as operações

cognitivas são sempre construídas na interação com outros indivíduos.

A psicologia da Escolar estuda como os seres humanos aprendem em

ambientes educativos, a eficácia das intervenções educativas, a aplicação da

psicologia no ensino e nas escolas.

É importante salientar que as abordagens teóricas devem servir de

subsídio para uma psicologia voltada para a sua atuação predominante em que

e caracteriza a individualização ( e não a humanização) , especialmente no que

se refere à educação.

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Capítulo 1

Retomada histórica da Psicologia como ciência

É importante abordar alguns aspectos da história da construção da

psicologia da educação enquanto área de estudos e aplicação para podermos

compreender o seu enfoque do psiquismo humano e a relação com a educação.

A Psicologia surgiu como Ciência no séc. XIX, diferenciando-se da

Filosofia, sendo a Alemanha o berço da Psicologia Moderna. Sofreu influência

dos pressupostos Positivistas e das teorias empiristas.

Wilhelm Wundt (1832 - 1920), psicólogo alemão, criou o primeiro laboratório

experimental da história da psicologia na Universidade de Leipzig - Alemanha

em 1879, sendo ele um dos principais representantes da Psicologia Científica

(experimental), juntamente com Watson e Skinner. A psicologia passa a se

utilizar do

método experimental das ciências naturais. Neste mesmo final de século, a

educação também almeja distanciar-se da filosofia e a psicologia passa a

contribuir neste sentido.

A Psicologia adquiriu status de ciência, pois definiu o comportamento, a

vida psíquica e a consciência do homem, como seu objeto de estudo. Formulou

métodos de estudo desse objeto e teorias enquanto um corpo consistente de

conhecimentos na área. Iniciou as pesquisas psicológicas, investigações

experimentais, dando ênfase nas percepções sensoriais , percepções complexas

e princípio de associações.

Para compreender como a psicologia se inseriu na formação de

professores e na escola é necessário relacionar este fato à Escola Nova, que

teve seu início no final do século 19. Este movimento caracterizou-se por tentar

transformar as antigas formas de ensino tradicional pois o universo das crianças

se expandia e elas já não eram mais educadas unicamente nas suas famílias. O

interesse pedagógico não se relacionava mais apenas ao ato de ensinar e sim o

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ensinar e sim oato de aprender e para tanto fez-se necessária uma maior

pesquisa e conhecimento dos processos de desenvolvimento infantil .

A Segunda Guerra Mundial foi um momento marcante pois a educação

passou a ser vista como o caminho para a reorganização da sociedade e a

escola como o centro de formação do homem, na sua formação política e social.

O conhecimento do educando tornou-se ,assim, imprescindível.

Segundo Lourenço Filho (1978,p 36-37):

“Não se educa alguém, na medida em que se conheça esse alguém.; e

não será eficiente o trabalho do mestre se ele não tiver uma visão clara

dos recursos do educando,a fim de que, em cada caso,possa

proporcionar as situações mais desejáveis, ou indicadas para a

consecução dos propósitos que possa ter em vista [...].A renovação

educativa de nosso tempo teria, assim,de começar pela descoberta da

criança,a qual só nos meados do século passado começou a ser feita

(grifo do autor).”

Surgiu o ramo da Biologia Educacional e da Psicologia da Educação ou

Psicologia Educacional – dividida em Psicologia Evolutiva ,Psicologia da

Aprendizagem, Psicologia das diferenças Individuais, Psicologia dos

Anormais,Psicologia das Matérias de Ensino e Psicologia da Personalidade,

todas buscando conhecer melhor a criança.

A Psicologia é um subsídio para o docente no processo de

desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Com o funcionamento das Escolas Normais no final do século XIX, a

Psicologia aparece enquanto conteúdo, principalmente no que se refere ao

desenvolvimento infantil e aos processos de aprendizagem.

Com as Escolas Normais,a Psicologia da Educação e a Psicologia em

geral tiveram um considerável avanço em suas pesquisas pois buscavam

responder às demandas educacionais.

O ensino da Psicologia da Educação envolvia temas do desenvolvimento

infantil e da aprendizagem, conhecimento importante para elaborar técnicas de

ensino e procedimento didático. Atualmente esta disciplina figura nos currículos

dos cursos de formação de professores para lhes dar subsídios sobre os

processos de desenvolvimento cognitivo, motor, emocional,

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motivação,aprendizagem,etc. para que possa orientar o ensino conforme as

características pertinentes a essas dimensões.

No início do século XX a psicologia torna-se mais necessária na educação

pelo advento da Escola Nova pois socialmente esta nova visão de escola

pretendia a emergência de uma nova nação e , naturalmente, de um novo

homem produtivo em suas relações de trabalho.

Na Psicologia Científica do século XX há importantes tendências

teóricas, entre elas: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.

Behaviorismo:nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão

longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento

humano como o norteamericano Burrhus Frederic Skinner. Sua obra é a

expressão mais célebre do behaviorismo (que significa conduta,

comportamento), corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia

em escolas e consultórios, até os anos 1950.

O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento tomado como um

conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. O seu princípio

básico é o de que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente

observável.

O conceito chave do pensamento de Skinner é o de condicionamento

operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo

cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à

fisiologia do organismo, seja animal ou humano.O reflexo condicionado é uma

reação a um estímulo causual. O condicionamento operante é um mecanismo

que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar

condicionado a associar a necessidade à ação.

A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é

que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, o

hábito gerado por uma ação do indivíduo.

Skiner era determinista. Em sua teoria não havia nenhum espaço para o

livre arbítrio, pois afirmar os seres humanos são capazes de livre escolha seria

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negar sua suposição básica de que o comportamento é controlado pelo

ambiente e os genes.

Os pressupostos da orientação tecnicista da educação estão

fundamentados no behaviorismo. Eles consistem em: planejamento e

organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos;

parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por

computador tele-ensino, procurando tornar a aprendizagem mais objetiva.

A avaliação também tem um papel fundamental: no início, para que o

professor possa estabelecer estratégias para atingir os objetivos; durante o

processo de aprendizagem, para controle e replanejamento e ao final, para

aferir o que foi apliado.

Gestalt: significa uma integração de partes em oposição à soma do

“todo”. A sua concepção é a de que não se pode conhecer o todo através das

partes e sim por meio do conjunto, que tem suas próprias leis e coordena seus

elementos.Segundo o psicólogo austríaco Cristian von Ehrenfels, que em 1890

iniciou os primeiros estudos do que seria a pesquisa sobre Psicologia da Gestalt,

há duas características da forma – as sensíveis , inerentes ao objeto , e as

formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de

nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união dessas sensações gera a

percepção.

“Gestalt é uma palavra alemã para a qual não há tradução equivalente

em outra língua. Uma Gestalt é uma forma, uma configuração, o modo

particular de organização das partes individuais que entram em sua

composição. A premissa básica da Psicologia da Gestalt é que a

natureza humana é organizada em partes ou todos, que é vivenciada pelo

indivíduo nestes termos e que só pode ser entendida como uma função

das partes ou todos dos quais é feita” in: PERLS, Fritz. A Abordagem

Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia. Zahar Editores. Rio de

Janeiro, RJ; 1977).

Psicanálise: a obra de Freud, mesmo que focada na terapia de doenças

emocionais contribuiu muito na área social e na pedagogia. Não há dúvidas que

o ato de educar está intimamente relacionado com o desenvolvimento humano.

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As maiores contribuições da psicanálise para a educação referem-se ao

estudo do funcionamento do aparelho psíquico e dos processos mentais onde

ocorre a aprendizagem. Também do estudo dos vários tipos de pensamento e

da aprendizagem através dos processos de identificação e transferência que

acontecem entre professor e aluno.

Na visão psicanalítica a tarefa de educar é uma missão quase impossível

de ser realizada pois o ser humano vive numa constante dualidade entre o

prazer (id) e as forças externas que impõem juízo de valores (superego) sobre

esses desejos. O educador é aquele que orienta o educando na busca do

equilíbrio na construção do eu (ego) a fim de que a aprendizagem aconteça de

forma eficaz.

A teoria de Freud salienta a importância da relação professor-aluno pois

da sintonia emocional entre ambos se estabelece um clima favorável à

aprendizagem.

Capítulo 2

Conceituação genérica de aprendizagem

O conceito de aprendizagem tem vários significados não compartilhados.

Algumas definições incluem: condicionamento, aquisição de informação,

mudança comportamental, uso do conhecimento na resolução de problemas,

construção de novos significados e estruturas cognitivas e revisão de modelos

mentais. Estes conceitos de aprendizagem e ensino são expressos em três

principais enfoques teóricos: Comportamentalista, Cognitivista e Humanista.

Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos centrais para que

o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a

situação de aprendizagem.

As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos

atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva

do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o

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novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção

de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da

interação entre as pessoas.

Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido

através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos,

relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas

mentais e o meio ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional, centrada

na aprendizagem, o professor é co-autor do processo de aprendizagem dos

alunos. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído

e reconstruído continuamente.

ENFOQUE COMPORTAMENTALISTA - Jonh B. Watson (1878-1958) cunhou o

termo behaviorimo para deixar claro que sua preocupação era com os aspectos

observáveis do comportamento. O behaviorismo supõe que o comportamento

inclui respostas que podem ser observadas e relacionadas com eventos que as

precedem (estímulos) e as sucedem (conseqüências). São também chamadas

teorias estímulo-resposta. Watson, Pavlov, Guthrie, Skinner e Thorndike, são os

autores que mais se destacaram nesta linha de pensamento. O enfoque

comportamentalista:

• Provê uma base para o estudo de manifestações que produzem

mudanças comportamentais;

• Aprendiz é o ser que responde a estímulos fornecidos pelo ambiente

externo;

• Limita-se ao estudo de comportamentos manifestos e mensuráveis

controlados por suas conseqüências;

• Não considera o que ocorre dentro da mente do indivíduo durante o

processo de aprendizagem;

• Aprendiz é visto como objeto

ENFOQUE COGNITIVISTA - As teorias cognitivas tratam da cognição, de como

o indivíduo "conhece"; processa a informação, compreende e dá significados a

ela. Dentre as teorias cognitivas de aprendizagem mais antigas, destacam-se a

de Tolman, a da Gestalt e a de Lewin. As mais recentes e de bastante influência

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no processo instrucional são as de Bruner, Piaget, Vygotsky e Ausubel. O

enfoque cognitivista:

• Encara a aprendizagem como um processo de armazenamento de

informações;

• Auxilia na organização do conteúdo e de suas idéias a respeito de um

assunto, em uma área particular de conhecimento;

• Busca definir e descrever como os indivíduos percebem, direcionam a

atenção, coordenam as suas interações com o ambiente;

• Como aprendem, compreendem e reutilizam informações integradas em

suas memórias a longo prazo;

• Como os indivíduos efetuam a transferência dos conhecimentos

adquiridos de um contexto para o outro;

• Para Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento cognitivo é produzido pelo

processo de interiorização da interação social com materiais fornecidos

pela cultura. As potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta

durante o processo de ensino-aprendizagem;

• O sujeito é não apenas ativo, mas interativo, pois forma conhecimentos e

constitui-se a partir de relações intra e interpessoais;

• Para Piaget (1981), a construção do conhecimento se dá através da

interação da experiência sensorial e da razão;

• A interação com o meio (pessoas e objetos) são necessários para o

desenvolvimento do indivíduo;

• Enfatiza o processo de cognição à medida que o ser se situa no mundo e

atribui significados à realidade em que se encontra;

• Preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,

armazenamento e uso da informação envolvida na cognição.

ENFOQUE HUMANÍSTICO - A idéia que norteia esta teoria está baseada no

princípio do ensino centrado no aluno. Este possui liberdade para aprender, e o

crescimento pessoal é valorizado. O pensamento, sentimentos e ações estão

integrados. O autor humanista mais conhecido é Rogers. A teoria humanista: Vê

o ser que aprende primordialmente como pessoa; Valoriza a auto-realização e o

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crescimento pessoal; Vê o indivíduo como fonte de seus atos e livre para fazer

escolhas; A aprendizagem não se limita a um aumento de conhecimentos, ela

influi nas escolhas e atitudes do aprendiz; O aprendiz é visto como sujeito, e a

auto-realização é enfatizada.

Atualmente a aprendizagem é vista como um processo dinâmico e ativo, em que

os indivíduos não são simples receptores passivos, mas sim processadores

ativos da informação. Todos os indivíduos à sua maneira e tendo em conta as

suas características pessoais são capazes de “aprender a aprender”, isto é,

capazes de encontrar respostas para situações ou problemas, quer mobilizando

conhecimentos de experiências anteriores em situações idênticas, quer

projetando no futuro uma “idéia” ou “solução” que temos no presente,

interagimos com os estímulos (situações e problemas) de uma forma pessoal.

Aprendizagem são processos de aquisição de conhecimento.

Representa a possibilidade de se interiorizar conhecimentos e de expressá-los

na prática,sob a forma de competências.

Este processo é basicamente relacional, na medida em que o

conhecimento nos é viabilizado pelo outro, construído na e pela relação com

nosso(s) interlocutor(es), ficando na dependência de que possamos dar-lhe

significado (atribuir uma definição) através da reflexão, agregando valor às

novas experiências.

Ao se falar em aprendizagem pensa-se logo em alunos, escola e

conteúdos sistematizados.

Entretanto, a aprendizagem é bem mais ampla que a aquisição de

conceitos escolares e está presente na vida de todos os seres humanos, o

tempo todo, até o último suspiro. Aprende-se a ser filho(a), irmão(ã), pai, mãe,

vizinho, amigo, empregado, patrão, profissional, sem falar nas competências

específicas, como andar de bicicleta, nadar, cantar, tocar um instrumento.

Aprende-se adaptação e aprende-se a aprender.

A Comissão Europeia distingue a aprendizagem em três tipos:

Aprendizagem formal: decorre em instituições de ensino e formação e conduz a

diplomas e qualificações reconhecidos.

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Aprendizagem não-formal: decorre em paralelo aos sistemas de ensino e

formação e não conduz, necessariamente, a certificados formais. A

aprendizagem não-formal pode ocorrer no local de trabalho e através de

actividades de organizações ou grupos da sociedade civil (organizações de

juventude, sindicatos e partidos políticos) ou ser ministrada através de

organizações ou serviços criados em complemento aos sistemas convencionais

(aulas de arte, música e desporto ou ensino privado de preparação para

exames).

Aprendizagem informal: é um acompanhamento natural da vida quotidiana, não

sendo necessariamente intencional e, como tal, pode não ser reconhecida,

mesmo pelos próprios indivíduos, corno enriquecimento dos seus

conhecimentos e aptidões.

Estas diferentes perspectivas sobre a aprendizagem conduziram a

diferentes abordagens e conceitos. No entanto, estas diferenças não devem ser

encaradas como um problema, mas antes como uma vantagem, já que

possibilita uma visão mais abrangente, não reduzindo a explicação da

diversidade deste processo a uma única teoria.

Para Platão a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem

acesso ao conhecimento. Sendo assim o aprendizado seria como um processo

de reminiscência. Essa teoria não encontra eco na ciência contemporânea mas

paradoxalmente sustenta grande parte da pedagogia atual: a de que não se

transmite conhecimento aos alunos mas sim, um encaminhamento para que

eles procurem respostas para suas inquietações.

Aristóteles , diferentemente de Platão, acreditava que o princípio da

aprendizagem era a imitação . Os bons hábitos se formavam pelo exemplo dos

adultos.

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Capítulo 3

As contribuições de H Wallon, Vygotsky e Piaget

Vygotski e Wallon, partindo de contextos culturais diversos oferecem

conceitos e princípios valiosos para a reflexão sobre a educação dos dias atuais.

Despertam a esperança que eles conseguiram visualizar para a construção de

uma sociedade que pudesse superar o mundo conturbado em que viviam, e no

qual vivemos.

Vygotsky diz que aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo

adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato

com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas.

A produção e a trajetória de Wallon apontam-no, e ele assim tem sido

apresentado, como psicólogo da criança, do desenvolvimento, da emoção e

como educador. Mas ele pode ser apresentado também como psicólogo da

educação pois, em suas pesquisas e estudos, não havia um pensar psicológico

que na desembocasse em atos pedagógicos e não havia um pensar pedagógico

que dispensasse o aporte psicológico.

Wallon considerava que entre a psicologia e a pedagogia, deveria haver

uma relação de contribuição recíproca. A pedagogia oferecia campo de

observação à psicologia e a psicologia ao construir conhecimentos sobre o

processo de desenvolvimento infantil, oferecia um importante instrumento para o

aprimoramento da prática pedagógica.

A Psicologia sócio-histórica tem origem à partir do pronunciamento de

Liev Semionovich Vygotsky, intitulado “Métodos de investigação reflexiológica e

psicológica”, no II Congresso de Neuropsicologia de Leningrado em 1924.

Naquela ocasião, Vygotsky critica as duas vertentes predominantes na

psicologia, quais sejam: o idealismo e o materialismo mecanicista; de acordo

com seu pensamento, nenhuma destas escolas fornecia as bases necessárias

para o estabelecimento de uma teoria unificada dos processos psicológicos.

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Ainda segundo Vygotsky, o desenvolvimento tem origem social e as funções

psicológicas superiores2 devem ser entendidas à luz do marxismo, ou seja, de

métodos e princípios do materialismo histórico dialético. Portanto, a escola de

Vygotsky, considerada Psicologia sócio-histórica, se insere dentro do que se

denomina abordagem crítica.

Um dos conceitos formulados por Vygotsky que repercute diretamente na

educação escolar é a Zona do Desenvolvimento Próximo, ZDP. Esta zona, ou

área, define toda aprendizagem que está em vias de se consolidar e que

ocorrerá através da intervenção de um adulto ou criança mais adiantada. Este

conceito representa a área onde o professor deve trabalhar, nem muito além e

nem aquém, no sentido de promover o desenvolvimento do aluno.

As idéias de Piaget - considerado o "pai" do Construtivismo, começaram a

serem divulgadas, com muita ênfase, nos meios educacionais, a partir da

década de 1920 e tem permeado estudos que tratam da formação e atuação do

professor na atualidade.

Piaget dá sustentação científica à escola ativa , defendendo princípios como

respeito à atividade do aluno, cooperação e solidariedade, autonomia,

importância do trabalho em grupo.

A seguir, quadro comparativo entre as principais idéias de

Piaget,Vygotsky e Wallon.

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PIAGET VYGOTSKY WALLON -Preocupação com o sujeito epistêmico -pelo campo da Biologia e de corrente estruturalista-Kant, Husserl, Bergson, filiação à matriz do materialismo dialético -desenvolvimento humano se dá em razão das relações recíprocas e contínuas entre sujeito e objeto -vinculado a corrente 'evolucionista pela primazia no sujeito (ação deste sobre o objeto) - desenvolvimento está relacionado à interação e contradição - genética -contradição – desequilíbrios - mecanismos reflexos – esquemas - generalização da ação - integração e diferenciação = sistema cognitivo -cognição = ações reais/operações cognitivas = ações interiorizadas -ações interiorizadas – esquemáticas - abrangentesreversíveis e organização em sistemas -linguagem depende da cognição: linguagem egocêntrica- interação social (grupos da mesma idade) - linguagem socializada -desenvolvimento é uma progressiva socialização da açãointeligência- pensamento – fase 'autista' – egocêntricasocializada

Preocupação em construir uma nova psicologia e uma nova sociedade -inspiração no materialismo dialético, partindo dos pressupostos de Spinoza, Hegel, Engels, Marx e Lênin -desenvolvimento humano constituído pelas circunstâncias - sempre cambiantes – do meio físico e social em que se dá ( logo entre sujeito e objeto) -vinculado a corrente interacionista, pois aponta que a ação do sujeito com o objeto, passa necessariamente pela mediação do social -desenvolvimento está relacionado à interação e contradição- psiquismo -ao longo de seu desenvolvimento, o indivíduo internaliza formas culturais de comportamentos, num processo em que atividades externas-funções interpessoais transformam-se em atividades internasintrapessoais -psiquismo humano – processo de desenvolvimento interno de essência externa -mecanismos de internalização- converter o plano biológico no plano social = mediação simbólica - ação – interação- mediação -mediação dos sistemas de signos- mediação simbólica = relações sociais internalizadas -conversão do processo interpessoal em processo intrapessoal- a pessoa torna-se para si

-Preocupação em construir uma sociedade baseada em princípios da justiça social, igualdade, diversidade, solidariedade, - elaboração de uma psicogênese da pessoa completa -desenvolvimento-processo em aberto, uma seqüência de mudanças constantes, sem ponto de chegada predeterminado -desenvolvimento enquanto processo contínuo e dialético, marcado por conflitos entre o novo e o velho; -esse processo determinado por condições orgânicas associadas a condições do meio social -condições orgânicas garantem as possibilidades de desenvolvimento -condições do meio social podem ou não oferecer as oprtunidades para concretização das possibilidades -sua teoria descreve esse processo em estágios, considerando cada um deles como uma totalidade composta de subconjuntos- motor, afetivo e cognitivo, que não podem ser considerados isoladamente -afetividade, ato motor, inteligência – campos funcionais que agrupam a diversidade das funções psíquicas -desenvolvimento do homem é geneticamente social, num processo de estreita relação de dependências das condições concretas em que

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-equilibração majorante – equilíbrios em patamares maiores e superiores que o precedente - buscar compreender como e por intermédio de que meios o conhecimento se forma e adquire significado -cognição é uma questão de ações reais realizadas pelo sujeito, constituindo-se matéria-prima de toda adaptação intelectual e perceptiva -fatores que atuam no processo de sucessivos equilíbrios e desequílibrios que marcam a construção do conhecimento: equilibração majorante, aspectos maturacionais e biológicos, experiências dos sujeitos com o meio físico, experiência social; -aspectos complementares – figurativo- (percepção e a imitação) e o operativo (ações e operações cognitivas(sistemas de transformação)); -conhecer significa transformar a realidade para compreender como um determinado estado se constitui; -esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns;

aquilo que ela é em si, por meio do que representa para os outros Na e pelas interações dos homens que os signos se originaminstrumentos de comunicação -linguagem – aspecto central da abordagem sobre signos/instrumentos simbólicos -pensamento / linguagem tem sua origem no desenvolvimento, constituindo pensamento verbal-base essencial da estrutura semântica da consciência ou seja, linguagem converte-se em pensamento e pensamento em linguagem -linguagem egocêntrica não desaparece - submerge, dando origem à linguagem interior -cognição e linguagem vinculados formam o pensamento verbal que opera via significados -desenvolvimento cognitivo é um processo dialético extremamente complexo, que mantém relações recíprocas e contínuas com a aprendizagem=aprendizagem converte-se em desenvolvimento e este abre novos patamares de aprendizagem; -aprendizagem é condição essencial para transformação das funções psicológicas elementares em funções psicológicas superiores Zona de desenvolvimento próximo: NDR (nível de desenvolvimento real) - aquilo que a criança já consegue realizar sozinha; NDP (nível de desenvolvimento próximo) -

ocorre - só podemos entender a criança se entendermos a trama do ambiente na qual está inserida- processo metodológica de observação --estado inicial da consciência – 'confusão' entre o sujeito e a realidade exterior -dispersão e indiferenciação -expulsão e incorporação -emoção -nutre-se do efeito que causa no outro-atividade eminentemente social -mecanismo de contágio emocional-estado de coesão ao grupo, independente de qualquer reação intelectual -funções intelectuais vão adquirindo importância progressiva como forma de integração ao meio -linguagem -instrumento indispensável na atividade intelectual coletiva -emoções – interações sociais- universo simbólico -razão e emoção -relação de filiação e oposição -relação de antagonismo entre emoção e atividade intelectual permite afirmar que quanto maior clareza dos motivos que provocam conflitos, maior possibilidades de controle das manifestações e reações emocionais e de encontrar caminhos para solução; -diferenciação de conflitos: crises de oposição e dinâmicas turbulentas -qualquer que seja a atividade estamos mexendo com a pessoa por inteiro: idéias, sentimentos, movimentos -avaliação deve ser um processo que está avaliando

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-aprendizagem e desenvolvimento são processos distintosuma mesma aprendizagem pode causar impactos diversificados em sujeitos distintos porque se encontram em fases de desenvolvimento diferentes; -processo de equilibração é obtido através de processos complementares: assimilação e acomodação -estádio de desenvolvimento cognitivo – quando um equilíbrio dinâmico é estabelecido entre AS e AC, permanecendo por um determinado tempo; -os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos esquemas sensório-motores da criança -um novo estádio é inaugurado quando permitir um funcionamento intelectual superior, permitindo maior domínio sobre a realidade; -a aprendizagem está subordinada ao estádio de desenvolvimento cognitivo, portanto, com forte dependência biológica; -assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias.

aquilo que a criança consegue realizar com ajuda = ZDP -distância entre NDR e NDP -desenvolvimento não se dá a partir da maturação, mas pela apropriação daquilo que é social -desenvolvimento = apropriação e internalização de instrumentos proporcionados por agentes culturais de interação que levam elaboração de funções psicológicas que estavam próximas de se completar e, que se completando, propiciam novas aprendizagens -funções psicológicas superiores – de natureza cultural e de origem social, são complexas, envolvem o controle consciente do comportamento, ação intencional e a liberdade do indivíduo -funções psicológicas elementares- são as ações reflexas, as reações automatizadas, as associações simples entre eventos -brinquedo com regras faz com que a criança seja desafiada a se comportar de forma mais avançada do que a habitual, além de compreender a separar objetos de significados -A linguagem, enquanto sistema básico de todas as culturas tem as funções de intercâmbio social e generalizante pois quando o indivíduo constrói conceitos é a palavra que ajuda a ordenar o real. -as transformações

um momento (etapa), não permitindo, portanto, julgamentos, diagnósticos, expectativas fechadas princípios que regulam o processo de desenvolvimento: -alternância de direções: para si mesmo e para o exterior- em três estágios estamos mais voltados para nós mesmos. -Importante compreender esses comportamentos para trabalhar com temas significativos para este processo de descoberta -a oposição é um recurso no processo de individuação que precisa de espaço para expressão e não de punição - o processo de desenvolvimento oscila entre autodescoberta, autoconhecimento, conhecimento do mundo exterior -'lógica' da criança enquanto ponto de partida e não em comparação a 'lógica' do adulto -alternância de predominância- direção é para si – conjunto afetivo (personalismo, adolescência); para o exterior- conjunto cognitivo (sensório motor e categorial) -integração funcional- cada estágio é uma totalidade completa -o surgimento de uma nova estrutura implica uma certa desorganização do estágio anterior -sincretismo para diferenciação-inicialmente- motor, afetivo e cognitivo apresentam-se de forma global, confusa e indiscriminada, para aos

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-acomodação - toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência do meio aos quais se aplicam; -acomodação explica o desenvolvimento (mudança qualitativa) e a assimilação explica crescimento (mudança quantitativa); -a maior parte dos esquemas, em lugar de corresponder a uma montagem hereditária acabada, constroem-se pouco a pouco, e dão lugar a diferenciações e combinações múltiplas ou variadas; -Estágios: -sensório-motor- 0-2a- estágio dos reflexos, esquemas de ação para assimilar o meio, construção prática das noções de objeto, tempo, espaço e causalidade, inteligência prática; -pré-operatório-(2-7/8a) subtituição de um objeto ou acontecimento por uma representação=função simbólica, atividade sensório-motor fica mais sofisticada, é egocêntrica, fase dos por quês, simula, não percebe detalhes, deixa se levar pelas aparências, -operatório concreto(8-11a)-desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade, sendo capaz de

qualitativas, tanto na história do sujeito, como na história cultural, ocorrem por meio de síntese dialéticas-transformações que geram novos fenômenos - a consciência, que não é um estado interior preexistente, mas uma construção de natureza histórico-cultural, fortemente relacionado ao processo compartilhado de construção de signos e significações, tem claro papel nas auto-regulações dos sujeitos humanos -o homem tornou-se capaz de fazer dos meios naturais que possibilitavam sua ação, meios simbólicos que lhe permitem conferir à sua ação e aos seus produtos uma nova forma de ser=a forma simbólica -a grande maioria das situações e atividades humanas são constituídas por um complexo conjunto de ações de caráter objetivo e subjetivo, o que equivale dizer que essa 'atividade' está envolvida por aspectos cognitivos da consciência como também por aspectos afetivos, ou seja aos sentimentos e emoções -a linguagem põe o indivíduo no universo da racionalidade humana, -a escola representa o elemento imprescindível para a realização plena do desenvolvimento dos indivíduos pois promove um modo mais sofisticado de analisar e generalizar os elementos da

poucos irem se diferenciando -estágios:impulsivo-emocional(0-1ano)-tensão e relaxamento- sinalizam estados de bem estar ou de mal estar para o adulto -interpretado e atendido os sinais garantem a sobrevivência e colocam a criança em contato com seu meio, cultura -emoção enquanto aspecto motor, orgânico e plástico do corpo=suporte orgânico que acompanha toda e qualquer expressão afetiva -afetividade tem um componente orgânico(emoção), um representacional(sentimento) e um expressivo(comunicação) -a emoção tem características: plasticidade e contagiosidade -sensório-motor(1 a 3 anos)- exploração concreta do mundo exterior -reações circulares, redução do sincretismo facilitando a diferenciação -jogo de alternância – válido para conhecer as pessoas -personalismo(3-6 anos)- constituição do eu, busca a diferenciação, a sua identidade -usa a sedução-gracinhas para compensar afastamentos -imitação é outro recurso para manter o adulto próximo -alternância entre o afastamento (oposição) e aproximação (sedução e imitação)- é através dos olhos do outro que vai se ver-

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Fonte: Revista Viver Mente e Cérebro, coleção da memória pedagógica: Piaget 1, Vygotsky 2 Texto Teoria de desenvolvimento de Henry Wallon e indicações para a prática educativa, de Abigail Alvarenga Mahoney (Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Educação da PUC/SP

relacionar aspectos e abstrair dados da realidade, compreende vários ponto de vista, desenvolvimento da reversibilidade=raciocínio transformacional -operatório-formal(11-14a)- estruturas cognitivas alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A representação permite abstração total. A criança pensa logicamente, formula hipóteses e busca soluções sem depender somente da observação da realidade. -desenvolvimento mental é uma construção contínua, a inteligência procura compreender e explicar o que se passa a sua volta; -função simbólica-capacidade de representação, jogo simbólico, a imagem mental, linguagem

realidade: o pensamento conceitual -assim devemos considerar a diferença e o papel dos conceitos cotidianos e dos conceitos científicos, bem como a mediação e sofisticação entre eles; -a interação, o acesso, o desafio, a mediação provocados no ambiente escolar faz com que os indivíduos mudem sua relação cognitiva com o mundo, exercendo papel crucial sobre o comportamento e desenvolvimento de funções psicológicas mais sofisticadas;

espelhamento -categorial-(7 a 11 anos)-predomina a exploração mental do mundo exterior -começa a perceber – partes e todo -a escola pode contribuir para sentir-se parte de um coletivo, desenvolver a cooperação, a solidariedade, evitar a hostilidade, competição e o antagonismo -puberdade adolescência(a partir dos 11 anos)-profundas transformações orgânicas e questionamentos (quem sou eu?) -verdadeira identidade= timidez, vergonha, vontade de se exibir, busca do novo, imaginário, desejo de aventura -quer compreender sua sexualidade, suas aspirações e valores -oposição enquanto recurso para delinear sua personalidade

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CONCLUSÃO

.A crise do sistema educacional é com freqüência associada à eficiência,eficácia

e produtividade do sistema.E lá está o professor na “linha de frente” , para quem

os olhos se voltam colocando-lhe o fardo de inúmeras e compreensíveis

responsabilidades mas também a culpa dos fracassos...Paralelamente às

críticas há uma expansão acelerada de cursos de formação de professor, o que

muitas vezes compromete a qualidade dos mesmos .

“Tornou-se um verdadeiro “empório” com produtos variados, dependendo da demanda do cliente.A ascensão da formação de professores como um mercado atraente deu-se associada a um outro movimento: a retirada da formação do interior dos cursos de pedagogia, em especial nas instituições privadas. Esvaziadas de sua principal função , as instituições privadas passaram a conviver com problemas tais como a baixa procura por esses cursos, a inadimplência, a evasão,para citar alguns.Esse contexto engendrou um movimento de ressignificação das funções dos cursos destinados então, a formar pedagogos.Na construção de novos discursos que os tornassem atraentes e, sobretudo apoiados nos discursos midiáticos do “novo”, vimos os cursos de pedagogia transfigurarem-se em mercadorias cujos rótulos expressam promessas de empregabilidade em outros segmentos do mercado de trabalho descaracterizando o espaço da educação com a finalidade de formação de seus profissionais”.

(in ANFOPE.Políticas Públicas de Formação dos Profissionais em Educação:Desafios para as Instituições de Nível Superior.Documento final do XII Encontro Nacional da Anfope .2004.Disponível em <http:lite.fae.unicamp.br/anfope>.Acesso em 10 de dezembro de 2008)

Não estou me referindo apenas aos cursos de pedagogia mas também àqueles

outros onde a disponibilização de um espaço físico já garante a implantação de

um curso superior! E o profissional docente -oriundo não apenas desses cursos

–mas de tantos outros que garantem a qualidade na formação específica – se vê

acuado frente aos seus alunos numa sala de aula. Quem são aqueles que estão

a sua frente? Como envolvê-los no processo de ensino /aprendizagem?Como é

importante saber quem são eles, como eles aprendem e apreendem...

O conhecimento das vertentes da Psicologia aplicados à educação , certamente

proporcionarão ao futuro docente maiores subsídios na sua prática.

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Ser educador é mais do que ser um especialista na sua área : é buscar nas

diferenças e na percepção das características individuais um recurso para que

sua atuação não seja infrutífera.

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ANEXO 1

Revista Escola – Ano XXII – nº216 – outubro de 2008

A formação docente é prioridade para o Ministério

Para o ministro da Educação, é essencial que as universidades públicas preparem mais e melhores professores para o Ensino Fundamental

"Dar aula não é nada simples. Talvez seja a atividade mais sofisticada que a espécie humana já concebeu." A afirmação, do ministro Fernando Haddad, justifica a ênfase que o Ministério da Educação (MEC) está dando à formação de professores do Ensino Fundamental. Dos 10 bilhões de reais a mais que o MEC terá no orçamento de 2009 (na comparação com o deste ano), essa será uma área de destaque em investimento. E os cursos de Pedagogia e o Normal Superior foram considerados - ao lado dos de Medicina e Direito - prioritários numa lista de avaliações nacionais de faculdades e universidades.

Foto: Hermínio Oliveira

FERNANDO HADDAD

Aprimorar a formação docente é uma missão complexa. Como se pode ver na pesquisa que norteia a reportagem de capa desta edição (leia mais na página 48), o curso de Pedagogia está muito distante das necessidades de quem leciona. Para aproximar o currículo do "chão da escola", deve ser criado, agora, em outubro, o Sistema Nacional de Formação do Magistério. A iniciativa prevê uma articulação entre os dirigentes municipais e estaduais e as instituições de Ensino Superior para que elas diplomem cerca de 70 mil educadores por ano. Sobre o tema, tão importante para o futuro de nossa Educação, o ministro concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA. A pesquisa que inspira a reportagem de capa desta edição mostra que o curso de Pedagogia não é focado nas práticas de ensino e nos conteúdos que devem ser ensinados às crianças. Por que chegamos a essa situação? FERNANDO HADDAD É preciso lembrar como surgiu esse imbróglio sobre a formação dos professores de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Até algumas décadas atrás, havia apenas o Magistério de nível

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Médio. Com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), de 1996, houve a tentativa de definir a obrigatoriedade de ter um diploma de Ensino Superior para lecionar. Mas isso só foi resolvido em 2003, pelo Conselho Nacional de Educação. Esse período de indefinição provocou o esvaziamento do Magistério de nível Médio e, ao mesmo tempo, os Institutos Superiores de Educação não ocuparam esse espaço. Por sua vez, a Pedagogia continuou sendo um curso genérico, sem dar ênfase às práticas de sala de aula. Como mudar esse cenário? HADDAD Justamente porque o curso de Pedagogia não está preparado para formar professores, esse é o desafio do Sistema Nacional de Formação do Magistério, que pretendemos lançar ainda este mês, se possível no dia 15, Dia do Professor. Queremos que as universidades públicas, sejam elas federais, estaduais ou municipais, se comprometam com a formação dos professores da rede pública. É preciso também que as faculdades adaptem os currículos dos cursos de Pedagogia à realidade da sala de aula. Quem será responsável pela implantação desse projeto? HADDAD A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, organismo ligado ao MEC). Nos últimos anos, ela se especializou em avaliar cursos de pós-graduação e capacitar docentes que atuam nas próprias universidades, mas a idéia é fazê-la retomar sua missão original, de formar pessoal (em nível superior) para atuar em todas as etapas, a partir da Educação Infantil. Para isso, o Ministério praticamente dobrou o orçamento da Capes, que passou a ter 1 bilhão de reais só para esse fim. As universidades têm autonomia para organizar seus cursos. Como a Capes poderá convencê-las a modificar os currículos? HADDAD Da mesma forma como faz hoje: por indução, apontando caminhos e boas práticas. A Capes está preparada para atender à expansão das universidades federais e dos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, cuja ênfase são as licenciaturas. Por lei, cabe a ela pagar bolsas de estudo a participantes de programas de formação inicial e continuada de docentes da Educação Básica. Além disso, o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, que avalia as licenciaturas) também funciona como indutor. Se estamos avaliando a aprendizagem das crianças e dos jovens, por meio da Prova Brasil, temos de avaliar a capacidade dos professores de ensinar o que interessa para a escola. Os graduados em Pedagogia e nas licenciaturas estão preparados para lecionar? Se as perguntas forem bem elaboradas, o Enade pode nos ajudar a responder. Até agora, a temática específica - ligada à didática e à relação ensino/aprendizagem - não era o foco, mas as provas serão reformuladas. Que outros objetivos tem o Sistema Nacional de Formação? HADDAD Uma das diretrizes é estabelecer nexo entre as várias ações do MEC voltadas para a Educação Básica. Hoje ninguém é capaz de responder se existe compatibilidade entre os programas de formação inicial, as diretrizes das licenciaturas, a compra de livros didáticos, a Prova Brasil e o Enade. Nossa meta

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é alinhar o que está sendo ensinado e o que está sendo avaliado. Isso levará à criação de um currículo fechado para a Educação Básica? HADDAD A Prova Brasil - por ser feita por escola, atribuir um conceito na escala do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e estabelecer metas - já está, indiretamente, começando a destacar pontos do currículo. As escolas sabem os conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática que são avaliados na Prova Brasil e, se quiserem fazer os alunos avançar, vão acabar se apropriando das didáticas e se pautando por essas expectativas de aprendizagem. Eu acredito nesse modelo porque muitos estudos internacionais mostram que fazer essa avaliação por escola impacta positivamente o desempenho dos estudantes - e essa melhora é observável a curto prazo. A médio e longo prazos, o que precisamos é aumentar a expectativa, elevar o teto. Investir na qualidade dos cursos superiores exige tempo. O que não podemos é ficar parados, esperando para resolver tudo no futuro. É preciso avançar no que é possível com a atual graduação. O que é preciso alterar no currículo dos cursos de formação? HADDAD No caso da Pedagogia, a questão é contrabalançar melhor o espaço que ocupam disciplinas clássicas - como Sociologia, Filosofia, Psicologia e História da Educação - com as ligadas à didática. O fato é que é preciso incluir as competências básicas sobre o dia-a-dia da sala de aula, que sempre foram uma característica do curso Normal. Qual é o peso da formação docente para a qualidade do ensino? HADDAD Aqui, no MEC, trabalhamos simultaneamente no atendimento de três eixos (Educação Básica, Profissional e Superior) e quatro temáticas (avaliação, gestão, financiamento e formação). E eu não tenho dúvida de que a formação é, de longe, a temática mais importante. Se ela não for trabalhada, de nada adiantam recursos, boa gestão e avaliações periódicas. Só com bons professores, vamos fazer a diferença e garantir um ensino de qualidade em nosso país. Que outras ações podem ser implementadas com esse fim? HADDAD Pretendemos criar em cada estado um Fórum de Apoio à Formação do Magistério, constituído pelo secretário estadual de Educação, por representantes dos secretários municipais e pela seccional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, mais um delegado do MEC e profissionais das instituições públicas de ensino que oferecem cursos de Pedagogia e licenciaturas. Esse fórum terá como objetivo elaborar um planejamento estratégico com metas quantitativas e qualitativas. Quais seriam essas metas? HADDAD As quantitativas dizem respeito ao aumento do porcentual de professores da escola pública formados pelas universidades públicas. As qualitativas têm a ver justamente com a adequação do currículo do curso de Pedagogia às necessidades da escola. Se os dirigentes estaduais e municipais estiverem lado a lado com as instituições de ensino, trazendo suas demandas e

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dificuldades, e se conseguirmos organizar programas de formação continuada e alterar a inicial para atender às demandas das redes, vamos iniciar um processo no Brasil em que a União assume, via Capes, um protagonismo que nunca teve. Isso já deveria ter ocorrido? HADDAD Sem dúvida. Na minha opinião, um defeito da LDB foi ter colocado preferencialmente sobre estados e municípios a responsabilidade pela formação do Magistério - e apenas supletivamente sobre a União. Não se trata de impedir estados e municípios de oferecer cursos desse tipo. Ao contrário. Contamos com as universidades estaduais e municipais no Sistema Nacional de Formação do Magistério. Porém é o governo federal que mantém a maior parte das universidades públicas do país. E essa é uma contradição inaceitável que pretendemos alterar com a nova orientação para a Capes e uma alteração na LDB - que já foi aprovada na Câmara e no Senado e está de volta à Câmara para o aval final. A formação do Magistério deve ser feita em regime de colaboração entre União, estados e municípios, numa dinâmica em que o governo federal tenha tanto peso quanto os outros dois. Em muitos casos, a formação continuada está funcionando para tapar os buracos da formação inicial. Qual deveria ser o foco? HADDAD Para o MEC, o mais importante hoje é assegurar um bom desempenho dos estudantes em Matemática e em Língua Portuguesa. Como a Prova Brasil é focada nessas duas disciplinas, temos o Pró-letramento e o Gestar (Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar), que foram moldados tendo como base os mesmos parâmetros da prova. Mas já estamos encomendando para as universidades ações em outras áreas do conhecimento, como Ciências, História etc. Como fazer para que a sociedade valorize mais o trabalho dos professores e veja a escola, de fato, como o lugar capaz de transformar o país? HADDAD Eu acredito que a Educação vai virar um valor social quando mais gente - não importa a área de atuação, empresário, sindicalista, intelectual - perceber que é preciso melhorar a qualidade do ensino e que esse engajamento tem impacto sobretudo na vida das famílias mais humildes. Hoje, as pesquisas realizadas com pais de alunos de escolas públicas mostram que eles estão satisfeitos com a qualidade. Precisamos conscientizá-los de que ainda há muito a avançar. Infelizmente, essa é a realidade do país, mas devemos continuar lutando para fazer com que a Educação assuma esse papel fundamental que tem para mudar a realidade da população. É possível atrair os jovens mais brilhantes para a carreira docente? HADDAD Não apenas possível como também necessário. Mas isso passa por essa conscientização da sociedade. Na minha opinião, o piso salarial nacional é um passo nessa direção - um ponto de partida nada desprezível. Eu estou convencido de que até os estados mais pobres vão conseguir honrar o piso e também o artigo da lei que prevê um terço da jornada de trabalho docente para atividades extraclasse. Esse é um primeiro passo, que vai sinalizar para a juventude que a carreira do Magistério é distinta das demais por ser a única que

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tem um salário inicial previsto na Constituição. Falta, porém, olhar para a frente, apontar um horizonte. O jovem precisa entrar na carreira e saber aonde pode chegar. Por isso, estados, municípios e União devem entender que é preciso normatizar, em lei, a progressão na carreira. Só assim os professores poderão vislumbrar seu futuro e fazer disso um elemento motivador de sua prática. O terceiro ponto é, sem dúvida, a formação desse pessoal.

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ANEXO 2

Revista Educação- ano 9-nº107

Artigo:”Fome de especialista”- Rinaldo Voltolini, professor de psicologia da

educação da Faculdade de Educação da USP

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

- GOULART, Íris Barbosa. Psicologia da educação: fundamentos teóricos e aplicações a prática pedagógica. Petrópolis. Vozes. 1997. - Fundamentos Psicológicos da Educação. Belo-Horizonte. Editora Lê. 197. - MIZUKAMI, Maria das Graças Nicoleti. Ensino: as abordagens do Processo. São Paulo. EPU. 1986. - MOREIRA, Antonio Marcos. Ensino Aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo. Editora Moraes. 1987. - OLIVEIRA, João Araújo & CHAIWICK, Clifton. Tecnologia Educacional. Petrópolis. Editora Vozes. 1987. - DAVIS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na Educação. São Paulo. Cortez. 1992. - FERREIRA, May Guimarães. Psicologia Educacional: análise Critica. São Paulo. Cortez. 1987. - FALCÃO, Gerson marinho. Psicologia da aprendizagem. São Paulo. Ática. 1986. - PATTO, Maria helena. Introdução à psicologia Escolar. Rio de Janeiro. Vozes. 1987. - Psicologia do ensino Aprendizagem. São Paulo. Atlas. 1980. - ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de janeiro. Zahar. 1991. - CHARLOT, Bernand. A Mistificação Pedagógica. Rio de Janeiro. Zahar. 1979. - RAPPAAPORT, Clara Regina. Teorias do Desenvolvimento: Conceitos fundamentais. São Paulo. EPU. 1981. - Estatuto da Criança e do adolescente. KOHL, M. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1995. -PLACO, V. Psicologia e Educação: revendo contribuições. São Paulo: Educ, 2003. -VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. -PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1985. -SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 1999. -VYGOTSKY, L. Teoria e método em Psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 2004. __________. Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. __________. Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004. Internet: -http://www.ua.pt/incubadora/PageText.aspx?id=5454 Acesso em 15/11/2008

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-CAMARA ZACHARIAS,Vera Lúcia.”SkinnerXRogers:Maneiras contrastantes de encarar a educação”.Centro de Referência Educacional.Disponível na http://www.centrorefeducacional.com.br Acesso em 12/12/2008.